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Resumos PDT

Planeamento e Desenvolvimento Territorial

1. Aponte a importância da descoberta da obra Vitrúvio no séc.XV para a sua


transformação das ideias europeias sobre o pensamento territorial.

Vitrúvio viveu no período republicano da Roma Antiga e foi arquiteto. Escreveu uma
obra, constituída por 10 livros, sobre arquitetura, na qual confere à arquitetura grega um
carácter modular, isto é, para Vitrúvio, a arquitetura grega servia de medida para a arquitetura
romana.
Além disso, Vitrúvio via a arquitetura como uma imitação da natureza e assumia o
Homem como medida referencial. Vitrúvio falava ainda uma Tríade (conhecida como Tríade
vitruviana) que afirmava que as edificações depreciam ser firmes (firmitas), funcionais (utilitas)
e bonitas (venustas) sendo que a Cidade deveria estar localizada num sítio saudável para a
agricultura e com ligação com os restantes territórios. A cidade deveria ser delimitada por
muralhas para que tivesse condições de segurança necessárias e o traçado das ruas e praças
deveria ser planeado para que estas estejam protegidas dos ventos.
No século XV, Niccoli descobre a obra de Vitrúvio e apresenta-a a Leon Battista Alberti,
um arquitecto renascentista natural de Florença, com uma adoração pela antiguidade clássica,
tinha capacidade para analisar e alterar determinados aspetos. Battista faz uma leitura com
uma visão crítica à obra vitruviana.
Com isto, Battista cria também um tratado que, tal como o de Vitrúvio, divide-se em 10
obras onde afirma que, na sua opinião, a arquitetura é o mais importante de todas as formas
de arte e tem como maior objetivo tornar a vida melhor. Tal como Vitrúvio, Battista afirma que
a Praça é o local de convívio, é o centro de tudo. Apos Battista surgem muitos outros artistas
com muitas funcionalidades com o objetivo de encontrar a utopia (cidade/civilização ideal -
conceito criado por Thomas Moore), seguindo os pontos de ideologia vitoriana.
Desta forma, Florença e Roma são as cidades que melhor retratam esta época.
Podemos ainda afirmar que a descoberta da obra de Vitrúvio por Niccoli foi, de facto, a maior
impulsionadora para que a arquitetura do século XV e em diante apresentasse determinadas
características. Temos ainda que referir a intemporalidade da Obra de Vitrúvio que foi escrita
15 séculos antes de ser encontrada e, ainda assim, influenciou a arquitetura da época de forma
revolucionária.

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2. Descreva de forma objetiva as grandes transformações no pensamento, na sociedade
e na cultura ocidental da segunda metade do séc. XVIII que permitiram a explosão
industrial do séc. XIX

O século XVIII foi marcado pelas enormes alterações comportamentais e ideológicas


no Homem e na sociedade setecentista. No ano de 1776, com a Guerra Civil, dá-se a Revolução
Americana, da qual os americanos se libertaram do domínio inglês e alcançaram a sua
independência - A Declaração da independência foi inspirada nas ideias iluministas.
No ano de 1785 dá-se o “Land Ordinance”, uma retícula composta por Townships, que
faz com que o país seja conhecido como o “país aos quadradinhos” devido ao seu rigido plano
ortogonal que era quebrado somente pela topografia ou manutenções de estradas primitivas,
o que acontecia raramente, alguns dos quarteirões eram reservados para o governo, escolas ou
pagamento de soldados, as ruas eram organizadas por números e por letras.
No ano de 1789, dá-se a Revolução Francesa cujos princípios eram a igualdade, a
liberdade e a fraternidade, pondo em prática uma série de ideias que estavam patentes. Tendo
em conta que esta Revolução interessava os grupos mais fracos da sociedade, como os pobres,
desempregados, pequenos comerciantes e dos camponeses, influenciados pelas ideias do
Iluminismo. Aqui, o indivíduo ganha importância e a união é o fator mais importante para
conseguirem mudar as coisas.
O Liberalismo econômico de John Stuart Mill e Adam Smith defendia a não intervenção
do estado na economia, ou seja, o privado está acima do público. Dentro desta ideologia
liberal, Adam Smith inventou o conceito de Mão invisível.
Em 1775 James Watt criou a máquina a vapor, o que levou ao aumento significativo da
produção e a criação do comboio, uma forma mais rápida, confortável e segura de viajar, o que
levou à revolução dos transportes. Esta criação tem a possibilidade de deslocalizar a indústria
das margens dos rios para as cidades, sendo que, cada vez mais, a proximidade do
caminho-de-ferro passa a ser mais importante para a indústria - Revolução Industrial. Isto leva,
posteriormente, a um aumento significativo das concentrações urbanas pré-existentes que
procuram as fábricas para trabalhar.
Nas cidades começa a haver separação das áreas residenciais por classes sociais - a
zona dos ricos e a zona dos mais pobres e desfavorecidos.
Cada vez mais as máquinas foram aperfeiçoadas e, se no século XVIII os protagonistas
da Revolução Industrial eram o ferro, o carvão e o vapor, no século XIX os protagonistas da 2ª
Revolução Industrial eram já o Aço, o petróleo e a eletricidade.

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No século XIX dá-se a exploração industrial pois cada vez mais os métodos de
produção são melhorados e cada vez mais há a possibilidade de produzir em qualquer sítio de
forma massificada.

3. Distinga no fundamental as propostas dos pensadores progressistas e culturalistas do


séx. XIX e relacione-as com as propostas de Ebenezer Howard para o planejamento e
desenvolvimento territorial.

O Modelo Culturalista
Seu ponto de partida crítico não é mais a situação do indivíduo, mas a do agrupamento
humano, da cidade. O escândalo histórico de que falam os partidários do modelo culturalista é
o desaparecimento da antiga unidade orgânica da cidade, sob a pressão desintegradora da
industrialização..
Os culturalistas defendiam desafios intelectuais. Afirmam que a cultura se está a
perder e que por essa razão se deve voltar atrás no tempo. Consideram também que a cidade
deixa de ser espiritual, visto que, o capital domina a espiritualidade, defendiam uma cidade
antiga e irregular.

O Modelo Progressista
Já os progressistas diziam que tudo o que viesse do passado atrasaria o
desenvolvimento do espaço urbano. A fábrica é o centro de tudo, ou seja, a indústria é
importante para a criação de progresso, os principais progressistas foram Fourier e Owen.
Owen põe em prática a sua ideologia e cria a cidade “New Lanark", na Escócia,
retirando a fábrica de margens do centro para o campo e não funcionou.
O espaço do modelo progressista é amplamente aberto, rompido por vazios de verdes,
têm como uma exigência da higiene. Relatam que o verde oferece particularmente um quadro
para momentos de lazer, consagrado à jardinagem e à educação, uma sistemática ao corpo.
O espaço urbano é traçado conforme uma análise das funções humanas. Classificam e
localizam separadamente as diversas formas de trabalho como industrial, liberal e agrícola. A
lógica e a beleza devem coincidir.
A cidade progressista recusa qualquer herança artística do passado, para submeter-se
exclusivamente às leis de uma geometria natural, ela elimina a possibilidade de variantes ou
adaptações a partir de um mesmo modelo.

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Entre os diversos edifícios tipos, o alojamento padrão ocupa, na concepção
progressista, um lugar importante e privilegiado. Se analisarmos os elementos, enquanto
conjunto percebemos que ao contrário da cidade ocidental tradicional, ela não constitui mais
uma solução densa e maciça, mas propõe uma localização fragmentada,atomizada: na maior
parte dos casos, os bairros, as falanges, auto suficientes, são indefinidamente justapostos. O
espaço livre preexiste, há uma abundância de verde e de vazio que exclui uma atmosfera
propriamente urbana.
Ebenezer Howard defendia a teoria dos ímanes.
Baseando-se em grande parte na observação das péssimas condições de vida da
cidade liberal, Ebenezer Howard, em livro publicado originalmente em 1898, propôs uma
alternativa aos problemas urbanos e rurais que então se apresentavam. O livro apresentou um
breve diagnóstico sobre a superpopulação das cidades e suas consequências. Segundo ele,
essa superpopulação era causada sobretudo pela migração proveniente do campo. Era,
portanto, necessário equacionar a relação entre a cidade e o campo.
Isto é a cidade passa a ser afastada de toda a natureza, há mais oportunidades sociais,
isolamento das multidões, mais locais de entretenimento, menor distância do trabalho, altos
salários monetários, aluguéis e preços altos, novas oportunidades de emprego, ruas bem
iluminadas, bares e construção de edifícios palacianos.
O campo passa a ser o sinônimo de falta de vida social, beleza da natureza, maior taxa
de desemprego, jornada longa e salários baixos, aluguer baixo, falta de drenagem, abundância
de água, falta de entretenimento, falta de espírito político e aldeias desertas.

A chave para a solução dos problemas da cidade, segundo Howard, era reconduzir o
homem ao campo, através da criação de atrativos – ou “ímãs” – que pudessem contrabalançar
as forças atrativas representadas pela cidade e pelo campo. Ele argumentou que havia uma
terceira alternativa, além das vidas urbana e rural, que seria o que ele chamou de
Cidade-Campo. Nessa alternativa, os dois imãs fundiram-se num só, aproveitando o que há de
melhor em cada um deles, e dessa união nasceria “uma nova esperança, uma nova vida, uma
nova civilização”. A ideia era aproveitar as vantagens do campo eliminando as desvantagens da
grande cidade.

4. “A queda de Constantinopla em 1453 foi fundamental para a reorganização


geopolítica do mundo”. Esclareça as razões para esta afirmação.

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A queda de Constantinopla é um factor de extrema importância em termos históricos.
O ano de 1453 foi por muito tempo considerado o marco do fim da idade média e marco da
Idade Moderna.
A queda da Constantinopla foi o símbolo do declínio do Império Romano do Oriente,
inaugurado pelo Imperador Constantino, que logo se converteu ao Cristianismo. O império
roano no oriente representava, na idade média, a figura máxima do poder, herdado do antigo
Império Romano. Constantinopla sempre fora, por isso uma cidade extremamente cobiçada
por diversas civilizações e os ataques à cidade eram frequentes, o que acabou por fazer com
que as condições defensivas da cidade em péssimo estado levassem à invasão por parte do
Império Otomano.
A conquista de Constantinopla pelo Império Otomano levou à queda definitiva do
Império Romano. A Catedral Santa Sophia, maior catedral de cristianismo do mundo, foi
transformada numa mesquita.
O comércio entre a Europa e Ásia declinou subitamente. Nem por terra, nem por mar,
os mercados conseguiram passagem para as rotas que levavam à Índia e à China, de onde
provinham as especiarias usadas para conservar alimentos, além dos artigos de luxo e para
onde se destinavam as duas mercadorias mais valiosas. Com isto, as nações Europeus iniciaram
projetos para rotas comerciais alternativas.
Os portugueses e os espanhóis aproveitaram a sua posição geográfica, junto ao oceano
atlântico e áfrica, para tentar um caminho ao redor deste continente para chegar à Índia,
assim, entre 1497-1498 Vasco da Gama descobriu o caminho marítimo até à Índia, enquanto
que Cristóvão Colombo via a possibilidade de chegar à Ásia pelo Oeste, através do oceano (em
1492, descobriu o continente americano, dando início à “ocupação do novo mundo”. Com
estas navegações, Portugal e Espanha tornaram-se os mais poderosos do mundo,
estabelecendo uma nova ordem mundial.

5. Distinga o modelo City Beautiful, de Daniel Burnham, das propostas de Patrick


Geddes para o ordenamento do território.

O movimento City Beautiful foi uma filosofia de reforma da arquitetura e do


planeamento urbano da América do Norte que floresceu durante as décadas de 1890 e 1900
com o intuito de introduzir embelezamento e grandeza monumental nas cidades. Era uma
parte do movimento de reforma social progressiva na América do Norte, sob a liderança da
classe média alta preocupada com as más condições de vida em todas as grandes cidades.O
movimento, que foi originalmente associado principalmente a Chicago, Cleveland, Detroit,

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Kansas City Washington, promoveu a beleza não apenas por si mesma, mas também para criar
virtude moral e cívica entre as populações urbanas.
O movimento começou nos Estados Unidos em resposta à aglomeração nos bairros
residenciais Foi uma consequência das altas taxas de natalidade, aumento da imigração e
migração interna da população rural para as cidades. O movimento floresceu por várias
décadas e, além da construção de monumentos, também teve grande influência no
planejamento urbano que perdurou ao longo do século 20, principalmente no que se refere
aos projetos de habitação pública nos Estados Unidos.
Houve uma troca de influências entre o movimento City Beautiful e o movimento da
“Cidade Jardim”, o primeiro baseado nos esquemas formais clássicos e o segundo evocando a
atmosfera rural. O fazer arquitetônico do City Beautiful extraia do movimento Beaux-Arts, do
início do século XIX, a ênfase na necessidade de ordem, dignidade e harmonia nos espaços
urbanos, assim como pregava a monumentalidade clássica como aspecto do planejamento.

Geddes defendeu uma abordagem de design que englobasse integração biorregional,


mudanças na cultura e visão de mundo, bem como síntese transdisciplinar e educação
holística. Patrick Geddes entendeu que tal visão de mundo participativa informada por
conhecimento detalhado sobre as condições ecológicas, sociais, geológicas, culturais e
hidrológicas da região local seria fundamental para facilitar o surgimento de sociedades
humanas sustentáveis ​adaptadas de forma única para sua região particular.
Para Geddes, o papel do designer era duplo:
i)contribuir para a adaptação material das pessoas e do seu sustento às oportunidades
e desafios específicos dos locais em que habitam;
ii) influenciar na transformação da cultura através da educação.
Geddes desenvolveu uma nova abordagem para o planejamento regional e urbano
com base na integração das pessoas e seus sustento para os dados ambientais de um lugar e
região específicos em que habitam. Ele enfatizou que as decisões de planejamento devem ser
baseadas em um levantamento regional detalhado, que estabeleça um inventário da
hidrologia, geologia, flora, fauna, clima e topografia natural de uma região, bem como suas
oportunidades e desafios sociais e econômicos.

6. Explique, com detalhes, os 3 princípios fundamentais de Patrick Geddes para o


planeamento e desenvolvimento territorial

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Patrick Geddes estudava as cidades de um ponto de vista evolucionista, considerando
as transformações sociais na relação orgânica com o meio ambiente, distanciando-se do
idealismo utópico e propondo uma conceção experimental da cidade, olhando para o seu
futuro. Para conseguir alcançar esse objetivo estabelece 3 princípios fundamentais para o
planeamento e desenvolvimento territorial:

O primeiro é o levantamento urbano e regional, tendo em conta o planeamento das


cidades. Isto trata-se de um levantamento geográfico, histórico e social que mostra a evolução
das cidades, aliando a preservação e a transformação urbana. Isto é, Geddes sugere que o
planeamento comece com um levantamento dos recursos da região, seguido pelas respostas e
esses mesmos elementos e, finalmente, a análise das complexidades das paisagens culturais
restantes.

O segundo princípio de Patrick Geddes é a cirurgia conservadora em que Geddes


afirma que as intervenções na cidade devem ser nulas ou mínimas. Isto é quando existe
necessidade de intervenções em determinado edifício ou em determinada parte da cidade.

O terceiro princípio é a cidade-região é o potencial da cidade na sua região e de


estabelecer vínculos entre o urbano e o natural, comprometendo o conjunto do território a
serviço do homem, e portanto, das cidades. O planeamento urbanístico reconhece a cidade
como uma organização humana articulada com a história e o meio ambiente.

7. Justifique a existência de ilhas na cidade do Porto, discutindo a génese da sua


formação e a sua importância na compreensão da estrutura urbana do Porto

Na segunda metade do século XIX o Porto sofreu um enorme aumento populacional,


associado ao êxodo rural e ao processo de industrialização das cidades. De maneira a ser
possível satisfazer as necessidades habitacionais e ao mesmo tempo fazer com que haja uma
eficiência na indústria, criaram-se as Ilhas. As ilhas ocorrem quando os pequenos burgueses
constroem pequenas casas nas traseiras com a intenção de criar uma tipologia específica de
habitação operária. A inspiração para a conservação deste tipo de infraestruturas vem de
Inglaterra.

Desta forma, os pequenos burgueses e os industriais constroem estas casas com um


baixo investimento pois a intenção era que os operários pagassem uma renda baixa tendo em
conta que os seus ordenados eram baixos; não haviam custos de manutenção e embora a

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renda fosse baixa, o investimento era recuperado rapidamente devido ao número de unidades
habitacionais.

As ilhas consistiam em filas entre 10 a 12 pequenas casas com somente um piso, uma
porta e uma janela. As infraestruturas eram deficientes e a maior parte das ilhas não tinham
água e o saneamento era feito através de fossas. Como foi referido anteriormente, as ilhas
eram construídas nos quintais da classe média em que o acesso à rua era feito através de
estreitos corredores.

Segundo Ricardo Jorge, no final do século XIX, as ilhas eram habitação de 1 ⁄ 3 da


população portuguesa. Por esta razão, as ilhas marcaram fortemente o espaço urbano do porto
e, por essa razão, no século XX há um plano de intervenção para a melhoria destas ilhas com o
objetivo de combater a insalubridade das ilhas.

Atualmente, ainda existe este tipo de habitação na cidade do Porto, embora algumas já
tenham sido demolidas. Algumas estão a ser reabilitadas com o propósito de acolher pessoas
cujos rendimentos são baixos. Podemos, assim, concluir que as ilhas conseguiram de facto ter
importância para o desenvolvimento da estrutura urbana da cidade do Porto sendo que ainda
hoje se mantêm, embora não com as condições dispostas no século XIX.

8. Explicite o âmbito, a escala e a aplicação do Plano Diretor Municipal, do Plano de


Urbanização e do Plano de Pormenor, inserindo-os no Sistema de Gestão Territorial
nacional

O sistema de Gestão Territorial (SGT) tal como se encontra atualmente estatuído, e nas
políticas de ordenamento do território, abrange três âmbitos: nacional, regional e municipal.

O Plano Diretor Municipal (PDM) é um instrumento fundamental da gestão municipal


que define a estratégia de desenvolvimento e o modelo territorial, bem como as principais
opções quanto à localização de equipamentos e infraestruturas. É um instrumento de
planeamento de ocupação, uso e transformação do território nacional, pelas diferentes
componentes setoriais nele envolvidas. Estabelece um modelo de estrutura do território
municipal, constitui uma síntese estratégica do desenvolvimento e ordenamento local, integra
as opções de âmbito nacional e a sua utilização é obrigatória. A escala é de 1.25000 e 1.1000.

O Plano de Urbanização (PU) define a organização de um determinado território


municipal que exija uma intervenção integrada de planeamento nomeadamente a definição da

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rede viária estruturante, localização de equipamentos de uso e interesse coletivo, a estrutura
ecológica, o sistema urbano de circulação e transportes, o estacionamento… Este plano
abrange áreas urbanas e urbanizáveis e a sua escala é de 1.5000 e 1.2000.

O Plano de Pormenor (PP) desenvolve propostas de organização de qualquer área


específica do município, define com pormenor a forma de ocupação e serve de base aos
projetos de execução das infra estruturas, da arquitetura dos edifícios.., tendo em conta as
prioridades estabelecidas no PDM e eventualmente no PU. Este plano tem como área de
intervenção as subáreas do PDM e do PU. A escala do plano é de 1.2000 e 1.1000.

O PDM é um instrumento de caráter geral de ordenamento do território do município,


enquanto o PU e o PP são instrumentos de execução, específica quando necessário a forma
como serão atingidos os objetivos no PDM.

Os instrumentos de planeamento formam uma hierarquia, que não é obrigatoriamente


sequencial, uma vez que cada plano opera a um nível específico de problemas. Podem ser
elaborados simultaneamente, planos de nível diferente para a mesma área, uma vez que os
objetivos do PDM podem ser concretizados no PU e no PP.

9. Explique com detalhe os princípios fundamentais da Carta de Atenas em 1933 para o


planeamento e desenvolvimento territorial, contextualizando-a temporalmente.

Em meados do século XX, a sociedade sofreu alterações a nível da urbanização - as


cidades cresciam cada vez mais e a um nível desmedido e descontrolado que precisava com
urgência de um Plano que fosse estabilizar e corrigir tudo o que de mal foi feito na urbanização
da cidade. Foi por isso que em 1933, na cidade de Atenas, na Grécia, foi realizado o IV C.I.A.M
que resultou num manifesto urbanístico. A Carta de Atenas é o documento que trata das
cidades sob o ponto de vista dos arquitetos que têm como objetivo responder aos problemas
urbanísticos causados pelo rápido crescimento da cidade, de forma a corresponder às
necessidades do homem-tipo: habitar, trabalhar, deslocar-se e cultivar o corpo e o espírito. A
melhoria da qualidade de vida destaca-se por isso como item da Carta de Atenas.

Foram feitas, por isso, considerações sobre o habitação, o lazer, o trabalho, a circulação
e o patrimônio histórico das cidades, a carta prega, entre outros pontos, a separação das áreas
residenciais, de lazer e trabalho, através da setorização das áreas e de um planeamento do uso
do solo.

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Na área residencial, a preocupação era que esta fosse privilegiada em relação ao
vento, construções em altura e a preocupação com os espaços verdes. Relativamente ao
trabalho, o objetivo era aproximar as casas do trabalho, isolar as zonas industriais e criar um
bom sistema de transportes. A circulação tinha uma função vital e, por isso, havia uma
hierarquia viária, havendo uma separação entre os automóveis e os pedestres e as vias de
grande trânsito eram separadas. Em relação ao culto do corpo e espírito (lazer) valorizava-se o
espaço verde para o bairro residencial, o espaço deveria estar dotado de instituições para o
uso comunitário e de locais de lazer.

Após o C.I.A.M, como forma de conseguir satisfazer as necessidades habitacionais e


como forma de combater o aumento populacional nas cidades - as massas humanas e o
urbanismo - recorre-se à construção em altura. Há uma renovação da cidade e, por isso,
pode-se considerar que havia, de certa forma, um “desrespeito” pela pré-existência. A questão
dos transportes também é abordada e o transporte público é tratado como um objeto a ser
planeado e mantido como uma solução para os problemas de tráfego automóvel, levando à
subordinação do transporte individual ao transporte coletivo. É associada uma eficácia à arte
cubista e à indústria.

10. Aponte a importância da descoberta da invenção da imprensa no século XV para a


transformação das ideias europeias sobre o pensamento territorial

Durante milhares de anos, a escrita restringia-se a modos de réplica extremamente


limitados e, por isso, a descoberta da Imprensa, na Alemanha, foi muito importante no século
XV. Transformou radicalmente a maneira de pensar na Europa. Esta descoberta permitiu uma
reprodução mais rápida e eficaz de obras literárias sendo que a primeira obra a ser reproduzida
foi a Bíblia Sagrada, que levou à Reforma Protestante - Reforma Luterana, Clavinista, Anglicana
e a contrarreforma Católica.

A Igreja Católica desde o final da Idade Média perdeu a sua identidade. A preocupação
com os luxos e o sentimento materialista estavam cada vez mais a tirar à Igreja a sua essência -
os padres nem sabiam rezar uma missa e comandar os rituais e isso deixava a população
insatisfeita. O Papa, por exemplo, arrecadava dinheiro para a construção da Basílica de São
Pedro de Roma com a venda das indulgências - perdão - o que ,cada vez mais, num campo
político, deixava os reis descontentes com a sua atitude e, sendo Papa o representante máximo
da Religião Católica, toda esta sofreu e, com o tempo, foi perdendo o seu poder e influência.

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Martinho Lutero, foi um dos primeiros a contestar os dogmas da Igreja Católica e, por
isso, apresentou 95 teses que criticavam vários pontos da doutrina católica. Condenava a
venda das indulgências e propunha a fundação do luteranismo. De acordo com Lutero, a
salvação do homem ocorria pelos atos praticados em vida e pela fé. Convocado pelo imperador
Carlos V, Martinho Lutero foi convocado a desmentir as suas teses. A Reforma Luterana foi
também levada a cabo por João Calvino, em França - defendendo que a salvação da alma
ocorria pelo trabalho justo e honesto, o que atraiu muitos burgueses para a ideia Calvinista.

Em Inglaterra, dá-se a reforma Anglicana quando o Papa se recusa a cancelar o


casamento de D.Henrique VIII. Este revoltado, rompe com o papado e funda o anglicanismo
aumentando assim o seu poder e as suas poses.

Cada vez com menos fiéis, a Religião Católica começa a sentir-se ameaçada pelo
protestantismo e, por isso,, no Concílio de Trento, ficou definida a catequização dos habitantes
das terras descobertas, através da ação dos jesuítas; a retomada do tribunal do ofício -
inquisição, onde os hereges eram punidos; criação dos Índices de livros proibidos com a
intenção de evitar a propagação de ideias contrárias à Igreja Católica. A isto chama-se
Contrarreforma.

A imprensa foi importante para as reformas, pois foi Martinho Lutero quem traduziu a
Bíblia do latim para o Alemão, tornando o acesso às escrituras mais fácil. Devido à revolta
causada pela Bíblia, Martinho Lutero, utiliza também a empresa para imprimir os panfletos
reformistas em grandes quantidades para que circulassem pela Alemanha.

11. Explique a importância da revolução francesa e das ideias do liberalismo económico


para o desenvolvimento industrial do século XIX e para as transformações no
planeamento territorial.

No ano de 1789, dá-se a Revolução Francesa com base em três princípios


fundamentais: Igualdade, Liberdade e Fraternidade, pondo em prática uma série de ideias que
estavam patentes. Os pobres, os desempregados, os pequenos comerciantes e os camponeses,
influenciados pelos ideais do iluminismo, eram os principais impulsionadores para a Revolução
Francesa. Com esta Revolução, o indivíduo ganha importância e a união é o fator mais
importante para que seja possível mudar as coisas.

O liberalismo econômico de John Stuart Mill e Adam Smith defendia a não intervenção
do estado na economia, isto é, o privado está acima do público: o público pode tratar de todos

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os assuntos exceto a economia. Dentro desta ideologia Liberal, Adam Smith expõe o conceito
de “Mão Invisível” - efeito das ações dos consumidores que, preocupados com os seus próprios
interesses, atuam muitas vezes como se estivessem orientados para maior benefício social.

No ano de 1775, surgem máquinas a vapor e dá-se o arranque da Revolução Industrial


Inglesa o que leva a um aumento significativo da produção e, posteriormente, à massificação.
Para além da máquina a vapor, surge ainda o comboio que aumenta as acessibilidades -
passam a ser mais rápidas, seguras e confortáveis, o que leva a que as pessoas se desloquem
para destinos turísticos mais longínquos onde seja possível chegar de comboio.

Devido a estes acontecimentos, a forma das cidades/civilizações sofrem algumas


alterações tal como o crescimento populacional excessivo devido ao êxodo rural e à flutuação
salarial e, por essa razão deu-se uma expansão física do espaço o que levou a uma
reestruturação interna da cidade. Passaram a existir áreas destinadas a indústrias e a
caminhos-de-ferro e criam-se áreas residenciais distintas da cidade pedestre e da cidade dos
carris.

O centro da cidade também sobre alterações como a criação de grandes armazéns -


que tem como consequência a baixa qualidade residencial devida às poeiras, e fumos - uma
separação entre a residência e o trabalho pela primeira vez na história. As cidades passam
assim a ser sinónimo de insalubridade, insegurança, problemas sociais - leva ao início do
estudo da sociologia - e de várias dificuldades.

12. “A proposta naturalista de F. L. Wright é uma herança dos anti-urbanistas americanos


do século XVIII e XIX”. Comente a frase

O quarto plano é a cidade natural, feito (1932) por Wright. Ele é um arquiteto para
gente rica. Faz peças que se envolvem no espaço natural onde está inserida, de uma forma
camaleônica. Ele é a favor do fim da cidade, como a conhecemos; aglomerados pequenos,
onde a paisagem se sobrepõe aos edifícios; a cidade teria que ter acessos rápidos incluindo
helicópteros para todas as pessoas, uma visão futurista.

13. Apresenta as principais características da estrutura territorial (morfológica e social)


da cidade clássica, bem como os seus rituais de fundação e escolha do lugar.

Roma - as origens

Septimontium - a celebração e a unidade, os pântanos

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Os rituais e a influência etrusca - inauguratio, orientatio, sulcus primigenius, consecratio.

Fundação mítica 753 a.c

-> Roma - da lenda ao império - as muralhas e a dimensão desmesurada (densificação e


capacidade)

-> o caos vários - Itinera (rua pedonal); actus (rua 1 sentido); viae (rua de 2 sentidos); a
proibição de circulação.

-> A mistura social à escala urbana - mas a diferença entre as Domus (moradias) e as Insulae
(edifícios em altura)

-> O ócio e as villas - Pão e circo.

(não sei se está bem)

As propostas inovadoras do princípio do século XX

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Broadacre
Broadacre City foi um conceito de planejamento de desenvolvimento urbano
apresentado pelo famoso arquiteto americano Frank Lloyd Wright. Apareceu pela primeira vez
em seu livro " The Disappearing City '" em 1932. Broadway City também era chamada de
"Usonian" ou "cidade ideal".
De acordo com Wright, as estruturas em uma cidade de Broadacre devem ser
orgânicas e estar em harmonia com a humanidade e com o meio ambiente.
Broadacre City foi projetada para ser uma área urbana contínua com uma baixa
densidade populacional e serviços agrupados dependendo do tipo. A cidade tinha uma rodovia
futurística e aeródromos em um esforço para ajudar a conter o tráfego. As rodovias que ligam
diferentes cidades eram gigantescas, com detalhamento de projeto e paisagismo. Havia postos
de serviços públicos e veículos confortáveis ​com a cidade dividida em várias unidades. Havia
unidades agrícolas, unidades fabris, mercados de beira de estrada, áreas de lazer, escolas e
espaços de convivência. Cada unidade de vida recebeu um acre para decorar e cuidar. Todas as
unidades foram organizadas de forma que os indivíduos pudessem obter qualquer serviço ou
mercadoria de que precisassem em um raio de cento e cinquenta quilômetros acessíveis por
estrada ou ar para torná-lo descentralizado e sustentável.
Pessoalmente, Wright odiava bens caros, proprietários, aluguel, lucro e burocracia. Ele
estava enojado com a podridão e a coerção nos centros urbanos. Wright defendeu a liberdade
multidimensional em uma cidade sem favelas ou escórias e sem engarrafamentos. Ele foi
motivado por um futuro em que as pessoas poderiam se comunicar de casa sem ir para
nenhum escritório para passar informações.
Wright imaginou sua cidade projetada como uma forma de liberdade para as pessoas.
Segundo ele, as cidades normais não ofereciam movimento e valores democráticos suficientes
aos cidadãos. As cidades modernas estavam superlotadas e as pessoas não recebiam ar fresco
e luz natural o suficiente. Broadacre era para ser uma cidade sem engarrafamentos e as
pessoas podiam se mover facilmente, se comunicar e trabalhar no conforto de suas casas.

A Carta de Atenas

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A Carta de Atenas é o manifesto urbanístico resultante do IV Congresso Internacional
de Arquitetura Moderna (CIAM), realizado em Atenas em 1933.

O evento, que teve como tema a "cidade funcional", discutiu aspectos da arquitetura
contemporânea.

O documento final, redigido por Le Corbusier, fruto dessas discussões, define


praticamente o conceito de urbanismo moderno, traçando diretrizes e fórmulas que, segundo
os seus autores, seriam aplicáveis internacionalmente. A Carta considerava a cidade como um
organismo a ser concebido de modo funcional, na qual as necessidades do homem devem
estar claramente colocadas e resolvidas. Desse modo, preconiza a separação das áreas
residenciais, de lazer e de trabalho, propondo, em lugar do caráter e da densidade das cidades
tradicionais, uma cidade, na qual os edifícios se desenvolvem em altura e inscrevem-se em
áreas verdes, por esse motivo, pouco densas.
A Carta de Atenas trata as cidades sob o ponto de vista de arquitetos, que reunidos,
buscam responder aos problemas urbanísticos causados pelo rápido crescimento das cidades.
A Carta, de modo geral, analisa o estado atual e crítico das cidades, propondo aspetos que
deveriam ser respeitados para a melhoria da estrutura urbana.
A melhoria da qualidade de vida destaca-se como elemento de grande destaque
considerando as habitações, o lazer, o trabalho, a circulação e o patrimônio histórico.
● Residência: deve receber insolação mínima; devem afastar-se do alinhamento das vias de
modo a distanciar-se da poeira, gases tóxicos e ruídos e que as construções mais elevadas
distem uma das outras, liberando o solo para áreas verdes.
● Trabalho: Os locais de trabalho devem ficar próximos e as indústrias devem se concentrar em
vias lineares de modo que os setores industriais e habitacionais sejam separados por zonas
verdes.
● Lazer: O estatuto do solo deve assegurar superfícies verdes satisfatórias a organização de
cada região. As periferias da cidade devem ser organizadas como áreas de lazer semanais de
fácil acesso, oferecendo atividades diversas e saudáveis de entretenimento e novas áreas
verdes devem servir ao embelezamento e ao mesmo tempo abrigar instalações coletivas.
● Circulação: Deverá ser feita uma classificação e separação das vias segundo o seu
uso/natureza e velocidades média, sendo então categorizadas (passeios, trânsito…) e
administradas por um regime próprio. Zonas de vegetação devem isolar os leitos de grande
circulação que serão afastados das edificações.
● Patrimônio Histórico: A Carta de Atenas trata ainda do patrimônio histórico das cidades,
decretando que os valores arquitetônicos devem ser mantidos, respeitando-se a

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personalidade e o passado próprio da cidade. Se a sua presença for, entretanto, prejudicial,
este será destruído e deve dar lugar a áreas verdes.

As realizações do século XX
As realizações do séc. XX, onde num contexto histórico e cultural local houve
diferentes interpretações, o paradoxo imperial alemão e italiano. Segundo a Alemanha a
metrópole é o lugar onde se dão todos os males por isso apostam no encanto da ruralidade
enquanto que na Itália apostaram em cidades à medida da cidade jardim com o ordenamento
cerimonial e o regresso às origens de Roma e Berlim.

“A metrópole é o lugar onde se mesclam todos os males (…) a prostituição, os bares,


as doenças, o cinema, o marxismo, os judeus, as strip-teasers, as danças afro, e toda a nojenta
progênie da chamada «arte moderna»” - Jornal nazi

As realizações da 2ª metade do século XX


Na 2º metade do séc XX a cidade de Varsóvia sofreu, pela imposição da destruição
nazi, a destruição quase total, dos 25000 edifícios apenas 1200 ficaram de pé. A reconstrução
foi feita tendo por base as pinturas de Bellotto do séc XVIII, foi recuperada a antiga muralha da
cidade e antigos palacetes foram adaptados para edifícios da administração. Em Roterdão, que
sofreu um ataque aéreo alemão em 1940, toda a área expropriada foi anotada no Grande livro
da reconstrução e nele também foram anotados os proprietários que foram expropriados, para
reembolsá-los posteriormente após o investimento, a reconstrução assentou nas ideias
expressas na carta de Atenas.

A Carta de Atenas influenciou a reconstrução da cidade ocidental, com o pós-guerra


veio a urgência da habitação e da adequação do automóvel, a construção da cidade do leste
baseou-se na estandardização ao serviço da construção da sociedade socialista, investiu-se
nos bairros habitacionais (ex: Karl Marx Hof de Viena, para 5000 pessoas, super quarteirão
voltado para o interior, a inspiração para cidades novas (new Towns): Milton Keynes,
Stevenage, Cumbernauld, Hok, Basildon), novas áreas urbanas (Barbican, em Londres) e novas
cidades (Brasília e Chandigarh).

Algumas críticas foram dirigidas a estas influências, tais como o problema da altura, o
desapego à terra, o crescimento periférico em demasia, pobre e gerador de crime e
marginalidade; temos como exemplo o caso de Sarcelles, arredores de Paris, de 1955 e

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implodido 17 anos depois, de construção medíocre, elevadores averiados, vidros partidos,
pintura a descascar, ocupados por classes desfavorecidas; outra crítica consiste em dizer que se
tratou de uma produção em massa, tipo arquitectura industrial das barras de sabão e pacotes
de cereais; questionou-se também a democracia sem liberdade e houve referências à luta do
liberalismo contra planificação – EUA vs URSS.

A crítica ao modernismo
Algumas críticas foram dirigidas a estas influências, tais como o problema da altura, o
desapego à terra, o crescimento periférico em demasia, pobre e gerador de crime e
marginalidade; temos como exemplo o caso de Sarcelles.
Outra crítica consiste em dizer que se tratou de uma produção em massa, tipo
arquitectura industrial das “barras de sabão” e “pacotes de cereais”.
Questionou-se também a democracia sem liberdade e houve referências à luta do liberalismo
contra a planificação (EUA vs URSS).

As novas propostas

● O movimento italiano Tendenza (1960s): “A defesa da Rua e dos valores artísticos do


passado”
O movimento arquitetônico neo-racionalista que surgiu em Itália nos anos sessenta
constituiu uma das correntes que procuraram rever as premissas do movimento moderno,
cruzando-as com referências culturais de sentido regional, numa tentativa de fugir ao
universalismo nivelador determinado pelo sistema económico social, pela força do
desenvolvimento tecnológico e funcionalista e pelo consumismo superficial e básico. De entre
os neo-racionalistas italianos evidenciaram-se, pela originalidade e profundidade das suas
posições teóricas e de alguns projetos, os arquitetos Aldo Rossi e Giorgio Grassi.

● “The Death and Life of Great American Cities”: É um livro escrito pela ativista Jane Jacobs
em 1961. Trata sobre o planejamento urbano no século XX, criticando as políticas urbanas
modernistas, que a autora responsabiliza pelo declínio dos bairros de diversas cidades nos
Estados Unidos, e propondo uma nova visão da vida urbana orgânica naquele país. Mesmo
estudando apenas cidades americanas, a obra impactou os rumos do planejamento urbano
em todo o mundo, e a influência do livro ainda é grande especialmente entre os urbanistas.

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Crítica ao fim da rua, aos parques públicos, ao zoning; Defesa das grandes densidades
habitacionais - Conservadorismo em relação ao passado e crítica à cidade jardim; Preocupação
com os vários tempos da cidade… espaço sempre em utilização!

● Team X (60s)– Fazer cidade orgânica: O Team X foi constituído em 1954, por pessoas
encarregadas de preparar o 10º Congresso Internacional de Arquitetura Moderna (CIAM) de
Dubrovnik, em 1956. O Planeador deve apenas desenhar uma estrutura base; Prevalência
dos percursos pedestres, servidos por transportes públicos; A escala do Homem; O caso
Toulouse-Mirail: a inspiração nas medinas, sem centro claro, ironicamente ocupado pela com
argelina.

● “L’espace de la Ville”(1975): Por trás desse trabalho está a certeza de que em nossas cidades
modernas, a noção tradicional de espaço urbano desapareceu.
O que significa esse desaparecimento pode ser entendido por todos os moradores da
cidade com a menor consciência, dotados de sensibilidade suficiente para comparar as
conquistas atuais do planejamento urbano com as do passado, e determinados a formar uma
opinião sobre como as coisas evoluíram.
Mas esta simples observação por si só não pode avançar a pesquisa urbana. Devemos
definir claramente o que é espaço urbano, mostrar a importância que ele pode ter no contexto
urbano e, em seguida, analisar se a referência a esse conceito se justifica no planejamento
urbano contemporâneo. O conceito de espaço é hoje objeto de amarga controvérsia.
Repúdio ao automóvel, regresso ao passado morfológico e dos materiais; “A única
maneira de permanecermos modernos é aplicarmos à arquitectura moderna o mesmo
tratamento que está aplicou à arquitectura académica” – Fernando Montes

● Bienal de Veneza (1980): Strada Novíssima - O Pós-modernismo barroco de Ricardo Bofill; A


recuperação do urbanismo do século XVIII e da arquitectura neoclássica com os materiais
modernos e a moderna tipologia habitacional;
Uma série de projetos construídos e não construídos comparou os “contextos
ambientais, componente espiritual e finalidade social básica da arquitetura islâmica” à “frieza e
elementos auto-referenciais dos padrões modernistas”, ao mesmo tempo em que mostra a
combinação de tradições locais e tecnologias de construção inovadoras.

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● A nova rua holandesa: a “woonerf”: Woonerf é um termo de origem holandesa e significa
algo como rua de convívio. A ideia é de uma rua compartilhada entre pedestres, bicicletas,
crianças brincando e até mesmo carros.
Neste contexto surge o Woonerf através de uma iniciativa popular em Delft, Holanda,
no fim do anos 60 como uma reação ao impacto do carro e do trânsito na cidade. As pessoas
literalmente ocuparam, ou retomaram a rua por assim dizer.

● New Urbanism (1993-96): Grupo sediado nos EUA, em busca do Urbanismo sustentável;
Elevada densificação e diversidade em cidades periféricas que visam a diminuição do uso do
automóvel; Grupo pluridisciplinar.

Urbanismo sustentável
A emergência de um novo modelo de urbanidade e território
Um dos principais eixos que esse tipo de ação trabalha é o de tentar, à medida do
possível, manter um equilíbrio entre a chegada das cidades e a industrialização em relação aos
recursos naturais.
Quando se fala do urbanismo sustentável, por exemplo, estamos tratando da
manutenção das áreas verdes, dos parques, das nascentes. A proteção dessas faixas de
natureza é fundamental para o bom andamento das cidades.
● A confusão entre cidade e campo -> o urbano: são formas de alojamento que tentam recriar
o modelo rural tradicional (casa individual isolada, vivenda ou moradia) e que se
desenvolvem na periferia das cidades e de outros aglomerados urbanos. É um processo que
resulta do crescimento urbano, onde coexistem de forma difusa as atividades econômicas
urbanas e a atividade agrícola.
● A imensa periferia (A partir de uma metrópole (Londres, Berlim, Los Angeles,…)

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Porto 1500
Olhando para o mapa da cidade do Porto (1500) existe um perfil radioconcêntrico,
numa escala mais próxima existe um perfil geomórfico, ou seja foi construído conforme o
relevo.
● 1233, convento de São Domingos (estruturas que esticam a cidade e
● 1238, convento de São Francisco (aumentam a capacidade económica)
● Rua larga e direta, a sudeste do Convento de São Francisco, atual rua que liga ao túnel da
Ribeira.
● D. Teresa define as fronteiras (1120) da cidade, a sul o rio Douro, a norte e a este,
monumentos reconhecidos na altura, a ocidente, o canal maior (rio que deságua na Praça da
Ribeira). Este lugar gerou guerras entre o rei e o bispo. Com esta guerra os vários reis
decidiram criar uma nova cidade do outro lado do rio, a cidade Vila Nova, mas não resultou
porque as infraestruturas estavam do outro lado (final da Idade Média). A cidade só resulta
no século 18 devido às caves do vinho do Porto, devido à temperatura estável.
● D. Afonso IV manda criar a alfândega, que controla as mercadorias, conhecida como Casa do
Infante, onde nasceu o seu filho.
● D. João I mandou construir uma Rua Nova, uma rua planeada que tem como limite o canal
maior, como forma de afirmar o poder com vista para o palácio piscopal (rua que liga ao túnel
da Ribeira). Gerou algumas guerras entre o bispo e o rei, mas o rei para confrontar o bispo,
cria um bairro para os judeus ao nível de onde o bispo morava. A rua foi feita para estar
próxima do centro de negócios mas num lugar onde nunca as cheias lá chegavam. A rua
servia também como praça, onde havia lugar a uma feira, importante para os negócios do
Porto.
● A oposição entre o Bispo e o Rei
● o território em disputa (Rio da Vila vs Rio Frio)
● Porto vs Gaia (Vila Nova)

● As primeiras iniciativas de urbanismo:


● D. Afonso IV - A Alfândega Velha (1325)
● D. João I - Judiaria (1386), Rua do Infante (1400), Convento de Santa Clara (1416)

● Século XV - o mundo em mudança


● A arte: a utilização da perspetiva, a recuperação das formas clássicas gregas e
romanas, a redescoberta do Vitrúvio;

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● A geopolítica: a tomada de Constantinopla (1453), os descobrimentos
portugueses e espanhóis
● A tecnologia: a imprensa, o canhão e os projéteis em ferro e chumbo
● A religião: a crise da igreja e a reforma no século XVI
● A catedral: centro e skyline - verticalidade, curva e cerimônias (o porco e as
fogueiras)

● Porto Medieval
● Sítio e situação: a preocupação com a defesa, o cruzamento das vias, a
exposição solar
● A cidade do Bispo (1120)
● A muralha gótica do século Xiv (densidade e compacidade)
● As aldeias periféricas e influência regional
(desenho ruas - ver depois foto)

Império Romano
Até à Turquia, Irlanda, a Norte percorre a linha do Danúbio, ficando a norte os
bárbaros e a sul os romanos. São construídas várias fortificações para impressionar as tribos do
norte.

● Roma - o urbanismo
● medidas: altura máxima dos edifícios; interdição de circulação; passeios nas
principais ruas e uma área pedonal entre praças, uma cidade de exteriores; o
ambitus e as telhas não combustíveis; a propriedade privada; Lex Julia
Municipalis.

● Roma - O Império
- A rede de estradas e a engenharia.
- A criação de cidades: - veteranos, oppidos e compas; a influência grega;
Decumanos, Cardo e Fórum; o perímetro retangular; o ponto focal (ordem e
disciplina); o militarismo; o modelo com variações.
- o legado de Vitrúvio ( Vitrúvio é um desenho de um homem desenhado na
perfeição dentro de uma circunferência).

O Fim do Império e o feudalismo


- retratação urbana: - população espalha-se pelo espaço rural à procura de defesa:

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- a cidade pilhada, em escombros, sob a vegetação.
- sociedade agrária rudimentar e a elevada qualidade dos solos europeus.
- a cultura rural.
- Regime senhorial (feudalismo):
- senhores feudais apoiam e protegem o soberano que lhes retribui com
“terras”.
- a quebra das rotas e das redes.

CONSTANTINOPLA*- cidade importante (atual Istambul) devido a ter uma boa localização
geográfica, rotas de comércio, entrada para pessoas do Médio Oriente.
Etrusca - tribo da época.
Romanos são uma simbiose entre os gregos e os etruscos.

● Roma - as origens:
● septimontium - A celebração e a unidade, os pântanos.
● os rituais e a influência etrusca - Inauguratio, Orientatio, Sulcus Primigenius,
Consecratio.
● Fundação mítica 753 a.c.

- Roma - da lenda ao Império:


- As muralhas e a dimensão desmesurada - densificação e compacidade.
- O caos vários - Itinera (rua pedonal), Actus (rua A sentido), Vine (rua Z sentido); a proibição de
circulação.
- A mistura social à escala urbana - mas a diferença entre as Domus (moradias) e as Insulae
(edifícios em altura).
- O ócio e as villas - pão e circo.

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Porto 1600
Em grosso modo é igual ao dos dias de hoje, exceção à Rua da Alfândega e Mouzinho
da Silveira. Igreja como grande dominador da cidade.

Urbanismo XVII/ XVIII


● a cidade barroca:
● herdeira do Renascimento.
● A centralização na cidade capital.
● cidade como dona de arte.
● tendência para a individualização dos elementos mais importantes.
● perspetiva aberta para o infinito.
● valorização da cenografia urbana.
● Dicotomia razão/natureza.
● influência do racionalismo e do Iluminismo.
● Demolição de muralhas, maior ligação ao campo, ao rio e ao mar.

Cidades começam a expandir-se para fora das muralhas. Ruas em linha reta (Newton
falava da distância mais curta entre dois pontos e uma linha reta, Descartes dizia para se usar a
razão).

- A polis Grega - as origens

Sinequismo e pólis - religião, defesa e comércio.


A Geografia e as condições para o desenvolvimento - topografia, clima, escravatura,
geologia.
Cidade = lugar do Homem - coletivismo impõe-se ao individualismo, os serviços
públicos, “Lei de Pérgamo”.
Polis - Identidade urbana (participar na política, discutir o destino da região; participar
nas celebrações).

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A polis Grega - as estruturas

Acrópole - defesa, religião, unidade.


Muralha - irregular e geomórfica.
Ágora - centro social, político e comercial.
Área residencial - as sobras, sem especiais cuidados.

A polis Grega - as colónias

● Escolhidos pelos oráculos.


● O sistema hipodâmico - a cidade planeada como um todo; o uso da grelha sem eixo
central; edifícios públicos encaixados na trama; lotes residenciais iguais; imposição da
grelha ao território; sem acrópole.
● A catedral: Centro e Skyline - verticalidade, curva e cerimônias (o porco e as fogueiras).

Porto Medieval
● Sítio e situação: a preocupação com a defesa; o cruzamento das vias; a exposição solar.
● A cidade do Bispo (1120).
● A muralha gótica do século XIV (densidade e capacidade).
● As aldeias periféricas e influência regional.

As Cidades Medievais
Desenvolvimento orgânico:
- Cidades de origem romana;
- Burgos;
- Cidades que se desenvolveram na parte de aldeias e do cruzamento de caminhos.
- Feitas a partir de um plano: “Bastides”, construídas sobretudo em França para
dominar um território.

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- Cidades novas, fundadas a partir de um plano prévio, para povoamento e defesa (ex:
Vila Real).

Cidade Medieval - As Estruturas


● Muralhas: perímetro circular; geomorfismo e rogiocentrismo; o espaço livre no interior
(a agricultura urbana); densidade e capacidade.
● Mercados na praça: o comércio enquanto modelador do espaço; ruas especializadas;
promiscuidade casa (trabalho e casa).
● Portos: os subúrbios e as orientações dos arruamentos;

A Vantagem Urbana
● A atração pelo espaço urbano: liberdade, oportunidades;
● A burguesia e novos ofícios: as regalias de ser urbano;
● A oposição cidade-campo: Burguesia-Nobreza, a flexibilidade contratual, as
finanças públicas.

Século XVIII- O século do Ouro

- O ouro e o nazani: a igreja; os palácios da aristocracia rural.

Século XVIII- Antes dos Almadas

- Os problemas do crescimento não planeados;


- A cidade a transbordar das muralhas;
- A influência britânica.

João de Almada com influência britânica mandou uma carta ao rei D.José dizendo que
era necessário uma organização da expansão urbana. Era necessário financiar as obras ao qual
o rei diz para ir buscar o dinheiro ao vinho do Porto colocando impostos na comercialização do
vinho, criando uma instituição chamada “Junta de obras Públicas do Porto” com o objetivo de
organizar a cidade do Porto, presidindo a instituição até ao ano da sua morte (durante 26
anos). A instituição é fundamental para a forma da cidade, como mais ou menos conhecemos
hoje. São contratados vários arquitetos e engenheiros militares, sendo estruturada de uma
forma militar.

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Junta de Obras Públicas
1- Intervenção dentro das muralhas (centro histórico) tomando as ruas mais largas,
novas vias ( Rua de S.João, Praça da Ribeira, Praça de Santana). Rua de S.João é uma rua muito
importante , um grande exemplo da intervenção dentro das muralhas.
2- Expansão para lá da muralha (Rua do Almada, Rua de Santa Catarina, Rua de Santo
Ildefonso, Rua de Cedofeita). A junta vai preparar arruamentos fora da muralha.

- Expansão radial com abertura de ruas ou retificações e alinhamentos;


- As vias de ligação e a criação da trama (Rua de Santo António, Rua da Boavista e Rua
Formosa);

Quando morre João de Almada era preciso arranjar alguém para o substituir. Quem
toma o seu lugar é o filho dele (Francisco de Almada). O pai achava e defendia a não destruição
das muralhas, mas já o seu filho não pensava assim e mandou as muralhas abaixo.
O filho manda construir vários equipamentos como o hospital S.António, a cadeia e o
Tribunal da Relação, etc. Construção de varandas como as virtudes, fontainhas e a praça da
vitória.

3- O programa de fachadas (obrigatório apresentar a fachada antes de ser construída,


o que está no lote é de conta do proprietário mas a fachada não porque está virada à rua onde
as pessoas passam; preocupação com a imagem da cidade).

A residência para a classe trabalhadora

- A conceção do edificado transforma-se num intrincado de medidas de saúde pública e


de legislação relacionada;
- Dois fatores de localização críticos são: a proximidade entre a residência e o emprego e
a (in) adaptação dos rurais ao urbano;
- A oferta organiza-se através de:
1) A expansão da cidade na urbanização de grandes propriedades;
2) As grandes densidades, em particular nos jardins das traseiras do edificado.

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- Existem três tipos de oferta: central e industrial de alojamento como construtores
especulativos, empregadores industriais e os filantropos.

A residência para a classe alta

- A classe alta, tenta numa 1ºfase, a construção no inner fringe belt , perto do centro da
cidade. Mas estes espaços acabam rodeados pela expansão do alojamento das classes
trabalhadoras;
- No fim do século, casas maiores foram construídas no espaço periférico.

Soluções para os problemas urbanos: - médicos, bombeiros e imprensa querem melhorar a


situação

- Parques públicos de grandes dimensões: Birkenhead Park, LiverPool e Central Park,


New York. ( espaços democráticos);
- Novos cemitérios: Paris, Pere Lachaise e Londres, Highgate. (visitas numa 1ºfase como
lugar de passeio);
- Água e sistema de esgotos.

Transformações no centro

- Separação de funções;
- Criação de lojas;
- Comboio (Proximidade ao centro, fumo);
- Indústria (Junto às estações, atrai baixa qualidade residencial);
- Cidades passam a ser sinónimo de insalubridade, marginalização, dificuldades viárias,
insegurança e problemas sociais.

Slums, guettos e afins

- Lado negro da cidade;


- Pessoas mais ricas (padres, polícias, bombeiros,...) preocupam-se com este lado negro
da cidade e começaram a visitar essas áreas pobres.

A residência oitocentista

- Êxodo rural;

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- Mudança na procura (desenvolvimento da classe média, medo das epidemias e da
pobreza, procura do subúrbio e do jardim);
- Oferta residencial (liberdade individual, território como oportunidade);
- Flutuações no limite e o alargar do espaço urbano (fringe belt).

A herança setecentista

- A revolução americana de 1776 e a revolução francesa de 1789 (liberdade, igualdade e


fraternidade);
- Invenção da máquina a vapor em 1775, por James Watt (arranque da revolução
industrial inglesa);
- Liberalismo económico- capitalismo;

No séc.XV a invenção da imprensa foi o grande feito na dimensão tecnológica. Contudo


no séc.XVIII/XIX há uma grande explosão na tecnologia com a criação do telefone. A criação da
máquina a vapor por James Watt, produzia energia, utilizada em várias indústrias aumentando
a produção. É aplicada também nos transportes permitindo a deslocação mais rápida, de onde
surgiu o comboio.( foi inventado também o barco a vapor)
Em Inglaterra fica com grandes complexos industriais.
14 anos depois, a Revolução Francesa. Foram utilizadas três palavras que ainda hoje
estão presentes no dia de hoje. É um momento em que as mais desfavorecidas se revoltam,
numa altura em que era difícil sair da classe onde se nasceu, lutando-se assim pela a
igualdade.
Teve impacto também na economia.
Nos EUA a guerra pela independência teve contornos parecidos com os da Revolução
Francesa. A tudo isto somar a teorização do liberalismo económico, vão defender que a coroa
ou o Estado deve interferir na economia. (Teoria:linhas de oferta e procura se cruzam e o
mercado se auto sustenta).
A igualdade e o liberalismo económico fundem-se e “criam” os novos ricos, pessoas de
famílias podem subir na vida livremente, tendo também impacto na sociedade.
O comboio vai ter grande importância na criação de território. Quando a máquina a
vapor é implementada em várias indústrias, o critério de localização (junto ao rio por causa da
força da água) deixa de ser o mesmo. Mão de obra, mercado e matérias-primas passam a ser
os fatores importantes para a localização das indústrias. As cidades passam a ser o foco,
formando-se em volta da estação de comboio (utilização da máquina a vapor). Maior número
de trabalhadores, estruturas maiores. As cidades começam a ganhar “categorias”, divididos em

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área industrial, de comércio, ricos e pobres, ao contrário do que existia quando era tudo
misturado. Da cidade pedestre para a cidade dos carris. Criação do centro da cidade começa a
ficar mais “saliente”, iluminação noturna, lojas com mais cuidados e com montras.

Porto 1813
No mapa, os lugares amarelo foram construídos na segunda metade do séc.XVIII, a
carga dos Almadas.

Crescimento Populacional- (1864/1900)

- Revolução demográfica (êxodo rural);


- Porto de chegada e Porto de partida (nomeadamente brasileiros);
- Extinção das ordens religiosas e afirmação do capitalismo (empreendedorismo e
iniciativa privada);
- A cidade cresce devido a quem não chega e não devido à natalidade e porque partem
poucos.

A cidade liberal e romântica

- Resposta aos problemas da cidade industrial com novos equipamentos ( cemitérios de


Prado do Repouso e Agromonte, Museu e Bibliotecas públicas, Ponte Pênsil, Palácio da
Bolsa e de Cristal, Alfândega Nova);
- “Haussmannização” (Rua da Alfândega e Mouzinho da Silveira e Avenida da Boavista);
- Jardins (São Lázaro, Cordoaria, Palácio de Cristal e Passeio Alegre).

Porto-1892
A cidade já não tem nada a ver com a cidade do início do século devido ao seu
crescimento populacional.

O séc.XX
Telefone e o automóvel revolucionaram as cidades. O telefone é um instrumento que
permite uma rápida comunicação. O automóvel vai revolucionar as cidades na medida em que
vão reparar que é um instrumento perigoso e vai influenciar a criação de casas com as
garagens. As cidades vão ficar mais barulhentas, mais poluição.

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As propostas da transição do século

À medida que o tempo vai passando a cidade continua a ter problemas como por
exemplo, na salubridade, havendo uma grande tensão que até levou ao fim da monarquia.
5 modelos de planeamento de território, que ainda hoje se utilizam.

O primeiro plano é o plano cidade jardim , feito por Howard, nasceu em Londres (
cidade gigantesca, na altura).No início da sua adolescência vai viver para o norte da Inglaterra e
vai emigrar para os EUA, em Chicago, voltando mais tarde para a Inglaterra, publicando a obra
“Amanhã:um caminho pacífico para a reforma social.” Ele faz uma proposta da cidade ideal
dizendo que as cidades não devem ter mais de 32 mil habitantes, a cidade deve ter zonas
diferentes organizadas; acha essencial a existência de espaços verdes; nunca abdicar da
tecnologia ( estradas, caminhos de ferro); a cidade deve respeitar o que já estava construído e
aproveitar o que está à volta. Criou um esquema chamado os três imans , o campo, a cidade e
a cidade jardim. Unwin e Parker tinham ligações ao Porto, viveram na cidade fugindo à
primeira guerra, sendo ele o arquiteto da Avenida dos Aliados. Letchworth foi a cidade modelo
para este plano. A cidade jardim (1898) é o plano mais popular e consensual.
O segundo plano é a cidade região, feito por Geddes, que era biólogo, na Escócia. Era
um homem preocupado com a dimensão social. Um dos principais princípios (1815) é o
levantamento do lugar (como surgiu, o que tinha e falar com as pessoas da cidade
perguntando às pessoas, o que queriam, o que achavam imprescindível). Ele banalizou o que
na altura era incomum, o que é hoje é totalmente normal. O segundo princípio é a cirurgia
conservadora, uma intervenção cautelosa, identificando o problema e mexendo o menos
possível para solucionar o problema, um clero culturalista, preservando o que havia. O terceiro
princípio é a cidade região, pensar de uma forma mais alargada, envolvendo as cidades em
volta, não focando apenas numa cidade (Ex:do Porto que se relaciona com as cidades em
volta). A dificuldade é saber onde termina a região e para isso vai recorrer a um amigo francês.
As regiões tinham a formação das bacias hidrográficas. - Teoria do amigo francês.
O terceiro plano é a cidade Bela, feito por Burnham. Chicago vai ser uma cidade
importante, que era considerada uma cidade Jardim. Nos anos 70 do séc.XIX dá-se um grande
incêndio, dando-se uma grande revolução urbana. Burnham vai implementar várias ideias
como por exemplo, o arranha-céus. Nos anos seguintes Burnham vai fazendo alguns planos
para Chicago. Vai haver uma exposição (1893) que vai servir de base. Burnham tem como base
as ideias de Hausmann. Para Burnham tem como base as ideias de Hausmann. Para Burnham a
estética e a beleza eram muito importantes.Vai ter uma equipa estruturada contando com o

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autor do Central Park, Ny. “Somos definidos pelo o lugar que vivemos”. Vai ser um sucesso (
este plano) para as ditaduras dos anos seguintes.
O quarto plano é a cidade natural, feito por Wright (1932). Ele é um arquiteto para
gente rica. Faz peças que se envolvem com o espaço natural onde está inserida, de uma forma
camaleônica. Ele é a favor do fim da cidade, como a conhecemos, aglomerados pequenos,
onde a paisagem se sobrepõe aos edifícios, a cidade teria que ter acessos rápidos incluindo
helicópteros para todas as pessoas, uma visão futurista.
O quinto plano é a cidade das Torres, feito por Corbusier e Gropius. Modelo mais
radicular para o território, um modelo definido para ser repetido até à exaustão. Eficácia
associada à arte cubista (Picasso) e ao neoplasticismo (Mondrian) e o fordismo (organização do
trabalho).
Congresso em Atenas (C.I.A.M - 1933), vão se destacar os dois senhores autores deste
plano. A carta de Atenas vai ser a base do plano. A carta tem como base o fordismo, o cubismo
e o neoplasticismo que se vai repetir nas cidades.
Necessidades fundamentais: habitar, trabalhar, locomover-se e cultivar o corpo e o espírito -
em busca da cidade ideal. Eles propõem o fim das ruas ( de como eram na altura, uma
confusão). Corbusier filho de Relogoeiros (mecanismo dos relógios), ele quer passar esse
mecanismo para a cidade.
Eles querem construir espaços para automóveis, espaços para bicicletas e espaços para
peões e uma ideia de zonamento ( um espaço para habitar, circular, trabalhar). Outra
preocupação é com a salubridade e vão propor a construção de parques com alguns edifícios
(blocos de torre) virados ao Sol. Contabilização da população para construir novas estruturas,
como por exemplo, escolas.
Libertar o solo para espaços verdes, construindo em altura.

A segregação e as Ilhas
● A estrutura zebrada
● No Porto surgem as ilhas que ocorrem quando a pequena burguesia constrói casas nas
traseiras das suas casas, para alugar à classe operária.
● A casa típica do Porto era constituída por 3 pontos, uma dava para a casa, outra dava
para a ilha e a outra dava para a loja.
A criação das ilhas:
● Influência inglesa.
● O lote comprido e a ausência de muralhas.

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● Razões legais - a fiscalização camarária, a questão dos emprazamentos.
A solução ideal:
● baixo rendimento.
● recuperação rápida do investimento.
● sem custos de manutenção.
Atividades econômicas:
O crescimento industrial
● da manufatura à maquinofatura.
● a pequena indústria caseira
● domínio do têxtil
● periferização
● analfabetismo e insalubridade
Comércio:
● o combate às feiras (mercados do anjo e do bolhão)
● a orientalização das feiras no centro (a emergência de novo comércio e da separação
entre comerciantes e lojas);
● Os grandes armazéns.

Cronologia

V-XVIII XV-XVI XVII-XVIII XIX XX XXI

Idade Média; Renascença Barroco Industrial Modernismo Pós-Modernis


alta e Baixa mo

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