Você está na página 1de 2

ARTE PRÉ-HISTÓRIA

A Pré-História não apresenta nenhum documento escrito, pois é exatamente a época anterior
à escrita. Tudo o que sabemos sobre os homens que viveram nesse tempo é o resultado da pesquisa,
análise comparada e reflexão de antropólogos, historiadores e dos estudos da moderna ciência
arqueológica, que reconstituíram a cultura do homem a partir de seus resíduos materiais. As
primeiras inserções humanas no meio natural, como seixos e pedras desbastadas ou talhadas datam
de aproximadamente 400.000 a.C. As mais antigas pinturas rupestres, pertencem ao Paleolítico
Final, cerca de 30.000 a.C (JANSON, 1977).
Um renomado historiador de arte, chamado Gombrich diz : “Chamamos a estes povos
‘primitivos’ não porque sejam mais simples do que nós – os seus processos de pensamento são, com
freqüência, mais complicados do que os nossos – mas por estarem mais próximos do estado donde,
em dado momento, emergiu toda a humanidade. Entre estes primitivos não há diferença entre
edificar e fazer imagens, no que se refere à utilidade. Suas cabanas existem para abrigá-los da
chuva, sol e vento, e para os espíritos que geram tais eventos; as imagens são feitas para protegê-los
contra outros poderes que, para eles, são tão reais quanto as forças da natureza. Pinturas e estátuas,
por outras palavras, são usadas para realizar trabalhos de magia”.
Toda a arte rupestre teve forte cunho mágico de caráter propiciatório, principalmente no
período Paleolítico, onde os desenhos naturalistas eram protagonistas de rituais. A estilização do
desenho, no período Neolítico, indica uma minimização da magia, ou transformação do processo
propiciatório em registros e comunicação.
A pintura rupestre paleolítica caracteriza-se por ser figurativa, ou mais exatamente,
naturalista. É o registro da impressão visual imediata, livre de qualquer restrição intelectual ou
apuro compositivo. Os animais são retratados em seu instante perceptivo, em um flagrante de
movimento. (HAUSER, 1982).
Qual a razão destas pinturas?
A razão mais provável para esta arte é a magia propiciatória: ao pintar animais tão reais este
artista-caçador já estava garantindo a sua caça, apoderando-se da “alma”. Muitas pinturas e
esculturas apresentam orifícios e marcas de flechas o que sugere que estas imagens tinham a função
de ser um substituto simbólico do animal a ser caçado – por isso a necessidade da semelhança
absoluta com o ser real.
As esculturas do Paleolítico realizaram principalmente estatuetas pequenas que deveriam
servir como amuletos, propiciatórios como toda a arte do período. Há diversos exemplares de
figuras femininas, com cabeças apenas esboçadas, seios volumosos quadris e ventre em evidência.
Estas belas senhoritas paleolíticas deveriam estar ligadas ao culto da fertilidade. Já na arte neolítica,
modificações primordiais no estilo de vida do homem pré-histórico possibilitam as alterações na
arte .
O homem passa a ser retratado nas pinturas, em cenas de caça ou guerra ou ainda como seres
semi-humanos (JUNG, 1977) disfarçados de animais, envoltos em peles, com cabeça ou chifres de
algum animal. Provavelmente seria o “Rei dos Animais” figura misteriosas de domínio animal que
subverte de seu portador a sua individualidade humana. Ainda temos vestígios desses costumes em
grupos primitivos, cujos xamãs, ao portarem adereços apropriados, não “representam” animais, são
os animais. Essa nova arte, geométrica, abstrata, simbólica, inicia o conceito de arte como objeto
autônomo que se perpetua no decorrer nos séculos. O homem neolítico , com seu novo gênero de
vida, passa a desenvolver diversas técnicas artesanais: cerâmicas decoradas, tecelagem, trançados e,
a partir de ac. 5.000 a.C, metalurgia, com pequenos artefatos.
Na área da arquitetura, percebe-se algo de cunho religioso ou astronômico os homens do
neolítico edificaram os monumentos megalíticos (pedras imensas). Pedras não trabalhadas têm, em
diversas culturas primitivas, forte significação simbólica – servindo de lápides, marcos ou objetos
de veneração religiosa. A configuração dada pelo arranjo das pedras (alinhamentos geométricos,
círculos) também pode nos remeter à divindade (JUNG, 1977). Estas imensas pedras fixadas no
chão, sem nenhum tipo de argamassa, denominam-se dolmens quando organizada em forma de
mesa ou portas (fig.9) – normalmente, ligavam-se ao culto aos mortos. Dolmens dispostos em
círculos regulares são chamados de cromlechs (fig. 10), sendo o mais famoso o Stonehenge, no sul
da Inglaterra. O conjunto está direcionado ao ponto onde nasce o Sol no solstício de Verão, indício
de que se destinava ao culto ao Sol.
No Brasil, o Iphan (Instituto do patrimônio histórico e artístico nacional) tem identificados
cerca de 10mil sítios arqueológicos em território nacional
Existem várias tradições – estilos predominantes de imagens – que podem ser datados e
utilizados como instrumento de análise dos grupos étnicos. Há grafismos reconhecíveis (figuras
humanas, animais, plantas e objetos) e grafismos puros, abstratos, os quais não podem ser
identificados. Algumas representações humanas são apresentadas revestidas de atributos culturais,
tais como enfeites de cabeça, objetos cerimoniais nas mãos, etc. Algumas composições representam
ações cotidianas ou ligadas à cerimoniais, como dança, práticas sexuais, caça e manifestações
rituais em torno de uma árvore, e ações as quais não compreendemos.

Você também pode gostar