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UMC Jundiaí/SP - 2021

CRESCENDO EM ORAÇÃO
Abnério Cabral – 01/08/2021

T odo cristão é definitivamente chamado ao sacerdócio. Não existe ninguém no Corpo de


Cristo que não tenha sido comissionado para orar, para ministrar ao coração de Deus
como sacerdotes. Em João 15.5, Jesus disse: “Eu sou a videira, vocês são os ramos. Quem
permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim vocês não podem fazer
nada.” Portanto nossa vida de oração nos levará a permanecer em Cristo e produzir frutos.
Alguns dizem: “Ah, mas orar é cansativo!” Quando alguém começa a aprender a tocar um
instrumento realmente pode ser chato e cansativo. Mas, com o passar do tempo, os sons se
tornam nítidos e a harmonia acontece. Isso faz todo o tempo inicial de esforço e cansaço valer
a pena. Da mesma forma, quando iniciamos nossa vida de oração pode até parecer chato, mas
precisamos insistir, praticar, e depois se tornará agradável e recompensador. Isso é muito
importante para o nosso crescimento em Cristo, para avançarmos em nosso relacionamento
com o nosso Deus e Pai.
É errada a ideia de que a vida cristã se desenvolve num “estalar de dedos”! Ela se
desenvolve, sim, por meio de relacionamentos crescentes. Ninguém cresce ou amadurece
espiritualmente sem dedicar-se a este chamado e compromisso sacerdotal. Orar é conversar
com Deus. Como conversamos com as pessoas de nosso interesse, com quem temos
relacionamento? Sempre de forma simples e aberta, em qualquer hora e lugar!
Em nosso chamado sacerdotal precisamos aprender a gastar tempo com o Senhor, com
aquele que nos tirou das trevas e nos comprou com seu precioso sangue. Gastar (ou investir)
tempo com Deus é um encontro de dois corações apaixonados! Ora, Jesus nos amou primeiro
e deu sua vida por nós. Ele nos conquistou, perdoou, salvou, resgatou... Então por que não o
amaríamos e gastaríamos nosso tempo com Ele?
A Bíblia diz que entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo há amor. Eles se amam tanto que, um
dia, decidiram criar a Terra e o homem para compartilhar este amor conosco. Deus não nos
criou porque estava solitário ou porque tinha a necessidade de ter comunhão com alguém
diferente. Ele nos criou, sim, para poder compartilhar a imensa beleza, grandeza e profundidade
do Seu amor, da Sua pessoa conosco. Portanto, quando oramos, estamos gastando tempo
com a Pessoa que mais nos ama e que deu tudo para estar conosco.
Talvez a coisa que Satanás menos entende é como Deus pôde ter amado tanto o ser
humano, pessoas como eu e você – inconstantes, más, tendentes a erros, orgulhosas etc. Ele
nunca vai entender como Deus foi capaz de entregar Seu único Filho por nós. O fato é que o
Senhor nos ama tanto que deseja se relacionar, comungar continuamente conosco.
Em Êxodo 19, lemos que Deus deu uma ordem a Moisés para que falasse ao povo que Ele
queria um reino de sacerdotes, e inicia dizendo: “se ouvirem atentamente a minha voz” (v.5). Um

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dos mandamentos mais importantes na Bíblia é: “Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único
Senhor. Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a
tua força.” (Dt 6.4,5).
No hebraico antigo não encontramos a palavra “obedecer” mas, sim, a palavra “ouvir” que
significa “escutar, jogar para dentro, encarnar, praticar”. É dizer “sim” a uma palavra ouvida; é
encarnar, incorporar essa palavra em nós e praticá-la. O autor da carta aos Hebreus, citando o
Salmo 95.7,8 diz: “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração” (Hb 3.15; 4.7).
Temos falado sobre oração e sacerdócio porque cremos que isso faz parte da nossa
disciplina espiritual; é um alimento indispensável para a manutenção da nossa vida cristã. Para
permanecer em Cristo eu preciso me relacionar com Ele. Com certeza, esse é o nosso principal
ministério. Ele vem antes de qualquer outra coisa da vida cristã, e por isso precisamos
desenvolver diariamente esse chamado. Queremos conhecer a Deus e aprender a ouvir Sua
voz, e isso implica em falar com Ele em todo tempo e lugar, mas também em orar junto com
outros irmãos para ouvirmos o Espírito Santo falar por meio deles. Isso nos edifica e abençoa
pois, juntos, ouviremos a voz do Senhor e permitiremos que o Espírito flua através de nós.
Em minha última mensagem, falei sobre as palavras muito importantes do nosso chamado
espiritual: ouvir, guardar, separar, reinar, ser sacerdote (Ex 19.5). Somos separados para ter
comunhão com Deus, e para isso precisamos ouvir e guardar Suas palavras. Nós ingressamos
na vida cristã por meio do Batismo – renunciamos nossa própria vontade para vivermos a
vontade Dele – e houve uma “circuncisão”, uma separação para estarmos diante Dele.
Eu disse que consagrar é “fixar na presença”. Havia pedras preciosas fixadas no colete do
sacerdote – e nós, onde quer que estejamos, somos como pedras vivas fixadas na presença de
Deus. Isso é de suma importância no nosso viver cristão. Como disse o apóstolo Paulo, não
adianta fazermos um monte de coisas, e até entregarmos nossa vida para ser queimada, se
não for por amor ao Senhor (1 Co 13), se não tivermos comunhão contínua com Ele. É
necessário termos um contato direto com Deus para enxergarmos as coisas que Ele enxerga e
ouvirmos o que Ele fala. Quando isso não acontece, passamos a enxergar as coisas com
nossos olhos, conforme nossa óptica natural, e teremos problemas com as pessoas, situações
e a própria vida: nada mais presta, tudo é muito ruim. Isso é falta de olhar por meio dos olhos
de Cristo.
É mediante a vida de oração que as bênçãos dos céus são liberadas, embora esse não seja
o principal motivo para orarmos. Devemos buscar ao Senhor porque Ele nos amou, nos
comprou, deu Sua própria vida por nós. Então, quando gastamos tempo com Ele, Suas bênçãos
são liberadas a nós. Jesus disse: “porque Deus, o vosso Pai, sabe o de que tendes necessidade,
antes que lho peçais.” (Mt 6.8).
O Pr. Bill Johnson diz que “se eu me ocupar com as coisas que pertencem a Deus, Deus vai
cuidar das coisas que pertencem a mim”. Eu tenho convicção disso pois tenho gastado minha
vida em dedicação ao Senhor e Ele sempre me foi fiel. Já fui empregado e patrão, já tive meu

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próprio negócio, sempre gerenciei minha vida profissional, mas nunca deixei de buscar espaço
para Deus em todas as situações da vida. Hoje, quando olho para minha família e ministério,
digo: “Foi Deus!” Eu nunca me ocupei com as coisas mais do que com o Senhor. Foi uma
escolha que eu fiz na vida e até hoje colho os benefícios dessa decisão.

O apóstolo Tiago disse: “Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns
pelos outros, para que vocês sejam curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo.” Eu
e você somos justos porque Jesus nos justificou. Por isso a nossa oração tem poder diante de
Deus. Então, quando alguém nos confessa algum pecado, e oramos por ela, a ajudamos a ficar
curada ou livre da condenação do pecado.
Jesus nos salvou, separou, santificou, justificou e, quando olha para nós, nos vê
justificados, santos, separados para Ele. Portanto a nossa oração é preciosa para Ele, soa
como um som agradável aos Seus ouvidos.

Se me pedirem alguma coisa em meu nome, eu o farei. (Jo 14.14).

Ao que Jesus lhes disse: Tenham fé em Deus. Porque em verdade lhes digo que, se alguém
disser a este monte: ‘Levante-se e jogue-se no mar’, e não duvidar no seu coração, mas crer
que se fará o que diz, assim será com ele. Por isso digo a vocês que tudo o que pedirem em
oração, creiam que já o receberam, e assim será com vocês. (Mr 11.22-24).
Devemos aprender a nos relacionar com Deus em fé, crendo sempre. Isso nos fará crescer
espiritualmente, conhecer os Seus pensamentos, ouvir Suas palavras, e não gastarmos tempo
com coisas fúteis, erradas, absurdas.
O que tem sido um monte na sua vida hoje? O que está lhe atrapalhando? Ore a Deus com
fé, e certamente Ele resolverá isso, porque Ele tem prazer em responder as nossas orações
quando oramos com fé! Alguns exemplos:

Tendo Jesus entrado em Cafarnaum, um centurião se aproximou dele, implorando: Senhor, o


meu servo está na minha casa, de cama, paralítico, sofrendo horrivelmente. Jesus lhe disse:
Eu vou lá curá-lo. Mas o centurião respondeu: Senhor, não sou digno de recebê-lo em minha
casa. Mas apenas mande com uma palavra, e o meu servo será curado. [...] Ao ouvir isso,
Jesus ficou admirado e disse aos que o acompanhavam: Em verdade lhes digo que nem
mesmo em Israel encontrei fé como esta. [...] Então Jesus disse ao centurião: Vá! E seja feito
conforme você crê. E, naquela mesma hora, o servo do centurião foi curado. (Mt 8.5-8,10,13).

Jesus parou e mandou que trouxessem o cego. E, tendo ele chegado, Jesus perguntou: O
que você quer que eu lhe faça? Ele respondeu: Senhor, que eu possa ver de novo. Jesus lhe
disse: Pois, então, veja! A sua fé salvou você. (Lc 18.40-42)
O próprio Jesus foi impedido de fazer muitos milagres devido à incredulidade do povo:

Não pôde fazer ali nenhum milagre, a não ser curar uns poucos doentes, impondo-lhes as
mãos. E admirava-se da incredulidade deles. (Mr 6.5,6)

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Quando nos relacionamos com Jesus, quando gastamos tempo em oração com Ele,
crescemos em fé.
Em Mateus 17, lemos que Jesus libertou uma criança possessa. Mais tarde, os discípulos
lhe perguntaram por que eles não conseguiram fazê-lo, ao que Jesus respondeu: “Por causa da
pequenez da fé que vocês têm.” (v. 20).
Minutos antes de ser assunto aos céus, Jesus disse suas últimas palavras aos discípulos:

Estes sinais acompanharão aqueles que creem: em meu nome, expulsarão demônios;
falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes
fará mal; se impuserem as mãos sobre enfermos, eles ficarão curados. (Mr 16.17,18)

E eles foram e pregaram por toda parte, cooperando com eles o Senhor e confirmando a
palavra por meio de sinais, que se seguiam. (v. 20)
Ou seja: “Vocês precisam ter fé e então farão todas essas coisas” – e foi exatamente o que
aconteceu porque eles ouviram, creram e obedeceram a Jesus. Eles exercitaram sua fé e os
milagres lhes seguiram. Deus tem prazer em responder as nossas orações. O que precisamos é
estreitar mais nosso relacionamento com Ele.
Deus disse a Abraão que a nação de Israel ficaria 400 anos presa no Egito (Gn 15.13), mas
eles ficaram 430 anos (Ex 12.40). Ora, será que Deus errou a conta? Não! O que lemos é que
somente após o povo começar a clamar, o Senhor se lembrou deles (Ex 2.23-25) – e isso
demorou 30 anos mais. Deus não faz nada sem que peçamos e clamemos pois Ele quer Se
relacionar conosco, e não “passar por cima” de nós.

Por isso, o Senhor espera, para ter misericórdia de vocês, e se levanta, para se compadecer
de vocês, porque o Senhor é Deus de justiça. Bem-aventurados todos os que nele esperam.
Porque o povo habitará em Sião, em Jerusalém. Vocês não vão chorar mais. Ele certamente
se compadecerá, ao ouvir o clamor de vocês; e, ouvindo-o, lhes responderá. (Is 30.18,19)
Quando Deus ouvir você clamando pela sua família, seus filhos, sua saúde ou finanças, Ele
lhe ouvirá! Quando Deus nos ouvir clamando juntos, como congregação, para que Ele derrame
mais de Seu Espírito, de Sua presença, Ele nos ouvirá e responderá!

De lá, vocês buscarão o Senhor, seu Deus, e o acharão, quando o buscarem de todo o
coração e de toda a sua alma. (Dt 4.29).

...se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, orar, me buscar e se converter
dos seus maus caminhos, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua
terra. (2 Cr 7.14)

Eis que eu envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim. De repente, o
Senhor, a quem vocês buscam, virá ao seu templo; e o mensageiro da aliança, a quem vocês
desejam, eis que ele vem, diz o Senhor dos Exércitos. (Ml 3.1)

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Deus está esperando que O busquemos com toda nossa alma e coração, que
concordemos juntos em oração. Ele espera que haja um povo na Terra desejando, buscando,
clamando unanimemente pela vinda de Seu Filho Jesus. É impossível que o Reino de Deus se
estabeleça na Terra sem a presença do Rei Jesus – e por isso precisamos desejar e clamar por
sua volta!

...e quando em uníssono, ao mesmo tempo, tocaram as trombetas e cantaram para se


fazerem ouvir, para louvar e dar graças ao Senhor; e quando levantaram eles a voz com
trombetas, címbalos e outros instrumentos musicais para louvarem o Senhor, porque ele é
bom, porque a sua misericórdia dura para sempre, então o templo, a saber, a Casa do Senhor,
se encheu de uma nuvem, de maneira que os sacerdotes não puderam permanecer ali para
ministrar, por causa da nuvem, porque a glória do Senhor encheu a Casa de Deus. (2 Cr
5.13,14)
Quando o povo louvou e adorou ao Senhor juntos, em uníssono, a glória da presença de
Deus se manifestou sobre eles. O povo declarou que Deus é bom, que a Sua misericórdia dura
para sempre, e então consagrou aquele templo a Ele. Hoje, nós somos o templo do Espírito
Santo e tudo em nós deve ser consagrado ao Senhor. Vamos, portanto, cumprir nosso
sacerdócio e dedicarmos muito mais tempo em oração ao Senhor! Amém!

Transcrição e Edição: Luiz Roberto Cascaldi

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