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INTRODUÇÃO

INTRODUÇÃO
Para todas as grandes religiões monoteístas, a oração constitui o cerne do que signifi-
ca crer; e para todos os tipos de povos, das mais variadas culturas, ela é um dos fenô-
menos mais comuns da vida humana. Os esforços para encontrar culturas, inclusive
as mais remotas e isoladas, sem alguma forma de religião e oração, têm fracassado.
Sempre existiu entre os seres humanos alguma espécie de tentativa de comunicação
entre o humano e o divino. Orar parece ser um instinto humano que sempre existiu.
CONSTRUINDO UMA VIDA DE ORAÇÃO
Como Orar Mais e Melhor por Décadas

Oração é a maneira de conhecermos a


Deus; o caminho para, enfim, tratá-lo
como Deus.

A Bíblia toda fala de Deus e, por isso, a prática da oração é tão disseminada em suas
páginas. A grandiosidade da oração nada mais é que uma extensão da grandiosida-
de de Deus e de sua glória em nossa vida. As Escrituras são um longo testemunho
desta verdade.
Nosso objetivo nesta aula é equipar você para o lugar secreto. Não queremos “teo-
rizar” muito, mas disponibilizar ferramentas para ajudá-lo a crescer em sua vida de
oração com Deus.

A oração nada mais é que a chave para


tudo o que necessitamos ser e fazer
em nossa vida.

O QUE É A ORAÇÃO?

A oração pode assumir muitas formas, mas toda oração é essencialmente uma con-
versa com o Senhor. Em todos os casos, é sempre Deus que dá o primeiro passo,
por isso, o ouvir é essencial e sempre deve preceder o pedir..
Quanto mais claro for o nosso entendimento de quem é Deus, mais eficazes serão
as nossas orações. A oração como dom espiritual é uma conversa genuína e pessoal
em resposta à revelação específica e verbal de Deus. Contudo, a oração pode ser
ainda mais que isso.
Muitas de nossas conversas, talvez a maioria delas, são superficiais, ou seja, conse-
guimos trocar informações sem nos revelarmos muito uns aos outros.
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Algumas conversas vão mais a fundo


e, quando isso acontece, ambas as
partes envolvidas revelam não apenas
informações, mas o seu próprio ser.

O objetivo das nossas conversas não é só compartilhar ideias, mas também a nós
mesmos. A Bíblia fala do nosso relacionamento com Deus como o ato de conhecer
e ser conhecido:

“Porque agora vemos como por um espelho, de modo obscuro, mas de-
pois veremos face a face. Agora conheço em parte, mas depois conhe-
cerei plenamente, assim como também sou plenamente conhecido.”
(1 Co 13.12 – A21)

“No passado, quando não conhecíeis a Deus, costumáveis servir aos que
por natureza não são deuses; agora, porém, que já conheceis a Deus,
ou melhor, sendo conhecidos por ele, como podeis voltar para esses
princípios elementares fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir?”
(Gl 4.8,9 – A21)

Orar é dar continuidade a uma conversa que Deus iniciou por meio de sua Palavra e
graça, que com o tempo vai se transformando em um completo encontro com ele.

DEUS É PESSOAL

Pense um pouco no glorioso privilégio da oração! Nós nos acostumamos a ouvir


sobre oração, mas... Pense bem! Estamos conversando com o Deus que não foi
criado. Nunca houve um momento em que ele viesse a existir, porque ele é, e
sempre foi – é eterno. Ele é o Deus do universo, e está ouvindo você com atenção
e carinho. Deus não é apenas atencioso, ele responde às suas orações revelando o
seu próprio coração a você.
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Deus não pensa em nossos erros enquanto oramos, mas se alegra ao ouvir a nossa
voz. Sendo assim, ele se sente movido a nos transmitir aquilo que está em seu co-
ração. Você consegue ver a beleza que há neste sublime relacionamento de Deus
conosco?

O Espírito Santo é o nosso maior auxi-


liador no desenvolvimento da oração;
cada passo que damos em nossa vida de
oração é auxiliado por ele.

Conhecer a Deus é mais do que apenas saber a seu respeito. Amigos abrem seus
corações um para o outro por meio do que dizem e fazem. Não podemos perder de
vista o fato de que conhecer a Deus requer um relacionamento profundo com ele,
assim como o relacionamento entre duas pessoas.
Em favor disso, o próprio Deus se fez carne e habitou entre nós. Jesus Cristo é a
Palavra de Deus encarnada; não há comunicação da parte de Deus mais abrangen-
te, pessoal e bela do que ele. Quando olhamos para Jesus, como nos é mostrado
nas Escrituras, contemplamos a glória de Deus através do filtro de uma natureza
humana:

“No passado, por meio dos profetas, Deus falou aos pais muitas vezes e
de muitas maneiras; nestes últimos dias, porém, ele nos falou pelo Filho, a
quem designou herdeiro de todas as coisas e por meio de quem também fez
o universo. Ele é o resplendor da sua glória e a representação exata do seu
Ser” (Hb 1.1-3a – A21)

Por meio de Cristo, a oração se transforma em uma conversa sincera e próxima


com Deus. Nele temos acesso ao Pai pelo Espírito (Ef 2.17,18).
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A CENTRALIDADE DAS ESCRITURAS

Deus age por meio de sua Palavra. Hebreus 4.12, diz: “Porque a palavra de Deus é
viva e eficaz, mais cortante que qualquer espada de dois gumes; penetra até o ponto de
dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é capaz de perceber os pensamentos e intenções
do coração.” Logo, o modo de Deus se mostrar ativo e dinâmico em nossa vida é por
meio da Bíblia. Compreender as Escrituras não significa apenas adquirir informa-
ções sobre Deus, mas é também escutar a sua voz e encontrá-lo. Para isso precisa-
mos nos achegar a elas com confiança e fé
Sabemos que Jesus é o caminho, a verdade e a vida; ninguém vai ao Pai senão por
ele (Jo 14.6). Só existe um meio de acesso ao Pai – Jesus. Precisamos do testemunho
bíblico para que possamos conhecer Jesus e, consequentemente, conhecer o Pai.
Só iremos saber a quem nos dirigimos em oração se, primeiramente, aprendermos
sobre ele na Bíblia.
E só sabemos como devemos orar assimilando nosso vocabulário com a Bíblia. De-
vemos ouvir e estudar as Escrituras; pensando, refletindo e ponderando sobre elas
até que haja uma resposta em nosso coração e mente

A oração deve estar firmemente


conectada e fundamentada na Pala-
vra. O casamento entre a Bíblia e a
oração irá ancorar nossa vida no
Deus verdadeiro.

A NECESSIDADE DE NOS ESFORÇARMOS

Devemos lutar para estabelecer nossa vida de oração, pois ela não se desenvolverá
por conta própria. Temos que lutar por isso, nos derramar. A menos que você seja
intencional em desenvolver sua vida de oração, ela não se desenvolverá automati-
camente.
Talvez a primeira coisa que descobriremos ao tentar orar é o nosso vazio espiritual.
Estamos tão acostumados a ser vazios que não reconhecemos essa condição até que
tentemos de fato orar. Esse primeiro passo é importante para alcançarmos a comu-
nhão com com Deus, mas é um passo que, por vezes, nos deixa desorientados.
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Isaías profetizou que o Senhor faria seus servos alegres em oração. Ele se referiu a
um novo paradigma – oração caracterizada pela alegria. Podemos chamar isso de
“oração agradável”.

A oração agradável é a oração que


refresca nosso coração! Se a oração
não for agradável, então, não será
sustentável.

Ainda que nossa vida de oração comece como um dever, com o tempo ela se torna-
rá um deleite. Deus promete nos alegrar em sua presença! Muitos povos se surpre-
enderão com a alegria de se comunicar com ele:

“E os estrangeiros que se unirem ao SENHOR para cultuá-lo e amar o


nome do SENHOR (...) eu os levarei para o meu santo monte e os ale-
grarei na minha casa de oração (...)” (Is 56.6a,7a – A21)

TODOS NÓS SOMOS CHAMADOS


PARA CRESCER EM ORAÇÃO

Deus chama a todo cristão para crescer em relacionamento com ele. O chamado
para uma vida de oração é o chamado mais importante para todos nós.

Todo cristão foi comprado pelosangue


de Jesus para ser um sacerdote.

Todos que amam a Jesus são chamados para a intimidade com ele. Esse é um cha-
mado que nunca iremos superar, porque nos perseguirá por toda a vida. Nós nunca
iremos conhecê-lo o suficiente; esse chamado é mais importante que o chamado
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para ser um cônjuge, um pai, uma mãe, um pastor, um pregador ou um líder no


mercado de trabalho.

Só nos tornaremos melhores côn-


juges, pais ou líderes, se dedicarmos
tempo para crescer em oração.

Algumas pessoas têm a ideia errada de que se passarem muito tempo em oração,
suas vidas serão enfraquecidas e seus relacionamento afetados. A verdade, porém,
é que amaremos muito mais às pessoas pessoas a nossa volta, se tivermos uma vida
centrada na oração.

A oração não é uma atividade opcio-


nal, mas essencial para o bem estar de
nossa condição espiritual. Nossa vida
depende do nosso relacionamento
com Deus.

Jesus fez uma declaração absoluta sobre a nossa incapacidade de caminhar na ple-
nitude do nosso destino em Deus, sem crescer em oração:

“Eu sou a videira; vós sois os ramos. Quem permanece em mim e eu nele,
esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.” (Jo 15.5 – A21)

A menos que permaneçamos nele, nunca iremos dar frutos ou amadurecer espiri-
tualmente. Não espere por uma experiência espiritual especial para começar a cres-
cer em oração. Você cresce em oração simplesmente orando e, assim, o Espírito
Santo o tocará. Creia! Isso certamente acontecerá. Não espere por uma experiência
sobrenatural antes de estar determinado a crescer em oração. Você cresce em ora-
ção orando. É assim que acontece.
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Da mesma maneira que um pianista, através da prática constante, dominará o pia-


no, você crescerá em oração, orando.
Estudar sobre oração é muito importante, mas isso não basta; estar perto de pesso-
as que oram é muito importante, mas isso também não basta.

DO DEVER AO PRAZER

Aprendemos a ter medo da oração. Há uma ideia comum de que a vida de oração
é algo reservado para anciãos ou grupos específicos que se reúnem para interceder
e orar ao Senhor. A princípio a oração parece ser chata e cansativa; algo necessário
que devemos suportar para recebermos mais bênçãos. Isso não é verdade.
A oração é tanto uma conversa quanto um encontro com Deus. Esses dois con-
ceitos nos oferecem uma definição de oração e um conjunto de ferramentas para
aprofundar nossa vida de oração. As formas tradicionais de oração – adoração, con-
fissão, ações de graça e súplicas – são práticas concretas e experiências profundas.
Precisamos encontrar o prazer e o deleite na oração. É na prática dela que vamos
conhecer a reverência de louvar a glória de Deus, a intimidade de encontrar sua
graça, e a luta de pedir sua ajuda. Essas experiências durante a oração poderão ma-
ravilhosamente nos levar a conhecer a realidade da presença de Deus.
Tudo isso, porém, não acontecerá sempre que orarmos; mas a nossa disciplina e
insistência na oração acabará fazendo com que ela se torne um deleite. A sequi-
dão será gradualmente substituída por um diálogo vibrante com Deus, que mudará
nossas vidas e resultará em muitas orações respondidas.

A oração é muito mais do que um dever


religioso a ser suportado; é um lugar
de encontro, uma maneira de receber
bênçãos, e uma expressão de parceria
com Deus.

Nessa dinâmica da oração podemos tocar o coração de Deus e nos unir a ele, não
apenas sermos abençoados. Entender isso é fundamental na sua vida de oração.
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UM LUGAR DE ENCONTRO

Nossa vida de oração não é um dever orientado por resultados. Nós não precisamos
“pagar o preço” ou provar nossa dedicação ao Senhor para recebermos o seu favor.
O que ele deseja, em primeiro lugar, é nos encontrar e ter um relacionamento co-
nosco.

A oração é o meio pelo qual sentimos


a presença de Deus e recebemos o seu
amor; e isso acontece à medida que
entendemos quem ele é.

Na oração nos posicionamos para receber uma nova visão do coração de Deus à
medida que novos desejos se formam em nossos próprios corações. João Calvino
argumentou: “A Palavra de Deus não é recebida pela fé como se pairasse no topo do
cérebro, mas quando cria raízes no fundo do coração”. Não devemos nos contentar
com uma mente bem informada, sem ter um coração engajado.
Uma coisa é saber do amor de Cristo e dizer: “Sei que ele fez tudo isso”. Outra é
compreender quão amplo, extenso, alto e profundo é o seu amor. Existe uma dife-
rença entre ter algo que é verdade para você como princípio e apropriar-se plena-
mente dessa verdade – usá-la e vivê-la no interior ou no coração:

“Oro para que, com as suas gloriosas riquezas, ele os fortaleça no íntimo
do seu ser com poder, por meio do seu Espírito, para que Cristo habite em
seus corações mediante a fé.” (Ef 3.16,17 – NVI)

Podemos ter uma vida marcada por aparências, falsidade e falta de autenticidade,
por isso, precisamos aplicar essas verdades em nossos próprios corações. Paulo ora,
em Efésios 3, para que pelo poder do Espírito possamos ter nosso coração e nossos
afetos envolvidos e moldados pelas verdades da fé que abrigamos na mente.
Se você for exposto à “luz” da verdade cristã de que Deus é santo, e se o Espírito
Santo sensibilizou o seu coração sobre isso, sua resposta a Deus não será apenas
com emoção (lágrimas, alegria, tremor), mas será uma mudança em caráter per-
manente no modo de viver e se comportar. Quando isto acontece – quando seus
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sentimentos e comportamentos são afetados – quer dizer que, de certa forma, você
realmente captou uma verdade específica a respeito de Deus. A luz entra e causa
impressões permanentes.
Quando passamos do conhecimento racional acerca de Deus para experimentar
sua presença de forma direta, nos depararemos com sua graça e seu amor, e, então,
seremos transformados segundo a beleza de sua santidade.

“Oro também para que os olhos do coração de vocês sejam iluminados,


a fim de que vocês conheçam a esperança para a qual ele os chamou, as
riquezas da gloriosa herança dele nos santos.” (Ef 1.18 – NVI)

Paulo pede, mais uma vez em Efésios, que o Espírito Santo sensibilize nosso co-
ração de modo que provemos essas verdades, espiritualmente falando. Precisamos
experimentar o poder do que nos foi dado em Cristo, de modo que nossas atitudes,
sentimentos e comportamentos serão transformados.
Podemos ser extremamente ricos, mas viver como pobres. Você está em Cristo, foi
adotado pela família do Pai, e tem a vida divina em seu interior – o Espírito Santo.
É amado e aceito em Cristo! Talvez você saiba de todas estas coisas, mas, no entan-
to, em outro nível, não as conhece nem compreende. Talvez ainda seja perseguido
por maus hábitos; com frequência se sente ansioso ou entediado, desencorajado ou
com raiva.

Seus problemas podem ser enfrenta-


dos e tratados por diversos meios,
contudo, todos eles têm uma só raiz:
o fato de você ser rico em Cristo,
mas ainda viver como pobre.

O chamado à oração é um chamado para participar do amor que sempre queimou


no coração de Deus. Desde a eternidade, o Pai amou o Filho com todo o seu co-
ração, e o Filho amou o Pai com a mesma intensidade. O principal fator nos rela-
cionamentos do Pai, tanto dentro da Trindade quanto com o seu povo, é o amor
sincero.
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A dinâmica familiar entre Pai, Filho e


Espírito Santo, baseia-se e flui neste
amor sincero.

Este amor sincero é a realidade fundamental do Reino de Deus. Participamos desta


mesma realidade enquanto crescemos na oração. Fazemos isso recebendo o amor
de Deus e respondendo com o mesmo amor ao Senhor e às pessoas.
O Pai queima de amor pelo Filho, o Filho e o Espírito queimam de amor pelo Pai,
cujo coração queima por nós. O Pai está dizendo: “Venha e participe, envolva-se
nesta dinâmica familiar da qual você fará parte por toda a eternidade”. Somos cha-
mados para participar da dinâmica familiar da qual o Pai, o Filho e o Espírito Santo
participam!
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