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O
devocional diário
Se queremos nos edificar como discípulos de Cristo e crescer em intimidade com Deus, a
disciplina do período devocional é indispensável. Porque ninguém será capaz de construir
um relacionamento sólido com outra pessoa se não investir tempo com ela. Logo, se você
deseja conhecer a Deus, é preciso investir tempo com Ele, longe das distrações do dia-a-dia.
Jesus deixou bem clara a necessidade de perseverar em oração, o que os apóstolos também
fizeram (Lc 18.1; Ef 6.18).
Além disso, é o relacionamento constante com Deus que vai possibilitar que os demais
relacionamentos com os irmãos e o mundo sejam edificados em amor. Para nós, o amor não
é uma opção: é um mandamento. E como poderemos aprender a amar de verdade?
Somente através de conhecer a Deus, porque Deus é amor (1Jo 4.8,16).
E além de tudo, a prática do devocional lhe trará enormes benefícios pessoais. Você vai
aprender na prática que Deus é verdadeiro, pois vai passar a conhecê-Lo através de
experiências próprias, e não apenas de ouvir falar. Vai se encher do Espírito Santo e passar
a manifestar o fruto do Espírito (Gl 5.22). Vai desenvolver seus instintos espirituais para
poder realmente “andar no Espírito”, recebendo do Senhor poder e sabedoria espiritual,
discernimento e orientação.
E o mais importante de tudo é que, se você perseverar no devocional, vai “pegar o jeitão de
Deus”! Já observou como dois amigos íntimos acabam se tornando parecidos, até no jeito
de rir e de se expressar? Assim também você, com o passar do tempo, vai inevitavelmente
expressar o caráter e a santidade de Jesus Cristo! Vai passar a ver com os olhos de Deus e
sentir de acordo com o Seu coração. Você consegue imaginar algo mais glorioso?
Se você não persistir na disciplina do devocional, o amor de Deus por você não vai mudar
em nada, mas a sua intimidade com Ele certamente ficará prejudicada, e você estará mais
vulnerável aos ataques do inimigo (Ef 6.10-18). Portanto, assuma a partir de hoje o
compromisso de dedicar regularmente um tempo a sós com Deus. E siga as dicas que
vamos lhe passar aqui.
Fundamentos do devocional
Deus estabeleceu para seus filhos dois canais de comunicação direta com Ele, pelo espírito:
a oração e a Palavra. Ao acessarmos esses dois canais espirituais no período devocional,
devemos fazê-lo com a motivação e a atitude corretas. Nossa motivação deve ser o desejo
espiritual de sermos íntimos com Deus, conhecendo-O e amando-O cada dia mais e mais
(Sl 42.2, 63.1). E, ao nos aproximarmos dEle em oração ou nos colocarmos diante da Sua
Palavra, nossa atitude deve ser de profunda reverência. Este temor reverente vem de saber
quem é Esse em cuja presença estamos. Ele é o Criador, o Deus Todo-Poderoso, o Altíssimo,
Rei dos reis e Senhor do universo, diante de quem os mais poderosos anjos se prostram
declarando sua infinita Santidade (Is 6.3; Ap 4.8). Nosso Deus é Aquele cuja palavra abala
montanhas e cuja presença é um fogo consumidor (Ex 24.17; Hb 12.28-29). Ainda mais se
estivermos realmente conscientes de que Ele habita dentro de nós e que somos templo do
Seu Espírito (Jo 14.17; 1Co 3.16).
Nossa atitude deve ser também de total confiança, pois Ele é um Pai cujo amor por nós
supera nossa capacidade de compreendê-lo, e cujos ouvidos estão sempre atentos ao clamor
dos seus filhos. Mesmo que sejamos infiéis e venhamos a tropeçar e cair, ele continuará
sendo fiel e sua mão estará estendida para nos levantar (Is 49.15; 2Tm 2.13). Mesmo que o
Senhor permita que passemos por momentos difíceis, nunca deixe confiar que Ele tem os
seus olhos postos em nós, e sempre faz o que é melhor para seus filhos (Sl 9.9-10, 33.18; Is
59.1; Jo 6.37). Por isso, nunca dê ouvido às mentiras do diabo, que vai tentar colocar em
nossa mente que não vale a pena pagar o preço de dedicar tempo ao devocional, que não
adianta orar, estudar a Bíblia, que Deus não se importa conosco, e outras artimanhas das
trevas para tentar nos levar ao desânimo e à frieza espiritual.
Ore em nome de Jesus (Jo 14.13-14, 16.24). “Em nome de Jesus” não é uma
fórmula mágica para ser usada mecanicamente no final de uma oração; não é a
deixa para que os que ouvem digam amém. Orar em nome de Jesus significa
que oramos como representantes do Senhor, com Sua autoridade, para Sua
glória, de acordo com a Sua vontade e firmados sobre Sua Palavra (1Jo 5.14).
Ore sempre com fé (Mt 21.21). Não ore “com o pé atrás” diante de Deus. Pelo
contrário, ore com a plena convicção de que Ele está ouvindo cada palavra que
você diz, e que Sua resposta é certa.
Não use vãs repetições (Mt 6.7). Não faça da oração uma reza ou ladainha.
Não repita mecanicamente chavões evangélicos, feito papagaio. Não “enrole”
na oração, para “ganhar tempo” ou fazê-la comprida. Se é para Deus que você
está orando, saiba que ele não vai ficar impressionado com a forma como você
ora. O que toca o coração do Pai é o que ele vê no coração dos seus filhos. Por
isso, pense no que você está dizendo, pondere suas palavras. Não tenha medo
de fazer pausas, para poder expressar melhor o que sente em seu espírito. Ore
em voz alta: isso ajuda a concentração na oração, impedindo que a mente se
distraia.
Use a Palavra também para orar. Jesus disse que suas palavras trazem vida
ao nosso espírito (Jo 6.63). Isso significa que as Escrituras Sagradas podem
ser usadas não apenas para estudo, mas também para buscarmos nelas o
alimento espiritual diário. Aprenda a selecionar um trecho pequeno da Palavra
e “ore-o”, isto é, leia orando. Com a mente calma e aquietada, leia cada palavra
várias vezes em voz alta, meditando, buscando profundidade e revelação
espiritual cada vez maior, até sentir que você extraiu dali o que necessitava
para o seu espírito. E só então prossiga adiante. Você logo vai sentir o
benefício de orar dessa maneira. Para mais detalhes, veja nosso post sobre
“orar-ler-ouvir”.
Aprenda a escutar também. Oração é conversa, é diálogo. De vez em quando
faça pausas; deixe Deus falar em seu interior. Esteja atento à doce voz do
Espírito Santo, que vem como um vento suave e deixa uma impressão sutil em
nosso espírito.
Não seja ignorante da Palavra de Deus
Muitos tentam justificar sua falta de instrução usando versículos fora do contexto,
argumentando que “a letra mata”. E há aqueles que ministram seus dons espirituais mas,
sendo negligentes ou ignorantes em relação à Palavra, tornam-se presas fáceis do diabo e
assim praticam algo muito perigoso para si próprios e para os irmãos, levando muitos ao
engano, frustração e queda.
Por isso, a Bíblia Sagrada deixa bem clara a absoluta necessidade de que os filhos de Deus
estudem e se esforcem continuamente para conhecer as Sagradas Escrituras (Dt 6.6-7; Mt
22.29; 2Tm 2.15). A Palavra nos liberta, nos limpa, nos regenera, nos instrui, nos edifica,
nos corrige, nos alimenta e nos aperfeiçoa. O autor de Hebreus adverte os irmãos por terem
negligenciado o estudo da Palavra, quando pelo tempo que tinham de evangelho já
deveriam ter-se tornado mestres (Hb 5.11-14). Fica portanto claro que a meta de Deus para
Sua Igreja é que cada um de nós seja aperfeiçoado e edificado, para que possamos imitar a
Cristo e ministrar nossos dons na igreja (Ef 4.11-14). Mas sem o estudo da Palavra o
crescimento espiritual será simplesmente impossível. Portanto, é nosso dever diário nos
dedicarmos ao conhecimento da Palavra de Deus.
Há cinco formas que se complementam e que devemos usar regularmente para aumentar
nosso conhecimento bíblico:
1. Ouvir (Rm 10.17; Mt 11.15). Sempre que possível, ouça pregações de homens ou mulheres
de Deus, gravadas ou ao vivo, retendo o que é bom. Para isso, não deixe de participar das
reuniões de sua comunidade, para ser ministrado por seus líderes e irmãos através da
pregação da Palavra de Deus.
2. Ler (Dt 17.19; 1Tm 4.13; Ap 1.3). Leia a Bíblia de capa a capa, livro por livro. Siga um
plano de leitura (há vários disponíveis). Se você ler três capítulos por dia e quatro aos
domingos, lerá a Bíblia toda em um ano. E depois recomece tudo de novo. Você vai
descobrir que quanto mais lê, mais coisas novas descobre, em maior profundidade. A
Palavra de Deus é um tesouro inesgotável!
3. Estudar (At 17.11; 2Tm 2.15). Você não tem que fazer curso de teologia para poder
estudar a Bíblia. Estudar é simplesmente aplicar a inteligência que Deus nos deu, para
aprender mais. Mais do que simplesmente ler, estudar é explorar o texto e o contexto no
qual ele foi escrito. Leia e releia várias vezes o mesmo trecho ou livro, buscando resposta
para estas três perguntas fundamentais: “com qual finalidade isso foi escrito?”, “que ensino
posso extrair daqui para minha vida?”, “o que devo mudar para colocar isso em
prática?”. Compre uma boa Bíblia de Estudo. Leia o resumo e análise de cada livro, antes
de começar a estudá-lo. Leia as notas de rodapé; consulte as referências cruzadas. Consulte
mapas para ajudar a visualizar os acontecimentos relatados no livro. Procure informar-se
sobre os costumes dos tempos bíblicos, pois assim poderá compreender melhor várias
passagem do Antigo e Novo Testamentos. Leia também bons livros cristãos, de autores
consagrados. Eles ajudarão a ampliar sua visão.
4. Memorizar (Dt 11.18; Sl 119.11, 37.31). Certamente haverá vários trechos da Palavra que
lhe tocarão de maneira especial. Escreva-os à parte, em cartões. Leve-os consigo durante o
dia e aproveite qualquer tempo livre ou de espera para decorar todas as palavras, até que
tudo flua naturalmente, sem precisar ler. “O grande valor da memorização é que retemos
100% daquilo que decoramos. Quando você enche sua mente da Palavra de Deus, seu modo
de pensar começa a mudar. Ninguém cai em pecado se sua mente estiver cheia da Palavra
de Deus.” [1] (Fp 4.7).
5. Meditar (Sl 1.2; Js 1.8). Ao contrário do que ensinam algumas seitas orientais, meditar
não é esvaziar a mente. A meditação bíblica é concentrar-se em algum aspecto ou trecho
específico da Palavra, sugando-o de maneira prazeirosa e extraindo dele toda sua riqueza
espiritual. É como fazem os animais ruminantes, que remastigam por longo tempo o
alimento, antes de finalmente digeri-lo.
Dicas práticas para o seu período devocional
1) Confissão e purificação