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Conceção do Produto Turístico de Natureza aplicado à Reserva Nacional de


Chimanimani

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Roberto Paolo Vico Orlando Alcobia


University of São Paulo Universidade Federal do Rio Grande do Norte
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REVISTA DO FUNDO NACIONAL DE INVESTIGAÇÃO
DE MOÇAMBIQUE

Conceção do Produto Turístico de Natureza aplicado à Reserva


Nacional de Chimanimani

Roberto Paolo Vico


Orlando M. P. Alcobia
Gouveia Dramane Sumale

2015
1. Introdução

O presente trabalho enquadra-se na disciplina de Concepção e Desenvolvimento de Produtos


Turísticos do curso de mestrados em Gestão Estratégica de Destinos Turísticos, e faz parte de
um dos requisitos para aprovação na referida disciplina.

Este trabalho tem como objectivo principal apresentar uma proposta de um plano de
desenvolvimento de um produto turístico ao longo do território nacional (Moçambique),
fazendo uma avaliação preliminar de existência de recursos que permitam o seu
desenvolvimento sustentável. Neste contexto, escolheu-se a Reserva Nacional de
Chimanimani, na Província de Manica, Distrito de Sussundenga como área para
desenvolvimento do turismo de natureza, acoplado a ele, uma série de subtipos de turismo
nomeadamente: turismo de montanha, touring, geoturismo, ecoturismo, turismo
activo/desportivo e de aventura, turismo cultural, turismo arqueológico, turismo de
meditação, birdwatching, e turismo equestre. Para a eleição destas actividades, observou-se
em primeiro lugar, a existência de recursos turísticos primários, e de seguida outras condições
de investimento e estudou-se a viabilidade do negócio. O planeamento deste produto será
efectuado por uma equipa multidisciplinar que inclui técnicos de turismo e outras áreas afins.

A Reserva Nacional de Chimanimani localiza-se na zona central de Moçambique na Província


de Manica, Distrito de Sussundenga (veja o Anexo-II). A reserva é uma cordilheira
transfronteiriça que também abrange um distrito na província zimbabwiana de Manicaland.
Esta compreende uma área de 1.000 Km² e dista a 1.239 Km da capital Maputo, 380 Km da
cidade da Beira e a menos de 100 Km da cidade de Chimoio capital da Província de Manica.
Tem como coordenadas 19º41’16.22’’ Sul e 33º27’11.27’’ Este.

Observando a estrutura de desenvolvimento do turismo em Moçambique, facilmente se denota


que os investimentos em turismo são basicamente e quase totalmente nas zonas costeiras. Por
isso há concentração dos estabelecimentos turísticos na faixa costeira na região sul e norte.
Este fenómeno acontece, apesar da política de turismo e a estratégia de sua implementação
preconizarem um crescimento turístico equilibrado, potenciando também regiões do interior.
Para tal, foram criadas áreas de conservação e o exemplo de uma destas áreas é a própria
Reserva Nacional de Chimanimani, que outrora era um parque e permitia-se a caça desportiva
no seu interior.

1
Como resposta a um objectivo estratégico nacional, e também como forma de valorizar o rico
património natural e histórico-cultural. Este produto viabiliza e diversifica a oferta de
actividades turísticas exóticas na zona centro de Moçambique, reforçando-se pelo facto de ser
na cadeia de Chimanimani onde se localiza o ponto mais alto do país, o monte Binga, com
2 346m de altura. Este factor devidamente trabalhado poderá elevar a imagem não só da
província mas da região, a nível internacional.

O presente papper de caracter científico começou por levantamentos bibliográficos visando


uma pesquisa documental e virtual no intuito de alcançar um aprofundamento conceptual
teórico que permitisse a aquisição de conhecimento para uma abordagem correta sobre a
problemática do turismo na Reserva Nacional de Chimanimani.
Assim, a revisão da literatura centrou-se numa pesquisa documental (revisão bibliográfica)
baseada em livros editados, pappers científicos publicados e sites institucionais na internet
que segundo Dencker (1998: 125) “permite um grau de amplitude maior, economia de tempo
e possibilita levantamento de dados históricos”.
O método utilizado foi o método exploratório que segundo Gil (1999) permite uma grande
familiaridade com os temas em estudo.
Seguidamente, por esta pesquisa ter um objeto de estudo bem definido, os autores realizaram
pesquisas de campo, no período de 18 de Janeiro a 22 de Janeiro de 2014, no intuito de
confrontarem os dados recolhidos nos levantamentos bibliográficos com a realidade existente
na área em estudo. Deste modo o método de pesquisa foi a observação direta não
participante.
No final, depois de angariados todos os dados, partiu-se para a classificação dos recursos
existentes, formação dos clusters, definição dos produtos turísticos a ser desenvolvidos e
posterior estratégia de negócio.

As principais dificuldades para a realização deste trabalho prenderam-se com os trabalhos de


recolha de dados (trabalho de campo) que impôs esforços adicionais, quer do ponto de vista de
acessibilidade, quer da parte dos nossos guias/acompanhantes que não mostraram um domínio
de conhecimento da área em estudo, sendo que nalguns dos casos, estes descobriam connosco
alguns dos principais atractivos. Outra dificuldade enfrentada prende-se com o facto de
existirem poucos estudos na área de turismo que tenham Chimanimani como área geográfica,

2
e durante a realização do presente trabalho, não se teve um estudo de base, tendo-se partido de
início sem quaisquer bases.
Em suma se pode dizer que há imensas dificuldades para aquisição de dados ou para
realização de trabalhos desta e de outra natureza pelo facto de, por um lado, falta de pesquisas
sobre este assunto, e por outro lado, falta alguma simpatia e abertura por parte de algumas
entidades que são responsáveis e/ou que colaboram com a área de turismo.
Um dos maiores proveitos foi que após a pesquisa de campo constatou-se existirem condições
naturais adequadas para a criação do primeiro geoparque em Moçambique, na África Austral e
na África no geral. Dentro da região em estudo, há uma série de potencialidade descobertas
para criação e desenvolvimento de várias actividades turísticas. Outra vantagem que se pode
verificar é que o presente papper poderá ser tido como um documento de base para quem
queira pesquisar mais sobre o tema na referida área de estudo, ou seja, este irá constituir uma
contribuição na área académica, para quem se interesse em pesquisar a Reserva Nacional de
Chimanimani.

2.1. Delimitação conceptual do produto turístico

A Reserva Nacional de Chimanimani (RNC) enquadra-se no âmbito do turismo de natureza


que constitui portanto o seu produto turístico principal.

Como já falou-se e discutiu-se muito durante a disciplina do mestrado “Concepção e


desenvolvimento de produtos turísticos”, é muito difícil circunscrever e determinar
claramente os tipos de produtos turísticos sem que estes não se confundem e não se integrem
e complementem entre eles. De facto, observando para o destino em análise, pode-se dizer
simplesmente que se trata de turismo de natureza, embora muitos são os recursos
disponíveis e as atividades que se podem desenvolver na Reserva Nacional de Chimanimane
(RNC).

Sendo o produto turístico principal o turismo de natureza, os recursos propiciam outros tipos
de produtos turísticos que estão interligados com o território, o ambiente e a cultura da
Reserva Nacional de Chimanimani, levando assim ao desenvolvimento do turismo
comunitário e do turismo arqueológico.

3
2.2. Caracterização sumaria do território

A Reserva Nacional de Chimanimani (RNC) é uma


cordilheira transfronteiriça localizada no distrito de
Sussundenga, na província moçambicana de Manica e,
em simultâneo, um distrito na
província zimbabwiana de Manicaland. Compreende
uma área de 1.000 Km² e dista a 1.239 Km da capital
Maputo, 380 Km da cidade da Beira e a menos de 100
Km da cidade de Chimoio capital da Província de
Manica. Tem como coordenadas 19º41’16.22’’ S e
33º27’11.27’’ E.

Localização da Reserva Nacional de Chimanimani na Província de Manica entre Moçambique e Zimbabwe. Fonte:
Google Earth

De acordo com a tradição local, o nome de Chimanimani provém da língua Chitewe que
significa “passagem estreita”. Tornimbeni (2007) afirma que este nome surge pelo facto de
haver uma abertura estreita na montanha, por onde passavam os antepassados desta região,
movimentando-se da zona oriental zimbabueana com destino a sua fixação em Moçambique.

A área de Chimanimani, criada em 1997 como uma Área de Conservação Transfronteira


(ACTF’s), tinha como objetivo responder a tendência global de alargar a extensão das áreas
de conservação, incorporando ecossistemas críticos ou permitir que os animais selvagens
tenham maiores áreas para levarem acabo seus ciclos de vida (MITUR, 2004).
Chimanimani faz parte de um conjunto de 3 ACTF’s criadas em Moçambique,
nomeadamente em Maputo província (Libombos, envolvendo Moçambique, África do Sul e
Suazilândia), em Gaza (Grande Limpopo, envolvendo o Kruger Parque na África do Sul e o
Gonarezhou no Zimbabwé) e Chimanimani (que também inclui o Chimanimani do
Zimbabwé).

4
Hoje em dia toda esta área é uma Reserva Natural Nacional criada pelo Decreto 34/2003 de
19 da Agosto de 20031 e foi identificada pelo Plano Estratégico para o Desenvolvimento do
Turismo em Moçambique como um importante destino turístico, incluído na ‘Rota Central de
Eco-Turismo’ que liga Beira, Reserva de Marromeu, Parque Nacional de Gorongosa,
Montanha da Gorongosa, Cidade de Chimoio, Chimanimani, Lago Chicamba, Manica e
Beira.

A cordilheira, que se estende por cerca de 50 km, serve


de fronteira entre o Zimbabwe e Moçambique2; o
monte mais alto da mesma, o Monte Binga, localizado
dentro do território de Moçambique, é o pico mais alto
destas montanhas e, ao mesmo tempo, o ponto mais
elevado deste país com uma altura de bem 2436
metros.

Monte Binga – Fonte: googleearth.com

A Reserva Nacional de Chimanimani (RNC) é a mais recente área protegida estabelecida nas
ACTFs de Moçambique (programa de implementação das Áreas de Conservação
Transfronteiriça), protegendo o único ecossistema afro-montano. Segundo Cônsul (2001) e
Araman (2001), Chimanimani foi criada com o objectivo específico de conservar a
biodiversidade daquele espaço geográfico, único no país; melhorar a vida das comunidades
que vivem dentro da área, através da gestão dos recursos naturais; e reforçar
institucionalmente os Serviços Provinciais de Florestas e Fauna Bravia (SPFFB).
A reserva e a sua zona-tampão estão situadas a uma altitude, variando entre cerca de 1000-
2437 metros de altitude, tendo o Monte Binga como ponto mais alto. Segundo a GTZ (2002),
citando Dutton e Dutton (1975), a paisagem é caracterizada por elevado endemismo de
espécies de plantas vasculares e ricas populações de fauna e avifauna. A reserva e sua zona-
tampão são caracterizadas pelas seguintes grandes paisagens: montanhas, colinas paralelas às

1
Vide anexo 1: Decreto n°34/2003 com a institucionalização da RNC

2
Vide anexos 2 e 3 : Mapa de Moçambique e da RNC
5
montanhas, planícies, vales e rios, com numerosas quedas de água. Abundam as espécies
incomuns de flora e fauna que resultam da combinação especial de altitude, solos, chuvas e
fogo.
De salientar que a parte moçambicana da Reserva de Chimanimani é a melhor preservada,
representando um Ecossistema Afro-montano relativamente intacto, contendo paisagens
distintivas e vários rios e quedas de água que aumentam o seu valor turístico.

Portanto como território caracteriza-se por uma imensa diversidade de flora, fauna, atrações
geológicas, geomorfológicas, arqueológicas e possui também 12 comunidades populacionais
locais.

A RNC está entre as três principais áreas protegidas no TFCAs com a máxima importância
socioeconómica. Isto é, em primeiro lugar, porque as comunidades locais na área dependem
fortemente dos produtos florestais não madeireiros, como: cogumelos, frutos silvestres, mel e
ervas medicinais. Além disso, as comunidades têm crenças culturais e tradicionais a favor da
conservação da biodiversidade. As crenças nas florestas sagradas e a água das piscinas, por
exemplo, regulam o uso da flora e da fauna que ocorrem em tais áreas. Grande parte dessa
área é considerada sagrada, tornando a região montanhosa denominada por “montanha dos
espíritos”.

A apicultura, praticada com técnicas tradicionais, é muito difusa: não é raro ver estranhos
alveares (feitos com a cortiça das arvores de brachystegia) pendurados nos ramos das
arvores.

Clima: O clima da região pode ser assemelhado ao do Posto Administrativo de Mavita, onde
as precipitações médias anuais atingem 1.261mm, concentrando-se entre os meses de
Outubro e Março. Os Invernos são rigorosos com temperaturas a baixarem até os 9º C.

Agricultura: As comunidades residentes em Murribane se dedicam a agricultura familiar.


Das principais culturas desenvolvidas destacam-se as de mapira, feijão, arroz, gergelim,
banana, mandioca, milho e hortícolas.
A GPM (2000 e 2004) referencia que as hortícolas e as frutas como as culturas de banana e
citrinos, vêm surgindo como culturas que vão dando rendimentos significativos aos
agricultores familiares que a desenvolvem em áreas que variam de 0.25ha a 2,0ha. As
comunidades locais sempre desenvolveram a agricultura, sendo ela caraterizada por ser uma
agricultura de subsistência. A área de Chimanimani foi sempre representada pelo mambo,
6
senhor das terras. Era este mambo que orientava a forma de acesso a terra, sendo este um
elemento importante na comunidade, pois ele tinha poderes de se comunicar com os seus
antepassados, podendo punir todo aquele que fosse contra as suas ordens.

Taxa de entrada

• Adultos dos 21 – 59 anos: Nacionais 100,00Mt, Estrangeiros 200,00Mt


• Jovens dos 13 – 20 anos: Nacionais 25,00Mt, Estrangeiros 50,00Mt
• Menores dos 0 – 12 anos: Grátis
• Idosos com mais de 60 anos: Nacionais Grátis, Estrangeiros 200,00Mt

Horário de visitas

A Reserva Nacional de Chimanimani pode ser visitada todos os dias entre as 7:30 e 16:30.

Acesso à Reserva Nacional de Chimanimani

O acesso a RNC pode ser feito a partir da cidade de Chimoio. Pode ter os acessos por via
terrestre a partir dos aeroportos das cidades de Tete, Chimoio e Beira. É aconselhável viajar
com viaturas 4x4.

Da parte moçambicana a melhor via de acesso à cordilheira de Chimanimani começa de


Chimoio e passa por Mavita e Rotanda. Para alcançar o Monte Tsetserra e o Tsetserra Camp,
é preciso pegar a estrada que leva até a Barragem de Chicamba Real e segui-la em direção sul
para 15 km até os escritórios administrativos da barragem. Continuando em direção sudeste
para a estrada (somente com carro 4/4) tem mais 60 km entre paisagens e panoramas
espetaculares até chegar ao pico do Tsetserra.

Para alcançar o Chikukwa Camp a pé, é preciso pegar um “chapa” ou seja um transporte
público de Chimoio até Sussundenga, onde é preciso pegar outro direto para Mavita e
Rotanda. Uma vez superada Mavita é preciso prosseguir a pé por outros 25 km até chegar a
Chikukwa (é indispensável ser acompanhados por um guia).

Melhor altura para visitar

Todo o ano. Durante os meses frios (Junho/Agosto) a temperatura pode cair abaixo do zero.

7
3. Caracterização da oferta turística da Reserva Nacional de Chimanimani
e arredores

3.1. Oferta turística primaria

O Recurso Turístico é um compreende fatores turisticamente atrativos. Estes podem ser


considerados positivos se atraírem demanda e contribuírem para o produto turístico com por
exemplo: a praia, o sol, montanhas, ambiente, tradições e estilos de vida, a fauna ou a flora.
Os “recursos turísticos”, são a base da atividade do turismo, denominados também de
“oferta original” ou “primária”; estes elementos constituem a condição básica de
desenvolvimento turístico; sem terem originalmente uma ligação direta com o turismo,
determinam contudo a capacidade atrativa de uma região ou de um local; definem as
potencialidades e trunfos turísticos das mesmas.
Pode-se considerar recurso turístico, algo intrínseco a uma região, seja um elemento natural,
atividade humana, que é capaz de provocar a deslocação de pessoas ou de as entreter durante
os seus tempos livres.
Segundo Cunha (2008: 24) compreende-se com “recursos, sendo todos os meios tangíveis e
intangíveis utilizados num processo de transformação para a obtenção de bens ou serviços
destinados à satisfação de necessidades humanas.”

Principais Recursos da RNC

Vegetação:

Seis grandes tipos de vegetação podem ser distinguidos:

1. Florestas de Miombo;
2. Florestas húmidas sempre verdes de baixa altitude;
3. Florestas secas de montanha;
4. Pastagens de Montanha;
5. Matagal afro-montano de Sclerophyllorus, que inclui algumas espécies endémicas de
Protea e Faurea
6. Vegetação de rochas (espécies de Aloe Euphorbia, incluindo algumas endémicas tais
como Vellozia argentea).

Mil espécies de plantas vasculares, foram registradas para a área das quais 45 são endémicas.
8
Geomorfologia: Possui o Monte Binga, montanha mais alta de Moçambique com 2.436
metros de altura, assim como diversas quedas de água e rios.

Fauna:

Pouco se sabe sobre a diversidade de espécies animais e nível de endemismo, mas ocorrem na
zona grandes mamíferos, como elefantes (Loxodonta africana), búfalos (Syncerus caffer) e
leopardos (Panthera pardus). Outros mamíferos que ocorrem na área incluem o cabrito
vermelho (Cephalophus natalensis), cabrito azul (Cephalophus montícola), cabrito cinzento
(Sylvicapra grimmia), palapala (Hippotragus niger), cudu (Tragelaphus strepsiceros),
imbabala (Tragelaphus scriptus), chango (Redunca arundinum), macacos e muitos
mamíferos de pequeno porte.

Outras espécies de fauna:

Mais de 160 espécies de aves3, 49 espécies piscícolas, 35 espécies de anfíbios, das quais duas
são endémicas (Bufo vertebralis grindleyi e Anthroleptis troglodytes) e 60 espécies de répteis
(incluindo 34 espécies de serpentes), foram registradas na área.

Arqueologia: Os vestígios, artefactos e pinturas rupestres encontrados na área, evidenciam a


sua ocupação desde a idade da pedra (Bell, 2000).

Comunidades: Totalizam 12, entre elas as comunidades de Zomba, Muribane, Mahapi,


Chikukwa, Nhahedzi, Chimanimani e Tsetsera.
A maior parte das comunidades que viviam na reserva de Chimanimani foram deslocadas
para a área tampão. Segundo informações fornecidas durante o trabalho de campo, constatou-
se que a população residente era inferior a 200 famílias. Atualmente, provavelmente este
número terá aumentado.

Segundo Ferreira (2005), os critérios da avaliação turística aplicados a um recurso são:


1- Capacidade Atractiva: refere-se à capacidade que determinado recurso tem em motivar
por si só uma deslocação. Esta capacidade é mensurável através de indicadores como
capacidade atractiva internacional, nacional, regional, local e ainda nula. Capacidade
atractiva internacional, quando é capaz de gerar motivações de pessoas de outros países.
Nacional, quando motiva pessoas de todo o país; regional, quando exerce influência e

3
Vide anexo n° 4: Lista das aves da RNC
9
potencia a motivação de pessoas do concelho/região envolvente ao destino turístico. Diz-se
que o recurso tem uma capacidade atractiva de nível local quando só atrai pessoas que por
um qualquer motivo já estavam no concelho; e finalmente nula, quando não exerce nenhum
potencial de atracção.
2- Singularidade: Este critério avaliativo diz respeito ao valor intrínseco numa dada
categoria de recursos patrimoniais, e avalia-se segundo três estádios específicos. Sendo eles:
recurso bom na classe - quando este tem valor intrínseco e que pela sua singularidade se
destaca dos demais. De singularidade média, quando possui alguns elementos singulares que
o distinguem do vulgar; vulgar, quando não se destaca dentro da categoria.
3- Notoriedade: Diz respeito ao grau de conhecimento que os mercados potencialmente
emissores de turistas possuem sobre determinado recurso, pode ser elevada, caso o
conhecimento sobre esse recurso seja amplamente conhecido; diz-se média quando o seu
conhecimento apenas se estende às pessoas que residem no concelho ou que por ele passam
frequentemente, ou seja mais limitada. Assim sendo entende-se por notoriedade fraca,
quando são poucas pessoas a saber onde fica e o que é.

Avaliação dos Principais Recursos Turísticos da RNC

Capacidade
Recursos Classificação Singularidade Notoriedade
Atrativa

Recurso de
Monte Binga Internacional e Bom na classe Elevada
carater
Nacional
internacional
Recurso de
interesse
Cascatas publico Internacional e Bom na classe Elevada
Nacional

Recurso de
Pinturas Internacional e
carater Bom na classe Média
Rupestres Nacional
internacional

“Passagem Recurso de
estreita” nas interesse
montanhas que publico Regional / Local Bom na classe Média
deu origem ao
nome
Chimanimani
10
Recurso de
interesse Internacional e
As sete serras Média Média
publico Nacional

Recurso
Florestas de turístico de
Regional/Local Média Média
Miombo interesse
publico
Florestas Recurso de
húmidas
interesse
sempre verdes Regional/Local Média Média
publico
de baixa
altitude
Recurso de
Florestas secas
interesse
Local Vulgar Fraca
de montanha; publico

Recurso de
Pastagens de
interesse
Local Vulgar Fraca
Montanha; publico

Recurso de
Matagal afro-
interesse
montano de Nacional Média Média
publico
Sclerophyllorus
Recurso de
Vegetação de interesse
Local Vulgar Fraca
rochas publico

Imóvel de
Internacional e
Rios caracter Bom na classe Média
Nacional
internacional
Habitos culturais Recurso de
das interesse Internacional e
Bom na classe Média
Comunidades publico Nacional
locais
Recurso de
Fauna bravia e interesse Internacional e
Bom na classe Elevada
aves publico Nacional

Recurso de
interesse Internacional e
Flora Bom na classe Média
publico Nacional

Fonte: Os autores com base em Ferreira (2005).

Cunha (2008) apresenta para avaliação e hierarquização dos recursos turísticos uma
metodologia que engloba 5 categorias:

11
1- Sítios Naturais: que englobam todos os lugares que têm um valor paisagístico, com
exclusão de qualquer outro critério, bem como os recursos associados ao interesse
paisagístico como a fauna, flora, caça e pesca.

2- Museus e manifestações culturais históricas: inclui o conjunto dos recursos de natureza


cultural que têm um valor histórico, artístico ou monumental tais como: museus, realizações
urbanas, lugares históricos ou centros arqueológicos.

3- Folclore: que compreende todas as manifestações relacionadas com o acervo cultural, os


costumes e tradições da população residente.

4- Realizações técnicas, científicas e artísticas contemporâneas: que abarcam apenas os


elementos que pela sua singularidade ou alguma característica excecional têm interesse
turístico: explorações minerais ou industriais, obras de arte e técnica, centros científicos e
técnicos.

5- Acontecimentos programados: que compreendem todas as manifestações e eventos


organizados, atuais ou tradicionais, que podem ter capacidade para atrair visitantes, quer
sejam artísticos, desportivos ou outros

Apresenta-se também a hierarquização dos recursos turísticos em cinco níveis:

• Hierarquia 5: recurso com características excepcionais e de grande significado para


o mercado turístico internacional, capaz de por si só originar uma importante corrente
de visitantes actuais e potencial interesse internacional;

• Hierarquia 4: atractivo excepcional capaz de motivar uma corrente actual ou


potencial de visitantes nacionais ou estrangeiros, seja por si só ou em conjunto com
outros atractivos locais interesse nacional;

• Hierarquia 3: atractivo com alguma capacidade de atracção capaz de interessar


visitantes de longa distância mas que se deslocam ao local por outras razões
turísticas.

• Hierarquia 2: atractivo com interesse, capaz de originar correntes turísticas regionais


ou locais.

12
• Hierarquia 1: atractivos sem méritos suficientes para considerar o recurso como
relevante mas que desempenha um papel complementar, diversificado e potenciando
os restantes recursos.

Os recursos porem, não constituem uma forma global do produto e desta forma poderem
constituir-se por si capazes um elemento autónomo levado em conta para a avaliação de um
potencial turístico (Cunha, 2008). Assim, fatores como as acessibilidades, infraestruturas de
apoio, e a qualidade das mesmas, devem ser levados em consideração.
Para o mesmo autor, os principais objetivos para se avaliar o potencial turístico de uma
determinada zona são:
• Determinar o valor de diversas zonas a fim de estabelecer uma ordem de prioridades
de desenvolvimento ou de programação dos investimentos a realizar.

• Avaliar em que medida uma determinada zona aumenta ou diminui o seu potencial
turístico em função do seu crescimento.

• Comparar o potencial turístico de uma zona com o de outras que com ela concorrem.

• Avaliar a capacidade de atração de uma zona após um acontecimento positivo como a


recuperação de uma área degradada, construção de equipamentos em resultado de um
evento desportivo ou de um acontecimento negativo como catástrofe natural,
poluição das praias por derrame de petróleo, incêndios florestais.

De acordo com Cunha (2008: 29), “O valor turístico da zona baseia-se nos recursos turísticos
de que dispõe e das características que a identificam como o clima e a cultura, mas a análise
do valor real do seu potencial turístico não se mede apenas pelo número dos recursos que
possui mas também pela sua qualidade”.
Neste sentido, pode-se avaliar convenientemente o potencial turístico de uma determinada
zona de análise podendo calcula-la através da expressão de Cerro (1992):

Pt = αFr + βfa + δFe em que:

Pt= Potencial turístico


Fr= Valor dos recursos
Fa= Valor das acessibilidades
Fe= Valor dos equipamentos

13
α,β,δ= Coeficientes de ponderação
Hierarquização dos Principais Recursos Turísticos da RNC

Museus e Realizações
Hierarquização Técnicas,
Manifestações Acontecimentos
das Categorias Sítios Naturais Folclore cientificas e
Culturais Programados
Metodológicas artísticas
Históricas contemporâneas
5
Monte Binga
Quedas d’agua:
4 Rios e Cascatas

5 Fauna bravia e
aves
Pinturas
4 Rupestres

Cantos, danças e Produtos de


Comunidades tradições das artesanato local /
4
locais Comunidades local crafts and
locais sculpture
Rituais religiosos
Lugares naturais
3 das comunidades
sagrados
locais
Florestas de
4 Miombo e as sete
serras
Florestas
húmidas sempre
3
verdes de baixa
altitude
3 Florestas secas
de montanha;
1 Pastagens de
Montanha;
Matagal afro-
3 montano de
Sclerophyllorus
Vegetação de
1
rochas
Passagem estreita
na montanha que
2 deu origem ao
nome
Chimanimani
Fonte: Os autores com base em Cunha (2008) apud Cerro (1992).

14
Avaliação quantitativa e qualitativa do zoneamento turístico do distrito de Sussundenga

Avaliação qualitativa dos Sectores Turísticos

Fonte: Adaptado pelos autores com base no “Plano Mestre de Turismo do Distrito de Sussungenga” – Governo
da Província de Manica

3.2. Potencial de atratividade

A Reserva Nacional de Chimanimani tem um ecossistema intacto e rico em biodiversidade


especialmente nas zonas montanhosas, paisagens esteticamente salientes, artefactos
arqueológicos (pinturas rupestres), crenças e estruturas tradicionais intactas. Possui uma
grande diversidade de espécies de plantas e espécies endémicas de aves, repteis e borboletas.

Em termos de desenvolvimento turístico, a área também tem um enorme potencial devido a:

• Espetacular montanha e cachoeira;


• Elevado endemismo vegetal;
• Elevada diversidade na vegetação de montanha e prados baixos nas gargantas e no
fundo do vale;
• Pinturas rupestres pré históricas bem conservadas;
• A presença de lugares sagrados, entre os quais se incluem florestas, rios e lagos
15
• O facto de ser uma ACTF, facilitando o movimento de turistas entre os dois lados. A
Reserva Nacional de Chimanimani protege uma série de ecossistemas de grande
valor, incluindo pradaria e vegetação de alta montanha.

Principais atividades de recreação: Alpinismo, Equitação, Safaris, Birdwatching, Safaris


Fotográficos, Pesca, Canoagem/Kayaking, Trecking, Hiking, Climbing, Turismo 4/4,
Visita a cavernas (pinturas rupestres) e a lugares sagrados.
As atividades na reserva são únicas e as trilhas naturais do parque são ideais pelos
amantes da natureza e da vida selvagem.

Escalada ao Monte Binga

Normalmente para escalar o Monte Binga começa-se o ascenso partindo do Zimbabué.


Mas se dispõe-se de um meio de transporte próprio, pode-se partir também desde o
Chikukwa Camp em Moçambique. A escalada com partida desde Moçambique dura no
total 4 dias, incluindo a viagem entre Chimoio e Chikukwa. É indispensável ter comida e
água suficientes e ser acompanhados por um guia (a melhor coisa é contrata-lo no
Chikukwa Camp). Para todas as excursões é preciso ter um guia e ser plenamente
autossuficientes.

3.3. Oferta derivada


Oferta na região de Manica e Sussundenga

Atualmente, além de limitadas, as opções de hospedagem na região têm pouca divulgação.


Essas opções fazem parte de poucos pacotes turísticos de operadoras turísticas. As principais
operadoras de safari não incluem os lodges da RNC, mesmo tendo poucas opções em
Moçambique, acabam-se concentrando nos lodges de praia ou em destinos tradicionais.
Na região dos distritos de Manica e Sussundenga, a oferta de hospedagem encontra-se
dividida
principalmente entre Manica, Chimoio e o Lago Chicamba. Em Chimoio encontram-se os
hotéis de
cidade, enquanto nas outras localizações estão as hospedagens de lazer.

Em geral, a oferta de hospedagem de lazer é limitada e as opções mais atrativas são a Casa
Msika

16
no Lago Chicamba e a Quinta da Fronteira em Penhalonga.
O quadro a seguir apresenta as hospedagens de lazer da região:
Equipamento
Localização Concentração Capacidade Características
Turístico
Acampamento
localizado a 3 km
da fronteira com o
Acampamento Zimbabué, fica
Chikukwa Área de Camping
Chikukwa próximo às
principais
cachoeiras da
Reserva
Localizada à beira
do lago, atira
turistas locais nos
Mira finais de semana e
Lago Chicamba
Chicamba Lazer Pesca 8 UH’s turistas que buscam
Lodge a pesca no lago
Chicamba. As
instalações incluem
restaurante
Chalés simples com
restaurante e uma
Manica Lodge Hospedagem 14 UH’s
Manica pequena sala de
reuniões
Localizada em uma
antígua mansão,
possui um jardim
Quinta da
Penhalonga Lazer 12 UH’s botânico e piscina.
Fronteira
Costuma ter alta
ocupação nos finais
de semana
Muito utilizada para
viagens de um dia a
partir de Chimoio, a
Estalagem tem
Estalagem A
Manica Lazer 6 UH’s instalações simples,
Selva
incluindo
restaurante e um
pequeno centro de
informações
Localizada à beira
do Lago, atrai
turistas locais nos
finais de semana e
turistas que buscam
a pesca no lago
Casa Msika Lago Chicamba Lazer, Pesca 11 Chalets
Chicamba e visita a
Fazenda de
crocodilos. As
instalações incluem
piscina e
restaurante.

17
Fonte: Adaptado pelos autores com base no “Plano Mestre de Turismo do Distrito de Sussungenga” – Governo
da Província de Manica
Cidade de Chimoio
Alojamento

Preços económicos

Pink Papaya – Hotel popular e acolhedor por viajantes com budget limitado, é o melhor
tipo de alojamento económico, oferece um campismo, dormitórios, quartos duplos e uma
cozinha com uma área para churrasco.

Residencial Flor de Vouga – Este hotel acolhedor tem quartos muito simples e ventilados
no segundo andar, todos com ventoinha, casas de banho e varanda.

Pensão Atlântida – De nível inferior se comparada com os dois anteriores mas que pode
ser tomada em consideração se possui-se de um budget limitado.

Centro de Formação da Cruz Vermelha - Bº Nhamatsane-


Chimoio....................................................................................................2512 34 09

Preços médios

Motel Moinho – Este motel possui uma atmosfera particular com quartos situados dentro
de um antigo moinho a vento, todos com vista sobre um jardim de flores e sobre a
campanha circunstante. Possui também outros quartos mais agradáveis e frescos em um
prédio ao lado do moinho.

Hotel Madrinha - Estr Nacional nº 6-


Chimoio.................................................................................................2512 30 50

MilPark Hotel LDA - Estr Nacional nº 6 Cafumpe-


Chimoio......................................................................................2512 27 07

Hotel Manica - Estr Nacional nº 6-


Manica..................................................................................................2516 25 60

18
Vip Guest House - Tal 74 Estr Nacional Nº 6-Chimoio.................................................2512
42 27
Residencial Bengo - Bairro 4-
Chimoio............................................................................................................2512 40 34

Residencial Dabhad - Homepage:http://www.dabhad.com


32 R Barué-Chimoio

Preços elevados

Executive Manica Hotel – Consolidada presença no panorama hoteleiro da província de


Manica, é o único alojamento de categoria elevada da cidade e oferece um serviço
eficiente, quartos confortáveis com todos os serviços e um ótimo restaurante.

Hotel-Residencial Castelo Branco - Localizado dentro da cidade de Chimoio, ao lado da


Praça dos Heróis Moçambicanos, a apenas 12 km do Aeroporto, 92 km da fronteira do
Zimbabwe em Machipanda, e 198 km do Aeroporto Internacional da Beira. Possui
quartos standard, suites júnior, executiva, master e duplex, todos com casa de banho
privada, ar condicionado, TV por satélite, mini-bar, chá & café, e acesso gratuito à
internet

Restaurantes

Elo 4 – Situado em frente ao palácio do Governo no centro da cidade, é o restaurante mais


popular da cidade, com pizza e pratos italianos de boa qualidade.

O Nosso Take Away – Situado na periferia oriental da cidade, perto do CFM, é bom para
quem quere gastar pouco.

Chicoteca – Serve pratos grelhados e tradicionais mas encontra-se a 5 km da cidade.

Feira Popular – na periferia sul da cidade, onde encontram-se vários restaurantes bons
entre os quais o melhor é o Maúa que serve cozinha local.

La Plaza

Bar Sport Clube


19
Pizzaria Vapor – a melhor pizza de Moçambique segundo a tradição italiana do forno a
lenha.

Transportes

Avião - O aeroporto de Chimoio fica a 10 km da cidade e dispõe de vários voos durante a


semana com LAM com destino Vilanculo, Tete e Maputo.

Autocarro e “chapa” – Todos os meios de transporte publico saem nos arredores da


estação ferroviária. Os chapas e os minibus para Beira efetuam serviço durante todo o dia.

Taxi – Em Chimoio existem muitos táxi que costumam estacionar na Av. 25 de Setembro
e perto do mercado central.

Vila de Manica

Alojamento e Restaurantes

Pensão Flamingo – situada na estrada principal, esta bela pensão tem quartos simples,
todos com casas de banho e ventoinha além de um jardim e um restaurante.

Motel Guida – é uma discreta alternativa económica à Pensão Flamingo, com quartos
simples dotados de ventoinha e banho em comum. Situa-se na periferia ocidental da
cidade.

Manica Lodge – Situado na extremidade ocidental da cidade, cerca 400 metros da estrada
principal, este lodge bastante ameno é constituído por casinhas rondáveis de pedra
rodeadas por jardins com TV, casas de banho e todos os confortos.

Estalagem Selva – situado a cerca de 42 km a leste de Manica, tem quartos anónimos, um


restaurante e um pequeno centro de informações turísticas.

20
Transporte

Todos os meios de transporte publico saem do mercado central. Tem frequentes “chapas”
para/de Chimoio e para a fronteira com o Zimbabué. Quatro vezes por semana
(atualmente segunda, terça, quinta e sábado) tem “chapas” que efetuam serviço direto de
Manica até a aldeia de Rotanda, nos montes Chimanimani. Pode-se descer na “paragem
do João” (entre duas e três horas desde Manica), que se encontra a 1 km de caminhada
para o campismo aos pés do Monte Tsetserra.

Empresas de atividades turísticas

Nome da
organização Localização Tipo de atividade e serviço que presta
/empresa
Excursões organizadas à RNC e ao Monte Binga em particular,
Binga Adventures Chimoio
atividades de aventura e desporto
Ndzou Camp Passeios e itinerários a cavalo
HorseManica

Ndzou Camp Canoagem


Aquatic Remo
Tsetserra Excursões, visita às pinturas rupestres e aos lugares sagrados
Chimanimanitour
Fonte: os autores
3.4. Relance sobre Infraestruturas e Serviços de Apoio ao Turismo

Agências de Viagens e Turismo:

Golden Travel LDA


17480 r/c R Agricultores-Chimoio......................................................................................2512
42 41
Tanda Moia LDA
R Sussundenga Hotel Castelo Branco-Chimoio...................................................................2512
47 15

21
Casa de câmbio

Serviço de saneamento

Serviço de segurança

Rent-A-Car

MOZ RENT - A - CAR - Empresa de prestação de serviços de aluguer de viaturas com ou


sem condutor. E-mail: mozrent@gmail.com - www.mozrentacarcomz
Cell´s: +258 82 4196040 - 84 4200111 Telefax: +258 251 24100
674 R Josina Machel-Chimoio...................................................

Bancos

African Banking Corporation Moçambique SARL


678 Av 25 Setembro-Chimoio..............................................................................................2512
30 07
Banco Oportunidade de Moçambique SARL
R Paulo S Kankhomba-Manica...........................................................................................2516
25 46
Banco Procredit
Av 25 Setembro-Chimoio...................................................................................................2512
26 59
BCI
Tal 55 Av 25 Setembro-Chimoio..........................................................................................2512
39 74
Novo Banco - Banco de Microfinanças
Av 25 Setembro-Chimoio...................................................................................................2512
26 62
SOCREMO - Sociedade de Créditos de Moçambique SARL
938 Av 25 Setembro-Chimoio..............................................................................................2512
22 69
Millennium Bim…………………………………………………………………………2512
31 97

Saúde

22
- Hospital Central de Chimoio
- Clínica Privada Fátima Pr Patel Av Trabalho-Chimoio..................................................2512
36 69

3.5. Acolhimento na área de estudo

Ndzou Camp

A localidade de Ndzou Camp é uma zona de acolhimento com base comunitária situada
na floresta de Moribane e representa a única no lado moçambicano da Reserva Nacional
de Chimanimani. Ndzou Camp é uma joint venture entre Eco-MICAIA Ltd (40%) e
Associação Kubatana Moribane (60%). Ndzou Camp situa-se a menos de 100 km da
cidade de Chimoio na estrada que atravessa o distrito de Sussundenga e que vai até
Dombe, antes de se juntar à EN1 em Goonda.

Observar a vida dos elefantes e dos macacos na Floresta de Moribane è a atração mais
popular do Ndzou Camp, além também das trilhas naturais que a zona oferece. Durante
algumas excursões guiadas pode-se aprender a imensa variedade de plantas medicinais e
comestíveis.

O birdwatching é muito comum também e os expertos guias do parque conhecem as


principais variedades de aves incluindo o Black-and-white (Vanga) Flycatcher, o Eastern
(yellowspotted) Nicator e o Green Malkoha (Coucal).

Estando no Ndzou Camp pode-se ter a oportunidade de visitar alguns lugares sagrados na
comunidade de Mpunga. Esta é uma experiência cultural a não perder. Os Mpunga
possuem muitos lugares sagrados na floresta e em alguns dias determinados a
comunidade permite aos visitantes junto ao guia de poder ter acesso a estes sítios. É
essencial uma estreita aderência aos rituais da comunidade. Estas visitas são um
privilegio e uma experiência enriquecedora.

Campismos e excursões

Quem quiser explorar as montanhas e as planícies que se estendem aos seus pés,
encontrará uma rede recém nascida de campismos rústicos e itinerários para excursões de
duração variável de alguns dias a uma semana. Tudo é muito rudimental e não sempre

23
acessível durante a época de chuva, é preciso ser autossuficientes e dispor de um bom 4/4
para poder conhecer em profundidade a cultura local.

O campismo mais fácil para alcançar é o Tsetserra Camp, aos pés do monte Tsetserra,
servido pelos meios de transporte publico desde Chimoio e desde a vila de Manica.
Partindo desde campismo pode-se escalar o pico do Monte Tsetserra (5 horas para ir e
voltar) atravessando uma bela floresta, ou também podem-se entreprender excursões de
um ou dois dias. Em cima da montanha encontram-se as ruinas de uma antiga casa
colonial e ainda outro campismo.

Alcançável somente com 4/4, o campismo da aldeia de Chikukwa ocupa uma posição
muito sugestiva, em um vale rodeado por florestas, e constitui a base de apoio para a
escalada ao Monte Binga e também para outras excursões a pé.

Existem campismos também em Zomba (a uma altura mais baixa e alcançável com os
meios de transporte publico) e em muitas outras aldeias

3.6. Análise da envolvente interna e externa


A análise SWOT refere-se aos termos em inglês strenghts, weaknesses, opportunities,
threats e abrange tanto o ambiente interno quanto o externo da empresa. Internamente, o
modelo refere-se as forças e fraquezas da empresa em dimensões fundamentais, tais
como desempenho e recursos financeiros, ambientais, recursos humanos, instalações e
capacidade de produção, participação no mercado, perceções do consumidor, qualidade
do produto, disponibilidade do produto, e comunicação organizacional. A avaliação do
ambiente externo organiza as informações sobre o mercado (consumidores e
concorrência), condições económicas, tendências sociais, tecnologia, e regulamentos
governamentais (Ferrel, Hartline 2005, p.82).

A partir da análise do ambiente externo e interno, torna-se possível avaliar o meio no


qual a reserva está inserida e as influências que ele exerce sobre a atividade em questão,
essa análise é base para a elaboração da matriz SWOT. Esta técnica permite examinar os
aspetos de competitividade interna (forças e fraquezas) e de atratividade externa
(ameaças e oportunidades) relacionados com a Reserva Nacional de Chimanimani. Isto
permitirá a reserva estar à frente dos seus concorrentes que não realizam esta análise. O
estudo das forças e fraquezas que a reserva apresenta permite aos seus dirigentes reforçar
o que ela tem de melhor e procurar meios de minimizar os seus pontos fracos.
24
Análise SWOT

Ambiente externo

Sustentabilidade Oportunidades Ameaças


Desenvolvimento de um destino − Aumento do desflorestamento,
ecoturístico de categoria internacional riscos de erosão, destruição dos
em razão da: recursos naturais e degradação de
− Existência de áreas de conservação lugares históricos pelo crescimento
ambiental: da biodiversidade (flora e descontrolado do turismo.
fauna); parte do ecossistema − Aumento da caça furtiva,
afromontano situado no extremo sul mineração
do “riff” africano, com paisagens ilegal, queimadas e abate de florestas
Ambiental distintas, rios e quedas de água. Monte e
Binga – 2436 m de altitude. poluição das águas.
− Cordilheira imponente entremeada − Descontrole em razão das
de condições
cursos de água, história e cultura. sanitárias.
− Há espécies de animais e plantas − Exploração desordenada de
endémicas, as quais não são minérios.
observadas
em outros pontos da África.
− Hospitalidade com valores, − Descaracterização da cultura, usos
tradições e crenças próprias da alma e
moçambicana. costumes locais por via do
− Riqueza cultural, usos e costumes desenvolvimento turístico.
preservados, ritos e cerimónias − As comunidades locais entenderem
Sociocultural religiosas suscetíveis de interessar o que a extração de ouro é mais
turismo cultural. vantajosa em relação à oferta de
− Riqueza da vida espiritual pré emprego e renda do turismo
histórica expressa em pinturas
rupestres, em cavernas e testemunhos
arqueológicos de povos caçadores -
recolectores Khoisans 4.000 aC..
− Importantes forças de mudanças − Ausência do sector público no
sociais, económicas e ambientais apoio às
modificando produtos turísticos e iniciativas de comunidades ou de
Económica destinos exigindo novos produtos e pequenos empreendedores privados.
reposicionamento sob − Recursos humanos para o sector
pena de exclusão do mercado. não
− Interação entre crise financeira, capacitados e treinados ao tempo
crise tornando obrigatória a mobilização
25
energética e aquecimento global de
− Linhas internacionais de estrangeiros.
financiamento a projetos de apoio à
racionalização e
capacitação dos órgãos do Estado e
projetos de desenvolvimento local.
− Promoção da construção, nos
distritos,
das unidades de alojamento Kapulana
− Plano Estratégico de - Ataques militares e instabilidade
Desenvolvimento de Moçambique politica entre Frelimo e Renamo
(PEDTM) 2003-2014, o qual − Clima de instabilidade económica
considera a RNC dentre as áreas de
prioritárias de investimento, rotas e alguns países vizinhos.
circuitos de turismo. − Decisão governamental que possa
− Vontade política e esforços do impactar negativamente a viabilidade
Governo económico-financeira dos
Politica
para inserir o turismo sustentável
investidores.
como
importante agregado do Produto
Interno
Bruto – PIB.
− Acesso e posse da terra assegurada
aos
empreendimentos turísticos.
− Há poucos destinos na África − Outros destinos competidores com
Austral que possuem a riqueza de maior força de comunicação com o
história, cultura, montanhas e cursos d mercado e de eficiência de
água, como a RNC cuja paisagem por marketing.
sua formação − Poucas agências recetivas em
Competitiva geológica no mínimo se iguala com Moçambique: mercado influenciado
ícone por
Parque uKhahlamba Drakensberg - operadoras turísticas estrangeiras.
Património da Humanidade da
UNESCO.

Fonte: Adaptado pelos autores com base no “Plano Mestre de Turismo do Distrito de Sussungenga” –
Governo da Província de Manica

26
Ambiente interno

No ambiente interno devem ser consideradas as potencialidades e as fraquezas ocorrentes, as


quais possam influenciar as ações de marketing e assim identificar as ações necessárias para
tornar Chimanimani mais conhecida como destino atrativo que busca diferenciais e prestação
de serviços com qualidade para os turistas.

Pontos fortes Soluções com foco no eco-marketing


− Há poucos destinos na África Austral que − Fortalecer uma ecomarca para Chimanimani
possuem a riqueza de história, cultura, montanhas como destino de natureza e de emoções únicas a
e cursos de água, como a RNC cuja paisagem por serem descobertas.
sua formação geológica no mínimo se iguala com − Implantar um conjunto de equipamentos,
o Parque uKhahlamba Drakensberg - Património produtos e serviços turísticos que ofereçam valor
da Humanidade da UNESCO. adicional e diferencial em relação aos destinos
competidores.
− Entre montanhas, rios, biodiversidade e
resquícios arqueológicos Chimanimani desafia a
coragem do eco turista que tem ambição por
aventuras.
− Reivindicar a inclusão de Chimanimani junto à
UNESCO como ícone do Património da
Humanidade.

− Destino integrante de rotas turísticas na solução


“beach-bush”.
− Rota de Aventura Moçambique: Inhambane –
− Fortalecer os roteiros integrando, qualificando
Vilanculos – Gorongosa – Albufeira de
e monitorando os serviços oferecidos de modo a
Chicamba – Manica –Chimanimani
conformar um caminho diferenciado de emoções,
− Rota de Ecoturismo do Centro: Beira – Reserva
de conforto e com destaque da
de Marromeu – Parque Nacional de Gorongosa –
complementaridade de atrativos.
Montanha de Gorongosa – Chimoio –
Chimanimani – Albufeira Chicamba – Manica –
Beira

− Pesquisar os vestígios arqueológicos, os


− O extenso património de manifestações da correspondentes ciclos evolutivos e as rotas
cultura do homem primitivo – desenhos rupestres migratórias dos ancestrais criando um
– desperta o entendimento dos usos e costumes caminho/trilha dos povos primitivos num
dos povos ancestrais. ambiente de descoberta e de emoções ao turista.
− Hospitalidade com valores, tradições e crenças − Internalizar e valorizar estes atributos na
próprias da alma moçambicana prestação de todos os serviços turísticos com o
objetivo de fortalecer sua imagem.
− Áreas propícias para observação de animais de − Valorizar estes atrativos relevando suas
menor porte e de aves inclusive espécies vantagens comparativas em relação aos demais
endémicas, caminhadas, escaladas, pescas e destinos da África Austral que se fundamentam
atividades aquáticas em avistamento da fauna emblemática – “big
– nichos de excelência para o ecoturismo e o five”.
turismo de aventura

27
Pontos fracos Soluções com foco no eco-marketing
− Etapa Pioneira - Ecoturismo – Selvagem
− Ausência de equipamentos de hospitalidade na − Reabilitar, revitalizar e operar os
zona Tampão da RNC - adequados e classificados acampamentos de
– com vistas a criar e consolidar os produtos de Ndzoo /Moribane (Comunidade Mpunga), de
turismo de aventura. Ferreira/Chikukwa e de Binga/Nhabawa
(Comunidade Chikukwa)
− Etapa de Consolidação - Turismo na Natureza
− Ausência de equipamento de hospitalidade na - Cordilheira Majestosa.
área RNC e zona Tampão - adequado e − Planear e consolidar um destino turístico de
classificado - com excelência com a implantação e operação do
vista a consolidar um produto âncora que tenha projecto de hospitalidade âncora com foco
como foco a identidade do destino. nominal de “Chimanimani Ecolodge Concept”
tipo BOT-C.
− Assegurar procedimentos de protecção aos
turistas através de alianças com a polícia local e o
treinamento dos guardas das áreas protegidas na
prevenção ostensiva.
− Criar enfoque como atributo de diferenciação
que a proibição de acesso ao uso da RNC de
ecoturistas desacompanhados de guias graduados
se constitui um contraponto à insegurança
− Imagem de insegurança e de potenciais dominante em alguns países da África Austral.
contingências e riscos aos turistas no destino. − Monitoramento de eventuais episódios como
encargo obrigatório na gestão da RNC.
− Implantar um Plano de Contingências e Riscos;
− Promover campanhas de prevenção de doenças
tropicais como malária e outras através de
educação, procedimentos preventivos,
pulverização e saneamento de áreas de
hospitalidade além do apoio médico.
− Assegurar a desminagem integral da área.
− Criar o sistema de trilhas e atrativos formadas
por acessos secundários à biodiversidade, da
cultura, das comunidades e históricas bem como
de rotas de fuga e de atendimento de primeiros
socorros no campo.
− Elaborar um Plano de Trilhas e de Acessos aos
− Acessos e trilhas sem condições de uso. atrativos projetado com gradiente de esforço
moderado nível quatro (1.125 a 1.500 kcal.).
− Implantar os acessos para veículos 4 x 4
analisados e previstos no Plano de Maneio da
Reserva Nacional de Chimanimani.
Os pequenos e médios empreendedores locais são − Consolidar a RNC como plataforma para novos
fracos e não tem condições de participar nas negócios e oportunidades integradas às
várias iniciativas para entrar na área do turismo, comunidades circunvizinhas.
impedindo a desejada sustentabilidade − Assegurar programa de fortalecimento e de
económica; qualificação de pequenos empreendedores que já
− Serviços de apoio não consolidados. atuam na área.
− Nível inadequado de qualificação dos serviços − Capacitar empreendedores identificados e
com poucas exceções. motivados dentre as comunidades.
− Elaborar e implantar um Plano de
Monitoramento Ambiental da RNC com foco em
28
parâmetros de verificação, recuperação e
valorização da flora e fauna e correspondente
− Ocorrências pontuais de degradação ambiental sustentabilidade criando um
cenário de excelência de “green” como tendência
atual exigida por neoturistas.
− Determinar um partido de gestão de soluções -
tipo a fim de minimizar e/ou eliminar os efeitos
da degradação das áreas de garimpo.
− Criar uma identidade de marca fortalecida por
uma imagem e mensagem diferenciada e singular
− Como destino localizado em Moçambique é de redescobrimento de uma destino ecoturística
pouco conhecido pelo mercado emissor. − Aperfeiçoar a gestão com abordagem de
prontidão e recondução na oferta de produtos no
mercado.
− Relação custos-benefícios para o turista ainda − Reanalisar e readequar o “marketing-mix” dos
inadequada. produtos turísticos.
− Desenvolver ações de publicidade, distribuição,
− Falta por enquanto condições específicas de promoção e comercialização de produtos
competitividade com outras regiões da África. turísticos ainda não qualificáveis poderá resultar
numa irreparável perda de imagem
− Estabelecer alianças estratégicas com o
− Ausência de alianças estratégicas. objetivo de encontrar o fluxo de turistas certos
para a etapa pioneira do ecoturismo de aventura

Fonte: Adaptado pelos autores com base no “Plano Mestre de Turismo do Distrito de Sussungenga” –
Governo da Província de Manica

4. Diagnóstico Estratégico do Mercado – Oportunidades e Necessidades

4.1. Perfil e Comportamento de Turistas que Procuram a Natureza

Segundo um estudo realizado pela THR (2008)4, Este sector de turismo de natureza integra
dois mercados, sendo um de natureza mais leve, considerado por estes de Soft, no qual as
experiências se baseiam na prática de actividades ao ar livre que exigem menor poderio físico
para as praticar, como por exemplo: passeios, excursões, percursos pedestres de curta
distancia, observação da fauna e da flora ou outras paisagens, etc., e que correspondia, à data
do estudo em referência (2008), cerca de 80% de total de viagens para prática de turismo de
natureza.

Porém, outro tipo de mercado de turismo de natureza é o Hard onde são realizadas
experiências que exigem mais esforço físico do que na primeira situação. Estas actividades
relacionam-se com rafting, kayaking, hiking, climbing, etc. para além de força física, estas

4
THR (Asesores en Turismo Hotelería y Recreación, S.A.) para o Turismo de Portugal, I.P. 2008.
29
actividades normalmente exigem também um elevado grau de concentração e conhecimento.
Este último mercado, de acordo com o estudo em referência, representa 20% do total das
viagens pelo turismo de natureza.

As actividades seleccionadas para a área de estudo de Chimanimani, ou destino turístico


Chimanimani engloba os dois tipos de mercado, sendo que, é possível vislumbrar actividades
que requerem mais esforço físico e menos esforço físico. (Veja-se no quadro que se segue):

Actividades Soft Hard


Turismo de montanha (Observação da paisagem da montanha)
Turismo de montanha (touring-trilha para escalada ao monte Binga)
Geoturismo (Geoparque “com várias act.”transfronteiriço Moç.vs Zimbábwe)
Ecoturismo
Turismo activo/desportivo e de aventura (Climbing, Hiking,
Mountaineering, Trecking, Kayaking, caminhadas, escaladas, etc.)
Turismo cultural (aldeias locais, danças, música, arte africana, tradições,
gastronomia local, arquitectura colonial, etc.)
Turismo arqueológico (Apreciação/observação de pinturas rupestres)
Turismo de meditação (contacto directo e intimo com a natureza,
tranquilidade e paz)
- Birdwatching (mais de 160 espécies de aves)
- Turismo equestre (passeios e excursões a cavalo)
Fonte: Os autores, 2014.

Continuando, o estudo indica que a procura do turismo de natureza como sendo a principal
actividade motivadora da viagem correspondeu em 2004 cerca de 22 milhões de viagens de
uma ou mais noites e o número médio de pernoites foi de 4 noites para cada turista. O Sector
do turismo de natureza é um dos que mais cresce na Europa, nos EUA e no mundo, sendo que
estes dois destinos são os mais emitentes de turismo em todo mundo. Hoje em dia, essa
hegemonia poderá ser quebrada pelo pólo Chinês com a sua ascensão ao topo da economia
mundial podendo suplantar a maior economia do mundo, os EUA.

As viagens motivadas pelo desejo de usufruir, contemplar e interagir com a natureza têm
aumentado crescentemente e de forma sustentada nos países maiores emissores de turistas do
mundo, num ritmo médio anual de 7% com sinais de incremento se se considerar também as

30
fortes economias emergentes que demonstram um valor significativo em termos de emissão
de turistas deste ramo de natureza.

O estudo da THR (2008) projecta que em 2015, o número total de viagens de Turismo de
Natureza irão atingir 43,3 milhões, favorecidas por factores tais como:

✓ uma maior e crescente consciência ambiental entre a população dos países emissores de
turistas;
✓ A preferência por áreas envolventes não massificadas como destino de viagem;
✓ A crescente preferência por férias activas em detrimento de férias passivas;
✓ A procura de experiencias com elevado conteúdo de autenticidade e de valores éticos e a
forte presença de ofertas de viagens de Natureza pelos meios de comunicação, particular
enfoque para Internet;
✓ Pacotes Acessíveis à um numero significativo de potenciais turistas pertencentes a um
nível intermédio que tem crescido em todo mundo, destacando-se as economias
emergentes, embora os EUA e a Europa continuem hegemónicos como maiores
emissores.

No contexto turístico, com turismo de natureza como principal motivo da viagem, destacam-
se os EUA, na Europa são os países Alemanha e Holanda como os principais mercados
emissores totalizando cerca de 55% do total de viagens de turismo de natureza. Esses países
em destaque, caracterizam-se por ter uma economia consolidada, um nível de educação e
cidadania/civilidade bastante alto, consciência ambiental elevada e tudo isso consubstancia-se
com o perfil dos turistas que procuram a natureza. Analisando apenas o mercado emissor
europeu, a Alemanha emitiu cerca de 5 milhões (25%) de turistas de natureza num ano e esse
número tem crescido anualmente, e segue-se a Holanda com cerca de 20%. Outros países são:

PAÍS %
Reino Unido 9
França 5
Itália 4
Espanha 2
Outros 30
Fonte: THR (2004).
Em todos tipos de turismo, o gasto realizado pelos turistas apresenta uma ampla variedade. À
semelhança do que acontece com outras tipologias de viagens turísticas, o gasto realizado
31
pelos consumidores de viagens de natureza varia, pois isto estará relacionado com factores
como:
✓ O destino; a duração da viagem; o tipo de actividades a realizar, a qualidade e
quantidade dos serviços a utilizar (como por exemplo: alojamento, transporte, etc)
Existem estudos que revelam que quanto mais específico ou especializado for o
produto/serviço consumido, maior é o gasto, pelo que o gasto realizado pelo consumidor de
turismo de natureza soft é comparativamente menor que o de natureza hard.
Para este último mercado o gasto médio dos consumidores-turistas relaciona-se directamente
com o grau de especialização ou de intensidade na prática das actividades, os equipamentos e
serviços requisitados, etc. já em termos de compra, deve ter-se em conta que o conceito de
turismo de natureza assume difusas interpretações, em grande medida por tratar-se de um
sector relativamente novo e que inclui uma grande variedade de motivações e actividades.
Existe uma parte de consumidores-turistas que associa Turismo de Natureza não
necessariamente a uma viagem com conteúdo exclusivo ou maioritariamente de natureza
bastando que a viagem tenha alguma componente ou actividade turística relacionada com a
natureza, desde a forma mais simplificada à mais sofisticada para julgarem tratar-se de uma
viagem de natureza. De qualquer modo, no futuro espera-se um aumento geral do potencial
de compra de viagens de natureza já que factores como a tendência global para uma maior
dedicação e preocupação por temas de carácter ambiental, a demanda por destinos não
degradados e sem turismo de massas, o efeito “moda”, entre outros factores, reforçarão e
incrementarão o interesse por este tipo de viagens.
Relativamente ao perfil básico do consumidor-turista de natureza, indicam-se claras
diferenças tanto no perfil sociodemográfico como nos hábitos de consumo, quer se trate de
consumidores-turistas de natureza soft ou hard, revelando, neste contexto, um consumidor-
turista de perfil e hábitos muito precisos e específicos, neste último caso.

Perfil básico dos consumidores-turistas de viagens de natureza

ÂMBITO TURISTAS DE NATUREZA TURISTAS DE NATUREZA


SOFT HARD
Quem são?
- Famílias com filhos - Jovens entre 20 e 35 anos
Perfil sócio-
- Casais - Estudantes e profissionais liberais
demográfico
- Reformados - Praticantes/aficionados de
32
desportos ou
actividades de interesse geral
Através de que meios se informam?
- Informação interpessoal - Revistas especializadas
- Brochuras - Clubes/associações
- Internet
Onde compram?
- Agências de viagens - Internet
- Call centres - Associações especializadas
Que tipos de alojamento compram?
- Pequenos hotéis de 3-4 estrelas - Bed & breakfast
- Casas rurais - Alojamentos integrados na
natureza (casas de
campo, campismo..)
- Refúgios de montanha
Em que período compram?
Hábitos - Maioritariamente no Verão (época - Primavera e Verão, dependendo do
de de tipo de
informação férias) actividade ou desporto
Quem compra?
- Famílias - Individual
- Casais - Grupo de amigos
- Grupo de amigos
Quantas vezes ao ano compram?
- 1 à 2 vezes por ano - Frequentemente (até 5 vezes)
Que actividades realizam?
- Descansar e desligar no meio rural - Praticar desportos ou actividades
- Caminhar e descobrir novas de interesse especial
paisagens - Aprofundar o conhecimento da
Hábitos
- Visitar atractivos interessantes Natureza
de consumo
- Fotografia - Educação ambiental
Fonte: Adaptado de AEP (Associação Empresarial de Portugal), 2008.

33
Perfil dos consumidores dos principais segmentos

Requisitos de
Potencial de
Motivação Volume * oferta Perfil Básico
crescimento
Principal especializada
Descansar e Pessoas para as quais o descanso é a principal motivação das suas férias e
relaxar na escolhem um ambiente de natureza como sendo o mais adequado.
Alto 40% Alto Baixo
Natureza
Interesse Pessoas com um interesse básico ou apenas ocasional na natureza.
básico/ocasion Claramente, não é a motivação principal da viagem, mas pode converter-se
Médio/
al 30% Alto Médio/baixo num factor de atracção complementar que causa valor acrescido à experiência
alto
na natureza da viagem
Pessoas com grande interesse pela natureza e para as quais é uma motivação
importante da sua viagem.

Interesse
A natureza deve complementar-se com outros atractivos do destino (cultural,
avançado /
monumental…) e deve poder desfrutar-se
frequente na
em boas condições de conforto e segurança.
natureza
Médio 15% Médio/alto Médio/alto Nesta categoria encontram-se os ecoturistas que se encontram na sua primeira
fase, ou turistas com elevada
consciência ambiental e ecológica.
Interesse Pessoas para as quais a natureza converte-se no motivo e principal foco de

34
profundo / interesse da sua viagem, seja por motivos de aprendizagem, de prazer estético,
habitual na de investigação, compromisso ético, etc.
natureza Médio/ 10% Médio Alto
baixo Nesta categoria incluem-se tanto os ecoturistas numa fase mais avançada, com
uma profunda preocupação pelo equilíbrio ambiental e pelos impactos da
actividade turística sobre os espaços e comunidades receptoras, como os
amantes ou estudiosos de determinadas manifestações naturais.
Pessoas para as quais o motivo principal da sua viagem é a prática dos seus
Desportos de desportos preferidos, que encontram na natureza o quadro mais adequado.
aventura na Isto é, o interesse principal reside não na natureza em si mesma mas como
Baixo 5% Baixo Alto
natureza facilitadora das condições ou do cenário que permite a prática das actividades
desportivas.

35
4.2. Estudo da Concorrência

Embora a cadeia de Chimanimani tenha características que a tornam únicas, ela têm concorrentes
fortes e consolidados no mercado. Em sentido lato, o concorrente de um produto é outro qualquer
com o qual o consumidor-turista o possa substituir total, ou parcialmente. De acordo com Lindom et
al (2004) o espaço concorrencial pode ser analisado em três níveis, a saber:

4.2.1 A concorrência interprodutos – os concorrentes são definidos como os que oferecem


produtos completamente semelhantes.

Neste contexto, para Chimanimani, tomando como base esta definição e olhando para o turismo de
natureza como o principal produto a oferecer, existem vários concorrentes. Entre os concorrentes
nacionais que oferecem o turismo de natureza, pode-se destacar o Parque Nacional de Gorongosa, a
Reserva dos Elefantes (Reserva Especial de Maputo), O Parque Nacional do Limpopo
(Transfronteiriço-Kruger Park, Africa do Sul), Reserva Nacional do Niassa e ainda o Parque
Nacional do Arquipélago das Quirimbas em Cabo Delgado.
Olhando para o panorama regional (Estrangeiro) existe uma forte concorrência de destinos
consolidados como é o caso de Parque uKhahlamba Drakensberg - Património da Humanidade da
UNESCO-África do Sul; e nos vizinhos Zimbabwe e Zâmbia, as Quedas Victoria. Estes dois
destinos apresentam características de destinos consolidados em termos turísticos, incluindo a
acessibilidade, a rede de infra-estruturas básicas e de apoio ao turismo e ainda em termos de canais
de informação e comunicação. Para além disso, gozam de uma boa imagem favorável em todo
mundo se comparado com Moçambique que neste momento atravessa um conflito político-militar
na zona central, onde se localiza a cadeia de Chimanimani.
Fig. Concorrentes Interprodutos
Estrangeiros Nacionais
- Parque uKhahlamba Drakensberg - Parque Nacional de Gorongosa, a Reserva
Património da Humanidade da UNESCO- dos Elefantes (Reserva Especial de Maputo),
África do Sul; O Parque Nacional do Limpopo
- Zimbabwe vs Zâmbia, as Quedas Victoria; (Transfronteiriço-Kruger Park, Africa do
Sul), Reserva Nacional do Niassa e ainda o
Parque Nacional do Arquipélago das
Quirimbas em Cabo Delgado.
Fonte: Adaptado pelos autores,2014.

36
4.2.2. A concorrência intersegmentos:
Refere-se aquela que embora não se disputa o mesmo tipo de produto, porém reparte ou tende a
repartir o mesmo perfil de consumidores-turistas. Para o caso do produto que se pretende oferecer
em Chimanimani, este tipo de concorrência poderá ocorrer com o produto da Hidroeléctrica de
Cahora-Bassa, localizada no distrito de Songo, na província de Tete, nomeadamente o Lago
Cahora-Bassa.

4.2.3. A concorrência Genérica


Como o próprio nome refere, esta é mesmo genérica e relaciona-se um pouco com as duas
primeiras. Nela, a concorrência ocorre quando há disputa de consumidores-turistas entre os mais
variados produtos e serviços que são ou que podem ser disponibilizados num dado mercado, em que
independentemente do produto a ser vendido, cada vendedor procura vender o seu produto à maior
quantidade possível e ao maior número possível de turistas possível.
No caso de Chimanimani, esta será bastante fraca, tendo em conta que ao longo da região, apenas
haverão serviços nas zonas tampão e de alojamentos providenciados pelos gestores do destino,
através das várias empresas turísticas e de actividades complementares. No entanto esta poderá
ocorrer, ao longo da passagem dos turistas pela cidade de Chimoio, onde poderão efectuar compras
de vária ordem. Quanto menor for o tempo de permanência nas paragens (destinos-ex Cidade de
Chimoio), naturalmente, menor será o grau de concorrência genérica com o destino em estudo.

Ao se analisar a concorrência, deve-se avaliar o poderio, a experiência e o dinamismo de cada


concorrente. Como se disse anteriormente, os destinos Drakensberg e as Quedas Victoria são os
concorrentes directos mais fortes, consolidados e que apresentam um perfil em termos de
experiência, bastante relevante, comparativamente a outros destinos de mesmo produto, mas que
sejam nacionais. A nível nacional, o destino com produto turístico de natureza melhor organizado é
o Parque Nacional da Gorongosa, sendo que neste momento, os investimentos efectuados pela Carr
Foundation vêem se comprometidos com o conflito político-militar.

A análise da posição concorrencial, para além da posição das marcas no mercado, da sua imagem e
da sua implementação comercial, devem ter-se em conta as competências técnicas, a rentabilidade e
a capacidade financeira dos seus principais concorrentes. Dever-se-á avaliar o peso relativo destes
diferentes critérios, conforme a natureza dos factores de sucesso na actividade considerada e obter-
se uma informação final ponderada, medindo a posição concorrencial das marcas estudadas.

37
Além da posição concorrencial, analisa-se também a quota de mercado relativa que pode ser obtida
em volume e em valor, confrontando a quota de mercado de um produto ou de uma marca com a do
líder. Para o líder, calcula-se a sua quota de mercado relativa, confrontando a sua quota de mercado
com a do número dois, o que significa que o líder é o único a ter uma quota de mercado relativa
superior a 1.

A quota de mercado relativa é um indicador da estrutura concorrencial de um mercado e da


distância que separa uma dada marca da líder, que exprime a força da liderança. Após estas notas,
reparando para a realidade de Chimanimani, podem-se depreender dois cenários diferentes, sendo
um primeiro cenário em que ao nível regional pode verificar-se as Quedas Victoria entre Zimbabwe
e Zâmbia, como a detentora de maior quota de mercado relativa aos turista que procuram a natureza
na região austral, e neste contexto pode ser considerada como líder. Um segundo cenário
depreende-se com o ambiente nacional, onde a maior quota de marcado relativa é detida pelo
Parque Nacional da Gorongosa, sobretudo para turistas que procuram a natureza.

4.3. Arrumação dos Recursos em Clusters

Em turismo, quando se fala em clusters (agrupamento), refere-se ao conjunto de empresas de um


mesmo território que apresentam especialização produtiva e mantêm vínculos de articulação,
cooperação e aprendizagem entre si e com os outros agentes locais tais como governo, instituições
financiadoras, entidades de classe e instituições de ensino e pesquisa, visando aumentar sua
competitividade.

Os objectivos principais para a funcionalização de um cluster prendem-se com o fomento do


desenvolvimento do turismo sustentável, incrementando a competitividade e atractividade através
de:

✓ Articulação entre a iniciativa privada, administração pública e sociedade civil organizada;


✓ Planeamento de acções visando incrementar a atractividade, o marketing, a produtividade e
gestão;
✓ Construção colaborativa e solidária de um planeamento estratégico;
✓ Identificação, motivação e formação de empreendedores potenciais ou já operantes, formais
ou informais, individuais ou colectivos;
✓ Novas oportunidades de negócios que agreguem valor às matérias-primas ou produções
existentes; e
✓ Identificação e caracterização dos principais actores sociais da cadeia produtiva do turismo.

38
A realização das actividades turísticas como turismo de montanha, touring, geoturismo, ecoturismo,
turismo activo/desportivo e de aventura, turismo cultural, turismo arqueológico, turismo de
meditação e turismo equestre dependem basicamente dos recursos existentes no destino e
investimentos realizados. O planeamento turístico da região tomará em conta certos factores que
poderão favorecer a racionalidade dos recursos financeiros. Ou seja, procurar-se-á desenvolver as
actividades proposta tomando em conta factores como proximidade, complementaridade,
exequibilidade, acessibilidade e outras sinergias.

Sendo assim, procurar-se-á não dispersar os pontos de realização de actividades, e criar-se-á um


ambiente de partilha de recursos, meios e/ou as principais linhas de acessibilidade existentes. Os
serviços existentes serão criados de modo que sejam complementares e aglomerados em forma de
um agregado e evitar-se-á dispersá-las, mesmo porque alguns meios, como a rede de abastecimento
de água, a corrente eléctrica e alguns serviços básicos estarão localizados em forma de agregado.

5. Benchmarking

Benchmarking é um processo de comparação de produtos, serviços e práticas empresariais, e é um


importante instrumento de gestão das empresas. Este instrumento realiza-se através de pesquisas
para comparar as acções de cada empresa que opera no ramo que interessa pesquisar.

Este processo tem como objectivo, melhorar as funções e processos de uma determinada empresa,
além de ser importante aliado para vencer a concorrência, uma vez que o banchmarking analisa as
estratégias e possibilita a outra empresa a criar e ter ideias novas acima daquilo que actualmente
realiza-se. O processo consiste ainda em aprender com outras empresas, sendo um trabalho de
grande intensidade, que requer bastante tempo e disciplina. O banchmarking pode ser aplicado a
qualquer processo e é relevante para qualquer organização, tendo em conta que é um instrumento
que poderá contribuir para melhorar o desempenho da empresa ou organização.

Muitas empresas utilizam este método para melhorar a sua gestão mediante a realização continua e
sistemática de levantamentos, comparações e análises de práticas, processos, produtos e serviços
prestados por outras empresas, normalmente reconhecidas por representarem as melhores práticas.
No entanto, este processo irá gerar informações importantes para que as empresas conheçam
diferentes maneiras de lidar com situações e problemas semelhantes e, desta forma contribuir para
que possam aperfeiçoar os seus próprios processos de trabalho e determinar as melhores práticas
para um processo ou um produto em particular, neste contexto trata-se de produto turístico.
39
Portanto, em termos de Benchmarking, o produto Chimanimani terá como referência a nível
nacional, o Parque Nacional da Gorongosa. Sobre Gorongosa, aproveitar-se-á as suas formas de
desenvolver o produto através de criação de infra-estruturas básicas e específicas para o turismo,
estabelecimento de uma imagem e marca forte e actividades de preservação e conservação de
espécies florísticas e faunísticas bem como paisagísticas favoráveis ao desenvolvimento de um
turismo sustentável. O Parque Nacional da Gorongosa desenvolveu interessantes projectos de
integração das populações, como forma de garantir também o uso sustentável dos recursos do
parque. Esta experiencia será fundamental, pois dever-se-á desenvolver um plano integrado que
enquadra as comunidades locais no processo de desenvolvimento turístico como sendo um dos
pilares para garantia da sustentabilidade, uma vez que elas se sentem como as proprietárias dos
demais recursos existentes na região de Chimanimani.
A nível regional, foram levantadas duas referências, sendo os destinos Drakensberg e as Quedas
Victoria. As principais experiências apreendidas destas prendem-se com as técnicas de marketing e
a projecção da boa imagem no plano internacional, bem como as experiências em relação ao
investimento na eficiência e distribuição de informações úteis aos consumidores turistas, algo que
está ligado a adopção de um quadro de recursos humanos altamente qualificados, favorecidos pelas
alianças estratégicas com grandes agências internacionais emissoras de turistas, e ainda a
identificação precisa da segmentação geográfica dos turistas que procuram o produto “natureza”.

6. Desenvolvimento do Destino Turístico:

6.1. Portfólio de produtos e respetivo potencial de desenvolvimento:

Segundo Beni (2001: 172) o produto turístico define-se como o “conjunto de bens e serviços
produzidos em diversas unidades económicas que sofre uma agregação no mercado ao serem
postos em destaque os atrativos turísticos”.
Ao analisar o potencial de desenvolvimento de produtos turísticos vários aspetos devem ser levados
em consideração. Primeiramente deve ser considerado o potencial de atratividade dos recursos
existentes, depois devem ser analisadas as estruturas de apoio implementadas e as necessárias para
o consumo desses recursos e por fim deve ser contextualizado cada produto em conformidade com
o seu posicionamento no ciclo de vida.

40
Tabela de Portfolio e Potencial de Desenvolvimento dos Produtos Turísticos:
Produto Subprodutos Principal Atividades Recursos Comunidades Potencial de
Turístico Turísticos Atrativo Realizaveis Envolvidos Envolvidas Desenvolvimento
Cadeia
Montanhosa
do Monte
Binga; Machonga;
Passagem Mahate;
Touring; estreita entre Mpunga;
Turismo de
Monte Binga Meditação; montanhas;
Montanha Muchangiwa;
Birdwathing; Sete Serras;
Cascatas; Mutoa
Rio;
Biodiversidade
faunística e
florística
Cordilheira
Estudos e Montanhosa
Cordilheira Machonga;
contemplação de do Monte
montanhosa Mahate;
formações Binga;
Geoturismo incluindo
geológicas de Passagem Mpunga
Monte Binga e
raridade estreita entre
Sete Serras
cénica/estética montanhas;
Sete Serras
Machire;
Maronga;
Monte Binga; Moço;
Natureza Biodiversidade Touring; Zomba;
faunística e Birdwathing; Machonga;
florística; Rios Equitação; Mahate;
Ecoturismo Todos
e quedas de Kayaking;
água; Interação com Mpunga;
Comunidades comunidades; Gudza;
e Equitação Nhaedzi;
Muchangiwa;
Mutoa
Climbing; Cordilheira Machonga;
Hiking; Montanhosa Mahate;
Turismo de Monte Binga, Mountaineering; do Monte Mpunga;
Aventura trilhas; Rios Trecking; Binga e Sete Nhaedzi;
Kayaking; Serras; Monte Muchangiwa;
Escaladas; Binga, Rios. Mutoa
Machire;
Maronga;
Elefantes, Moço;
Bufalos, Safari; Caça Zomba;
Turismo
Leopardo, Fotográfica; Fauna
Cinegético Machonga;
Macacos e Birdwatching
Aves Mahate;
Mpunga;
Gudza;

41
Nhaedzi;
Muchangiwa;
Mutoa
Machire;
Maronga;
Moço;
Gastronomia; Zomba;
Dança; Canto; Machonga;
Comunidades Comunidades
Comunitário Social/Cultural Rituais Mahate;
Locais Locais
sagrados; Outras Mpunga;
tradições
Gudza;
Nhaedzi;
Muchangiwa;
Mutoa
Observação das
Pinturas Pinturas Gudza;
Arqueológico - pinturas
Rupestres Rupestres Nhaedzi
rupestres

Legenda do Potencial de Desenvolvimento: Forte Moderado Fraco

6.2. Contextualização e Posicionamento dos Produtos Turísticos

Os produtos turísticos a serem desenvolvidos na Reserva Nacional de Chimanimani são divididos


em três categorias: turismo de natureza que se configura como o produto estratégico encontrando-se
subdividido em cinco subprodutos, turismo comunitário e turismo arqueológico.

6.2.1.1. Turismo de Natureza:

• Subproduto Turismo de Montanha: Tem no Monte Binga, ponto mais alto do território
moçambicano, como seu principal atrativo. Proporciona atividades de dificuldade soft como
touring, meditação ou birdwatching fruto de recursos como a cordilheira do Monte Binga,
Sete Serras, cascatas, rios, vegetação afro-montana e uma multiplicidade de fauna bravia.
• Subproduto Geoturismo: Subproduto de importância extrema pois alicerça a candidatura de
adesão da Reserva Nacional de Chimanimani à Rede Global de Geoparques. Tem como
principais atrativos a cordilheira montanhosa do Monte Binga e das Sete Serras com todos
os atrativos geológicos e geomorfológicos que encerram e que podem contribuir para
estudos científicos.
• Subproduto Ecoturismo: Subproduto que propicia um infindável número de atividades na
natureza como touring, birdwathing, equitação, kayaking entre outras. Contudo deve-se garantir
42
que o ecoturismo contribui favoravelmente para o desenvolvimento socioeconómico das
comunidades locais e que existirá uma interação turistas/comunidades da reserva.
• Subproduto Turismo de Aventura: Encerra em si a realização de atividades físicas
categorizadas como fisicamente hard. Usufruindo de recursos como o Monte Binga, trilhas
de montanha e rios permite desenvolver atividades como climbing, hiking, mountaineering,
trecking, kayaking ou escalada.
• Subproduto Turismo Cinegético: A Reserva Nacional de Chimanimani pensa desenvolver o
turismo cinegético de uma forma responsável e sustentável. Assim, a pesca será permitida
sob quotas a serem definidas pela administração da reserva e durante os safaris só será
admitida a caça fotográfica.

6.2.1.2. Turismo Comunitário:

O turismo comunitário será uma prioridade da Reserva Nacional de Chimanimani. Desta forma,
qualquer atividade turística a ser desenvolvida dentro da reserva terá obrigatoriamente que
contribuir para o desenvolvimento socioeconómico das comunidades locais. Sempre que possível
estas devem ser englobadas em atividades diretas com os turistas assim como ter voz ativa nas
decisões estratégicas desenvolvidas pela administração da reserva.
O modo de vida das populações, os seus costumes e cultura, são um fator de extrema relevância
para a competitividade da reserva e devem contribuir para a criação de uma cultura e atmosfera
própria capaz de conferir o “ADN” necessário para a consolidação de uma imagem de marca.
Os rituais sagrados das comunidades da reserva, onde evocam os poderes da natureza na Montanha
dos Espíritos, é um grande atrativo.

6.2.1.3. Turismo Arqueológico: Uma das principais atrações da Reserva Nacional de Chimanimani
são as suas pinturas rupestres. Datas de 4.000 ano A.C., estas gravuras são um espólio de enorme
relevo para os amantes da arqueologia e do público em geral. Estas representam a comunidade
primitiva de caçadores que habitaram naquela região.

43
6.2.2. Posicionamento dos Produtos Turísticos da Reserva Nacional de Chimanimani:

A exploração da atividade turística da Reserva Nacional de Chimanimani ainda é residual, levando


a que nenhum dos produtos turísticos explorados já tenha atingido a sua fase de maturidade.
Por outro lado, produtos turísticos essenciais ao desenvolvimento sustentável da RNC ainda não
estão a ser explorados como é o caso do geoturismo e do turismo comunitário. Propõe-se assim o
estabelecimento desses dois novos produtos que são considerados como futuros produtos turísticos
estratégicos.

Tabela do Posicionamento e Reposicionamento dos Produtos Turísticos:

Turismo de Montanha
Produtos
Hierarquia dos Produtos Turísticos

Estratégicos
Ecoturismo

Turismo de Aventura Turismo Cinegético


Produtos
Complementares Turismo Arqueológico

Geoturismo
Novos
Produtos
Turismo Comunitário

Lançamento Crescimento Maturidade Declínio Rejuvenescimento


Ciclo de Desenvolvimento

6.3. Proposta de modelo de negócio:


6.3.1. Visão de futuro:
A Reserva Nacional de Chimanimani tem como visão de futuro a adesão à Rede Global de
Geoparques no intuito de ganhar notoriedade e relevância a nível internacional.
A Rede Global de Geoparques foi criada em 2004 através de uma parceria entre a UNESCO e a
UICG (União Internacional de Ciências Geológicas). Tem como objetivo distinguir áreas naturais

44
de valor geológico extraordinário e que pela extensão das suas áreas territoriais tenham capacidade
de fomentar o desenvolvimento socioecónomico das populações locais baseado na geologia e nos
recursos naturais.
Atualmente a Rede Global de Geoparques conta com 100 parques naturais pelos mais diversos
continentes mas infelizmente nenhum em solo africano.
Sob as insígnias da UNESCO a Reserva Nacional de Chimanimani poderá contar com o apoio de
variados especialistas em conservação de parques naturais que proporcionará indiscutivelmente uma
garantia de qualidade de serviços proporcionados aos turistas. Não menos importantes, são os
benefícios da imagem e comercialização com que a reserva poderá contar ao ser promovida pelos
canais oficiais da UNESCO e da Rede Global de Geoparques.
Assim, pretende-se que a Reserva Nacional de Chimanimani ao ser reconhecida como primeira e
única reserva africana pertencente à Rede Global de Geoparques colha os frutos do turismo
internacional projetando-se como território de renome e excelência no panorama do continente
africano, contribuindo para o desenvolvimento do turismo moçambicano e das condições
socioeconómicas das populações da província de Manica através de clusters de apoio à atividade
turística.

6.3.2. Segmentação da procura.

Para Kotler et al. (2005: 391) a segmentação consiste em dividir a globalidade do mercado em
destintos grupos de compradores com diferentes necessidades, características ou comportamentos,
aos quais devemos oferecer diferentes tipos de produtos ou aplicar diferentes Marketing Mix. Para
os autores “through market segmentation, companies divide large, heterogeneous markets into
smaller segments that can be reached more efficiently with products and services that match their
unique needs”.
Em turismo vários são os fatores argumentativos para uma segmentação de mercado. Variáveis
como objetivo da viagem, necessidades dos turistas, comportamento dos turistas, perfil (económico,
demográfico, geográfico, geodemográfico ou psicológico) do turista e a sua sensibilidade ao fator
preço são fundamentais para a escolha correta de turistas que se quer alcançar.
Na ótica da Reserva Nacional de Chimanimani a segmentação da procura deverá ser dividida em 3
áreas distintas: turismo interno e turismo recetor.

Turismo interno: em virtude do fluxo turístico interno de Moçambique se incipiente admite-se


apenas fazer uma segmentação geodemográfica onde escolhe-se como alvo as populações citadinas
45
residentes nas capitais províncias do país, pois são aquelas que têm mais acesso aos órgãos de
informação, maior nível educacional e maior capacidade económica.

Turismo recetor: A segmentação do turismo recetor começará por ser psicográfica onde tentar-se-á
chegar aos turistas que tenham gosto pelas atividades na natureza, quer seja para desfrutar da
observação dos atrativos naturais, como para realizar atividades ao ar livre ou pelas áreas de estudo
como geologia, mineralogia, arqueologia, antropologia entre outras. O perfil dos turistas a atrair é
de um turista de habilitações académicas superiores, cultos, aventureiros e ecologicamente
conscientes.
A segmentação geográfica será dividida em dois grupos distintos: os países da África Austral
transfronteiriços como África do Sul, Swazilândia, Zimbabué, Zâmbia, Malawi e Tanzânia e os
países ocidentais onde a UNESCO possui um estatuto e uma preponderância relevante e onde a
Rede Global de Geoparques está consolidada como os países europeus e norte-americanos.
Visto que as deslocações continentais e intercontinentais envolvendo o continente africano são
extremamente dispendiosas, será feito também uma segmentação socioeconómica pois só os turistas
com algum poder aquisitivo poderão comportar os custos das viagens até Moçambique.

6.3. Atração e fidelização de clientes:

Bank (1998) revela que a qualidade é um dos principais fatores de sucesso das organizações pois
mexe diretamente com a satisfação do cliente, satisfação essa que contribuirá decididamente para a
sua atração, fidelização e consequente aumento do consumo. Contudo, os benefícios da qualidade
não devem ser vistos somente sobre uma perspetiva de venda. Juran e Gryna (1991) afirmam que a
adoção de práticas da qualidade contribui para que exista maior eficiência e menos falhas na
produção de serviços, mitigando assim os custos associados às operações.
De acordo com o novo perfil de turistas definidos por Poon (1994), estes são mais cultos, mais
informados, ecologicamente mais responsáveis e mais aventureiros, o que se traduz num maior
nível de exigência quanto à qualidade dos serviços prestados.
Desta forma, os padrões de qualidade oferecidos devem garantir o foco no cliente como ativo mais
importante das organizações e proporcionar-lhes a satisfação de todas as necessidades superando as
suas expectativas. Assim, visa-se assegurar a sua fidelização, o aumento do seu impacto económico
e exponenciar o marketing indireto fazendo dos clientes um meio de divulgação da Reserva
Nacional de Chimanimani.

46
Na revista intitulada de Ecological and Earth Sciences in UNESCO (2006: 2) da Rede Global de
Geoparques está expresso que um “geopark stimulates local socio-economic development through
the promotion of a quality label linked with the local natural heritage (…) this network promotes
high quality standards in park services, the sharing of common strategies and best practice for
preservation and geotourism development, and the exchange of knowledge and support on various
issues facing geoparks around the globe”
As áreas de atuação e controlo de qualidade por parte dos inspetores da Rede Global de Geoparques
são: a geoconservação, programas educacionais, a sustentabilidade turística, o envolvimento da
comunidade local, o progresso socioeconómico alcançado, as parcerias com outros geoparques da
rede, a transparência financeira e a visibilidade externa da reserva.
Os geoparques membros da Rede Global são inspecionados a cada quatro anos e caso não
preencham os critérios exigidos, têm dois anos para assegurar a manutenção dos padrões de
qualidade, sendo removidos da Rede caso não o consigam.
Como forma de avaliação cada reserva obtém um green, yellow ou red card em cada item de
avaliação.

7. Estratégias de Desenvolvimento:

Considerando a proposta de modelo de negócio previamente apresentada, sugere-se a seguinte


estratégia de desenvolvimento para a Reserva Nacional de Chimanimani para a prossecução do
objetivo de adesão à Rede Global de Geoparques:

7.1. Ações de implementação:

7.1.1. Para um projeto de tamanha magnitude é estritamente necessário o envolvimento das


organizações governamentais e provinciais.
Assim, é essencial procurar conseguir o comprometimento de organismos governamentais como o
Ministério para a Coordenação da Ação Ambiental através do Fundo do Ambiente ou da Agência
Nacional para o Controlo da Qualidade Ambiental, o Ministério do Interior, o Ministério da
Planificação e Desenvolvimento através do Centro de Promoção de Investimentos e do Programa de
Apoio às Finanças Rurais, Ministério do Turismo mais concretamente a Direção Nacional das Áreas
de Conservação (DINAC) e do Fundo Nacional do Turismo, do Ministério da Agricultura através
da Direção Nacional de Terras e Florestas e do Centro Nacional de Cartografia e de Teledeteção,

47
Ministério das Finanças e Ministério da Cultura através da Direção Nacional do Património Cultural
e do Instituto de Investigação Sociocultural.
Quanto a organismos provinciais e locais é imperativo o apoio do Governo Provincial de Manica e
do Município de Sussundenga.

7.1.2. Segundo o documento da UNESCO intitulado Guidelines and Criteria for National Geoparks
seeking UNESCO's assistance to join the Global Geoparks Network (2010), os parques e reservas
que se candidatem à adesão à Rede Global de Geoparques devem garantir obrigatoriamente as
seguintes ações:
• definir e consolidar as fronteiras territoriais da Reserva Nacional de Chimanimani;
• garantir o envolvimento das comunidades locais na gestão estratégica da Reserva no intuito
de alcançar um envolvimento das autoridades locais, o desenvolvimento das comunidades
locais, criar uma identidade específica do parque, desenvolver um turismo sustentável e
adequado ao estilo de vida local;
• estimular o desenvolvimento económico da região sem perigar a sustentabilidade cultural e
ambiental e apoiando o empreendedorismo local;
• fomentar e apoiar programas de educação e de atividades geocientíficas e ecológicas através
da criação de museus, programas educacionais, literatura, mapas, guias turísticos, centros de
formação, protocolos com universidades ou pesquisas cientificas;
• Criar legislação específica de proteção e conservação da Reserva Nacional de Chimanimani
com especial atenção a pedras, rochas, minerais, fosseis e paisagens que sirvam de fonte de
estudo a disciplinas como Geologia, Geologia Económica e Minas, Engenharia Geológica,
Geomorfologia, Hidrologia, Mineralogia, Paleontologia, Vulcanologia entre outras.
• Contribuir para a Rede Global de Geoparques da UNESCO com plataformas de cooperação e
trocas entre cientistas e estudiosos com os restantes geoparques da rede espalhados pelo
mundo e produzir artigos para a newsletter da Rede Global de Geoparques, livros e
publicações científicas.

7.1.3. Após estarem garantidas as condições necessárias para a implementação das ações acima
citadas, deve-se submeter um dossier de adesão à Rede Global de Geoparques junto da Global
Earth Observation Section da Division of Ecologicaland Earth Sciences da UNESCO de 1 de
Outubro a 1 de Dezembro.

48
O dossier deverá ser escrito em inglês ou francês, conter um máximo de 50 páginas e apresentar-se
em três partes:
• autoavaliação;
• listagem pormenorizada de todos os recursos da Reserva;
• carta de apoio e suporte das autoridades governamentais de Moçambique onde declaram o
interesse na criação do Geoparque na área proposta.

O dossier deverá conter os seguintes elementos:


• Identificação da área geográfica;
• Recursos geológicos;
• Medidas de geoconservação;
• Atividade e económica a ser desenvolvida e plano de negócios;
• Carta de motivação à adesão a Rede Global de Geoparques.

7.1.4. Depois de submetido o dossier de candidatura de adesão à Rede Global de Geoparques deverá
existir uma visita de avaliação5, de 1 de Janeiro a 30 de Abril, por parte de “experts” da UNESCO
antes da adesão ser confirmada. Convém referir que a os custos da viagem, estadia e transporte local
dos membros avaliadores da UNESCO devem ser suportados pelas autoridades moçambicanas.

7.1.5. Por fim, e depois de garantir a acreditação e a adesão à Rede Global de Geoparques espera-se
atacar o mercado internacional junto dos grandes operadores turísticos sob o título de primeiro e
único geoparque credenciado pela UNESCO no continente africano.

7.2. Fatores críticos de sucesso:

Os fatores críticos de sucesso no desenvolvimento de produtos turísticos são aqueles que estimulam
no turista o desejo de viagem. Desta forma é composto pelos atrativos “ancora”, aqueles que se
revestem de importância maior e que tornam um destino único.
Perante a proposta de modelo de negócio apresentada, a adesão à Rede Global de Geoparques
encerra em si um fator crítico de sucesso. A credibilidade de que goza a imagem da UNESCO junto
5
Vide anexo 6: Fichas de avaliação da Rede Global de Geoparques
49
dos consumidores/turistas mundiais confere um tremendo “selo de qualidade”, exclusividade e
singularidade à Reserva Nacional de Chimanimani que lhe permitirá uma inegável vantagem
competitiva quanto à sua exposição no mercado assim como à atração de demanda. Este aspeto
poderá ser exponenciado se considerar-se que o continente africano tão famoso pelas suas riquezas
naturais, ainda não possui um geoparque credenciado pela UNESCO.
Outro fator crítico de sucesso é a vasta gama de recursos que a reserva oferece, em contraponto a
outras reservas mais especializadas, e que a capacita para satisfazer os desejos de variados tipos de
turistas pois englobam recursos faunísticos, florísticos, geológicos, hidrológicos, arqueológicos ou
mesmo socio antropológicos. Este facto torna possível desenvolver uma multiplicidade produtos
turísticos como turismo de montanha, ecoturismo, geoturismo, turismo arqueológico ou atividades
como equitação, birdwatching, caça fotográfica, kayaking, trecking, hiking ou clibing debaixo do
conceito generalizado de produto como é o turismo de natureza.
Analisando a avaliação dos principais recursos turísticos da RNC concluísse tratarem-se também de
fatores críticos de sucesso o Monte Binga (ponto mais alto de Moçambique), as pinturas rupestres e
a riquíssima oferta faunística e florística por serem os recursos mais valiosos da reserva e com
capacidade de atratividade internacional.

7.3. Instrumentos Financeiros e meios de apoios necessários.

Como já foi referido, para a adesão à Rede Global de Geoparques primeiramente é necessário o
apoio expresso do governo moçambicano à candidatura da RNC.
Porém, para implementar todas as ações necessárias ao sucesso do pedido de adesão é
extremamente importante angariar apoios financeiros para a prossecução do projeto.
No quadro dos apoios financeiros destacam-se os de origem Estatal e afetos aos mais diversos
Ministérios. Assim, desde logo surge o Fundo Nacional do Turismo do Ministério do Turismo; o
Centro de Promoção de Investimento e o Programa de Apoio às Finanças Rurias do Ministério da
Planificação e Desenvolvimento; o Fundo do Ambiente do Ministério para Coordenação da Acção
Ambiental; e os Fundos de Desenvolvimento Comunitários afetos à autarquia de Sussundenga e
Governo Provincial de Manica.

50
8. Análise crítica e conclusiva:

A Reserva Nacional de Chimanimani possui características ímpares visando o desenvolvimento do


produto turismo de natureza. Os recursos ali observados surpreendem pela variedade de opções que
apresentam e que vão desde os recursos geológicos à fauna, flora, rios, gravuras rupestres e a um
riquíssimo conjunto de onze comunidades com todas as suas tradições e costumes. Apesar do
desenvolvimento turístico ser ainda parco, há todo um conjunto de potencialidade que o permitem
tornar-se um produto turístico de nível nacional, regional e continental.
O principal objetivo deste trabalho foi alcançado, apesar das dificuldades apresentadas no capítulo
inicial, onde destacou-se a recolha de dados como principal constrangimento. Mesmo assim, isso
não impediu que o trabalho fosse realizado com sucesso. Já que o objeto do papper era de
apresentar uma proposta de um produto turístico a ser implementado em alguma região do território
moçambicano, finalmente conseguiu-se realizar esse ensejo, com a proposta futura de criação de um
geoparque a ser instituído pela entidade que superintende esse sector, que é a UNESCO em
colaboração com outras entidades nacionais ou não. Os atrativos turísticos para criação de um
geoparque são evidentes em Chimanimani, o que se deve realizar são investimentos necessários,
antecedido de um planeamento territorial e turístico integrado e com base em princípios de
sustentabilidade.
A conceção do produto turístico geoparque irá englobar uma série de atividades turísticas, tais como
Turismo de Montanha, Geoturismo, Ecoturismo, Turismo de Aventura, Turismo Cinegético, Turismo
Comunitário e Turismo Arqueológico. Estas atividades serão proporcionadas por um conjunto de empresas
especializadas na área de turismo, sob tutela do Governo, na qual cada empresa fará o seu papel, mas no fim
elas funcionam como um sistema único, tornando assim funcional um cluster de turismo, o único da região.
Deste modo, o objetivo do trabalho acaba sendo respondido, apesar de todas dificuldades encaradas no
processo.
Em termos de propostas para consecução do propósito, sugere-se um levantamento de recursos com mais
pormenor e mais meios, incluindo helicópteros, tendo em conta que o terreno é bastante acidentado e não foi
possível alcançar todos pontos (o que levanta possibilidades de localização de outros atrativos interessantes);
organização de uma equipa multidisciplinar para planeamento e implementação do plano, incluindo
topógrafos, geógrafos, antropólogos, “turismólogos”, arquitetos, arqueólogos, entre outros; sugere-se o
engajamento integral de cada um dos integrantes desde o momento inicial de conceção até às fases
subsequentes; para que esse projeto seja um sucesso, deve haver forte investimento financeiro para criação
de infraestruturas básicas e específicas para o produto turístico escolhido.

51
Referências Bibliográficas:

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52
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[on-line available] http://www.visitmozambique.net

[on-line available] http://www.googleearth.com


53
Anexos
1) Decreto n°34/2003 com a institucionalização da RNC

54
2) Mapa: Localização geográfica da ACTF de Chimanimani

55
3) Mapa da RNC com as suas principais localidades

56
4. Lista de espécies de aves 358 Emerald-spotted Wood-dove (25170) Turtur
chalcospilos
rebes 359 Tambourine Dove (25190) Turtur tympanistria
8 Little Grebe (36110) Tachybaptus ruficollis 360 Lemon Dove (24840) Aplopelia larvata
hamerkop and storks 361 African Green-pigeon (26310) Treron calvus
81 Hamerkop (37490) Scopus umbretta turacos, go-away-birds
83 White Stork (38150) Ciconia ciconia 370 Livingstone’s Turaco (21210) Tauraco livingstonii
ducks 371 Purple-crested Turaco (21310) Gallirex
105 African Black Duck (4290) Anas sparsa porphyreolophus
typical raptors – kites, eagles, hawks, buzzards, cuckoos, malkohas, coucals
osprey 375 African Cuckoo (12030) Cuculus gularis
125 White-headed Vulture (33650) Aegypius occipitalis 377 Red-chested Cuckoo (11990) Cuculus solitarius
126 Yellow-billed Kite (33381) Milvus migrans 378 Black Cuckoo (12000) Cuculus clamosus
parasitus 384 African Emerald Cuckoo (12330) Chrysococcyx
127 Black-shouldered Kite (33260) Elanus caeruleus cupreus
131 Verreaux's Eagle (35220) Aquila verreauxii 385 Klaas's Cuckoo (12320) Chrysococcyx klaas
139 Long-crested Eagle (35320) Lophaetus occipitalis 386 Diderick Cuckoo (12340) Chrysococcyx caprius
141 African Crowned Eagle (35430) Stephanoaetus 387 Green Malkoha (12430) Ceuthmochares aereus
coronatus 391 Burchell's Coucal (12940) Centropus burchellii
142 Brown Snake-eagle (33690) Circaetus cinereus owls
144 Southern Banded Snake-eagle (33700) Circaetus 392 Barn Owl (21510) Tyto alba
fasciolatus 397 Southern White-faced Scops-owl (21841) Ptilopsis
149 Steppe Buzzard (34970) Buteo vulpinus granti
153 Augur Buzzard (35050) Buteo augur 400 Cape Eagle-owl (22080) Bubo capensis
154 Lizard Buzzard (33960) Kaupifalco 401 Spotted Eagle-Owl (22090) Bubo africanus
monogrammicus nightjars
160 African Goshawk (34050) Accipiter tachiro 408 Freckled Nightjar (24130) Caprimulgus tristigma
165 African Marsh-harrier (33820) Circus ranivorus swifts
falcons 411 Common Swift (17750) Apus apus
172 Lanner Falcon (36000) Falco biarmicus 412 African Black Swift (17790) Apus barbatus
176 Taita Falcon (36080) Falco fasciinucha 415 White-rumped Swift (17890) Apus caffer
181 Rock Kestrel (35730) Falco rupicolus 418 Alpine Swift (17720) Tachymarptis melba
francolins/spurfowls, quails, guineafowls 420 Scarce Swift (17360) Schoutedenapus myoptilus
188 Coqui Francolin (1490) Peliperdix coqui mousebirds
191 Shelley's Francolin (1590) Scleroptila shelleyi 424 Speckled Mousebird (11830) Colius striatus
198 Red-necked Spurfowl (1760) Pternistis afer kingfishers
199 Swainson's Spurfowl (1770) Pternistis swainsonii 429 Giant Kingfisher (11480) Megaceryle maximus
200 Common Quail (1910) Coturnix coturnix 430 Half-collared Kingfisher (10640) Alcedo
203 Helmeted Guineafowl (3050) Numida meleagris semitorquata
buttonquails, cranes, crakes & flufftails 431 Malachite Kingfisher (10720) Alcedo cristata
217 Red-chested Flufftail (27980) Sarothrura rufa 432 African Pygmy-kingfisher (10850) Ispidina picta
plovers, lapwings, sandpipers, stints, snipes, curlews, 435 Brown-hooded Kingfisher (11060) Halcyon
whimbrels albiventris
260 African Wattled Lapwing (31510) Vanellus 436 Grey-headed Kingfisher (11020) Halcyon
senegallus leucocephala
264 Common Sandpiper (30120) Actitis hypoleucos 437 Striped Kingfisher (11070) Halcyon chelicuti
270 Common Greenshank (30040) Tringa nebularia bee-eaters
285 Great Snipe (29740) Gallinago media 438 European Bee-eater (11780) Merops apiaster
286 African Snipe (29760) Gallinago nigripennis 444 Little Bee-eater (11640) Merops pusillus
doves, pigeons 445 Swallow-tailed Bee-eater (11670) Merops
349 Speckled Pigeon (24350) Columba guinea hirundineus
350 African Olive-pigeon (24470) Columba arquatrix hoopoes
352 Red-eyed Dove (24960) Streptopelia semitorquata 451 African Hoopoe (9820) Upupa africana
354 Cape Turtle-dove (24940) Streptopelia capicola 452 Green Wood-hoopoe (9830) Phoeniculus purpureus
356 Namaqua Dove (25210) Oena capensis 454 Common Scimitarbill (9890) Rhinopomastus
357 Blue-spotted Wood-dove (25180) Turtur afer cyanomelas
hornbills
57
455 Trumpeter Hornbill (9710) Bycanistes bucinator 569 Terrestrial Brownbul (72060) Phyllastrephus
456 Silvery-cheeked Hornbill (9730) Bycanistes brevis terrestris
460 Crowned Hornbill (9340) Tockus alboterminatus 570 Yellow-streaked Greenbul (72150) Phyllastrephus
barbets, tinkerbirds flavostriatus
464 Black-collared Barbet (8070) Lybius torquatus 573 Stripe-cheeked Greenbul (71900) Andropadus
466 White-eared Barbet (7810) Stactolaema leucotis milanjensis
471 Yellow-rumped Tinkerbird (7910) Pogoniulus 574 Yellow-bellied Greenbul (71980) Chlorocichla
bilineatus flaviventris
honeyguides 575 Eastern Nicator (72310) Nicator gularis
474 Greater Honeyguide (5200) Indicator indicator thrushes, robins
475 Scaly-throated Honeyguide (5190) Indicator 576 Kurrichane Thrush (63450) Turdus libonyanus
variegatus 577 Olive Thrush (63470) Turdus olivaceus
476 Lesser Honeyguide (5220) Indicator minor 584 Miombo Rock-thrush (62540) Monticola angolensis
479 Green-backed Honeybird (5330) Prodotiscus 589 Familiar Chat (66780) Cercomela familiaris
zambesiae 593 Mocking Cliff-chat (66910) Thamnolaea
woodpeckers, wrynecks cinnamomeiventris
483 Golden-tailed Woodpecker (5980) Campethera 596 African Stonechat (66450) Saxicola torquatus
abingoni 599 White-browed Robin-chat (65800) Cossypha
486 Cardinal Woodpecker (6100) Dendropicos heuglini
fuscescens 600 Red-capped Robin-chat (65810) Cossypha
489 Red-throated Wryneck (5360) Jynx ruficollis natalensis
swallows & martins 601 Cape Robin-chat (65750) Cossypha caffra
518 Barn Swallow (70780) Hirundo rustica 606 White-starred Robin (65390) Pogonocichla stellata
520 White-throated Swallow (70820) Hirundo 617 Bearded Scrub-robin (65910) Cercotrichas
albigularis quadrivirgata
521 Blue Swallow (70890) Hirundo atrocaerulea warblers
522 Wire-tailed Swallow (70860) Hirundo smithii 624 Southern Hyliota (77080) Hyliota australis
527 Lesser Striped Swallow (70940) Hirundo 637 Dark-capped Yellow Warbler (75920) Chloropeta
abyssinica natalensis
529 Rock Martin (70760) Hirundo fuligula 639 Barratt's Warbler (75180) Bradypterus barratti
530 Common House-martin (71120) Delichon urbicum 642 Broad-tailed Warbler (77300) Schoenicola
537 Eastern Saw-wing (71240) Psalidoprocne orientalis brevirostris
cuckooshrikes 643 Willow Warbler (76560) Phylloscopus trochilus
538 Black Cuckooshrike (59280) Campephaga flava 644 Yellow-throated Woodland-warbler (76520)
539 White-breasted Cuckooshrike (58880) Coracina Phylloscopus ruficapilla
pectoralis 645 Bar-throated Apalis (73580) Apalis thoracica
540 Grey Cuckooshrike (58890) Coracina caesia 646 Chirinda Apalis (73760) Apalis chirindensis
drongos 648 Yellow-breasted Apalis (73640) Apalis flavida
541 Fork-tailed Drongo (59930) Dicrurus adsimilis 650 Red-faced Crombec (76370) Sylvietta whytii
542 Square-tailed Drongo (59910) Dicrurus ludwigii 651 Long-billed Crombec (76390) Sylvietta rufescens
orioles 655 Green-capped Eremomela (76190) Eremomela
543 Eurasian Golden Oriole (58480) Oriolus oriolus scotops
544 African Golden Oriole (58490) Oriolus auratus 657 Green-backed Camaroptera (73850) Camaroptera
545 Black-headed Oriole (58560) Oriolus larvatus brachyura
crows 661 Cape Grassbird (75420) Sphenoeacus afer
550 White-necked Raven (57650) Corvus albicollis 663 Moustached Grass-warbler (75400) Melocichla
tits mentalis
553 Miombo Tit (70090) Parus griseiventris cisticolas, prinias
554 Southern Black Tit (70000) Parus niger 667 Wing-snapping Cisticola (73210) Cisticola ayresii
556 Rufous-bellied Tit (70040) Parus rufiventris 670 Wailing Cisticola (72930) Cisticola lais
558 Grey Penduline-tit (69720) Anthoscopus caroli 672 Rattling Cisticola (72860) Cisticola chiniana
creepers 673 Singing Cisticola (72740) Cisticola cantans
559 Spotted Creeper (68740) Salpornis spilonotus 677 Levaillant's Cisticola (73000) Cisticola tinniens
babblers 678 Croaking Cisticola (73040) Cisticola natalensis
560 Arrow-marked Babbler (79280) Turdoides jardineii 679 Lazy Cisticola (72840) Cisticola aberrans
bulbuls, nicators 681 Neddicky (73050) Cisticola fulvicapilla
568 Dark-capped Bulbul (71520) Pycnonotus tricolor 683 Tawny-flanked Prinia (73380) Prinia subflava
58
684 Roberts's Warbler (73500) Oreophilais robertsi 780 Purple-banded Sunbird (82760) Cinnyris
flycatchers, batises bifasciatus
689 Spotted Flycatcher (64490) Muscicapa striata 784 Miombo Double-collared Sunbird (82470) Cinnyris
690 African Dusky Flycatcher (64660) Muscicapa manoensis
adusta 786 Variable Sunbird (82380) Cinnyris venustus
691 Ashy Flycatcher (64720) Muscicapa caerulescens 787 White-bellied Sunbird (82400) Cinnyris talatala
693 Grey Tit-flycatcher (64740) Myioparus plumbeus 790 Olive Sunbird (82060) Cyanomitra olivacea
696 Pale Flycatcher (64230) Bradornis pallidus 791 Scarlet-chested Sunbird (82230) Cyanomitra
699 Black-and-white Flycatcher (61740) Bias musicus senegalensis
700 Cape Batis (61810) Batis capensis 792 Amethyst Sunbird (82210) Cyanomitra
701 Chin-spot Batis (61830) Batis molitor amethystina
702 Pale Batis (61840) Batis soror Dana Tours
708 Blue-mantled Crested Flycatcher (60230) 793 Collared Sunbird (82000) Hedydipna collaris
Trochocercus cyanomelas 797 African Yellow White-eye (73960) Zosterops
709 White-tailed Crested Flycatcher (60210) Elminia senegalensis
albonotata weavers, sparrows
710 African Paradise-flycatcher (60310) Terpsiphone 807 Thick-billed Weaver (85510) Amblyospiza albifrons
viridis 808 Dark-backed Weaver (85020) Ploceus bicolor
wagtails 810 Spectacled Weaver (84560) Ploceus ocularis
711 African Pied Wagtail (83610) Motacilla aguimp 811 Village Weaver (84800) Ploceus cucullatus
712 Mountain Wagtail (83670) Motacilla clara 816 Golden Weaver (84630) Ploceus xanthops
pipits, longclaws queleas, bishops, widowbirds
716 African Pipit (83800) Anthus cinnamomeus 821 Red-billed Quelea (85260) Quelea quelea
909 Wood Pipit (83960) Anthus nyassae 825 Black-winged Bishop (85360) Euplectes
720 Striped Pipit (83780) Anthus lineiventris hordeaceus
722 Tree Pipit (84000) Anthus trivialis 827 Yellow Bishop (85410) Euplectes capensis
728 Yellow-throated Longclaw (83690) Macronyx 831 Red-collared Widowbird (85450) Euplectes ardens
croceus pytilias, crimsonwings, twinspots
shrikes, boubous, tchagras, helmet-shrikes 836 Red-faced Crimsonwing (85670) Cryptospiza
732 Common Fiscal (55120) Lanius collaris reichenovii
733 Red-backed Shrike (54930) Lanius collurio 839 Red-throated Twinspot (85780) Hypargos
737 Tropical Boubou (61360) Laniarius aethiopicus niveoguttatus
740 Black-backed Puffback (61200) Dryoscopus cubla firefinches, waxbills, mannikins
743 Brown-crowned Tchagra (61270) Tchagra australis 840 African Firefinch (85860) Lagonosticta rubricata
744 Black-crowned Tchagra (61260) Tchagra senegala 844 Blue Waxbill (85930) Uraeginthus angolensis
746 Bokmakierie (61490) Telophorus zeylonus 846 Common Waxbill (86100) Estrilda astrild
747 Gorgeous Bush-shrike (61580) Telophorus viridis 848 Grey Waxbill (85990) Estrilda perreini
748 Orange-breasted Bush-shrike (61510) Telophorus 851 Yellow-bellied Waxbill (86010) Coccopygia
sulfureopectus quartinia
749 Black-fronted Bush-shrike (61540) Telophorus 857 Bronze Mannikin (86540) Spermestes cucullatus
nigrifrons 858 Red-backed Mannikin (86550) Spermestes bicolor
750 Olive Bush-shrike (61520) Telophorus olivaceus whydahs, widowfinches
751 Grey-headed Bush-shrike (61620) Malaconotus 860 Pin-tailed Whydah (87020) Vidua macroura
blanchoti canaries & seedeaters
753 White-crested Helmet-shrike (61650) Prionops 869 Yellow-fronted Canary (87330) Crithagra
plumatus mozambicus
mynas, starlings, oxpeckers 872 Cape Canary (87180) Serinus canicollis
761 Violet-backed Starling (67560) Cinnyricinclus 881 Streaky-headed Seedeater (87420) Crithagra
leucogaster gularis
769 Red-winged Starling (67260) Onychognathus morio canaries & seedeaters
sugarbirds 883 Cabanis's Bunting (89110) Emberiza cabanisi
774 Gurney's Sugarbird (81380) Promerops gurneyi 884 Golden-breasted Bunting (89080) Emberiza
sunbirds, white-eyes flaviventris
775 Malachite Sunbird (82700) Nectarinia famosa 885 Cape Bunting (89990) Emberiza capensis
776 Bronzy Sunbird (82680) Nectarinia kilimensis 886 Cinnamon-breasted Bunting (88970) Emberiza
779 Marico Sunbird (82750) Cinnyris mariquensis tahapisi

59
5. Algumas fotos da RNC durante o trabalho de campo

Paisagem montanhosa Matagal Afro-Montano Gouveia durante o trabalho de campo

Lagoa Rio e queda de agua


Orlando e Gouveia rumo ao topo do
Monte Binga

60
Roberto durante o trabalho de campo Turismo Equestre na RNC “Passagem Estreita” Chimanimani
61
6. Fichas de avaliação por parte da Rede Global de Geoparques:

Part B) Geoparks Progress Evaluation

Name of Geopark

Date of Revalidation

Revalidation Period Five Year

Section Maximum Awarded


Total
Total

I. Contribution towards the work of the Network 200

II. Management structure and Financial status 160

III. Conservation (geoconservation) strategy 140

IV. Strategic partnerships 100

V. Marketing and promotional activities after the 220


official designation as a member of the Global
Geopark Network

VI. Sustainable economic development 180

Total Score of revalidation document 1000

Revalidation Overview

Summary

Section Weighting Score Awarded

Total

62
Document A: Evaluation Document

Document B: Revalidation Document

Total Score of Revalidation Document

Evaluator:

Signature:

Section One : Contribution to the Work of the Network

Explanation for any meetings missed.

1. 1 Creation of relationships among GGN Members

Award 20 points for each activity

Common Project Details Score

Twining agreement among


members

Exchange of visits

TOTAL SCORE

(Score cannot exceed 60)

63
1.0 Participation in Global Geopark Network Conferences

Award 20 points for each meeting attended

Representatives
Meetings Place Date
1st International Geoparks
Conference Beigin - CHINA June 2004

2nd International Geoparks Belfast – Northern September


Conference Ireland - UK 2006

3rd International Geoparks Osnabrueck June 2008


Conference Germany

TOTAL SCORE

(Score cannot exceed 40)


Comments - Details

64
1.2 Participation in common activities

Award 20 points for each activity

Common Activity Role Score

Participation in the 1st


International Geoparks Fair

Common events (i.e. EGN


Week 2005, 2006)

Common Exhibition

Exchange of Exhibition

Exchange of Personnel

Knowledge Transfer

Other (details)

TOTAL SCORE

(Score cannot exceed 60)

Comments - Details

1.3 Participation in common communications

Award 10 points for each activity

Common Activity Role Score

GGN Newsletter No 1

GGN Newsletter No 2

65
GGN Newsletter No 3

GGN Newsletter No 4

GGN Leaflets

GGN Web site

Other (details)

TOTAL SCORE

(Score cannot exceed 40)

Comments - Details

Contribution towards the work of the Network SCORE


Participation in GGN Conferences

Creation of common relationships

Participation in common activities

Participation in common communication tools (see below)

TOTAL SCORE

Section Two: Management Structure and Financial Status

2.0 Management Structure

This section reviews the management structure and legal status of the Geopark. Please provide a
brief summary of how the management structure s changed since the official designation as a
Geopark and/or after the last revalidation event.
66
Description of management structure, organisation and legal status

2.1 Management Structure Staff 2004 2005 2006 2007 Future


prospects
Scientific Staff (permanent)
" (by contract)
Technical Staff (permanent)
" (by contract)
Administrative Staff (permanent)
" (by contract)
Ranger (permanent)
" (by contract)
TOTAL

2.2 Financial Stability

This section reviews the financial situation of the Geopark and its long-term financial viability.
Please provide a brief summary of how the financial status of the Geopark has changed since the
official designation as a Geopark or after the last revalidation event.

Description of financial status

BUDGET INCOME OUTGOINGS BALANCE COMMENTS


67
2004
2005
2006
2007
2008
2.3 Management structure and financial Comment Score
status

Geopark management structure

(total score cannot exceed 50)

Geopark financial status

(total score cannot exceed 50)

Significant policy changes since designation/last


revalidation

(total score cannot exceed 20)

Geopark Staff – number of new jobs created

(total score cannot exceed 20)

Significant policy changes since designation/last


revalidation

(total score cannot exceed 20)

Comment on the improvement of the financial


stability of the Geopark since designation/last

68
revalidation

(total score cannot exceed 20)

Total Score (total score cannot exceed 160)

Section Three: Geoconservation Strategy

This section measures the success of conservation (geoconservation) initiatives undertaken by the
Geopark since the official designation as a Global Geopark Network member or after the last
revalidation event.

3.0 Conservation (geoconservation) Strategy

Conformation that geological material is not Yes No


being sold by the Geopark partners

Has the Geopark experienced any significant Details


successes with regard to conservation issues?

Has the Geopark experienced any significant


problems with regard to conservation issues?

Number of sites conserved since designation/last


revalidation

69
3.1 Initiatives taken to improve the links between geodiversity and cultural,
biological and other associated heritage

Organisation of Geopark events at cultural sites Details

Inclusion of cultural sites in geological trails

Inclusion of sites of ecological interest in


geological trails

Organisation of nature observation events at


geological sites

3.2 Summary Comment Score

Conservation (geoconservation)

(total score cannot exceed 70)

Geological and cultural heritage

(total score cannot exceed 70)

Total Score

70
Section Four: Strategic Partnerships

4.0 National Partnerships

Award 10 points for each partnership

Organisation Details Score

Museums

Geological Survey

Universities

Tourism Agencies

Co-operative ventures

Institutions

Conservation organizations

TOTAL SCORE

(Score cannot exceed 60)

4.1 International Partnerships

Award 20 points for each partnership (need official partnership


agreement

Organisation Details Score

With other European and


Global Geoparks

With International
Organizations (UNESCO,
IUGS, Europarks, Eurosites
etc.

TOTAL SCORE

(Score cannot exceed 40)

71
Section Five: Marketing and Promotion of the Geopark after its Official Designation
as a member of the Global Geopark Network.

5.0 Marketing and promotional activities

This section measures the success of marketing and promotional activities undertaken by the
Geopark since it was awarded Global Geopark Network membership status. Press releases and
copies of promotional materials should be provided as supporting evidence.

5.0 Activity

Award 10 points for each activity

Activity Details Participants Score

Conference

1.

2.

3.

Seminars

1.

2.

3.

Educational Programmes

1.

2.

3.

Events (cultural festivals)

1.

2.

3.

Events (cultural festivals)

1.

72
2.

3.

Participation in Tourism
Brochures

1.

2.

3.

TOTAL SCORE

(Score cannot exceed 70)

Please provide details of any successes or problems encountered with the


activities detailed above.

5.1 Publications

Award 10 points for each publication

Papers (Author, date, title, journal, language) Score

1.

2.

3.

Publications (books, magazines, leaflets)

(Author, date, title, journal, language)

1.

2.

73
3.

Media presentation (CD, DVD, TV or radio Programme)

1.

2.

3.

TOTAL SCORE

(Score cannot exceed 50)

5.2. Infrastructure

This section highlights improvements to the infrastructure of the Geopark since it was awarded
Global Geopark Network membership or since the last revalidation exercise.

5.2 Infrastructure

Award 10 points for each type of infrastructure

Infrastructure New Improvement of Score


Infrastructure existing Infrastructure
Museum

Visitor centre

Path or trails

Information
panels

Other

TOTAL SCORE

(Score cannot exceed 50)

74
5.3 Monitoring

This section highlights the methods used for evaluating and improving the quality and standards of
interpretation material and public awareness programmes implemented by the Geopark.

5.3 Monitoring

Award 10 points for each type of monitoring adopted

Do you conduct visitor surveys in the Geopark? Score

Do you gather qualitative as well as quantitative data?

Do you evaluate users responses to new developments in the


Geopark?

What percentage of visitors regarded the events or activities you


evaluated as being “good or excellent”

TOTAL SCORE

(Score cannot exceed 50)

6. Sustainable Economic Development

This section highlights the both the positive and negative impacts of Geopark status to the region
and how the Global Geopark Network member status has contributed towards sustainable
economic development

Impact Positive Negative SCORE


1. Regional Economy

Agriculture

Livestock farming

Forestry
2.Tourism Development

Tourist agencies

75
Restaurants

Accommodation
3.Produce

Handicrafts

Geological replicas

Local products
4.Employment

New permanent poitions

New temporary positions

New enterprises

Others
TOTAL SCORE (maximum
total cannot exceed 180

COMMENTS – DETAILS:

76

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