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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

JOANA DA SILVA CASTRO SANTOS

LICENCIATURA EM TURISMO

USO PÚBLICO EM PARQUES


ESTUDO DE CASO: PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE NOVA
IGUAÇU

Nova Iguaçu/RJ
2014

1
JOANA DA SILVA CASTRO SANTOS

USO PÚBLICO EM PARQUES


ESTUDO DE CASO: PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE NOVA
IGUAÇU

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como requisito obrigatório para
a conclusão do curso de Graduação em
Licenciatura em Turismo, da Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro, para a
obtenção do Grau de Licenciada em
Turismo.

Orientadora: Profª. Drª. Monika Richter

Nova Iguaçu/RJ
2014

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JOANA DA SILVA CASTRO SANTOS

USO PÚBLICO EM PARQUES


ESTUDO DE CASO: PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE NOVA
IGUAÇU

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como requisito obrigatório para
a conclusão do curso de Graduação em
Licenciatura em Turismo, da Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro, para a
obtenção do Grau de Licenciada em
Turismo.

BANCA EXAMINADORA

Profª. Drª. Monika Richter – Orientadora

Prof. Me. Ricardo Dias da Costa

Me. Flávio Augusto Pereira Mello

Nova Iguaçu/RJ
2014

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Dedico este trabalho à minha mãe, Georgete, à minha madrinha, Jeanette e ao
meu avô, Cleto. Eles que acreditam na Educação como o caminho certo e contínuo. A
vocês, toda a minha gratidão, respeito e admiração.

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AGRADECIMENTOS

Sou imensamente grata a Deus, pelos erros, pelos acertos, pela vida. Agradeço
a minha mãe, Georgete, que me ensinou que, na vida, é preciso sonhar, mas também é
necessário “fazer acontecer”, agradeço por todo seu incentivo e confiança. Sou grata ao
meu avô, Cleto, que, desde pequena, me orientou a não parar de estudar. Agradeço
também a minha avó, Georgiana (in memorian), que foi fundamental para a construção
do ser humano em que me tornei. À minha madrinha, Jeanette, que mesmo longe se
faz presente em todos os sentidos. Ao meu pai, Carlos, pelo apoio nas visitas em
campo. Agradeço ao meu namorado, Pablo, por acreditar no meu potencial, por seus
conselhos e seu amor. À professora Monika, que me orientou e auxiliou na elaboração
deste trabalho. Um agradecimento especial à Dona Francisca e Luana, funcionárias do
Parque Natural Municipal de Nova Iguaçu, que gentilmente me ajudaram com uma
importante “chuva” de informações, e aos membros do grupo de pesquisa “Governança,
Biodiversidade, Áreas Protegidas e Inclusão Social” – GAPIS, da UFRJ, em especial:
Marcelo Lima, Bruna Galassi, Graciella Faico e a Profª Marta Irving, que me receberam
como frequentadora/observadora. Por fim, agradeço aos amigos que fizeram parte
desta caminhada: Tamara, Nídia, Edinilson, Hugo, Marquinho, Enio e todos aqueles
que compartilharam momentos tão importantes comigo. A vocês, um “muito obrigada”
com amor e carinho.

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RESUMO

A pesquisa propõe analisar os aspectos do uso público em Parques. Como estudo de


caso, destaca-se o Parque Natural Municipal de Nova Iguaçu, buscando-se identificar o
perfil dos visitantes, principais atrativos e informações gerais sobre o Parque. O
trabalho também analisou as atividades propostas no Programa de Uso Público, contido
no plano de manejo, identificando se elas foram implantadas. Buscou-se também
demonstrar a importância do Parque para o município e também como uma Unidade de
Conservação. Metodologicamente, esta monografia se divide em duas etapas: a
primeira que compreende a pesquisa bibliográfica e análise documental exploratória; e
a etapa de levantamento em campo, enquadrada como pesquisa de campo qualitativa,
realizada a partir de visita aos principais atrativos, entrevistas junto a visitantes e junto
aos funcionários do Parque, priorizando investigar a percepção destes frente a
questões de gestão da Unidade. Os resultados apontam que, foi possível atingir os
objetivos previstos, dentre eles a identificação do perfil dos visitantes, sendo eles em
sua maioria jovens e adultos oriundos dos municípios da Baixada Fluminense; análise
dos principais atrativos, através de suas características e estado de conservação; e
levantamento de informações sobre o Parque. Desta forma, conclui-se que o presente
trabalho oferece informações e dados relevantes sobre o Parque Natural Municipal de
Nova Iguaçu, demonstrando sua importância para a região.

Palavras-chave: uso público, Parques, Parque Natural Municipal de Nova Iguaçu,


Unidade de Conservação

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ABSTRACT

The research aims to analyze aspects of public use in Parks. As a case study, Municipal
Natural Park of Nova Iguaçu is highlighted, seeking to identify visitors profile, main
attractions and general information about the park. The study also analyzed the
activities proposed in the Public Use Program, included in the management plan,
identifying whether they were implemented. It was also attempts to demonstrate the
importance of the park to the city and as a conservation unit. Methodologically, this
monograph is divided into two stages: the first comprising a literature search and
exploratory document analysis; and the second, the stage focused on the field, framed
as a qualitative field research conducted from visiting the main attractions, and
interviewing visitors and employees of the park, prioritizing to investigate their
perception about management unit issues. The results show that it was possible to
achieve the planned objectives, including the identification of the profile of visitors,
mostly young and adult individuals from the Baixada Fluminense; analysis of the main
attractions through its features and condition; and gathering information about the park.
Thus, it is concluded that this study provides relevant information and data about the
Municipal Natural Park of Nova Iguaçu, demonstrating its importance to the region.

Keywords: public use, Parks, Municipal Natural Park of Nova Iguaçu, Conservation Unit

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figuras

Figura 01 Síntese dos possíveis benefícios resultantes do uso público em áreas


. protegidas....................................................................................................22

Figura 02 Síntese dos impactos negativos de visitação em áreas protegidas............25

Figura 03 Exemplo de sinalização de Ponto de Interesse Geológico no PNMNI........43

Quadros

Quadro 01 Descrição das Zonas propostas segundo o método ROS..........................35

Quadro 02 Subprograma Recreação e Lazer..............................................................45

Quadro 03 Subprograma Interpretação e Informação Ambiental.................................46

Quadro 04 Subprograma de Ecoturismo......................................................................46

Mapas

Mapa 01 Mapa da APA Gericinó-Mendanha..............................................................39

Mapa 02 Localização geográfica do PNMNI e vias de acesso..................................40

Gráficos

Gráfico 01 Cidade de moradia dos visitantes................................................................55

Gráfico 02 Faixa etária dos visitantes...........................................................................56

Gráfico 03 Nível de escolaridade dos visitantes............................................................56

Gráfico 04 Gênero (masculino e feminino) dos visitantes.............................................57

Gráfico 05 Frequência de visitação...............................................................................57

Gráfico 06 Motivo da Visitação......................................................................................58

Gráfico 07 Atrativos mais frequentados........................................................................58


8
Gráfico 08 Visitação em outros Parques.......................................................................59

Fotografias

Fotografia 01 Entrada do PNMNI...................................................................................41

Fotografia 02 Joana Santos e parte da equipe do Parque, na guarita...........................41

Fotografia 03 Poço do Paredão......................................................................................47

Fotografia 04 Poço do Escorrega...................................................................................47

Fotografia 05 Rio Dona Eugênia visto da Represa Epaminondas Ramos.....................48

Fotografia 06 Represa Epaminondas Ramos................................................................48

Fotografia 07 Visitante na Represa................................................................................48

Fotografia 08 Pedreira (desativada) São José...............................................................49

Fotografia 09 Poço das Cobras......................................................................................50

Fotografia 10 Poço do Casarão......................................................................................50

Fotografia 11 Poço do Escorrega...................................................................................50

Fotografia 12 Voluntária do Parque e visitante descendo até o Poço do Escorrega.....50

Fotografia 13 Poço da Esmeralda..................................................................................51

Fotografia 14 Poço da Esmeralda – Uma das quedas d’água vinda da Cachoeira Véu
. de Noiva..................................................................................................51

Fotografia 15 Casarão – Foto comparativa de 12/07/2013 e 07/06/2014......................52

Fotografia 16 Placa indicativa da Trilha.........................................................................53

Fotografia 17 Acesso à Trilha do Pau Pereira................................................................53

Fotografia 18 Acesso à Trilha da Varginha....................................................................53

9
Fotografia 19 Rampa de Voo Livre.................................................................................54

Fotografia 20 Mutirão com lixo recolhido no PNMNI......................................................63

Fotografia 21 Integrante do mutirão com certificado......................................................63

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LISTA DE SIGLAS

FECAM Fundo Estadual de Controle Ambiental

GGN Global Geoparks Network (Rede Global de Geoparques)

ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

IEF Instituto Estadual de Florestas

IGCP International Geoscience Programme (Programa Internacional de


. Geociências

IGU International Geographical Union (União Geográfica Internacional)

IUCN International Union for Conservation of Nature (União Internacional para a


. Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais)

IUGS International Union of Geological Sciences (União Internacional das Ciências


. Geológicas

LAC Limits of Acceptable Change (Limite Aceitável de Câmbio)

NPS National Park Service (Serviço Nacional de Parques)

NPCA National Park and Conservation Association (Associação de Parques . . .


. Nacionais e de Conservação)

PEIM Parque Estadual da Ilha do Mel

PNMNI Parque Natural Municipal de Nova Iguaçu

ROS Recreation Opportunity Spectrum (Espectro de Oportunidades Recreativas)

SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação

UC Unidade de Conservação

11
UNESCO United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization . .
. (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura)

VAMP Visitor Activity Management Process (Processo de Manejo de Atividades do


. Visitante)

VERP Visitor Experience and Resource Protection (Experiência do Visitante e . .


. Proteção de Recursos)

VIM Visitor Impact Management (Manejo do Impacto de Visitação)

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SUMÁRIO

I. INTRODUÇÃO 15

I.1 – OBJETIVO GERAL 16

I.2 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS 16

I.3 – ESTRUTURA DO TRABALHO 17

CAPÍTULO 1. ENTENDENDO O USO PÚBLICO 18

1.1 IMPACTOS DO USO PÚBLICO 21

1.2 MONITORAMENTO DE IMPACTOS 25

1.3 TURISMO EM ÁREAS NATURAIS 36

CAPÍTULO 2. O PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE NOVA IGUAÇU 38

2.1 LOCALIZAÇÃO E ACESSO 38

2.2 ASPECTO GEOLÓGICO 42

2.3 PROGRAMA DE USO PÚBLICO DO PARQUE 44

CAPÍTULO 3. ATRATIVIDADE, VISITAÇÃO E PERCEPÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS 47

3.1 PRINCIPAIS ATRATIVOS 47

3.2 PERFIL DOS VISITANTES 54

3.3 PERCEPÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS EM RELAÇÃO A GESTÃO E AO USO . .


.......PÚBLICO NO PNMNI 60

4. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS 64

5. REFERÊNCIAS 65

6. APÊNDICE 70

6.1 APÊNDICE A: QUESTIONÁRIO RESPONDIDO PELOS FUNCIONÁRIOS . . . .


. . DO PARQUE 70

6.2 APÊNDICE B: QUESTIONÁRIO – PERFIL DOS VISITANTES 80

13
7. ANEXO 81

7.1 ANEXO 1: MODELO OFICIAL DO QUESTIONÁRIO DIRIGIDO AOS AOS . . . .


. . . CONSELHEIROS DO PARQUE - GAPIS/UFRJ 81

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I. INTRODUÇÃO

De acordo com Pires (2003), o conjunto de bens aos quais o turismo recorre e
busca qualidades e atributos através da demanda turística, se origina de três vertentes:
natureza, cultura e paisagem. A procura por viagens rumo a locais dotados de recursos
naturais vem crescendo juntamente com o crescimento do setor de turismo. Dessa
forma, aumenta-se a preocupação com as áreas naturais e o monitoramento das
mesmas, à proteção e manutenção dos recursos naturais e culturais dessas áreas,
sendo que, muitas se encontram em espaços territorialmente protegidos, como as
unidades de conservação (UC).

Internacionalmente, uma UC é conceituada como uma área de terra e/ou mar,


especialmente dedicada à proteção e manutenção da diversidade biológica de seus
recursos naturais e culturais associados, e manejadas através de instrumentos legais
ou outros meios efetivos (International Union for Conservation of Nature - IUCN, 1994).
Uma unidade de conservação une espaço natural e seus recursos ambientais com
características relevantes, legalmente instituídos pelo poder público, com objetivos de
conservação e limites definidos sob regime especial de administração aos quais se
aplicam garantias adequadas de proteção (SNUC, 2000).

A partir da aprovação da lei 9.985/2000, que implementou o Sistema Nacional de


Unidades de Conservação (SNUC), as unidades foram divididas em duas categorias de
manejo: as denominadas Unidades de Conservação de Proteção Integral, que têm
como objetivo básico preservar a natureza, livrando-a, o quanto possível, da
interferência humana. Nelas, só se admite o uso indireto dos recursos naturais, isto é,
aquele que não envolve consumo, coleta, dano ou destruição; e as Unidades de
Conservação de Uso Sustentável, cujo objetivo básico é compatibilizar a conservação
da natureza com o uso sustentável de parcela de seus recursos naturais, visando
conciliar a exploração do ambiente com a garantia de perenidade dos recursos naturais
renováveis considerando os processos ecológicos, de forma socialmente justa e
economicamente viável (ICMBio). Vale ressaltar que há a necessidade de se criar UC
para, teoricamente, perpetuar a biodiversidade, bem como manter o banco genético

15
local. A partir da preservação desses territórios, surgem outras necessidades, como o
ecoturismo (fonte de recreação, lazer e renda para a comunidade local), pesquisas
científicas, manutenção da beleza cênica, atividades educativas e desenvolvimento de
práticas ecológicas.

A categoria Parque faz parte das UC de proteção integral definidas pelo SNUC,
onde, de acordo com o artigo 11, parágrafo 4; as unidades dessa categoria, quando
criadas pelo Estado ou Município, serão denominadas, respectivamente, Parque
Estadual e Parque Natural Municipal. Um parque (federal, estadual ou municipal) é a
categoria mais flexível, comparada às demais categorias de proteção integral. Nele, é
possível, a partir do zoneamento estabelecido em seu Plano de Manejo, realizar várias
atividades que envolvem desde a preservação, passando pela recuperação de áreas
que foram parcial ou totalmente degradadas, até o seu uso público onde o turismo na
natureza e o ecoturismo são desenvolvidos (COSTA, 2009). Nessa categoria, inclui-se
o Parque Natural Municipal de Nova Iguaçu, que faz parte da APA do Gericinó-
Mendanha, localizado na área conhecida como Gleba Modesto Leal, inserida na parte
ocidental da Serra do Madureira. O PNMNI é um importante remanescente da Mata
Atlântica onde se destacam a flora e a fauna da região (PLANO DE MANEJO, 2000).

I.1 – Objetivo Geral

Diante do exposto, o intuito geral do trabalho é analisar aspectos do uso público em


Parques, tendo o Parque Natural Municipal de Nova Iguaçu como estudo de caso.

I.2 – Objetivos Específicos

 Análise das atividades propostas do Programa de Uso Público


frente ao estado de implantação

 Visitar e analisar os principais atrativos e informações gerais sobre


o Parque

 Identificar o perfil dos visitantes

 Demonstrar a importância do Parque para o município


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I.3 – Estrutura do Trabalho

Com o objetivo de melhor organizar o trabalho, o mesmo foi divido em três capítulos.
No primeiro capítulo busca-se compreender como vem sendo desenvolvidos o uso
público nas UC brasileiras, ressaltando-se os principais impactos decorrentes deste uso
público, bem como propostas e métodos de monitoramento destes.

No segundo capítulo, apresenta-se o PNMNI por meio de seus principais aspectos e


em sequência analisa-se o Programa de Uso Público elaborado por ocasião da
realização do Plano de Manejo da Unidade.

Já no terceiro capítulo, uma breve caracterização dos principais atrativos do Parque,


o perfil dos visitantes e os resultados referente à percepção que funcionários da
Unidade apresentam em relação à gestão e ao uso publico.

Ao final, seguem as principais conclusões e considerações finais relacionadas à


pesquisa.

17
CAPÍTULO 1 - ENTENDENDO O USO PÚBLICO

Uma breve abordagem histórica indica que a visitação das áreas naturais para
atividades recreativas remonta a tempos antigos, mas intensificou-se a partir do século
XIX com o advento da Revolução Industrial e o crescimento das cidades. Segundo
Milano (2000, p.13), a elevação do número de pessoas em rotinas de trabalho fabris
aumentou a demanda por espaços de recreação ao ar livre. As transformações da
natureza devido a sua mercantilização estimularam o surgimento do atual modelo de
parques abertos à visitação pública e com características especiais de proteção,
inclusive com a proibição da presença de moradores. O modelo surgiu nos Estados
Unidos, em 1872, com a criação do Parque Nacional de Yellowstone. A partir de então,
aconteceram iniciativas de reservar grandes áreas em estado selvagem (wilderness) à
disposição das populações urbanas para fins de recreação. No mundo inteiro,
principalmente a partir da década de 1980, os roteiros e viagens aos parques naturais
vêm aumentando significativamente (VALLEJO, 2013). Considerando ainda
Yellowstone, o parque foi um dos principais promotores do grande apreço do público
norte americano pela visitação de áreas naturais protegidas. Os turistas usavam
veículos puxados por cavalos em estradas acidentadas para chegar ao local, no início
do século XX; em 1903, o presidente Theodore Roosevelt, entusiasta de aventuras em
ambientes naturais, é fotografado no Parque; em 1931 é desenvolvido o modelo White
de ônibus de turismo, com capota dobrável, especialmente para a sua visitação (NPS,
2013). Em 1958 foi criado o personagem Zé Colmeia, que passa a fazer grande
sucesso junto às crianças, com as suas peripécias no Parque de “Jellystone”, em
referência ao parque real. Frente a todo esse investimento e propaganda, a visitação
em parques passa a constituir um forte traço cultural dos EUA, ainda observado nos
dias de hoje e esse modelo de conservação racionalizado pelo turismo espalha-se pelo
mundo (PIMENTEL, 2013).

No Brasil, os ecos de todo esse movimento reverberaram no engenheiro André


Rebouças, ainda em 1876. Ele propôs então a criação dos Parques Nacionais de Sete
Quedas (PR) e Bananal (GO) (BENSUSAN, 2006). Porém, somente em 1937 é
instituído o Parque Nacional de Itatiaia, no Estado do Rio de Janeiro. Gradativamente,

18
outros parques e áreas protegidas foram sendo criadas e, ao longo de muitos anos, foi
aumentando a necessidade de uma sistematização de categorias e objetivos, o que
finalmente é estabelecida em 2000, com o SNUC. No que concerne aos parques, o art.
11 dessa lei estabelece que esses (BRASIL 2002. p.16):

(...) têm como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais


de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a
realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades
de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a
natureza e de turismo ecológico.

O termo “uso público” é adotado pelos órgãos oficiais ligados ao manejo de


áreas protegidas no Brasil, podendo ser de natureza recreativa, educativa, científica ou
religiosa (MAGRO, 1999). A definição também está associada ao processo de visitação
das áreas protegidas, podendo ser também de natureza esportiva, de lazer e de
interpretação ambiental, que proporcionam ao visitante a oportunidade de conhecer,
entender e valorizar os recursos naturais e culturais existentes (MINISTÉRIO DO MEIO
AMBIENTE, 2005).

É possível identificar três atores envolvidos no uso público: gestores, visitantes e


prestadores de serviços. Os gestores devem controlar o território tendo o Plano de
Manejo como referência, contendo informações sobre características físicas, biológicas
e socioeconômicas da área, atrativos, possibilidades e restrição de uso, infraestrutura
administrativa e operacional, plano de fiscalização e monitoramento, orientação e
segurança dos visitantes, gestão financeira e parcerias (VALLEJO, 2013).

Os visitantes são os consumidores dos atrativos, sendo que este consumo


envolve diferentes motivações. Tendo como referência o trabalho de Hendee et al.
(1990 apud BARROS, 2003, p. 7), listam-se as categorias de usos em áreas protegidas,
baseando-se nas variadas motivações:

 Uso Público Recreativo – Quando os visitantes praticam a


recreação (esportes, diversão e cultura) durante o tempo livre
(lazer);
19
 Uso Público Comercial – Exploração realizada através de empresas
e guias de turismo e ecoturismo, meios de hospedagem,
alimentação e venda de produtos;

 Uso Público Científico – Pesquisadores em trabalhos de


investigação científica em diversos campos do conhecimento
(ciências da natureza, geociências, ciências sociais);

 Uso Público Educacional – Programas e atividades de educação e


interpretação ambiental, viagens acadêmicas, treinamentos
(sobrevivência, montanhismo, etc);

 Uso Público de Desenvolvimento Pessoal – Programas que utilizam


a natureza e a aventura no desenvolvimento de valores de
autoconfiança, trabalho em grupo, comunicação e liderança.
Incluem-se nesta classe as atividades de desenvolvimento espiritual
e religioso.

Os visitantes podem desenvolver motivações simultâneas, ou seja, um grupo de


pesquisadores podem, ao mesmo tempo, trabalhar uma proposta de desenvolvimento
pessoal. Daí a importância de conhecer o perfil dos visitantes, suas percepções e
demandas.

O terceiro ator envolvido no uso público são os prestadores de serviço, aqueles


que promovem e/ou atuam na exploração do turismo através de agências, guias, meios
de hospedagem, alimentação e comércio de produtos. A prestação de serviços pode
acontecer através de iniciativas empresariais, pessoais ou através de organização
comunitária. O tamanho e as características dos serviços são proporcionais aos
atrativos e à movimentação de visitantes. Ressalta-se o envolvimento de atores que
prestam serviço às áreas protegidas sem contabilizar benefícios econômicos diretos: as
organizações não governamentais (ONG) e organizações da sociedade civil de
interesse público (OSCIP). Esse envolvimento é formalmente previsto na Lei
9.985/2000 (SNUC) e Decreto 4.340/2002, que a regulamentou na condição de

20
parcerias, inclusive como estratégia de gestão territorial compartilhada (VALLEJO,
2013).

1.1- IMPACTOS DO USO PÚBLICO

Os impactos do uso público são entendidos como consequências das ações dos
visitantes afetando os sistemas ecológicos naturais e a qualidade de vida humana
(saúde, segurança, economia e hábitos culturais). As características de magnitude
destes impactos, incluindo sua extensão, grau de permanência, sinergismo e
reversibilidade, dependem das propriedades das ações impactantes e da
suscetibilidade dos sistemas sofrerem modificações diante das ações de interferência.
Em outras palavras, a avaliação sobre a relevância dos impactos ambientais em UC
requer o conhecimento sobre as características das ações dos usuários em interação
com a sensibilidade dos ambientes de visitação (VALLEJO, 2013).

A difusão do uso público, principalmente através da visitação, pode trazer


benefícios diretos e indiretos que se refletem nas condições operacionais de gestão
territorial e para a sociedade, em geral. A figura 01 procura sintetizar e sistematizar
estes benefícios. Iniciando pelos benefícios pessoais, é inegável que o contato dos
visitantes com as áreas preservadas pode ajudar de muitas formas. A fuga do lugar
comum (entenda-se espaço urbano) é um dos principais motivos que estimulam
pessoas a fazer contato com as áreas silvestres. Atividades físicas, ar puro, silêncio,
contemplação e o relaxamento físico e mental, trazem benefícios à saúde, além de
promoverem a valorização dos espaços e o eventual engajamento nos movimentos
sociais de preservação (VALLEJO, 2013).

21
Figura 01. Síntese dos possíveis benefícios resultantes do uso público em áreas protegidas, baseado em Hammitt e
Cole, 1998. Adaptado por VALLEJO, 2013.

Economicamente, a visitação pode ser uma fonte de arrecadação que custeia


parte das demandas da própria área e também ajuda a financiar despesas com outras
unidades menos atrativas de um sistema nacional, estadual, ou mesmo municipal. Este
procedimento é mais comum em alguns parques públicos no Brasil e em propriedades
particulares, mas requer atratividades que estimulem os visitantes pagarem e,
necessariamente, uma infraestrutura física e administrativa adequada para lhes dar
suporte durante a permanência. Para exemplificar, cita-se os dados de Benitez (20016
apud TAKAHASHI, op cit., p. 12) sobre os rendimentos de visitação no Parque Nacional
de Galápagos (Equador) em 1999 que chegaram a mais de US$ 5 milhões, enquanto o
orçamento no mesmo ano foi de US$ 2,29 milhões. No Brasil, o turismo em áreas de
conservação particulares (RPPNs) na localidade de Bonito (MS) tem como principal
fonte de renda a cobrança de ingressos (sistema de emissão de voucher), sendo que
todas as atividades são devidamente guiadas e custeadas por essa cobrança, incluindo

22
o aluguel de equipamentos, pagamento de guias e, em certos casos, a alimentação dos
visitantes.

Os recursos conseguidos através da visitação trazem maior movimentação


financeira, incluindo a arrecadação de impostos e crescimento de atividades comerciais
para as localidades (venda de produtos, alimentação, hospedagem e outros serviços)
gerando benefícios coletivos, principalmente no caso de oferecer novos postos de
trabalho e aumento da renda para a população local. O envolvimento das pessoas das
localidades requer um esforço dos administradores e conselhos (consultivos e gestores)
que possibilite sua participação direta nas tomadas de decisão sobre a área protegida,
na formação de guias turísticos, em atividades de prevenção de impactos sobre a
unidade, na comercialização de produtos artesanais, na valorização e difusão cultural,
entre outros. Este envolvimento é, ao mesmo tempo, uma estratégia para redução dos
eventuais e históricos conflitos territoriais decorrentes da criação de UCs no Brasil e no
mundo.

Todos os benefícios relacionados (pessoais, econômicos e coletivos) repercutem


sobre os objetivos de conservação das áreas, melhorando a infraestrutura, difundindo
as informações ambientais e o movimento de conscientização pública, propiciando
práticas educativas e, consequentemente, a preservação de espécies. Entretanto, todas
as expectativas de benefícios estão correlacionadas às políticas de investimentos e às
capacidades administrativas das áreas protegidas, considerando-se todas as
características sociais e ambientais de cada localidade e região. Esta preocupação se
justifica pelos riscos e impactos negativos que a própria visitação pode proporcionar.

Em relação ao uso público, as ações potencialmente impactantes têm relação


direta com o volume e a frequência de visitação, além da natureza das atividades. Em
geral, espera-se que um grande número de visitantes que frequentam diariamente uma
determinada área, gerem mais impactos de compactação em trilhas, destruição da flora
e emissão de ruído, do que pequenos grupos que fazem o mesmo percurso uma vez
por semana, por exemplo. Existem impactos relacionados ao comportamento
inadequado dos frequentadores durante a visitação. Estes se materializam em despejo

23
de lixo, depredações, pichações e outras formas de alteração que comprometem
esteticamente a paisagem e/ou elementos culturais atrativos da própria área protegida,
como no caso dos danos ao patrimônio histórico, arqueológico e cultural. O lixo facilita a
formação de focos de doenças e elevam os riscos de incêndios, principalmente no caso
de material seco (papéis, latas, etc).

Outra dimensão do problema está associada à natureza das atividades, pois,


exemplificando, a realização de um rally com carros e motocicletas dentro ou nas
imediações das áreas protegidas vai produzir impactos consideráveis durante a sua
realização, incluindo toda infraestrutura montada e a presença de público assistente.
Além disso, deve-se considerar a forma de comportamento humano em áreas
protegidas, ou seja, o grau de sensibilidade e comprometimento dos visitantes com a
conservação ambiental. Desse modo, existe também o risco de que um pequeno
número de pessoas caminhando numa trilha possa causar mais impactos do que um
grupo maior, devidamente orientado e preparado (VALLEJO, 2013).

24
Figura 02. Síntese dos impactos negativos de visitação em áreas protegidas, baseado em Hammitt e Cole, 1998.
Adaptado por VALLEJO, 2013.

1.2 - MONITORAMENTO DE IMPACTOS

O uso público dos parques causa impactos ambientais, que precisam ser
manejados. No caso das áreas de uso mais intenso, o manejo apóia-se no conceito de
capacidade de carga. Essa pode ser definida como o nível máximo de uso que uma
área pode sustentar frente à alteração de fatores físicos, sociais, institucionais e
ecológicos, que apresentam limites além dos quais o uso deve ser reduzido (MAGRO,
1999; MANING, 1986; STANKEY, MCCOOL, STOKES, 1990). Esse conceito é bastante
complexo e recebeu muitas críticas quando passou a ser interpretado de maneira
estreita, focando primordialmente no número de visitantes que uma determinada área
poderia suportar (CIFUENTES, 1993). Porém, como coloca Hammitt e Cole (1998), não
há relação linear desse parâmetro com os impactos causados, o que aumenta a
complexidade da sua aplicação prática e sublinha as diferenças comportamentais dos
visitantes. Atualmente, a palavra chave do manejo do uso público refere-se ao
25
monitoramento dos impactos, pelo estabelecimento de uma estrutura de tomada de
decisões baseada em indicadores e padrões (NILSEN, TAYLER, 1998 apud
PIMENTEL, 2013).

Uma variedade de métodos abrange essa conceituação mais ampla, como LAC
(Limits of Acceptable Change – STANKEY et al., 1985), o VIM (Visitor Impact
Management – GRAEFE, KUSS, VASKE, 1990), o VAMP (Visitor Activity Management
Process – GRAHAM, 1989, apud TAKAHASHI, 2004) e o VERP (Visitor Experience and
Resource Protection – MANNING, et al., 1995). Todos esses métodos envolvem
procedimentos similares, pois conceitualmente estabelecem parâmetros de capacidade
de suporte de visitação em áreas naturais, protegidas ou não. Todos também enfatizam
as condições do recurso para substanciar as decisões de manejo (PASSOLD, 2002
apud PIMENTEL, 2013).

Segundo Leung & Marion (2000), os sistemas de planejamento para o manejo do


uso público mais utilizados nos EUA são o LAC e o VERP. No Brasil, embora poucas
áreas tenham recebido algum planejamento em termos de uso público, as propostas
mais comumente efetuadas se referem à capacidade de carga (Cifuentes, 1992), LAC
(Stankey et ai., 1985) e VIM (Graefe, Kuss & Vaske, 1990)(...). No Brasil, o LAC e o
VIM começaram a ser estudados mais profundamente por pesquisadores de instituições
de ensino e pesquisa em meados da década de 1990, e vêm estimulando outros
interessados a trabalhar com o tema em diferentes áreas. O LAC, conhecido como
Limite Aceitável de Câmbio, é um sistema específico para mensurar os impactos da
visitação que avalia se os objetivos de redução ou mitigação de impactos estão ou não
sendo atingidos (Drumm & Moore, 2003). Como qualquer tipo de uso produz algum
impacto, as mudanças ocorridas são inevitáveis. Desta forma, procura-se definir quanto
de mudança será permitido e quais ações de manejo serão necessárias para controlá-
las (Takahashi, 1997). Embora esse sistema tenha sido desenvolvido para avaliar
impactos da atividade recreativa, nos últimos anos ele vem sendo utilizado amplamente
para outras questões de manejo por tratar-se de um conceito mais qualitativo do que
quantitativo (Strasdas, 2002 apud TAKAHASHI, CEGANA, 2005).

26
O LAC proporciona um marco sistemático de tomada de decisão que ajuda a
determinar quais recursos e quais condições recreativas são aceitáveis. Essa
metodologia atenua a gravidade dos conflitos produzidos entre o tempo livre, a visitação
e a conservação do ambiente, além de definir os impactos que se associam com
distintos níveis de proteção ambiental (Wearing & Neil, 1999). De acordo com Stankey
et al. (1985), esse sistema é baseado em quatro elementos principais: especificação
das condições aceitáveis e realizáveis, definidas por vários parâmetros mensuráveis;
análise da relação entre as condições existentes e aceitáveis; identificação das
melhores ações de manejo; e programa de monitoramento e efetividade do manejo da
área. Em seguida, seguem as etapas que compõem o LAC: etapa 1 – definição dos
objetivos e das condições desejadas; etapa 2 – identificação dos valores e das
limitações da área; etapa 3 – estabelecimento do zoneamento da área; etapa 4 –
seleção dos indicadores de impacto; etapa 5 – inventário das condições existentes;
etapa 6 – estabelecimento dos limites aceitáveis de impacto; etapa 7 – identificação das
condições naturais e recreativas adequadas para cada zona; etapa 8 – estabelecimento
de ações de manejo para cada condição; etapa 9 – avaliação e seleção das ações de
manejo adequadas e etapa 10 – implantação das ações e do sistema de monitoramento
(TAKAHASHI, CEGANA, 2005). O LAC foi a metodologia escolhida para a pesquisa de
OLIVEIRA, COSTA, GOMES e SANTOS (2009), sobre o planejamento de trilhas no
Parque Nacional Serra de Itabaiana (SE), por se preocupar com os efeitos do uso e não
com a quantidade de uso que uma determinada zona suporta. As trilhas previamente
mapeadas foram caracterizadas pela metodologia LAC, na qual foram identificados
indicadores de impacto, que serviram para determinar o limite aceitável das mudanças
provocadas pelo uso público. Estes dados serviram como base para a elaboração de
matrizes de planejamento (TAKAHASHI; CEGANA, 2006) que estabelece estratégias
de manejo para minimizar os impactos encontrados nas trilhas do parque (OLIVEIRA;
COSTA; GOMES; SANTOS, 2009).

O Manejo do Impacto de Visitação (VIM / MIV) é (...) uma metodologia alternativa


à capacidade de carga e compartilha também de princípios comuns. Foi publicado pela
primeira vez em 1990, através de uma série de estudos para o Serviço de Parques

27
Nacionais dos Estados Unidos (NPS), com o apoio da Associação de Parques
Nacionais e de Conservação (National Park and Conservation Association – NPCA),
desenvolvidos pelos professores Alan R. Graefe, Fred R. Kuss e Jerry J. Vaske. Por
tratar-se de um processo de manejo para áreas naturais conservadas que apresentam
fluxo de visitantes, visa oferecer soluções para o controle ou redução dos impactos que
ameaçam a qualidade ambiental e o produto turístico oferecido nessas áreas (COSTA,
2006).

A metodologia parte do princípio de que todo e qualquer tipo de visitação causa


impacto. Portanto, não busca a utopia do impacto “zero”, mas sim mantê-lo em níveis
aceitáveis, a partir de determinados critérios, consoantes com os objetivos das
unidades de conservação. Para tanto, pré-estabelece os impactos considerados
aceitáveis e seleciona indicadores para o monitoramento de cada um dos impactos.
Todas as vezes que estes impactos extrapolam o limite aceitável, as causas do impacto
são diagnosticadas e implementadas medidas de correção. Ressalta-se que, a
determinação da capacidade de suporte na metodologia VIM é uma consequência do
monitoramento do impacto de visitação e não um fim em si mesmo. A partir do
monitoramento, pode-se estabelecer o máximo aceitável de visitação para sustentação
da área visitada. Embora tenha surgido após a capacidade de carga e o LAC, o VIM /
MIV é uma das metodologias mais utilizadas em áreas protegidas, o que o difere é o
estabelecimento de mecanismos para promover o manejo e monitoramento da
visitação, como um processo dinâmico para diagnóstico de seus impactos e de sua
qualidade, principalmente para aquelas trilhas que estejam voltadas à interpretação e
educação ambiental, facilitando a tomada de decisões, através da identificação
sistemática de problemas, causas e soluções potenciais dos impactos gerados
(COSTA, 2006).

Para a avaliação da capacidade de carga e impactos da visitação, através do


VIM/MIV, deve-se processar uma análise conjunta, de modo geral, de 5 (cinco)
aspectos eletivos: inter-relações dos impactos – há uma série de indicadores de
impacto inter-relacionados que podem ser identificados e usados como base para as
estratégias de manejo e manutenção; relações de uso/impacto – as relações entre o
28
uso e o impacto variam para diferentes tipos de visitação e são influenciadas por
diferentes fatores; variação de tolerância ao impacto – um dos fatores mais importantes
na relação uso/impacto é a variação inerente à tolerância entre ambientes e grupos de
usuários. Algumas espécies da fauna podem sentir efeitos e modificações no seu
habitat, enquanto outras não percebem alteração e nem se deslocam, tolerando a
presença de pessoas. O mesmo pode ocorrer com grupos de visitantes: alguns podem
apreciar alta densidade de uso, enquanto outros consideram tais níveis inaceitáveis;
influências de atividades específicas – determinadas atividades criam impactos mais
rapidamente ou em maior nível que outras, eles também variam dentro de uma dada
atividade, de acordo com o tipo de transporte ou equipamento utilizado e com as
características da visitação (impactos sociais), como tamanho do grupo e
comportamento; influências locais específicas – os impactos da visitação são
influenciados pela variação de locais específicos e variáveis sazonais: épocas chuvosas
são mais propícias a impactos naturais, mas sendo estes intensificados pelo uso da
visitação. Da mesma forma, épocas de seca podem intensificar casos de queimadas,
redução no volume de água nos córregos e rios, etc (COSTA, 2006). O VIM foi o
método utilizado na análise do impacto do uso público do Parque Zoobotânico do
Museu Goeldi (Belém – PA). Como etapa desse método, trilhas foram selecionadas e
monitoradas, tal seleção baseando-se nos critérios de análise das variáveis de impacto
atuantes na trilha; análise da intensidade de uso da trilha e escolha de trilhas em
diferentes níveis de conservação (SOARES, 2009).

Outra metodologia é o VERP (Visitor Experience and Resource Protection –


Experiência do Visitante e Proteção de Recursos). Seus primeiros trabalhos foram
desenvolvidos pelo Serviço de Parques Nacionais dos EUA (National Park Service),
para guiar a capacidade de carga e relatar a recreação ao ar livre. O VERP foi
inicialmente aplicado no Arches National Park, em Utah. Um programa de proteção da
capacidade de carga em Arches foi planejado em 3 fases: a fase 1 foi planejada para
identificar indicadores potenciais de qualidade das experiências dos visitantes.
Questionários dirigidos a 112 visitantes foram conduzidos no Parque. Somando-se a
isso, outras 83 pessoas expressaram sua impressões em 10 grupos-chave de

29
visitantes, entre a equipe do Parque e a comunidade residente local. O propósito desta
pesquisa exploratória era começar a entender sobre a variedade de aspectos do uso
dos visitantes de Arches e desenvolver indicadores potenciais da experiência de
qualidade dos visitantes. A fase 2 da pesquisa teve dois objetivos: determinar a
importância relativa das variáveis indicadas, e auxiliar nos trabalhos sobre qualidade
para as variáveis dos indicadores selecionados (MANNING, et al, op. cit.) (COSTA,
2006). A fase 3 fez uso de uma revisão (monitoria) sobre os visitantes do Parque e foi
conduzida em vários locais. A revisão foi administrada para um número representativo
de visitantes e foi conduzida por meio de entrevistas pessoais e pelo preenchimento de
questionários via correio (mala-direta) (COSTA, 2006).

O último método a ser mencionado é o VAMP (Visitor Activity Management


Process), desenvolvido pelo Parks Canada para ser utilizado conjuntamente com o
Processo de Manejo dos Recursos Naturais (Natural Resources Management Process),
de acordo com o Sistema de Planejamento e Manejo de Parques do Canadá (EAGLES
et al., 2002). Diferentemente de outros métodos que têm foco na administração dos
recursos naturais, o processo VAMP se concentra no usuário dos recursos, analisando
suas experiências e as atividades desenvolvidas na unidade de conservação
(WEARING; NEIL, 2001 apud JUNIOR, PIRES, 2008). De acordo com Eagles et al.
(2002), o processo VAMP é baseado em uma hierarquia de decisões dentro de um
plano de manejo. Tais decisões de manejo estão relacionadas à criação e à seleção de
oportunidades para os visitantes desenvolverem suas experiências e atividades no
ambiente natural do parque, por meio de atividades recreacionais e educacionais
apropriadas. Segundo Eagles et al. (2002), para o desenvolvimento adequado do
processo VAMP, é necessária a consideração dos seguintes fatores (JUNIOR, PIRES
op.cit):

• O perfil da atividade dos visitantes;

• O seu tipo;

• Qual a qualidade e diversidade dos recursos do local;

• Qual o tipo de experiência que o visitante procura;


30
• Os serviços e facilidades necessárias durante a visita;

• O perfil do público interno e externo;

• A apresentação do tema de interpretação;

• Legislação, políticas, direções administrativas e planos existentes;

• Serviços e facilidades oferecidas;

• Serviços regionais oferecidos;

• Satisfação com os serviços oferecidos.

Para o desenvolvimento do processo VAMP em uma unidade de conservação, o


plano é dividido em sete etapas (NILSEN e TAYLER, 1997; EAGLES et al., 2002 apud
JUNIOR, PIRES, 2008):

1) Produção de um projeto de termos de referência;

2) Confirmação do propósito do parque e de seus objetivos;

3) Organização de um banco de dados sobre o ecossistema do parque, as


oportunidades recreativas e educacionais para os visitantes potenciais e os serviços e

atividades dos visitantes atuais;

4) Análise da situação atual para identificar as condições dos recursos, as atividades


adequadas, o papel do parque em um contexto regional e a participação do setor
privado;

5) Produção alternativa de conceitos de atividades para os visitantes, de experiências,


de segmentos de mercado de visitação;

6) Criação de um plano de manejo para o parque;

7) Implantação.

A utilização do processo VAMP possibilita a análise das relações do usuário e


dos recursos, ao contrário de outras metodologias que priorizam a avaliação da
31
administração dos recursos (WEARING e NEIL, 2001). O manejo das atividades de
visitantes é, segundo Niefer (2002), um processo mais flexível na tomada de decisões
relacionadas ao desenvolvimento de serviços e operações das Unidades de
Conservação. Por essa razão, a elaboração de programas voltados à visitação precisa
levar em consideração, além dos objetivos dos parques, as características dos recursos
naturais e do público. O processo VAMP pode obter informações sobre as relações de
quem visita uma unidade de conservação, quais são suas motivações, quais as
atividades desenvolvidas e suas necessidades (JUNIOR, PIRES, 2008).

Esse método foi utilizado como referência para a caracterização das condições
atuais dos recursos naturais e as condições de uso público do Parque Estadual da Ilha
do Mel, apesar da limitação da utilização desse processo em unidades de conservação
no Brasil, pois, conforme destaca McArthur (2000), a utilização do VAMP ficou limitada
aos parques no Canadá, com algumas poucas experiências fora de seu país de origem
(JUNIOR, PIRES, 2008). Ele foi adaptado para o parque, onde quatro das etapas
originais foram utilizadas no desenvolvimento da pesquisa realizada por JUNIOR e
PIRES (2008), sendo elas: confirmar os propósitos do parque e os objetivos existentes;
organizar um banco de dados descrevendo os ecossistemas, oportunidades de
recreação e de educação, serviços e atividades dos visitantes e o contexto regional;
analisar a situação atual para identificar a capacidade dos recursos, sua adequação
com as atividades desenvolvidas, as atividades apropriadas para os visitantes, o papel
do parque na região e o papel do setor privado; produzir conceitos de atividades
alternativas para os visitantes, de experiências de visitação, de segmentos de mercado
de visitação e do papel do setor privado na região (JUNIOR, PIRES, 2008). A
adaptação do processo VAMP proposta na metodologia aplicada ao Parque Estadual
da Ilha do Mel, procurou analisar de que maneira ocorre o uso público turístico no
parque. Para isso, buscou-se, o levantamento de informações sobre as principais
características dos visitantes, como origem, faixa etária e grau de escolaridade, entre
outros. Isso relacionado a suas preferências por atividades e atrativos, além do seu
grau de expectativa e satisfação em relação à última visita. Com tais informações
disponíveis, (...) foi realizado o levantamento por meio de um inventário e posterior

32
diagnóstico, contendo a descrição da infra-estrutura, dos equipamentos destinados à
visitação, como também dos serviços de apoio disponíveis para o desenvolvimento das
atividades de visitação. Seguindo as etapas de adaptação, a análise dos resultados
obtidos na pesquisa de campo pôde relacionar o perfil dos visitantes do PEIM com sua
motivação, além de relacionar esses aspectos com as atividades desenvolvidas e suas
expectativas com relação à visita. A partir da aplicação do VAMP, as pesquisas
bibliográfica e documental realizadas permitiram conhecer o processo de ocupação
turística da Ilha do Mel e a real motivação para a criação da Estação Ecológica da Ilha
do Mel na década de 1980, quando já se fazia menção à criação de mais uma unidade
de conservação na parte sul da ilha, até a efetivação do decreto que deu origem ao
PEIM (...) (JUNIOR, PIRES, 2008).

Além destas metodologias, tem-se o ROS - Recreation Opportunity Spectrum


(Espectro de Oportunidades Recreativas). Esse método é utilizado na dissertação de
Flávio Augusto Pereira Mello, intitulada “Ordenamento da malha de trilhas como
subsídio ao zoneamento ecoturístico e manejo da visitação no Parque Natural Municipal
de Nova Iguaçu – RJ”, para estabelecer subsídios para zoneamentos turísticos e de
lazer para aplicação imediata de gestão da visitação e subsidiar estudos futuros neste
sentido.

O método fundamenta-se em práticas de inventariar, planejar e gerenciar a


experiência de lazer e o ambiente no qual ela ocorre. O processo estabelece classes de
oportunidades as quais subsidiam o entendimento de relações administrativas, físicas,
biológicas e sociais, estabelecendo, por conseguinte, parâmetros e diretrizes para a
administração de oportunidades de lazer. As classes de oportunidade são ordenadas
de acordo com suas características físicas e de uso: primitiva, semi-primitiva não
motorizada, semi-primitiva motorizada, natural com vias de transporte, rural e urbana.
Uma classe de oportunidade definida através dos tipos de condições sociais e recursos
que são aceitáveis para aquela classe e o tipo de ação administrativa apropriada. São
descrições hipotéticas das condições que os administradores consideram possíveis de
serem mantidas ou restauradas na área. O ROS propõe o estabelecimento de
capacidade de uso e para o gerenciamento de impactos da atividade recreativa. É
33
amplamente baseado em julgamentos e valores subjetivos, porém, estabelece padrões
explícitos com relação a condições apropriadas para cada categoria de oportunidade.
Além disso, oferece uma estrutura sistemática de verificação da distribuição das
oportunidades e indicações de procedimentos para o estabelecimento de possíveis
ações gerenciais. É um processo prático cujos princípios levam os administradores a
racionalizar a administração a partir de três perspectivas: 1) proteção do recurso; 2)
oportunidades para uso público; 3) habilidade (da organização) em lidar com as
condições existentes. Abrangendo demanda e oferta e podendo ser facilmente
integrado a outros métodos, assegurando que uma gama de oportunidades de lazer
seja oferecida ao público (MELLO, 2008).

O método ROS oferece uma estrutura sistemática de verificação da distribuição


das oportunidades e indicações de procedimentos para possíveis ações gerenciais das
condições que os administradores consideram possíveis de serem mantidas ou
restauradas na área; atuando a partir de três perspectivas: a proteção do recurso;
oportunidades para uso público e a habilidade (da organização) em lidar com as
condições existentes. Baseado nestes referencias, foram identificadas seis áreas a
serem classificadas nas zonas de Uso Intensivo, Extensivo e de Relevante Interesse do
PNMNI, conforme previsto no Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Nova
Iguaçu. Observa-se, contudo, que esta análise do espectro de oportunidades
recreativas é uma referência estabelecida face às condições atuais de visitação e
infraestruturas disponíveis, devendo ser regularmente estabelecida de modo a
representar com mais exatidão a realidade vivida. No quadro 01 é discriminado o
zoneamento elaborado por MELLO em 2008:

34
Quadro 01. Descrição das Zonas propostas segundo o método ROS. Fonte: Flávio A P Mello 2008.

35
1.3 - TURISMO EM ÁREAS NATURAIS

O Brasil apresenta um vasto conjunto de áreas naturais com grande potencial


para fortalecer o turismo, muitas delas protegidas em unidades de conservação.
Diversos fatores indicam um crescimento expressivo da visitação em áreas naturais,
com atividades de turismo que encontram na natureza sua principal motivação. O
turismo, ao mesmo tempo em que fortalece a apropriação das unidades de
conservação pela sociedade, dinamiza as economias locais e incrementa os recursos
financeiros para a manutenção destas áreas. O desafio consiste, no entanto, em
desenvolver um turismo responsável e integrado à diversidade sociocultural, aos
conhecimentos tradicionais e à conservação da biodiversidade (PROGRAMA DE
TURISMO NOS PARQUES, 2008). O ecoturismo e o turismo de aventura são os
principais segmentos desenvolvidos em áreas naturais, como as Unidades de
Conservação.

O ecoturismo é um segmento da atividade turística que utiliza, de forma


sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a
formação de uma consciência ambientalista por meio da interpretação do ambiente,
promovendo o bem-estar das populações. Ele possui entre seus princípios a
conservação ambiental aliada ao envolvimento das comunidades locais, devendo ser
desenvolvido sob os princípios da sustentabilidade, com base em referenciais teóricos e
práticos e no suporte legal. O Brasil é um dos países com maior biodiversidade pela
riqueza de seus biomas e seus diversos ecossistemas, apresentando um cenário rico
para esse segmento. O ecoturismo tem como pressuposto contribuir para a
conservação dos ecossistemas e, ao mesmo tempo, estabelecer uma situação de
ganhos para todos os interessados: se a base de recursos é protegida, os benefícios
econômicos associados ao seu uso serão sustentáveis. Além disso, a atividade amplia
as oportunidades de gerar postos de trabalho, receitas e inclusão social e, acima de
tudo, promove a valorização e a proteção desse imensurável patrimônio natural
(ECOTURISMO: ORIENTAÇÕES BÁSICAS, 2010).

36
Reconhece-se que o ecoturismo tem liderado a introdução de práticas
sustentáveis no setor turístico, mas é importante ressaltar a diferença e não confundi-lo
como sinônimo de turismo sustentável. Sobre isso, a Organização Mundial de Turismo
e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente referem-se ao ecoturismo
como um segmento do turismo, enquanto os princípios que se almejam para o turismo
sustentável são aplicáveis e devem servir de premissa para todos os tipos de turismo
em quaisquer destinos. Um dos aspectos essenciais que caracteriza o segmento
consiste principalmente na adoção de estratégias e ações para minimizar possíveis
impactos negativos da visitação turística em áreas naturais, como os Parques, por meio
do uso de um modelo de gestão sustentável da atividade. No âmbito do ecoturismo
observa-se a possibilidade de desenvolvimento de uma grande variedade de atividades,
como a observação da fauna e da flora, visita à cavernas (espeleoturismo),
caminhadas, trilhas interpretativas e acampamentos (ECOTURISMO: ORIENTAÇÕES
BÁSICAS, 2010).

No que diz respeito ao turismo de aventura, compreende os movimentos


turísticos decorrentes da prática de atividades de aventura de caráter recreativo e não
competitivo. A prática de atividades de aventura pode ocorrer em quaisquer espaços:
natural, construído, rural, urbano, estabelecido como área protegida ou não. Também
podem ser abordadas sob diferentes enfoques, como de responsabilidade individual,
quando ocorrem sem a interferência dos prestadores de serviços turísticos no que se
refere à prática da atividade de aventura. Por exemplo, um condutor de turismo de
aventura leva individualmente e sob sua responsabilidade um cliente para realizar
atividades sem contratação dos serviços via empresa formalizada (agência ou
operadora de turismo); como de responsabilidade solidária, quando conduzidas,
organizadas, intermediadas via prestadores de serviços de operação de agências de
turismo que dependem da orientação de profissionais qualificados e de equipamentos e
técnicas que proporcionem, além da prática adequada, a segurança dos profissionais e
dos turistas (TURISMO DE AVENTURA: ORIENTAÇÕES BÁSICAS, 2010).

As atividades de aventura pressupõem determinado esforço e riscos assumidos,


que podem variar de intensidade conforme a exigência de cada atividade e a
37
capacidade física e psicológica do turista. Deve ser trabalhado, portanto, considerando
as normas específicas de segurança na operação do segmento – principalmente as
Normas Técnicas de Turismo de Aventura da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) –, regulamentos, processos de certificação e outros instrumentos
específicos. As atividades de turismo de aventura podem ser conduzidas em ambientes
naturais, rurais ou urbanos e frequentemente têm como uma das suas origens os
esportes na natureza. Como exemplos dessas atividades estão o arvorismo, bungee
jump, cicloturismo, cavalgadas, montanhismo, turismo fora-de-estrada, tirolesa,
canoagem, voo livre entre outras (TURISMO DE AVENTURA: ORIENTAÇÕES
BÁSICAS, 2010).

CAPÍTULO 2 – O PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE NOVA IGUAÇU

2.1 – LOCALIZAÇÃO E ACESSO

O Parque Natural Municipal de Nova Iguaçu é uma unidade de conservação


localizada na parte ocidental do maciço do Gericinó – Madureira – Mendanha, criada
pelo Decreto nº 6.001, de 5 de junho de 1998 e considerado integrante da Reserva da
Biosfera pela UNESCO em 1996 (NIMA, 2010). De acordo com o Ato Oficial da
Prefeitura de Nova Iguaçu, publicado em 30 de abril de 2014, o Parque Municipal de
Nova Iguaçu teve seu nome readequado para Parque Natural Municipal de Nova Iguaçu
através do Decreto nº 8.092 de 03 de junho de 2008.

38
Mapa 01. Mapa da APA Gericinó-Mendanha, retirado do Blog das APAs Estaduais – RJ

Na área de influência direta do Parque encontram-se os bairros Kaonze em Nova


Iguaçu; Presidente Juscelino, Santa Terezinha, Coréia e Edson Passos no município de
Mesquita. Por Nova Iguaçu chega-se ao Parque pela estrada do encanamento no
Kaonze, e por Mesquita a principal referência é a bacia hidrográfica do rio D. Eugênia,
seguida dos acessos à Avenida Brasil. Nessa área vive uma população de
aproximadamente 23 mil habitantes, que potencialmente utilizam o Parque como área
de lazer (NIMA, 2010).

39
Mapa 02. Localização geográfica do PNMNI e vias de acesso. Fonte: Modificado de D08 – Localização Geopolítica e
Vias de Acesso, em Plano de Manejo do Parque Municipal de Nova Iguaçu – Versão Resumida – SEMUAM,
Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo, 2001. Adaptado por Flávio A. P. Mello, 2007.

No interior desta UC, a principal via de circulação é a Estrada da Cachoeira que


se estende da guarita do Portão de Entrada até as antigas instalações do Clube Dom
Felipe, num total aproximado de 5,5 km (NIMA, 2010).

40
Fotografia 01. Entrada do PNMNI.

Foto de Joana da Silva C. Santos. 12/07/2013

Fotografia 02. Joana Santos e parte da equipe do Parque,


na guarita.

Foto de Joana da Silva C. Santos. 07/06/2014

Na maior parte desse trecho a mesma apresentava-se em mau estado de


conservação e com precárias condições de uso por veículos motorizados. Mas a partir
da proibição da entrada de veículos e da manutenção das trilhas realizadas desde
2005, o Parque encontra-se em razoável estado para seus visitantes e para a
realização de pesquisas de campo. A implantação do Parque representa um relevante
investimento sócio-cultural e ecológico para a Baixada Fluminense, pois atende desde
as antigas reivindicações de entidades ambientalistas para a conservação da
biodiversidade local, até as preocupações do Governo Municipal, que planeja dotar o
Parque de uma infra-estrutura para seus usuários, assegurando também a realização
41
das atividades de fiscalização e pesquisa (NIMA, 2010). Salienta-se que de modo geral,
o PNMNI fica subordinado à Secretaria de Meio Ambiente de Nova Iguaçu, contudo, a
autonomia desta Secretaria muda de acordo com o governo ou com as reformas
administrativas internas (MELLO, 2008).

Com objetivo de viabilizar pesquisas científicas e difundir características deste


pequeno território natural, um Plano de Manejo Extensivo foi criado, composto por três
volumes e finalizado em Janeiro de 2000 por uma equipe técnica representada pela
Prefeitura Municipal de Nova Iguaçu, em especial a Secretaria Municipal de Urbanismo
e Meio Ambiente (atual Secretaria de Meio Ambiente), pelo Instituto Estadual de
Florestas - IEF - e o Fundo Estadual de Controle Ambiental – FECAM (NIMA, 2010). O
Plano de Manejo é um documento consistente e técnico, baseado nos objetivos gerais
da unidade de conservação para qual foi criado. É elaborado a partir de diversos
estudos, incluindo diagnósticos do meio físico, biológico e social. Ele estabelece as
normas, restrições para o uso, ações a serem desenvolvidas e manejo dos recursos
naturais da UC, também inclui medidas para promover a integração da UC à vida
econômica e social das comunidades vizinhas, o que é essencial para que a
implementação da UC seja mais eficiente (SNUC, 2000). O Plano de Manejo do PNMNI
não foi revisado desde sua criação.

2.2 – ASPECTO GEOLÓGICO

Algumas pesquisas acadêmicas afirmam que o PNMNI é o primeiro Geoparque


do estado do Rio de Janeiro devido a sua significativa importância geológica e à
existência de um vulcão que se estima estar inativo há 38 milhões de anos, porém,
elevar o parque a essa categoria era intenção do Departamento de Recursos Minerais
do Estado do Rio de Janeiro (DRM-RJ), o que não foi implantado. O Parque recebe
subsídios do Departamento através do Projeto Caminhos Geológicos, cujo objetivo
principal é “levar a geologia, em uma linguagem simplificada, aos cidadãos comuns,
auxiliando no desenvolvimento turístico de regiões e levando a cultura geológica para
áreas carentes deste tipo de informação. O Projeto Caminhos Geológicos se materializa

42
através de painéis explicativos sobre a evolução dos monumentos geológicos
fluminenses, identificados como pontos de interesse geológico” (PROJETO CAMINHOS
GEOLÓGICOS, 2001). Existem dois caminhos geológicos no Parque Natural Municipal
de Nova Iguaçu e ambos começam na Pedreira São José, a 200 metros da guarita. O
primeiro e mais antigo caminho segue o rio Dona Eugênia até o Casarão, com seis
atrativos e o segundo, segue a trilha da Varginha e tem seu ponto final no Mirante da
Vigné.

Figura 03. Exemplo de sinalização de Ponto de Interesse Geológico no PNMNI.


Foto de Joana da Silva C. Santos. 12/07/2013

Cabe destacar que, a hipótese do “Vulcão de Nova Iguaçu”, tida como uma
referência por vários operadores informais de turismo, e também adotada por várias
atividades sociais e de educação ambiental realizadas por várias instituições, não
possuem sustentação em artigos científicos devidamente revisados, sendo
caracterizado mais como uma “lenda urbana”. As pesquisas geológicas recentemente
publicadas em periódicos científicos qualificados revelaram a inexistência do cone
vulcânico, cratera vulcânica, derrames de lava, fluxos piroclásticos e bombas

43
vulcânicas. Segundo Motoki et Al (2007) nesta região havia vulcanismo, porém o vulcão
e os depósitos eruptivos já foram completamente eliminados por soerguimento regional
e intenso efeito de erosão sob o clima tropical. Não foi encontrado o tálus (material que
se acumula nas encostas e em seus pés, provenientes de conjunto de processos
mecânicos, químicos e biológicos que ocasionam a desintegração e a decomposição
das rochas) composto de grandes blocos sugestivo de colapso da cratera e não ocorre
a saliência morfológica correspondente ao cone vulcânico. Os afloramentos em torno
da suposta cratera não apresentam a estratificação vulcânica, disposição paralela que
tomam as camadas ao se acumularem formando uma rocha sedimentar. Normalmente
é formada pela alternância de camadas sedimentares com granulação e cores
diferentes. Desta forma, considera-se que esse vale não corresponde à cratera
vulcânica, mas a uma morfologia originada de erosão (MELLO, 2008).

2.3 – PROGRAMA DE USO PÚBLICO DO PARQUE

O Programa de Uso Público do Plano de Manejo vigente no PNMNI compreende


essencialmente as ações voltadas para ordenar e orientar o uso do Parque pelo
público, oferecendo opções de recreação e lazer, promoção de conhecimento acerca
do meio ambiente e de ações para recepção e atendimento ao visitante (PLANO DE
MANEJO, 2000). De acordo com os quadros que seguem, é possível constatar que a
maioria das atividades propostas nos Subprogramas de Recreação e Lazer,
Interpretação e Informação Ambiental e de Ecoturismo, não foram implantadas. Nos
quadros 02, 03 e 04 estão relacionadas as principais atividades previstas no plano de
manejo para cada subprograma citado e a situação atual das mesmas, através da
coleta de informações pela autora deste trabalho.

44
ATIVIDADES PREVISTAS SITUAÇÃO ATUAL DAS ATIVIDADES

Implantar sistema de cobrança de ingressos Não foi implantado. Houve uma pesquisa de
mercado para utilizar empresa terceirizada em
sistema de catraca e cobrança, mas não foi
executado

Promover cursos para treinamento e capacitação Não foi promovido


dos guias (priorizar a participação de jovens das
comunidades vizinhas)

Estabelecer um mirante nas proximidades da Existe, porém precisa ser reformado e não possui
Cachoeira Véu de Noiva, com vista para o vale do placa de sinalização
Rio Dona Eugênia e Baía de Guanabara

Estabelecer vias para a prática de rapel na Implantado


Pedreira, implantando os grampos fixos
necessários

Instalar palco na Pedreira para realização de Não foi instalado. Está proposto no Plano de
atividades culturais e recreativas Manejo, que neste local ocorressem eventos de
divulgação do Parque, shows, etc. Porém, no
aniversário de 16 anos do PNMNI ( 05 de junho de
2014) houve uma comemoração no entorno da
Sede Administrativa

Implantar um Centro Cultural no Casarão Não implantado e sem previsão de início. De


acordo com a pesquisa de MELLO, 2008; as
reformas começariam em 2009 graças à verba
liberada, porém, o projeto não foi iniciado

Padronizar modelo e implantar pontos de venda de Não implantado. Havia um quiosque nas
lanches e de alguns produtos essenciais na Zona proximidades do Poço das Cobras, mas foi retirado
de Uso Intensivo a mando do Ministério Público. O quiosque existia
desde a criação do Parque e foi removido em 2012

Quadro 02. Subprograma Recreação e Lazer. Fonte: Plano de Manejo do Parque Municipal de Nova Iguaçu –
Versão Resumida – SEMUAM, Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo 2001: 70-72. Adaptação de
Joana da Silva C. Santos, 2014.

45
ATIVIDADES PREVISTAS SITUAÇÃO ATUAL DAS ATIVIDADES

Implantar o Centro de Visitantes do PNMNI Não implantado. De acordo com o Plano de


Manejo, o Centro de Visitantes deveria oferecer
exposições, desenvolver projeto interpretativo e
funcionar de 9h às 18h, todos os dias em que o
Parque estivesse aberto. Segundo MELLO, 2008;
a implantação estaria prevista para 2009, porém o
projeto não foi iniciado

Elaborar folhetos com orientação geral sobre o Folhetos elaborados, porém não são distribuídos
PNMNI, para serem distribuídos aos visitantes no
portão de entrada

Selecionar os principais temas acerca dos Isso é feito pelos estagiários de forma informal,
aspectos naturais e histórico-culturais do Parque e não existem projetos
desenvolver projetos interpretativos

Quadro 03. Subprograma Interpretação e Informação Ambiental. Fonte: Plano de Manejo do Parque Municipal de
Nova Iguaçu – Versão Resumida – SEMUAM, Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo 2001: 72-74.
Adaptação de Joana da Silva C. Santos, 2014.

ATIVIDADES PREVISTAS SITUAÇÃO ATUAL DAS ATIVIDADES

Mapear os atrativos (...) na região das ruínas do Não foi mapeado. De acordo com MELLO, 2008;
Clube de Campo Dom Felipe não há conhecimento de levantamento formal dos
atrativos

Banho em cachoeiras e piscinas naturais Ocorre

Estimular atividades de ginástica ao ar livre Ocorre, porém as pessoas que praticam não vão
em grupos organizados por academias, e sim,
individualmente

Quadro 04. Subprograma de Ecoturismo. Fonte: Plano de Manejo do Parque Municipal de Nova Iguaçu – Versão
Resumida – SEMUAM, Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo 2001: 74-75. Adaptação de Joana da
Silva C. Santos, 2014.

46
CAPÍTULO 3 – ATRATIVIDADE, VISITAÇÃO E PERCEPÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS

3.1 – PRINCIPAIS ATRATIVOS

É de senso comum, entre os funcionários da administração do PNMNI, que a


grande maioria dos visitantes e usuários utiliza a unidade basicamente para lazer
através de banhos nos poços do Rio Dona Eugênia, cuja sazonalidade encontra seu
pico no verão e em feriados de dias quentes. Sabe-se que as atividades de caminhadas
propriamente ditas, tendem a se concentrar na Estrada da Cachoeira, entre a Guarita e
o Casarão. Entretanto, é comum, na ausência de recursos humanos e materiais, que o
gestor opte por concentrar o maior volume de visitantes em áreas já consolidadas e de
fácil acesso por uma questão operacional. Neste sentido, a UC estimula a massificação
de parte de seu patrimônio de lazer e ecoturismo, por conseqüência e não por opção;
mesmo ciente de que o excesso de visitantes em áreas restritas diminui a qualidade da
experiência do visitante e pressiona o patrimônio natural (e construído) (MELLO, 2008).

Fotografia 03. Poço do Paredão. Fotografia 04. Poço do Escorrega.


Foto de Joana da Silva C. Santos. 07/06/2014 Foto de Joana da Silva C. Santos. 07/06/2014

47
Fotografia 05. Rio Dona Eugênia visto da Represa
Epaminondas Ramos. Foto de Joana da Silva C. Santos.
07/06/2014

Dentre os principais atrativos do Parque Natural Municipal de Nova Iguaçu, está


a Represa Epaminondas Ramos. Ela é de propriedade da CEDAE, foi construída em
1948, mas está desativada desde 1981. Sua desativação foi decorrente do
assoreamento e despejos irregulares de esgotos domésticos procedentes de sítios
localizados ao longo do Rio Dona Eugênia. Com a inauguração do Parque e remoção
dos sítios, a qualidade da água melhorou, contudo permanece a proibição para banhos
em virtude do assoreamento existente, mas há prática de rapel em sua parede externa.
A manutenção do reservatório proporcionou um belo cenário à entrada do Parque, já
que o acesso se dá ao lado da guarita por uma escada lateral.

Fotografia 06. Represa Epaminondas Ramos. Fotografia 07. Visitante na Represa.


Foto de Joana da Silva C. Santos. 07/06/2014 Foto de Joana da Silva C. Santos. 07/06/2014

48
Além da represa, tem-se a Pedreira São José, que é uma pedreira de brita
desativada há mais de 40 anos (MOTOKI; VARGAS, 2010). Fica a 158 metros de
altitude e a 200 metros da guarita de entrada do parque. As vias de rapel existentes são
informais e a ancoragem normalmente é feita em árvores, havendo algum
comprometimento das bordas por erosão de uso por ser um solo raso. Os usuários
devem providenciar os devidos equipamentos para a prática de rapel, pois o Parque
não dispõe desses equipamentos.

Fotografia 08. Pedreira (desativada) São José


Foto de Joana da Silva C. Santos. 12/07/2013

Os poços do Parque são caracterizados como áreas de lazer e de grande fluxo


de banhistas, sendo os mais visitados: o Poço das Cobras, Poço do Casarão, Poço do
Escorrega e Poço da Esmeralda. Religiosos costumavam aproveitar os poços para
batizar pessoas nas águas ou preparar oferendas, porém essas práticas estavam
gerando poluição, então foi proibido qualquer tipo de manifestação religiosa no Parque.

49
Fotografia 09. Poço das Cobras. Fotografia 10. Poço do Casarão.
Foto de Joana da Silva C. Santos. 07/06/2014 Foto de Joana da Silva C. Santos. 07/06/2014

Fotografia 11. Poço do Escorrega. Fotografia 12. Voluntária do Parque e visitante


Foto de Joana da Silva C. Santos. 07/06/2014 descendo até o Poço do Escorrega.
Foto de Joana da Silva C. Santos. 07/06/2014

50
Fotografia 13. Poço da Esmeralda. Fotografia 14. Poço da Esmeralda – Uma das quedas d’água
Foto de Joana da Silva C. Santos. 07/06/2014 vinda da Cachoeira Véu de Noiva.
Foto de Joana da Silva C. Santos. 07/06/2014

Além dos poços, o PNMNI conta com o Casarão, que, de acordo com a placa
indicativa do Parque é a sede da antiga Fazenda Dona Eugênia. Ele foi construído no
século XIX, com o emprego da resistente madeira denominada tapinhoã (Mezilaurus
navalium) dada como extinta nas matas brasileiras há mais de 150 anos. O prédio
conserva características originais, como paredes de taipa-de-pilão e alicerces de pedra.
Segundo alguns historiadores da região, o Casarão é considerado o prédio mais antigo
de Nova Iguaçu que ainda permanece de pé. De acordo com o plano de manejo do
Parque, o Casarão deveria ser reformado como Centro Cultural, local em que seriam
realizados eventos e exposições, porém, não foi implantado. Além disso, a construção
sofreu grande impacto, com a queda da frente da casa, como pode ser visto na
fotografia abaixo, que compara o Casarão em julho de 2013 e em junho de 2014. Até a
data em que a foto foi tirada, nenhuma medida de restauração havia sido tomada.

51
Fotografia 15. Casarão - Foto comparativa de 12/07/2013 e 07/06/2014.
Fotos de Joana da Silva C. Santos.

Além dos atrativos citados, o PNMNI possui trilhas de grau de dificuldade que
variam entre fácil e difícil de acordo com o trecho. Destacam-se a Trilha do Pau Pereira
e a Trilha da Varginha.

Conforme a placa indicativa do Parque, a Trilha do Pau Pereira percorre uma


região da Mata Atlântica e seu grau de dificuldade é leve, com acesso por trás do Poço
das Cobras. A trilha possui um mirante situado a 240 metros de altitude, que comporta
duas a três pessoas, de onde se avista a Cachoeira Véu de Noiva.

52
Fotografia 16. Placa indicativa da Trilha. Fotografia 17. Acesso à Trilha do Pau Pereira.
Foto de Joana da Silva C. Santos. 07/06/2014 Foto de Joana da Silva C. Santos. 07/06/2014

A Trilha da Varginha possui grau de dificuldade que varia ao longo do percurso e


seu acesso se dá ao lado da entrada para a Pedreira São José. De acordo com
MELLO, 2008; a trilha abriga o espelho de falha, elemento que indica uma falha
geológica, testemunho de um grande terremoto que a produziu; o Mirante do Levi, em
que se avista o vale do Rio Dona Eugênia; a Praça do Boi, área descampada que
marca o início da Trilha da Contenda; e o Mirante da Vigné, localizado na extremidade
oposta da Praça do Boi.

Fotografia 18. Acesso à Trilha da Varginha, indicando o segundo


Caminho Geológico do Parque.
Foto de Joana da Silva C. Santos. 07/06/2014

53
O último dos principais atrativos a ser mencionado é a Rampa de Vôo Livre. A
rampa localiza-se em um dos extremos do PNMNI, próximo ao marco noroeste. O
acesso se dá através da Estrada do Tatu-Gamela e é considerada o segundo melhor
ponto do país (e melhor do estado) para a prática desse esporte. Embora não haja um
trabalho consistente de promoção turística, a rampa se caracteriza como um dos
principais atrativos do Parque. O grau de dificuldade da caminhada é entre médio e
difícil por ser muito exposto ao sol e inclinada. Existe uma subida próxima à
Universidade Iguaçu e, de acordo com os funcionários do Parque, seria importante que
houvesse uma guarita e guardas ambientais nesse ponto, pois é acessado por muitos
visitantes que vão em direção à rampa.

Fotografia 19. Rampa de Vôo Livre


Fonte: Retirada do site: http://www.pmni.infotrilhas.com/lazer_rampa.html

3.2 – PERFIL DOS VISITANTES

De acordo com Duarte (2007) e Mendes (2008), os visitantes do parque podem


ser classificados em dois grupos. O primeiro composto por jovens, estudantes
universitários e adultos, em sua maioria de Nova Iguaçu, com objetivo de visitação,
lazer e ecoturismo. Já o segundo grupo é caracterizado por famílias e adolescentes do
entorno, e que qualitativamente, são os mais visíveis atores de impactos, como o
despejo de lixo ao longo da entrada do Parque e nos pontos mais utilizados nos finais
de semana (NIMA, 2010).

54
Em pesquisa realizada em 07 de junho de 2014, no PNMNI, através da aplicação
do questionário que pode ser visto no APÊNDICE B, foram entrevistadas 20 pessoas e
foi identificado local de moradia, sexo, faixa etária, nível de escolaridade, frequência e
motivo da visitação, atrativo mais frequentado e se o visitante já esteve em outros
parques, sejam eles municipais, estaduais ou nacionais. No gráfico abaixo, identifica-se
que, do total de entrevistados, 40% moram em Nova Iguaçu, 35% em Mesquita e 25%
em Nilópolis.

45%
40%
35%
30%
25%
Cidade em que mora
20%
15%
10%
5%
0%
Nilópolis Nova Mesquita
Iguaçu

Gráfico 01. Cidade de moradia dos visitantes

De acordo com o gráfico 2, 10% dos entrevistados são menores de 15 anos, 20% estão
entre 15 e 21 anos, 40% possuem entre 22 e 30 anos, 15% estão entre 31 a 45 anos e
15% com idade entre 46 e 60 anos. Não foi entrevistado nenhum visitante com idade
superior a 60 anos.

55
45%
40%
35%
30%
25%
Faixa Etária
20%
15%
10%
5%
0%
Menor de 15 a 21 22 a 30 31 a 45 46 a 60
15 anos anos anos anos anos

Gráfico 02. Faixa etária dos visitantes

No que diz respeito ao nível de escolaridade, nota-se no gráfico 3 que, 10% das
pessoas entrevistadas possuem ensino fundamental incompleto e 20% ensino médio
incompleto. Também identificou-se 20% com ensino médio completo, e no caso do
ensino superior, 25% estão cursando e 25% concluíram.

30%
25%
20%
15% Nível de Escolaridade
10%
5%
0%
Fundamental

Cursando
Completo

Completo
Incompleto

Superior

Superior
Incompleto

Médio
Médio

Gráfico 03. Nível de escolaridade dos visitantes

Com relação ao gênero, 60% dos visitantes entrevistados são do sexo masculino e 40%
do sexo feminino.

56
70%
60%
50%
40%
Sexo
30%
20%
10%
0%
Masculino Feminino

Gráfico 04. Gênero (masculino ou feminino) dos visitantes

Conforme pode ser visto no gráfico 5, a porcentagem de frequência de visitação mensal


é maior (40%), seguida daqueles que visitam de duas a quatro vezes por mês (35%) e
os que visitam anualmente (25%).

40%
35%
30%
25%
20%
15% Frequência de visitação
10%
5%
0%
Uma vez por Uma vez por Duas a quatro
mês ano vezes ao mês

Gráfico 05. Frequência de visitação

A motivação da visitação das pessoas é maior em fazer caminhadas (35%) e lazer com
a família (35%), seguidos do banho na cachoeira (30%).

57
35%
34%
33%
32%
31%
30% Motivo da visitação
29%
28%
27%
Banho na Fazer Lazer com a
cachoeira caminhadas família

Gráfico 06. Motivo da visitação

De acordo com o gráfico abaixo, os atrativos mais frequentados que foram citados são
as trilhas (25%) e cachoeira Véu de Noiva (25%), seguidas dos poços para banho
(20%), o Casarão (20%) e da Represa Epaminondas Ramos (10%).

25%
20%
15%
10%
Atrativo que mais frequenta
5%
0%
Casarão Represa Trilhas Poços Cachoeira
Véu de
Noiva

Gráfico 07. Atrativos mais frequentados

Por fim, foi perguntado se os visitantes já visitaram outros parques, sejam eles
municipais, estaduais ou nacionais. 65% dos entrevistados não visitaram outros
parques e 35% já visitaram. Dentre os parques visitados, foram mencionados o Parque
Nacional da Tijuca, Parque Estadual da Serra da Tiririca (Niterói), Parque Municipal
Ecológico Dormitório das Garças (Cabo Frio), Parque Nacional do Itatiaia e Parque
Natural Municipal de Petrópolis.

58
70%
60%
50%
40%
Já visitou outros
30% Parques?
20%
10%
0%
SIM NÃO

Gráfico 08. Visitação em outros Parques

Através da análise destes gráficos, pode-se concluir que os visitantes são


oriundos da Baixada Fluminense, frequentam o parque com o objetivo de fazer
caminhadas, banhar-se nas cachoeiras e ter momentos de lazer com a família. Existem
visitantes de diversas faixas etárias, porém a maioria são jovens do sexo masculino,
que frequentam o Parque mensalmente ou algumas vezes por mês, tendo como
atrativos mais frequentados a Cachoeira Véu de Noiva, trilhas, Poços, Casarão e
Represa Epaminondas Ramos. Apesar das conclusões das entrevistas feitas, é válido
mencionar que, em meses de maior visitação (verão e período de férias escolares), o
PNMNI recebe visitantes de outras localidades, até mesmo do exterior (segundo
informação da voluntária do parque, a UC já recebeu turistas oriundos da Inglaterra e
Alemanha). O parque também recebe estudantes de escolas da região, muitas vezes
para atividades de educação ambiental. Aqueles que frequentam mais vezes ao mês
costumam ser os moradores do entorno, já os visitantes que já estiveram em outros
parques são aqueles que praticam atividades de ecoturismo e são amantes da
natureza. A pesquisa elaborada por MELLO em 2008 mostra informações semelhantes
às coletadas: no período de dezembro de 2007 a fevereiro de 2008, caracterizado como
temporada de verão; e maio a julho de 2008, caracterizado como temporada de
inverno; jovens e adultos correspondem à maioria dos visitantes, e como motivação da
visita destacam-se o banho em cachoeiras e poços, trilhas e caminhadas.

59
3.3 PERCEPÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS EM RELAÇÃO A GESTÃO E AO USO
PÚBLICO NO PNMNI

Em julho de 2013 e junho de 2014 foi aplicado o questionário, devendo ser


direcionado aos Conselheiros do Parque, porém em 2013 não existia Conselho. De
acordo com o plano de manejo, em 2001 houve uma capacitação para o Conselho,
porém os funcionários do Parque não souberam informar quando ele começou
efetivamente nem quando foi extinto. Conforme consta no site da Prefeitura de Nova
Iguaçu, em 15 de abril de 2014, foram empossados os membros do Conselho Gestor
do PNMNI juntamente com os de outras UC municipais (as demais são Áreas de
Proteção Ambiental – APA). O Conselho foi reativado em maio de 2014 e, de acordo
com a advogada Ana Lucia de Araújo (membro do Conselho), a primeira reunião
aconteceu em 19 de maio de 2014, na Subsecretaria de Conselhos, porém não foi
divulgado o que foi tratado na reunião. Por esse motivo, o questionário, cuja previsão
inicial era de ser aplicado junto aos membros do conselho, foi direcionado ao corpo de
funcionários do Parque com o intuito de identificar as percepções deles para com o
PNMNI e que tipo de participação a Unidade recebe, seja voluntária, por parte de
empresas privadas, governo, etc. O questionário foi aplicado a alguns funcionários do
parque (Guardas Ambientais, Agente de Vigilância Ambiental, membro do Conselho) e
voluntária, e foi desenvolvido pelo grupo de pesquisa GAPIS - Governança,
Biodiversidade, Áreas Protegidas e Inclusão Social, da UFRJ e foi autorizado pela
coordenadora do grupo, Professora Marta Irving, para ser utilizado neste trabalho.

O questionário respondido encontra-se no APÊNDICE A e o modelo do questionário


pode ser visto no ANEXO 1.

Ao analisar as entrevistas realizadas, pode-se afirmar que os funcionários do


Parque veem a Unidade como local de beleza cênica e de conservação, identificam
como pontos positivos do turismo a valorização da biodiversidade, importância do
Parque ser visto como unidade de conservação pela população, principalmente do
entorno. Já como pontos negativos, estão a falta de recursos para explorar o potencial
do Parque, falta de segurança e os impactos ambientais (poluições, depredações). De

60
acordo com os métodos de monitoramento de impactos citados no trabalho, a aplicação
do VIM (Visitor Impact Management) seria adequada para avaliar estes impactos,
partindo-se do princípio que todo tipo de visitação gera impactos, a ideia é mantê-los
em níveis aceitáveis.

O Parque sofre com situações de violência, por estar localizado próximo à favela
da Coreia, em Mesquita. Segundo a voluntária, Dona Francisca, traficantes ficaram
alocados por cerca de um mês nas dependências do Parque (possivelmente se
escondendo de policiais). Também foi registrada a morte de um visitante no dia 25 de
janeiro de 2014, que caiu do Poço da Esmeralda. Os funcionários do PNMNI suspeitam
ter sido um traficante, mas não souberam a causa da morte nem quem era o visitante.
Outro ponto mencionado pelos funcionários é do Parque não dispor de nenhum
equipamento de segurança para as atividades que envolvem ecoturismo (rapel, trilhas,
voo livre), os equipamentos devem ser trazidos pelos próprios visitantes. Além disso, o
Parque não possui kit de primeiros socorros, o que pode prejudicar não só os visitantes,
mas também os funcionários, pois no caso de um acidente eles dependem totalmente
do suporte dos bombeiros ou outros tipos de atendimento de emergência.

No que diz respeito às recomendações para o turismo no Parque, os resultados


das entrevistas mostram que os funcionários aconselham que os visitantes levem água,
frutas, tenham atenção nas trilhas e ao longo da visita e que visitem o Parque pela
manhã, por conta da segurança. Como principais pressões sofridas pelo Parque,
destacam-se as depredações e poluição (daí a importância do monitoramento de
impactos, a exemplo do VIM) e a falta de recursos vindos da prefeitura. Além disso,
alguns dos projetos, programas e formas participativas identificadas foram mutirões
voluntários para manejo e limpeza de trilhas e do Parque como um todo e trabalho da
Fiocruz com manejo de insetos e coleta de água. A Fiocruz também foi mencionada
como uma das instituições mais atuante no PNMNI. Para os funcionários, os principais
benefícios para o desenvolvimento da região através da existência do Parque são:
incentivo ao turismo e visitação, incentivando também o uso público proativo, em que
os visitantes contribuem positivamente para a unidade; oportunidade de respirar ar puro

61
e contemplar a natureza e ser uma opção de lazer acessível para a população do
entorno.

De acordo com os funcionários, em 2012 houve um concurso público da Guarda


Ambiental para a função de Agente de Vigilância Ambiental, onde foram direcionados
30 agentes para o PNMNI, dentre eles biólogos, advogados e educadores. Por falta de
incentivo e por não exercerem a função para a qual se candidataram, atualmente, o
PNMNI possui 13 colaboradores: 01 voluntária, 01 estagiária, 10 guardas/agentes e o
Chefe do Parque. Além disso, eles informaram que a capacidade ideal do parque é de
500 pessoas, sendo sábados e domingos os dias em que há mais visitantes.

Conforme os funcionários do parque responderam, o PNMNI recebe participação


de mutirões para auxílio das trilhas, dentre eles pode-se citar os membros do “Trilhas
Quase Secretas”, também criadores do S.O.S Trilhas, cuja missão é “organizar e
divulgar iniciativas de caráter ecológico, com o intuito de estimular a preservação do
meio ambiente e promover a interação e o respeito do homem para com a natureza,
através do trabalho em grupo.” Em 08 de fevereiro de 2014, o S.O.S Trilhas realizou um
mutirão de manejo de trilhas no PNMNI, organizado pela direção do parque. O mutirão
contou com a participação de cerca de 15 pessoas, divididas em dois grupos. O
primeiro grupo fez o recolhimento de lixo nos poços do Escorrega, Sereno,
Hidromassagem, Paredão, Paixão e arredores da extinta pedreira. No total, foram
recolhidos cerca de 10 sacos de lixo de vinte litros. O segundo grupo foi designado para
melhorar o acesso ao Poço do Escorrega, que fica ao lado da sede administrativa do
parque. Foram colocados degraus e feito o manejo de mudas e pedras no caminho,
além de drenos para conter a erosão. O resultado foi aproximadamente 8 degraus com
base de madeira. O mutirão foi feito em um sábado e os participantes receberam um
diploma de participação. Segundo o Chefe do Parque, Edgar Martins, é importante os
mutirões acontecerem aos finais de semana, para que os frequentadores se
conscientizem ambientalmente do lixo que é deixado, e valorizem o trabalho voluntário.
O mutirão é um exemplo de uso público proativo, em que os visitantes colaboram
espontaneamente para a proteção, recuperação e fortalecimento da unidade de

62
conservação (S.O.S Trilhas - http://www.sostrilhas.com/2014/02/resultado-do-mutirao-
do-parque-natural.html).

Fotografia 20. Mutirão com lixo recolhido no PNMNI. Fotografia 21. Integrante do mutirão com certificado.
Retirada do Blog S.O.S Trilhas Retirada do Blog S.O.S Trilhas

63
4 – CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para concluir, as análises e informações levantadas contribuíram para que os


objetivos do trabalho fossem atendidos: foi possível analisar os aspectos do uso público
do Parque, identificar o perfil de visitantes, realizar visita e análise dos atrativos e
aprofundar os conhecimentos sobre o PNMNI através das informações gerais a respeito
de sua criação, localização, acesso e dos aspectos geológicos correspondentes ao
chamado Vulcão de Nova Iguaçu. Também foi possível analisar as atividades previstas
no Programa de Uso Público do Parque (composto pelos Subprogramas de Recreação
e Lazer, Interpretação e Informação Ambiental e de Ecoturismo), sendo algumas delas:
a implantação de sistema de cobrança de ingressos, de um Centro de Visitantes e
instalação de palco na Pedreira. Pode-se verificar, por meio de pesquisa em campo,
quais foram implantadas e os motivos pelos quais algumas não foram. Com relação à
atratividade, foram registradas características e pontos relevantes dos atrativos, como a
necessidade de restauração do Casarão, falta de equipamentos de segurança para as
atividades de ecoturismo e falta de recursos para investir nas potencialidades do
Parque. No que diz respeito ao perfil dos visitantes, verificou-se que em sua maioria são
jovens e adultos da comunidade do entorno e de outros municípios da Baixada
Fluminense em busca de lazer, porém a unidade também recebe visitantes de outras
localidades, até mesmo do exterior. De acordo com pesquisa realizada com os
funcionários, é importante que o Parque seja conhecido e valorizado como unidade de
conservação, não só pela população, mas também por seus administradores, visto que
é grande a necessidade de recursos para melhoria do local. Assim como toda UC, o
Parque sofre impactos negativos, porém também existem os positivos caracterizados
pelo uso publico proativo, exemplificado pelos mutirões, que embora não aconteçam
com tanta frequência, auxiliam na proteção e recuperação da unidade. Também é
válido destacar que os próprios funcionários do Parque Natural Municipal de Nova
Iguaçu se dedicam para que os visitantes se sintam à vontade, preservem e entendam
o potencial e importância desta UC para a população.

64
5 - REFERÊNCIAS

ATOS OFICIAIS – PREFEITURA DA CIDADE DE NOVA IGUAÇU. Disponível em


<http://www.noticiasdenovaiguacu.com/p/a.html>. Acesso em 13 de junho de 2014,
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BELLINASSI, S.; PAVÃO, A.C.; CARDOSO-LEITE, E. Gestão e Uso Público de


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Brasileira de Ecoturismo, São Paulo, v.4, n.2, 2011, pp.274-293.

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Turismo, Secretaria Nacional de Políticas de Turismo, Departamento de Estruturação,
Articulação e Ordenamento Turístico, Coordenação Geral de Segmentação. 2. ed. –
Brasília: Ministério do Turismo, 2010.

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do Turismo, Secretaria Nacional de Políticas de Turismo, Departamento de
Estruturação, Articulação e Ordenamento Turístico, Coordenação Geral de
Segmentação. – Brasília: Ministério do Turismo, 2010.

BRASIL. Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC). Lei nº


9.985 de 18 de julho de 2000 e Decreto nº 4.340 de 22 de agosto de 2002. 2. Ed.
Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2002.

COSTA, V. C. Propostas de Manejo e Planejamento Ambiental de Trilhas Ecoturísticas:


Um Estudo no Maciço da Pedra Branca – Município do Rio de Janeiro (RJ), v1, 2006.

COSTA, N. M. C; COSTA, V. C. Turismo e Meio Ambiente. Aula 3. Rio de Janeiro:


Fundação Cecierj, 2009.

COSTA, N. M. C; COSTA, V. C. Turismo e Meio Ambiente. Aula 4. Rio de Janeiro:


Fundação Cecierj, 2009.

COSTA, N. M. C; COSTA, V. C. Turismo e Meio Ambiente. Aula 6. Rio de Janeiro:


Fundação Cecierj, 2009.

65
COSTA, N. M. C; COSTA, V. C. Turismo e Meio Ambiente. Aula 12. Rio de Janeiro:
Fundação Cecierj, 2009.

Educação ambiental: formação de valores ético-ambientais para o exercício da


cidadania no Município de Nova Iguaçu / NIMA – Núcleo Interdisciplinar de Meio
Ambiente, PETROBRÁS, Prefeitura Municipal de Nova Iguaçu. – Rio de Janeiro: PUC-
Rio, 2010.

GEOLOGIA: INTEMPERISMO E TIPOS DE ROCHAS. Disponível em


<http://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/geologia-intemperismo-e-tipos-de-
rochas.htm>. Acesso em 15 de junho de 2014, 10:03.

GLOSSÁRIO GEOLÓGICO. Disponível em


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6 – APÊNDICE

6.1 – APÊNDICE A: QUESTIONÁRIO RESPONDIDO PELOS FUNCIONÁRIOS


DO PARQUE

Anderson Barbosa Santos – Guarda Ambiental

Significado do Parque

Três palavras-chave sobre o Parque:

Anderson: APA, principal área geológica do Brasil, atratividade ecoturística

O turismo e o parque

Quais os principais atrativos do Parque?

Anderson: Matas secundárias (fauna e flora), resquícios vulcânicos, Pedreira de São


José (desativada), cachoeira e trilhas.

O que é positivo no turismo no parque?

Anderson: Registrar momentos no parque, ecoturismo.

O que é negativo no turismo no parque?

Anderson: Os impactos ambientais gerados pelos visitantes.

Que tipo de turista visita o parque?

Anderson: Universitários, geólogos, cidadãos do entorno.

Se discute o turismo no Conselho? Como?

Anderson: Não há conselho consultivo. A administração é feita pela prefeitura de Nova


Iguaçu.

Principal recomendação para o turismo no parque:

Anderson: Trazer água, alimentos. Fotografar, mas preservando o parque.

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Desenvolvimento Regional

Quais as principais pressões sobre o parque?

Anderson: A poluição por parte da população.

Principais projetos/programas que conhece na região:

Anderson: Bio-digestores – tratamento do esgoto de forma natural, através de folha de


bananeira; implantar nas casas do entorno para evitar o despejo indevido de esgoto no
Rio Dona Eugênia. Amigos do Parque – voltado para educação ambiental nas escolas.

Quais as formas participativas que você conhece na região? Por que?

Anderson: Mutirões com terceiros para manejo e limpeza das trilhas, em prol do
ecoturismo.

Quais as instituições mais atuantes na região? Por que?

Anderson: Museu Nacional (projeto geológico), UNIG (projetos voltados para a flora) e
Fiocruz (manejo de insetos).

Quais os principais benefícios para o desenvolvimento regional pela existência do


Parque?

Anderson: Conscientização ambiental e presença de 70% de mata de áreas


preservadas, em Nova Iguaçu.

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6.179
6.2 – APÊNDICE B: QUESTIONÁRIO – PERFIL DOS VISITANTES

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7 - ANEXO

7.1 - ANEXO 1: MODELO OFICIAL DO QUESTIONÁRIO DIRIGIDO AOS


CONSELHEIROS DO PARQUE - GAPIS/UFRJ

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