Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
LICENCIATURA EM TURISMO
Nova Iguaçu/RJ
2014
1
JOANA DA SILVA CASTRO SANTOS
Nova Iguaçu/RJ
2014
2
JOANA DA SILVA CASTRO SANTOS
BANCA EXAMINADORA
Nova Iguaçu/RJ
2014
3
Dedico este trabalho à minha mãe, Georgete, à minha madrinha, Jeanette e ao
meu avô, Cleto. Eles que acreditam na Educação como o caminho certo e contínuo. A
vocês, toda a minha gratidão, respeito e admiração.
4
AGRADECIMENTOS
Sou imensamente grata a Deus, pelos erros, pelos acertos, pela vida. Agradeço
a minha mãe, Georgete, que me ensinou que, na vida, é preciso sonhar, mas também é
necessário “fazer acontecer”, agradeço por todo seu incentivo e confiança. Sou grata ao
meu avô, Cleto, que, desde pequena, me orientou a não parar de estudar. Agradeço
também a minha avó, Georgiana (in memorian), que foi fundamental para a construção
do ser humano em que me tornei. À minha madrinha, Jeanette, que mesmo longe se
faz presente em todos os sentidos. Ao meu pai, Carlos, pelo apoio nas visitas em
campo. Agradeço ao meu namorado, Pablo, por acreditar no meu potencial, por seus
conselhos e seu amor. À professora Monika, que me orientou e auxiliou na elaboração
deste trabalho. Um agradecimento especial à Dona Francisca e Luana, funcionárias do
Parque Natural Municipal de Nova Iguaçu, que gentilmente me ajudaram com uma
importante “chuva” de informações, e aos membros do grupo de pesquisa “Governança,
Biodiversidade, Áreas Protegidas e Inclusão Social” – GAPIS, da UFRJ, em especial:
Marcelo Lima, Bruna Galassi, Graciella Faico e a Profª Marta Irving, que me receberam
como frequentadora/observadora. Por fim, agradeço aos amigos que fizeram parte
desta caminhada: Tamara, Nídia, Edinilson, Hugo, Marquinho, Enio e todos aqueles
que compartilharam momentos tão importantes comigo. A vocês, um “muito obrigada”
com amor e carinho.
5
RESUMO
6
ABSTRACT
The research aims to analyze aspects of public use in Parks. As a case study, Municipal
Natural Park of Nova Iguaçu is highlighted, seeking to identify visitors profile, main
attractions and general information about the park. The study also analyzed the
activities proposed in the Public Use Program, included in the management plan,
identifying whether they were implemented. It was also attempts to demonstrate the
importance of the park to the city and as a conservation unit. Methodologically, this
monograph is divided into two stages: the first comprising a literature search and
exploratory document analysis; and the second, the stage focused on the field, framed
as a qualitative field research conducted from visiting the main attractions, and
interviewing visitors and employees of the park, prioritizing to investigate their
perception about management unit issues. The results show that it was possible to
achieve the planned objectives, including the identification of the profile of visitors,
mostly young and adult individuals from the Baixada Fluminense; analysis of the main
attractions through its features and condition; and gathering information about the park.
Thus, it is concluded that this study provides relevant information and data about the
Municipal Natural Park of Nova Iguaçu, demonstrating its importance to the region.
Keywords: public use, Parks, Municipal Natural Park of Nova Iguaçu, Conservation Unit
7
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figuras
Quadros
Mapas
Gráficos
Fotografias
Fotografia 14 Poço da Esmeralda – Uma das quedas d’água vinda da Cachoeira Véu
. de Noiva..................................................................................................51
9
Fotografia 19 Rampa de Voo Livre.................................................................................54
10
LISTA DE SIGLAS
UC Unidade de Conservação
11
UNESCO United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization . .
. (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura)
12
SUMÁRIO
I. INTRODUÇÃO 15
5. REFERÊNCIAS 65
6. APÊNDICE 70
13
7. ANEXO 81
14
I. INTRODUÇÃO
De acordo com Pires (2003), o conjunto de bens aos quais o turismo recorre e
busca qualidades e atributos através da demanda turística, se origina de três vertentes:
natureza, cultura e paisagem. A procura por viagens rumo a locais dotados de recursos
naturais vem crescendo juntamente com o crescimento do setor de turismo. Dessa
forma, aumenta-se a preocupação com as áreas naturais e o monitoramento das
mesmas, à proteção e manutenção dos recursos naturais e culturais dessas áreas,
sendo que, muitas se encontram em espaços territorialmente protegidos, como as
unidades de conservação (UC).
15
local. A partir da preservação desses territórios, surgem outras necessidades, como o
ecoturismo (fonte de recreação, lazer e renda para a comunidade local), pesquisas
científicas, manutenção da beleza cênica, atividades educativas e desenvolvimento de
práticas ecológicas.
A categoria Parque faz parte das UC de proteção integral definidas pelo SNUC,
onde, de acordo com o artigo 11, parágrafo 4; as unidades dessa categoria, quando
criadas pelo Estado ou Município, serão denominadas, respectivamente, Parque
Estadual e Parque Natural Municipal. Um parque (federal, estadual ou municipal) é a
categoria mais flexível, comparada às demais categorias de proteção integral. Nele, é
possível, a partir do zoneamento estabelecido em seu Plano de Manejo, realizar várias
atividades que envolvem desde a preservação, passando pela recuperação de áreas
que foram parcial ou totalmente degradadas, até o seu uso público onde o turismo na
natureza e o ecoturismo são desenvolvidos (COSTA, 2009). Nessa categoria, inclui-se
o Parque Natural Municipal de Nova Iguaçu, que faz parte da APA do Gericinó-
Mendanha, localizado na área conhecida como Gleba Modesto Leal, inserida na parte
ocidental da Serra do Madureira. O PNMNI é um importante remanescente da Mata
Atlântica onde se destacam a flora e a fauna da região (PLANO DE MANEJO, 2000).
Com o objetivo de melhor organizar o trabalho, o mesmo foi divido em três capítulos.
No primeiro capítulo busca-se compreender como vem sendo desenvolvidos o uso
público nas UC brasileiras, ressaltando-se os principais impactos decorrentes deste uso
público, bem como propostas e métodos de monitoramento destes.
17
CAPÍTULO 1 - ENTENDENDO O USO PÚBLICO
Uma breve abordagem histórica indica que a visitação das áreas naturais para
atividades recreativas remonta a tempos antigos, mas intensificou-se a partir do século
XIX com o advento da Revolução Industrial e o crescimento das cidades. Segundo
Milano (2000, p.13), a elevação do número de pessoas em rotinas de trabalho fabris
aumentou a demanda por espaços de recreação ao ar livre. As transformações da
natureza devido a sua mercantilização estimularam o surgimento do atual modelo de
parques abertos à visitação pública e com características especiais de proteção,
inclusive com a proibição da presença de moradores. O modelo surgiu nos Estados
Unidos, em 1872, com a criação do Parque Nacional de Yellowstone. A partir de então,
aconteceram iniciativas de reservar grandes áreas em estado selvagem (wilderness) à
disposição das populações urbanas para fins de recreação. No mundo inteiro,
principalmente a partir da década de 1980, os roteiros e viagens aos parques naturais
vêm aumentando significativamente (VALLEJO, 2013). Considerando ainda
Yellowstone, o parque foi um dos principais promotores do grande apreço do público
norte americano pela visitação de áreas naturais protegidas. Os turistas usavam
veículos puxados por cavalos em estradas acidentadas para chegar ao local, no início
do século XX; em 1903, o presidente Theodore Roosevelt, entusiasta de aventuras em
ambientes naturais, é fotografado no Parque; em 1931 é desenvolvido o modelo White
de ônibus de turismo, com capota dobrável, especialmente para a sua visitação (NPS,
2013). Em 1958 foi criado o personagem Zé Colmeia, que passa a fazer grande
sucesso junto às crianças, com as suas peripécias no Parque de “Jellystone”, em
referência ao parque real. Frente a todo esse investimento e propaganda, a visitação
em parques passa a constituir um forte traço cultural dos EUA, ainda observado nos
dias de hoje e esse modelo de conservação racionalizado pelo turismo espalha-se pelo
mundo (PIMENTEL, 2013).
18
outros parques e áreas protegidas foram sendo criadas e, ao longo de muitos anos, foi
aumentando a necessidade de uma sistematização de categorias e objetivos, o que
finalmente é estabelecida em 2000, com o SNUC. No que concerne aos parques, o art.
11 dessa lei estabelece que esses (BRASIL 2002. p.16):
20
parcerias, inclusive como estratégia de gestão territorial compartilhada (VALLEJO,
2013).
Os impactos do uso público são entendidos como consequências das ações dos
visitantes afetando os sistemas ecológicos naturais e a qualidade de vida humana
(saúde, segurança, economia e hábitos culturais). As características de magnitude
destes impactos, incluindo sua extensão, grau de permanência, sinergismo e
reversibilidade, dependem das propriedades das ações impactantes e da
suscetibilidade dos sistemas sofrerem modificações diante das ações de interferência.
Em outras palavras, a avaliação sobre a relevância dos impactos ambientais em UC
requer o conhecimento sobre as características das ações dos usuários em interação
com a sensibilidade dos ambientes de visitação (VALLEJO, 2013).
21
Figura 01. Síntese dos possíveis benefícios resultantes do uso público em áreas protegidas, baseado em Hammitt e
Cole, 1998. Adaptado por VALLEJO, 2013.
22
o aluguel de equipamentos, pagamento de guias e, em certos casos, a alimentação dos
visitantes.
23
de lixo, depredações, pichações e outras formas de alteração que comprometem
esteticamente a paisagem e/ou elementos culturais atrativos da própria área protegida,
como no caso dos danos ao patrimônio histórico, arqueológico e cultural. O lixo facilita a
formação de focos de doenças e elevam os riscos de incêndios, principalmente no caso
de material seco (papéis, latas, etc).
24
Figura 02. Síntese dos impactos negativos de visitação em áreas protegidas, baseado em Hammitt e Cole, 1998.
Adaptado por VALLEJO, 2013.
O uso público dos parques causa impactos ambientais, que precisam ser
manejados. No caso das áreas de uso mais intenso, o manejo apóia-se no conceito de
capacidade de carga. Essa pode ser definida como o nível máximo de uso que uma
área pode sustentar frente à alteração de fatores físicos, sociais, institucionais e
ecológicos, que apresentam limites além dos quais o uso deve ser reduzido (MAGRO,
1999; MANING, 1986; STANKEY, MCCOOL, STOKES, 1990). Esse conceito é bastante
complexo e recebeu muitas críticas quando passou a ser interpretado de maneira
estreita, focando primordialmente no número de visitantes que uma determinada área
poderia suportar (CIFUENTES, 1993). Porém, como coloca Hammitt e Cole (1998), não
há relação linear desse parâmetro com os impactos causados, o que aumenta a
complexidade da sua aplicação prática e sublinha as diferenças comportamentais dos
visitantes. Atualmente, a palavra chave do manejo do uso público refere-se ao
25
monitoramento dos impactos, pelo estabelecimento de uma estrutura de tomada de
decisões baseada em indicadores e padrões (NILSEN, TAYLER, 1998 apud
PIMENTEL, 2013).
Uma variedade de métodos abrange essa conceituação mais ampla, como LAC
(Limits of Acceptable Change – STANKEY et al., 1985), o VIM (Visitor Impact
Management – GRAEFE, KUSS, VASKE, 1990), o VAMP (Visitor Activity Management
Process – GRAHAM, 1989, apud TAKAHASHI, 2004) e o VERP (Visitor Experience and
Resource Protection – MANNING, et al., 1995). Todos esses métodos envolvem
procedimentos similares, pois conceitualmente estabelecem parâmetros de capacidade
de suporte de visitação em áreas naturais, protegidas ou não. Todos também enfatizam
as condições do recurso para substanciar as decisões de manejo (PASSOLD, 2002
apud PIMENTEL, 2013).
26
O LAC proporciona um marco sistemático de tomada de decisão que ajuda a
determinar quais recursos e quais condições recreativas são aceitáveis. Essa
metodologia atenua a gravidade dos conflitos produzidos entre o tempo livre, a visitação
e a conservação do ambiente, além de definir os impactos que se associam com
distintos níveis de proteção ambiental (Wearing & Neil, 1999). De acordo com Stankey
et al. (1985), esse sistema é baseado em quatro elementos principais: especificação
das condições aceitáveis e realizáveis, definidas por vários parâmetros mensuráveis;
análise da relação entre as condições existentes e aceitáveis; identificação das
melhores ações de manejo; e programa de monitoramento e efetividade do manejo da
área. Em seguida, seguem as etapas que compõem o LAC: etapa 1 – definição dos
objetivos e das condições desejadas; etapa 2 – identificação dos valores e das
limitações da área; etapa 3 – estabelecimento do zoneamento da área; etapa 4 –
seleção dos indicadores de impacto; etapa 5 – inventário das condições existentes;
etapa 6 – estabelecimento dos limites aceitáveis de impacto; etapa 7 – identificação das
condições naturais e recreativas adequadas para cada zona; etapa 8 – estabelecimento
de ações de manejo para cada condição; etapa 9 – avaliação e seleção das ações de
manejo adequadas e etapa 10 – implantação das ações e do sistema de monitoramento
(TAKAHASHI, CEGANA, 2005). O LAC foi a metodologia escolhida para a pesquisa de
OLIVEIRA, COSTA, GOMES e SANTOS (2009), sobre o planejamento de trilhas no
Parque Nacional Serra de Itabaiana (SE), por se preocupar com os efeitos do uso e não
com a quantidade de uso que uma determinada zona suporta. As trilhas previamente
mapeadas foram caracterizadas pela metodologia LAC, na qual foram identificados
indicadores de impacto, que serviram para determinar o limite aceitável das mudanças
provocadas pelo uso público. Estes dados serviram como base para a elaboração de
matrizes de planejamento (TAKAHASHI; CEGANA, 2006) que estabelece estratégias
de manejo para minimizar os impactos encontrados nas trilhas do parque (OLIVEIRA;
COSTA; GOMES; SANTOS, 2009).
27
Nacionais dos Estados Unidos (NPS), com o apoio da Associação de Parques
Nacionais e de Conservação (National Park and Conservation Association – NPCA),
desenvolvidos pelos professores Alan R. Graefe, Fred R. Kuss e Jerry J. Vaske. Por
tratar-se de um processo de manejo para áreas naturais conservadas que apresentam
fluxo de visitantes, visa oferecer soluções para o controle ou redução dos impactos que
ameaçam a qualidade ambiental e o produto turístico oferecido nessas áreas (COSTA,
2006).
29
visitantes, entre a equipe do Parque e a comunidade residente local. O propósito desta
pesquisa exploratória era começar a entender sobre a variedade de aspectos do uso
dos visitantes de Arches e desenvolver indicadores potenciais da experiência de
qualidade dos visitantes. A fase 2 da pesquisa teve dois objetivos: determinar a
importância relativa das variáveis indicadas, e auxiliar nos trabalhos sobre qualidade
para as variáveis dos indicadores selecionados (MANNING, et al, op. cit.) (COSTA,
2006). A fase 3 fez uso de uma revisão (monitoria) sobre os visitantes do Parque e foi
conduzida em vários locais. A revisão foi administrada para um número representativo
de visitantes e foi conduzida por meio de entrevistas pessoais e pelo preenchimento de
questionários via correio (mala-direta) (COSTA, 2006).
• O seu tipo;
7) Implantação.
Esse método foi utilizado como referência para a caracterização das condições
atuais dos recursos naturais e as condições de uso público do Parque Estadual da Ilha
do Mel, apesar da limitação da utilização desse processo em unidades de conservação
no Brasil, pois, conforme destaca McArthur (2000), a utilização do VAMP ficou limitada
aos parques no Canadá, com algumas poucas experiências fora de seu país de origem
(JUNIOR, PIRES, 2008). Ele foi adaptado para o parque, onde quatro das etapas
originais foram utilizadas no desenvolvimento da pesquisa realizada por JUNIOR e
PIRES (2008), sendo elas: confirmar os propósitos do parque e os objetivos existentes;
organizar um banco de dados descrevendo os ecossistemas, oportunidades de
recreação e de educação, serviços e atividades dos visitantes e o contexto regional;
analisar a situação atual para identificar a capacidade dos recursos, sua adequação
com as atividades desenvolvidas, as atividades apropriadas para os visitantes, o papel
do parque na região e o papel do setor privado; produzir conceitos de atividades
alternativas para os visitantes, de experiências de visitação, de segmentos de mercado
de visitação e do papel do setor privado na região (JUNIOR, PIRES, 2008). A
adaptação do processo VAMP proposta na metodologia aplicada ao Parque Estadual
da Ilha do Mel, procurou analisar de que maneira ocorre o uso público turístico no
parque. Para isso, buscou-se, o levantamento de informações sobre as principais
características dos visitantes, como origem, faixa etária e grau de escolaridade, entre
outros. Isso relacionado a suas preferências por atividades e atrativos, além do seu
grau de expectativa e satisfação em relação à última visita. Com tais informações
disponíveis, (...) foi realizado o levantamento por meio de um inventário e posterior
32
diagnóstico, contendo a descrição da infra-estrutura, dos equipamentos destinados à
visitação, como também dos serviços de apoio disponíveis para o desenvolvimento das
atividades de visitação. Seguindo as etapas de adaptação, a análise dos resultados
obtidos na pesquisa de campo pôde relacionar o perfil dos visitantes do PEIM com sua
motivação, além de relacionar esses aspectos com as atividades desenvolvidas e suas
expectativas com relação à visita. A partir da aplicação do VAMP, as pesquisas
bibliográfica e documental realizadas permitiram conhecer o processo de ocupação
turística da Ilha do Mel e a real motivação para a criação da Estação Ecológica da Ilha
do Mel na década de 1980, quando já se fazia menção à criação de mais uma unidade
de conservação na parte sul da ilha, até a efetivação do decreto que deu origem ao
PEIM (...) (JUNIOR, PIRES, 2008).
34
Quadro 01. Descrição das Zonas propostas segundo o método ROS. Fonte: Flávio A P Mello 2008.
35
1.3 - TURISMO EM ÁREAS NATURAIS
36
Reconhece-se que o ecoturismo tem liderado a introdução de práticas
sustentáveis no setor turístico, mas é importante ressaltar a diferença e não confundi-lo
como sinônimo de turismo sustentável. Sobre isso, a Organização Mundial de Turismo
e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente referem-se ao ecoturismo
como um segmento do turismo, enquanto os princípios que se almejam para o turismo
sustentável são aplicáveis e devem servir de premissa para todos os tipos de turismo
em quaisquer destinos. Um dos aspectos essenciais que caracteriza o segmento
consiste principalmente na adoção de estratégias e ações para minimizar possíveis
impactos negativos da visitação turística em áreas naturais, como os Parques, por meio
do uso de um modelo de gestão sustentável da atividade. No âmbito do ecoturismo
observa-se a possibilidade de desenvolvimento de uma grande variedade de atividades,
como a observação da fauna e da flora, visita à cavernas (espeleoturismo),
caminhadas, trilhas interpretativas e acampamentos (ECOTURISMO: ORIENTAÇÕES
BÁSICAS, 2010).
38
Mapa 01. Mapa da APA Gericinó-Mendanha, retirado do Blog das APAs Estaduais – RJ
39
Mapa 02. Localização geográfica do PNMNI e vias de acesso. Fonte: Modificado de D08 – Localização Geopolítica e
Vias de Acesso, em Plano de Manejo do Parque Municipal de Nova Iguaçu – Versão Resumida – SEMUAM,
Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo, 2001. Adaptado por Flávio A. P. Mello, 2007.
40
Fotografia 01. Entrada do PNMNI.
42
através de painéis explicativos sobre a evolução dos monumentos geológicos
fluminenses, identificados como pontos de interesse geológico” (PROJETO CAMINHOS
GEOLÓGICOS, 2001). Existem dois caminhos geológicos no Parque Natural Municipal
de Nova Iguaçu e ambos começam na Pedreira São José, a 200 metros da guarita. O
primeiro e mais antigo caminho segue o rio Dona Eugênia até o Casarão, com seis
atrativos e o segundo, segue a trilha da Varginha e tem seu ponto final no Mirante da
Vigné.
Cabe destacar que, a hipótese do “Vulcão de Nova Iguaçu”, tida como uma
referência por vários operadores informais de turismo, e também adotada por várias
atividades sociais e de educação ambiental realizadas por várias instituições, não
possuem sustentação em artigos científicos devidamente revisados, sendo
caracterizado mais como uma “lenda urbana”. As pesquisas geológicas recentemente
publicadas em periódicos científicos qualificados revelaram a inexistência do cone
vulcânico, cratera vulcânica, derrames de lava, fluxos piroclásticos e bombas
43
vulcânicas. Segundo Motoki et Al (2007) nesta região havia vulcanismo, porém o vulcão
e os depósitos eruptivos já foram completamente eliminados por soerguimento regional
e intenso efeito de erosão sob o clima tropical. Não foi encontrado o tálus (material que
se acumula nas encostas e em seus pés, provenientes de conjunto de processos
mecânicos, químicos e biológicos que ocasionam a desintegração e a decomposição
das rochas) composto de grandes blocos sugestivo de colapso da cratera e não ocorre
a saliência morfológica correspondente ao cone vulcânico. Os afloramentos em torno
da suposta cratera não apresentam a estratificação vulcânica, disposição paralela que
tomam as camadas ao se acumularem formando uma rocha sedimentar. Normalmente
é formada pela alternância de camadas sedimentares com granulação e cores
diferentes. Desta forma, considera-se que esse vale não corresponde à cratera
vulcânica, mas a uma morfologia originada de erosão (MELLO, 2008).
44
ATIVIDADES PREVISTAS SITUAÇÃO ATUAL DAS ATIVIDADES
Implantar sistema de cobrança de ingressos Não foi implantado. Houve uma pesquisa de
mercado para utilizar empresa terceirizada em
sistema de catraca e cobrança, mas não foi
executado
Estabelecer um mirante nas proximidades da Existe, porém precisa ser reformado e não possui
Cachoeira Véu de Noiva, com vista para o vale do placa de sinalização
Rio Dona Eugênia e Baía de Guanabara
Instalar palco na Pedreira para realização de Não foi instalado. Está proposto no Plano de
atividades culturais e recreativas Manejo, que neste local ocorressem eventos de
divulgação do Parque, shows, etc. Porém, no
aniversário de 16 anos do PNMNI ( 05 de junho de
2014) houve uma comemoração no entorno da
Sede Administrativa
Padronizar modelo e implantar pontos de venda de Não implantado. Havia um quiosque nas
lanches e de alguns produtos essenciais na Zona proximidades do Poço das Cobras, mas foi retirado
de Uso Intensivo a mando do Ministério Público. O quiosque existia
desde a criação do Parque e foi removido em 2012
Quadro 02. Subprograma Recreação e Lazer. Fonte: Plano de Manejo do Parque Municipal de Nova Iguaçu –
Versão Resumida – SEMUAM, Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo 2001: 70-72. Adaptação de
Joana da Silva C. Santos, 2014.
45
ATIVIDADES PREVISTAS SITUAÇÃO ATUAL DAS ATIVIDADES
Elaborar folhetos com orientação geral sobre o Folhetos elaborados, porém não são distribuídos
PNMNI, para serem distribuídos aos visitantes no
portão de entrada
Selecionar os principais temas acerca dos Isso é feito pelos estagiários de forma informal,
aspectos naturais e histórico-culturais do Parque e não existem projetos
desenvolver projetos interpretativos
Quadro 03. Subprograma Interpretação e Informação Ambiental. Fonte: Plano de Manejo do Parque Municipal de
Nova Iguaçu – Versão Resumida – SEMUAM, Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo 2001: 72-74.
Adaptação de Joana da Silva C. Santos, 2014.
Mapear os atrativos (...) na região das ruínas do Não foi mapeado. De acordo com MELLO, 2008;
Clube de Campo Dom Felipe não há conhecimento de levantamento formal dos
atrativos
Estimular atividades de ginástica ao ar livre Ocorre, porém as pessoas que praticam não vão
em grupos organizados por academias, e sim,
individualmente
Quadro 04. Subprograma de Ecoturismo. Fonte: Plano de Manejo do Parque Municipal de Nova Iguaçu – Versão
Resumida – SEMUAM, Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo 2001: 74-75. Adaptação de Joana da
Silva C. Santos, 2014.
46
CAPÍTULO 3 – ATRATIVIDADE, VISITAÇÃO E PERCEPÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS
47
Fotografia 05. Rio Dona Eugênia visto da Represa
Epaminondas Ramos. Foto de Joana da Silva C. Santos.
07/06/2014
48
Além da represa, tem-se a Pedreira São José, que é uma pedreira de brita
desativada há mais de 40 anos (MOTOKI; VARGAS, 2010). Fica a 158 metros de
altitude e a 200 metros da guarita de entrada do parque. As vias de rapel existentes são
informais e a ancoragem normalmente é feita em árvores, havendo algum
comprometimento das bordas por erosão de uso por ser um solo raso. Os usuários
devem providenciar os devidos equipamentos para a prática de rapel, pois o Parque
não dispõe desses equipamentos.
49
Fotografia 09. Poço das Cobras. Fotografia 10. Poço do Casarão.
Foto de Joana da Silva C. Santos. 07/06/2014 Foto de Joana da Silva C. Santos. 07/06/2014
50
Fotografia 13. Poço da Esmeralda. Fotografia 14. Poço da Esmeralda – Uma das quedas d’água
Foto de Joana da Silva C. Santos. 07/06/2014 vinda da Cachoeira Véu de Noiva.
Foto de Joana da Silva C. Santos. 07/06/2014
Além dos poços, o PNMNI conta com o Casarão, que, de acordo com a placa
indicativa do Parque é a sede da antiga Fazenda Dona Eugênia. Ele foi construído no
século XIX, com o emprego da resistente madeira denominada tapinhoã (Mezilaurus
navalium) dada como extinta nas matas brasileiras há mais de 150 anos. O prédio
conserva características originais, como paredes de taipa-de-pilão e alicerces de pedra.
Segundo alguns historiadores da região, o Casarão é considerado o prédio mais antigo
de Nova Iguaçu que ainda permanece de pé. De acordo com o plano de manejo do
Parque, o Casarão deveria ser reformado como Centro Cultural, local em que seriam
realizados eventos e exposições, porém, não foi implantado. Além disso, a construção
sofreu grande impacto, com a queda da frente da casa, como pode ser visto na
fotografia abaixo, que compara o Casarão em julho de 2013 e em junho de 2014. Até a
data em que a foto foi tirada, nenhuma medida de restauração havia sido tomada.
51
Fotografia 15. Casarão - Foto comparativa de 12/07/2013 e 07/06/2014.
Fotos de Joana da Silva C. Santos.
Além dos atrativos citados, o PNMNI possui trilhas de grau de dificuldade que
variam entre fácil e difícil de acordo com o trecho. Destacam-se a Trilha do Pau Pereira
e a Trilha da Varginha.
52
Fotografia 16. Placa indicativa da Trilha. Fotografia 17. Acesso à Trilha do Pau Pereira.
Foto de Joana da Silva C. Santos. 07/06/2014 Foto de Joana da Silva C. Santos. 07/06/2014
53
O último dos principais atrativos a ser mencionado é a Rampa de Vôo Livre. A
rampa localiza-se em um dos extremos do PNMNI, próximo ao marco noroeste. O
acesso se dá através da Estrada do Tatu-Gamela e é considerada o segundo melhor
ponto do país (e melhor do estado) para a prática desse esporte. Embora não haja um
trabalho consistente de promoção turística, a rampa se caracteriza como um dos
principais atrativos do Parque. O grau de dificuldade da caminhada é entre médio e
difícil por ser muito exposto ao sol e inclinada. Existe uma subida próxima à
Universidade Iguaçu e, de acordo com os funcionários do Parque, seria importante que
houvesse uma guarita e guardas ambientais nesse ponto, pois é acessado por muitos
visitantes que vão em direção à rampa.
54
Em pesquisa realizada em 07 de junho de 2014, no PNMNI, através da aplicação
do questionário que pode ser visto no APÊNDICE B, foram entrevistadas 20 pessoas e
foi identificado local de moradia, sexo, faixa etária, nível de escolaridade, frequência e
motivo da visitação, atrativo mais frequentado e se o visitante já esteve em outros
parques, sejam eles municipais, estaduais ou nacionais. No gráfico abaixo, identifica-se
que, do total de entrevistados, 40% moram em Nova Iguaçu, 35% em Mesquita e 25%
em Nilópolis.
45%
40%
35%
30%
25%
Cidade em que mora
20%
15%
10%
5%
0%
Nilópolis Nova Mesquita
Iguaçu
De acordo com o gráfico 2, 10% dos entrevistados são menores de 15 anos, 20% estão
entre 15 e 21 anos, 40% possuem entre 22 e 30 anos, 15% estão entre 31 a 45 anos e
15% com idade entre 46 e 60 anos. Não foi entrevistado nenhum visitante com idade
superior a 60 anos.
55
45%
40%
35%
30%
25%
Faixa Etária
20%
15%
10%
5%
0%
Menor de 15 a 21 22 a 30 31 a 45 46 a 60
15 anos anos anos anos anos
No que diz respeito ao nível de escolaridade, nota-se no gráfico 3 que, 10% das
pessoas entrevistadas possuem ensino fundamental incompleto e 20% ensino médio
incompleto. Também identificou-se 20% com ensino médio completo, e no caso do
ensino superior, 25% estão cursando e 25% concluíram.
30%
25%
20%
15% Nível de Escolaridade
10%
5%
0%
Fundamental
Cursando
Completo
Completo
Incompleto
Superior
Superior
Incompleto
Médio
Médio
Com relação ao gênero, 60% dos visitantes entrevistados são do sexo masculino e 40%
do sexo feminino.
56
70%
60%
50%
40%
Sexo
30%
20%
10%
0%
Masculino Feminino
40%
35%
30%
25%
20%
15% Frequência de visitação
10%
5%
0%
Uma vez por Uma vez por Duas a quatro
mês ano vezes ao mês
A motivação da visitação das pessoas é maior em fazer caminhadas (35%) e lazer com
a família (35%), seguidos do banho na cachoeira (30%).
57
35%
34%
33%
32%
31%
30% Motivo da visitação
29%
28%
27%
Banho na Fazer Lazer com a
cachoeira caminhadas família
De acordo com o gráfico abaixo, os atrativos mais frequentados que foram citados são
as trilhas (25%) e cachoeira Véu de Noiva (25%), seguidas dos poços para banho
(20%), o Casarão (20%) e da Represa Epaminondas Ramos (10%).
25%
20%
15%
10%
Atrativo que mais frequenta
5%
0%
Casarão Represa Trilhas Poços Cachoeira
Véu de
Noiva
Por fim, foi perguntado se os visitantes já visitaram outros parques, sejam eles
municipais, estaduais ou nacionais. 65% dos entrevistados não visitaram outros
parques e 35% já visitaram. Dentre os parques visitados, foram mencionados o Parque
Nacional da Tijuca, Parque Estadual da Serra da Tiririca (Niterói), Parque Municipal
Ecológico Dormitório das Garças (Cabo Frio), Parque Nacional do Itatiaia e Parque
Natural Municipal de Petrópolis.
58
70%
60%
50%
40%
Já visitou outros
30% Parques?
20%
10%
0%
SIM NÃO
59
3.3 PERCEPÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS EM RELAÇÃO A GESTÃO E AO USO
PÚBLICO NO PNMNI
60
acordo com os métodos de monitoramento de impactos citados no trabalho, a aplicação
do VIM (Visitor Impact Management) seria adequada para avaliar estes impactos,
partindo-se do princípio que todo tipo de visitação gera impactos, a ideia é mantê-los
em níveis aceitáveis.
O Parque sofre com situações de violência, por estar localizado próximo à favela
da Coreia, em Mesquita. Segundo a voluntária, Dona Francisca, traficantes ficaram
alocados por cerca de um mês nas dependências do Parque (possivelmente se
escondendo de policiais). Também foi registrada a morte de um visitante no dia 25 de
janeiro de 2014, que caiu do Poço da Esmeralda. Os funcionários do PNMNI suspeitam
ter sido um traficante, mas não souberam a causa da morte nem quem era o visitante.
Outro ponto mencionado pelos funcionários é do Parque não dispor de nenhum
equipamento de segurança para as atividades que envolvem ecoturismo (rapel, trilhas,
voo livre), os equipamentos devem ser trazidos pelos próprios visitantes. Além disso, o
Parque não possui kit de primeiros socorros, o que pode prejudicar não só os visitantes,
mas também os funcionários, pois no caso de um acidente eles dependem totalmente
do suporte dos bombeiros ou outros tipos de atendimento de emergência.
61
e contemplar a natureza e ser uma opção de lazer acessível para a população do
entorno.
62
conservação (S.O.S Trilhas - http://www.sostrilhas.com/2014/02/resultado-do-mutirao-
do-parque-natural.html).
Fotografia 20. Mutirão com lixo recolhido no PNMNI. Fotografia 21. Integrante do mutirão com certificado.
Retirada do Blog S.O.S Trilhas Retirada do Blog S.O.S Trilhas
63
4 – CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS
64
5 - REFERÊNCIAS
65
COSTA, N. M. C; COSTA, V. C. Turismo e Meio Ambiente. Aula 12. Rio de Janeiro:
Fundação Cecierj, 2009.
HENDEE, J.C.; STANKEY, G.H.; LUCAS, R.C. Wilderness management. 2. Ed. Golden:
North American Press, 1990. 537 p.
66
MOTOKI, A.; VARGAS, T. Guia de excursão geológica – 1 – Parque Municipal de Nova
Iguaçu – RJ. Departamento de Mineralogia e Petrologia Ígnea - Universidade do Estado
do Rio de Janeiro, versão 1.0, setembro de 2010.
67
PROJETO DE VOLUNTARIADO AMBIENTAL – SITE SOBRE O PARQUE NATURAL
MUNICIPAL DE NOVA IGUAÇU/RJ. Disponível em <
http://www.pmni.infotrilhas.com/quem.html>. Acesso em 31 de maio de 2013, 09:01.
68
SOARES, A. C. L. Impactos da urbanização sobre Parques Públicos: estudo de caso do
Parque Zoobotânico do Museu Goeldi (Belém – PA)/ Antonio Carlos Lobo Soares ;
Orientado por Eleanor Gomes da Silva Palhano – Belém, 2009.
69
6 – APÊNDICE
Significado do Parque
O turismo e o parque
70
Desenvolvimento Regional
Anderson: Mutirões com terceiros para manejo e limpeza das trilhas, em prol do
ecoturismo.
Anderson: Museu Nacional (projeto geológico), UNIG (projetos voltados para a flora) e
Fiocruz (manejo de insetos).
71
72
73
74
75
76
77
78
6.179
6.2 – APÊNDICE B: QUESTIONÁRIO – PERFIL DOS VISITANTES
80
7 - ANEXO
81
82