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História e Princípios

do Turismo
Professora Denise S. Rodrigues
2021 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2021 Os autores
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP

R696h Rodrigues, Denise S.


História e princípios do turismo / Denise S. Rodrigues.
Paranavaí: EduFatecie, 2021.
157 p. : il. Color.

1. Turismo. 2. Turismo sustentável. 3. Hospitalidade


I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a
Distância. III. Título.

CDD : 23 ed. 338.4791


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AUTORA

Professora Denise S. Rodrigues http://lattes.cnpq.br/9413392411646667

● Bacharel em Turismo com ênfase em Agenciamento e Eventos (Faculdade


Nobel-Puc).
● Guia de turismo Local, Nacional e América do Sul (Senac).
● Comissária de Bordo (Aeronova).
● Professora no curso de Turismo (Faculdade Nobel).

Sou guia de turismo há 25 anos em Maringá-Pr, Bacharel em turismo há 17 anos,


consultora de viagens por 21 anos em uma agência de viagens e professora na Faculdade
Nobel de Maringá-Pr, com vasta experiência na área de turismo.
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL

Seja muito bem-vindo(a)!

Prezado(a) aluno(a), a sua opção por esta disciplina sinaliza o início de uma jornada
interessante que vamos trilhar juntos a partir de agora. Proponho, junto, com você, ampliar
nossos conhecimentos sobre conceitos, desenvolvimento e oportunidades de crescimento
pessoal e profissional que esta disciplina trará a você.
Além de conhecer os principais conceitos e definições, vamos explorar os mais
diversos segmentos e potenciais fontes de renda que o turismo propicia.
Na unidade I começaremos a nossa jornada pela a história e os princípios do turis-
mo no mundo, no Brasil e no Paraná. Esta noção é necessária para que possamos iniciar e
trabalhar com a segunda unidade que abordará sobre os desafios e potenciais do turismo.
Já na unidade II vamos ampliar nossos conhecimentos sobre os desafios, os poten-
ciais e os aspectos geo-econômicos que o turismo abarca. Também iremos abordar sobre
o planejamento estratégico, afinal é ele que se transforma em um conjunto de mecanismos
sistêmicos que utiliza processos metodológicos para estabelecer metas e ações dentro de
qualquer área ligada ao turismo.
Logo, na unidade III continuaremos nossa jornada pelos conceitos das segmen-
tações do turismo, sua amplitude e a importância que eles representam como um todo.
Abordaremos também acerca da importância da hospitalidade.
Na unidade IV finalizaremos essa etapa destacando a questão da sustentabilida-
de. Abordaremos sobre a infraestrutura da comunicação direcionada ao turismo, cidades
inteligentes e seus potenciais. Nesta unidade vamos compreender o amplo cenário que é
o turismo e observar a importância dele como produto/produtor e como consumidor final.
Aproveito para reforçar o convite a vocês para juntos percorrermos essa fantástica
jornada na busca do saber e assim multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abor-
dados em nosso material. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional.

Muito obrigada e bom estudo!


SUMÁRIO

UNIDADE I....................................................................................................... 3
Introdução ao Turismo

UNIDADE II.................................................................................................... 34
Perspectiva e Integração

UNIDADE III................................................................................................... 67
Segmentação do Turismo

UNIDADE IV................................................................................................. 115


Sustentabilidade e Hospitalidade
UNIDADE I
Introdução ao Turismo
Professora Denise S. Rodrigues

Plano de Estudo:
● Princípios do Turismo no Mundo;
● Princípios do Turismo no Brasil;
● Princípios do Turismo no Paraná;
● Patrimônio Cultural.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar os primórdios do Turismo;
● Saber identificar a evolução do Turismo;
● Compreender a importância do Patrimônio Cultural;
● Entender o elo entre Patrimônio Cultural e turismo.

3
INTRODUÇÃO

Nesta unidade iremos analisar os aspectos históricos do turismo, o surgimento do


turismo. Para tanto, precisamos mergulhar um pouco na literatura e nos períodos por
que passou a evolução desse ramo do conhecimento.
Vamos descrever, em linhas gerais, a origem do turismo ligado diretamente às
necessidades do homem sapiens iniciando na antiguidade.
O hábito de viajar vem dos nossos ancestrais por inúmeras motivações, principal-
mente em razão de necessidades de maior sobrevivência da espécie humana.
Alguns autores advogam que o turismo, como nós o conhecemos hoje, teve início a
partir da segunda metade do séc. XVII com o avanço da Revolução Industrial. Era
evidente a mudança no estilo de vida das pessoas devido ao desenvolvimento das
máquinas a vapor, da tecnologia e da economia.
Existe atualmente uma extensa lista bibliográfica sobre o tema Turismo tanto nas
bibliotecas como nas diversas mídias. Contudo, é importante salientar que o Turismo não é
uma ciência exata como a Matemática, por exemplo. Ele abarca uma gama de fenômenos,
eventos, descobertas arqueológicas, produções contemporâneas, dentre outras. A sensi-
bilidade humana, o êxtase do homem diante do belo, do grotesco, do sagrado, da curiosi-
dade e até do medo são elementos basilares que impulsionam o Turismo e despertam no
estudioso a ânsia pelo aprofundamento em pesquisas afins, em temas que ampliarão a
construção do conhecimento que o acadêmico deseja. Toda leitura sobre o tema Turismo é
empolgante e desperta nas pessoas a vontade de ler, de conhecer, de sentir a emoção, de
partilhar com alguém aquele conhecimento.
Sabemos que o dinamismo, a variedade dessa atividade e o alcance que ela atinge
conquista, atrai e envolve, por isso existem muitos adeptos ligados a este tema. Não esta-
mos falando só da pessoa que deseja realizar o turismo propriamente dito, estamos falando
também de um setor econômico e amplo que envolve uma rede muito grande de serviços,
fazendo uma grande engrenagem girar, que é o Turismo.

Lembre-se, toda leitura é positiva!

UNIDADE I Introdução ao Turismo 4


1. PRINCÍPIOS DO TURISMO NO MUNDO

1.1 Conceitos
Em aspectos históricos e de acordo com Ignarra (2013, p.2), “o turismo nasceu
quando o homem deixou de ser sedentário e passou a viajar, principalmente motivado pela
necessidade de comércio de troca com outros povos”.
A motivação religiosa foi responsável por viagens na Idade Média, por intermédio
das Cruzadas (1095 - 1492). O turismo religioso, portanto, vem de muitos séculos atrás.
“Três mil anos antes de Cristo, o Egito já era a Meca para os visitantes” que lá iam
“para contemplar as pirâmides e outros monumentos”. Essas pessoas viajavam por terra,
em carruagens ou pelo rio Nilo em embarcações. É possível que foram os fenícios que
desenvolveram o conceito moderno de viagens visto que “a Fenícia era uma região inóspita
para o desenvolvimento da agricultura”, assim “houve a necessidade de se desenvolver o
comércio internacional como um instrumento de sobrevivência. Isso ocorreu há mais de mil
anos antes de Cristo, época em que são registradas grandes viagens à China e à Índia”.
(IGNARRA, 2013, p. 2 e 3).
Como vemos, podemos afirmar que as viagens exploratórias dos povos antigos
que buscavam conhecer novas terras para ocupar e explorar já eram também, uma forma
de turismo há milênios antes de Cristo.

UNIDADE I Introdução ao Turismo 5


Esse fenômeno antigo na história da humanidade com relação a viagens, passa
pela Idade Média e posteriormente pela Idade Moderna quando se consagrou o Capitalis-
mo, através de novas estradas, feiras para troca de mercadoria, de riquezas, entre outras.
Na antiguidade, as atividades que, aos poucos, foram se desenvolvendo e que faziam
os povos se deslocarem de um lugar a outro, eram o turismo religioso, cultural, de negócios,
termal, esportivo e de eventos. Contudo, naquela época, não recebia o nome de turismo ainda.
Segundo Ignarra (2013), as viagens com motivação exploratória e comercial podem
ser consideradas e ter sido iniciadas por um judeu que morava em Zaragoza na Espanha
e viajava pela Europa, Pércia e India. O segundo explorador foi um veneziano chamado
Marco Polo (1271) que fez uma viagem de longo percurso. Possivelmente ele não foi o
primeiro europeu a fazer essa viagem ou a chegar à China, mas foi o primeiro a escrever
sua experiência com detalhes. As grandes navegações foram registradas nos séculos XV e
XVI como por exemplo, a de Fernão de Magalhães que deu a volta ao mundo através dos
oceanos.No século seguinte houve os registros dos nascimentos do SPAS com objetivos
para tratamento de saúde.
Iniciou-se a era das ferrovias, no século XIX, que fomentou sobremaneira o de-
senvolvimento do turismo. Surgiu, então, as viagens em massa previamente organizadas
por operadores turísticos. Dentro da Inglaterra, desde 1830, já existia uma linha férrea que
transportava passageiros. Em 1841, Thomas Cook percebeu o quanto se economizaria
em hospedagem e transporte se os percursos de viagens fossem feitos de forma coletiva.
Então organizou uma viagem de trem para 570 pessoas entre a cidade de Leicester e
Loughborough cujo objetivo era participação em um congresso sobre alcoolismo.A viagem
dele foi um sucesso e ele abriu uma agência de viagens. Assim surgiu a primeira agência
de viagens do mundo. (IGNARRA, 2013, p. 5).
Conforme Ignarra, (2013, p. 6) “os historiadores apontam Thomas Bennett
como um dos precursores do serviço de agenciamento turístico”. Ainda segundo o
mesmo autor, quando ele trabalhava na embaixada da Inglaterra, na Noruega, ele
organizava viagens para os ingleses que visitavam aquele país. Logo, instalou uma
empresa própria especializada em organização de viagens. Além disso, providenciava
roteiros, aluguel de carruagens e tudo que fosse necessário aos interessados turistas.
Em 1850, nos Estados Unidos da América, foi fundada a American Express. Em 1891
surgiu através dela o famoso TRAVELER ‘S CHECK, dando início a outros serviços de
viagens, transformando-se em uma das primeiras operadoras turísticas do mundo.

UNIDADE I Introdução ao Turismo 6


Em 1900, ao comemorar a chegada do século XX, Paris chegou a reunir 76 mil
expositores e quase 51 milhões de visitantes. Em 1910 foi criado o primeiro órgão público
oficial do turismo: Office National Tourisme, na França. (IGNARRA, 2013).
Em 1940 foi criada a União Internacional de Organismos Oficiais de Turismo. Hoje
conhecida como OMT – Organização Mundial de Turismo.
Entre as duas Guerras Mundiais houve um significativo desenvolvimento das
rodovias e do transporte aéreo, abrindo assim as portas para o turismo de massa.

FIGURA 1 - OLÍMPIA – GRÉCIA

Destaca-se que a juventude do turismo como atividade organizada e o turismo in-


ternacional de massas explodiram após a segunda guerra mundial e o ritmo de crescimento
da demanda conferiu ao setor turístico uma existência importante e reconhecida, mas que
não seria ainda encarada com a seriedade necessária. Essa situação acabou gerando uma
série de questionamentos ao setor que é muito amplo e variado.
O primeiro ponto a ser considerado é que o crescimento sustentável do turismo tem
revelado uma notável resistência às condições políticas e econômicas adversas. Incidentes
como o 11 de Setembro, os atentados à bomba em Bali (um dos principaís pontos turísticos
asiaticos) e a síndrome respiratória aguda grave (SARS) são uma clara demonstração da
capacidade do setor de se reorganizar e enfatizar novas lógicas e aspectos que incluam ter-
mos como segurança, proteção, gerenciamento de riscos, crise e recuperação.(COOPER
et al, 2007, p. 32).
Mesmo assim, com a jovem maturidade do mercado é inevitável que seu cresci-
mento diminua e, à medida que o perfil do turista e suas exigências sofrem transformações,

UNIDADE I Introdução ao Turismo 7


o setor precisa usar de criatividade para oferecer produtos que satisfaçam à demanda do
novo turista.
Outro ponto que deve ser levado em consideração, de acordo com Cooper et al
(2007,p. 32 e 33) é que, as “organizações internacionais apoiam o turismo por sua contri-
buição à paz mundial, pela diminuição da pobreza, pelos benefícios” das relações
“entre povos e culturas, pelas vantagens sociais e econômicas que dele possam decorrer
e pelo fato de o turismo ser um setor econômico relativamente limpo”. “Os ganhos, em
termos mo-netários e de empregos proporcionados pelo turismo, são considerados
relativos e ilusórios em muitos destinos turísticos”. Ainda de acordo com Cooper et al
(2007) a Organização Mundial do Trabalho manifesta com transparência a preocupação
com o trabalho decente e sustentável, destacando que o objetivo não seria, apenas, a
criação de empregos, mas a criação de empregos com qualidade aceitável. Uma questão
muito importante para definir o sucesso do futuro do turismo é fazer com que todos os
envolvidos demonstrem o quanto esse o quanto setor é responsável e digno de aceitação
como atividade global.

O Turismo, como área de conhecimento, representa uma área temática específica,


um abrangente campo de estudo, mas carece de mais pesquisas e aprofundamentos teóri-
cos para atingir o grau de cientificismo que lhe faz jus.
No entanto, a super popularidade do turismo como temática e o reconhecimento de
sua importância por parte de governos têm acelerado tal estudo. A temática turismo vem
dando sinais de maturidade com o crescimento da comunidade científica a ele dedicada,
com um número cada vez maior de periódicos e de livros-texto que estão cada vez mais se
tornando especializados. Esses bons indicadores norteiam e apontam para o crescimento
do profissionalismo do setor turístico. (COOPER et al, 2007,p. 33).
Para especificar, conforme Cooper et al. (2007, p .36) “O turista é o ator principal”
e “o turismo, afinal de contas, é uma experiência humana por excelência, desfrutada, es-
perada e lembrada por muitos como parte dos momentos mais importantes de suas vidas”.

1.2 Classificações
Partindo de um ponto de vista conceitual, podemos pensar o turismo como: “O tu-
rismo compreende as atividades que realizam as pessoas durante suas viagens e estadas
em lugares diferentes ao seu entorno habitual, por um período consecutivo inferior a um
ano, com finalidade de lazer, negócios ou outras” (OMT, 2001, p. 38).
Segundo Cooper et al. (2007), tal definição não tenha o rigor técnico, ela transmite
a natureza essencial do turismo, ou seja: O turismo provém de um movimento de pessoas
entre vários lugares ou destinos, de sua estada nesses locais, ávidas por conhecer o novo.
Há dois elementos no turismo: a viagem até o destino turístico e a estada nesse local
(incluindo as atividades).

UNIDADE I Introdução ao Turismo 8


1.3 Definições
Algumas definições são baseadas na demanda. Seguindo um ponto de vista con-
ceitual, Leiper sugere: “a atividade turística consiste em todas aquelas empresas,
organi-zações e instalações que se propõem a servir às necessidades e aos desejos
específicos dos turistas” (1979, p. 400).
Existe até hoje uma questão no que se refere às definições técnicas, baseadas
na oferta que está no fato de que existiria uma diferença entre empresas e organizações
turísticas as quais se dedicam integralmente a servir aos turistas e outras empresas e
organizações que também servem aos residentes do local e a outros mercados.
(COOPER et al., 2007,p. 43).

1.4.Turistas
De um outro prisma, definir turismo e turista é muito amplo, na prática, os turistas
constituem grupos heterogêneos, que reúnem diferentes personalidades e perfis
demográficos, com experiências diversificadas. É possível classificar os turistas em duas
categorias simples relacionadas à origem/natureza de suas viagens:
Podemos fazer uma distinção entre os turistas domésticos e os internacio-
nais, embora esse tipo de distinção já não seja mais tão nítida em muitas
partes do mundo (por exemplo, na União Européia). O turismo doméstico
refere-se às viagens realizadas pelas pessoas dentro do seu próprio país de
residência. Nesses casos, não haveria implicações em termos de moeda,
idioma ou visto. É mais difícil quantificar o turismo doméstico do que o inter-
nacional, o que faz com que o primeiro receba menor atenção. Já o turismo
internacional envolve viagens cruzando fronteiras, sendo bem possível que
haja implicações quanto a questões de moeda, idioma e de procedimentos
legais como a exigência de visto. (COOPER et al., 2007,p. 45).

1.5 Categorias
Cooper (2007, p. 45) classifica os turistas ou visitantes em categoria e/ou motivação
da visita. Por convenção, consideram-se três motivações:
1. lazer e recreação, incluindo férias, prática de esportes e turismo cultural,
além da visita a amigos e parentes;

2. negócios e profissional, incluindo reuniões, conferências, missões, incenti-


vos e o turismo de negócios.

3. outras finalidades turísticas, incluindo viagens de estudos e turismo de


saúde.

“Essas motivações não são úteis apenas para fins estatísticos, mas também para o
marketing do turismo”. Considere, por exemplo, que “a flexibilidade das viagens para cada
uma das motivações, partindo do ponto de vista da definição de preços e da validade das
passagens aéreas” e que interfere diretamente na decisão (COOPER et al., 2008, p. 45).

UNIDADE I Introdução ao Turismo 9


2. PRINCÍPIOS DO TURISMO NO BRASIL

2.1.História
Foi através da expansão europeia que o homem sapiens europeu foi em busca por
alimentar-se de novas curiosidades intelectuais e científicas. A relação de comércio de troca
começou a se desenvolver a uma inevitável e irreversível circulação cultural. Produtos
e cultura viraram visivelmente um produto promissor e desejável. As viagens de
descobrimento iniciaram o movimento de deslocamento para a América que levaram o
homem europeu a conquistar novos territórios. No início, esses deslocamentos para as
novas terras descobertas foram menos intensos, devido às dificuldades do mar e à
precariedade nas condições exigidas. No entanto, em um gradual movimento, os
deslocamentos da Europa para a América portuguesa cresceram ao longo dos anos, isso
ocorreu nos séculos XVI e XVII.
Os destacados avanços na tecnologia de navegação fez com que ampliassem
as práticas da mesma. E através das anotações, desenhos, mapas e manuais de
navegação os registros sobre viagens ganharam uma ampla difusão, sobretudo facilitando
as navega-ções para as Américas.
O objetivo era avançar pelos territórios à procura de riquezas e captura de índios.
Esse movimento contribuiu também para o redesenho dos limites territoriais portugueses,
o que marcaria o processo de ocupação da América. Isso foi decisivo para a conquista e
definição do território brasileiro, que se manteve unido mesmo após a independência.

UNIDADE I Introdução ao Turismo 10


Segundo Linhares et al (2020), a terra ocupada pelos portugueses não estava de-
serta, totalmente abandonada ou até mesmo sem dono, aqui nesta terra brasileira, estava
um grupo de homens, que sim já ocupavam a terra e eram cerca de aproximadamente três
milhões de índios. No dia em que Pedro Álvares Cabral avistou o Monte Pascoal, na Bahia,
esses índios, esses habitantes já lutavam entre si pela posse dos melhores rios, os bons
vales e as praias com mais abundância em peixes. Esse Brasil já existia.
O Brasil, como nós o conhecemos hoje é produto do trabalho, de acordo com Li-
nhares et al (2020) do esforço, da dor e da alegria; das festas, das comidas, das danças,
do português falado com diferentes acentos e cantado na bossa nova, no samba, no axé
do sotaque gaúcho até o nordestino, do feijão com arroz, do vatapá, do tucupi, da carne
de sol, do acarajé, do tacacá e do churrasco, do branco, do negro, do índio, mais ainda, do
mestiço, do cafuso, do cariboca, do mameluco, do mulato, do pardo e do retinto, do romance
regional, da poesia concreta e do cordel, das cidades pequenas ou planejadas, do barroco
e do utilitário, das praias ensolaradas, das serras com geadas e da garoa enfumaçada... É
uma soma de tudo isso, uma soma que não resulta num produto só, uma soma de diversas
características que nós reconhecemos como únicas: o Brasil. Se o Brasil não foi descoberto
em 1500 – e talvez possamos aceitar e usar essa expressão apenas como uma licença
histórica, podemos dizer que se descobriu uma rota, um caminho, um rumo em direção a
uma nova (para os europeus) terra. Em 1501 e 1503, Portugal enviou expedições, ditas
“exploradoras”, ao Brasil e outras foram enviadas em 1516 e 1526, ambas sob comando de
Cristóvão Jacques, para desalojar os franceses. Só em 1530, patenteada a crise do Império,
Portugal envia uma expedição visando realmente à ocupação da nova terra. A expedição,
sob comando de Martim Afonso de Souza – navegante instruído e amigo de Pedro Nunes,
o cosmógrafo real, a quem narraria importantes questões ligadas ao magnetismo terrestre
observadas durante a viagem ao Brasil. Em 1532 fundou no litoral do atual estado de São
Paulo a Vila de São Vicente. Esse núcleo se estendeu, mais tarde, no interior, pelo planalto
de Piratininga, em que João Ramalho, um português aculturado entre os índios, fundou
Santo André da Borda do Campo, dando um impulso firme à obra de colonização,
acentuada pela fundação de Santos, um pouco mais tarde, pelo escudeiro de Martim
Afonso, Brás Cubas.
Já o século XVIII ficou marcado pela exploração de ouro na região das Minas Ge-
rais. Houve um grande deslocamento de pessoas da área da Colônia e da Metrópole para
Minas. Todos queriam o enriquecimento rápido.

UNIDADE I Introdução ao Turismo 11


O olhar do viajante que vinha ao Brasil era apreciar a natureza, as plantas, as
pessoas, frutas, animais, cores, alimentos entre outras coisas fabulosas neste universo
com uma fauna e flora tão pouco exploradas.
Houve um valor superior no ato de viajar no século XVII e XVIII. Na metade desses
séculos, o anseio de conhecer outros aspectos do mundo e romper com a vida cotidiana fez
outra categoria de interesses e busca por viagens exóticas, culturais e científicas. Naquela
época a valorização das antigas civilizações e das artes era impulsionada pelas descober-
tas arqueológicas que se intensificaram.
Nesse sentido, a viagem se transformou em prova de cultura e educação, na maioria
das vezes restrita a um grupo de pessoas com mais recursos. Os precursores dessas via-
gens foram os naturalistas. Eles sabiam que para fazer pesquisa deveriam ter o espírito de
observação e imparcialidade, assim podiam coletar exemplares de espécie, desidratando-as
e guardando-as em álcool para serem remetidas aos gabinetes de pesquisa na Europa.
Em 1822, iniciou-se a Independência do Brasil e oficialmente foi declarada dia
07 de setembro do mesmo ano.

FIGURA 2 - PÃO DE AÇÚCAR

Logo após a instalação das capitanias hereditárias e do Governo-Geral, criou-se


um turismo de negócios entre a metrópole e a colônia (Brasil), surgindo a necessidade das
viagens de intercâmbio cultural, disponíveis apenas para as classes mais privilegiadas
da época para ir a Portugal a fim de estudar. (LINHARES et al., 2020, p. 41 - 51).

UNIDADE I Introdução ao Turismo 12


“O ciclo de ouro e a ocupação da parte ocidental do País deram origem” ao “início
do turismo de aventura no Brasil’’. Embora muito modesto, iniciava naquela época o turismo
receptivo brasileiro. Existem “relatos históricos mostram que na segunda metade do século
XVIII ainda não havia hospedarias na cidade do Rio de Janeiro”. Neste período, “a corte
Portuguesa transfere-se para o Brasil em meados do século XIX “e com isso” inicia “um
grande desenvolvimento urbano”. “Cresce a demanda por hospedagem” significativamente
“na cidade do Rio de Janeiro em virtude da visita de comerciantes e diplomatas, iniciando
assim, a hotelaria brasileira”. (IGNARRA, 2020, p. 8).
Conforme o autor Ignarra (2020), após metade do século XIX, devido a ação efe-
tiva do Visconde de Mauá, desenvolvem-se os transportes movidos a vapor. Em 1852, é
fundada a Companhia de Navegação do Amazonas e, em 1858, é inaugurado o primeiro
trecho ferroviário no Rio de Janeiro. Essa evolução dos transportes propiciou um grande
incremento de deslocamentos ao Rio de Janeiro e, na metade do século XIX, a cidade já
contava com aproximadamente 200 estabelecimentos, entre hospedarias, hotéis e restau-
rantes. Em 1885, é inaugurado o trem para subir ao Corcovado que existe e funciona até
hoje. Sem dúvida foi o primeiro atrativo turístico a receber investimento do governo para
manter uma infra-estrutura apropriada e segura. Em 1908, é inaugurado o Hotel Avenida,
com 220 quartos, o maior do Brasil, marcando o início da hotelaria moderna brasileira.
Somente no ano de 1870 há registros de hotéis com qualidade na cidade de São Paulo.
A Lufthansa, em 1927, empresa aérea, criou no Brasil a Condor Syndikat, que mais
tarde daria origem à Varig e posteriormente a Panair do Brasil e a Rio Sul. Empresas essas
que realmente impulsionam o turismo interno e externo e abriram o caminho para outras
empresas aéreas.(IGNARRA, 2020, p. 8).
Ainda de acordo com autor Ignarra (2020), o governo brasileiro, a partir de 1966,
criou os primeiros instrumentos de regulamentação da atividade com a formação do Con-
selho Nacional de Turismo (CNTUR), o Fundo Geral de Turismo (Fungetur) e do Instituto
Brasileiro de Turismo (Embratur).

UNIDADE I Introdução ao Turismo 13


FIGURA 3 - CRISTO REDENTOR DO RIO DE JANEIRO - RJ

Segundo Beni (2003), o crescimento econômico e a prosperidade mundial pro-


moveram o aumento do turismo de negócios e o crescimento pequeno, mas constante do
número de famílias que poupam para conhecer o mundo. Os avanços tecnológicos nos
transportes e nas comunicações também contribuíram para possibilitar as viagens com
tarifas mais reduzidas e, assim, mais acessíveis a um público maior. Nosso país possui um
grande potencial para desenvolver o turismo: natureza deslumbrante, cultura diversificada
e povo acolhedor. O turismo pode ser uma resposta para muitos de nossos problemas, pois
é uma excelente fonte de geração de trabalho.
A indústria do turismo proporciona renda, benefícios para uma comunidade inteira. Se
aquela engrenagem de que falamos na introdução desta apostila funcionar, são elas: o poder
público, a comunidade local, o empresário, os profissionais e os prestadores de serviço que
colheram os louros. Se cada setor desempenhar a contento sua parte, os resultados positivos
servirão para alavancar o turismo local. O turista quando visita um lugar deixa recursos que
circulam em toda a cidade e região. Existem gastos nos hotéis que não se limitam apenas
na hospedagem. Gastos com bebidas, restaurante, táxi, parques, cinemas, bares, salão de
beleza, souvenirs dentre outros. É toda uma engrenagem que alimenta a cidade e região.
Conforme Beni (2013), o turismo segue em fomento e se junta ao tema meio am-
biente, fortalecendo-se no Brasil cada vez mais. O desenvolvimento acelerado do chamado
turismo de massa, ou convencional, desencadeou uma série de impactos nos destinos
turísticos no mesmo momento em que movimentos ambientalistas explodiram e reivindi-
cavam uma nova postura dos setores da economia. Esse novo contexto fez com que os

UNIDADE I Introdução ao Turismo 14


setores produtivos criassem alternativas para atender às novas expectativas de desenvolvi-
mento sustentável discutidas até então. Surgem então, novas modalidades de turismo que
visam a um menor impacto por meio do uso sustentável dos recursos, todas denominadas
Turismo Sustentável. O turismo, desde que incorporou o conceito “sustentável”, propõe-se
a buscar um novo posicionamento em relação às atividades econômicas e às tecnologias,
ou seja, alternativas ao modelo de turismo convencional de massa em direção a novos
estilos de vida e ao maior envolvimento, preocupação e responsabilidade com as questões
ambientais. Assim, nasce uma nova maneira de relacionar o ser humano a sua família e
sua casa, minimizando os impactos negativos tão indesejados à natureza e à cultura. A
partir do surgimento dessa modalidade, começaram a aparecer os conflitos em torno da
sua conceituação e, apesar da maioria delas estar embasada em pressupostos se não
próximos, idênticos à multiplicidade de olhares envolvidos em sua execução, torna-se cada
vez mais prudente um maior diálogo sobre o assunto a fim de que haja uma ligação
entre os pontos.

FIGURA 4 - PLANEJAMENTO DE VIAGEM

Apesar dessa necessidade, os referenciais bibliográficos, principalmente com sóli-


das preocupações didáticas auxiliam estudantes de graduação a conhecerem os princípios
básicos do Turismo Sustentável.
Com a expansão natural do turismo e a má compreensão dos princípios do desen-
volvimento sustentável por alguns profissionais recém-ingressos no mercado turístico, urge
que seja realizado um movimento acadêmico e/ou de profissionais, que vá em direção ao

UNIDADE I Introdução ao Turismo 15


resgate desse conceito e o diferencie dos demais. Hoje, é fundamental retomar tal debate
sobre as várias concepções no que elas têm de mais interessante, conflitante e comple-
mentar, sem entrar no mérito de qual ou quais conceitos são os definitivos. Essa é a função
inicial das instituições formadoras de profissionais para o setor. A gestão ambiental do turis-
mo consolida-se, assim, como uma carreira primordial, responsável pelo desenvolvimento
de inúmeros projetos e o exercício de atividades de monitoramento para impedir ou diminuir
a poluição e a deterioração das águas, da mata, do solo, do ambiente urbano, da cultura
produzidas direta ou indiretamente por todas as atividades turísticas e suas ramificações.

UNIDADE I Introdução ao Turismo 16


3. PRINCÍPIOS DO TURISMO NO PARANÁ

Em 1531, quando os homens portugueses chegaram no Paraná, predominavam os


tupis-guaranis e os jês. Os tupis eram mais adiantados, tinham sua subsistência assegurada
pela agricultura, plantavam mandioca, milho, fumo e algodão. Eles viviam dentro de densas
florestas. O índio paranaense tinha um elemento na sociedade tribal que chamou a atenção
do homem branco que era a divisão do trabalho entre homens e mulheres. É grandiosa a
influência que o paranaense recebeu do indígena. Muitos foram eliminados pelo avanço
da civilização branca e outros foram incorporados a essa sociedade. Os termos a seguir
são todos de origem tupi-guarani: Paraná, Curitiba, Paranapanema, Paranaguá, Iguaçu,
Iguaraçu, Tibagi, Marumbi, Canjica, Guri, etc. Eles usavam eni (rede) em suas ocas para
dormir. Foram eles que ensinaram os europeus a utilizar a erva-mate e o fumo. O costume
que temos hoje de tomar banho todo dia e passar loção no cabelo são elementos ensinados
pelos índios. (WACHOWICZ, 2010,p.16).
Conforme Wachowicz (2010), até 1853, não existia o Paraná. O território que hoje
conhecemos como paranaense pertencia a São Paulo. No final do século XVI e início do
XVII as buscas por metais preciosos tiveram êxito na Baía de Paranaguá. Por ter sido
a primeira região do Brasil a apresentar sinais de ouro, o território passou a receber
povoadores, especialmente paulistas. A produção aurífera foi responsável, portanto, em
1660, pela transformação de Paranaguá em Capitania. Nesse mesmo contexto houve a
fundação de Curitiba.
No entanto, a descoberta de ouro na região Centro-oeste do Brasil desviou os
olhos da Coroa Portuguesa do território paranaense. Assim, em 1710, conforme Severino
(2009), foi fundada a Capitania Geral de São Paulo, que abrangia os territórios das capi-

UNIDADE I Introdução ao Turismo 17


tanias de Paranaguá, São Vicente, Santo Amaro, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e se
estendia para o Sul da colônia. Nesse momento, portanto, o território paranaense passou
a estar sob tutela paulista, com a denominação de 5ª Comarca de São Paulo, com sede
em Paranaguá. Durante a primeira metade do século XVIII o território da capitania paulista
sofreu desmembramentos: Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina, Rio Grande de São Pedro
(atual Rio Grande do Sul) e Mato Grosso emanciparam-se. Em 1748, a própria Capitania
de São Paulo perdeu sua autonomia, ficando subordinada à comarca do Rio de Janeiro.
Em 1763, porém, o Rio de Janeiro tornou-se a capital do Brasil. Com isso, houve uma
nova reestruturação política e São Paulo voltou a ser uma capitania autônoma em 1765,
possuindo como territórios os atuais Estados paulista e paranaense. (SEVERINO, 2009).
Enquanto o território paranaense era Comarca de São Paulo, não havia uma estrutura
competente para as exigências administrativas da região. A segurança era péssima, não
havia escolas, nem professores suficientes para a população. A justiça era mal aplicada e
lenta. Os serviços públicos eram precários. Verbas eram desviadas e, além disso, a Co-
marca sofria com pesados tributos pagos tanto para o Império, quanto para a província de
São Paulo. Essa conjuntura gerava grande insatisfação. Parte da população da Comarca
começou a lutar por sua liberdade político-administrativa. Na primeira metade do século
XIX, a 5ª Comarca de São Paulo sofreu importantes mudanças econômicas: a produção do
mate e da madeira despontou no mercado do Prata e no Chile, ultrapassando a importância
econômica do comércio de gado que havia entrado em decadência. Essa intensa atividade
econômica aumentava, entre a elite paranaense, o desejo pela separação de São Paulo.

FIGURA 5 - MAPA DO BRASIL

UNIDADE I Introdução ao Turismo 18


Assim, em 2 de Agosto de 1853, o projeto de emancipação da comarca do Paraná
foi aprovado e, em 29 do mesmo mês, sob Lei nº 704 sancionada por D. Pedro II, foi criada a
província paranaense: então no dia 19 de dezembro de 1853 aconteceu a instalação solene
da nova província, tomando posse o primeiro presidente, Zacarias de Góes e Vasconcellos.
A nova província recebeu o nome de Paraná, denominação que vem da língua
Tupi Guarani que significa ‘rio caudaloso’, em que o fluxo de água é abundante e foram os
índios os primeiros a entrar em contato com os homens brancos. (PARANÁ, 2021, online).
Conforme Silva (2005), o Paraná passou a ter papel importante na Revolução Fe-
deralista quando o Presidente Floriano Peixoto decretou Estado de Sítio para os
Estados do Sul e convidou o General Francisco de Paula Argolo para organizar o ataque
aos revol-tosos que já estavam em Santa Catarina. Nesse sentido, o Paraná estava
estrategicamente localizado para que as forças legalistas pudessem articular a luta
contra os federalistas. As forças militares de que Argôlo dispunha eram insuficientes
para conter o avanço dos revolucionários. O Coronel Antônio Gomes Carneiro tomou a
frente com orientações do Presidente Floriano Peixoto, o Coronel Carneiro instalou seu
quartel-general na cidade de Lapa, de onde organizaria a defesa das cidades
paranaenses. De acordo com Lacerda (1985), o material bélico utilizado pelas forças
legalistas era bastante precário, grande parte, herança da Guerra do Paraguai (1864 -
1870).
Durante o Cerco da Lapa, Floriano Peixoto adquiriu equipamentos no
exterior, reabastecendo as tropas legalistas de São Paulo. Dessa forma, estas fizeram
frente aos federalistas, dando início à retomada legalista do Paraná.
A resolução final do conflito aconteceu apenas em 1895, quando o Presidente
Prudente de Morais selou um acordo de paz com os federalistas na cidade de Pelotas-RS.
O Paraná, numa visão política, desenvolveu importante papel no contexto da Re-
volução Federalista.
O Paraná recebeu, ao longo de sua história, muitos imigrantes das mais diferentes
etnias, formando uma sociedade com cultura e tradições específicas e diversas ao
mesmo tempo. Vieram paulistas, mineiros, ingleses, portugueses, italianos, alemães,
japoneses, holandeses, poloneses, árabes, ucranianos e outros.
Existia nessa época, uma política do incentivo impulsionada por propagandas
que enfatizavam o Brasil como um paraíso propício à formação de fortunas, uma terra
de oportunidades e de sossego, um verdadeiro paraíso no ‘novo mundo’ (termo muito
utilizado entre os europeus), distante do caos que havia se tornado a Europa.

UNIDADE I Introdução ao Turismo 19


FIGURA 6 - IMIGRANTES COLHENDO CAFÉ NO PARANÁ.

OBSERVE A ALTURA DAS ÁRVORES

Fonte: Diário do Turismo, 2015. Disponível em: <https://diariodoturismo.com.br/trabalho-imigrante-

-em-lavouras-de-cafe-e-tema-de-nova-exposicao-no-museu-da-imigracao/>. Acesso em: 09 de maio de 2021.

De acordo com Priori et al (2010,p.36), “na Europa (de onde proveio a maior
parte dos imigrantes para o Brasil e para o Paraná), situações adversas, como excedente
populacional, guerras e as crises econômicas que geravam desigualdade social,
desemprego e insatisfação, vieram despertar, em muitas pessoas, o interesse de partir
para outra realida-de, que poderia estar disponível em países como o Brasil, na América”.
Eram visto que no estado do Paraná, os primeiros imigrantes compareciam sob
a condição de colonos e tinham de transformar mata fechada em lavouras, assim como
erguer suas próprias casas/moradias. (STECA; FLORES, 2008).
De acordo com Priori et al. (2012, p. 36), no Estado do Paraná, “o objetivo primordial
era fomentar o cultivo da agricultura de subsistência, para manter abastecidos os centros
urbanos que já passavam por raleamento de produtos agrícolas”. Isso só seria possível,
toda “essa circulação das novas forças de trabalho, as estratégias estatais se em primeiro
lugar criassem condições propícias a fim de que o território a ser ocupado se tornasse uma
‘área de atração’ aos imigrantes”.

UNIDADE I Introdução ao Turismo 20


A primeira população migratória que se configurou o P araná, e ra c onstituída de
portugueses, portanto o plano deu certo.
Conforme Priori et al (2012, p. 37), “se, inicialmente, a imigração foi
considerada fórmula ideal para a substituição da mão de obra escrava, posteriormente,
passou a ser considerada importante para a ocupação de vazios demográficos,
ocupação do solo e empreendimentos agrícolas”.
Segundo Priori et al. (2012), houve então, o Ato Adicional de 1834, que
proporcionou um novo estímulo ao programa imigratório, em que o Governo Imperial
delegou aos governos provinciais competência para “promover e estimular, em
colaboração com o poder central, o estabelecimento de colônias” (apud BALHANA;
MACHADO; WESTPHALEN, 1969, p. 158). Ainda nas palavras de Priori et al (2012, p.39)
“a entrada de imigrantes acabou auxiliando, posteriormente, a expansão industrial” que
“contribuiu também, para as mudanças nas relações de trabalho, mesmo quando a
escravidão ainda era vigente. Foi sendo construída, principalmente nos núcleos urbanos,
uma cultura de trabalho assalariado, mesmo que em pequenas empresas”.
Uma das características que é importante destacar é essa gradativa transferência
de descendentes de imigrantes para os centros urbanos. Começava ali a defasagem do
campo, devido às dificuldades e falta de condições estruturais para o trabalho no campo.
Houve uma forte crise de imigração no final de 1870 e início da de 1880. O equilíbrio e a
recuperação só foram retomados com mais ênfase a partir de 1885. (PRIORI et al., 2012, p. 39).
“No Paraná, a cidade de Paranaguá, a qual servia de porta de entrada, possui a
maior concentração de imigrantes portugueses. Também houve interesse dos lusitanos
pelas regiões de Maringá, Londrina, Campo Mourão e Umuarama, durante o auge do ciclo
do café” (PRIORI et al., 2012, p. 41).
No dia 17 de junho de 2008 o então príncipe Naruhito, filho do imperador Akihito e
herdeiro do trono japonês (hoje imperador do Japão), chegou no Estado do Paraná para
participar das comemorações do centenário da imigração japonesa para o Brasil. Em 1908
aportou o primeiro navio japonês na costa brasileira em Santos com 781 nipônicos. A via-
gem durou 52 dias.
Conforme Priori (2012, p.41) destaca que:
nesse longo século, os imigrantes que chegavam dirigiam-se, principalmente,
às lavouras cafeeiras do Estado de São Paulo e do Paraná. Além da cultura
tropical, os japoneses se empenharam na piscicultura, cultivo de hortaliças,
fruticultura e na introdução da criação do bicho-da-seda no Estado.

UNIDADE I Introdução ao Turismo 21


Podemos observar que a vontade e/ou necessidade de mudança era nítida em
todos os povos de todos os continentes, por isso a emigração aconteceu.

FIGURA 7 - PLANTAÇÃO DE CAFÉ

Com o crescimento da demanda turística a partir da Segunda Guerra Mundial


ocorreu a mudança de opinião dos administradores ou gestores sobre esse novo produto
nacional, o turismo. Com o aumento no volume de turistas, não há dúvidas de que a gestão
da demanda turística é um dos desafios para o turismo no século XXI. Podemos observar
até aqui que as mudanças nas noções de demanda ocorridas ao longo dos anos, desde a
Declaração Universal dos Direitos Humanos, das Nações Unidas, de 1948, que estimula
todos os indivíduos a exercerem o “direito” de viajar, até o atual momento, no qual o turista é
impelido a ser responsável ao viajar. Quanto a esse aspecto, é nítido como diferentes setores
do mercado turístico têm tratado a “educação” dos turistas, estimulando um comportamento
responsável. Outro ponto importante é o reconhecimento de que, para gerenciar a demanda
turística é importante compreender a natureza da demanda em termos de definições,
seus diversos componentes e indicadores simples. (COOPER et al., 2008).

UNIDADE I Introdução ao Turismo 22


4. PATRIMÔNIO CULTURAL

Embora a palavra turismo origina-se da língua Inglesa tour, urge destacar que
esta é proveniente da língua Francesa tourisme, mas ela também tem origem em outra
língua, isso porque o radical da palavra tourisme vem do latim tornus, que significa “fazer
a volta”, “volta ao redor” ou “ir a algum lugar e retornar”. (SERPA et al, 2019, p.16).
A atividade comercial do turismo, foi a responsável por introduzir o conceito de
viagem organizada, popularizando essa atividade e tornando-a mais acessível a todas as
classes sociais desde o início da civilização.
De acordo com Serpa et al (2019), Thomas Cook foi quem criou o pacote
turístico: preço, passagem, traslados, refeições e hospedagem. O que se observa é que o
pioneiris-mo dos ingleses na organização de viagens com fins em prática do lazer, deram
certo e se transformaram em um grande negócio.
É fato que as viagens, mesmo a lazer, ocorriam desde a Antiguidade , não
foi Thomas Cook quem inventou o turismo, mas ele conseguiu potencializá-lo
como uma atividade de massa, criando uma rede de conexões entre trans-
porte, hospedagem, atrativos e mesmo bancos, para que descontassem os
cheques-viagem que eram emitidos por sua agência, a Thomas Cook & Son
(SERPA et al., 2019, p. 17).

“A OMT foi criada em 1970 e atualmente conta com 158 países membros e mais
de 500 afiliados que representam o setor privado. Seu site oficial está disponível em inglês,
espanhol e francês. A entidade tem como objetivo desenvolver o turismo de forma
competitiva e sustentável, propiciando a inclusão social e proteção ambiental” (SERPA et
al,2019, p.17).

UNIDADE I Introdução ao Turismo 23


Thomas Cook se tornou um marco na história por ser precursor nesse tipo de
viagem em maior quantidade. O que importa hoje é a dimensão que se tornou o turismo
de massas e o que ele alcança dentro de um prisma cultural, social e econômico. É muito
difícil mensurar e muito pouco produtivo discutir e querer nominar todas as terminologias
observadas e oferecidas nas diversas bibliografias publicadas.
Demanda turística refere-se ao grupo de pessoas que viaja ou que pode vir a viajar.
O Ministério do Turismo brasileiro possui um portal com diversas publicações sobre levan-
tamentos estatísticos. É fundamental compreender a demanda turística para que se planeje
a necessidade de mudanças ou as qualificações na oferta de produtos e serviços turísticos,
ou até mesmo o perfil dessas pessoas (demanda) que pode ser utilizado em estratégias de
marketing e direcionamento.
Outro bom exemplo sobre o que é a demanda turística, é o conceito de Cooper
et al (2008), ele sugere três componentes fundamentais das demandas: a demanda real
ou afetiva, que são os clientes turistas que viajam periodicamente e podem virar
estatísticas positivas; a segunda se trata da demanda reprimida que pode vir a ser a
demanda potencial, que são aqueles consumidores que esperam condições favoráveis
para viajar e a terceira e última é a chamada de não demanda, são parte da população
que não querem viajar para nenhum lugar. Todos esses componentes primários fazem
parte de uma grande engrenagem que se somará aos interesses do Patrimônio Cultural.
De acordo com o Ministério do Turismo (BRASIL, 2010, p. 17 e 18),
existem formas de expressão da cultura que são classificadas em áreas de
interesse específico e que geram demandas de viagem com motivação pró-
pria, mas se configuram dentro da dimensão e da caracterização do turismo
cultural, é o caso da religião, do misticismo e do esoterismo, dos grupos ét-
nicos, da gastronomia, da arqueologia, das paisagens cinematográficas, das
atividades rurais, entre outros.

Segundo Serpa et al. (2019, p. 45 apud RODRIGUES, 2011, p. 16)


a palavra patrimônio pode assumir sentidos diversos. Originalmente, esteve
relacionada à herança familiar, mais diretamente aos bens materiais. No sé-
culo XVIII, quando, na França, o poder público começou a tomar as primeiras
medidas de proteção aos monumentos de valor para a história das nações,
o uso da palavra patrimônio estendeu-se aos bens protegidos por lei e pela
ação de órgãos especialmente constituídos, nomeando o conjunto de bens
culturais de uma nação.

UNIDADE I Introdução ao Turismo 24


4.1 Origem do Nome Patrimônio
De acordo com Serpa (2019, p.45 apud Panosso Netto e Lohmann, 2008,p.
431), a origem da palavra “patrimônio” vem do latim, patrimonium, que significava o
pecúlio, a herança e os bens familiares. O vocábulo estava ligado ao bem material. Na
atualidade, o patrimônio tem vários significados e depende da abordagem que é feita.
Muitas ou todas as definições de patrimônio têm como alinhamento e fundamento
com a definição ofertada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência
e a Cultura (UNESCO s/d): “ O patrimônio é o legado que recebemos do passado, vivemos
no presente e transmitimos às futuras gerações. Ambos patrimônios, o cultural e o natural
são fonte insubstituível de vida e inspiração, nosso ponto de referência, nossa identidade.”
Já para Fonseca no livro ‘O patrimônio em processo’ (1997 p. 93), ele afirma que:
Patrimônio é tudo o que criamos, valorizamos e queremos preservar: são
os monumentos e obras de arte, e também as festas, músicas e danças, os
folguedos e as comidas, os saberes, fazeres e falares. Tudo enfim que pro-
duzimos com as mãos, as idéias e a fantasia.

FIGURA 8 - MOQUECA DE PEIXE

Dentro do grande leque que abrange a importância do Patrimônio Cultural e para


facilitar a compreensão, Serpa et al (2019,p.46) classificou o patrimônio em dimensões:
Patrimônio material: legado humano representado por meio de coleções ar-
queológicas, museológicas, arquitetônicas, documentais etc. Patrimônio ima-
terial: são práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas.
Paisagem cultural: porção peculiar territorial com expressivas marcas da in-
teração do homem com o meio natural.

UNIDADE I Introdução ao Turismo 25


Refletir a interface entre patrimônio e turismo somado à palavra inglesa gentleman
que significa cavalheiro. É um termo que designa o homem de boa educação, gentil, culto.
A atividade turística tem no seu D.N.A. o grand tour, que foi de acordo com Serpa et
al (2019,p. 47 apud COSTA, 2009, p. 26),
viagens feitas pelos filhos de famílias burguesas inglesas para completarem
a educação, enriquecendo o espírito pelo saber, aprendendo novas línguas e
costumes de outros povos, comprando obras de arte, visitando monumentos
arquitetônicos da Antiguidade, polindo suas maneiras e se tornando gentle-
men completos, ou seja, eram viagens de cunho cultural.

Todos esses pontos aparentemente isolados como o de famílias que queriam que
seus filhos fizessem viagens para aprender ou de agências de viagens motivadas para
comercializar produtos para a população conhecer uma nova identidade e história de novos
povos fomentou o Patrimônio Cultural.
Conforme Serpa et al. (2019, p. 47 apud Costa, 2009,p. 26),
o Grand Tour é considerado por muitos como uma invenção inglesa, já que
a Inglaterra era o país mais rico e poderoso do mundo, com uma elite en-
dinheirada, mas isolada geograficamente do restante da Europa e dos mo-
numentos históricos. E, para se tornarem membros da sociedade educada,
os ingleses acreditavam que era necessário ver, in loco, tanto as ruínas da
Roma clássica como as igrejas, os palácios e as coleções de arte das gran-
des capitais europeias.

Patrimônio Cultural é também a promoção de visitação dos bens patrimoniais como


visto, sem deixar de ser sobretudo a preservação dos bens das humanidade. Conforme
Serpa et al (2019,p. 48 apud Costa 2009), “inicialmente o roteiro europeu Grand Tour
era para os turistas endinheirados dos séculos XVIII e XIX” e naturalmente após ficar
popular, surge um outro tipo de Grand Tour que “começou a atender pessoas de classes
menos en-dinheiradas. Os grandes tours voltaram suas atenções para locais mais
distantes, como o norte do continente americano, as Índias Orientais, o extremo oriente, o
Egito e as cidades portuárias do norte da África”. Diante desse boom por países
desconhecidos, ganha força a também exploração da América do Sul e busca por novas
culturas. “Já os grandes tours mais “exóticos” visitavam o Japão, a Cidade do Cabo (África
do Sul) e o Rio de Janeiro (Brasil)”.
De qualquer maneira, observar esses avanços de preservação não só através
dos poderes mas como de toda uma população engajada é maravilhoso, significa que o
Patri-mônio Cultural e suas esferas estão no caminho certo. Diante disso, Serpa et al
(2019, p. 51 apud Panosso Netto e Lohmann, 2008), afirma que:

o patrimônio cultural adquire valor para o turismo, pois, por meio dele, é pos-
sível a difusão do saber, e a humanidade ao longo da história sempre buscou
conhecimento. Assim, os patrimônios culturais se tornaram atrativos turísti-
cos, que motivam turistas a sair de suas residências e a viajar para poderem
conhecer de perto, tal monumento, museu, festa, cultura, sítio arqueológico,
conjunto arquitetônico, entre outros patrimônios.

UNIDADE I Introdução ao Turismo 26


Existem três estados brasileiros que transbordam de acervos significativos e foram
os precursores em questão artística e principalmente histórico cultural. São eles Minas
Gerais, Bahia e Pernambuco.
Serpa et al. (2019) registra que,
se hoje vivemos no Brasil um revigoramento do patrimônio cultural, princi-
palmente depois que o Decreto no 3.551, de 4 de agosto de 2000, instituiu o
Registro e o Inventário do Patrimônio Cultural de natureza imaterial ou intan-
gível, é porque a semente de uma noção de patrimônio ampla e plural que
procurava abarcar todas as manifestações do povo brasileiro foi plantada e
gestada por Mário de Andrade, sobretudo na experiência do Departamento
de Cultura de São Paulo (1935 - 1938).

A UNESCO se propõe a promover a identificação, a proteção e a preservação do


patrimônio cultural e natural de todo o mundo, consagrado muitíssimo valioso para toda a
humanidade. O elo com a resguarda e defesa do patrimônio cultural tangível e intangível no
Brasil devem ser as principais referências para as políticas identificarem dentro da socieda-
de o que precisa ser preservado.
A Agência é a única agência especializada da Organização das Nações Unidas
com mandato específico para intervir na área de Cultura. Foram reconhecidos pela Unesco
(on-line) como Patrimônio Cultural da Humanidade os seguintes bens no Brasil.

1980 Cidade Histórica de Ouro Preto (MG)


1982 Centro Histórico de Olinda (PE)
1983 Missões Jesuíticas Guarani, em Ruínas de São Miguel das Missões
(RS)
1985 Centro Histórico de Salvador (BA)
1985 Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do
Campo (MG)
1987 Plano-piloto de Brasília (DF)
1991 Parque Nacional Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato (PI)
1997 Centro Histórico de São Luís (MA)
1999 Centro Histórico da Cidade de Diamantina (MG)
2001 Centro Histórico da Cidade de Goiás (GO)
2010 Praça de São Francisco, em São Cristóvão (SE)
2012 Rio de Janeiro – paisagens cariocas entre a montanha e o mar
2016 Conjunto Moderno da Pampulha (MG)
2017 Sítio Arqueológico Cais do Valongo (RJ)

A definição e o sentido do patrimônio no Brasil, esteve ligado há muito tempo à sua


materialidade, que na prática de preservação, era basicamente as ações de tombamentos,
que eram demorados e raros.
Lugares são aqueles que possuem sentido cultural diferenciado para a popu-
lação local, onde são realizadas práticas e atividades de naturezas variadas,
tanto cotidianas quanto excepcionais, tanto vernáculas quanto oficiais. Po-
dem ser conceituados como lugares focais da vida social de uma localidade,
cujos atributos são reconhecidos e tematizados em representações simbóli-
cas e narrativas, participando da construção dos sentidos de pertencimento,
memória e identidade dos grupos sociais(IPHAN s/d).

UNIDADE I Introdução ao Turismo 27


Entre tantos avanços positivos e de acordo com Serpa et al (2019, p.62), o
avanço mais importante tenha sido “avanço do olhar nas políticas do patrimônio para a
imaterialidade dos bens, observa-se o surgimento de uma nova categoria de patrimônio
ainda pouco discutida na literatura, a paisagem cultural”.
Por isso, devemos refletir a relação que a atividade turística, em especial o seg-
mento cultural, estabelece com os bens patrimoniais. O grand tour, simboliza os desloca-
mentos motivados pelo interesse no saber, além de compreender que o turismo pode ser
um importante aliado na preservação e na manutenção dos bens patrimoniais materiais,
imateriais e paisagísticos.
A grande lacuna existente entre os instrumentos multilaterais estão sendo
preenchidos com a Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial.
Patrimônio cultural tem neste século a obrigação de preservar uma vontade universal de
preocupação comum em proteger o patrimônio cultural imaterial da humanidade, entre
todas as diferentes nações. Desta forma, posiciona como instrumento de combate à
intolerância e às ameaças de degradação, desaparecimento e destruição do patrimônio
cultural imaterial decorrentes dos atuais processos de globalização e de transformação
social, invoca conceitos como a diversidade cultural, o desenvolvimento sustentável, a
criatividade humana e a interdependência entre o patrimônio cultural, natural, material e
imaterial.

UNIDADE I Introdução ao Turismo 28


SAIBA MAIS

Veja quais são os Patrimônios Culturais no Brasil.

Disponível em: https://pt.unesco.org/fieldoffice/brasilia/expertise/world-heritage-brazil. Acesso em: 09 de

maio de 2021.

REFLITA

“Viajar, para os mais jovens, é parte da sua educação; para os mais velhos, parte da sua
experiência.”

Francis Bacon.

Sobre o autor: Francis Bacon, 1° Visconde de Alban, também referido como Bacon
de Verulâmio foi um político, filósofo, cientista, ensaísta inglês, barão de Verulam e visconde
de Saint Alban. É considerado como um dos fundadores da Revolução Científica. Faleceu
em 1626.

UNIDADE I Introdução ao Turismo 29


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tivemos a oportunidade de estudar nesta unidade I que a evolução da nossa civili-


zação juntamente com nossa colonização fizeram parte de uma migração estrangeira cheia
de más e boas intenções. Mas, porque muitos dos que vieram desbravar essas terras,
tinham o único objetivo de levar a maior quantidade de riquezas que podiam levar para suas
origens e boas intenções porque o fenômeno de ocupação territorial efetivamente ocorreu.
Sabemos que a biodiversidade do Brasil é proporcionalmente igual ao desejo de
milhares de pessoas, de turistas de vir ao Brasil para in loco ver a tão antiga fama da fauna
e flora brasileira.
Sabemos também que existe um esforço enorme para não misturar os rumos do
turismo. Ainda tendo muitos equívocos sobre conceitos, normas, diretrizes, verbas e outros.
É de conhecimento de todos que muitos turistas podem gradativamente esgotar
a beleza, a singularidade, o meio ambiente em si, os recursos e coerência social de um
destino turístico ao longo de alguns anos.
Hoje, felizmente, existem políticas voltadas especificamente para o fomento e
de-senvolvimento adequado ao turismo com marketing nacional e internacional,
Embratur, CNTUR, prefeituras com secretarias de turismo direcionada, sem falar das
outras frentes como CVB - Convention Visitors Bureau, faculdades capacitando cada vez
mais profissionais, Ongs nacionais e internacionais; associações etc.
Atualmente, o cuidado que o mundo tem com o patrimônio cultural, natural, mate-
rial e imaterial está diretamente ligado à consciência cada vez maior da humanidade em
proteger, cuidar, preservar o meio ambiente, pois será decisivo neste e no próximo século.

UNIDADE I Introdução ao Turismo 30


LEITURA COMPLEMENTAR

O artigo que estamos sugerindo abaixo, apresenta de uma maneira fácil a com-
preensão sobre a identidade de um determinado povo. Envolve comunidade, memória
histórica e Patrimônio histórico - cultural.

Fonte: BATISTA, Cláudio Magalhães. Memória e Identidade: Aspectos relevantes


para o desenvolvimento do turismo cultural. Caderno Virtual de Turismo, 2005.
Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/1154/115416147004.pdf. Acesso em 06
de maio de 2021.

UNIDADE I Introdução ao Turismo 31


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: História Geral do Brasil
Autor: Maria Yedda Leite Linhares et. al.
Ano: 2020
Sinopse: Dificilmente uma obra de síntese histórica consegue ca-
racterizar-se simultaneamente pela abrangência e pela erudição,
tornando-se capaz de atender tanto ao segmento especializado
quanto ao público em geral. A História Geral do Brasil é um desses
raros casos de síntese bem-sucedida, cobrindo estas exigências
de forma criteriosa e dinâmica. Seus capítulos estão organizados
a partir de um formato original, sem a preocupação de seguir a
rigidez dos padrões convencionais, mas sim, combinando as pes-
quisas mais recentes em cada área com o rigor crítico que um
trabalho com a proposta de analisar a História do Brasil deve ter.

FILME/VÍDEO
Título: Sideways
Ano: 2005
Sinopse: Jack vai se casar, e Miles decide presenteá-lo com uma
viagem pela Califórnia para conhecer os vinhedos da região. Eles
degustam vinhos maravilhosos, estreitam os laços entre eles e a
viagem se transforma em uma memorável aventura.

UNIDADE I Introdução ao Turismo 32


WEB

• Descubra o que foi o GRAND TOUR e por quê ele se tornou tão importante para
o turismo de uma forma geral.

Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-


d=S0102-01882002000200003. Acesso em 09 de maio de 2021.

UNIDADE I Introdução ao Turismo 33


UNIDADE II
Perspectiva e Integração
Professora Denise S. Rodrigues

Plano de Estudo:
● Desafios do Turismo no Mundo;
● Desafios do Turismo no Brasil;
● Desafios do Turismo Sustentável no Brasil;
● Planejamento Estratégico.

Objetivos da Aprendizagem:
● Identificar e Conceituar os desafios do Turismo;
● Compreender a amplitude dos desafios;
● Contextualizar o que é sustentável;
● Entender a importância do Planejamento Estratégico dentro do turismo.

34
INTRODUÇÃO

Nesta Unidade II analisaremos os Desafios do Turismo no Mundo e no Brasil. A


nossa principal motivação para a elaboração deste material é oferecer a você aluno(a)
um conhecimento significativo a respeito da história do turismo, como visto na Unidade
I, e, agora, sobre os diversos desafios que o turismo atualmente enfrenta e, por certo,
enfrentará no futuro, além do Planejamento Estratégico na área do turismo, o que será feito
com base em citações bibliográficas relevantes relacionadas à temática.
Os estudos turísticos vêm ao longo do tempo mostrando vários pontos de vista teó-
rico-conceituais em vertentes diferentes e algumas parecidas. Além de autores renomados,
existem as organizações relacionadas ao turismo que fornecem muitas respostas, produ-
zem muitos conteúdos relevantes, normalmente muito explicativas e algumas um tanto
confusas. Afinal, tudo que se refere ao turismo não tem uma definição única, consensual. E
quem sabe nunca haverá um consenso dos especialistas em relação ao tema.
Nosso objetivo é oferecer a vocês uma visão ampla e crítica da atividade turística
como um todo, mesmo sabendo que o caminho teórico, a questão quantitativa e a padro-
nização para fins estatísticos ainda é um pouco espinhoso pela falta de definições oficiais.
Se através dos desafios do setor, do planejamento estratégico bem elaborado, ser traçado
uma metodologia com visão e missão definida, o sucesso será alcançado.
Os desafios do turismo passam por cinco fases: conceito, planejamento estratégico
(marketing), ética e setor operacional.
O maior obstáculo atual é a retomada plena das atividades turísticas de maneira
planejada, gradual, com responsabilidade e sustentabilidade a fim de equilibrar as duas
pontas da equação produto e turista.

UNIDADE III Introdução


Perspectiva ao
e Integração
Turismo 35
1. DESAFIOS DO TURISMO NO MUNDO

1.1 Conceitos
O turismo tem sido um dos setores em plena ascensão nos últimos tempos e já vinha
evidenciando crescimento significativo na economia mundial. Agora, porém, estima-se que
essa irá demorar algum tempo a se recuperar plenamente. O mercado mundial ficou muito
tempo paralisado. Os impactos no comércio, turismo, na indústria, geração de emprego e
renda sofreram abalos diretos e indiretos. Sabemos que a população mundial foi submetida
a medidas rígidas de isolamento, fechamento total dos comércios e escolas, sem contar as
fronteiras internacionais que foram fechadas temporariamente.
O turismo mundial vem passando por profundas transformações nas últimas
décadas para renovar as atividades econômicas e os setores oficiais ligados ao turismo.
Conforme Burgos e Mertens (2015, p. 60),
Atualmente o turismo apresenta -se como um complexo sistema de ativida-
des encadeadas e, que está em processo constante de transformação, bem
seja de demandantes, bem seja de fornecedores de serviços. É um fenôme-
no de interação entre o turista e o núcleo receptor e de todas as atividades
decorrentes dessa interação. Nesse sentido, o turismo pode ser considerado
um “bem construído”, uma vez que sua oferta tem origem em um sistema
que se constrói a partir de determinadas condições físicas, sociais, políticas e
econômicas, se adaptando a diversas expectativas. Essa circunstância exige
que a abordagem do turismo não se limite estritamente ao econômico,
sendo necessário analisá-lo, sob a ótica da sustentabilidade, como um
fenômeno complexo, detentor de outras dimensões - sociais, ambientais
e culturais - permeadas de relações e no qual se produzem numerosos
impactos inerentes à sua própria implementação, que deverão ser tratados
de modo sistêmico.

UNIDADE III Perspectiva


Introdução ao
e Integração
Turismo 36
Na Europa, essa transformação/renovação ocorre de forma um pouco mais lenta
e gradual em comparação aos Estados Unidos, Japão e Dubai por exemplo. Na Itália,
inclusive, tem comércio que fecha as portas por respeitar a sesta (dormir após o almoço).
Isso ocorre porque os hábitos culturais das civilizações dos séculos anteriores ainda
persistem atualmente em muitos destinos turísticos.
Após a Revolução Industrial (1760 a 1842), conforme vimos na unidade I, foi
marcada por várias transformações, crescimento dos negócios (venda de mais produtos),
crescimento das indústrias, famílias viajando cada vez mais, evolução marítima e outros.
Com a entrada das máquinas, as pessoas foram economizando tempo e energia, facilitando
e deixando os produtos mais acessíveis para o consumo.
Nesse sentido, as mudanças de hábito foram acontecendo paulatinamente confor-
me a população rural migrava para os grandes centros urbanos. Os produtos não essen-
ciais começaram a pertencer também à classe média e trabalhadora. No passado houve
o surgimento das viagens em busca do Mar Mediterrâneo que correspondiam aos centros
turísticos à beira-mar para o turista se banhar e se bronzear. Nos séculos XIX e XX ocorreu
a explosão imobiliária na Europa sem nenhuma preocupação com o meio ambiente. A
demanda turística de massa, expandiu.
Diante desse período, surge o conceito em busca do turismo de natureza que abra-
ça o termo turismo ecológico e posteriormente ficou conhecido como ecoturismo. Afirma o
autor Ignarra (2013, p. 216), que:
O turismo passará a ser segmentado pelos mercados por produtos – obje-
tivos (especialmente os temáticos) orientando a uma combinação dos três
“Es”: Entretenimento, Excitação e Educação. Haverá maior crescimento do
turismo ecológico de observação da natureza em viagens de curta distância.
Os segmentos mais promissores são o ecoturismo, o turismo de aventuras
e o turismo cultural. Os segmentos de turismo em expansão serão: turismo
de saúde, turismo da espiritualidade, turismo para deficientes físicos, pesca
recreativa e turismo de terceira idade.

Essa descoberta de periódicamente surgir um novo mercado vem de encontro com


a busca pela calma, pelo ócio, pela admiração do natural, da aventura pela natureza.
O que se espera é um renascimento em relação à demanda turística. Todas as
sociedades tradicionais ao redor do mundo estão se abrindo e experimentando uma trans-
formação/renovação econômica, social, política, ideológica e tecnológica.
A economia mundial está de olho nas pautas atuais que são, dentre outras: mu-
danças no estilo de vida das pessoas, diferentes formas de consumo, aumento de pessoas
em busca de mais cultura, maior consciência ambiental, desconcentração urbana, cidades
inteligentes, valorização das belas paisagens.

UNIDADE III Perspectiva


Introdução ao
e Integração
Turismo 37
Assim, quanto antes cada setor tiver seu planejamento estratégico bem definido
e direcionado, mais garantido será o equilíbrio e renda, o que refletirá na economia local,
regional, nacional e internacional.
Diante desse cenário promissor, e ao mesmo tempo desafiador, é que surgem os
pontos importantes deste setor em estudo para permanência duradoura no mercado, com
qualidade e resiliência.

1.2 Definições
Desafio significa chamamento para qualquer modalidade, ocasião ou grande obstá-
culo que deve ser ultrapassado, ou seja, existem obstáculos significativos no setor do turis-
mo. Por isso, são necessárias medidas importantes com vistas a mitigar tal problemática.

FIGURA 1 - TURISTAS COM GUIA, PASSEANDO DE CAMELOS

NO DESERTO DO SAARA - EGITO

Existem registros antigos sobre o estudo do comportamento do(a) consumidor(a)


que está diretamente ligado ao marketing e o consumidor final, o turista.
Os primeiros manuais foram escritos na década de 1960, mas sua origem
intelectual é muito mais antiga. O Sr. Thorstein Veblen, por exemplo, falou
sobre exageros do consumo em 1899. A partir de então, os escritores come-
çaram a debater de que maneira os anúncios poderiam utilizar princípios psi-
cológicos. Na década de 1950, ideias oriundas da psicologia freudiana foram
popularizadas por pesquisadores da motivação e usadas por anunciantes.
Entretanto, apenas com o surgimento do conceito de marketing na mesma
década foi reconhecida a necessidade de se estudar o comportamento do
consumidor. (MOWEN, 2003, p. 3.).

UNIDADE III Perspectiva


Introdução ao
e Integração
Turismo 38
A respeito, tem-se que tal comportamento é um conjunto de ciências, primeiro a
Psi-cologia, em que os estudos envolvem sobre percepção, sentimentos, motivação,
emoções, aprendizagem, atitudes; a Sociologia, relacionados a estudo ou pesquisa de
fatos sociais e grupos; a Antropologia, através de estudos culturais; Política, com
pesquisas sobre o poder; e a Economia, com estudo de produção, distribuição e
consumo da sociedade.

1.3Desafios
Os grandes destinos mundiais, desde Dubai, Amazônia, Disney World, com hotéis
incríveis dentro do complexo, Japão, Cruzeiros Marítimos até Bariloche possuem
forte competitividade enquanto destinos desejados pelos diferentes tipos de
consumidores. Com isso, tais destinos têm a obrigação de se manterem sólidos e ativos
num mercado cada vez mais repleto de opções interessantes. Mesmo estes destinos
sólidos e atemporais exigem a necessidade de buscar novos e diferentes elementos que
possam fazer a diferença frente aos concorrentes.

FIGURA 2 - BURJ KHALIFA (TORRE DO KALIFA) COM 828 METROS

1.4 Tipos de Desafios


Alguns dos desafios a seguir devem estar nas equações dos setores turísticos e
devem ser bem observados e analisados:
- Aprimorar e atualizar o planejamento estratégico;
- Aumentar a capacitação e preparação para receber;
- Entender e aprimorar as novas tecnologias e plataformas colaborativas;
- Implementação ou atualização e acompanhamento tecnológico periódico;

UNIDADE III Perspectiva


Introdução ao
e Integração
Turismo 39
- Fortalecer os gerenciamentos das frentes do setores (em todas as esferas);
- Promover a interligação dos eixos em comum dentro do setor turístico;
- Objetivar e alcançar resultados graduais e sólidos;
- Liderança, empatia e flexibilidade com a equipe;
- Criação de espaços abertos junto com à natureza;
- Redução substancial de gastos desnecessários;
- Projetos eficientes que diminuam os riscos ambientais;
- Redução real dos impactos ambientais;
- Investimentos visuais em quatro ou mais idiomas;
- Avaliação periódica de satisfação (pesquisa);
- Melhorias estruturais/físicas nos pontos de visitação;
- Olhar atento às mudanças climáticas mundiais;
- Valorização dos meios integrados. Um exemplo na França e Itália: Em uma mesma
propriedade é possível realizar mais atividades. Existem vinícolas que fazem o tour pelos
parreirais de uva e, em determinada época do ano, os turistas podem podar os cachos,
espremer os cachos de uvas com os pés, almoçar comida típica e, ao final do passeio,
comprar bons vinhos, sucos e souvenirs;
- Desenvolver em conjunto campanhas de marketing direcionadas;
- Persistência por bons resultados a médio e longo prazo;
- Promover o patrimônio cultural, natural, material e imaterial.

Esses e outros desafios devem ser avaliados e superados com a integração de


ações direcionadas. O turismo é um dos setores da economia que vem crescendo com
mais velocidade em todo o mundo, é hora de cada setor buscar a reprogramação, inclusão,
visualizar os desafios e executar programas estratégicos para acompanhar a gradativa
retomada do desenvolvimento do turismo internacional.
Afinal, a roda do turismo vai voltar com força total. As pessoas já vinham valorizando
e apreciando destinos com mais paisagens, montanhas, neve, resorts, cruzeiros marítimos,
hotéis-fazenda, destinos para conhecer as antigas civilizações etc. Muito provavelmente
será registrado neste século XXI a retomada do turismo e da economia como um todo.

UNIDADE III Perspectiva


Introdução ao
e Integração
Turismo 40
2. DESAFIOS DO TURISMO NO BRASIL

2.1 Conceitos e Definições


Parece uma equação difícil de ser resolvida na obra Marketing Global (2013) “pen-
sar globalmente e agir localmente”, mas esse é o mundo dos negócios que se torna a cada
dia mais competitivo. Não existe mais espaço no setor turístico, para quem não estiver
preparado para pensar em nível global, embora atuando localmente. Dentro do turismo
deve-se agir para construir uma sólida base e, a partir dos pequenos atos, se fortalecer. O
turismo não é algo palpável que vem dentro de um pacote ou dentro de uma caixa, o pacote
turístico é um conjunto de vários serviços oferecido e vendido onde o(a) passageiro(a) leva
apenas o voucher impresso ou salvo dentro do celular.
Os desafios do Brasil em relação ao turismo, assim como em outros países
emergentes, sempre passaram por crises, enxugamento da estrutura e necessidade de
modernização de operações, entre tantas outras prioridades, o que levam as organizações
a ajustarem suas estruturas.
Após 1990 um termo começou a ser utilizado: estrutura de rede. A ideia é aumentar
e melhorar a participação de todos nas operações do dia a dia. Quanto menos níveis ge-
renciais melhor fica a estrutura, fica mais enxuta, melhor para administrar e operacionalizar.
Segundo Rossetti et al. (2008, p .68):

UNIDADE III Perspectiva


Introdução ao
e Integração
Turismo 41
A estrutura de uma organização baseada no conhecimento deve ser carac-
terizada por instrumentos que viabilizem o conhecimento como o principal
elo de negócios. É essencial que haja, nessa estrutura, um suporte sociotéc-
nico tenaz, a partir da alta gerência, perpassando toda a organização, que
aja como catalisador, para estimular a evolução da gestão do conhecimento.
Tal apoio socio-técnico é indispensável tanto para implementar processos de
gestão do conhecimento, como para criar um ambiente de conhecimento que
sustente várias categorias de capacidades de gestão do conhecimento, pelo
desdobramento dos recursos disponíveis na organização. O apoio sociotéc-
nico contribui para aumentar a maturidade das práticas de gestão do conhe-
cimento. Isso requer que o conhecimento, principal ativo da organização, seja
permanentemente gerido nas suas diversas dimensões: criação, aquisição,
validação, conversão, apresentação, compartilhamento, distribuição, aplica-
ção, até sua incorporação à memória organizacional.

Resumindo, essa estrutura de rede é inteligente e funcional, mas o Brasil ainda


está aquém desse ideal. Em nosso país há uma mentalidade empresarial patriarcal e há
outro desafio muito grande sofrido pelas empresas em relação ao progresso e à otimização,
qual seja: os impostos e tributos. A carga tributária brasileira é uma das maiores do mundo,
o que dificulta o avanço e desenvolvimento desse potencial chamado TURISMO.

2.2 Breve histórico do antigo perfil do brasileiro


Existe na sociedade brasileira tendências, características e peculiaridades que
refletem diretamente na atual situação do país. Nesse sentido, Kanaane e Severino (2006,
p. 16 apud Srour 2000, p. 30) há ainda traços de cultura que serviam de arcabouço à
identidade social brasileira até os anos 80:

• A informalidade, cordialidade, afetividade, descontração, alegria, esponta-


neidade, amabilidade, improvisação, plasticidade, criatividade, compaixão,
benevolência, o sentimentalismo, simpatia e impontualidade.
• Peso estratégico das relações pessoais ou paroquiais articuladas por múlti-
plas hierarquias ou redes informais.
• A procura ansiosa por um tratamento personalizado.
• Privilégios exclusivistas a categorias sociais.
• Recompensas imediatas e fáceis.
• Prática da cooptação e pela troca de favores.
• A baixa disposição para assumir riscos (envolver-se em conflitos).
• Legalismo de fachada (“o que não é proibido é permitido”).
• Mandonismo, clientelismo, nepotismo, favoritismo e paternalismo.
• Reverência aos “doutores” e a conformidade dos seguidores.
• Salvador da pátria.

Infelizmente é percebido pelos canais de comunicação que ainda existe esse perfil
na população. O desafio é a superação dessas características e a incorporação de ética e
comprometimento dentro de uma sociedade civilizada.
Segundo Kanaane e Severino (2006, p.16)
esses traços são expressões legítimas das formas de gestão autoritária,
notadamente a latina. Assim, deduz-se que nas empresas geridas por esse
modelo não há cidadania organizacional, pois as cúpulas não respeitam as
liberdades dos funcionários, tolhendo a criatividade e as iniciativas. No Bra-
sil, há predominância da tecnologia de produção em massa, prevalecendo

UNIDADE III Perspectiva


Introdução ao
e Integração
Turismo 42
estratégias que visam disciplinar os trabalhadores e não que visam obter seu
consentimento. As formas de gestão liberais procuram fazer com que os con-
troles sejam introjetados pelos agentes sociais e funcionem simbolicamente.
Deve-se reconhecer que a sociedade brasileira assume características auto-
ritárias, tais como: discriminatória, patriarcal, hierarquizada, centralizadora,
predatória e desperdiçadora, o que reflete nas organizações que a compõem.
Assim, é necessário que as empresas brasileiras modifiquem as formas de
gestão que inibem a competição inovadora. Em relação à moralidade tam-
bém é preciso novas formas para enfrentar a delicada questão do oportunis-
mo com a qual os agentes estão imbuídos por formação.

Sem desconsiderar essas características ou identidade brasileira pesquisadas nos


anos 80, sabemos que hoje as mudanças aconteceram por meio da educação, tecnologia e
outros. Atualmente, o perfil dos turistas brasileiros para consumo e para as relações estão
muito melhores e mais exigentes.

FIGURA 3 - PRAIA DE MURO ALTO - PE

2.3 Desafio primário


Tem muitos gestores públicos no Brasil que estão preocupados com os efeitos
das mudanças climáticas e a relação direta com o desenvolvimento do turismo. Afinal,
o atrativo principal desse nosso país, que é a riqueza natural, está se tornando cada vez
mais vulnerável diante do ecossistema. As áreas consideradas protegidas e existentes no
Brasil, por si só, não garantem que o ecossistema seja restaurado ou recuperado
plenamente. No entanto, por outro lado, existem muitas áreas degradadas onde a
política pública está de olhos e braços fechados em muitos casos devido à pressão de
investidores.
UNIDADE III Perspectiva
Introdução ao
e Integração
Turismo 43
Principalmente nesses casos, a principal ferramenta para o crescimento do desen-
volvimento turístico sustentável, evitando a massificação e a depredação dos seus valores
naturais e culturais, é um planejamento estratégico fundamentado e ordenado através de
estrutura básica, metodologia, informação, educação e ética. O fluxo de turistas tem que ser
compatível com a capacidade real que o produto comporta. Exemplo: Companhias aéreas
ainda praticam o velho e conhecido overbooking, que são vendas de passagens ou de
lugares acima da capacidade que o avião dispõe. As empresas fazem isso porque contam
que pessoas não vão embarcar por motivos particulares ou porque chegaram atrasados
e assim perderão o voo. Vender a mais é para garantir essas vagas. Quando todos que
compraram os e-tickets vão para o embarque, o caos é certo. Isso porque se apresentam
para embarcar os 100% de passageiros e os 10% a mais de passageiros a mais. Quase
todas as companhias ainda praticam o overbooking.
“Em escala global, a biodiversidade está sendo reduzida a uma taxa muito mais
alta do que por processos naturais de extinção, devido à deterioração e fragmentação dos
ecossistemas naturais” (PHILIPPI JR e RUSCHMAN, 2010, p. 15).

2.4 Desafio humano


Se a formação, valorização e implantação de práticas trabalhistas no setor turístico
tiver condições eficientes, o nível educacional e vivencial dos colaboradores será alto e as
expectativas do turista serão alcançadas, afinal cada vez mais o turista se torna exigente.
No entanto, se essa equação tiver equilíbrio ambas as partes ganham.

2.5 Desafio Estrutural


Segundo Bettini e Levy (2019) a total “ausência de coordenação entre os responsá-
veis pela condução de programas específicos para o desenvolvimento do turismo, planos
e políticas públicas direcionadas ao setor turístico e outros setores indiretos, incluindo o
setor privado, não tem levado o país a um nível de governança coeso e bem articulado com
áreas de atuação pública que escapam à esfera meramente turística (como infraestrutura,
segurança e meio ambiente). É visível que a consequência para o Brasil é que se perdem
oportunidades de aumentar a competitividade do setor em relação à América Latina e ao
restante do mundo”.
Principalmente em nível nacional, o assunto mais pujante é assegurar uma parti-
cipação efetiva e a cooperação/colaboração de todos os agentes/gestores relevantes do
setor público, privado e sociedade civil relacionados no desenvolvimento do setor. Tem
que haver um empenho de comunicação e interlocução público-privada que não pode ser
desconsiderado.

UNIDADE III Perspectiva


Introdução ao
e Integração
Turismo 44
2.6 Desafio Tecnológico
Existia um tempo em que o turista potencial pegava o telefone de fio ligava no hotel-
-fazenda e fazia a reserva para ele e sua família se hospedar no feriado, pagava via depósito
bancário 50% adiantado e enviava o fax com o comprovante. Hoje tem aplicativos e sites que
encurtam todo esse caminho. As novas tecnologias, as plataformas digitais e apps são uma
realidade inegável. Com alguns clicks as pessoas compram viagens marítimas por meio de
seus aparelhos celulares. O impacto positivo que a tecnologia vem causando na atividade
turística está sendo extremamente significativo. Além de ser uma aliada, a tecnologia direcio-
na fluxo, avalia mercado, monitora impactos socioeconômicos e ambientais, cria produtos e
reduz gastos em comparação ao mercado turístico tradicional. Claro que um folder físico tem
seu valor, mas o alcance que a tecnologia dá é muito maior. A tecnologia também aumentou
a competitividade entre os destinos turísticos e apresentou influência sobre os consumidores.
Nesse sentido, o desafio é como regulamentar as tecnologias digitais no setor turístico consi-
derando um aumento expressivo na conectividade do turista em massa.
Diante dessas circunstâncias, e dos vinte desafios principais citados no tópico
anterior, os impactos socioeconômicos e ambientais no turismo global só serão mitigados
se toda a rede do turismo seguir diretrizes semelhantes e ter apoio significativo dos órgãos
competentes nas esferas federal, estadual e municipal.

2.7 Turismo e marketing de mão dadas


Produto é o nome que damos à coisa que podemos tocar, exemplo uma mala de
viagem, um prato ou um serviço turístico que não pode ser tocado, mas que, mesmo assim,
continua sendo um produto, exemplo aulas de inglês, transfer in-out, serviços contábeis, ou
consultorias. Produto é algo que pode ser oferecido a uma pessoa para desejo, necessida-
de, luxo, basicamente é ter satisfação.
Consumidores são pessoas, empresas, associações, governo ou entidades que
compram produtos. Sendo assim, podemos chamar “os clientes serão chamados de con-
sumidores” segundo Banov (2017, p . 4).
Consumidores potenciais são pessoas ou grupo expressivo de pessoas que
possuem a mesma necessidade ou desejo. Exemplo: médicos que precisam se atualizar
em suas respectivas áreas, precisam participar de congressos nacionais e internacionais
periodicamente, pelo que se tornam clientes potenciais. (BANOV, 2017, p. 4).
Consumidores virtuais são pessoas que adquirem produtos pela internet, por meio
de celulares, notebook, tablets ou computadores. Essa tem se tornado uma fatia bem
importante nos últimos anos, razão pela qual essa classe ganha visibilidade a cada dia.
(BANOV, 2017, p. 5).

UNIDADE III Perspectiva


Introdução ao
e Integração
Turismo 45
FIGURA 4 - CAFÉ DA MANHÃ DE HOTEL

Ainda de acordo com Banov (2017), existem então os consumidores pessoais e os


organizacionais. Quem compra em grande parte são chamados de comprador final, porque
adquirem para seu próprio uso. As pessoas compram roupas, fogão, livros, revistas, casas,
apartamentos, terrenos, itens no supermercado, bicicleta, carro, pacote de aulas de nata-
ção, presentes, chocolates, diárias em hotéis, idas a restaurantes, viagem completa para a
família, televisão, celulares etc. Existem muitos casos que os produtos são comprados para
outra pessoa ou organização. É o comum caso de familiares que compram tal viagem e dão
de presente para um casal conhecido que viajarão de lua de mel, por exemplo. Pessoas
que compram no cartão de crédito para outra pessoa que precisa de tal produto e não
tem cartão. É o caso do comprador que não é a pessoa que toma a decisão de compra do
produto, mas é ela que paga. Outro exemplo é de um homem que compra uma semana de
spa para a esposa usufruir, essa pessoa compra um carro que ambos escolheram.
Esse mesmo pai compra bicicletas para suas filhas brincarem. Desse modo, percebe-se
que o comprador nem sempre é o usuário dos produtos que acabam comprando e, às
vezes, nem foi ele que tomou a decisão de escolha – o que torna o caminho do marketing
mais complexo e desafiador. Os consumidores organizacionais são organizações e
empresas, privadas ou públicas, com ou sem fins lucrativos, que adquirem produtos
para também satisfazerem suas necessidades ou desejos.
Conforme afirma Banov (2017), a questão mais importante é: quem tem o poder de
decidir? O usuário ou o comprador? O marido, a esposa, o filho ou as filhas? Para quem o
profissional do marketing deverá direcionar seu apelo, suas promoções, sua propaganda?

UNIDADE III Perspectiva


Introdução ao
e Integração
Turismo 46
Esse profissional de marketing precisa identificar quem é quem, identificar se são só consu-
midores comuns ou se são consumidores potenciais, para daí sim usar a comunicação de
forma adequada para cada situação e/ou desenvolver produtos que possam ser adaptados
a tais consumidores. Por isso, já existem empresas de departamento que, além de pos-
suírem lojas físicas e virtuais, estão incrementando inúmeros itens nas lojas virtuais para
ampliar e arrebanhar um número maior de ofertas de produtos.

2.8 Desejo e necessidade


Os produtos são criados para despertar e influenciar os clientes, não só os produtos
turísticos, mas todos. O processo de tomada de decisão a favor de um produto ou destino
A ou B é que faz a estratégia dar certo ou não.
De acordo com Banov (2017) as necessidades dizem respeito à natureza humana,
ou seja, ao que é imprescindível à vida do homem, como por exemplo: ter sede e beber
água, ter sono e dormir em qualquer lugar ou ter frio e se proteger com qualquer blusa.
Já os desejos são também necessidades que não fazem parte da natureza humana, no
entanto, são decorrentes de influências sociais (vida social e todas as mídias) e culturais
que se associa ao estado psicológico de cada indivíduo. Eis alguns exemplos: ter sede,
mas escolhe beber refrigerante ao invés de água ou a pessoa quer viajar para um hotel-
-fazenda, pode escolher um próximo à cidade onde mora, mas escolhe em outro estado
para dar mais status ou realização espiritual. Assim, cabe ao profissional de marketing,
associado com empresas de turismo, companhias aéreas, hotéis e outros do mesmo setor,
compreender as necessidades e os desejos não satisfeitos ou parcialmente satisfeitos dos
clientes para então criar, desenvolver ou adaptar seus produtos, oferecendo-os a quem se
interessar. Esse profissional precisa saber fazer a segmentação de mercado para alcançar
este objetivo, como será visto a seguir.

2.9 Composto de marketing ou Composto mercadológico: produto, preço,


promoção e ponto
Em 1950 foram identificados comportamentos do consumidor, por Jerome McCar-
thy e popularizados por Philip Kotler nos anos 1960, foram minuciosamente estudados para
estimular o comportamento do consumidor. Ficaram conhecidos popularmente como os 4
Ps. Segundo Banov ( 2018, p. 8 e 9):

UNIDADE III Perspectiva


Introdução ao
e Integração
Turismo 47
• Produto: é qualquer coisa tangível ou intangível que possa satisfazer a uma
necessidade ou ao desejo do cliente.
• Preço: é o valor a ser pago pelo produto. O preço é elaborado de acordo
com o mercado, o consumidor e o custo do produto para a empresa; já o valor
é tudo o que significa aquilo para o cliente. Uma estratégia de preços bem
elaborada atrai clientes e por isso muitas pessoas compram produtos sem
comparar com a concorrência. Na alta temporada muitos cruzeiros marítimos
fazem atraentes promoções para quem compra com bastante antecedência.
Em feriados prolongados os hotéis de São Paulo fazem promoções incríveis
convidando o próprio paulista a se hospedar ali na cidade deles ao invés de
irem ao litoral paulista.
• Ponto: é o local físico ou virtual onde o cliente encontrará o produto. São os
vários canais de distribuição que a empresa utiliza para colocar seus produ-
tos para o consumidor. Por exemplo: final de semana no hotel Ibis com café
da manhã e estacionamento pode ser oferecido no próprio balcão do hotel,
virtualmente pelo site da rede, por outdoors em rodovias ou próximo a aero-
portos, em plataformas de parceiros (exemplo: hoteis.com).
• Promoção: tem a ver com a comunicação (propaganda) que chega até o cliente
e com outros elementos promocionais que divulgam ou promovem os produ-
tos. Como chega esse nome PROMOÇÃO aos olhos ou ouvidos dos clientes.

Esses 4Ps foram elaborados com base em estudos do comportamento do cliente,


de acordo com a autora.
Toda propaganda pode ser veiculada por vários meios de comunicação (pela in-
ternet, jornal comum, jornal eletrônico, revistas, folhetos, televisão, rádio, busdoor, outdoor
tradicional, mala direta, em feiras/simpósios, entre outros). Tudo depende do público que se
quer atingir. E mesmo em cada veículo pode-se segmentar o público-alvo, focando ainda
mais a audiência, selecionando horários específicos, dias da semana, épocas do ano,
como por exemplo: alta temporada de praias, temporada de neve, temporadas de
transatlânticos, feriados prolongados, lua de mel, bodas, viagem familiar. A título de
ilustração, tem-se que uma campanha publicitária na televisão para o lançamento de um
novo destino deve ser veiculada durante o dia e durante os intervalos dos jornais,
quando maridos e esposas estão em casa.
Observa-se através de Banov (2017, p. 10), que “para o marketing virtual o pro-
cesso de produção de uma loja virtual deve obedecer aos 8 P(s): pesquisa, planejamento,
produção, publicação, promoção, propagação, personalização e precisão”.
É importante ressaltar que tanto os produtos físicos quanto os intangíveis vendidos
tem que ser bons produtos, ter bom preço, qualidade igual e comodidade em adquiri-lo.
Não é mais aceito hoje em dia no Brasil diferença de qualidade, o cliente de hoje está
sintonizado e exigente como nunca esteve. Nesse sentido, “o comportamento de relacio-
nar-se com o consumidor” baseado em pesquisas e estratégias foi agregado ao estudo do
comportamento do cliente. (BANOV, 2017, p. 10).

UNIDADE III Perspectiva


Introdução ao
e Integração
Turismo 48
O consumidor que já viajou por todas ou quase as capitais brasileiras e por alguns
países já possui uma boa bagagem de experiência e, portanto, sempre vai gostar de no-
vidades não importando o DESTINO/PRODUTO. Muitos turistas brasileiros despertaram
para o belo, para o inspirador, para a cultura e de modo geral todo esse conhecimento é
transformado em felicidade e satisfação. Por isso, essa roda não vai parar. As pessoas
preservam somente o que elas conhecem.

UNIDADE III Perspectiva


Introdução ao
e Integração
Turismo 49
3. DESAFIOS DO TURISMO SUSTENTÁVEL NO BRASIL

De acordo com Philippi Jr e Ruschmann (2010), a natureza, no curso da história,


continua passando por transformações naturais, dentro de uma escala cronológica sobre-
pujando todos os ciclos da vida da humanidade. Tais processos não são percebidos pelo
homem, embora esses fenômenos sejam lentos, mas estão ocorrendo de forma pontual
dentro da escala de vida das civilizações. Muitos impactos ambientais são chamados de
catástrofes ou desastres naturais. No Brasil, as mais conhecidas são: inundações, secas
e onda de calor, ciclones, incêndios e doenças epidêmicas. Fora do Brasil as mais
conhecidas são: avalanches, terremotos, erupções vulcânicas, tsunamis, tornados,
período de neve maior a cada ano que passa. Existem duas linhas de estudos, um
entendimento é que essas condições fazem parte de um processo natural evolutivo do
planeta Terra e o outro entendimento é que essas condições fazem parte das
modificações que a humanidade vem deliberadamente fazendo à biosfera e à atmosfera
do nosso Planeta.
Todos esses fenômenos e essas mudanças climáticas que estamos vendo
neste século, até podem fazer parte da evolução natural do planeta como um todo,
porém, é bem evidente que a aceleração desse processo está maior na época atual.
Segundo Philippi Jr e Ruschmann (2010), dentro da visão geológica não há com-
provação científica que os terremotos e vulcanismo tenham a interferência humana. Mas
é observado que as catástrofes, mesmo sendo de origem natural, passaram a ser
muito mais frequentes. E sim estão associadas às mudanças ambientais ligadas às
atividades humanas, como a queima de combustíveis fósseis (carvão e petróleo) que

UNIDADE III Perspectiva


Introdução ao
e Integração
Turismo 50
são as que mais alteram os padrões naturais de circulação de massa de ar na atmosfera.
Aliado a isso, há ainda as alterações das correntes marinhas e a temperatura dos
oceanos - fatores que interferem nos desastres naturais.
Assim, o estado do meio ambiente vem passando por esses processos que
re-percutem na condição da vida da humanidade, que também está intimamente ligado
ao turismo. Nesse sentido, Philippi Jr e Ruschmann (2010, p. 7 apud Euhofa e Unep
2001) reconhecem como fatores transformadores do meio ambiente:

● O aquecimento global e as mudanças climáticas;


● O esvaziamento da camada de ozônio;
● A poluição do ar e a chuva ácida;
● A escassez e poluição da água;
● A degradação dos solos;
● A perda da biodiversidade;
● Os desastres naturais.

O efeito estufa é uma reação na atmosfera formada pela circulação de “massa de


ar quente e frio”, influenciando a temperatura e ocorrendo as mudanças climáticas cada vez
mais extremas. O resultado efetivo desse processo é fortemente sentido pelo homem em
quase todas as regiões do planeta Terra. O que tem ocorrido com frequência são alterações
no padrão das chuvas e o aumento de “frequência das tempestades”. Logo são vistas en-
chentes e erosões em regiões onde isso não recai. As regiões temperadas, as secas, regiões
equatoriais e tropicais, florestas, ecossistemas c osteiros, t erras b aixas c om á reas ú midas,
além de “pequenas ilhas” serão onde as mudanças climáticas mais impactará. Os oceanos
já estão em expansão devido ao “degelo das calotas polares”. As mudanças climáticas já
são sentidas ao redor do mundo expondo assim a extinção de espécies da fauna e flora.
As mudanças climáticas afetam o turismo diretamente (zonas costeiras, ilhas pequenas, terras
baixas e áreas úmidas), porém, existem estudos que indicam o turismo como um dos
causado-res (mesmo que indireto) do aquecimento global. Philippi Jr e Ruschmann (2010,
p.8).
Na outra ponta dessa equação estão os prejuízos significativos para o trade turís-
tico envolvido. Se estas áreas forem destruídas ou alteradas, toda a população e governo
local perde com essas mudanças.
Segue alguns exemplos concretos ocorridos nas últimas décadas citado por
Philippi Jr e Ruschmann (2010, p. 9 apud EUHOFA et al., 2001, p. 43):
● No leste do Mediterrâneo a freqüência e a duração de períodos com ca-
lor extremo (temperaturas acima de 40oC) vem causando desconforto a
turistas e residentes;
● A epidemia de cólera trouxe ao Peru prejuízos elevados no turismo e nos
esportes de pesca, ocorrendo o mesmo com o turismo na Índia devido a
uma epidemia.
● Na Espanha, constatou-se a ameaça de ressurgimento da malária;

UNIDADE III Perspectiva


Introdução ao
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Turismo 51
● O declínio da cobertura de nuvens na Austrália aumentou a exposição à
radiação solar nociva;
● Ilhas turísticas nas quais está ocorrendo a dengue, estão sendo evitadas
por navios de cruzeiro, ameaçando empregos e entrada de divisas;
● A diminuição da quantidade de neve em estações de esqui está reduzin-
do a temporada turística nestes destinos;
● Furacões e suas consequências (vendavais, enchentes) estão provocan-
do perdas materiais e de ingressos turísticos no Caribe, América do Sul
e Indonésia.

FIGURA 5 - FURACÃO

Nessa concepção, Philippi Jr e Ruschmann (2010) citam que acontecimentos


dessa ordem, com total relação às mudanças climáticas, causam sofrimento em grande
escala, causam miséria à população e acabam com os negócios relacionados ao turismo.
Muitas regiões que sofrem com esses acontecimentos ambientais não conseguem obter
empréstimos ou ter cobertura de seguro.
Portanto, a chave para o turismo se sustentar está ligada diretamente à Sustenta-
bilidade. Passando pela educação, saúde, planejamento estratégico, ética e dinamismo.
Muitos turistas têm sido injustamente julgados e identificados como os principais
“causadores dos impactos ambientais”, mas assim como o turismo faz pessoas “consumi-
rem arte, paisagens, comida, folclore e tradição”, pode-se também construir turistas mais
informados, instruídos, bem educados, “tudo vai depender da formação anterior à condição
de turista”. Philippi Jr e Ruschmann (2010, p.310).

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Turismo 52
Por isso que tudo tem que começar pela educação, através dos centros de edu-
cação infantil, podendo oferecer o início dos princípios básicos sobre a importância de
proteger o meio ambiente, o que significa sustentabilidade e outras ações que seguramente
refletirão no comportamento dos turistas no futuro.
Tão prejudicial como um turista mau intencionado (ou mais ainda) pode-se mencio-
nar os “idealizadores e executores de projetos turísticos impactantes” que não respeitam
o Meio Ambiente. Não só “no Brasil” como no “Caribe e na África” já existem hotéis de
luxo dentro de florestas nativas. Philippi Jr e Ruschmann (2010, p. 310). Nesses casos
não há sustentabilidade, esses PRODUTOS perderam seu significado pelo despreparo das
pessoas e pelo dano já causado pelo meio ambiente.
Nesse contexto, segundo Philippi Jr e Ruschmann (2010), a Educação Ambiental
vai além da compra do pacote de viagens com um passeio de trilha no meio do
mato. Inclusive, existem na Patagônia as famosas geleiras de Perito Moreno, em que
o turista é distinguido. Se ele for da América do Sul pode ir de micro-ônibus até o mirante
ou a pé com guias caminhando pelas pedras e alamedas abertas com árvores
belíssimas sem correr nenhum risco. Se for o turista europeu vai com o mesmo guia só
que por outro caminho, mais aventureiro, perpassando por arbustos de calafate, cheios
de espinhos. Isso também acontece no Brasil nos hotéis de selva da Amazônia, em
que os turistas estrangeiros são levados a conhecer os animais nativos próximos ao
hotel. No entanto, tais animais são treinados a comer próximo aos bangalos dos
hóspedes, dando uma falsa impressão da realidade. O ideal e apropriado nesses casos
é que o turista saiba a verdade/realidade ao invés de serem ludibriados, como em muitos
casos, com a anuência dos gestores do PRODUTO. Responsável seria, se antes de cada
passeio falar das situações climáticas, o que podem encontrar ou não pelo passeio, com o
que cada um pode avaliar suas possibilidades de acompanhar o grupo ou não. Outra
medida razoável é oferecer alternativas de acordo com o condicionamento físico de cada
um. A responsabilidade e ética continua sendo dos idealizadores do PRODUTO/
SERVIÇO.
A Educação Ambiental é um processo de formação, perseverante, integral e
metodológico. Sim, sabemos que existe complexidade na questão e vários problemas
socioeco-nômicos e socioambientais. Mas esse é o caminho, só por meio da educação!

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Turismo 53
4. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

4.1 Crescimento do pensamento estratégico


Ao longo da história da civilização e dos seres humanos, o planejamento estratégi-
co evoluiu paulatinamente, embora nem sempre tenha sido nomeado. O homem sapiens,
sempre planejou sua existência com estratégia, a princípio era através dos sentidos, das
experimentações e observações; depois, com o surgimento de técnicas e métodos de
planejamento.
Nas antigas civilizações, há muitos relatos ao longo da história em que são
claros os exemplos de planos a longo prazo que encontramos em vários documentos.
Isso é chamado de planejamento estratégico.
De acordo com Cruz (2019), na Bíblia, encontra-se um dos exemplos mais marcan-
tes de planejamento estratégico. José do Egito teria feito e executado um plano para salvar
o Egito dos sete anos de fome que se seguiram aos sete anos de fartura. Nesse contexto,
não tem problema se ele sonhou e se foi mesmo Deus que o avisou sobre o que aconte-
ceria. Sabemos que está escrito na Bíblia, que ele planejou estrategicamente a condução
do reino, primeiro dos sete anos de fartura e depois nos sete anos de infortúnio. O mais
interessante nesse exemplo é que ele sabiamente soube ligar o planejamento estratégico
ao planejamento operacional de modo a executar as operações do dia a dia com base no
plano de 14 anos que havia programado.

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Turismo 54
Estudos mostram que até os anos 1950 havia transformações na sociedade em

geral quanto no mundo dos negócios. Mas eram muito lentos e lineares, sem nenhuma

ruptura, sem avanços tecnológicos e sem quebras de paradigmas. No entanto, a partir

dessa década, com a chegada dos computadores eletrônicos ao mundo dos negócios, os

critérios de administração se tornaram ou deram lugar a uma administração mais científica

e profissional. Até este período, tudo o que precisava ser feito só o era por meio de ações

dos donos de negócios. A partir de 1900 o planejamento estratégico e a

administração estratégica evoluíram significativamente. (CRUZ, 2019,p.ch 13).

Ainda de acordo com CRUZ (2019, p. ch 14 apud Ansoff 1990), autoridade mundial

em planejamento e administração estratégica, o planejamento estratégico baseia-se na

análise de três aspectos fundamentais: os problemas administrativos oriundos das situa-

ções operacionais, os processos que devem solucionar esses problemas administrativos e

as variáveis que os envolvem.

Sun Tzu (2010, p. 57) escreveu em A arte da Guerra, há mais de 4.000 anos:
Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resul-
tado de cem batalhas. Se você se conhece, mas não conhece o inimigo, para
cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o
inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas.

Se adaptarmos seus ensinamentos para a realidade de hoje, século XXI, significa

que devemos, antes de tudo, nos conhecer, conhecer as nossas expectativas, devemos

compreender o ambiente e a capacidade dos concorrentes para então seguir em frente.

4.2 Comportamentos

Fala-se em dois comportamentos que o negócio/a empresa deve ter em seu ambiente:

O Comportamento estratégico visa melhorar ou substituir os produtos já fabricados

por outros que lhe deem maior integração no mercado. O objetivo de ações como essa é

procurar resolver os problemas que possam aparecer e afetar o futuro da empresa. Essas

ações são estudadas e criadas com bastante antecedência.

O Comportamento operacional visa lucrar, realizar operações de compra de maté-

rias-primas e venda de seus produtos, agregando a eficiência dos processos primários e

secundários da empresa e conquistando mais e mais mercados.(CRUZ, 2019).

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Turismo 55
4.3 Definição
Planejamento estratégico pode ser definido como um processo gerencial que visa
estabelecer uma meta a ser seguida pela empresa, com objetivos de alcançar um nível de
otimização na sua relação com o ambiente externo/consumo/consumidor/cliente.
Eis os principais benefícios do planejamento estratégico no setor turístico (CRUZ,
2017, p. 113):
• Facilita a identificação, priorização e exploração de oportunidades;
• Permite uma visão objetiva dos problemas gerenciais;
• Melhora a coordenação e controle das áreas da empresa e suas atividades;
• Contribui para minimizar os efeitos de condições adversas e de mudanças
no ambiente de negócios;
• Permite que as decisões tenham maior abrangência, uma vez que estão
voltadas para apoiar os objetivos estabelecidos;
• Assegura uma alocação mais efetiva de tempo e recursos para determinada
oportunidade de negócio;
• Promove uma estrutura de referência para comunicação interna com o pes-
soal, com base nos objetivos;
• Ajudar a integrar o comportamento das pessoas ao esforço global e estabe-
lecer metas de desempenho, bonificação e clarificação das responsabilida-
des individuais;
• Fortalece o pensamento prospectivo, voltado para o futuro, e a análise ex-
terna à empresa;
• Estimula o comportamento de empreendedorismo interno e uma atitude fa-
vorável frente às mudanças.

Ao estruturar uma estratégia é importante estar seguro acerca da capacidade em


segui-la. E inevitavelmente realizar perguntas e ter as respostas: Têm recursos suficientes?
Tem acesso às tecnologias necessárias? As pessoas irão ficar motivadas? Haverá concor-
dância entre as pessoas da diretoria e da gerência? Essa estratégia é compatível com valores
e crenças? Essa estratégia está de acordo geral que significará uma grande mudança?
Acerca dos motivos de fracasso de empreendimentos no Brasil, Sauaia & Sylos
(2000, p. 1-11) ensinam:

Desconhecimento do mercado;
• Desconhecimento do produto e/ou serviço;
• Falta de qualidade;
• Localização imprópria;
• Problemas na relação com os fornecedores;
• Tecnologias de produção obsoletas;
• Imobilização excessiva do capital;
• Política equivocada de crédito;
• Falta de controles de custos e de gestão financeira;
• Falta de um sistema de planejamento e informações gerenciais.

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Turismo 56
FIGURA 6 - FLUXOGRAMA

4.4 Identidade Organizacional


De acordo com Cruz (2019), em primeiro lugar é preciso definir a visão, a missão
e os valores da organização. Nesse sentido, deve ser produzida uma identidade para a
empresa, caso ela não a tenha. Se já houver uma identidade é importante fazer uma revi-
são. Deve ser definida uma visão, uma missão e uma política da qualidade. Isso facilitará e
possibilitará desenvolver as melhorias nos processos de negócio.
Toda empresa precisa saber o que quer ser e para onde quer ir, não importa o
tamanho da empresa. No setor de turismo tem-se o exemplo de uma operadora de viagens,
a CVC, que por anos tinha como principal meio de venda os canais indiretos (agências
de viagens), sendo que, posteriormente, após uma grande mudança de planejamento es-
tratégico, colocou seu produtos online em seu próprio site e abriu lojas físicas em todo o
território brasileiro. Por isso é importante a definição estratégica, pode-se gastar tempo e
dinheiro, desenvolvendo, por exemplo, controles para canais de vendas indiretos quando,
efetivamente, os gestores estão pensando em realinhar suas vendas para a empresa vir
a ter somente canais diretos. Existem casos contrários também. Nesse sentido, também é
de extrema importância a definição da essência, da natureza da empresa, visto que isso
direciona todas as ações e, consequentemente, os sistemas de informações que vierem a
ser exclusivamente desenvolvidos.
“Uma das primeiras providências na realização do planejamento estratégico é
discutir onde a organização quer chegar e com base em quais crenças ela percorrerá o
caminho que a levará ao futuro” (CRUZ, 2019, p.ch 116).
Ainda de acordo com autor Cruz (2019), definir visão, missão e política da qualidade
não pode ser apenas formalidade ou ter para deixar na recepção da empresa ou do site.

UNIDADE III Perspectiva


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Turismo 57
Ao ter essas definições bem fundamentadas eles devem ser interiorizados por todos os
colaboradores da empresa, em outras palavras, todos devem passar a vivê-los plenamente
no dia a dia. Do faxineiro ao dono da empresa.
A empresa que disponibiliza este componente do Planejamento Estratégico de
forma formal para seus clientes, está colaborando no sentido de deixar transparecer seus
objetivos e metas.
Exemplos:

a) CVC
VISÃO: Tornar o Turismo acessível a todas as pessoas, oferecendo produtos, ser-
viços e atendimento de qualidade a preços justos, dedicando-se diariamente a realizar o
sonho de cada cliente.
MISSÃO: Formatar produtos e adaptar o preço desses produtos à capacidade de
pagamento dos clientes. Desenvolver novos mercados nacionais e internacionais. Incenti-
var o desenvolvimento de fornecedores e de receptivos locais.
VALORES:
1. Acreditar sempre;
2. Sentir orgulho da empresa;
3. Amar o trabalho;
4. Ousar e criar;
5. Ser humilde: reconhecer os erros e aprender com eles;
6. Conservar e respeitar os clientes;
7. Exceder as expectativas dos clientes e sentir prazer em fazer bem feito;
8. Valorizar e fidelizar clientes, fornecedores e funcionários;
9. Ter compromisso com o Brasil. 10. Nunca abandonar os sonhos. Fonte:
CVC (s/d, online)

b) Beto Carrero World


MISSÃO: “Encantar em todos os momentos”.
VISÃO: “Ser o melhor centro de entretenimento do mundo”.
VALORES: Transparência. Orgulho. Persistência. Segurança.
Cooperação.(BETO CARRERO, 2017, online)

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Turismo 58
c) Google
MISSÃO: organizar as informações do mundo e torná-las mundialmente acessíveis
e úteis para todos.
(GOOGLE, s/d, online)

4.5 Análise SWOT


Conforme Cruz (2019) a palavra SWOT é a abreviatura que vem de Strengths
(em inglês) que é Forças (em português), Fraquezas (Weaknesses), Pontos Negativos,
Oportunidades (Opportunities) e Ameaças (Threats). Através dessa ferramenta, são
analisados os pontos fortes e os pontos fracos de cada empresa. É essa análise que
vai elaborar dois planos. O primeiro plano, é o “de oportunidades, para aproveitar seus
pontos fortes”, e o segundo plano, o “de ameaças’’, para converter “suas fraquezas” ou,
se preciso for, “prepará-las para conviver com elas o tempo que for necessário”.
É extremamente necessário analisar clientes e mercados, para qualquer segmento,
não só na área de turismo, tanto os clientes atuais como os potenciais clientes. Analisar
também em quais mercados a empresa atua ou tem pretensão de vir a atuar, além das
curvas de demanda pelo caminho, custos operacionais e preços equivalentes.

FIGURA 7 - REUNIÃO

UNIDADE III Perspectiva


Introdução ao
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Turismo 59
4.6 Etapas para a análise SWOT
1. Selecione separadamente cada um dos objetivos criados no planejamento
estratégico e escreva-os em uma folha a qual possa servir de base para a
análise SWOT.

2. Com base no conhecimento que cada participante da análise tem da orga-


nização, buscam-se os pontos positivos, aqueles que serão as bases para a
realização do objetivo.

3. Cada ponto positivo dá origem a uma ou várias oportunidades de negócio


que, quando realizadas, possibilitam à organização alcançar o objetivo criado
no plano estratégico. No entanto, também precisamos nos preocupar com os
pontos fracos de nossa organização.

4. Deve-se listar cada ponto fraco da organização que impacte o alcance do


objetivo. Nesse ponto da análise SWOT, necessitamos ser extremamente sin-
ceros conosco. Não adianta “cobrir o sol com a peneira”, pois isso colocaria
em risco a própria organização, levando os responsáveis ao engano.

5. Convém listar para cada ponto fraco todas as ameaças, pois assim a orga-
nização e seus responsáveis poderão se preparar para enfrentá-las. (CRUZ,
2019, p. ch 26).

Existem livros de Planejamento Estratégico completos sobre as inúmeras ferra-


mentas para se aplicar dentro desse processo, aqui estão apenas algumas para destaque.
Dentro dos setores turísticos é essencial o uso de um Planejamento Estratégico bem dire-
cionado para a saúde do empreendimento (se for o caso). Abaixo segue outra ferramenta.

4.7 Metodologia DOMP™


De acordo com Cruz (2019), essa metodologia pode ser utilizada no planejamento
estratégico e em consequentes desdobramentos, tático e operacional. Ela é extrema-
mente prática, possibilita a construção de todo o conjunto de planos, estratégico, tático
e operacional, chegando até a interligação de todos eles com os processos de negócio.
Para chegar nos processos de negócio essa metodologia busca dentro do processo de
planejamento estratégico, como gerenciá-los e melhorá-los, como mapeá-los (documen-
tá-los), analisá-los e modelá-los (criá-los ou recriá-los) para só então implantar e geren-
ciar os processos de negócio corretamente, visando à sua melhoria constante. Alguns
escritores, técnicos, gestores, diretores, donos de empresas estão de fato preocupados
com as ferramentas e tecnologias da informação do que com a organização do processo
propriamente dito, no entanto é fundamental escolher com sabedoria o equilíbrio para a
permanência contínua no mercado.
Os 10 passos para o planejamento estratégico DOMP (CRUZ, 2019, p. ch217):

UNIDADE III Perspectiva


Introdução ao
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Turismo 60
1. Definição da Missão, da Visão e dos Valores da Empresa.
2. Análise SWOT.
3. Análise de clientes e mercados.
4. Análise da concorrência.
5. Definição do statement estratégico.
6. Criação do plano de três anos.
7. Desdobramento do plano estratégico.
8. Análise financeira para a adequação do planejamento estratégico.
9. Alinhar o planejamento estratégico ao plano operacional.
10. Roteiro para a implantação dos planejamentos estratégico e operacional.

4.8 Metodologia Hoshin Kanri


Observa-se através de Cruz (2019) que essa metodologia foi desenvolvida no
Japão e tem a felicidade de alinhar as ações praticadas por qualquer organização no dia a
dia a seus objetivos estratégicos, isto é, o método viabiliza gerenciar qualquer organização
por seus objetivos. Essa metodologia, além de inibir desvios operacionais, tem a felicidade
de manter todos os funcionários concentrados no que realmente interessa, com a finalidade
dos objetivos serem alcançados. Este método Hoshin Kanri faz com que o planejamento
estratégico de toda empresa, possa ser executado, por meio de fragmentação dos objeti-
vos estabelecidos, em ações efetivas que serão concretizadas nas operações diárias da
organização. A cada ação, é atribuído um dono, um prazo, uma medida de desempenho
e assim por diante. É dessa maneira que se torna possível assegurar o cumprimento do
planejamento estratégico.
Esta metodologia Hoshin é composta por dez etapas (CRUZ, 2019, p.ch216):

1a: Estabelecer um lema, uma política da qualidade e um plano de carreira;


2a: Planejar as estratégias de gerenciamento de médio e longo prazos;
3a: Coletar e analisar informações sobre a situação atual da organização;
4a: Planejar as metas e os meios para alcançá-las;
5a: Estabelecer e preparar uma lista com todos os itens de controle;
6a: Desmembrar o plano de metas por departamentos e atividades;
7a: Desmembrar os itens de controle por departamentos e atividades;
8a: Implantar o plano;
9a: Verificar os resultados da implantação do plano;
10a: Preparar relatórios de progresso do plano.

Por meio dessa metodologia, cada um que participa das operações dentro da
empresa tem uma parcela de responsabilidade. Nesse sentido, existe claramente a con-
versão do estratégico em operacional, tornando-se estratégico novamente para o(a) chefe
do departamento para, em seguida, tornar-se de novo operacional conforme o plano vai
sendo desmembrado pelas esferas inferiores da empresa, não importando o tamanho. Em
outras palavras, o que é operacional para o(a) chefe é estratégico para o(a) chefe dele. O
que é estratégico para o(a) chefe é operacional para mim; e o que é estratégico para mim é
operacional para os(as) funcionários(as) pelos quais sou responsável. (CRUZ, 2019).

UNIDADE III Perspectiva


Introdução ao
e Integração
Turismo 61
O planejamento estratégico é direcionado com uma perspectiva, ou horizonte de
tempo estratégico de 5 a 10 anos. Busca saber: Quem somos? Aonde vamos? Onde/como
estamos? Como vamos? Essas são as questões centrais do planejamento estratégico.
(FONTES FILHO, 2006, p. 22).
Toda a sofisticação metodológica que se incorporou ao planejamento estratégico
tem sua grande utilidade em responder mais claramente a essas questões.
Assim como não há consenso na definição do que é turismo, existem sempre novos
termos e moda para as metodologias. De toda forma, o caminho a percorrer segue uma
cronologia, não importa o método aplicado. Existe uma grande geração de pessoas que
sabe como processar tabelas de fluxos de produção ou como gerir um negócio. São as
mesmas pessoas que também sabem obter qualidade superior. A grande sacada é fazer
essas equipes ou esses(as) colaboradores(as) saberem por que fazem isso, ou seja, “o
que” e “onde” fazem. Não existem mais 8 ou 80. O ciclo para para ser mais assertivo hoje
em dia tem que ser com pessoas com expertise e sagacidade.
Segundo o Sebrae, o Marketing conta com quatro instrumentos básicos de ação:1)
Produção de bens e serviços que atendam aos desejos do público; 2) Escolha do preço
certo para estes produtos; 3)Distribuição eficiente e ágil; 4)Comunicação com o público
(propaganda na mídia impressa, eletrônica, promoção em pontos-de-venda, sorteios, brin-
des, merchandising, mala-direta, etc.).
Por fim, tanto as ferramentas como as tecnologias, sendo ou não da informação,
são extremamentes consideráveis e têm seu papel bem definido, mas nada muda o valor
do mapeamento, da análise, da modelagem, da correta implantação e o gerenciamento de
processos de negócio como alicerce para a melhoria total das organizações/empresas, seja
qual método adotado.
Os programas de qualidade tem haver diretamente com a boa ou a falta de per-
cepção dos gestores. Para direcionar o negócio ao sucesso e permanência no mercado é
muito importante a ampliação dos pensamentos e a compreensão sobre a organização/
empresa, identificar as forças e fraquezas, oportunidades e ameaças do mercado, quais as
expectativas etc.
O Planejamento Estratégico é uma importante ferramenta administrativa para im-
pulsionar o desempenho do empreendimento. Ele sozinho não é a solução para todos todos
os desafios do negócio, mas sem dúvida somente por meio dele os alicerces estruturantes
do negócio alcançarão sucesso e permanência.

UNIDADE III Perspectiva


Introdução ao
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Turismo 62
SAIBA MAIS

Planejamento Estratégico de Sucesso

O que é um bot? Você já ouviu falar?

Bot é a abreviação de robot, ou “robô” em português. Essa palavrinha designa


máquinas ou equipamentos que já possuem capacidade de substituir em várias
funções o ser humano. Cada vez mais, os BOTS, assumem tarefas nas empresas, nas
casas das pessoas, nos carros e até no lazer. Exemplos: Na década de 1980 as URAS
(Unidades de Resposta Audível) entraram no mercado para atender as chamadas
telefônicas e direcionava através de ramais para setores da empresa. Posteriormente,
vieram os PABX, usados inicialmente em hotéis. É um equipamento presente em
diversas empresas e escritórios que têm a necessidade de conectar ambientes por
linha telefônica. A sigla em inglês significa Private Automatic Branch Exchange
(Troca Automática de Ramais Privados). Sua principal função é viabilizar uma rede
interna de telefonia, oferecendo facilidade e eficiência à rotina de trabalho.
As URAS de hoje são moderníssimas e são precursoras dos robots da atualidade.
Em call centers a grande maioria dos atendimentos são bots, em funções
financeiras de empresas, funções de vigilância, nos Portable Personal Device
(PPDs) etc. Os BOTS estão conectados aos carros, celulares através da internet of
things (IoT) – “internet das coisas” em português e podem ser operadas e gerenciadas
a distância.

Fonte: CRUZ, 2019,p.ch 212.

REFLITA

“Marketing is the activity, set of institutions, and processes for creating,


communicating, delivering, and exchanging offerings that have value for customers,
clients, partners, and society at large. (Approved 2017).”
“Marketing é a atividade, conjunto de instituições e processos para criar, comunicar,
en-tregar e trocar ofertas que tenham valor para clientes, clientes, parceiros e a
sociedade em geral. (Aprovado em 2017).”

Fonte: American Marketing Association. Definição de Marketing. Disponível em: https://www.ama.org/

the--definition-of-marketing-what-is-marketing/. Acesso em: 09 maio. 2021.

UNIDADE III Perspectiva


Introdução ao
e Integração
Turismo 63
CONSIDERAÇÕES FINAIS

É preciso entender que tanto os desafios quanto a gestão são necessidades reais
do setor turístico. No momento em que esses desafios são detectados e adotados medidas
de estratégicas e de comportamentos terão que ser implantadas a fim de superar o que
não está dando certo. As atitudes e comportamentos só mudarão quando os desafios forem
superados. Existem muitas instabilidades nesse setor, no entanto, todas as civilizações ou
sociedade como um todo clamam por mudanças de atitude, porque ela própria se beneficia
do turismo global. O turismo traz riscos, exploração, dominação, desigualdade e até injus-
tiça, mas ele nunca irá acabar. Por isso, é um tema tão especial e interessante. O caminho
é a busca pelo equilíbrio.
Os gestores públicos se posicionam sempre apresentando alguma dificuldade, afi-
nal a diversidade de pensamentos é ampla. Cada destino ou segmento tem seus problemas
a serem enfrentados e cada gestor é responsável para buscar e resolvê-los. Diante disso,
os recursos disponíveis e a captura de recursos são tão significativos para o setor turístico.
Nesse sentido, empresas privadas ligadas ao turismo devem se unir para mitigar a instabi-
lidade, rotatividade, dependência, falta de ética, ignorância, apatia e o sistema disfuncional.
Já é visto um novo estilo de comportamento em busca do equilíbrio e da sensatez.
Se as alavancas para esse processo de fomentação estiverem alinhadas, sendo eles o
conceito, o planejamento estratégico (marketing), a ética e o setor operacional, o turismo
pode enfrentar as adversidades com uma abordagem resiliente em rumo ao sucesso.

UNIDADE III Introdução


Perspectiva ao
e Integração
Turismo 64
MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Comportamento do Consumidor
Autora: Banov, M. R.
Editora: Grupo GEN.
Sinopse: Este livro tem como objetivo oferecer, em linguagem aces-
sível e didática, conceitos e práticas que envolvem o comportamento
do consumidor, para estudantes e profissionais que estão iniciando
nas áreas de marketing, comunicação, administração, vendas, psi-
cologia e empreendedorismo, como também para pessoas que dese-
jam saber quem é o consumidor e como somos como consumidores.
São abordados temas como: conceitos relacionados ao compor-
tamento do consumidor, fatores internos e externos que o influen-
ciam, o processo de decisão em compras; tipos, métodos, técnicas
e tecnologias que o pesquisam, o consumidor virtual, o relaciona-
mento, a ética e as políticas de defesa e proteção do consumidor.
Link:https://integrada.minhabiblioteca.com.br/
books/9788522127153. Acesso em: 9 maio. 2021.

FILME/VÍDEO
Título: As férias da minha vida.
Ano: 2006
Sinopse: Ao receber a notícia de que tem uma doença terminal,
Georgia decide jogar tudo para o alto e fazer a viagem dos seus
sonhos, com tudo a que tem direito. O filme acontece dentro de
um hotel luxuoso nas montanhas. Fala sobre turismo, gastronomia
e atendimento.

UNIDADE III Perspectiva


Introdução ao
e Integração
Turismo 65
WEB

● Superação dos Desafios do Turismo no Brasil. https://blogs.iadb.org/brasil/pt-br/ca-


minhos-para-superar-quatro-desafios-do-turismo-no-brasil/. Acesso em: 10 de maio
de 2021.

● Retomada do Turismo.
https://www.revistahoteis.com.br/os-desafios-da-retomada-do-turismo-no-brasil/.
Acesso em 10 de maio de 2021.

UNIDADE III Perspectiva


Introdução ao
e Integração
Turismo 66
UNIDADE III
Segmentação do Turismo
Professora Denise S. Rodrigues

Plano de Estudo:
● Segmentação do Turismo;
● Segmentos do Turismo I;
● Segmentos do Turismo II;
● Hospitalidade e Hospedagem.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar os segmentos do Turismo;
● Compreender os tipos de segmentos turísticos;
● Estabelecer o conceito e a importância da Hospitalidade e Hospedagem.

67
INTRODUÇÃO

Nesta oportunidade vamos aprender o que é segmentação do turismo; entender


por que é importante saber o processo e os nomes dos segmentos (e no que interferem),
bem como analisar as diversas segmentações do mercado turístico, o que implicará a com-
preensão da importância mercadológica que isso representa.
Segmentar é basicamente dividir as pessoas (hipoteticamente) em grupos por
perfis, preferências, poder de compra, nível social, grupos que buscam o destino que está
na moda, hábitos similares e outros. Essas divisões podem ser realizadas por meio de de
características geográficas, sociodemográficas, comportamentais, psicográficas ou uma
combinação de duas ou mais características mencionadas.
Como o turismo e o marketing são amigos de longa data, esse processo de divisão
ou de subgrupos nominados favorece e propicia uma eficiência no objetivo final, que é
direcionar produtos específicos para o consumidor que está devidamente identificado por
meio desta segmentação.
O mercado turístico é muito amplo, como você aluno(a) já percebeu e, além dessa
ferramenta que contribui para com o setor, há também a hospedagem, que representa
50% da satisfação e de garantia de sucesso da viagem/do destino/da excursão. São esses
assuntos que vamos estudar nesta unidade III.

Lembre-se, toda leitura é positiva!

UNIDADE III Segmentação do Turismo 68


1. SEGMENTAÇÃO DO TURISMO

1.1Conceitos
Segundo o italiano Masi (2000), a proposta do chamado ócio criativo define o
trabalho e o potencial de imaginação. De acordo com ele, tem o ócio em que a pessoa
não faz nada e o ócio onde se produz o desenvolvimento de idéias, pensamentos para
novos projetos. A sociedade globalizada precisa de mais pessoas com esse
discernimento. O ócio criativo pode e deve gerar produtividade. Não fazer nada é
essencialmente preguiça, ócio criativo é outra coisa.
O autor desenvolveu esse conceito após perceber o tanto que ele e muitas
pessoas tinham insatisfação com o trabalho somado a uma idolatria e competitividade
muitas vezes desleal. Esse conceito aborda uma reflexão conhecida, sobre fazer ou
trabalhar dentro da área que a pessoa gosta e se sente bem. Ao invés de trabalhar e
ou buscar um trabalho que apenas remunere bem. Essa reflexão que ele menciona no
livro O ócio criativo, trata-se de buscar diversão, prazer e satisfação em tudo o que
se faz. Nesse sentido, escolher trabalhar com o turismo também tem haver com esse
conceito oferecido pelo autor, pois quem trabalha com o turismo não faz turismo, e sim
oferece/realiza um serviço dentro deste grande setor econômico. Se em todas as
profissões, as pessoas encontrassem diversão, prazer e satisfação, a realização
individual estaria garantida. Trabalhar com turismo traz isso!

UNIDADE III Segmentação do Turismo 69


Com o passar do tempo, os setores de turismo deixaram de desenvolver um marke-
ting geral direcionado para massa e começaram a buscar estratégias de marketing conside-
rando as particularidades das pessoas/dos possíveis clientes potenciais. Aliás, toda pessoa
pode ser um possível cliente potencial. Nesse sentido, foi observado que sim, existia entre
o recente e globalizado consumidor, características, atitudes, preferências e principalmente
poder de compra diferente uns dos outros.
A respeito, ensina Costa (2006, p. 181) que a “segmentação é um processo de
divisão do mercado em subgrupos relativamente homogêneos, com a única finalidade de
implementar estratégias comerciais diferenciadas para cada um, permitindo melhor satisfa-
zer suas necessidades e alcançar os objetivos comerciais da empresa”.
O autor Tomanari (2003, p. 20) apresenta outra definição para somar a esse enten-
dimento:
Segmentação de mercado é o processo de divisão do mercado total hetero-
gêneo em vários grupos homogêneos com características semelhantes. Esta
divisão pode ser realizada por meio de de características geográficas (região,
estado, cidade, vizinhança etc.), sociodemográficas (sexo, idade, estado civil,
escolaridade, renda, grupo étnico, profissão etc comportamentais (comporta-
mento de consumo, grau de uso do produto, lealdade à marca etc.), de bene-
fício procurado (procura de benefícios específicos no produto, satisfação de
necessidades etc.), psicográficas (valores, atitudes etc.) ou uma combinação
de várias dessas características.

Para esta ferramenta ou estratégia dar certo, a relação de interesse entre o con-
sumidor e o destino/o produto tem que ter conectividade. A segmentação do turismo
pode ser entendida como uma configuração de organizar o turismo para fins de
planejamento estratégicos, gestão e mercado/cliente final. Todos os segmentos turísticos
e setores turísticos podem ser alicerçados nos elementos de identidade do produto
oferecido, ou seja, da oferta, e, também, das múltiplas características e variáveis da
demanda (consumidor final).
O homem precisa mudar de paisagem, especialmente o homem ocidental, e eva-
dir-se da rotina de sua vida quotidiana” (ARRILLAGA, 1976, p.150).
Se pensarmos que existe o mercado como um todo e a segmentação turística é um
processo de divisão de setores, fica mais fácil ainda esse entendimento. A grande meta
ou propósito da segmentação é a eficácia do gerenciamento e direcionamento do
marketing, a fim de otimizar custos e atingir 100% o propósito de mais vendas.
A Comissão Europeia de Viagem (European Travel Commission – ETC) em
conjun-to com a Organização Mundial do Turismo (World Tourism Organization – WTO),
formaram uma publicação direcionada à segmentação denominada “Manual de
Segmentação do Mercado – Maximizando a eficácia do Marketing” (Handbook on tourism
market segmentation – Maximising marketing effectiveness) (WTO e ETC, 2007). Esse
material publicado, estabeleceu que o processo de segmentação de mercado relaciona-se

UNIDADE III Segmentação do Turismo 70


a investigar, identificar, quantificar e priorizar aqueles segmentos que seguramente
ajudarão a alcançar os objetivos do setor de turismo de um destino. A segmentação de
mercado é a tentativa de identificar grupos de clientes específicos dentro de maiores
populações indefinidas, disposto a desenvolver e implementar programas de marketing
projetados de forma exclusiva para as suas necessidades. (WTO e ETC, 2007, p. 3).
Desse modo, o Ministério do Turismo do Brasil lançou a publicação
“Glossário do turismo” (BRASIL, 2018, p. 27 apud MTur, 2006), em que define que a
Segmentação do Turismo é um “forma de organizar o turismo para fins de planejamento,
gestão e mercado. Os segmentos turísticos podem ser estabelecidos a partir dos
elementos de identidade da oferta e também das características e variáveis da demanda”.
É importante distinguir dentro do mercado turístico a noção de segmentação da
oferta e da demanda, pois é improvável que todos os consumidores tenham as mesmas
preferências ou se disponham a pagar sempre por apenas um tipo de experiência turís-
tica. Segmentar a demanda (de acordo com o tipo/perfil de turistas) é definir a parcela
das pessoas que compartilham as mesmas características, necessidades e
expectativas. Segmentar a oferta (tipos de turismo/experiência – aventura, sol e praia
etc.) é definir, é ter noção que uma oferta turística tenha uma identidade comum, com
base no tipo de experiência e que atenda às expectativas do segmento de demanda
que se deseja atrair. (PANOSSO NETO e ANSARAH 2015, p. 8 apud BRASIL, 2010,
p.13).

FIGURA 1 - ÔNIBUS DOUBLE DECKER PARA CITY TOUR

UNIDADE III Segmentação do Turismo 71


É importante registrar que há um grupo de consumidor que por inúmeros motivos
como preconceito, renda, valores invertidos, alienação, opinião torpe etc.; não fazem parte
da movimentação turística nacional ou se quer consomem produtos e serviços. Existe outro
grupo que são aqueles que não têm oportunidade de participar, direta ou indiretamente dos
benefícios das atividades turísticas devido a poucos recursos. Há também um grupo de
pessoas que têm poder aquisitivo, mas permanecem alheios às informações sobre o que
é belo, sobre os benefícios de conhecer outras culturas, sobre conhecer a biodiversidade,
sobre os prazeres que viajar proporciona. Então voltamos a uma das temáticas apreendidas
na unidade II sobre a importância da educação sobre preservação do meio ambiente desde
os centros de educação infantil, é lá que começa tudo. Esse último grupo é alheio a essas
informações e valores porque não lhe foram apresentados, logo, não valorizam aquilo que
não conhecem. Esta é uma constatação real: só se valoriza neste mundo o que se conhece,
especialmente na área do turismo. Muitas pessoas não sabem os benefícios, vantagens e
privilégios que o turismo proporciona ao ser humano. O turismo reconecta as pessoas à sua
essência, à natureza, inspirando pessoas a sonharem com lugares até então impensáveis,
onde o melhor de si poderá aflorar.
Merlo e Ceribeli (2014, p. 3) afirmam que “o estudo do comportamento do consumi-
dor deve considerar diferentes segmentos de mercado; caso contrário, corre-se o risco de
generalizar a todos os segmentos existentes resultados que representem o comportamento
de um grupo específico de consumidores”.
O turismo de massas sempre funcionou e sempre vai funcionar, basta olhar
para os muitíssimos outdoors, outbus e placas de led espalhados pelas cidades. Por outro
lado, uma abordagem interessante a ser feita é a exploração da amplitude de informações
que se encontra disponível hoje em dia (e que inexistia até então), a fim de objetivar o
alvo e ter resultados mais assertivos com mais lucratividade.
Ao ser realizada a segmentação do mercado turístico é possível também identificar
os nichos de mercado, que podem ser chamados de subgrupos. Esses nichos (relativamen-
te pequenos grupos) abrem oportunidades para ofertar e adaptar produtos para grupos com
características específicas.
Nichos de mercado são segmentos de mercado relativamente menores, são pouco
explorados ou inexistentes, que têm capacidade econômica para satisfazer às necessida-
des ou aos desejos de possíveis consumidores potenciais pertencentes a estes grupos
menores, que ainda não estão sendo atendidos ou percebidos no mercado. No entanto,
dão sinais de que tem poder suficiente para gerar lucros. (BANOV, 2017). Por exemplo,

UNIDADE III Segmentação do Turismo 72


pacotes turísticos especificamente para pessoas que gostam de correr por esporte, gos-
tam de participar de maratonas. É identificado que dentro deste grupo, existe um nicho de
mercado para pessoas interessadas em corridas acima de 20 km e de realizar turismo.
Nesse sentido, Merlo e Ceribeli (2014) afirmam que:
os consumidores compram produtos, serviços e marcas de acordo com o
autoconceito que têm e que desejam refletir perante os demais membros da
sociedade. É possível perceber, portanto, a importância de entender como a
marca de uma organização pode ser associada a um estilo de vida específico
que reflete o autoconceito que os consumidores buscam projetar.

Em alguns casos, a prospecção de segmentos de mercado por meio de pesquisa


pode revelar, dentro dos grupos, subgrupos de clientes que buscam nos produtos ou servi-
ços características ainda mais específicas. Sendo assim, esses nichos de mercado podem
se transformar em ótimas oportunidades para setores turísticos menores, afinal atende
uma necessidade com menos investimento, fideliza o cliente justamente porque atinge ou
alcança um número menor de pessoas sem ter concorrência aparente.

UNIDADE III Segmentação do Turismo 73


2. SEGMENTAÇÃO DO TURISMO I

A globalização aproximou os povos, diminuiu fronteiras, abriu os lugares do mundo


para visitações, ainda continua sendo um processo de expansão econômica, política, cul-
tural e social à nível universal.
Os primórdios do turismo começaram com as viagens religiosas e depois foram as
viagens de saúde, de negócios, de eventos, de esportes e assim foram fomentando. Em
conjunto com essa evolução, outro base dessa engrenagem que mudou foram as pessoas
e seus núcleos familiares.
Antes era considerado uma família tradicional com um núcleo integrado pelo espo-
so, esposa e filhos(as), mais a continuidade da família composta de tios(as), primos(as),
avós e bisavós. Na época atual, novas formatações de família são observadas e analisadas.
Existem casais masculinos com filhos(as) e casais femininos com filhos(as). Há também a
família, constituída por um homem ou mulher que vive sozinho(a) e não tem pretensão de
ter família (no trade turístico são chamados de single). Tem o(a) jovem solteiro(a) ou sepa-
rado(a) sem filhos(as), além de família que tem o(a) jovem solteiro(a) ou separado(a) com
filhos(as). Este novo ciclo de vida, vem formando novos nichos de mercado (também para
o turismo). O segmento de destaque nas grandes cidades é o SINGLE (SGL) composto por
homens e mulheres que moram e vivem só, de forma individual. (BANOV, 2017).
Um consumidor ou cliente potencial que empresas turismo e marketing estão de
olho, são as crianças, em síntese, elas são consumidoras passivas por um período, e com

UNIDADE III Segmentação do Turismo 74


o passar do tempo ao apontar o dedinho começam a estabelecer expectativas em relação
aos bens, produtos e serviços, logo tornam-se ativas. As crianças de hoje estão vindo em
versões mais atualizadas e conectadas que as crianças de antes. Por isso é que, também,
é importante acompanhá-las desde cedo.
Segmentar é uma forma de organizar o turismo para fins de planejamento, gestão e
mercado. É também dividir as pessoas (hipoteticamente) em grupos com variáveis físicas:
por idade, sexo, estado civil, escolaridade, ciclo de vida, ocupação, classe social e variáveis
comportamentais, tais como personalidade, motivação, percepção, hábitos ou atitudes, ex-
pectativas sobre o produto, preferências, desejos, perfis, necessidades, poder de compra
e outros. Logo, a segmentação do turismo é direcionar o produto X e as estratégias de
marketing ao consumidor potencial. O maior objetivo é ser mais eficientes na oferta de
produtos adequados, por meio de da comunicação.

FIGURA 2 - EXEMPLO DE SEGMENTAÇÃO

Do ponto de vista da oferta, a segmentação define tipos de turismo, em que a


identidade pode ser observada pela existência, em um território, de:
● atividades por meio de visitações, práticas e tradições (agropecuária, pesca,
esporte, manifestações culturais, manifestações de fé);
● aspectos e características geográficas, históricas, arquitetônicas, urbanísticas e
sociais;
● determinados serviços e infraestrutura de saúde, de educação, de eventos, de
hospedagem, de lazer.

UNIDADE III Segmentação do Turismo 75


Os roteiros turísticos ou produtos, de modo geral, são definidos com base na oferta
(em relação à demanda), de modo a caracterizar segmentos ou tipos de turismo específicos.
Assim, as características dos segmentos da oferta é que determinam a imagem do roteiro,
ou seja, a sua identidade e estruturação de produtos, em função da demanda (do que as
pessoas querem, desejam em termos de viagem turística).
Segundo Bacal (2003), o tempo livre, o lazer e consumo é direito de todos, ele
afirma que homem não saber usar muito bem o tempo livre; ele acha que indústria do lazer
se aproveita um pouco e que existe um consumo alienado também.
É aqui que entra o benefício da segmentação do turismo, pois objetiva os produtos.

FIGURA 3 - PISCINA NATURAL DO PARQUE ESTADUAL DO JALAPÃO-TO

2.1 Segmentos ou Tipos de Turismo e Vários Nomes Aplicados


Os segmentos mais tradicionais e conhecidos do Mtur (2006) são Turismo Religio-
so, Social, Ecoturismo, Turismo Cultural, Turismo de Estudos e Intercâmbio, Turismo de
Esportes, Turismo de Pesca,Turismo Náutico, Turismo de Aventura, Turismo de Sol e Praia,
Turismo de Negócios e Eventos, Turismo Rural, Turismo de Saúde e outros.
A depender do ponto de vista desejado (comprar uma viagem ou ofertar um produto/
viagem/destino) o planejamento estratégico e para a segmentação turística de dar-se de
diferentes formas: existe demanda e/ou oferta por destino/viagens de acordo com a faixa
etária, com o nível de renda, e acordo com o meio de transporte, com a duração da viagem,
de acordo com a distância do mercado consumidor, com o tipo de grupo, de acordo com
sentido do fluxo turístico, com a geografia do destino, com aspectos culturais, com a urbani-
zação do destino e por último de acordo com a motivação; pode existir outros pontos de vista.

UNIDADE III Segmentação do Turismo 76


Nessa direção, Banov (2017, p. 32)
“este processo de comparação social tende a ser executado de maneira mais
detalhada quando o indivíduo se depara com grupos com os quais não havia
contato anterior. Assim, quando o indivíduo ingressa em uma nova escola,
universidade, empresa, associação etc., tende a validar seus padrões com-
portamentais com base em sua percepção acerca dos outros”.

Outra técnica que funciona muito bem é o aprendizado por associação é associar
paisagens, esportes, música, datas especiais à marca e ao produto. Estes estímulos seriam
o fundo e o produto ou a marca, a figura.
O turismo é uma atividade indutora de desenvolvimento e interpretada como ativida-
de capaz de gerar empregos e renda e, muitas vezes, compreendê-lo em sua concepção é ir
além de seu sentido de deslocamento, permanência e retorno ao local de origem. Trata-se de
uma atividade que movimenta diferentes setores da economia e agrega valor a um incontável
número de recursos naturais, culturais, patrimoniais e humanos e responde pela promoção
da diversidade cultural e preservação da biodiversidade. (FURTADO e VIEIRA, 2011).

UNIDADE III Segmentação do Turismo 77


3. SEGMENTAÇÃO DO TURISMO II

Neste ponto de nosso estudo analisaremos os segmentos mais tradicionais do


Mtur (2006). São eles: Turismo Religioso, Social, Ecoturismo, Turismo Cultural, Turismo de
Estudos e Intercâmbio, Turismo de Esportes, Turismo de Pesca, Turismo Náutico, Turismo
de Aventura, Turismo de Sol e Praia, Turismo de Negócios e Eventos, Turismo Rural e
Turismo de Saúde.

3.1 Turismo Religioso


Na Idade Média, a defesa dos lugares sagrados e a profissão de fé eram os dois
principais motivos para se viajar. É grandioso a quantidade e a diversidade de ambientes
religiosos existentes no território brasileiro e ao redor do mundo todo. No Brasil é observado
o turismo religioso em cidades maiores porque atraem mais visitantes, os lugares mais
famosos e visitados são Aparecida-SP, Juazeiro-CE, Nova Trento-SC, Trindade-GO, Bom
Jesus da Lapa-BA e Belém-PA.
Muitos autores e especialistas percebem que a realidade e as necessidades re-
ligiosas turísticas não satisfazem completamente o visitante, devido ao desenvolvimento
do planejamento turístico ou a falta dele no Brasil. Existe uma evolução da participação
das pessoas no turismo junto aos ambientes religiosos como: templos, santuários, festas,
procissões etc. E mesmo assim não são foco das ações dos planejadores turísticos. O
indicado seria desenvolver num primeiro momento uma discussão conceitual do turismo
religioso, buscando demonstrar que a evolução teórica do turismo, buscar múltiplas estraté-
gias de ação dos planejadores, que sugerem o uso dos ambientes religiosos para o turismo.

UNIDADE III Segmentação do Turismo 78


Preservando os aspectos das motivações culturais dos visitantes, mas alinhados com as
estruturas dos ambientes religiosos.
Segundo Peter Burns (2002, p. 118 - 122),
existem considerações acerca da relação turismo e religiosidade na obra Tu-
rismo e Antropologia, editada originalmente na Inglaterra, na qual promove
grande discussão sobre muitos aspectos do turismo importantes para o an-
tropólogo. O autor identifica quatro temas aos estudos antropológicos, sendo
um deles o turismo como religião e ritual, e faz a pergunta: o turismo é uma
forma moderna de religião ou peregrinação?

Burns (2002) afirma que a dominação capitalista da cultura e, por consequência,


do turismo, pela sua mercantilização, perverte suas consequências sociais, quando busca
incessantemente inserir os cidadãos no universo das regras do consumo, que a princípio
são negativas (faz referências à necessária relação do turista com estruturas turísticas,
por meio de controles exercidos por guias e agências etc.). Tudo indica que o autor Burns
não concorda com o termo turismo religioso. Mas mesmo com divergência sobre o nome, o
nome, turismo religioso existe e é muito utilizado.
Já a opinião de Abumanssur (2003) é sobre o “como olhar para o objeto”, o objeto
turismo religioso. Para ele, muitos dos participantes desse turismo dão mais atenção à
dimensão/estrutura turística do que à própria religião. Deve-se ficar atento também para
esse olhar mercadológico, dentro da religiosidade e peregrinações.
Dias (2001), citando o Dicionário de Turismo de Montaner e et al. (1998, p. 16),
afirma que:
turismo religioso é a atividade turística que consiste em realizar viagens (pe-
regrinações) ou estadas em lugares religiosos (retiros espirituais, atividades
culturais e liturgias religiosas etc.), que, para os praticantes de uma religião
determinada, supõe um fervor religioso por serem lugares sagrados de vene-
ração ou preceituais segundo sua crença.

FIGURA 4 - CATEDRAL DE DUOMO (DO HOMEM) – MILÃO – ITÁLIA

UNIDADE III Segmentação do Turismo 79


No âmbito do turismo religioso, Ribeiro (2003) indica que a definição oficial dada
pela Conferência Mundial de Roma, realizada no ano de 1960, percebe as motivações
relacionadas ao ambiente religioso. A autora amplia os locais e as formas de ocorrência
dessas práticas afirmando que o turismo religioso é compreendido como uma organização
que movimenta inúmeros peregrinos em viagens pelos mistérios da fé ou da devoção a
algum santo. A sua prática efetiva realiza-se de diversas maneiras: as peregrinações aos
locais sagrados, as festas religiosas que são celebradas periodicamente, os espetáculos
e as representações teatrais de cunho religioso, e os congressos, encontros e seminários,
ligados à evangelização. Outro aspecto indicado no texto está na categorização usada pela
autora: não é utilizado o termo turismo religioso, apenas usa-se fiéis, romeiros, peregrinos,
viajantes, caminhantes etc., sem haver o uso explícito do termo turista ou seus possíveis
adjetivos e significados.
Sob uma perspectiva externa, o ato de peregrinar, compreende o encontro com o
outro é visto de uma perspectiva interna, compreende o encontro consigo mesmo. As roma-
rias existem desde as viagens à Roma antiga, e são uma realidade extremamente comum à
organização de todas as religiões. Existe um prazer em abrir para receber as visitações em
seus templos, santuários, festas religiosas ou procissões, porque partem ou compartilham
de um pressuposto que a divindade atua, em determinado lugar, e as pessoas que visitam
recebem esses benefícios especiais (espirituais).
Conforme Pereira et al. (2008), o latino-americano católico entende que as
peregri-nações a locais sagrados, tornaram-se junto com as festas, uma expressão
privilegiada da religiosidade do povo. Dessa forma, resultou-se em um intercâmbio entre
tradições e crenças.
Os santuários são lugares onde o povo, enquanto vivenciam a sua espiritualidade,
atingem uma experiência do sagrado, que os toca e alimenta a sua imensa devoção. Neles
o sagrado se revela e marca o(a) devoto(a) de uma maneira que não dá para descrever. O
ambiente todo é penetrado pela presença direta ou indireta de Deus.
Associadas às transformações ocorridas na segunda metade do século XX,
com a melhoria das estradas de rodagem e a popularização dos automóveis,
as viagens aos santuários passaram a ser vistas como excursões religio-
sas. O caráter secular dessas atividades esvaziou o poder organizacional
das entidades eclesiásticas oficiais, possibilitando que empresas turísticas
ocupassem essa função nas viagens. Com isso, as antigas peregrinações e
romarias se transformaram em turismo religioso, uma nova força, recobrar
o espaço e a liberdade. (PEREIRA et al. 2008, p. 4 apud ARRILLAGA,
1976, p. 150).

Deixando de lado a problematização dos nomes que são dados, nesse sentido
(PEREIRA et al. 2008, p. 6 apud Dias, 2003, p. 48), descreve duas categorias de visitantes,
o peregrino puro, cuja motivação é de natureza unicamente religiosa e sua viagem com
objetivo único, e a outra categoria de visitante, que ao ampliar o leque de motivações na
viagem, caracteriza a mesma como multifuncional. O mesmo autor, elaborou uma classi-

UNIDADE III Segmentação do Turismo 80


ficação de atributos de atrativos turísticos e religiosos, cuja base leva em conta a área de
destino, o objetivo final e a motivação da viagem, em seis diferentes tipos:
a) Santuários de peregrinação;
b) Espaços religiosos de grande significado histórico-cultural;
c) Encontros e celebrações de caráter religioso;
d) Festas e Comemorações em dias específicos;
e) Espetáculos artísticos de cunho religioso;
f) Roteiros de Fé. (PEREIRA, et al. 2008, p. 6 apud DIAS, 2003, p.
49).

Por fim, observa-se que essa classificação não envolve apenas o sentido religioso e
espiritual do viajante/do turista, mas também o conhecimento histórico, cultural, patrimonial,
artístico e o natural, reafirmando o caráter multifuncional do turismo religioso.

3.2 Turismo Social


Em meados do século XX, surge na Europa a denominação Turismo Social. Nasce
com principal objetivo de propor lazer para um número maior de pessoas, organizado por
associações, sindicatos e cooperativas com a finalidade de atender as necessidades de
férias das camadas sociais menos favorecidas.(Mtur, 2006).
No ano de 1996, no Congresso do Bureau Internacional de Turismo Social (BITS)
ficou registrada a Declaração de Montreal - Canadá: “todos os seres humanos têm direito
a descansar, a um tempo de ócio, a um limite de horas trabalhadas e a férias pagas”; “o
objetivo primário de todas as iniciativas de desenvolvimento turístico deve ser a realização
plena das potencialidades de cada indivíduo, como pessoa e como cidadão”.
O Ministério do Turismo, (2006, p. 6), dispõe que o Turismo Social é uma “forma
de conduzir e praticar a atividade turística com vistas a promover a igualdade de oportuni-
dades, a equidade, a solidariedade e o exercício da cidadania na perspectiva da inclusão.”

FIGURA 5 - TURISMO SOCIAL - EXCURSÃO

Fonte: Sebrae. Disponível em: https://www.sescacre.com.br/turismo-social-sesc-realiza-

primeira-excursao-para-cruzeiro-do-sul/. Acesso em: 27 maio. 2021.

UNIDADE III Segmentação do Turismo 81


Nessa direção, o Ministério do Turismo (2006) entende que o papel do Estado é de
agente incentivador e coordenador no que diz respeito à participação de outros órgãos de
governo, da sociedade civil organizada e do setor privado em relação ao turismo, com ob-
jetivos claramente definidos de ascensão sociocultural e econômica dos indivíduos. Dentro
dessa meta e perspectiva, procura-se desenvolver e aplicar o turismo com claro objetivo à
inclusão, beneficiando a ótica de cada um dos respeitáveis atores envolvidos na atividade:
o turista, o prestador de serviços, o grupo social de interesse turístico e as comunidades
residentes nos destinos.
Infelizmente, quase não há interferência do governo e de prefeituras dos municí-
pios para estimular os munícipes a participar ou realizar o turismo social. Para este tipo de
turismo não é preciso ter grande infraestrutura e potencial turístico. Esse até pode ser o
objetivo da viagem, o de conhecer e ajudar uma pequena comunidade deixada de lado pelo
público maior, por aparentemente não possuir potencial turístico.
Um dos melhores exemplos funcionais de turismo social com olhar para o bem-es-
tar social, é o Sesc. O objetivo deles é incentivar e promover excursões com preços muito
acessíveis. Verifica que o papel do turista vai além do intercâmbio cultural. Ao se mistura-
rem com as pessoas de outra região, pode-se vivenciar diferente realidade de pessoas que
vivem com tão menos do que eles, isso também acrescenta como bagagem cultural.
O turismo social promove um alto impacto multiplicador, promove a preservação
do patrimônio histórico e da tradição local, promove o respeito à comunidade, deixa uma
imagem favorável para o destino turístico, deixa renda, incentiva o crescimento econômico
local e ajuda a diversificar a economia, além de outras melhorias.

3.3 Ecoturismo
FIGURA 6 -TRILHA ECOLÓGICA COM GUIA

UNIDADE III Segmentação do Turismo 82


Ecoturismo é o turismo desenvolvido em localidades com potencial ecológico,
visando conciliar a exploração turística com o meio ambiente de forma equilibrada, com-
binando e buscando harmonia entre ações e natureza, bem como oferecer aos turistas/
consumidores um contato íntimo com as reservas naturais e culturais da região, levando
a formação de uma consciência ecológica nacional. Do ponto de vista de quem pratica, o
ecoturismo representa uma oportunidade de fuga dos grandes centros urbanos, facilitando
o contato incomum com a natureza inalterada, permite a descoberta de culturas exóticas,
possibilita o desafio dos limites físicos e emocionais.
Ecoturismo é um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sus-
tentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca
a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do
ambiente, promovendo o bem-estar das populações. (MTUR, 2006, p. 9).

Ecoturismo é o turismo dentro da natureza, de baixo impacto, que colabora com


a manutenção de espécies e de hábitats, por meio de uma contribuição à conservação e/
ou indiretamente produzindo rendimentos para as comunidades de pequenas localidades,
para que deem valor e, portanto, protejam as áreas herdadas da vida selvagem, fauna e
flora como fonte de rendimento.
O ecoturismo é um segmento da atividade turística que o explora como atividade de
preservação do meio em que se é praticado, isto é, tem como princípio básico a exploração
com a conservação. Por esse aspecto da conservação, separa-se ecoturismo de turismo de
aventura. O ecoturismo e o turismo de aventura são praticados na natureza.
A prática que mais se observa pode ser definida como um turismo de desti-
nos, no qual os atrativos são vendidos como produtos verdes. O desejável,
no entanto, é que essa prática seja baseada em uma atividade vinculada à
sustentabilidade, constituindo-se num turismo de valores e atitudes, no qual
todo e qualquer envolvido teria uma postura mais concreta na busca dos pre-
ceitos que o definem. (NEIMAN e RABINOVICI orgs. 2010, p. 47).

3.4 Turismo Cultural

FIGURA 7 - DECORAÇÃO DE RUAS NO MÊS DE JUNHO E JULHO

UNIDADE III Segmentação do Turismo 83


Os novos perfis da população brasileira que viaja, ou que planeja viajar, tem poder
de consumo, que estão em bom estado de espírito e estão saudáveis, não veem a hora
de fazer viagens de maior duração e/ou buscarão viajar mais vezes ao ano. A busca da
satisfação de suas necessidades, aspirações, novas experiências, novos relacionamentos
e convívio social será o combustível desta procura. Segundo Beni (2001, p. 149) “o mais
importante meio para segmentar o mercado é o motivo da viagem”. Hoje, o turismo é um
fenômeno social bastante diversificado e complexo, dentro do qual estão muitos atributos
que constituem as motivações turísticas para as mais diferentes faixas etárias. O turismo
cultural vai ao encontro dessa fatia que buscará essa demanda.
Conforme o Mtur (2010, p.16), desde os
primórdios até a atualidade, a cultura continua a ser uma das principais moti-
vações das viagens em todo o mundo e durante muito tempo as destinações
eram exclusivamente os grandes conjuntos arquitetônicos, os museus e os
lugares que abrigavam os tesouros materiais de culturas passadas. Com o
tempo, modificou-se o próprio conceito de cultura, ampliou-se os limites do
que os estudiosos e as instituições responsáveis pelas iniciativas de preser-
vação entendiam como patrimônio cultural. As mudanças conceituais e das
diretrizes de proteção à cultura tiveram influência direta na caracterização do
Turismo Cultural, no perfil do turista cultural e na relação do turismo com a
cultura.

Quando se ouve falar em direito à cultura, busca-se a afirmação do direito à dife-


rença. A grande maioria da população sabe desses valores culturais por alto, porém eles
não são espontâneos, eles precisam ser explicitados, declarados, propostos e decorrem da
ação social, o que dá margem ao uso político da cultura por quem detém o poder. Desta
maneira, existe um lado, que a cultura é considerada importante para o desenvolvimento
pessoal, razão pela qual se incentiva sua aquisição e possibilita a proteção das manifes-
tações culturais em objetos, rituais e demais criações humanas, entretanto, por outro lado,
de forma implícita ao conceito de cultura, está a controvérsia de poder nos grupos sociais
e sociedades. Diante disso, o bem cultural seria aquele para o qual o indivíduo, o turista,
o grupo, a sociedade ou até mesmo a humanidade presta culto, tem respeito e deseja
mantê-lo de forma permanente como documento ou relíquia.
Um bairro comum é um bairro comum, uma cidade é uma cidade, mas podem se
tornar diferenciados dentro de determinada cultura, pela valorização do passado, do bem-
estar ou da interação entre o ser humano e ao meio ambiente em que ele viveu. Um ritual
religioso ou a preparação de determinado alimento continuam sendo práticas cotidianas,
mas estas podem ser destacadas das demais pela valorização que recebem pela cultura. É
o exemplo da moqueca capixaba do Espírito Santo, o famoso pastel do Mercadão Municipal
de São Paulo, o peixe na telha de Guaíra, o saborosíssimo Barreado de Morretes com

UNIDADE III Segmentação do Turismo 84


origem na época do Brasil Império e tantos outros valores culturais agregados a culinária

que existe pelo país. Deve-se, contudo, distinguir o culto individual ao objeto e o culto social

ao objeto, tendo em vista o aspecto social da cultura. Uma pessoa pode valorizar um objeto

herdado de um antepassado, ou um imóvel construído por esse mesmo antepassado, mas

a coletividade não necessariamente irá valorizá-lo.

Uma definição bem objetiva é do Ministério do Turismo, que diz: “Turismo Cultural

compreende as atividades turísticas relacionadas à vivência do conjunto de elementos

significativos do patrimônio histórico e cultural e dos eventos culturais, valorizando e pro-

movendo os bens materiais e imateriais da cultura” (Mtur, 2006, p. 13).

O turismo cultural tem a ver com a coletividade em valorizá-lo. As pessoas só valo-

rizam o que conhecem, por isso esse segmento do turismo também é tão importante. Afinal,

vivem no presente, no entanto, só existimos porque temos ancestrais (linha das gerações

anteriores de cada pessoa ou povos).

Entre tantos destinos/lugares incríveis que existem no Brasil, há um roteiro/passeio

cultural em Salvador que ainda mostra com muita importância capítulos do Brasil Colônia

que foram escritos lá, por meio de dos monumentos os guias turísticos contam um pouco

da história do país e dos povos que ali chegaram. Este passeio visita diversos museus e

centenas de igrejas espalhadas pela cidade estão lembranças da cultura da época, além

das heranças dos portugueses e dos africanos. Imperdível!

3.5 Turismo de Estudos e Intercâmbio

Existe uma relação visível entre o intercâmbio e a promoção de um destino turístico.

Finalizar o doutorado nos Estados Unidos da América ou na Espanha; passar seis

meses no Canadá para aprender uma nova língua, terminar a pós-graduação na

Alemanha para assim melhorar qualificação na empresa cujo trabalha somado a

adquirir conhecimento de uma cultura diferente e suas histórias, potencializa a

competência da pessoa como ser humano e potencializa a empresa que a pessoa

trabalha no mundo dos negócios.

Acima estão alguns dos motivos que fazem as pessoas optarem pelo turismo de

estudos e intercâmbio. Este mercado cresceu espantosamente, trouxe oportunidades

tanto no momento de receber estrangeiros para intercâmbio, quanto na emissão de

brasileiros ao exterior para realizar intercâmbio.

UNIDADE III Segmentação do Turismo 85


FIGURA 8 - INTERCAMBISTAS

Conforme Mtur (2006), é importante que o Turismo de Estudos e Intercâmbio seja


tratado como um segmento relevante para o crescimento e fortalecimento do turismo brasi-
leiro, podendo ser trabalhado como uma solução para os períodos de baixo fluxo turístico.
Para que esse segmento se desenvolva, deve-se incentivar acordos entre
empresas para estágios e trabalho, firmando convênios com escolas e universidades.
Além disso, o país deve investir em infraestrutura, tanto do local em que o estudante irá se
hospedar quanto da instituição de ensino. Embora o Brasil seja considerado uma
nação hospitaleira, há carência de programas capazes de oferecer a estrutura adequada
para continuar o estudo, mesmo fora da programação de aulas, como bibliotecas, salas de
informática, entre outros.

3.6 Turismo de Esportes


Encontra-se registrado nos livros das antigas civilizações a relação que temos com
o esporte. É sabido que na Grécia antiga havia pessoas (“turistas”) que participavam ou
assistiam aos jogos em Olímpia, conhecidos como jogos gregos. Nasceu então o motivo
de viajar por razões esportivas e seus desdobramentos começaram a ser abordados como
atividade turística no século XX. O crescimento desse segmento, ainda sem nome espe-
cífico, foi muito impulsionado pela propagação da prática esportiva agregada e alinhada à
imagem de vida saudável. Isso se deu, pelo planejamento estratégico e forte investimento
da indústria de materiais esportivos e outros setores envolvidos, sobretudo com o processo
de crescimento da globalização, somado a popularização mundial das grandes competições
esportivas (Jogos Olímpicos, Copas do Mundo, Jogos de Inverno etc.).

UNIDADE III Segmentação do Turismo 86


Pode-se afirmar que tanto o turismo quanto o esporte presumem, de modo geral, cor-
relação e harmonia. Sendo assim, considerando o movimento turístico motivado pelo esporte,
estabelece-se que Turismo de Esportes compreende as atividades turísticas decorrentes da
prática, envolvimento ou observação de modalidades esportivas. (MTUR, 2006).
Existem três perfis em que se enquadra o turista/o participante de acordo com Mtur
(2006). O primeiro é o que vai para praticar, tem a ver com a realização física da
modalidade esportiva propriamente dita. O segundo perfil é em que há envolvimento do
cliente com as atividades e serviços objetivamente relacionados à organização e/ou
operacionalização da prática e/ou da apresentação esportiva. E o terceiro, refere-se à
observação, o conhecido espectador que vai assistir à apresentação de alguma
modalidade esportiva. Segue algumas das características de destaque que o Turismo
de Esportes possui, conforme o Ministério do Turismo (2006, p. 24 e 25):

• Estímulo a outros segmentos e produtos turísticos, uma vez que a estada do


turista em um destino em função de determinado evento esportivo permite a
visitação a outros atrativos e o consumo de produtos diversos caracterizando
diferentes tipos de turismo.
• Incentivo a eventos e calendários esportivos, já que a organização do seg-
mento se assenta primordialmente na realização de eventos esportivos de
qualidade e com potencial de atratividade. Assim, quanto maior a movimen-
tação turística em função de determinado esporte, maior é a necessidade de
organização do setor estimulando a elaboração de calendários bem definidos
e compartilhados, e do fortalecimento dos eventos tradicionais e a ampliação
da oferta a partir da criação e inovação de outros eventos.
• Não depende, de modo geral, da utilização de recursos naturais para exer-
cer atratividade, mas de equipamentos e estruturas específicas construídas
para a prática do esporte.
• Induz a implantação de estruturas esportivas também para o uso da comu-
nidade receptora, como “legados”.Funciona como indutor da infraestrutura
urbana.
• Não depende, necessariamente, do clima ou épocas do ano, mas principal-
mente da elaboração de calendário.
• Estimula a comercialização de produtos e serviços agregados (roupas e
artigos esportivos, suplementos etc.).
• Estimula o sentimento de pertencimento e fortalece a autoestima de quem
pratica e de quem assiste a apresentação.
• Estimula práticas e estilos de vida saudáveis.
• Valoriza o ser humano e a prática do esporte.
• Promove a confraternização.
• Tem a capacidade de transformar as competições esportivas em fatores de
sociabilidade.

3.7 Turismo de Pesca


Entre tantas paixões que o brasileiro tem, pescar é uma delas. Só de pensar no
tamanho da dimensão territorial brasileira, da extensão costeira e hídrica; e a diversidade
da fauna e flora do país, quem ama pescar frequentemente anseia novas programações
de pesca. Existem relatos da atividade de pesca com finalidade de lazer no Brasil desde
meados do século XX, entretanto, somente a partir de 1998 passou a ser trabalhado de

UNIDADE III Segmentação do Turismo 87


forma oficial, como um segmento turístico, por meio de do incentivo do Programa Nacional
de Desenvolvimento da Pesca Amadora (PNDPA), executado pelo Ministério do Meio Am-
biente/Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA
e pelo Ministério do Esporte e Turismo/Instituto Brasileiro de Turismo – EMBRATUR. Em
2003, foi criado o Ministério do Turismo, que assumiu o desafio de estruturar esse tipo de
turismo, a partir da definição de diretrizes discutidas e estratégias de desenvolvimento e
fomento do mesmo. (Mtur, 2006).

FIGURA 9 - RUMO A PESCARIA

Foi apresentado um marco conceitual, que apresenta as características e abran-


gência do segmento de Turismo de Pesca elaborado com base nas discussões e proposi-
ções do Grupo Técnico Temático – Turismo de Pesca, no âmbito da Câmara Temática de
Segmentação do Conselho Nacional do Turismo. Essa construção do marco conceitual de
Turismo de Pesca foi fundamentada nos movimentos turísticos que ocorrem em territórios
específicos (em razão e defesa da presença de espécies singulares de peixes), diante
desse perfil do turista de pesca. Esse perfil é definido pela motivação desse tipo de turista,
a qual determina a evolução da atividade de pesca como opção de lazer, caracterizando-a
pelo usufruto dos recursos naturais de forma apenas sustentável, de acordo com as pecu-
liaridades das duas atividades – pesca e turismo –, em conformidade com as legislações
que as regem. Entende-se que o segmento denominado: Turismo de Pesca compreende
as atividades turísticas decorrentes da prática da pesca amadora. O turismo de pesca

UNIDADE III Segmentação do Turismo 88


praticado por brasileiros ou estrangeiros, tem uma única finalidade, a de lazer, turismo ou
desporto, e não tem finalidade comercial. (MTUR, 2006).
A grande satisfação desse público que busca o turismo de pesca, é a curtição, é a
busca por pescados diferentes ou grandes. As fotos e histórias desses turistas, demonstram
muita alegria e satisfação. Esse tipo de turismo, o de pesca, é um meio de transporte para
outro planeta. É uma paixão para esses(as) praticantes.

3.8 Turismo Náutico


Segundo Mtur (2006), o Brasil possui um litoral de 7.367 quilômetros de extensão,
35.000 quilômetros de vias internas navegáveis, 9.260 quilômetros de margens de reser-
vatórios de água doce, como hidroelétricas, lagos e lagoas, além do clima tropical, o Brasil
ainda tem muito para aproveitar de potencial para o Turismo Náutico.
Por meio da publicação da Emenda Constitucional n°7/95, no ano de 1995, sob
intensa atuação da EMBRATUR – Instituto Brasileiro de Turismo, foi liberada a navegação
para embarcações de turismo no litoral brasileiro. Somente a partir desse avanço é que os
portos começaram a dedicar áreas especiais para terminais de passageiros e o segmento
passou a ser objeto das políticas de turismo e outras relacionadas. Os esforços têm sido
permanentemente constante e por meio de dessas ações da EMBRATUR iniciou-se
discussões sobre as questões conceituais, de estruturação, de legislação, de fomento e
promoção pelo Grupo Técnico Temático de Turismo Náutico da Câmara Temática de
Segmentação, no âmbito do Conselho Nacional de Turismo, chegando-se às seguintes
definições e delimitações (Mtur, 2006,p.33):
A depender do local onde ocorre, o Turismo Náutico pode ser caracterizado como:
● Turismo Fluvial;
● Turismo em
Represas;
● Turismo Lacustre;
● Turismo Marítimo.

UNIDADE III Segmentação do Turismo 89


FIGURA 10 - CRUZEIROS MARÍTIMOS1

Esse segmento envolve também as atividades como cruzeiros (de longo curso e de
cabotagem) e passeios, excursões e viagens via quaisquer tipos de embarcações náuticas
com objetivos e fins turísticos. Em vista disso, o Turismo Náutico é caracterizado pela utili-
zação de embarcações náuticas como finalidade da movimentação turística.
No Turismo Náutico é esperado políticas e ações integradas que possam incentivar
a elaboração de produtos e roteiros turísticos e a estruturação de destinos tais como a
construção de marinas públicas, a adequação dos portos, a implantação e a qualificação de
serviços de receptivo e equipamentos turísticos nas regiões portuárias e outros locais onde
ocorram atividades pertinentes ao segmento. Como visto, une-se diretamente o desenvol-
vimento do Turismo Náutico com o crescimento e fortalecimento da indústria nacional de
barcos e navios. (MTUR, 2006).

3.9 Turismo de Aventura


É válido lembrar que turismo de aventura é entendido ou confundido como uma
atividade associada ao Ecoturismo. Inicialmente as atividades mais adoradas entre esses
turistas, público ou viajantes são o camping, as caminhadas em terrenos diferenciados e o

1 Curiosidades sobre a imagem: Symphony of the Seas é um navio de passageiros; atualmente é o


maior navio de passageiros do mundo. Início da construção: 29 de outubro de 2015. Lançamento: 9 de ju-
nho de 2017. Calado: 9,32m. Construtor: Chantiers de l’Atlantique. Tipo de navio: Cruzeiro; 20 restaurantes,
2200 tripulantes, 6680 hóspedes, 72,50m de altura e 362.12 de comprimento. Tem altura de um prédio de 24
andares. Disponível em: https://www.royalcaribbean.com.br/cruise_ships/symphony-of-the-seas/. Acesso em
21/05/21.

UNIDADE III Segmentação do Turismo 90


ciclismo. Outra atividade solicitada é a escolha do turismo de aventura em busca do estudo
de pássaros e animais, equitação, canoagem, e esqui aquático. Tem o público que prefere
as caminhadas, enquanto os adultos mais velhos preferem a observação de pássaros/
animais ou photo safáris. Esse último segmento geralmente não pratica ciclismo, canoa-
gem, equitação, rapel, esqui na neve, escalagem e esportes com barcos a vela. É fato, a
geografia da região é que está relacionada com a popularidade das opções de atividades.
Muitos consumidores consideram a aventura como a principal motivação para uma viagem.
Foi observado que a renda familiar influencia na participação das atividades. Esportes de
custo elevado são os náuticos, balonismo e o esqui (MTUR, 2006).

FIGURA 11 -TURISTAS FAZENDO ESCALADA COM UM INSTRUTOR

Fonte:https://pixabay.com/pt/photos/escalada-em-rocha-dartmoor-sabujo-1954884/.

Acesso em: 27 maio. 2021.

Esse público, turista ou viajante tem em média 35 anos, geralmente possuem di-
ploma universitário e possuem um emprego em tempo integral. São profissionais liberais,
dentistas, advogados e outros; ou exercem uma função de chefia. A grande maioria desses
aventureiros que buscam essas experiências que dão mais adrenalina possuem o terceiro
grau completo. Os viajantes que buscam aventuras mais excitantes participam de vários
tipos de atividades, enquanto os que procuram aventuras mais calmas participam somente
de um tipo de atividade. Os viajantes, público ou turistas estão sempre em busca de aven-
turas mais perigosas e por isso, inclina-se a gastar mais nas viagens do que os outros

UNIDADE III Segmentação do Turismo 91


O conceito de Turismo de Aventura fundamenta-se em aspectos que se referem
à atividade turística e ao território em relação à motivação do turista, e presume que há o
devido respeito nas relações institucionais, de mercado, entre os praticantes e com o am-
biente. Em outras palavras, segundo o Mtur (2006), o Turismo de Aventura estabelece em
movimentos ou atividades turísticas decorrentes da prática real de atividades de aventura,
não com caráter competitivo e sim totalmente recreativo.

3.10 Turismo de Sol e Praia


Qual o sentido de viajar de férias? É para descansar e curtir? O realmente se quer
de verdade? As paisagens são o que se vê? Toda areia de praia tem imã para os pés? Cada
pessoa/turista dá um sentido diferente para cada um desses detalhes. Cada ser humano
elabora seleções pessoais, julgamentos de valores, de acordo com a análise individual da
própria percepção. Verifica-se, por meio desta análise, que cada pessoa sofre influências
sociais, culturais, ambientais e emocionais conforme o tipo de paisagem/destino/lugar. É
entendível que para um turista a beleza cênica da paisagem vai ser mais impactante/mar-
cante do que para aqueles que têm uma paisagem como parte de seu cotidiano, embora
não deixando, também, de ser apreciada por estes, pois ninguém resiste aos encantos, às
emoções e aos prazeres da contemplação das belezas naturais (CORIOLANO, 1998).
Dessa forma, compreende-se as razões pelas quais a paisagem do mar, por exem-
plo, causa tanto encantamento nas pessoas. A vista do horizonte não encontra limites e
nele se perde, proporcionando uma série de sensações e emoções no(a) observador(a):
nostalgia, sensações, recordações, alegria, paz interior, lembranças etc. Todos esses ele-
mentos interferem na estrutura emocional e o mar vai cativando, seduzindo e atraindo cada
vez mais pessoas para perto dele, seja para apreciá-lo, em forma de contemplação, ou para
fazer uso dos equipamentos turísticos ao longo da orla da praia. Neste cenário de nostalgia,
bem esta, recordações, alegria, paz interior e lembranças que o turista de um modo geral
se insere no turismo de sol e praia, pois é um ambiente que propicia o equilíbrio de sua
estrutura, mental, física e emocional.

UNIDADE III Segmentação do Turismo 92


FIGURA 12 - LUGAR DE DESCANSO.

Muitas praias tiveram um impulsionamento irregular com a ocupação do espaço


de maneira que o meio natural fosse obstruído. A chegada de atividades ligadas ao lazer e
turismo, se não equilibradas, podem se tornar um problema. São elas: aulas de ginástica
e ioga; recreação e entretenimento na areia da praia, estruturas grandes de locação de
caiaque, jet ski, espaço para vôlei de areia com arquibancadas e outros.
Essa utilização intensiva de praias balneárias, tem dois lados, um positivo do pon-
to de vista do turista porque está mais próximo do hotel ou pousada, onde se encontra
hospedado e negativo do ponto de vista do morador, do munícipe. Da perspectiva desse
segmento, Turismo de Sol e Praia, os benefícios são maiores que os malefícios. Esse
turista, pode caminhar ao longo de toda a orla marítima, normalmente é uma área plana,
tem a oportunidade de praticar a qualquer hora exercícios físicos, com certeza irá apreciar
o infinito do mar, seguramente nesses grandes espaços de orla, as pessoas ficam com
mais vontade de conversar com seus pares e descansar em cadeiras na areia para ver o
pôr do sol. Além disso, existem os serviços de apoio, como aulas de ginástica, prestação
de serviços básicos de saúde.
O mercado é muito amplo e tem famílias e pessoas que buscam o oposto de tudo
isso. Tem resorts, hotéis e pousadas de charme que atende uma fatia enorme de consumi-
dores que buscam apenas o conforto absoluto. A decisão de compra um produto hotel ou
resort de luxo na praia, é influenciado por indicação, pelo conforto indicado no material, pela

UNIDADE III Segmentação do Turismo 93


qualidade do portifólio, estética da estrutura, referência de experiência agradável, seguida
pela qualidade geral dos serviços que são ofertados, pela conveniência do local, familiari-
dade com a imagem e reputação da marca ou bandeira do empreendimento. Outro ponto
que conta muito a favor da decisão para a aquisição de uma semana em um hotel de praia,
são os serviços de alta qualidade na alimentação e bebidas, a gastronomia empregada
nesse tipo de hotel é de alto padrão.
Outros subgrupos surgiram para esse segmento, como “turismo de sol e mar, turismo
litorâneo, turismo de praia, turismo de balneário, turismo costeiro e outros” (Mtur, 2006, p. 43).
Para fins de formulação de políticas públicas, o Ministério do Turismo (MTUR, 2006,
p. 43) considera que o segmento denominado como “Turismo de Sol e Praia constitui-se das
atividades turísticas relacionadas à recreação, entretenimento ou descanso em praias, em
função da presença conjunta de água, sol e calor”. Por fim, é necessário primeiro entender
as características do mercado desse público tão heterogêneo e avaliar os hóspedes e seus
potenciais individualizados.

3.11 Turismo de Negócios e Eventos


Como vimos na unidade I os deslocamentos realizados para trocas comerciais e
para participação em eventos ocorrem desde as antigas civilizações e tornaram-se comuns
a partir da Revolução Industrial. O crescimento das economias mundiais juntamente com a
globalização foi a combustão para este mercado.
Na atualidade, o turismo de negócios e eventos movimenta o mundo e é um seg-
mento altamente lucrativo. Esse turismo proporciona uma ascensão para ambos os lados.
O lado de quem pratica e o lado de quem organiza. Este segmento, envolve empresa de
eventos, agência de viagens e muitas vezes uma empresa de marketing. Existe a necessi-
dade de as pessoas ampliarem seus negócios, e os eventos, por sua vez, esses eventos,
fazem as vezes dessa mão dupla de interesses. Evento compreende encontros progra-
mados e organizados como congressos, convenções, simpósios, lançamentos, mostras,
exposições e feiras.
Nesta direção, a área de abrangência dos eventos, simpósios, convenções ou
congressos, podem ser classificados como locais, regionais, nacionais e internacionais. É
importante destacar “que uma mesma empresa pode realizar eventos, simultaneamente,
em mais de uma área de abrangência” (GIACAGLIA, 2004, p. 41).

UNIDADE III Segmentação do Turismo 94


Para se lançar um evento é preciso que seja solicitado por uma entidade, associa-
ção, segmento da sociedade e outros; ou pode surgir dentro da própria empresa, seja por
meio de uma estrutura formal e oficial de pesquisa.
Ao decidir e definir o público-alvo a ser atingido, é preciso decidir quais empresas
ou pessoas, de quais segmentos, regiões geográficas e perfis serão convidadas a participar
do evento. Essa definição deve corresponder às expectativas traçadas nos objetivos. Dessa
forma, se o objetivo for gerar relacionamento entre empresas compradoras e vendedoras
de determinado produto, esta seleção de público-alvo deve priorizar os profissionais das
empresas que possuam o poder de decisão na compra.

FIGURA 13 - PALESTRANTE EM UM SIMPÓSIO

Podem ocorrer certos tipos de eventos que proporcionam a concretização de


negócios, o que dificulta a tarefa de distingui-los, se é evento ou negócio. Além disso, po-
dem presumir que a utilização de estruturas comuns, como centros de convenção, hotéis,
traslados, salas e outros são os mesmos. Dessa forma, segundo o MTur (BRASIL, 2006,
p. 45) “Turismo de Negócios e Eventos compreende o conjunto de atividades turísticas
decorrentes dos encontros de interesse profissional, associativo, institucional, de caráter
comercial, promocional, técnico, científico e social”.
Dentro do que é definido para um evento e de acordo com Mtur (2006) as atividades
turísticas compreendem-se de oferta de múltiplos serviços (reserva de hotéis, passagens
aéreas, locação de carro, reservas para refeições etc.), equipamentos e produtos que viabi-
lizam o deslocamento; a estada do turista e, também, a realização do negócio ou do evento
como atrativo.

UNIDADE III Segmentação do Turismo 95


● transporte;
● operação e agenciamento (passagens aéreas, reserva de hotel, aluguel de
carro…);
● organização e operação de Eventos (fórum, palestras, desfiles, mesa de
autógrafos);
● hospedagem;
● alimentação (restaurantes, bistrôs, cafés, lanches…);
● recepção (check-in personalizado na chegada, no hotel, no congresso…);
● recreação e entretenimento;
● atividades complementares (city tours, visitas, festas…) (MTUR, 2006, p.46)

3.12 Turismo Rural


Os roteiros de lazer e descanso, foram vistos como um crescente interesse da
população urbana e diante da busca e necessidade. Diante disso, surge a necessidade,
também, de impor um conjunto de regras e preceitos ao funcionamento desta atividade.
Há um novo olhar para o turismo no ambiente rural, ele vem despertando atenção
devido a diversidade que alcança, o dinamismo e o potencial que atinge no setor do turismo.
Percebeu-se que o ambiente rural não era mais um espaço somente para fins agrícolas.
Desta forma, regiões menos privilegiadas com áreas montanhosas, afetadas, com solos
pedregosos entre outros, começaram a fazer parte de um novo olhar.
Especificamente no âmbito do turismo, existem profundas distorções e au-
sência de consonância no emprego do predicado rural ao relacioná-lo ao
turismo. Entende-se que tais debilidades encontradas na denominação do fe-
nômeno turístico são reflexos da ausência de clareza quanto aos critérios de
diferenciação entre rural e urbano (SANTOS e SOUZA orgs., 2010, p. 286).

Na verdade, o turismo rural engloba todas as atividades de lazer em ambiente


não urbano, que envolve modalidades, como agroturismo, turismo ecológico, turismo de
aventura e outras.
O olharmos para o turismo rural é uma grande engrenagem que engloba várias
atividades de lazer e recreação em um ambiente não urbano. O primeiro passo para o
surgimento de um turismo rural dentro ou não de uma área já agrícola é o proprietário
idealizar/vislumbrar o empreendimento em sua propriedade (mesmo sendo pequeno ou
não), outra peça importante dessa engrenagem é a participação efetiva do município onde
se encontra a propriedade, depois a sociedade local e depois o fomento deste segmento.
O turismo rural representa uma atividade econômica importante dentro do interior do Brasil.

UNIDADE III Segmentação do Turismo 96


O Turismo Rural, além do comprometimento com as atividades agropecuárias, carac-
teriza-se pela valorização do patrimônio cultural e natural como elementos da oferta turística
no meio rural. Assim, os empreendedores, na definição de seus produtos de Turismo Rural,
devem contemplar com a maior autenticidade possível os fatores culturais, por meio do resgate
das manifestações e práticas regionais (como o folclore, os trabalhos manuais, os “causos”, a
gastronomia), e primar pela conservação do ambiente natural (MTUR, 2006, p. 51).

FIGURA 14 - CRIANÇA FAZENDO CARINHO EM UM BEZERRO

De acordo com Santos e Souza (2010), esse caminho da agricultura produtivista


passando para sustentada surge em função da sociedade, que, em seu conjunto, vem bus-
cando por esse tipo de desenvolvimento e principalmente por um ambiente mais saudável.
Dessa forma, além de produtor de alimentos não contaminados, o mundo rural recebe novos
papéis, como os de protetor da natureza, lugar de valorizar a simplicidade, lugar de olhar
com mais calma para o mundo ao redor, lugar de menos luz, lugar de lazer e descanso.
Conclui-se que o turismo rural, entre outras vantagens, é uma atividade
impulsiona-dora do desenvolvimento rural (agrícola), a final está relacionado com a
facilidade de criar postos de empregos, em razão de uma série de atividades que
podem ser geradoras de renda para a propriedade rural, como a industrialização de
alimentos típicos, o artesanato, pesca, as trilhas e os passeios ecológicos, regagem de
plantas, a ordenha de vacas calmas e mansas, alimentar e acariciar os animais calmos da
propriedade, colheita de verduras e legumes frescos e outros. Se faz necessário, que
essa atividade seja mais bem explorada no Brasil. O objetivo de todo desenvolvimento tu-

UNIDADE III Segmentação do Turismo 97


rístico não é só a geração de empregos, no entanto, é um dos principais resultados
que se tem observado. Visto que o turismo, como uma atividade que envolve muitos
serviços, têm uma importante capacidade de gerar novos postos de trabalho e ocupações,
a um custo razoavelmente baixo, se comparados a outros setores econômicos, sobretudo
por exigir mão de obra pouco qualificada, o que é uma característica da população rural
e, de mão de obra mais jovem, podendo contribuir para adiar a sua saída para as
cidades.
Silva (1999), chama a atenção sobre a coexistência do “novo” e do “velho”, do
“moderno” e do “antigo”, em uma mesma unidade espacial, encontradas nas propriedades
rurais. O turismo no espaço rural é tão significativo para o campo que, desde 1995, existe o
PRONAF (Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar) uma linha de crédito
espe-cial para o turismo. Os recentes programas agrícolas de agroportunidades.
“As cavalgadas são um dos atrativos mais procurados e envolvem uma série de
outras atividades implícitas, de acordo com os conhecimentos e a paciência do empreen-
dedor. Podem ser internas (dentro da propriedade) ou externas (pela mata). Nesse ponto,
o procedimento é o seguinte: os animais (cavalos/éguas/pôneis) são buscados no campo,
colocados na mangueira e alinhados de frente. Todos os animais devem ser mansos, sendo
os mais calmos destinados às pessoas menos experientes e os mais nervosos aos mais
experientes” (SANTOS e SOUZA orgs. 2010, p. 206).
“O Programa de Regionalização do Turismo – Roteiros do Brasil propõe o desen-
volvimento da atividade turística de forma regionalizada, com foco no planejamento coorde-
nado e participativo. Dessa forma, adotou-se o conceito de região turística como referência
espacial, na qual se inserem os produtos turísticos”. (MTUR, 2007, p. 21).
Turismo rural é um super programa familiar e tem se tornado inesquecível para
várias gerações que foram nascidas e criadas entre o concreto. Com o apoio público para
fomentar esse segmento, a estruturação é garantida. Esse contato maior das pessoas e
da família com o simples, com a natureza, com o rústico é restaurador. As pesquisas de
satisfação e de sugestão são relevantes.

3.13 Turismo de Saúde


Em 1326 D.C., um metalúrgico belga, Colin le Loup, curou-se de uma longa enfer-
midade com as águas ricas em ferro de uma fonte perto de Liege. Em agradecimento, ele
construiu no local um alojamento para acolher outras pessoas. A popularidade do local se
espalhou tanto que o mesmo foi rebatizado de Spa, que significa fonte. (MILL, 2010, p.17).

UNIDADE III Segmentação do Turismo 98


Nas cidades europeias, no final do século XIX (1880), foi identificado na população
muitos problemas de saúde, associados à desordenada vida urbana, sobretudo nas metró-
poles. A escapatória/saída das grandes cidades para o interior passava a ser sinônimo de
prestígio e saúde (AGUIAR, 2007). Desse modo, a origem dos estudos sobre a relação entre
o turismo e a saúde se deu na Europa neste período, em que turistas dos grandes centros
deixavam suas cidades em curtas temporadas, nos fins de semana, feriados, férias de
poucos dias, à exceção dos períodos de intenso movimento, em busca de tranquilidade,
repouso e bem estar físico e psíquico, normalmente em cidades calmas (SILVA e
BARREIRA, 1994).
De acordo com Silva e Barreira (1994), o termo turismo de saúde tem sua formação
do termo francês week-end de santé, que significa “tratamento de fim de semana”. Este
termo é oriundo dos institutos franceses de talassoterapia, ou seja, centros voltados a
terapias e tratamentos que envolvem algas marinhas ou a própria água do mar, em função
vitamínico da água salgada e do forte componente mineral.
Nesse sentido, Godoi (2008) menciona que os deslocamentos para recuperação do
bem estar ou do tratamento de saúde propriamente dito, vêm ocorrendo em dois fluxos dife-
rentes. O primeiro é o fluxo de indivíduos que habitam regiões carentes de poucos recursos
de saúde, compatíveis com suas necessidades de vida, sendo assim, buscam grandes
centros urbanos, cidades polos para realizarem seus tratamentos em hospitais, clínicas,
consultórios médicos, entre outros. No segundo fluxo ocorre com pessoas que residem nos
grandes centros urbanos e que procuram regiões fora desses centros, como no interior do
país, perto da natureza, em estâncias e hidrominerais na busca de tratamentos alternativos
ou não convencionais. Outra distinção referente a demanda do turismo de saúde, também,
é feita por Reisman (2010), cujo identifica dois grupos e os diferencia pelo objetivo de
tratamentos. São eles, grupos que buscam tratamentos curativos (medical travel ou
illness tourism) e grupos que buscam tratamentos preventivos (wellness tourism).
Dessa maneira (SOUZA H.; SOUZA R., 2005) consideram o turismo de saúde uma
segmentação que pode ainda ser subdividida e classificada como turismo de saúde preven-
tivo, curativo ou de eventos de saúde. O primeiro turismo refere a viagens a spas, resorts
e hotéis de lazer; o segundo turismo refere a tratamentos médicos, que podem acontecer
em spas médicos e hotelaria hospitalar; e, por último, o turismo de eventos de saúde, onde
deve considerar como uma extensão do turismo de negócios e eventos, voltado para a
área da saúde. Entre os destinos mundiais de turismo de saúde, os que estão sempre em
evidência são os países como Tailândia, ndia, Cingapura e Malásia (CONNELL, 2011;
REISMAN, 2010) pouco tempo atrás, o Brasil entrou na lista dos destinos prediletos desse
segmento.

UNIDADE III Segmentação do Turismo 99


Outras especialidades vêm sendo procuradas por turistas estrangeiros, além das
cirurgias plásticas, como a cardiologia, a neurologia, a ortopedia, a oncologia, as cirurgias
do aparelho digestivo e a odontologia. Essa encantação se dá pelo cartaz e reconhecimen-
to do Brasil por meio desses serviços e pelos baixos preços em comparação com valores
cobrados na Europa e nos Estados Unidos (GAZETA DO POVO, 2009, online).
Esse turismo está em centros como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curi-
tiba e Porto Alegre. Em alguns desses hospitais e clínicas, contam com equipes
bilíngues, profissionais de turismo, serviços de hotelaria hospitalar como concierges, sala
vip, entre outros. Entre as instituições de destaque, estão alguns hospitais de São
Paulo, como os hospitais SírioLibanês e Albert Einstein, que contam com setores
específicos para estran-geiros(as), que procuram a humanização nas camadas das
estruturas e no atendimento, sendo considerados de excelência no Brasil e no exterior.
No ano de 2012, a Organização Mundial do Turismo (OMT) avaliou que o segmento
movimentou, até 2015, um montante de U$ 60 bilhões no mundo todo. No Brasil ainda não
tem número estimado de faturamento, mas a Tailândia por exemplo teve um faturamento
de U$ 500 milhões em 2008. (GAZETA DO POVO, 2009, online).
Resumindo, o turismo de saúde e o bem-estar estão intimamente interligados ao
tratamento médico ou à recuperação da saúde, ao bem estar de suas práticas, não se restrin-
gindo aos tratamentos convencionais e curativos, mas sim agregando valores aos produtos a
partir da introdução de tratamentos alternativos e estéticos, cada vez mais solicitados.

UNIDADE III Segmentação do Turismo 100


4. HOSPITALIDADE E HOSPEDAGEM

Por volta de 3000 a.C., os comerciantes sumérios (Suméria é a mais antiga civiliza-
ção conhecida da região do sul da Mesopotâmia) que viajavam de uma região a outra para
vender grãos, precisavam de abrigo, comida e bebida. Pessoas com espírito empreendedor
achavam maneiras de satisfazer essas necessidades. Entre a ascensão e a queda de im-
périos, na Mesopotâmia, na China, no Egito e, posteriormente, em outras partes do mundo,
as rotas de comércio se expandiram e os estabelecimentos de hospedagem prosperaram.
(CHON, 2015).
Conforme Chon (2015), de acordo com historiadores, as primeiras estruturas destinadas
ao pernoite de pessoas foram erguidas no Oriente Médio, ao longo das rotas de comércio e das
caravanas, há cerca de quatro mil anos. Essas estruturas, denominadas caravanserai, situavam-
-se em intervalos de 12 quilômetros de distância uma das outras e funcionavam de modo muito
semelhante aos atuais kahns (título dado aos soberanos mongóis que reinaram na China, na
Mongólia) do Oriente Médio, uma vez que forneciam abrigo (para homens e animais) e nada
mais. A comida, água e colchões eram trazidos pelo próprio viajante. Registros antigos desses
estabelecimentos revelam condições físicas consideradas muito ruins para os padrões atuais.
Entretanto, o espírito de hospitalidade era forte, talvez mais especialmente no Oriente Médio.
Nesse sentido, o autor Chon (2015), relata que há alguns registros antigos mostrando
que existiam hospedarias infestadas de insetos, as quais serviam refeições de má qualidade.
Há registros de encontros sociais da Grécia Antiga que tinham fama de servir comida boa. Os
hóspedes podiam escolher entre uma variedade de boas opções de comidas, como queijo de
cabra, pão de cevada, ervilhas, peixe, figos, carne de cordeiro, azeitonas e mel.

UNIDADE III Segmentação do Turismo 101


Na Roma Antiga, há registros de bons serviços, por volta de 43 d.C ... Nesse senti-
do, segundo Chon (2014, p.4) “a sociedade romana teve influência singular na indústria da
Hospitalidade. Muitos de seus cidadãos eram suficientemente ricos para viajar por prazer, e
as bem construídas estradas facilitavam o acesso para a maior parte do mundo conhecido”.
Os hospitais eram construídos ao lado de igrejas devido a proximidade do povo
e a fácil assistência. Após a Segunda Guerra Mundial houve uma expansão das cidades
do mundo e os hospitais foram ficando cada vez melhores e maiores, como visto hoje em
dia. Somente em 1920 ouviu falar do fomento de gestão de hospitais através de médicos
(CARDOSO, 2020). Hospitais também são formas de hospedagem.
Diante do exposto, a sociedade romana teve grande influência na indústria da hos-
pitalidade. As bem construídas estradas facilitavam o acesso para a maior parte do mundo
conhecido. Não há registros de problemas entre a comunicação entre hóspedes e anfitriões,
em virtude que o latim havia se tornado um idioma universal. A terminologia relacionada
à Hospitalidade, vem do latim: hospe significa hóspede ou hospedeiro; hospitium
significa acomodação de hóspede, hospedaria ou alojamento. Outras palavras
relacionadas incluem “hospício”, “hostel”, “hospital” e “hotel”).
Como visto, através de Chon (2015) a origem simples da propriedade particular
e negócio operado de maneira independente, passando pela indústria da Hospitalidade
até a hotelaria, cresceu e vem crescendo em tamanho e complexidade. As empresas de
hospedagem, com bandeira internacional hoje, interagem de maneira globalizada e devem
ficar atentas ao que acontece ao redor. Por exemplo, empresas de administração e cadeias
hoteleiras estão agora espalhadas pelo mundo.
A indústria da Hospitalidade e Hotelaria estão intimamente ligadas à viagens e
turismo. Conforme Chon (2015,p. 6) o
turismo e a indústria da Hospitalidade são tão inter-relacionados que algu-
mas associações e líderes, entre eles o Council on Hotel, Restaurant and
Institutional Education (CHRIE), consideram a combinação da Hospitalidade
com o turismo uma única grande indústria – a indústria do turismo e da Hos-
pitalidade.

Nesse sentido, Chon (2015, p. 7), faz uma análise bem interessante sobre hospe-
dagem: “Para muitas pessoas, hospedagem é simplesmente um lugar para dormir. Para ou-
tras, a infraestrutura de hospedagem corresponde a um conjunto de serviços que vão muito
além de fornecer uma cama, oferecendo também instalações de lazer e entretenimento.
Por esse motivo, a indústria da hospedagem desenvolveu-se para acomodar hóspedes
com as mais variadas preferências – desde hotéis econômicos até os muito luxuosos e
grandes resorts de lazer”.

UNIDADE III Segmentação do Turismo 102


FIGURA 15 - HOTEL SUEDS PORTO SEGURO - BA

Fonte: Sued’s Grupo. Disponível em: https://www.gruposueds.com/. Acesso em: 29 jun. de 2021.

O entretenimento, o divertimento, a recreação e outras atividades diretamente liga-


das ao lazer, estimulou um rápido processo de urbanização, impulsionando a ocupação dos
espaços, de forma quase sempre indisciplinada, transformando o meio natural num espaço
construído com problemas urbanísticos e ambientais. As cidades estão cada vez mais lota-
das, as casas e os apartamentos residenciais estão cada vez menores em metros quadrados
e as cidades litorâneas com casas e apartamentos cada vez mais próximos do mar.
Diante desses novos tempos, dessa pressa que circunda as pessoas e o mundo
globalizado, quando há o encontro de boa hospitalidade, profissionalismo, competência,
amabilidade, afabilidade, gentileza, atenção, cordialidade, delicadeza, polidez, fineza, finu-
ra, doçura ou meiguice; as pessoas se reverenciam, apreciam e respeitam. Logo quando
falamos de hospitalidade estamos falando também desses adjetivos não tocáveis.
A hospitalidade, a hospedagem e a hotelaria sempre estarão juntas, em qualquer
circunstância onde o turista for, boa ou ruim. Muitos pesquisadores acreditam que a lideran-
ça na indústria da Hospitalidade é muito mais importante que as habilidades operacionais
tradicionais. Os gestores devem ser capazes de entender e prever como a Hospitalidade
será afetada por um mundo em constantes mudanças.
Todas as respostas a seguir são tentativas de definir Hospitalidade: “Receber hós-
pedes de uma maneira calorosa e cordial.” “Criar um ambiente agradável ou confortável.”
“Satisfazer as necessidades dos hóspedes.” “Antecipar os desejos dos hóspedes.” “Criar
uma atmosfera amigável e segura.” (Chon, 2015, p. 3).

UNIDADE III Segmentação do Turismo 103


E sim, todas essas afirmações tem uma expectativa intuitiva e assertiva quanto ao
que é Hospitalidade. A gentileza profissional gera ou contamina todos com outras gentilezas.

FIGURA 16 - APARTAMENTO QUÁDRUPLO DE VIALE HOTEL PALOTINA - PR

Fonte: http://vialehotel.com.br/acomodacoes/apartamento-quadruplo-p-1176. Acesso em: 25 maio. 2021.

Quando uma pessoa portadora de alguma limitação está em um ambiente acessí-


vel, o desenvolvimento de suas atividades cotidianas é preservado, a deficiência não afeta
suas funções. No entanto, em uma situação inversa, qualquer tipo de deficiência, em um
ambiente hostil e inacessível, pode ficar muito mais evidente diante da operacionalização
de tarefas naquele espaço (CAMBIAGHI, 2007).
Conforme Chon (2015, p. 80), os objetivos da hospitalidade ou da Indústria da
Hospitalidade é:
● Despertar nas pessoas um interesse para as muitas obter oportunidades de
carreira existentes na indústria;
● Orientar para os desafios enfrentados pelos profissionais do setor que atuam na
gerência de empreendimentos;
● Analizar as várias tendências que impactarão o futuro na indústria;
● Oferecer uma perspectiva global para questões presentes e futuras da indústria
da hospitalidade;
● Sugerir e direcionar caminhos de desenvolvimento educacional e profissional;
● Compartilhar o entusiasmo e a empolgação que são parte do espírito da Hospi-
talidade aliado ao setor turístico.

UNIDADE III Segmentação do Turismo 104


Existem os promotores de hospitalidade e turismo que buscam reverter a imagem
negativa de um destino com publicidade positiva.
Foi reconhecido pela indústria de hospitalidade e o setor de Viagens e Turismo,
que há vantagens de unir componentes variados e vendê-los em um só pacote turístico.
Um exemplo comum é a viagem de cruzeiro marítimo, incluindo passagens aéreas ida e
volta mais uma noite de hospedagem em hotel na ida e outra na volta; para comodidade do
cliente, turista, passageiro ou consumidor.

FIGURA 16 - SUÍTE FRENTE MAR

As pesquisas desenvolvidas, sinalizam que a gestão da qualidade direcionada a


hospedagem em hotelaria, estão ligadas aos valores humanos e éticos, desta maneira
possibilita alinhamento deste nicho de negócios, com diferencial estratégico, e tão logo
possa, posicionando o hotel como um negócio sustentável e com grandes perspectivas de
sucesso e maior visibilidade.
Muitos hotéis no Brasil estão se conectando e buscando a ênfase na reorganização
(novo planejamento estratégico) administrativa, funcional e comportamental, visto que tem
se tornado os pilares de sustentação neste setor. Também alinhado com essas iniciativas e
proatividade, entende-se que os funcionários/colaboradores devem estar conscientes des-
sas mudanças globais, comprometidos frente aos propósitos organizacionais, inclusive, as
particularidades inerentes às empresas hoteleiras (tanto no seu aspecto estrutural, quanto
no seu dinamismo e funcionamento).
Uma outra virtude desse movimento em busca de conquistas para o setor turístico,
refere-se a sociedade em geral junto com os setores públicos e turísticos que vem solicitan-
do a redução de barreiras discriminantes, físicas e informativas.

UNIDADE III Segmentação do Turismo 105


A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) publicou a primeira NBR 9050
em 1985, revisada por último em 2020, para apontar os padrões e medidas ergonômicas
para os espaços, mobiliários e equipamentos nos hotéis, considerando também as pessoas
portadoras de necessidades especiais. (RUSCHMANN e SOLHA, 2012).
Uma ação importante que os empreendedores devem identificar e realizar, é pôr
em prática/aplicar as normas da ABNT, dentro dos espaços destinados aos turistas, assim
como hotéis, resorts, pousadas, albergues, parques temáticos, restaurantes, bares, pousa-
das e outros. Segue alguns exemplos:
■ Todos os ambientes devem ter pisos antiderrapantes.
■ Os desníveis e degraus devem ser identificados com revestimentos diferen-
ciados, indicando seu início e término.
■ As rampas e escadas devem possuir área para descanso e ser iluminadas,
sendo que os interruptores devem ficar junto ao início e fim do desnível. Os
corrimãos devem ser contínuos
■ As portas devem possuir no mínimo 0,80 m de largura e maçanetas do tipo
alavanca.
■ A área destinada ao giro de cadeiras de roda deve ter um espaço livre de,
no mínimo, 1,5 m de diâmetro.
■ As poltronas devem possuir braços para apoio.
■ Sempre que possível, os equipamentos devem ser automáticos.
■ Instalar campainhas de segurança nos banheiros e quartos. Deve possuir
dispositivos de alerta para incêndio e vazamento de gás liquefeito de petróleo
em todos os espaços. (muitos hotéis e pousadas disponibilizam uma quanti-
dade determinada de apartamentos, todos completos de acordo com as nor-
mas e reservados para pessoas com essas necessidades).
■ Sensores de presença devem ser instalados nas áreas de circulação e
banheiros.
■ Não deve existir fios e tapetes nas áreas de circulação.
■ A locação do mobiliário deve ser bem planejada e o número de peças deve
se resumir ao mínimo necessário para o conforto do usuário. Os cantos de-
vem ser redondos, sem quinas. Os tampos de vidro devem ser evitados.
■ Os armários e bancadas devem permitir o uso por uma pessoa sentada em
cadeira de rodas.
■ Os banheiros devem possuir metais de fácil manuseio, se possível mono-
comando; junto aos assentos, chuveiros e pias, barras de apoio devem ser
instaladas, assim como comandos manuais de temperatura da água. A parte
superior da bacia sanitária deve ficar a 0,46m de altura do piso e junto a ela
duchas higiênicas para higiene íntima e barras de apoio aperfeiçoam o seu
uso. (CAMBIAGHI, 2007, p. 87).

Além da complexidade dos problemas que existem nessa direção, exige-se solu-
ções espaciais diferenciadas para os usuários com diferentes capacidades e restrições. A
hospedagem tem que saber o que oferecer, para não ter aborrecimentos e contrariedades
no pós-venda. Para o desenvolvimento de soluções técnicas acessíveis é necessária a
aplicação de métodos que permitam compreender situações concretas vivenciadas por
usuários/hóspedes. Dessa forma, as soluções beneficiam ambas as partes e o empreendi-
mento só ganha com esses avanços.(RUSCHMANN e SOLHA, 2012).

UNIDADE III Segmentação do Turismo 106


FIGURA 17 - BANGALOS DA POLINÉSIA FRANCESA

Fonte: Pexels [s/d] .Disponível em: https: //www.pexels.com/pt-br/foto/

fotografia-aerea-de-bangalos-1287460/. Acesso em: 29 jun. 2021.

Os setores de viagens e de hotelaria foram os mais impactados, a indústria do turis-


mo completa com todos os setores diretos e indiretos, estão circundados por um conjunto
de fatores que mudam com muita frequência, como por exemplo fatores sociais, políticos,
culturais, tecnológicos, ambientais e econômicos. Contextualizando nessa direção, todos
conceitos desses segmentos são geradores inquestionáveis de lucros, no entanto, a hote-
laria/hospedagem tem sua fração de contribuição nessa engrenagem. Todos os segmentos
turísticos têm uma interdependência com a hospedagem e por isso é visto com positividade
a sinalização recente que esses empreendimentos hoteleiros retornem às atividades.
Nesta área de hotelaria uma característica sempre ocorreu devido a diversos fato-
res, como os ciclos de atividades econômicas, as variações do clima, as férias escolares, a
alta e a baixa temporada, temporadas de festas, casamentos e feriados; e agora conta com
um novo fator que é o da biossegurança.
De La Torre (1997, p. 19) parte do princípio para conceituar o Turismo:
O turismo é um fenômeno social que consiste no deslocamento voluntário
e temporário de indivíduos ou grupos de pessoas que, fundamentalmente
por motivos de recreação, descanso, cultura ou saúde, saem do seu local
de residência habitual para outro, no qual não exercem nenhuma atividade
lucrativa nem remunerada, gerando múltiplas inter relações de importância
social, econômica e cultural.

UNIDADE III Segmentação do Turismo 107


Além do conhecimento acadêmico, o profissional necessita estar articulado social-
mente, ou seja, manter e ampliar sua rede de relacionamentos – networking – com distintos
públicos (empresários de turismo, curadores, historiadores, profissionais de marketing
turístico etc.), que lhe possibilitará aumentar a sua visão sobre os produtos e serviços
turísticos e hoteleiros. (KANAANE e SEVERINO, 2006).

FIGURA 18 - ÁREA EXTERNA PARA HÓSPEDES

Fonte: Pexels [s/d] .Disponível em: https://www.pexels.com/pt-br/foto/sushi-roll-na-bandeja-e-me-

sa-3475617/. Acesso em: 29 jun. 2021.

Nesse cenário atual, terá de muita relevância a participação do turista/do hóspede/


do cliente/do consumidor, porque seguramente estarão bem mais sensíveis e irão escolher
as empresas/hotéis/serviços/produtos que demonstrem como missão/visão/filosofia as
responsabilidades sociais e ambientais. Todos os profissionais e as equipes ligadas direta
ou indiretamente com esse novo perfil de turista, terão que desenvolver um papel mais
assertivo e mais humanizado. A tecnologia é muito relevante, mas a base da hospitalidade
e do acolhimento sempre será gente lidando com gente e já chegou a hora de aprender a
sorrir com os olhos.

UNIDADE III Segmentação do Turismo 108


SAIBA MAIS

OMT e Google vão lançar treinamentos para impulsionar retomada do Turismo

A Organização Mundial do Turismo (OMT) e o Google assinaram um novo acordo para


trabalharem na recuperação do turismo mundial. A nova aliança se concentra em apro-
veitar o poder da inovação, educação, dados e inteligência de mercado para impulsionar
uma recuperação sustentável e inclusiva. Em particular, as duas organizações criaram
cursos de treinamento para Organizações de Gerenciamento de Destino (DMOs).
Essas sessões permitirão que os destinos mudem para a tecnologia digital, adaptando o
treinamento para refletir suas circunstâncias específicas e os desafios únicos que cada des-
tino enfrenta no momento. O novo programa de treinamento também complementa as ini-
ciativas conjuntas existentes, bem como um acordo de compartilhamento de dados para o
Travel Insights do Google para alimentar o rastreador de recuperação de turismo da OMT.
Além de capacitar destinos e negócios durante a fase de recuperação imediata, sob o acor-
do, o Google fornecerá suporte contínuo a uma série de iniciativas proeminentes da OMT,
como competições de startups destinadas a promover e apoiar a inovação em todo o setor.
“A forte parceria entre a OMT e o Google ajudará a colocar a inovação e o digital no
centro da recuperação do turismo. Trabalhando juntos, a OMT e o Google permitirão
que destinos, empresas de turismo e trabalhadores aproveitem o poder dos dados e do
mercado inteligência, ambos os quais são cada vez mais importantes à medida que o
turismo global busca se reiniciar e se recuperar”, disse o secretário-geral da OMT, Zurab
Pololikashvili.

Fonte: OMT e Google vão lançar treinamentos para impulsionar retomada do Turismo. Portal Brasileiro do

Turismo, 2021. Disponível em: https://www.mercadoeeventos.com.br/noticias/tecnologia/omt-e-google-

-vao-lancar-treinamentos-para-impulsionar-retomada-do-turismo/. Acesso em: 25 maio. 2021.

UNIDADE III Segmentação do Turismo 109


REFLITA

Altos custos dos testes de COVID-19 podem prejudicar a retomada das viagens
aéreas

A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA – International Air Transport


Association) pediu aos governos que não permitam que os altos custos dos testes de
CO-VID-19 inviabilizem as viagens para os passageiros. Para facilitar a retomada
eficiente das viagens internacionais, os testes de COVID-19 devem ser acessíveis,
rápidos, am-plamente disponíveis e eficazes.

Fonte: Altos custos dos testes de COVID-19 podem prejudicar a retomada das viagens aéreas. Valor da

Aviação, 2021. Disponível em: https://valordaaviacao.org.br/altos-custos-dos-testes-de-covid-19-podem-

-prejudicar-a-retomada-das-viagens-aereas/. Acesso: 28 de maio. 2021.

UNIDADE III Segmentação do Turismo 110


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Atualmente o turista está globalizado, hoje o consumidor compra produtos pela


Aliexpress e amanhã ele começa a buscar informações de como fazer para obter o visto
para conhecer a China. De uma forma ampla o turista adulto e bem resolvido, sente-se mais
jovem, é autoconfiante, predisposto a mudanças, e vem demonstrando desejos por novos
produtos/serviços/destinos turísticos no anseio por novas experiências. Uma grande fatia
da população, irá sair dessa pandemia com mais vontade de viver a vida de forma mais
plena. Essa fatia do mercado virá com mais otimismo que antes, vão querer aproveitar e
vivenciar com mais qualidade, vão buscar por momentos de lazer e entretenimento dando
mais valor e vão gastar mais. O grande desafio será para segmentos turísticos que deverão
se adequar a essa grande demanda turística, que virá após esse período. O planejamento
estratégico de cada segmentação, deverá atender às expectativas desse mercado, que
terá um alto volume, quando tudo voltar ao novo normal.
Pela ótica do prestador de serviços turísticos, por meio de desse grande leque
de segmentos turísticos que vimos nessa unidade III, o foco não está só nos grandes
empreendimentos, o foco maior está nos pequenos e microempreendedores e nos traba-
lhadores que têm a possibilidade agora de estudar e se especializar em alguma área que
lhe dê satisfação. O leque é muito grande e as oportunidades advindas da atividade turís-
tica também são. O olhar para todos esses nichos, para o incentivo às iniciativas desses
empreendedores e a integração com outras atividades econômicas é que fará esse grande
círculo girar e fomentar cada vez mais.
Já pela ótica dos turistas, dos grupos e comunidades de interesse turístico, a ênfase
está nas condições sociais e culturais de um determinado grupo ou comunidade que integra
o ativo turístico local. A conservação do patrimônio cultural, natural e social da população
local é um dos temas desenvolvidos sob esta abordagem, que deve ter atenção.
A hotelaria e a hospedagem estão em busca cada vez mais da humanização, para
alcançar maior satisfação pelo hóspede.

UNIDADE III Segmentação do Turismo 111


LEITURA COMPLEMENTAR

CVC tem 42% mais buscas no mês do aniversário, celebrado hoje


28/05/2021  19:58 | Artur Luiz Andrade. Reprodução vídeo.

A CVC completou hoje 49 anos e tem realizado ao longo do mês várias ações para
comemorar a data, que inicia também a contagem regressiva para o cinquentenário. Em um
encontro virtual nesta sexta-feira com o time de vendas e franqueados, Daniela Bertoldo,
diretora executiva dos Negócios B2C da CVC Corp, além da homenagem e agradecimento
à rede CVC, trouxe atualizações e novidades sobre o negócio.
A celebração de aniversário da marca fundada por Guilherme Paulus, em Santo
André (SP), traz a campanha “49 anos, 49 motivos para viajar”, que ajudou a registrar
no mês de maio, até o momento, um aumento de mais de 42% nas buscas por orçamentos
em relação a abril.

OLHAR PARA O FUTURO

“Nosso compromisso é evoluir junto com a rede CVC. Olhamos para o passado
com carinho e respeito, porque ele nos trouxe até aqui. Mas olhar para o futuro, focando no
nosso propósito, é o que vai nos nortear para o sucesso da companhia e da nossa rede de
lojas, que é a nossa maior fortaleza. A sua história é a nossa história.
Embarcamos juntos nessa jornada”, disse a executiva, na empresa desde novem-
bro passado.
Outras ações como merchandising e publicidade em TV aberta e fechada e cam-
panhas em redes sociais também fazem parte das iniciativas pelo aniversário, sempre com
QR Code direcionando o atendimento para a loja mais próxima. Comunicações por e-mail
marketing, SMS e WhatsApp também foram intensificadas e têm como objetivo comple-
mentar o atendimento e o suporte ao cliente.
No período da tarde, Daniela Bertoldo visitou algumas lojas em São Paulo para co-
memorar e conversar com os franqueados e vendedores. Em junho agora de 2021, deverá
ser apresentado a loja do futuro CVC em uma convenção de vendas para franqueados.
Fonte: CVC Operadora Turística. CVC tem 42% mais buscas no mês do aniversário.
Panrotas, 2021. Disponível em: https://www.panrotas.com.br/agencias-de-viagens/merca-
do/2021/05/cvc-tem-42-mais-buscas-no-mes-do-aniversario-celebrado-hoje_181876.html.
Acesso em: 28 maio. 2021.

UNIDADE III Segmentação do Turismo 112


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Hospitalidade: Turismo e Estratégias Segmentadas
Autor: FURTADO, S. e VIEIRA, F.
Editora: Cengage, 2018
Sinopse: O livro Hospitalidade: Turismo e Estratégias Segmen-
tadas apresenta onze capítulos que descrevem os cenários e as
realidades do turismo, com atenção à sua principal intenção? a
arte de receber e acolher as pessoas. circulando por diversos
ambientes, mas respeitando de forma especial a responsabilidade
cultural e de negócios do setor, cada um dos autores dos capítu-
los deste livro aborda novos universos que não podem deixar de
fazer parte do conhecimento de todos aqueles que têm por ofício
receber, servir e expressar humanidade nas diferentes áreas e
atividades do mercado. os aspectos relacionados à apresentação
da temática enriquecem as compreensões, entendimentos e pes-
quisas sobre segmentos importantes de setores que compõem a
área do turismo e da hospitalidade. FILME/VÍDEO

FILME
Título: Comer Rezar Amar
Ano: 2010
Sinopse: Liz Gilbert pensa que ela tinha tudo que queria na vida:
uma casa, um marido e uma carreira de sucesso. Porém recém-di-
vorciada e de frente para um momento de mudança, ela se sente
confusa sobre o que é importante em sua vida. Ousando sair da
sua zona de conforto, Liz embarca em uma busca de auto desco-
berta que a leva à Itália, à Índia e a Bali.

UNIDADE III Segmentação do Turismo 113


WEB

Facilitação ao Turismo Receptivo

• Link do site: https://www.gov.br/turismo/pt-br/assuntos/noticias/mtur-participa-de-


-audiencia-sobre-facilitacao-ao-turismo-receptivo-no-comercio-exterior.
Acesso em 24/05/21.

UNIDADE III Segmentação do Turismo 114


UNIDADE IV
Sustentabilidade e Hospitalidade
Professora Denise S. Rodrigues

Plano de Estudo:
● Cidades Inteligentes;
● Cenário Brasileiro;
● Infraestrutura de Comunicação direcionada ao Turismo;
● Potenciais da Hotelaria.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar as Cidades Inteligentes;
● Saber identificar o Cenário Brasileiro;
● Compreender a Infraestrutura de Comunicação direcionada ao Turismo;
● Entender os potenciais da Hotelaria.

115
INTRODUÇÃO

A palavra sustentabilidade está na moda, usada com frequência em comerciais, em


referência ao meio ambiente, em área acadêmica, em campanhas políticas, em falas de
empresários etc.
Esta palavra surgiu em 1980 na publicação do Relatório Brundtland, intitulado “Nos-
so Futuro Comum”, pela Organização das Nações Unidas (ONU). No Brasil, esse termo é
ouvido desde 1992 aproximadamente. Contudo a essência, o propósito já existe há mais de
400 anos, com a preocupação com a preservação do planeta.
A globalização trouxe velocidade e luz a pontos significativos em debates mundiais
sobre, “Para onde caminha a humanidade?” Sustentabilidade é a âncora nesse caminhar.
Pode-se definir sustentabilidade como habilidade, capacidade e aplicabilidade de
prover as necessidades do homem sem comprometer o meio ambiente que ficará para as
gerações do futuro. A sustentabilidade tem como alicerce o tripé: econômico, ambiental e social.
O turismo está diretamente conectado com a sustentabilidade e pode ser considerado
uma grande rede interligada com um propósito comum, atender de forma eficiente, oferecer
bons produtos/destinos e buscar uma maior garantia de satisfação por parte do consumidor
final o passageiro, o cliente, o turista sempre em harmonia com a preservação da natureza.
É importante que essa rede, também chamada de sistema funcional, esteja afina-
da. Esse sistema funcional ou rede com seus vários núcleos diversificados garantirão o
equilíbrio do fluxo turístico.
As cidades inteligentes já existem e comprovadamente o turista está encantado
com elas, pois a tecnologia seduz as novas gerações e as não tão novas também. So-
mam-se a isso comunicação com qualidade, políticas direcionadas ao turismo, variedade
gastronômica e hoteleira com excelência. Surgirão novos produtos com qualidade, mas
sempre conectados com a sustentabilidade.

Busque, realize seus sonhos!

UNIDADE IV Sustentabilidade e Hospitalidade 116


1. CIDADES INTELIGENTES

Quando se fala em cidades inteligentes, existem grandes embaraços e bloqueios por


trás disso, que não são observados ou debatidos pela sociedade como deveriam ser. Sim-
plesmente passa muitas vezes direto para o empreendimento público ou privado/indústria,
sem serem avaliados os obstáculos com o devido respeito com cada comunidade/sociedade/
população que irão viver nessa cidade, tais como: a mobilidade urbana, a dificuldade da
acessibilidade nos espaços, a sustentabilidade urbana, o reaproveitamento de toneladas de
materiais de construção, a questão do uso responsável de água, as melhorias nas condições
de saneamento básico, o incentivo sobre o uso eficiente dos recursos naturais de energia
disponíveis, sobre a importância da comunidade/sociedade agir urgentemente sobre o lixo
doméstico, visto que esse acúmulo em aterros causam impactos negativos ao meio ambiente
e somente através da reciclagem é possível a solução de tais problema. Dessa forma seriam
informados que os resíduos descartados serão reinseridos no ciclo produtivo e reutilizados
como matéria-prima para a fabricação de novos produtos; sobre a destinação adequada de
efluentes líquidos. Possivelmente o mais difícil de todos os embaraços seja justamente a apli-
cação efetiva das permanentes vistorias e/ou multas, baseadas nos frágeis, mas existentes
marcos regulatórios (CORTESE, KNIESS e MACCARI orgs., 2017).
As cidades brasileiras contam com inúmeros pontos positivos para se tornarem ci-
dades inteligentes e sustentáveis, contudo existem ainda pontos negativos que precisam ser
corrigidos. O território brasileiro é imenso e a natureza do norte ao sul do país é deslumbrante.

UNIDADE IV Sustentabilidade e Hospitalidade 117


De outro lado, segundo Cortese, Kniess e Maccari orgs. (2017, p. 8 apud Lúcio
Kowarick, 2009, p. 19), há muitas classes da população que estão desprotegidas, a violên-
cia praticada por bandidos, pela polícia e por políticos são a expressão máxima que se é
visto, índices altos em assaltos ou roubos, espancamentos, extorsões e humilhações que
fazem parte do cotidiano das famílias de baixos rendimentos.
Todos esses pontos negativos, atingem também a esfera do turismo como é visto
muitas vezes através da imprensa. Essas ocorrências ruins não entram para estatísticas,
porque as pessoas não creem mais no judiciário ou se calam por receio.
Não são tais práticas que impedem ou impossibilitam a construção de cidades inte-
ligentes e sustentáveis no Brasil, a questão é que não se pode menosprezar a grande com-
plexidade e o tamanho do desafio. Afinal, com a área territorial do Brasil com 8.510.345,538
km² somados aos 5.568 municípios (IBGE), contando com Fernando de Noronha e Bra-
sília, pode-se afirmar que estes diversos cenários, com condições sociais e econômicas
tão diversificados se tornam bem árduo o desenvolvimento e o progresso urbanizado. É
fato, Cortese, Kniess e Maccari orgs. (2017), afirmam que o nosso país abriga muitíssimas
cidades que estão ainda antes da modernidade, carentes de equipamentos e infraestrutura
básica, como falta de saneamento básico, ainda com objetivo na dependência da energia
fóssil (os três principais tipos de combustíveis fósseis são: o petróleo, o gás natural e o
carvão mineral) e dos processos industriais tradicionais como vetores de desenvolvimento.
De alguma maneira, a sustentabilidade pode ser o grande passo que municípios
brasileiros estão precisando para iniciar definitivamente as mudanças.
De acordo com Cortese, Kniess, Maccari orgs. (2017, p. 7), a sustentabilidade pos-
sui três interfaces: a sustentabilidade ambiental, sustentabilidade econômica e sustentabi-
lidade social. Alguns componentes são considerados desde o planejamento para cidades
serem sustentáveis e para serem chamadas de inteligentes:
licitação verde (que prioriza critérios e quesitos ambientais).
construções públicas e privadas efetivamente sustentáveis.
Transporte coletivo integrado baseado em fontes renováveis de energia e
destinação adequada de resíduos sólidos e efluentes líquidos.
Adoção de certificações verdes e a incorporação de indicadores de avaliação
que priorizem a amortização de emissões de gases do efeito estufa.
Desestímulo ao uso de veículos automotores.
Integração do uso do solo e do sistema de transportes.
• Estímulo ao transporte não motorizado (ciclovias para bicicletas e calçadas
ecológicas para pedestres).
• Estímulo por soluções inovadoras de transporte individual (futuro).
• Mobilidade urbana inteligente (inovação, gestão e monitoramento).
• Planejamento integrado do território.
• Gestão inteligente do território.
• Cidade com sistema de núcleos compactos e interligados de forma eficiente.
• Densidade qualificada com parâmetros de desenho urbano.

UNIDADE IV Sustentabilidade e Hospitalidade 118


Esse processo, além de técnico, e de pesquisa tem que ser desenvolvido por
pessoas comprometidas com o tripé da sustentabilidade. É um trabalho contínuo de
discussões e exige revisões periódicas e criteriosas de modo que sejam cada vez
mais rigorosos os protocolos para autorização. A sustentabilidade econômica dessas
iniciativas devem en-frentar os problemas sociais da cidade, ou seja, além da
vulnerabilidade socioeconômica, a vulnerabilidade civil também.

1.1 Definições
Cidades Inteligentes são as que otimizam a aplicação dos recursos para atender
melhor aos cidadãos. Refere-se à mobilidade, a serviços necessários à moradia digna
das pessoas.
Muitas dessas cidades já existem e usam vários tipos diferentes de sensores
eletrônicos para coletar dados e usá-los para gerenciar recursos e prover melhorias. Co-
letam dados de cidadãos através de dispositivos que são processados e analisados para
monitorar e gerenciar sistemas de tráfego e transporte da cidade, usinas de energia, redes
de abastecimento de água, gerenciamento de saneamento básico, detecção de crimes, sis-
temas de informação totalmente interligado com diversos outros serviços para a sociedade.
Se Cidade significa materializar o intangível do tecido social, traduzir em formas físi-
cas o fantástico produto das trocas culturais, do desenvolvimento humano, das vocações e,
também, das contradições de um povo que se faz representar por edifícios, ruas, avenidas,
agrupamentos comunitários e espaços de convívio, por outro lado Inteligência (CORTESE,
KNIESS e MACCARI orgs., 2017), de acordo com o Dicionário Michaelis, “inteligência”
pode-se designar: “Faculdade de entender, pensar, raciocinar e interpretar; entendimento,
intelecto, compreensão e conhecimento profundos. Capacidade de resolver situações
novas com rapidez e êxito (medido na execução de tarefas que envolvam apreensão de
relações abstratas) e pessoa de grande esfera intelectual”.
Da mesma forma, a cidade é o resultado físico de uma soma de elementos pertinen-
tes à cultura de um determinado agrupamento humano, ela também poderia ser vista como
um sistema. Esse sistema está inter-relacionado entre o ser humano e o ambiente.
Agregar inteligência a esse sistema significa capacidade de solucionar os próprios
problemas do funcionamento sistemático. (CORTESE, KNIESS, e MACCARI orgs., 2017).

UNIDADE IV Sustentabilidade e Hospitalidade 119


FIGURA 1 - AS REDES DE CONEXÕES INVISÍVEIS

Nessa direção, Cortese, Kniess e Maccari orgs. (2017) afirmam que, uma cidade
inteligente é uma cidade capaz de criar estruturas de gestão capazes de serem ativadas
para atender aos próprios problemas ou situações que o espaço urbano demanda. São
essas estruturas que monitoram a cidade como um grande sistema complexo que deve ser
todo interligado por potentes redes de comunicação, sendo que podem detectar problemas,
emitir alarmes e, sobretudo, direcionar técnicos (trabalho humano) objetivando a eficiência
dos serviços públicos e controlar remotamente dispositivos e equipamentos das mais varia-
das interfaces. Segundo a World Foundation for Smart Communities, “Uma comunidade
inteligente é aquela que fez um esforço consciente para usar a tecnologia da informação
para transformar a vida e o trabalho dentro de seu território de forma significativa e
fundamental, em vez de seguir uma forma incrementar”. O estudo é antigo, mas já era
compreendido que a tecnologia da informação exerce, no contexto de cidades inteligentes
e sustentáveis, um papel central fundamental e cada vez mais necessário.
Douglas Wilson (2009, p. 112 e 133) lembra-nos que as grandes cidades sempre
viveram problemas e virtudes decorrentes de sucesso e aglomeração:
Durante os primeiros séculos da Era Cristã, Roma teve cerca de 3 km de
comprimento e aproximadamente a mesma largura. Os Romanos sabiam
como preenchê-la e a população era, provavelmente, entre um e dois milhões
de pessoas. As ruas estavam tão congestionadas que os cavalos e as car-
ruagens não eram permitidos. A única maneira de percorrer toda a cidade era
andar a pé ou transportado em uma maca. Só os ricos poderiam evitar andar.

UNIDADE IV Sustentabilidade e Hospitalidade 120


Na história das grandes cidades, as que inovam e lideram o progresso da socie-
dade em todo o planeta, todas elas sempre enfrentaram ou enfrentarão seus ciclos de
decadência e ressurgimento, reinvenção e resiliência.
Tão importante, quanto apontar os desafios é preparar para adotar práticas ba-
seadas no conceito de sustentabilidade, pois será o novo paradigma a ser explorado e
discutido por todos os setores da sociedade, no intuito de mitigar os efeitos das atividades
da contra-mão da proteção do meio ambiente e assim almejar e proporcionar uma
melhor imagem de países como o nosso(CORTESE,KNIESS, e MACCARI orgs., 2017).
Já se sabe que as metrópoles são o grande desafio estratégico do planeta na atua-
lidade. Se as grandes cidades adoecem, o planeta se torna insustentável. Positivamente a
experiência internacional de Barcelona, Vancouver, Nova York, Bogotá e outras; são citadas
como cidades mais verdes – mostra que as metrópoles se reinventam, se reestruturam.
Existem diversos indicadores comparativos e rankings das cidades mais verdes do planeta
atualmente. Fora dos países ricos, Bogotá e Curitiba colocam-se na fileira da frente como
exemplos a serem replicados.(LEITE e AWAD, 2012).
No século XXI a reinvenção das metrópoles contemporâneas transitam pelos no-
vos indicadores que apresentam oportunidades em termos de cidades mais sustentáveis e
mais inteligentes do que as que desenvolveram e se expandiram sem limites no século XX.
Sem dúvida alguma, será o desenvolvimento sustentável o maior desafio do século XXI.
(LEITE e AWAD, 2012).
O grande desafio para conseguir atingir os indicadores necessários para uma ci-
dade alcançar o conceito de ser sustentável percorre por um grande e árduo processo de
reestruturação urbana. Os autores abaixo pontuam dados importantes de análise.

A pauta cidade é, no plano urbano, da maior importância para todos os paí-
ses, pois:
a. dois terços do consumo mundial de energia advêm das cidades;
b. 75% dos resíduos são gerados nas cidades;
c. vive-se um processo dramático de esgotamentos dos recursos hídricos e
de consumo exagerado de água potável. (LEITE e AWAD, 2012, p. 18).

De acordo com a Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climá-


ticas, “estima-se que as atividades humanas tenham causado cerca de 1,0°C de aque-
cimento global acima dos níveis pré-industriais, com uma variação provável de 0,8°C a
1,2°C. É provável que o aquecimento global atinja 1,5°C entre 2030 e 2052, caso continue
a aumentar no ritmo atual”. (IPCC, 2018, p. 8).
Conforme Leite e Awad (2012, p. 18), há muito sobre esse tema para estudo e re-
flexões como por exemplo: “a ecologia da cidade e não a ecologia na cidade, ou a natureza

UNIDADE IV Sustentabilidade e Hospitalidade 121


como um sistema separado na cidade”, como os números significam . “Um eco-urbanismo
ou ecologia urbana”. São questões importantes, amplas e com muito a avançar ainda.
Nosso papel é ficar atentos(as) às inúmeras perspectivas que as tecnologias verdes
e gestão inteligente estão desenvolvendo.
Podemos concluir que Cidades inteligentes e sustentáveis são cidades fundamen-
tadas em um modelo inteligente de gestão, com alicerces em tecnologias de informação e
comunicação, do qual o objetivo descansa ainda, em maneiras de viabilizar a sustentabilida-
de em todas as suas interfaces. Inteligência, neste sentido, seria o meio, e sustentabilidade
seria o fim.

UNIDADE IV Sustentabilidade e Hospitalidade 122


2. CENÁRIO BRASILEIRO

A informação é algo que está ligado a tudo e a mesma deve adequar-se à aplica-
bilidade independente do setor, área ou campo no qual esteja inserido (a), satisfazendo a
demanda. Ou seja, quem se atualiza está conectado com o progresso. Em outras palavras,
“quem chega primeiro bebe água limpa”.
A palavra informação é a busca de organização de dados que fazem sentido no
contexto em uso. Para o(a) pesquisador(a) tem um significado valioso, porque reduz a
incerteza, o equívoco, enriquece e aprofunda o conhecimento sobre algo que a pessoa
deseja. Buscar a informação é o mesmo que averiguar, inquirir, investigar.
O que diferencia uma pessoas das outras é a bagagem de informação que cada um
possui. Buscar informação é a chave para alcançar poder. É ela que faz a conexão entre o
posto que você ocupa dentro do mercado de trabalho e o profissional que você deseja ser.
O meio ambiente e a sustentabilidade foram temas das últimas Conferências das
Nações Unidas. Durante o evento foram construídos vários documentos, diretrizes e novas
metas para serem cumpridas pelos países participantes. Atenção especial em harmonizar
crescimento e cuidados em manter os recursos naturais de cada país.
A origem da palavra sustentabilidade vem do latim sustentare, que significa sus-
tentar, apoiar e conservar. O desenvolvimento sustentável tem como o objetivo principal
a preservação e o equilíbrio do planeta juntamente com as necessidades humanas. O
homem sapiens deve explorar com cuidado e sabedoria, caso contrário, no futuro não terá

UNIDADE IV Sustentabilidade e Hospitalidade 123


o que explorar. A sustentabilidade é conquistada através do desenvolvimento de práticas de
uso que preservam o meio ambiente, em outras palavras, um recurso explorado de forma
sustentável poderá ser explorado também, por nossas gerações futuras.
Um estudo foi realizado no Brasil sobre a informação voltada para os turistas nas
cidades mais turísticas do país. Foi identificado que existe uma real necessidade informa-
cional para essa categoria de usuários. Aos turistas cabia procurarem informações, mapas
ou sanar dúvidas. Percebeu-se o quão deficiente ainda está esse serviço. Muitas cidades já
possuem os PI´s (Pontos de Informações) ou PIT`s (Pontos de Informações Turísticas) que
funcionam e contribuem com eficácia as necessidades informacionais dos clientes/turistas.
Mas há cidades com poucos ou nenhum PIT´s. Sem dúvida, essas e outras iniciativas
dependem do gestor do município e/ou do CODEM (Conselho Municipal do Turismo) para
efetivamente existir. O planejamento de Pontos de Informações direcionados ao turista
funciona como base, estimula o turista potencial, soluciona o déficit de informações naquele
centro turístico, dá mais acesso a informações e contribui para o aumento de visitantes. A
implantação desse serviço de informação aperfeiçoa o fluxo e é visto por todos os setores
turísticos com bons olhos. Nesses PIT’s é deixado para os visitantes folders e cartões
de hotéis, pousadas, restaurantes, bares, agências de viagens, prestadores de serviços
relacionados ao turismo e outros.
Existem várias faces no cenário brasileiro para serem analisadas, outro ponto pu-
jante são os efeitos das mudanças climáticas que interferem no turismo. Estudos apontam
uma intensificação dos extremos do clima, sobretudo a falta de chuvas e chuvas abundan-
tes. Chuvas mais intensas e mais frequentes podem causar inundações e deslizamentos
de terra, impactando diretamente as atividades essenciais para o turismo. (SANTOS e
MARENGO, 2020).
Vocês devem lembrar dos deslizamentos que devastaram a região serrana do
Rio de Janeiro-RJ em 2011 destruindo infraestruturas, mudando a paisagem, interferiu
no espaço geográfico em que ocorriam as relações socioculturais da região, registrou-se
mais de 900 mortos e modificando toda dinâmica local, incluindo turismo.(Busch e
Amorim, 2011).
A enorme enchente que ocorreu na Amazônia em 2012 atingiu diretamente
hotéis de selva construídos em palafitas às margens do rio, motivando o fechamento de
alguns resorts. (JC, 2012). Importante destacar as tragédias ambientais ocorridas em
janeiro de 2019 em Brumadinho - MG.
No campo turístico, o espaço geográfico é modificado, pois para atender ao turista
é preciso criar infraestrutura com planejamento estratégico, direcionar mão de obra espe-

UNIDADE IV Sustentabilidade e Hospitalidade 124


cializada, oferecer treinamento constante para ter um crescimento em conformidade com
a promoção e desenvolvimento do polo turístico com as três interfaces da sustentabilidade
ambiental, social e econômica. É importante destacar que o turismo exerce uma função
dinâmica em cidades turísticas, pois as características e a identidade do lugar são preser-
vadas e o fomento naturalmente acontece. O que precisa é buscar o equilíbrio.
Outro motivo do turismo ter se expandido no Brasil foi o desenvolvimento dos trans-
portes: aéreo, ferroviário, rodoviário, hidroviário e marítimo e da telecomunicação: telefonia,
internet de fibra óptica, celulares mais completos que computadores etc; que impulsionaram
muitíssimo essa atividade. Hoje além do fluxo nacional, existe um fluxo internacional grande
de turistas que gastam e consomem, incrementando ainda mais a atividade e geram muito
mais lucro que há 50 anos atrás.

FIGURA 2 - O MERCADO TURÍSTICO BRASILEIRO É MUITO GRANDE

Seguindo o viés do fomento, (MTUR, 2003, p. 22) é importante salientar que inicia-
tivas do governo para destacar os objetivos, passam através do Plano Nacional de Turismo
são indutores de desenvolvimento e tem como intuito:
1. ampliar e qualificar o mercado de trabalho;
2. dar qualidade ao produto turístico;
3. diversificar a oferta turística;
4. estruturar os destinos turísticos;
5. ampliar o consumo turístico no mercado nacional;
6. aumentar a inserção competitiva do produto turístico no mercado
internacional;
7. aumentar o tempo de permanência e gasto médio do turista.

UNIDADE IV Sustentabilidade e Hospitalidade 125


A consolidação desses intuitos elencados deve ter como pressuposto a estrutura-
ção e a organização dos destinos para os diferentes segmentos de demanda, alcançando
e incluindo todos os perfis de pessoas/turistas.
E para a consolidação desse mercado o Mtur citou algumas diretrizes que devem ser
seguidas que “para tornar os destinos, produtos e serviços turísticos cada vez mais compe-
titivos e sustentáveis, em um mercado que se transforma a uma velocidade nunca vista, é
imprescindível que se compreenda o processo de desenvolvimento territorial regionalizado e
cooperado, assim como se observa e invista em inovações contínuas no setor, respeitando
os princípios da sustentabilidade no turismo. Nesse sentido, o Plano Nacional de Turismo
estabelece, para o desenvolvimento do turismo nacional no período de 2018-2022, as se-
guintes diretrizes: fortalecimento da regionalização; melhoria da qualidade e competitividade;
incentivo à inovação; e promoção da sustentabilidade”. (MTUR, 2019, p. 55).
Em conjunto com esse cenário Brasileiro tão esperançoso e otimista, não se pode
esquecer que o processo de globalização é irreversível. Até deve existir ainda, países
que lutam para não serem totalmente globalizados. Para isso, eles teriam de investir em
educação, aperfeiçoar a infraestruturas em suas obras, teriam que ser mais transparentes
em suas gestões, teriam que fazer políticas públicas voltadas para as populações e não
para os próprios governantes. Segundo Brum (2020) logo, o conflito central permanece
na concepção de globalização e operacionalização. Há duas visões de globalização que
correspondem a duas perspectivas de humanidade, uma é a visão econômica, hoje domi-
nante, sob o domínio do capital, e a visão humana atual, emergente, direcionada para as
pessoas e voltada ao bem-estar social como um todo.
Em aspectos gerais, é urgente que ocorram a conscientização e o reconhecimento
de que o interesse da humanidade deve prevalecer sobre os sistemas econômicos e polí-
ticos. Conforme Brum (2020), a globalização implica a mundialização da cidadania, afinal
no estágio atual, tornamo-nos, todos, cidadãos do mundo todo e, nesse contexto, somos
convidados a pensar/refletir também as grandes questões da humanidade. Ainda sobrevi-
verão ou existirão formas acaloradas e contraditórias de isolacionismo, como “o tribalismo”
(defendem que seres humanos deveriam viver em sociedades pequenas ao invés de viver
em sociedade massiva), “o nacionalismo e o fundamentalismo”; no entanto, “não tem futuro,
porque não soluciona os problemas” (IANNI et al., 1965, p. 8). Salvo algumas exceções, as
pessoas têm raízes em um determinado local e se projetam para o mundo, para o futuro.
O mundo em que vivemos está tão dinâmico que ninguém fica desobrigado da
responsabilidade de contribuir para a correção das distorções. Dentro da democracia, o
desenvolvimento e a justiça social são desafios universais, mas somente a sociedade con-
creta feita por pessoas que executam e praticam podem vencê-los. (BRUM 2020).

UNIDADE IV Sustentabilidade e Hospitalidade 126


Ainda de acordo com Brum (2020), o Estado Nacional tem importante papel a de-
sempenhar especialmente nos países emergentes que apresentam acentuados desequilíbrios
sociais, mas que buscam corrigir ou mitigar as distorções que o mercado tende a produzir. A
solução é qualificar-se, inserir-se no processo, aprofundar a temática e influenciar com eficiên-
cia os rumos e desdobramentos que se fizerem mais apropriados para corrigir tais distorções.
O Brasil é visto como um país em transformação e com muitas limitações internas
dentro da economia. As grandes empresas privadas nacionais, os inúmeros empresários
empreendedores, com base científica e tecnológica própria, com disponibilidade de pou-
pança interna, muitos com e capacidade gerencial, com capital responsável e com equipes
de recursos humanos qualificados, poderiam contribuir para promover o desenvolvimento
autônomo do país.

UNIDADE IV Sustentabilidade e Hospitalidade 127


3. INFRAESTRUTURA DE COMUNICAÇÃO DIRECIONADA AO TURISMO

3.1 Tecnologia
A tecnologia já está sendo uma grande colaboradora para auxiliar no monitoramento
de pessoas. Países asiáticos, por exemplo, estão utilizando apps (aplicativos) para rastrear
os movimentos de pessoas para elaborarem pesquisas.
Esse monitoramento e controle de movimentação das pessoas também está sendo
observado na hotelaria.
A tecnologia já está contribuindo para o uso de reconhecimento facial no lugar
da biometria, pagamento por aproximação de celulares ou cartão de crédito, hóspedes
com acesso a elevadores e ao seu apartamento através de leitura da impressão digital,
eliminando chaves, cartões, ao mesmo tempo dificultando a entrada de outras pessoas
sem os devidos registros; menu eletrônicos nos restaurantes, para não ter falhas no
pedido, hóspede devem ter acesso a terminais multimídia para visualizar a qualquer
momento as suas despesas e etc.
A população brasileira potencial (que trabalha, decide e compra) está cada dia
mais conectada com seus smartphones ou iOS para viajar e organizar suas viagens e
seus passeios. Esse reflexo é visto em várias outras áreas, no entanto, o uso da tecnologia
direcionada ao turismo se intensificou nos últimos anos, provocando uma revolução para
viajantes, agências de viagens, hotéis, restaurantes e outros.

UNIDADE IV Sustentabilidade e Hospitalidade 128


O ritmo de vida das pessoas está bem acelerado. A tecnologia chegou tornando

mais apropriado resolver muitas questões e até viagens por conta própria, sem o inte-

ressado precisar se deslocar para falar com um consultor de viagens em uma agência

de turismo. A busca de hoje são a sites e apps que fazem comparativos de preços de

passagens, hospedagens e outros trades (segmentos) do turismo apenas com touch screen

(toque em tela sensível), movimentando e-commerce (comércio eletrônico) e realizando

cada vez mais vendas no ambiente virtual.

Neste sentido, Chon e Sparrowe (2014. p. 42) informam que “todos os compo-

nentes da rede de Hospitalidade são beneficiados pelos avanços tecnológicos. De res-

taurantes fast-food com computadores para seus clientes fazerem seus próprios

pedidos a business centers em hotéis, os equipamentos de alta tecnologia vêm se

revelando um atrativo bem popular”.

FIGURA 3 - O MUNDO DIGITAL NA MÃO

Mesmo que a comunicação turística tenha, na atualidade, um uso intenso apenas

de telas, algumas lacunas são perceptíveis e muitas vezes buscadas pelo cliente/turista,

que são os materiais físicos, os folders, os cases, os mapas de determinado local. Hoje

muitos fecham negócios e passam cartão pelos próprios sites e não faz diferença ter um

papel físico na mão. Contudo, existe uma fatia potencial de cliente, de turista que só finaliza

o negócio, a compra, o destino após pegar um folder, um prospecto, telefonar ou se dirigir

a uma agência. São rituais admiráveis, mas ainda acontecem neste século.

UNIDADE IV Sustentabilidade e Hospitalidade 129


A visita presencial a uma agência de turismo foi a melhor opção para o planejamen-
to e fechamento de contrato de uma viagem. Hoje o cliente é livre e pode resolver tudo sem
precisar sair de casa. Contudo, as empresas do setor mantêm sua relevância ao marcar
presença e prestar serviços pelo universo mobile.
A tecnologia torna muito mais fácil as pesquisas sobre as viagens, ligações, es-
colha de roteiro da viagem, passeios, lista de restaurantes, mapas, fotografias, motorista
para os traslados/percursos e tudo através da palma da mão. O mercado que acompanha a
transformação digital revolucionou o turismo, tornando indispensáveis tais Infraestruturas.
Conclui-se que o uso das ferramentas tecnológicas é muito importante, mas o turis-
mo é impreterivelmente presencial, sentido, experimentado e, assim, não há a necessidade
de estabelecer uma definição oficial, pois o que interessa é, sobretudo, a prática, o ato, a
realidade, o próprio consumo dele. A busca da satisfação, da felicidade!

UNIDADE IV Sustentabilidade e Hospitalidade 130


4. POTENCIAIS DA HOTELARIA

Poder viajar, conhecer outras terras, povos e culturas continuam sendo o desejo,
a busca por uma vida mais saudável. O turismo se popularizou em suas bases por vários
fatores, entre eles o enriquecimento de alguns grupos, o êxito no crescimento econômico,
a distribuição de renda mais acentuada, a valorização da natureza e, principalmente, a
formação da volumosa classe média.
Confiança é o principal atributo associado à retomada de viagens, conforme iden-
tificado na pesquisa realizada pelo TRVL LAB (Laboratório de Inteligência de Mercado em
Viagens) com turistas/viajantes brasileiros sobre os impactos no Turismo. Turistas/Clientes
voltarão a ocupar com maior frequência os hotéis quando tiverem mais confiança diante do
cenário atual. Os aeroportos e hotéis vêm divulgando frequentemente um fluxo significativo
de pessoas e famílias viajando a turismo, mesmo com as restrições decretadas.
No Brasil, as empresas hoteleiras sempre proporcionaram ambiente seguro
e confiável a seus hóspedes/clientes. Atualmente, a obediência aos rígidos padrões de
higiene, utilização dos espaços, máscaras (parte dos uniformes), os amenities (facilida-
des ou serviços úteis ou agradáveis) dos apartamentos/suítes embalados com plásticos,
sinalização de distanciamento, integrada à arquitetura e ao design são exigências básicas
para o funcionamento de qualquer empresa hoteleira. São novos tempos, novos processos
rigorosos de limpeza e rotação de apartamentos e ausência de bufês são apenas algumas
das novas transformações.

UNIDADE IV Sustentabilidade e Hospitalidade 131


Possivelmente muitas dessas mudanças serão permanentes no comportamento da
hotelaria, assim como aconteceu com o processo de segurança nos aeroportos após o 11
de setembro e que são vividos pelos turistas até hoje.
Essas adaptações não acontecem de um dia para o outro, são processos respon-
sáveis, sem nenhuma precipitação e com muito comprometimento.
Outra característica hoteleira que deve mudar refere-se às áreas comuns. Elas
devem ser ressignificadas no intuito de garantir o distanciamento mínimo exigido entre as
pessoas no saguão ou lobby do hotel. Em outras palavras, os hotéis deverão ter controle
de acesso para não ultrapassar o número limite de pessoas, deve haver um redesenho
da disposição de móveis e equipamentos, mais sinalizações adequadas, voltadas para a
comunicação educacional e a higienização constante dos apartamentos e áreas comuns
aos hóspedes.
Tudo indica que uma das áreas mais impactadas a ser reestruturadas é a de
Alimentos e Bebidas. Entre tantas coisas importantes, a segurança alimentar junto
com o controle de higiene serão mais rigorosos ainda. Muitos bufês já foram
substituídos por à la carte e/ou opções executivas e o café da manhã deverá ser
servido no modelo family style. É possível que o room service seja preferencialmente ou
obrigatoriamente nos hotéis corporativos com horários previamente agendados. Nos
hotéis de lazer para a família, as mesas deverão ser marcadas e ficarão disponíveis em
todos os dias de hospedagem da mesma, parecido como nos navios que já funcionam
assim, aumentando o controle.
Os hotéis terão uma governança com mais rigor e desenvolverão um papel de
su-pervisão mais reforçado para assegurar o atendimento aos novos protocolos de
segurança e higiene. Muitas coisas não serão mais possíveis, por exemplo, ocupar o
mesmo aparta-mento logo em seguida a saída do hóspede anterior. A higienização será
mais morosa e os itens supérfluos serão eliminados (bandejas, máquinas de café, itens
não essenciais de decoração). Já as toalhas deverão estar todas embaladas
individualmente e, com certeza, exalar um aroma de limpeza ainda mais intenso.
Diante destes aspectos, deverá haver modificações a respeito do uso de elevado-
res, espaços específicos para check in e outro para check out. Não é possível
dimensionar a duração do tempo das transformações. Um ponto será mais valorizado
neste segmento que é a essência da hospitalidade, juntamente com acolhimento
humano, personalização do ambiente e empatia.

UNIDADE IV Sustentabilidade e Hospitalidade 132


FIGURA 4 - HOTELARIA FORTEMENTE AMBIENTADA COM AS MEDIDAS DE HIGIENE

A qualidade humana é crucial nas prestações de serviços hoteleiros, pois


a qualidade dos bens e dos serviços depende, quase por inteiro, da atua-
ção das pessoas, seja individualmente, seja em grupo; produtos e serviços
com qualidade superior só podem provir de funcionários com alto nível de
qualificação, inseridos num excelente processo. De pouco adianta, pois, ter
pessoas bem educadas e qualificadas trabalhando num processo cheio de
falhas ou erros. A recíproca também é verdadeira. São os funcionários bem
conscientizados e mobilizados para a primazia da qualidade que têm a condi-
ção de fazer esta síntese: qualificar cada vez mais o processo que gerará, por
sua vez, produtos e serviços cada vez melhores. Isto exige uma mobilização
por parte de todos. (KANAANE; SEVERINO, 2006, p. 45).

É possível definir, entre tantas outras definições, que a hotelaria é um encontro de


variados serviços e amenidades em um lugar só, destacando três itens fundamentais que
servem de base, são eles: hospedagem, eventos e alimentação. Observe que a hotelaria tem
uma característica ímpar em relação a outros setores, pois ela funciona os 365 dias do ano.
Conforme Furtado e Vieira (2011, p. 53) “a necessidade fisiológica da alimentação
nos remete à própria condição humana e, dentro de uma perspectiva histórica, podemos
observar o desenvolvimento de hábitos e práticas alimentares que são exemplos de produ-
ção cultural”. Desta maneira, é possível analisar o quão importante e necessário representa
a hospedagem e alimentação dentro do turismo como um todo.
Na sequência segue a explicação de alguns dos termos dentro da hotelaria que são
extremamente úteis e importante a definição.

UNIDADE IV Sustentabilidade e Hospitalidade 133


4.1 Facilities Management
O facilities management significa gestão de facilidades (FM), campo
multidisciplinar em que há coordenação dos espaços de infraestrutura, organizações e
de pessoas interli-gadas com a gestão de prestações de serviços. Em outras palavras, é
o ato de auxiliar e tornar mais fácil determinadas ações.

4.2 Service Level Agreement


De acordo com Gomes (2014), SLA significa “acordo de nível de serviço”. É uma
aceitação, um acordo,um contrato, previamente negociado e exposto formalmente,
que define padrões, regras e responsabilidades para a entrega de produtos e
serviços. Se todos os setores do hotel apresentarem uma gestão dinâmica, mostrando
ser uma unidade completa, seus indicadores são aproveitados para aferir a qualidade
e quantidade dos atendimentos, entregas e verificação em porcentagem do
cumprimento do contrato (cada caso tem particularidades).
Esse serviço, a título de ilustração, é como se o hotel ganhasse mais estrelas por
prestá-lo, ele significa um aumento de qualidade nas prestações de serviços solicitados, as-
sim indicando mais qualidade. Segue abaixo os seguintes pontos, conforme Gomes (2014):

• Ambos devem cumprir suas responsabilidades, o contratado e o contratante.


• Pontualidade comprovada nas entregas de produtos e serviços.
• Indicadores que mostre o desempenho efetivo.
• Solução de problemas e prazos de entrega com verificação do tempo de
atendimento.
• Como é esperado a qualidade e os padrões em que o serviço/produto são
ofertados/oferecidos.
• Verificar, revisar o acordo, atualizar assinaturas e observar o prazo do término
do acordo.

Conforme Gomes (2014), os hotéis que adotam critérios internacionais, como


manter o SLA, por exemplo, escolhem um caminho simples, inteligente e mais assertivo.
Os modernos contratos atuais, tendem a melhorar a operacionalidade e praticidade para o
facilities management, o SLA soma, como pertencente a seu propósito, assim
melhorando a eficácia da gestão.
É visto fazerem um jogo com a palavra “inteligente” (smart), por meio do qual
se apresentam as recomendações para fazer o SLA de um formato SMART:

S – (Simple) Simples
M – (Mensurable) Mensurável
A – (Achievable) Atingível
R – (Realist) Realista
T – (Timetable) Temporal / Periodicidade (GOMES, 2014, p. 43)

A administração, o gerenciamento ou gestão de facilities sempre será alvo de novas


definições, o que é ótimo para o empreendimento ou negócio, conforme Gomes (2014, p. 38),

UNIDADE IV Sustentabilidade e Hospitalidade 134


o gerenciamento de facilities precisa receber uma nova definição que inclua seu potencial
de criatividade e inovação na dinâmica do mundo atual, conforme sugerimos aqui. Sua
atuação hoje está nas pessoas, processos, propriedades, produtos e preços. O desafio é a
integração de todas essas variáveis numa única fórmula, a partir das cinco perspectivas a
que se aplica o gerenciamento de facilities, os 5 Ps. Enfim, uma nova definição. Propomos
definir o facilities management como: A ciência integradora de pessoas, processos, pro-
priedades, preços e produtos, estrategicamente integrados e aplicados para o alcance dos
objetivos da instituição.

4.3 Os 5 Ps
A partir da análise de Gomes (2014), segue definições dos 5 Ps (Pessoas, Proces-
so, Propriedade, Produto e Preço):
Pessoas: É a razão de existir o facilities management e do próprio negócio/em-
preendimento. Qualquer organização tem como beneficiário final as pessoas. A pergunta
“para que” a organização existe, produz, atende, se atualiza, fábrica, assessora, compra e
vende tem o objetivo de atender a alguma demanda de pessoas. Dentro da visão totalizante
do gerenciamento de facilities, são os funcionários, turistas/clientes, prestadores de servi-
ços, consultores, terceirizados, visitantes, fornecedores, toda a comunidade e a sociedade
em geral de forma direta ou indireta tem relação com o mesmo.
Processo: Em facilities management o processo, é o caminho que percorre
a estratégia de gerenciamento com foco no negócio, de forma sistêmica, integrando
todos os aspectos da organização com a necessidade de seus turistas/clientes. De uma
forma objetiva, os processos devem atender, direcionar e superar as várias demandas
da admi-nistração e da sociedade, sempre inovando, com sustentabilidade.
Propriedade: É a gestão de atividades ativos tangíveis e intangíveis do empreen-
dimento/negócio/instituição. As propriedades são geridas pelo FM (facilities
management) para que se exerça o direito de consumir, alterar, compartilhar, redefinir,
vender, trocar, transferir, ceder, alugar, hipotecar, penhorar ou descartar e destruir,
quando assim for determinado. É através da expertise do gerenciamento de facilities
que são realizadas as aquisições, manutenções, renovações e análises para tomada de
decisão.
Produto: Pode ser definido como uma utilidade a ser oferecido no mercado para
satisfação, desejo ou necessidade de uma pessoa, uma família ou um grupo de pessoas.
São exemplos: serviços, que incluem transportes, viagens, alimentação, assessorias,
consultorias, serviços financeiros (moedas estrangeiras) e outros, sob o ponto de vista
econômico, financeiro e mercadológico.

UNIDADE IV Sustentabilidade e Hospitalidade 135


Preço: Caracteriza o custo/onûs da operação, produto ou serviço do FM, por meio
de um valor financeiro, expresso em números de acordo com a moeda corrente do País, ele
está associado a uma mercadoria, um serviço ou a compra ou aluguel de um determinado
patrimônio. Quanto maior a complexidade e a qualidade nas outras variáveis P apresen-
tadas, maior o preço (exemplo aluguel de um jatinho de Foz do Iguaçu para o Jalapão).
Caso haja menor qualidade nessas variáveis, refletirá (teoricamente) em preços menores
(exemplo aluguel de um ônibus de turismo de Brasília a Florianópolis (por exemplo). É
parte integrante das análises do ciclo de vida útil do bem, do produto ou do patrimônio. Em
razão disso, a variável é frequentemente destacada pelo stakeholders (grupo de interesse),
contratantes e demais envolvidos nos processos de decisão do valor. Há muito tempo
é desejado, não só pela facilities management, que o preço deixe de ser visto apenas
como custo e passar a ser compreendido e entendido como valor, desta forma, a área
terá o devido reconhecimento por suas contribuições.
Para um empreendimento ou uma organização ser eficiente, assertiva e efetiva,
teorias organizacionais técnicas, indicam que estas cinco variáveis alinhadas, equilibram e
sustentam umas às outras.

4.4 Estudo de caso: Porto de Galinhas


Em virtude das amplas piscinas naturais, o vilarejo de Porto de Galinhas em Ipoju-
ca, litoral sul de Pernambuco, recebe normalmente mais de oitocentas mil pessoas por ano
vindas do exterior e do próprio país. Neste momento, esse número deve ser outro. O local
tem uma enorme quantidade de hotéis, resorts, bagalôs e spas com ampla variedade de
categorias. Os empreendimentos estão distribuídos na orla ou próximo dela na própria vila,
somando-se com as praias do Cupe e Muro Alto.
O site de viagens chamado Melhores Destinos realizou em outubro de 2019 uma
pesquisa com 25 mil participantes/leitores para avaliação de 300 resorts, onde avaliaram
as hospedagens, dando nota de 1 a 10 em três categorias diferentes: Gastronomia, Custo-
-benefício e Conforto e Lazer.
Em primeiro lugar ficou o resort Salinas de Maragogi em Alagoas, bem próximo a
Porto de Galinhas-PE. Em segundo ficou o Wish Foz do Iguaçu, em terceiro o Vivá Porto
de Galinhas e em sexto o Nannai Resort & Spa (Com nota 9,4 no Booking é um dos resorts
mais bem avaliados do Brasil).

UNIDADE IV Sustentabilidade e Hospitalidade 136


De acordo com o site Melhores Destinos, o primeiro colocado tem 66 mil metros
quadrados de área, tem o Rio Maragogi que passa pelo hotel. Além das belezas naturais
próximas, o hóspede também conta com quadras de tênis, campos de vôlei e futebol, centro
náutico e de mergulho, piscinas, quatro bares, três restaurantes, academia e spa. Os
quartos têm vista para o mar, jardim ou piscina, e a estadia é no sistema all-inclusive (todas
as refeições, lanches e bebidas alcoólicas já incluídas na diária). Contam com uma
infraestrutura e as atividades de lazer oferecidas pelo resort espetacular e com os shows
noturnos.
Seguindo a lista desse ranking, tem resorts para todo tipo de gosto, tem um com
07 piscinas, restaurantes temáticos, quadras de tênis, hidromassagem, quadra para vôlei
de praia e poliesportiva, campos de futebol society e atividades como arco e flecha,
slackline, arvorismo, escalada e tirolesa.

FIGURA 5 - RANKING DE RESORTS BRASILEIROS

Fonte: disponível em: https://www.melhoresdestinos.com.br/melhores-resorts-do-brasil.html.

Acesso em: 08 jun. 2021.

O intrigante ou apenas curioso desta pesquisa, é que nesse ranking pode-se


verificar que existem hotéis com categoria de luxo acima dos três primeiros colocados e
mesmo assim não conseguiu desenvolver nessa unidade um padrão de satisfação maior
ou mais completo pelo hóspede/consumidor/cliente/turista. Isso se deve a múltiplos
fatores começando pelo facilities management (gestão de facilidades).
A partir do momento que os hóspedes preenchem o guest comments, seja por
e-mail, via QR Code ou enviando o link de acesso ao guest comment para dar a opinião
sobre a satisfação e desempenho do hotel. Os mesmos também fazem questão de divul-

UNIDADE IV Sustentabilidade e Hospitalidade 137


gar em suas redes sociais. “O guest comments (comentários do hóspede) é chamado e
conhecido como um livro de elogios, reclamações, sugestões e podem também endereçar
suas percepções, anotando os todos os diferenciais de sua hospedagem/estadia”. Gomes
(2014,p.123). Obviamente auxilia como um termômetro para a área de facilities investi-
gar se têm sido entregues serviços com alta qualidade ou se existem aspectos a serem
melhorados e modificados. Nessa conjuntura é visto que ao trabalhar em todos os Ps de
facilities (propriedades, processos, produtos, pessoas e preços), o esforço e o investimento
em conscientizar as todas as equipes para buscar o melhor atendimento, dedicação ao
hóspede e humanização do serviço, faz absoluta diferença, obtendo ótimos resultados.
(GOMES, 2014).
Esses são os objetivos gerais obtidos pelo guest comments:
● Conhecer a imagem do hotel perante o público;
● Medir a satisfação dos seus hóspedes com os serviços prestados pelos colabo-
radores;
● Avaliar os resultados gerados por cada setor;
● Descobrir como o serviço prestado por seus profissionais é avaliado pelos hós-
pedes;
● Saber quais pontos de contato do hotel com o público apresentam falhas ou
fraquezas e como melhorá-las;
● Descobrir a melhor forma de abordar o público no que se refere a horários de
contato, tom da comunicação e várias formas de abordagem;
● Otimizar a abordagem aos hóspedes, tornando o atendimento mais rápido,
eficaz e produtivo;
● Melhorar a comunicação interna do hotel (entre colaboradores).

Todos os potenciais da hotelaria estão interligados com o processo, em facilities


management e a estratégia de gerenciamento. O foco exclusivo e sistêmico é para o negó-
cio, integrando todos os aspectos da organização com a necessidade dos clientes.
Os potenciais são alcançados quando os desafios são ultrapassados e o equilíbrio
dinâmico entre formação técnica e capacidade de hospitalidade formam uma unidade.
O futuro da indústria da Hospitalidade refletirá as mudanças que estão ocorrendo
com a população – que está envelhecendo e tornando-se mais diversificada culturalmente.
Os avanços tecnológicos estão ampliando os caminhos. Tanto a maior popularidade dos
jogos de azar como a crescente preocupação com o meio ambiente mudarão o formato do
segmento lazer da indústria da Hospitalidade. (CHON e SPARROWE, 2014, p. 297).

UNIDADE IV Sustentabilidade e Hospitalidade 138


Concluindo, a atuação do profissional de turismo deve ser guiada por valores e
princípios éticos que tenham relação com o modelo de turismo com sustentabilidade. É
possível se atualizar com o glossário do turismo (Mtur, 2018). O Código de Ética do Bacharel
em Turismo e dos Profissionais em Hotelaria são as bases conceituais e objetivas a serem
seguidas como âncora, e todos os profissionais terão que se adaptar à essa nova realidade,
acompanhando a crescente sofisticação dos consumidores juntamente com a globalização.

UNIDADE IV Sustentabilidade e Hospitalidade 139


SAIBA MAIS

MTUR INICIA QUALIFICAÇÃO EM TURISMO E HOSPITALIDADE EM MUNICÍPIOS


RORAIMENSES

Qualificação é voltada a gestores públicos, privados e de organizações sociais da rota


turística “Boa Vista e Monte Roraima – Caminhos de Chico Mendes”, Crédito: Ederson
Brito/MTUR.
O Ministério do Turismo promoveu, uma aula inaugural do curso gratuito e online “Trilhas
para a hospitalidade: criando roteiros para o bem receber”. A iniciativa é voltada para
gestores públicos, privados e de organizações sociais que atuam na rota turística. O ob-
jetivo da qualificação, que deve durar 26 dias, é aprimorar competências de cerca de 60
profissionais e gestores de turismo da região, ao disponibilizar conteúdos relacionados
à educação para o turismo e suas interfaces, hospitalidade e elaboração de roteiros.
QUALIFICAÇÕES - Ao todo, desde o ano passado, o Ministério do Turismo já promo-
veu 23 capacitações em rotas turísticas estratégicas do país no âmbito do programa
Qualifica + Turismo. Até o final do ano, a expectativa é encerrar outros 7 cursos. Para
identificar as demandas de capacitação em cada destino turístico, o Ministério do Tu-
rismo firmou um acordo de cooperação, ainda no ano passado, com a Universidade de
Brasília. A ideia é identificar as principais necessidades de qualificação de cada rota tu-
rística estratégica do país e, desta forma, direcionar as capacitações para trabalhadores
e gestores do setor.
As qualificações são realizadas pelo Ministério do Turismo, sob a coordenação da UnB,
e contam com a participação da Rede Nacional de Pesquisadores e da Rede de Insti-
tuições de Ensino locais. Com este formato, a previsão é realizar, até o final do ano, 30
capacitações nas rotas turísticas que integram o programa Investe Turismo.
O programa Investe Turismo busca acelerar o desenvolvimento, aumentar a qualidade
e a competitividade de rotas estratégicas brasileiras por meio de uma série de ações,
entre elas a capacitação, desenvolvidas em parceria com o Sebrae e a Embratur.

Fonte: COSTA, Amanda. MTUR INICIA QUALIFICAÇÃO EM TURISMO E HOSPITALIDADE EM MUNI-

CÍPIOS RORAIMENSES. MTUR, 2021. Disponível em: https://www.gov.br/turismo/pt-br/assuntos/noticias/

mtur-inicia-qualificacao-em-turismo-e-hospitalidade-em-municipios-roraimenses. Acesso em: 03 jun. 2021.

UNIDADE IV Sustentabilidade e Hospitalidade 140


SAIBA MAIS

QUAIS SÃO AS 3 CIDADES MAIS INTELIGENTES DO BRASIL? Connected


Smart Cities coloca Campinas, São Paulo e Curitiba no topo do ranking
nacional de cidades inteligentes.

Cada vez mais, é debatida a necessidade de consolidar pólos urbanos que sejam
refe-rência em conectividade, inovação, colaboratividade, transparência e atenção às
pes-soas e ao meio ambiente: as cidades inteligentes.
Com foco nesse debate, alguns rankings têm sido estabelecidos, a fim de destacar
os municípios mais inteligentes e hiperconectados. Uma dessas listas é a do
Connected Smart Cities, órgão responsável por uma plataforma que, com o apoio
de empresas, entidades e governos, busca pensar melhorias para cidades mais
inteligentes. Os mu-nicípios são avaliados nos seguintes eixos: mobilidade e
acessibilidade, meio ambiente, urbanismo, tecnologia e inovação, saúde, segurança,
educação, empreendedorismo, energia, governança e economia. Confira os
indicadores que fizeram de Campinas, São Paulo e Curitiba as campeãs do último
levantamento.
1. Campinas (SP): De acordo com o Connected Smart Cities, a cidade, que é a maior
do interior paulista, teve destaque em quatro principais frentes: economia e tecnologia
e inovação (1º lugar), empreendedorismo (2º lugar), governança (3º lugar) e mobilidade
(4º lugar). Com cinco parques tecnológicos e cinco incubadoras, a campeã do ranking
conta com 45,7% das conexões de banda larga com velocidade superior a 34 MB e 30
pontos de acesso à internet por 100 habitantes.
2. São Paulo (SP): A capital paulista, embora tenha ficado na vice-liderança, manteve-se
na primeira posição do recorte de mobilidade e acessibilidade. De acordo com o relatório,
isso se deve, em parte, às conexões interestadual e aeroviária (Congonhas e Guarulhos).
Outro aspecto considerado é a ampla quilometragem de ciclovias, embora ela seja peque-
na quando se trata da proporcionalidade em relação ao número de habitantes.
3. Curitiba (PR): Assim como São Paulo, Curitiba já povoava o ranking há muitas edi-
ções. A capital paranaense está em terceiro lugar e ocupa a liderança no quesito urba-
nismo, segmento, inclusive, em que é referência internacional.
Conforme aponta o relatório do Connected Smart Cities, um dos aspectos de destaque
da cidade é o atendimento urbano integral de água e esgoto. Outro ponto levantado é o
investimento de R $602,60 por habitante em urbanismo. Além disso, levou-se em conta
que 100% da população no âmbito urbano vive em áreas de médio e alto adensamento.

Fonte: Quais São As 3 Cidades Mais Inteligentes do Brasil?.Summit mobilidade urba-


na, 2021. Disponível em: https: //summitmobilidade.estadao.com.br/ir-e-vir-no-mundo/
quais-sao-as-3-cidades-mais-inteligentes-do-brasil. Acesso em: 31 maio. 2021.

UNIDADE IV Sustentabilidade e Hospitalidade 141


REFLITA

Trabalhar e pensar com sustentabilidade, é agir hoje para quem sabe, assegurar a sub-
sistência das novas gerações.
Num planeta que pede socorro e se aquece a cada dia é importante sim plantar árvo-
res, separar os lixos, despoluir rios, proteger animais e outros. É tão importante quanto,
é semear a consciência de que a garantia da vida, só acontecerá se for respeitado as
fronteiras da natureza.

Fonte: Frase de Nildo Lage[s/d], adaptada pela autora.

UNIDADE IV Sustentabilidade e Hospitalidade 142


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Chegamos ao fim dessa unidade IV e estamos diante de aspectos bem relevantes


sobre a sustentabilidade, sobre uma adequada gestão ambiental, sobre cidades
inteligentes e como as organizações turísticas podem ser influenciadas por esses fatores.
Se todos os empreendimentos turísticos juntamente com quem opera/atende, tiver o
suporte sobre práticas de sustentabilidade ambiental, social e econômica essa
engrenagem tem muitas chances de sempre obter bons resultados.
Tudo que vimos até aqui só terá caminho a percorrer e ter sucesso se estiver inte-
grada ao sistema que objetiva a mesma coisa.
É o conjunto desses fatores ou seja, estudos, pesquisas, ciência, tecnologia, inova-
ção, multi e interdisciplinaridade, práticas, faculdades, universidades, instituições, empre-
sas com reflexões e visões com foco local, regional e nacional, que abrange e possibilitará
a maior aproximação do turismo com as questões ambientais, somando, portanto, para um
desenvolvimento fundado e alicerçado nos princípios do que é sustentável.
As cidades são uma das maiores invenções já criadas pelo homem e continuamen-
te foram e serão objetos de desejos, oportunidades, sonhos e desafios da humanidade. O
turismo celebra esse encontro.

UNIDADE IV Sustentabilidade e Hospitalidade 143


LEITURA COMPLEMENTAR

INTERNACIONAL

American Airlines suspende álcool a bordo após confusões em voos

A American Airlines decidiu estender a suspensão do serviço de álcool em voo


até setembro, após relatos de passageiros indisciplinados a bordo de outras companhias
aéreas. As informações são da NBC News. A decisão foi anunciada em um memorando
interno no sábado, um dia após a Southwest Airlines anunciar que não retomará o serviço.
Nesta semana, uma passageira da Southwest Airlines agrediu uma aeromoça durante uma
discussão nos Estados Unidos. O motivo foi um pedido para que a passageira usasse
máscara contra a covid-19 durante o voo.
No comunicado, a American Airlines informou que “os comissários de bordo estão
na linha de frente todos os dias não apenas garantindo a segurança de nossos clientes, mas
também acalmando medos, respondendo a perguntas e aplicando políticas como máscaras
exigidas pelo governo federal.”
“Na semana passada, vimos alguns desses fatores de estresse criarem situações
profundamente perturbadoras a bordo de aeronaves”, disse a empresa. “Deixe-me ser
claro: a American Airlines não tolerará agressão ou maus-tratos às nossas tripulações.”
As companhias aéreas relataram 2.500 incidentes com passageiros indisciplinados
em 2021, anunciou a Federal Aviation Administration no início da última semana.
Deste número, ao menos 1.900 casos são relacionados aos passageiros que se
recusaram a utilizar máscaras contra a covid-19.

Fonte: American Airlines suspende álcool a bordo após confusões em voos. Notícia Uol, 2021.

Disponível em: https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2021/05/30/american-airlines-sus-

pensao-alcool.htm. Acesso em: 30 maio. 2021.

UNIDADE IV Sustentabilidade e Hospitalidade 144


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Cidades Sustentáveis Cidades Inteligentes
Autor: Carlos Leite
Editora: Grupo A
Sinopse: A obra oferece um panorama da sustentabilidade das
cidades, abordando seus maiores desafios: questões ambientais,
moradia, mobilidade, exclusão e segurança, oportunidades, gover-
nança. O autor propõe o debate de como tornar as cidades susten-
táveis e inteligentes, apresentando os conceitos mais importantes
do urbanismo sustentável, os novos paradigmas e exemplificando
as iniciativas bem-sucedidas com casos reais.

FILME/VÍDEO
Título: O turista
Ano: 2010.
Sinopse: Durante uma viagem improvisada à Europa para curar
um coração partido, o professor de matemática Frank Tupelo se vê
em uma situação extraordinária quando uma estranha sedutora,
Elise, cruza seu caminho. A paquera aparentemente inocente se
transforma em um perigoso jogo de gato e rato. O filme acontece
em lugares incríveis.

UNIDADE IV Sustentabilidade e Hospitalidade 145


REFERÊNCIAS

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156
CONCLUSÃO GERAL

Prezado(a) aluno(a),

Vimos ao longo dessas quatro unidades, em linhas gerais, que o turismo passa por
um processo permanente de desenvolvimento. É visto desde as primeiras civilizações até
em tempos atuais que o homem sapiens é inquieto e busca formas, meios e alternativas
para se locomover, alcançar e buscar sempre novos objetivos/desafios através das viagens.
Podemos destacar que os aspectos ligados à qualidade de vida, diversidade, mo-
bilidade, identidade, maior economia, dilemas das metrópoles, maior acesso à tecnologia
aumentam o potencial das pessoas em prol do bem estar. São transformações inovadoras
e positivas sem direito a retrocesso.
Em vários tópicos a expressão sustentável foi apresentada, mediante a materialização
de um aumento turístico significativo, países buscam cada vez mais ter cidades inteligentes,
hotelaria e hospitalidade com mais qualidade para aumentar o leque do setor turístico.
São grandes as expectativas e apostas mundiais no Brasil diante da preservação
dos recursos ambientais, do desenvolvimento sustentável, inserção de metas
ambientais tangíveis e permanentes. Neste momento, quando recursos naturais estão
lentamente diminuindo não pode ser mais aceitável omitir as expectativas ou ignorá-las.
É pujante e essencial essas definições e ações em favor do meio ambiente.
Há vários tipos de limitações no Brasil, como infraestrutura tecnológica, custos
operacionais e corrupção recorrente. Mas, mesmo nesse contexto, também há pessoas
inteiramente comprometidas a fim de desenvolver e executar o turismo, com profissionalis-
mo, políticas sérias, verdadeiras buscando reinventar os pilares econômicos, ambientais e
sociais. Como esse termo “cidades sustentáveis” está nos holofotes de toda a sociedade,
a relevância, a perspectiva e ações se tornam mais possíveis. Esperamos ter contribuído
para seu crescimento pessoal e profissional!

Até uma próxima oportunidade! Muito Obrigada!


Professora Denise S. Rodrigues

157
+55 (44) 3045 9898
Rua Getúlio Vargas, 333 - Centro
CEP 87.702-200 - Paranavaí - PR
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