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Espectro Autista
Professora Me. Larissa Kühl Izidoro Pereira
2022 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2021 Os autores
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Prezado (a) aluno (a), se você se interessou pelo assunto desta disciplina, isso já é o
início de uma grande jornada que vamos trilhar juntos a partir de agora. Proponho, junto com
você, construir novos conhecimentos sobre o Transtorno do Espectro Autista. Vamos com-
preender as principais características da criança com TEA. Além de estudar a fundo sobre
seu desenvolvimento, intervenções, campos de estudo, tipos de tratamento. Ao final dessa
disciplina, você terá ampliado seu conhecimento sobre a criança com TEA, podendo contribuir
ativamente para o desenvolvimento e aprendizagem desse aluno no ambiente escolar.
Sabemos que a Educação Inclusiva faz parte do atual contexto educacional, entre
as dificuldades de aprendizagens, deficiências e transtornos, será abordado o Transtorno do
Espectro Autista (TEA), que é um transtorno do desenvolvimento neurológico. A criança com
TEA apresenta características variadas que comprometem, desde as suas relações pessoais
até sua comunicação, além de afetar áreas emocionais, cognitivas, motores e sensoriais.
Na Unidade I, vamos estudar sobre o histórico do autismo, o diagnóstico da crian-
ça com TEA, bem como quais são os tipos de tratamentos e intervenções mais usados.
Questionamentos relacionados ao uso de medicamentos também serão respondidos. Essa
unidade é o início para você compreender o que é o Autismo.
Já na Unidade II você irá estudar sobre a equipe multidisciplinar, vimos brevemente
na unidade I sobre sua importância para o pleno desenvolvimento da criança com TEA,
agora, vamos aprofundar esse conhecimento, estudando especificamente cada profissional
que compõe a equipe multidisciplinar.
Depois, na Unidade III avançaremos para a interação social da tríade família, escola
e autismo. Como cada área interfere no desenvolvimento da criança com TEA, como elas
devem caminhar com o mesmo objetivo, você irá perceber como esses aspectos precisam
estar correlacionados, por fim, abordaremos sobre o TEA e o mercado de trabalho.
Em nossa Unidade IV, vamos finalizar o conteúdo dessa disciplina aprofundando
nosso conhecimento sobre a avaliação, o diagnóstico e tratamento da criança com TEA,
você estudou brevemente sobre o diagnóstico na unidade I, agora é o momento de conhecer
as diferentes correntes de avaliação, quais são seus processos formativos e o tratamento.
Aproveito para reforçar o convite a você, para que percorra junto conosco essa jor-
nada de conhecimento. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional.
UNIDADE I....................................................................................................... 3
Aspectos Psicológicos Relacionados ao Autismo
UNIDADE II.................................................................................................... 25
Equipe Multidisciplinar
UNIDADE III................................................................................................... 50
Interação Social: Família / Escola / Autista
UNIDADE IV................................................................................................... 77
Avaliação, Diagnóstico e Tratamento
UNIDADE I
Aspectos Psicológicos
Relacionados ao Autismo
Professora Me. Larissa Kühl Izidoro Pereira
Plano de Estudo:
● Diagnóstico: reconhecimento e detecção;
● Tratamento e intervenção: principais abordagens clínicas do TEA;
● Intervenções Frequentes: Uso De Hormônios, Aprimoramento De Funções
Comunicativas, Intervenções Clínicas Psicanalíticas, Procedimentos Multiprofissionais,
Uso De Ambientes Digitais De Aprendizagem Adaptados.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar historicamente quando o TEA
foi citado pela primeira vez, e sua trajetória desde então;
● Compreender como a definição do TEA sofreu alterações nos
documentos norteadores de diagnóstico - CID e DSM;
● Conhecer como cada modalidade terapêutica trabalha no TEA;
● Estabelecer a importância da Epidemiologia no TEA;
● Abranger as intervenções frequentemente mais utilizadas.
3
INTRODUÇÃO
SAIBA MAIS
A primeira criança diagnosticada com autismo foi Donald, filho de Oliver Triplett Jr. e
Mary. O pai enviou uma carta para o médico Leo Kanner, descrevendo detalhadamente
os primeiros cinco anos de vida de seu filho. Ele relatou que seu filho parecia não querer
ficar perto da mãe, e permanecia totalmente alheio a todos à sua volta, tinha ataque de
raivas frequentes, e achava objetos giratórios infinitamente fascinantes. Mesmo com
esses problemas de desenvolvimento, Donald apresentava talentos incomuns, com dois
anos memorizou o salmo 23, cantou sozinho e com afinação perfeita músicas que havia
ouvido de sua mãe uma única vez. Tinha ouvido absoluto.
A revista BBC News Brasil encontrou Donald em 2007, com 82 anos, vivendo em sua
própria casa, em uma pequena cidade onde todos os conheciam, tinha um Cadillac para
percorrer as redondezas e um hobby: o golfe. Sozinho, ele rodou os Estados Unidos e
conheceu outros países.
Fonte: DONVAN, I. Z. Como toda uma cidade ajudou o primeiro menino diagnosticado com autismo
a superar obstáculos e ser feliz. BBC News Brasil. Abril, 2016. Disponível em: https://www.bbc.com/por-
De acordo com Klin (2006), as concepções de Leo Kanner (1943) passam a terem
alterações a partir de Rivto (1978), que relaciona o autismo a um déficit cognitivo, consi-
derando-o não como uma psicose, mas sim, um distúrbio do desenvolvimento.Klin (2006)
pontua que Rivto (1978) propõe uma definição do autismo com base em quatro critérios:
1) atraso e desvio sociais não só como função de retardo mental; 2) problemas de comu-
nicação, novamente, não só em função de retardo mental associado; 3) comportamentos
incomuns, tais como movimentos estereotipados e maneirismos; e 4) início antes dos 30
meses de idade (KLIN, 2006, p. 64).
Comportamentos repetitivos
Gravidade do TEA Comunicação Social
e interesses restritos
REFLITA
Você já parou para pensar sobre os custos e acessos das terapias e intervenções neces-
sárias para crianças com TEA? Muitas famílias encontram dificuldades para tratamentos.
Fonte: Sem cura e com tratamento caro, autismo é desafio para pais e instituições sociais.
Profissão repórter, g1. 2019. Disponível em: https://g1.globo.com/profissao-reporter/noticia/2019/06/20/sem-
-cura-e-com-tratamento-caro-autismo-e-desafio-para-pais-e-instituicoes-sociais.ghtml.Acesso em: 27 set. 2021.
Nesta unidade nós vimos sobre o conceito histórico do autismo, e o longo caminho
de estudos percorridos até o momento. O autismo é uma síndrome intrigante, desafiando o
conhecimento sobre a natureza humana. Sua definição sofreu alterações no CID e também
no DSM no decorrer dos anos, são desdobramentos nos critérios e instrumentos de diag-
nósticos da etiologia multifatorial, incluindo fatores genéticos, ambientais e epigenéticos
que colocam o TEA em uma posição de destaque nos últimos anos.
As possibilidades de intervenção para TEA são inúmeras e o trabalho da equipe
multidisciplinar é fundamental para o desenvolvimento da criança. O aumento do número
de crianças diagnosticadas com TEA nos oferece um cenário futuro em que todas as insti-
tuições deverão criar condições para trabalhar com essas crianças.
Na próxima unidade veremos como cada profissional da equipe multidisciplinar
contribui para o desenvolvimento da criança com TEA, além dos aspectos teóricos e práti-
cas da avaliação diagnóstica na educação, estudos que contribuirão ainda mais para o seu
conhecimento e formação. Te encontro lá!
LIVRO
Título: Um antropólogo em Marte
Autor: Oliver Sacks.
Editora: Companhia das Letras.
Sinopse: Escrito pelo neurologista anglo-americano Oliver Sacks,
baseado em seis estudos de casos clínicos extraordinários do
autor sobre indivíduos com condições neurológicas paradoxais, e
como esses indivíduos cujas vidas muitas vezes são pressionadas
com situações limites, trágicas e dramáticas podem nos ajudar a
compreender melhor o que somos, podendo nos levar a um estado
de desenvolvimento pessoal e profissional.
FILME / VÍDEO
Título: Arthur e o infinito
Ano: 2012.
Sinopse: Marina e César são os pais de duas crianças, Sofia de
10 anos e Arthur, de 6 anos. Quando Arthur tinha um ano e meio
de idade, começou a apresentar um comportamento diferente das
outras crianças, como por exemplo a sua comunicação era precária,
parecia não ouvir quando seus pais o chamavam e quase não tinha
contato visual. Essas características levaram os pais a procurarem
médicos e especialistas. A longa busca dos pais só terminou quan-
do Arthur completou seis anos, e foi diagnosticado como autista.
Marina sente maior responsabilidade sobre o menino e decide se
dedicar unicamente a tentar desenvolve-lo o máximo possível. A
família passará por momentos difíceis e desafiadores, onde Marina
colocará em questão a sua capacidade de lidar com seu filho.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=33Fv3_0s0rE
Plano de Estudo:
● A importância da presença de uma equipe multidisciplinar: Terapeuta
ocupacional, Psicólogo, Neuropsicólogo, Fonoaudiólogo, Educador, psicopedagogo;
● O diagnóstico e as intervenções necessárias;
● Compreender os profissionais da equipe multidisciplinar: Terapeuta Ocupacional
e fisioterapia: a importância da psicomotricidade;
● Estabelecer a importância do psicólogo e do neuropsicólogo na intervenção
da criança com TEA;
● O papel do fonoaudiólogo, do educador e psicopedagogo;
● Aspectos teóricos e práticos da avaliação diagnóstica e multidisciplinar na educação.
Objetivos da Aprendizagem:
● Compreender a importância da equipe multidisciplinar;
● Contextualizar algumas áreas profissionais que fazem parte da equipe multidisciplinar,
como, Terapeuta ocupacional, Psicólogo, Neuropsicólogo,
Fonoaudiólogo, Educador, psicopedagogo;
● Estabelecer a importância do diagnóstico e
● das intervenções realizadas a partir dele.
25
INTRODUÇÃO
UNIDADE II
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Aspectos
Multidisciplinar
Psicológicos Relacionados ao Autismo 26
1. A IMPORTÂNCIA DA PRESENÇA DE UMA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR:
TERAPEUTA OCUPACIONAL, PSICÓLOGO, NEUROPSICÓLOGO,
FONOAUDIÓLOGO, EDUCADOR, PSICOPEDAGOGO
Como você já sabe, o Transtorno do Espectro Autista possui uma complexa natureza
etiológica, e como explicado brevemente na unidade I, a equipe multidisciplinar faz toda dife-
rença na aprendizagem e desenvolvimento da criança com TEA. As abordagens multidiscipli-
nares precisam ser efetivadas, visando não somente a questão educacional e da socialização,
mas também a questão médica e a tentativa de estabelecer quadros clínicos bem definidos,
com princípios precisos e abordagens terapêuticas eficazes (JUNIOR e PIMENTEL, 2000).
Com maior precisão de diagnóstico, resultadas das pesquisas clínicas, um “grande
número de sub síndromes ligadas ao complexo “autismo” devem ser identificadas nos pró-
ximos anos, de forma que os conhecimentos sobre a área aumentem de modo significativo
em um futuro próximo” (JUNIOR e PIMENTEL, 2000, p. 39).
Os autores também reforçam sobre como o desenvolvimento dessas pesquisas
biológicas e cognitivas podem contribuir de forma efetiva para pouco a pouco o autismo ser
melhor compreendido e analisado. Enfatizando que apenas com uma visão médica, a partir
de modelos científicos claros é que “poderemos contribuir para o estudo da questão, ao
mesmo tempo em que nos dispomos a pensar realisticamente o problema dessa população
afetada” (JUNIOR e PIMENTEL, 2000, p. 39).
UNIDADE II
I Equipe
Aspectos
Multidisciplinar
Psicológicos Relacionados ao Autismo 27
Outro ponto a destacar é que as terapias sem objetivo bem definido trazem pouco
ou nenhum resultado. É fundamental que o tratamento seja feito em conjunto, em que,
médicos, família, escola e demais terapias necessárias para o paciente com TEA estejam
em plena sintonia.
Os autores Silvia; Gaiato e Reveles (2012, p. 106) apresentam alguns pontos
importantes para que a criança autista tenha um bom desenvolvimento. Eles chamam de
“10 mandamentos para o bom desenvolvimento da criança com autismo” apresentados no
quadro abaixo.
UNIDADE II
I Equipe
Aspectos
Multidisciplinar
Psicológicos Relacionados ao Autismo 28
O treino em comunicação é muito importante e,
para isso, é preciso empregar o maior número
possível de recursos, e agir com rapidez. O inves-
timento nessa área trará consequências sociais
muito positivas, já que a criança conseguirá intera-
3. Hiper investimento em comunicação gir e entender melhor seus pares. Mesmo que ela
encontre dificuldades, a estimulação na linguagem
jamais deve ser interrompida. Se a criança não
conseguir desenvolver uma linguagem falada, ou-
tras estratégias devem ser traçadas para garantir
que ela consiga se expressar, como, por exemplo,
comunicação por trocas de figuras.
UNIDADE II
I Equipe
Aspectos
Multidisciplinar
Psicológicos Relacionados ao Autismo 29
A observação e a imitação são pré-requisitos so-
ciais. É importante que a criança tenha em seu
7. Contato com crianças “típicas”
ambiente modelos típicos para aprender e imitar.
(sem autismo) O contato com crianças “típicas” propicia estimula-
ções diferentes daquelas obtidas em terapia.
Fonte: SILVIA, A. B. B.; GAIATO, M. B.; REVELES, L. T. Mundo singular, entenda o autismo. Fortanar, p. 106-108. 2012.
UNIDADE II
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Aspectos
Multidisciplinar
Psicológicos Relacionados ao Autismo 30
2. O DIAGNÓSTICO E AS INTERVENÇÕES NECESSÁRIAS
A autora apresenta seis fatores principais que precisam ser analisados individual-
mente na pessoa com TEA:
UNIDADE II
I Equipe
Aspectos
Multidisciplinar
Psicológicos Relacionados ao Autismo 31
De acordo com a autora os sintomas específicos que a pessoa com TEA apresenta
dependem desses seis fatores, alguns não são independentes entre si, mas não podem ser
reduzidos uns aos outros.
Os profissionais que trabalham com crianças com TEA precisam desenvolver um
planejamento que contemple as necessidades de cada paciente. A partir daí é possível
organizar a rotina das intervenções com objetivos, recursos e estratégias para atender
individualmente cada caso (BLANCO, 2007).
Para que isso ocorra de maneira efetiva, os profissionais precisam conhecer todas
as possibilidades de aprendizagem da criança com TEA, quais fatores que podem favore-
cer a sua evolução e as demandas específicas daquela criança. Por isso, só após entender
a situação de cada um é que o profissional irá conseguir colaborar com o processo de
desenvolvimento e construção pessoal de cada um desses indivíduos (BLANCO, 2007).
Conhecendo as capacidades e habilidades de cada criança com TEA, os profissio-
nais poderão assim trabalhar com segurança, reconhecendo as demandas e traçando um
planejamento pertinente para cada caso.
Os profissionais precisam identificar as possibilidades de adaptação ao ambiente,
o uso de recursos e estratégias frente à diversidade de habilidades e necessidades da
criança com TEA. Após o reconhecimento das necessidades individuais apresentadas, é
fundamental que os ambientes em que a criança circule estejam preparados e que o ensino
seja estruturado, com estratégias, técnicas, adaptações que deem suporte às diferentes
necessidades de cada criança. Reforçar as habilidades por eles apresentadas é uma ótima
estratégia e ampliação da aprendizagem, já que a criança tem como desejo natural explorar
os ambientes. Essas estratégias devem ser planejadas pelos profissionais que atendem
a criança, sendo definidos, mais uma vez, de acordo com as necessidades individuais
(ROCHA; NARENE; CAPOIANCO; APARECIDA; BRITO e SANTOS, 2018).
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I Equipe
Aspectos
Multidisciplinar
Psicológicos Relacionados ao Autismo 32
3. COMPREENDER OS PROFISSIONAIS DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR:
TERAPEUTA OCUPACIONAL E FISIOTERAPIA: A IMPORTÂNCIA DA
PSICOMOTRICIDADE
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Multidisciplinar
Psicológicos Relacionados ao Autismo 33
O pilar intelecto, para Leite (2019) está relacionado com a compreensão do quanto
a pessoa conhece em oposição àquilo que sente e deseja, é o entendimento, a faculdade
de pensar e adquirir conhecimento iniciando em uma baixa complexidade até chegar na
alta complexidade mental. “A inteligência envolve a lógica, a abstração, a memorização, a
compreensão, o autoconhecimento, a comunicação, o aprendizado, o controle emocional,
planejamento e a resolução de problemas” (LEITE, 2019, p. 33).
Podemos dizer então, que a psicomotricidade está integrada às funções cognitivas,
socioemocionais, simbólicas, motoras e psicolinguísticas. Sem o intelecto, esses processos
não seriam possíveis.
Afeto deriva de um estado da alma, um sentimento, está relacionado à afetividade
e afetivo, compreendido na psicologia como a capacidade da pessoa em experimentar o
conjunto de fenômenos afetivos, emoções, sentimentos. “A afetividade consiste na força
exercida por esses fenômenos no caráter de uma pessoa” (LEITE, 2019, p. 36).
O vínculo entre professor-aluno, terapeuta-criança é fundamental para o processo de
desenvolvimento e aprendizagem. É necessário que a criança seja vista e atendida na sua
forma integral, levando em consideração os aspectos emocionais, motores, culturais e sociais.
A terapia precisa ser prazerosa para criança na maior parte do tempo, haverá
momentos em que a criança será resistente, principalmente quando novos objetivos forem
introduzidos, porém, um bom profissional, deve ser capaz de tornar a terapia divertida e
envolvente. O terapeuta precisa ser sensível às necessidades e as preferências da criança
(BERNIER; DAWSON e NIGG, 2021, p. 118).
Muitas crianças com TEA possuem aversão ou interesses sensoriais, inclusive as
sensibilidades sensoriais foram acrescentadas no DSM-5 como um dos critérios de diag-
nóstico. Em algumas situações, essas sensibilidades podem se tornar problemáticas. É
importante ressaltar, que, quando falamos em sensibilidade sensórias, estamos abordando
desde sensibilidade no paladar, como ruídos, luzes, uso de roupas.
A terapia ocupacional também contribui para reduzir as aversões sensoriais. Por
exemplo, trabalhar o uso de fones de ouvido para reduzir os sons do ambiente, usar uma
variedade de exposições táteis para a criança adaptar-se às sensações.
É comum também que a criança com TEA apresentam dificuldade na motricidade
fina e ampla, a criança pode ser desajeitada ou não muito coordenada, além dos desafios
com as habilidades motoras finas, como movimentos de pinça, manusear lápis ou usar
instrumentos como tesouras.
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Multidisciplinar
Psicológicos Relacionados ao Autismo 34
Fisioterapia e terapia ocupacional são abordagens de tratamento bem apoia-
das para abordar esses desafios. A melhora nas habilidades motoras amplas
ajuda seu filho a se entrosar nas atividades rotineiras na escola ou na área
de recreação. Ser incapaz de correr, brincar de pega-pega ou pular em uma
casinha inflável com seus pares reduz suas oportunidades de se envolver
com eles, de praticar as principais habilidades sociais trabalhadas na terapia
e, por fim, de construir a competência social que serve como o fundamento
para a aprendizagem (BERNIER; DAWSON e NIGG, 2021, p. 120).
Nesse sentido, garantir que a criança tenha habilidades motoras apropriadas pode
contribuir com a sua capacidade de se envolver com os outros, como brincar, realizar ativi-
dades escolares, entre outras.
O fisioterapeuta, assim como o terapeuta ocupacional, possibilita melhorias mo-
toras e mentais, a partir de técnicas que estimulem a proximidade ao paciente, diálogo,
integração social e a independência da criança. Ele consegue atuar na prevenção e melho-
ria de situações patológicas. Esse trabalho acontece por avaliações musculoesqueléticas,
relacionadas à ergonomia, diagnósticos, aplicação de exames, prescrição e planejamento.
Atuando, assim, na promoção da qualidade de vida e reabilitação do paciente (MAIA; MOU-
RA; MADEIROS; CARVALHO; SILVA e SANTOS, 2015).
A fisioterapia é de fundamental importância para pessoas com TEA, no tratamento
dos acometimentos motores e na prevenção de agravos ao estado da criança. Entre as
estratégias existentes para tratar crianças com TEA, há a sigla mnemônica SPECTRUM:
Sequência prática, Percepção, Equilíbrio, Coordenação, Tônus, Resistência, Uniformidade,
Marcos motores, desenvolvido para facilitar a avaliação, o raciocínio clínico e as tomadas de
decisão sobre as abordagens terapêuticas das crianças com TEA (MENDONÇA et al., 2015).
As intervenções da terapia ocupacional e da fisioterapia irão contribuir para in-
gressão da criança com TEA ao convívio social, treinando habilidades de concentração,
melhorando ou excluindo movimentos anormais, contribuindo para o autocontrole corporal,
além das habilidades motoras, equilíbrio e coordenação também serem trabalhadas.
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4. ESTABELECER A IMPORTÂNCIA DO PSICÓLOGO E DO NEUROPSICÓLOGO
NA INTERVENÇÃO DA CRIANÇA COM TEA
O psicólogo, com sua formação específica e definida, também faz parte da equipe
multidisciplinar necessária para contribuir no desenvolvimento da pessoa com TEA. Seu
conhecimento na área do desenvolvimento humano possibilita condições para detectar
as áreas defasadas e comprometidas, para tanto, o relato e observações da família são
fundamentais para o processo. É importante que o psicólogo esteja atualizado com os
trabalhos e pesquisas recentes para orientar a família. A sua sensibilidade diante da criança
e do nível de comprometimento desta é importante para que ele saiba adequar propostas
terapêuticas que realmente a beneficiem (ELLIS, 1996 apud SOUZA et al., 2004).
A autora Amiralian (1986) apresenta importantes discussões sobre a contribuição
da psicologia para pessoas com deficiência, espectro ou transtornos, independente dos ní-
veis de desenvolvimento, todas elas precisam desenvolver seus sentimentos de autovalor
e autoconfiança, assim como confiar no outro, buscar sua independência. Mesmo com as
limitações de cada um, o dever do psicólogo, da equipe multidisciplinar, do educador, dos
pais, é ajudar essa pessoa a acreditar em si mesmo, a buscar o sentido de realização e
sentimentos de autovalor.
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FIGURA 1 – AUTOCONHECIMENTO
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5. O PAPEL DO FONOAUDIÓLOGO, DO EDUCADOR E PSICOPEDAGOGO
Como você já sabe, o TEA envolve uma ampla gama de distúrbios neurodesenvol-
vimentais, tendo como eixos centrais três grandes áreas: dificuldades de interação social,
dificuldades de comunicação verbal e não verbal e padrões restritos e repetitivos de com-
portamento (FERNANDES; CARDOSO; SASSI; AMATO e SOUSA-MORATO, 2008).
Nesse sentido, a comunicação para pessoas com TEA é um grande desafio e está
diretamente relacionada com o nível de comprometimento da criança, nos casos mais
graves a dificuldade é ainda maior para conseguir efeitos desejáveis no mundo físico. No
nível intermediário carecem da competência necessária para desenvolver as atividades co-
municativas que apresentam finalidade de compartilhar a experiência interna. No TEA grau
leve, as crianças conseguem realizar funções comunicativas que permitem compartilhar
experiência, a dificuldade está em conseguir uma comunicação com flexibilidade espontâ-
nea, fluida (COOL; MARCHESI e PALACIUS, 2007).
Segundo os autores, conforme a tradição estabelecida na psicologia do desenvolvimen-
to, a comunicação é uma conduta que apresenta três propriedades essenciais: É uma atividade
intencionada. Refere-se a algo, ou seja, é intencional. Realiza-se por meio de significantes.
De acordo com Cool, Marchesi e Palacius (2007) as condutas comunicativas apa-
recem nas crianças normais no último trimestre do primeiro ano de vida, com diversas
funções significativas, duas que se sobressaem por sua importância: A função de intercam-
biar o mundo físico ou conseguir algo dele, e a função de intercambiar o mundo mental do
colega de interação, compartilhando uma experiência interior.
UNIDADE II
I Equipe
Aspectos
Multidisciplinar
Psicológicos Relacionados ao Autismo 38
As manifestações comportamentais que definem o TEA incluem comprome-
timentos qualitativos no desenvolvimento sociocomunicativo, bem como a
presença de comportamentos estereotipados e de um repertório restrito de
interesses e atividades, sendo que os sintomas nessas áreas, quando to-
mados conjuntamente, devem limitar ou dificultar o funcionamento diário do
indivíduo (APA, 2013, p. 25).
UNIDADE II
I Equipe
Aspectos
Multidisciplinar
Psicológicos Relacionados ao Autismo 39
SAIBA MAIS
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada cento e ses-
senta crianças em todo o mundo tem algum Transtorno do Espectro Autista (TEA). A
condição afeta como a pessoa vê, ouve, sente e interage com o mundo ao seu redor, em
diferentes graus. Pode dificultar a comunicação, a interpretação de sinais. Assim como
na população em geral, algumas pessoas autistas são bastantes sociáveis, outras são
mais tímidas e retraídas. Como as pessoas autistas têm mais dificuldade em interpretar
o comportamento e a linguagem corporal dos outros, elas podem não conseguir iden-
tificar quando é apropriado iniciar, terminar ou entrar em uma conversa. Convidá-las a
contribuir para uma discussão e fazer perguntas diretas pode ajudar.
Fonte: BBC. Dez coisas que pessoas autistas querem que os outros sabem sobre elas. BBC News Brasil.
UNIDADE II
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Aspectos
Multidisciplinar
Psicológicos Relacionados ao Autismo 40
O profissional que irá trabalhar com crianças autistas precisa ter claro que todos
têm capacidade para aprender, mesmo dentro de suas limitações. Algumas dificuldades
Cunha (2020) ressalta que inicialmente o mais importante para a criança com TEA
mento escolar. Apresenta alguns aspectos comuns em crianças com TEA que precisam ser
para o aluno com TEA, para o ser humano e não no déficit, nas dificuldades. A educação
efetiva ocorrerá por intermédio de estratégias que transformem estas dificuldades em von-
tade de aprender e construir, dando autonomia para o aluno, com atividades de caráter
você irá ver isso nas próximas unidades. Essa parceria é fundamental para construir um
Alguns materiais podem ajudar a nortear o trabalho do professor, que vão desde
vimos alguns exemplos na primeira unidade, como o TEACCH, ABA, PECS (CUNHA, 2020).
tificar as facilidades e dificuldades do estudante autista, para que juntos possam planejar
UNIDADE II
I Equipe
Aspectos
Multidisciplinar
Psicológicos Relacionados ao Autismo 41
Nesse processo, em alguns casos, o professor pode se sentir intimidado, por não
dominar totalmente os aspectos do TEA, por isso, é necessário evidenciar que o papel
do professor é mediar as relações de aprendizagem do aluno e não ser especialista em
diagnóstico de autismo ou outra condição.
O professor precisa ter sua autoridade, pois “é a partir da sua avaliação pedagógica,
com auxílio do psicopedagogo, que deve partir o planejamento e a criação de estratégias
de aprendizagem para o estudante autista” (BRZOZOWSKI e BERTOLDI, 2020, p. 347).
O psicopedagogo precisa contribuir para que a escola e o professor superem o
laudo clínico da criança com TEA, antes de ser autista, ela é uma criança, com capacidades
e possibilidades de aprendizagem. Ele também deve conhecer técnicas e métodos variados
que auxiliem o autista a desenvolver habilidades e agregar conhecimentos, de acordo com
as necessidades específicas de cada aluno (BRZOZOWSKI e BERTOLDI, 2020).
Você pode concluir que o papel do psicopedagogo é fundamental para o acom-
panhamento da criança com TEA, assim como de toda a equipe multiprofissional, que
envolve neuropsicólogo, neuropediatra, psicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional,
fisioterapeuta, entre outros, dependendo das necessidades de cada criança com TEA.
No próximo tópico você irá estudar sobre a avaliação diagnóstica na equipe multi-
disciplinar e sua importância na intervenção da criança com TEA. Venha comigo!
UNIDADE II
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Aspectos
Multidisciplinar
Psicológicos Relacionados ao Autismo 42
6. ASPECTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS DA AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA E MULTI
DISCIPLINAR NA EDUCAÇÃO
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Psicológicos Relacionados ao Autismo 43
O diagnóstico, definido pelo DSM-V e pelo CID-10 é realizado com base em uma
avaliação comportamental, pois ainda não existem exames clínicos que possam contribuir
significativamente para o diagnóstico. Como você já viu, as características se baseiam na
tríade (COSTA, 2014).
REFLITA
Você já parou para pensar na aceitação dos pais sobre o diagnóstico de TEA? Estudos
mostram que 57% dizem não saber o que fazer e como agir diante dos comportamentos
desafiadores. A aceitação é fundamental para o diagnóstico precoce e o início das inter-
venções necessárias.
Fonte: BANDEIRA, G. Como aceitar o diagnóstico de autismo? 13 de maio de 2021. Disponível em:
UNIDADE II
I Equipe
Aspectos
Multidisciplinar
Psicológicos Relacionados ao Autismo 44
TABELA 3 – SINTOMAS EXISTENTES NA PRIMEIRA INFÂNCIA
(Mestrado em Educação Especial) Escola de Educação Superior João de Deus, Lisboa, Julho 2014. p. 47.
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Multidisciplinar
Psicológicos Relacionados ao Autismo 45
TABELA 4 – INSTRUMENTOS UTILIZADOS PARA O DIAGNÓSTICO DO TEA
(Mestrado em Educação Especial) Escola de Educação Superior João de Deus, Lisboa, Julho 2014. p. 48.
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Multidisciplinar
Psicológicos Relacionados ao Autismo 46
A equipe multidisciplinar pode contribuir para o diagnóstico, chegando juntos a uma
conclusão, a partir daí o principal objetivo da equipe é tornar a criança mais independente
e autônoma possível. A equipe precisa ser integrada, com serviços específicos de inter-
venção, que funciona em rede, com profissionais diversificados, como vimos anteriormente
(COSTA, 2014).
UNIDADE II
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Aspectos
Multidisciplinar
Psicológicos Relacionados ao Autismo 47
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade você viu sobre a importância da equipe multidisciplinar, entre eles,
o terapeuta ocupacional, psicólogo, neuropsicólogo, fonoaudiólogo, educador e psicope-
dagogo, compreendendo a função de cada um no trabalho de desenvolvimento da criança
com TEA. Além de saber um pouco mais sobre o diagnóstico e as intervenções necessárias.
O trabalho da equipe multidisciplinar, junto com a família, resulta em qualidade de
vida para a pessoa com TEA, cada especialista contribui, dentro de sua área, a construir
esse caminho.
As principais dificuldades encontradas dentro da equipe multidisciplinar, mesmo
com instrumentos necessários e adequados para o atendimento é a inexperiência com
crianças dentro do espectro, em saber manejar no dia a dia, pois, é uma área que necessita
de capacitação devido à complexidade do transtorno (SOUZA, 2021).
A variedade dos sintomas e manifestações comportamentais, como você já viu an-
teriormente, é um desafio para os profissionais, já que não há uma única abordagem eficaz
em todos os casos. Nesse contexto, o trabalho multidisciplinar é uma alternativa capaz de
mobilizar saberes e conhecimentos de várias disciplinas e pontos de vista diferentes que con-
tribuem para a compreensão do quadro e soluções para os problemas que são apresentados.
A parceria entre esses profissionais é a base da intervenção, para que as metas e
objetivos sejam atingidos, uma vez que apenas um procedimento, aplicado somente em um
contexto, não haverá mudança significativa.
UNIDADE II
I Equipe
Aspectos
Multidisciplinar
Psicológicos Relacionados ao Autismo 48
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: A diferença invisível
Autor: Julie Dachez; Mademoseille Caroline.
Editora: Nemo.
Sinopse: Este livro é de origem francesa, em formato de história
em quadrinhos. A personagem principal é a Marguerite, uma mu-
lher de 27 anos que tem uma vida normal, namorado, trabalha e
sai com os amigos. Porém, ela se sente totalmente deslocada em
diversas situações e não entende o motivo. Esse é o início da sua
jornada para descobrir o que acontece com ela. Quando enfim ela
recebe o diagnóstico de autismo, sua vida muda para melhor, e ela
segue em busca do autoconhecimento. Essa história é curta, fácil
de ler e traz a perspectiva de quem é tardiamente diagnosticado
com autismo. Mesmo sendo uma história em quadrinhos, ela tem
prefácio de especialistas nas áreas de psicologia e psiquiatria, e o
livro é baseado numa ideia de Fabianne Vaslet que é mãe de duas
crianças autistas.
FILME / VÍDEO
Título: Delicadeza é azul
Ano: 2020.
Sinopse: Documentário informativo que ajuda a reduzir a igno-
rância generalizada sobre o autismo. Os cineastas Yasmin Garcez
e Sandro Arieta procuram superar os preconceitos e entraves
ao entendimento menos superficial dessa condição repleta de
singularidades. Nesse panorama, são abordadas reflexões sobre
a busca de um melhor tratamento e questões sobre a inclusão
escolar. Apresenta um novo olhar sobre o autismo com questiona-
mentos sobre o significado de uma comunicação relevante através
dos cinco sentidos. O roteiro busca mostrar o valor do respeito, do
amor e da delicadeza como elementos transformadores.
UNIDADE II
I Equipe
Aspectos
Multidisciplinar
Psicológicos Relacionados ao Autismo 49
UNIDADE III
Interação Social: Família /
Escola / Autista
Professora Me. Larissa Kühl Izidoro Pereira
Plano de Estudo:
● O TEA e a interação social;
● O que pode ser feito para melhorar a interação social: compreendendo
a comunicação no TEA;
● Relação da pessoa com TEA e a Família;
● Como a família lida com o diagnóstico;
● Breve histórico do TEA e a Escola;
● TEA e o Mercado de Trabalho.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar o processo de interação social da pessoa com TEA;
● Compreender os tipos de comunicação no TEA
e como a interação social pode avançar;
● Identificar a importância da relação da pessoa com o TEA e a família;
● Estabelecer o contexto histórico da inclusão escolar
e da criança com TEA no ambiente escolar;
● Distinguir as dificuldades da pessoa com TEA no mercado de trabalho.
50
INTRODUÇÃO
Nesta unidade você irá estudar sobre a pessoa com Transtorno do Espectro Autista
e suas relações sociais. Como será a interação social da pessoa com TEA? Nós já vimos
nas unidades anteriores que a comunicação é uma das características do TEA. Além disso,
vamos enfatizar a relação entre a família e a pessoa com TEA.
A criança diagnosticada com TEA nem sempre frequentou o ambiente escolar, você
irá acompanhar esse processo histórico nessa unidade, que é considerado um marco para
educação inclusiva. Por fim, iremos discorrer sobre o TEA e o mercado de trabalho.
Bons estudos!
Fonte: RUSSO, F. Como trabalhar a interação social no autismo. Neuroconecta. 2021. Disponível em:
Orrú (2010) apresenta uma pesquisa desenvolvida sobre como o autismo afeta o
cérebro, de Nancy Minshew, especialista em neurologia e psiquiatria da Universidade de
Pittsburg, Estados Unidos, em que ela chega à conclusão de que o autismo não é uma desor-
dem de interação social, porém, é uma desordem global, que afeta a maneira como o cérebro
processa a informação que recebe - especialmente quando a informação é mais complexa.
Nessa pesquisa os estudos realizados apontam que o autismo impede que diferentes
partes do cérebro trabalhem juntas, o que acaba afetando a percepção sensorial, os movimen-
tos e a memória, além de, afetar a forma como eles se comunicam e se relacionam, atingindo
também a capacidade de realizar tarefas consideradas complexas, como amarrar os sapatos.
De acordo com os autores, Bernier, Dawson e Nigg (2021) estudos realizados em
crianças autistas mostram que as regiões do cérebro que se “acendem” quando uma criança
típica é exposta a sinais como expressões faciais e linguagem corporal são menos ativas em
crianças com TEA, ou seja, quando há situações associadas a motivação e recompensas,
como elogios sorrisos. As crianças que estão no espectro na maioria das vezes apresentam
respostas sociais incomuns porque não estão obtendo a mesma quantidade de informação
pela comunicação não verbal.
Dizer ou fazer coisas sem a intenção de Dizer ou fazer coisas com o propósito de
afetar as pessoas ao seu redor. Esse tipo enviar uma mensagem a outra pessoa.
de comunicação pode ser usado por al- Este tipo de comunicação pode ser usado
guém para se acalmar, se concentrar ou para protestar contra algo ou fazer solici-
como uma reação a uma experiência per- tações.
turbadora e - ou divertida.
A comunicação intencional é mais fácil
para uma criança, uma vez que ela tenha
aprendido que suas ações afetam outras
pessoas. A mudança da comunicação pré-
-intencional para a comunicação intencio-
nal é um grande passo para uma criança
autista.
Fonte: UNDERSTANDING, and developing communication. National Autistic Society. Inglaterra, 21 de agosto
Fonte: UNDERSTANDING, and developing communication. National Autistic Society. Inglaterra, 21 de agosto
SAIBA MAIS
Você sabia, que atualmente, estima-se que a prevalência mundial do TEA esteja em
torno 70 casos para cada 10.000 habitantes, sendo quatro vezes mais frequente em
meninos. No Brasil, apesar da escassez de estudos epidemiológicos que possam me-
lhor estimar os dados nacionais, constatou-se em recente pesquisa que os índices de
acometimento pelo autismo são de 27,2 casos para cada 10.000 habitantes.
Fonte: PINTO, R. N. M. et al. Autismo infantil: impacto do diagnóstico e repercussões nas relações
• Suporte educacional:
Fornece aos pais e familiares informações relevantes sobre a criança e suas necessidades.
• Suporte comportamental:
Ensina a aplicar abordagens comportamentais para encorajar os comportamentos de-
sejados e desencorajar os problemáticos.
• Competências cognitivas:
Os pais e outros familiares podem encorajar sistematicamente competências para solução
de problemas, automonitoramento e outras abordagens que facilitam a aprendizagem.
• Suporte emocional-afetivo:
Os pais e irmãos podem aprender a encorajar respostas emocionais mais sofisticadas
e integradas, estratégias de enfrentamento, comunicação mais adequada dos senti-
mentos e a desenvolver estratégias de enfrentamento mais sofisticadas.
• Instrumental:
Os profissionais podem ajudar pais e familiares a ter acesso aos serviços disponíveis
na comunidade, entre os quais redes de apoio aos pais, babás, cuidados temporários,
apoio financeiro, etc.
• Suporte tecnológico:
Utilização de uma variedade cada vez maior de suportes tecnológicos (de baixa tecno-
logia até alta tecnologia) que possam auxiliar a criança com TEA.
• Defesa:
Os pais podem aprender a ser mais eficazes como defensores para seus filhos na es-
cola e em outros contextos.
Fonte: VOLKMAR, F.; WIESNER, L. A. Autismo: guia essencial para a compreensão e o tratamento.
Será que todas as famílias apresentam condições de buscar o melhor tratamento para
seu filho com TEA? Você sabia que apenas 23% da população Brasileira possui plano
de saúde?
Fonte: REIS, L. G. C. TEA? Autismo: saiba aqui como garantir o tratamento pelo plano de saúde e SUS.
tismo-saiba-aqui-como-garantir-o-tratamento-pelo-plano-de-saude-e-sus?url=colunas/direito-a-saude/tea-
O diagnóstico de uma criança com TEA não é um caminho fácil, antes do diag-
nóstico a família convive com o desafio da busca pela identificação do transtorno e, após
o diagnóstico, surgem novas dificuldades, como lidar com os sintomas, quais terapias
escolher, quais o serviço de saúde oferece. Como vimos, o início do diagnóstico de TEA
exige novos arranjos familiares, podendo gerar sobrecarga emocional para os membros da
família, diminuindo a qualidade de vida de todos os membros da família. Essa sobrecarga
pode diminuir com efetivo e oportuno diagnóstico, construção compartilhada de planos
e cuidados apropriados, melhorias na rede social de apoio às crianças com TEA e suas
famílias (GOMES et al., 2015).
A inclusão escolar é um movimento mundial, que se fortaleceu nos anos 90, a partir
de leis e diretrizes governamentais, com maior visibilidade nas últimas décadas. Porém,
quando se fala da inclusão escolar de crianças com TEA ainda é um desafio para os profis-
sionais da saúde e da educação (CABRAL e MARIN, 2017).
Na década de 1990, com a Declaração Mundial de Educação para Todos (UNESCO,
1990), junto com a Convenção de Direito da Criança (UNESCO, 1988) e a Declaração de
Salamanca (UNESCO, 1994), determinou-se que toda pessoa (criança, jovens e adultos)
deve ter oportunidades educacionais voltadas às suas necessidades de aprendizagem.
Sabe-se que na Constituição Federal de 1988 um dos aspectos essenciais diz res-
peito à garantia dos direitos fundamentais que devem ser garantidos a todos os cidadãos. O
artigo 5º reconhece que todo o cidadão deve ter igualdade de condições e de direitos, ainda
que possua especificidades que o distingue dos demais (BRASIL, 1988).
Nesse sentido, cabe ao Estado assegurar esses direitos, que muitas vezes não são
garantidos às pessoas que necessitam de algum atendimento diferenciado, como é o caso
das pessoas com Necessidades Educacionais Especiais (NEE).
Esse direito e obrigação do estado fica previsto na Lei de Apoio às pessoas porta-
doras de deficiência, em vigor desde 1989, em que seu artigo 2º diz:
Para a efetivação desse objetivo, em 2015 foi sancionada a Lei Brasileira de Inclu-
são da Pessoa com Deficiência, nº 13.146, que apresenta em seu artigo 2º:
Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo
prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação
com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na
sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. O laudo da
deficiência deve ser feito por uma equipe multidisciplinar como você viu na
segunda unidade, nesse aspecto, os profissionais da educação precisam ter
uma visão interdisciplinar, investigar o processo de aprendizagem de cada
indivíduo, visto que ele ocorre de forma singular, por isso, precisa de flexibili-
zação curricular e estruturação das séries (BRASIL, 2015, online).
Nesse sentido, para a inclusão de pessoas com TEA no mercado de trabalho é ne-
cessário um processo de ações coordenadas, composta por múltiplos atores que agem de
acordo com as políticas públicas. Essas ações possibilitam que os autistas sejam inseridos
e recolocados no mercado de trabalho, de acordo com a necessidade. Para esse processo
é necessário preparar os indivíduos, encaminhá-los para o mercado, ajustar o ambiente
laboral e acompanhar o processo (LEOPOLDINO e COELHO, 2015, p. 145).
Essa preparação para o trabalho deve contemplar habilidades sociais, vocacionais
e técnicas, permitindo maior empregabilidade e autonomia. Vale ressaltar que a inclusão
prévia dos autistas no ambiente escolar é requisito importante para obtenção de maior
autonomia, além do convívio social, facilitando a preparação para a vida adulta profissional
(LEOPOLDINO e COELHO, 2015, p. 145).
O encaminhamento para o mercado de trabalho também é fundamental nesse pro-
cesso, pois estabelece relacionamentos entre os trabalhadores e o mercado. “As entidades
que realizam este serviço identificam que candidatos mais se aproximam dos requisitos
que constam das vagas disponíveis pelos potenciais empregadores, e realizam o encami-
nhamento” (LEOPOLDINO e COELHO, 2015, p. 146). As instituições não governamentais,
privadas ou públicas podem realizar esse papel.
Te encontro lá!
LIVRO
Título: O menino que nunca sorriu e outras histórias reais: autismo,
depressão, bullying e bipolaridade entre crianças e adolescentes
Autor: Fabio Barbirato e Gabriela Dias.
Editora: Editora Máquina de Livros.
Sinopse: Um menino que até os 7 anos nunca deu um sorriso.
O adolescente, fã de Neymar, está se alfabetizando graças às
letras e números nas camisas de futebol. Um jovem que se recusa
a entrar em ônibus cheio, mas sabe os nomes de todas as ruas
num percurso de 500 quilômetros. Personagens verdadeiros como
esses frequentam o Ambulatório da Psiquiatria Infantil da Santa
Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, referência no país. À fren-
te de uma equipe de 42 profissionais voluntários, está o renomado
psiquiatra infantil Fábio Barbirato. Neste livro, ele e sua mulher, a
também médica Gabriela Dias, reúnem emocionantes histórias de
autismo, depressão, hiperatividade e outros tipos de transtornos.
São 32 crônicas da vida real, surpreendentes, que jogam luz sobre
um universo pouco comentado e cercado de preconceitos.
FILME / VÍDEO
Título: Tudo que quero
Ano: 2017.
Sinopse: O mundo é um lugar confuso para Wendy, uma jovem
que, apesar do autismo, é independente e brilhante. Wendy es-
creve histórias de fantasia em seu tempo livre. Quando descobre
uma competição de novos autores, decide terminar seu roteiro e
participar. Agora, o problema é entregar o texto em tempo. Com
seu pequeno cão e apenas alguns dólares no bolso, decide cora-
josamente ir em busca de seu sonho, embarcando numa aventura
repleta de desafios e surpresas.
Plano de Estudo:
● As diferentes correntes de avaliação diagnóstica aos sujeitos com TEA;
● Instrumentos de rastreamento;
● Os processos formativos de avaliação e diagnóstico;
● Tratamento.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar as diferentes correntes de avaliação diagnóstica do TEA;
● Compreender os tipos de instrumentos de diagnóstico utilizados no TEA;
● Estabelecer a importância dos processos formativos de avaliação e diagnóstico;
● Analisar os possíveis tratamentos possíveis e necessários para pessoas com TEA.
77
INTRODUÇÃO
Fonte: MINISTÉRIO DA SAÚDE. Transtorno do Espectro Autista (TEA) na criança. Secretaria de Atenção
Fonte: MONTENEGRO, M. A.; et al. Proposta de Padronização Para o Diagnóstico, Investigação e Tratamento
do Transtorno do Espectro Autista. Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil: sbni. São Paulo - SP. 2021. p. 1.
Exatamente pelos motivos citados acima o diagnóstico pode ser um desafio para
os profissionais de todas as áreas envolvidas. É importante que o profissional tenha expe-
riência clínica, habilidade e familiaridade com pessoas com TEA. “Além disso, o profissional
deve ter experiência com outros transtornos relacionados e com a variação normal do
desenvolvimento da criança e do adolescente” (MONTENEGRO et al., 2021, p. 02).
É necessária uma avaliação completa, incluindo o histórico do desenvolvimento
neuropsicomotor, anormalidades nos primeiros anos de vida, problemas gestacionais e
neonatais, comportamentos do sono e alimentar, investigar outras possíveis comorbidades,
procura de sinais de deterioração, convulsões, doenças gastrointestinais e histórico familiar
de parentes que apresentem algum tipo de deficiência, dificuldades de linguagem, comuni-
cação e outras questões de saúde mental (MONTENEGRO et al., 2021, p. 02).
A SBP (2017) alerta que o instrumento é utilizado como triagem e não para fechar
diagnóstico, dessa forma, nem toda criança que pontua no M-CHAT será diagnosticada com
TEA ou vice-versa. A triagem pode colaborar também para apontar a existência de outros
transtornos de desenvolvimento, como, por exemplo, atraso da linguagem. Como você já
viu na segunda unidade, o diagnóstico só pode ser fechado com avaliação especializada
por médico especialista e equipe multidisciplinar.
Por favor, preencha as questões abaixo sobre como seu filho geralmente é. Por
favor, tente responder todas as questões. Caso o comportamento na questão seja raro (ex.
você só observou uma ou duas vezes), por favor, responda como se seu filho não fizesse
o comportamento.
Modified Checklist for Autism in Toddlers – M-CHAT-R/F – Deborah Fein, Marianne Barton, 2009 –
Traduzida por Dra. Rosa Miranda Resegue
O uso da M-CHAT-R/F é obrigatória para crianças em consultas pediátricas de acompanhamento reali-
zadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), segundo a lei 13.438/17. As respostas aos itens da escala
levam em conta observações dos pais com relação ao comportamento do filho. A soma total dos pontos
vai indicar a presença de sinais do TEA, mas não necessariamente confirmam o diagnóstico preciso. A
escala classifica as crianças avaliadas em três níveis: baixo, moderado e alto risco.
Childhood Autism Rating Scale – CARS (Escala de avaliação para Autismo Infantil) – Schopler et
al., 1980.
A CARS é baseada nas definições de autismo apresentadas por Rutter, Ritvo e Freeman. Os aspectos
comuns entre essas definições são: i) desenvolvimento social comprometido em relação às pessoas,
objetos e acontecimentos; distúrbio da linguagem e habilidades cognitivas; início precoce do transtorno,
antes dos 30 meses de idade. A escala é um instrumento para observações comportamentais, sendo
administrada na primeira sessão de diagnóstico. É composta por 15 itens, sendo que cada um deles é
pontuado num continuum, variando do normal para gravemente anormal, todos contribuindo igualmente
para a pontuação total. De acordo com o manual da CARS, o autismo é caracterizado por um resultado
de 30 pontos, em uma escala que varia de 15 a 60 pontos, sendo que o intervalo entre 30 e 36,5 é defi-
nido como característico de autismo moderado. O que se apresenta entre 37-60 pontos é definido como
autismo grave.
Escala de Traços Autísticos – ATA (Avaliação de Traços Autísticos) – Ballabriga et al., 1994; adapt.
Assumpção et al., 1999.
Esta escala, embora não tenha o escopo de avaliar especificamente uma função psíquica, é utilizada
para avaliação de uma das patologias mais importantes da Psiquiatria Infantil – o Autismo. Seu ponto de
corte é de 15. Pontua-se zero se não houver a presença de nenhum sintoma, 1 se houver apenas um
sintoma e 2 se houver mais de um sintoma em cada um dos 36 itens, realizando-se uma soma simples
dos pontos obtidos.
Escala Vineland I e II – ECAV – Sara S. Sparrow, Domenic V. Cicchetti, David A. Balla, 1998.
A Vineland avalia o comportamento adaptativo desde o nascimento até à idade adulta. Os conteúdos e
escalas da Vineland-II estão organizados em 4 grandes domínios que se subdividem em 11 subdomí-
nios. A sua aplicabilidade é bastante vasta, justificando-se a sua utilização sempre que seja necessária
uma avaliação da funcionalidade do sujeito. Esta escala não tem padronização brasileira, portanto não é
uma escala reconhecida pelo Conselho Federal de Psicologia.
Fonte: ALMEIDA, M. S. R. Instrumento diagnóstico para avaliar o autismo - TEA. Instituto inclusão Brasil.
Bateria de erros inatos do metabolismo, Não devem ser pedidos de rotina, apenas
cromatografia, aminoácidos, pesquisa áci- se houver sinais ou sintomas sugestivos
dos orgânicos na urina etc. de doença neurometabólica.
Tratamento do Transtorno do Espectro Autista. Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil: sbni. São
A equipe que irá desenvolver o processo diagnóstico precisa ter experiência clínica
e não se limitar a aplicação de testes e exames. “A pluralidade de hipóteses etiológicas sem
consensos conclusivos e a variedade de formas clínicas e/ou comorbidades que podem
acometer a pessoa com TEA exigem o encontro de uma diversidade de disciplina.” Por
isso, em alguns casos, há a necessidade de exames neurológicos, metabólicos e genéticos
(BRASIL, 2015, p. 43).
Apenas o uso de instrumentos não é o suficiente para fechar diagnóstico de TEA,
eles servem como bons rastreadores de possíveis casos de TEA. É necessário o trabalho
da equipe multidisciplinar, como você já viu anteriormente, é preciso analisar o conjunto de
sinais e não apenas sinais isolados. Os profissionais utilizam do instrumento para juntos
traçarem um encaminhamento consistente para o diagnóstico (MACHADO, et al., 2016).
SAIBA MAIS
Você sabia que no site Autismo e Realidade há diversas cartilhas explicativas, desde ex-
plicando o que é autismo, até falando sobre como cortar o cabelo da criança com TEA.
Fonte: FUNDAÇÃO JOSÉ LUIZ EGYDIO SETÚBAL. Autismo e realidade. Consolação: São Paulo, 2020.
REFLITA
Você já parou para pensar que o TEA em grau 3 precisa de suporte em tempo integral
para as atividades mais básicas como alimentação e higiene pessoal? Essa condição
muitas vezes gera uma sobrecarga no cuidador (na maioria dos casos a mãe). É preciso
estar atento a saúde mental do cuidador também.
Fonte: Reflexão sobre o autismo na sociedade atual, autismo em dia, 2021. Disponível em: https://www.
Fonte: ALMEIDA, et al. Transtorno do Espectro Autista. Residência Pediátrica. Sociedade Brasileira de
Especializada e Temática. Linha de cuidado para a atenção às pessoas com transtornos do espectro
do autismo e suas famílias na Rede de Atenção Psicossocial do Sistema Único de Saúde / Ministério
Como você viu anteriormente nessa unidade, há diversos instrumentos que podem
ser utilizados para o processo de diagnóstico da criança com suspeita de TEA.
Por ter uma complexa natureza etiológica, um tratamento benéfico é a inclusão da criança
gravidade do TEA (um, dois e três) por isso o plano de tratamento deve ser individual. Você
propostos como adjuvantes no tratamento do TEA, dentre eles, os mais populares são as
Você sabia que há famílias que associaram as vacinas com o TEA, essa informação
errada faz com que alguns pais optem por não vacinar os filhos devido ao medo de as
vacinas desencadear ou agravar a doença.
A dieta mais difusa é a sem glúten e caseína. Glúten é a proteína do trigo, cevada
e centeio. A Caseína é encontrada principalmente em laticínios. Muitas famílias de crianças
com TEA procuram o médico para investigar alguma intolerância alimentar que a criança
possa ter. Porém, mesmo quando não há evidência de alergia ou doença, muitos optam por
iniciar a dieta sem glúten ou caseína (MONTENEGRO e CASELLA, 2018).
Mesmo não havendo evidência científica suficiente para comprovar a eficácia des-
sas dietas, algumas famílias referem melhoras dos sintomas do TEA após o início da dieta.
Na alimentação é incluído alimentos integrais, menos industrializados e com muito mais
frutas e verduras. A maioria das pessoas irá se sentir melhor com a mudança de uma dieta
rica em gordura, açúcar e produtos industrializados, por uma dieta rica em fibras, vegetais,
com menos açúcar e gordura (MONTENEGRO e CASELLA, 2018).
Essas dietas não substituem nenhum outro tratamento, então, paralelamente a dieta,
a criança com TEA normalmente faz uma série de terapias que contribuem para a melhora dos
LIVRO
Título: Transtorno do Espectro Autista - TEA. Manual Prático de
Diagnóstico e Tratamento
Autor: Maria Augusta Montenegro; Eloisa Helena Rubello Valler
Celeri; Erasmo Barbante Casella.
Editora: Thieme Revinter.
Sinopse: Os vários aspectos do TEA, incluindo epidemiologia,
etiologia, diagnóstico e tratamento. O Transtorno do Espectro
Autista (TEA) mantém-se como um dos grandes desafios diag-
nósticos e terapêuticos da medicina atual. Este manual aborda os
vários aspectos desta entidade, principalmente sua epidemiologia,
etiologia, diagnóstico e tratamento. Além disso, esclarece assuntos
polêmicos como vacinas e dietas, sempre baseado em evidências
científicas robustas, característica tradicional das escolas de me-
dicina da USP e Unicamp. É destinado a todos que lidam com
crianças autistas, incluindo professores e pais. A leitura é leve e flui
com facilidade. O tema é atual e o texto é objetivo e claro.
FILME / VÍDEO
Título: Atypical
Ano: 2017.
Sinopse: Atypical é uma série norte-americana original da Net-
flix, lançada em 2017, que aborda, principalmente, a questão do
autismo. A série traz como personagem principal Sam Gardner (in-
terpretado por Keir Gilchrist), um adolescente de 18 anos – que foi
diagnosticado no espectro autista ainda na infância – na busca por
sua independência na fase de mudanças entre o ensino médio e a
universidade, a começar pelo seu desejo de ter uma namorada. A
série mostra toda a sua rotina, memórias de seu crescimento e os
desafios enfrentados por ele por estar dentro do espectro.
103
AVILA, B. G. Comunicação aumentativa e alternativa para o desenvolvimento da oralidade
de pessoas com autismo. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal
do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2011. Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/hand-
le/10183/32307. Acesso em: 27 out. 2021.
BERNIER, R. A.; DAWSON, G.; NIGG, J. T. O que a ciência nos diz sobre o transtorno do
espectro autista: fazendo as escolhas certas para o seu filho. Porto Alegre: Artmed, 2021.
322 p.
BOSA, C. A. Autismo: Atuais interpretações para antigas observações. In: BAPTISTA, C. R.;
BOSA, C. (Eds.). Autismo e educação: Reflexões e propostas de intervenção Porto Alegre:
Artmed, 2022. p. 21-39.
BOSA, C.; CALLIAS, M. Autismo: breve revisão de diferentes abordagens. Em: Psicol.
Reflex. Crit. vol.13 n.1, p. 167-177, Porto Alegre, 2000.
BRASIL. Lei 7.853, de 24 de outubro de 1989. Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras
de deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria Nacional para Integração da
Pessoa Portadora de Deficiência - Corde, institui a tutela jurisdicional de interesses coleti-
vos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público, define crimes,
e dá outras providências. 1989. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
l7853.htm#:~:text=2%C2%BA%20Ao%20Poder%20P%C3%BAblico%20e,da%20Consti-
tui%C3%A7%C3%A3o%20e%20das%20leis%2C. Acesso em: 10 jun. 2022.
104
BRASIL. Lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012. Institui a Política Nacional de Proteção
dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista; e altera o § 3º do art. 98
da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12764.htm. Acesso em: 02 out. 2021.
BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa
com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). 2015. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm. Acesso em: 03 nov. 2021.
105
CAMINHA, V. L. P. S. et al. Autismo, vivências e caminhos. São Paulo: Blucher. 2016.
CAMPELO, L. P.; LUCENA, J. A.; LIMA, C. N.; ARAÚJO, H. M. M.; VIANA, L. G. O. VE-
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AO_LGG_PE_78-08.indd (scielo.br). Acesso em: 21 out. 2021.
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110
CONCLUSÃO GERAL
Neste material, busquei trazer para vocês os principais pontos e discussões rela-
cionados ao Transtorno do Espectro Autista. Acreditamos que foi possível apresentar quais
são as principais caracteristicas do TEA encontradas nos materiais mais atuais, e mais do
que isso, destacar para você a importância de conhecer e aprofundar seus conhecimentos e
estudos sobre crianças com TEA, principalmente se você estiver em contato direto com elas.
Lembre-se que inicialmente apresentamos a história do autismo, quando ele foi
citado pela primeira vez e seus avanços em descobertas até a atualidade. Compreender
como é a definição do TEA nos documentos norteadores de diagnóstico - DSM e CID
são fundamentais para que você consiga atuar com propriedade dentro da temática. Você
conheceu também as modalidades terapêuticas que existem dentro do tratamento do TEA.
Apresentamos a importância da equipe multidisciplinar dentro do tratamento da
criança com TEA, você pode compreender a importância do trabalho do Terapeuta Ocupa-
cional, Psicólogo, Neuropsicólogo, Fonoaudiólogo, Educador e Psicopedagogo. O conhe-
cimento e intervenções desses profissionais são fundamentais para o desenvolvimento da
criança com TEA, lembre-se que eles trabalham em parceria com a escola.
Você pôde compreender o processo de interação social da pessoa com TEA, conhe-
cendo outros tipos de comunicação que possa utilizar para interação com pessoas dentro
do Espectro. Reflita sobre as dificuldades que a família da pessoa com TEA enfrenta, como
você estudou, em muitos casos o diagnóstico é um momento delicado para toda família,
sendo apenas o início de um longo caminho cheio de desafios e superações. A inclusão
da criança com TEA no ensino regular está apenas no início, e você, como professor, pode
contribuir para o desenvolvimento e aprendizagem dessas crianças, pondere sobre essa
questão e esteja receptivo para a inclusão escolar, o seu conhecimento sobre o assunto
está apenas começando. O mercado de trabalho também é cheio de desafios para pessoa
com TEA, como você estudou.
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E por fim, apresentamos os instrumentos de diagnósticos mais utilizados, discor-
remos sobre a validação deles no Brasil, como precisam ser aplicados corretamente e que
sozinhos não fecham diagnóstico. A partir de agora acreditamos que você está preparado
para seguir em frente, contribuindo para o processo de desenvolvimento da criança com
TEA, desenvolvendo ainda mais seus conhecimentos sobre o assunto.