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limítrofe
Psicologia
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)
24 pag.
Características borderline
"Eu te odeio… por favor, não me abandones." [1]
"Eu mal vejo a hora de que essa fase de rebeldia passe!", "É assim por falta de uma boa surra!" ou "Ele ficou
assim na adolescência, isso deve ser da idade ou pura frescura para chamar a atenção!" são pensamentos
frequentes de pais ou familiares de um indivíduo com o transtorno de personalidade borderline. Essa forma de
pensar é muito comum, sendo que raramente os pais se dão conta de que o problema de agressividade,
impulsividade, falta de concentração e até de vontade de terminar o que mal começa, podem ser sintomas de uma
doença ou transtorno. Às vezes, os pais têm vergonha de levar o filho ao psiquiatra ou terapeuta, o que prejudica
ainda mais o tratamento que acaba sendo tardio, e as consequências piores. Frequentemente eles preferem culpar
o próprio filho ou a problemas espirituais. Além disso, muitas vezes eles tendem a acreditar que o indivíduo é
assim por ser mal-educado, irresponsável ou até mesmo mimado. Contudo, quando os sintomas típicos
borderline estão presentes, tais hipóteses são falsas porque, pelo contrário, não se trata de uma pessoa mimada ou
mal-educada, com uma personalidade essencialmente imatura (que muitas vezes está caracteristicamente
presente na personalidade anti-social). E sim de um indivíduo doente e que sofre muito por ser assim,[2] muitas
vezes tais sintomas frutos de maus tratos e uma infância traumática. Apesar do borderline ser também muito
imaturo, a específica personalidade imatura frequentemente ocorre por consequência de um déficit na educação,
pela "superproteção" ou pela falta de limites educacional. A personalidade imatura limita-se especificamente a
características típicas de imaturidade como impaciência, intolerância às frustrações, egoísmo excessivo, auto-
estima inflada. Exibicionismo, pouca consideração com os sentimentos alheios e falta de respeito e educação
para com os outros. Bem como impulsividade, puerilismo, pseudo hiperatividade e comportamento visivelmente
Os diferentes traumas na infância geram um profundo sentimento crônico de vazio, rejeição e dor, incorporando-
se na personalidade borderline que é vivenciada como uma dor profunda e dilacerante. Essa dor é intensamente
sentida em indivíduos borderlines, o que pode estimular o processo auto destrutivo.O borderline também é
essecialmente insaciável. Em termos de atenção, cuidado e carinho, eles sempre querem mais do que realmente
têm. Por mais que as pessoas lhe deem tais afetos, com frequência eles estão a exigir constantemente muito mais
do que recebem. Talvez porque quando crianças, foram indivíduos que sempre estariam exigindo muita atenção,
sendo esta não suficientemente preenchida, e frequentemente foram também crianças muito teimosas.Tais
pessoas com instabilidade emocional são aquelas que não conseguem manter equilíbrio em situações de tensões
ou estresse. Elas frequentemente mudam de humor, emoções e conduta conforme o contexto que lhe são
apresentadas. Via de regra, têm baixa capacidade de julgamento e usualmente têm reações grosseiras,
acompanhadas muitas vezes de culpa ou ansiedade. Podem ser pessoas rebeldes ou totalmente tímidas. Esses
indivíduos que possuem instabilidade emocional tendem a ser grosseiros, "reclamões" e briguentos. Algumas
vezes, essas pessoas podem confundir carência emocional com paixão. Transferem para relacionamentos
amorosos a sua instabilidade emocional. Então, são os causadores de brigas excessivas, têm ciúmes exagerado ou
sentimento possessivo, e o borderline vê o outro como se ele só tivesse a obrigação de estar ali apenas para
prover o que o limítrofe necessita. Além disso, eles tendem a acreditar que o outro parceiro tem de estar todo o
tempo com ele e com a obrigação de não deixá-lo sozinho ou abandonado. Quando o parceiro tem de ir embora,
deixá-lo sozinho, ou quando cancela um encontro, facilmente borderlines ficam furiosos ou entram em pânico,
partindo frequentemente para manipulações, com ameaças suicidas. Essa tendência do limítrofe se sentir
facilmente ferido ou agredido (pequenos estressores são capazes de enfurecê-los. Eles se irritam ou se rebelam
por pouca coisa, às vezes totalmente insignificantes) faz com que frequentemente entrem em brigas ou confusões
no ambiente social do dia-a-dia. Eles não têm controle de si mesmo, por isso facilmente demonstram
irritabilidade e raiva em variadas situações triviais, desde maus tratos e estupidez até xingamentos e violência.
Borderlines são, de forma geral, propensos a um comportamento evidentemente briguento, com uma notável
facilidade em brigar com todos a seu redor, abrir escândalos, confusões etc. Eles podem conseguir brigas por
coisas pouco importantes em restaurantes, lojas, bancos, mercado ou em outro qualquer lugar público. Por
exemplo, é o caso da jovem borderline que solta explosões verbais a um homem, por este ter esbarrado, sem
querer, na moça. Tais situações, ocasionalmente, podem ser uma porta de entrada para brigas realmente
violentas, já que, às vezes, borderlines podem deparar-se com outras pessoas também explosivas e pouco
tolerantes. Em geral, tais conflitos são frutos de explosões em situações contornáveis aos olhos do observador,
mas que o borderline não consegue evitar.Limítrofes são pessoas que passam seu tempo a tentar controlar mais
ou menos emoções que elas não controlam realmente. São pessoas que, diga-se de passagem, têm duas vidas.
Uma vida quando estão na sociedade e outra vida de comportamentos muito diferentes quando estão a sós. Sua
capacidade de esconder o transtorno faz com que sejam vistos, superficialmente, como se não tivessem nada,
entretanto suas vidas são sofríveis e um verdadeiro inferno dissimulado. Pessoas com o transtorno oscilam entre
As pessoas de sua intimidade, facilmente olham limítrofes como estressados, pessoas "de lua" e imprevisíveis. A
convivência diária com borderlines pode ser de extrema dificuldade. Porque ao longo de um dia, podem ser tidos
como aqueles que de manhã estão de um jeito, à tarde de outro, e à noite de outro jeito. Por isso, o ambiente
intrafamiliar é caracterizado por intensas intrigas e conflitos constantes. Frequentemente irritadiços ou
agressivos, podem tratar hora bem, hora mal aqueles que convivem com ele. Até mesmos seus parentes podem
ser divididos hora como "bons", hora como "maus". Portanto, medo, repulsa e raiva são emoções frequentes que
Em geral, as pessoas na qual se relacionam superficialmente ou que apenas está no ínico de um relacionamento
com um borderline, não fazem idéia das perturbações e relações caóticas que vão ser recebidos em tais
relacionamentos. Contudo, apesar de tudo isso, obviamente os indivíduos com o transtorno de personalidade
limítrofe frequentemente necessitam de muita ajuda, carinho e apoio, embora possam fazer de suas relações um
verdadeiro "inferno". Eles não têm esse comportamento de forma proposital, pois é notável que são pessoas
muito conturbadas, tal transtorno fruto de traumas vivenciados na infância, cuja pessoa afetada não tem culpa. A
pessoa que está como "cuidadora" do borderline (ex.: namorado ou cônjuge) tem de estar ciente que estão diante
de um grave transtorno, uma patologia dilacerante tanto para o próprio enfermo quanto aos familiares e pessoas
próximas. Por isso tal cuidador precisa haver muita paciência com esses indivíduos e, sobretudo, apoiar e tentar
ajudá-los.
É comum o borderline ser ciumento e controlador. Por causa disso, pessoas muito dependentes, influenciáveis e
sugestionáveis, como a personalidade histriônica e dependente facilmente sofrem num relacionamento com um
borderline, por exemplo. O caso da mulher borderline que todo dia vai até a padaria para ver se seu marido não
está com outra, é um dos poucos e banais exemplos. [4]O borderline exige demais da sua família que pode, com
razão, cansar-se das suas exigências e das suas agressões.Devido à sua necessidade de apoio, o borderline pode
se tornar agressivo quando contrariado. Como é uma pessoa sensível e perspicaz, ele saberá como agredir,
conseguirá escolher pontos vulneráveis dos circunstantes. A tendência da família e pessoas de sua intimidade,
nesse momento, será considerá-lo manipulador, agressivo, esperto, capaz de grandes atrocidades. Entretanto, na
realidade, o borderline é por si uma pessoa frágil e delicada, que agride por total desespero. Sua violência,
geralmente, ocorre com mais frequência quando se sente abandonado, incompreendido ou contrariado. [4] O
borderline submete frequentemente seus familiares a algumas torturas, exigindo e agredindo, embora com isso
estejam apenas tentando reviver experiências passadas na quais a relação entre ele e seu cuidador não foi capaz
de lhe proporcionar boas condições emocionais. Em geral, o borderline tenta refazer o caminho não realizado no
início de sua vida, com as mesmas pessoas (pai, mãe ou outros responsáveis, por exemplo) que não foram
capazes de fazê-lo anteriormente. [4]Como o borderline tem a tendência de não enxergar o outro, vinculando-se
apenas a seus interesses mais imediatos, às vezes ele pode tomar atitudes pouco recomendáveis com seus
familiares e pessoas íntimas. Eles podem trair, mentir, criticá-los, pôr sempre a culpa em tais pessoas, colocá-los
em situação financeira difícil, esconder, querer estragar o que o outro gosta e muitas outras coisas do gênero. São
atitudes ditas sociopáticas (ou psicopáticas), que menos do que punição, exigem compreensão para não mais se
repetirem. Contudo, a família quase sempre não entende isto, sendo assim uma tarefa difícil de convencer a
família que o borderline, assim como sociopatas, dificilmente aprendem com seus erros e punições. Para eles,
raramente castigos e punições funcionam. Pelo contrário, quase sempre tais punições são seguidas de mais
agressividade e raiva, por parte dos borderlines, que entendem isso como rejeição. Não que o borderline não
precise de limites destas atitudes. Por causa de seu narcisismo, ele considera muito justo que tudo seja para uso
A automutilação
A automutilação é uma das principais características do transtorno, sendo assim, frequentemente o que o
diferencia de outros transtornos de personalidade (em especial histriônica e anti-social) é a presença de forte
tendência à auto destruição. Tais atitudes impulsivas podem ser vistas por inúmeras formas e são tidas como
triplo sentido: Ao tempo que significam desespero, angústia, depressão e dor emocional atenuada com a dor
física, a automutilação pode ser uma forma de conseguir atenção e carinho para si, bem como culpar pessoas à
sua volta, em momentos de raiva extrema. Alguns atos auto-destrutivos frequentemente usados por borderlines
podem ser se cortar, queimar, arranhar, bater-se, Abusar de medicamentos, expor-se a acidentes e situações
perigosas, não se importar com sua saúde expondo-se a doenças etc. Bem como abusar de substâncias
psicoativas, energéticos e café, ingerir doces em exagero, dirigir imprudentemente, dormir em excesso
(hipersônia), praticar sexo inseguro. E ainda gastar sem controle dinheiro, comer compulsivamente, roubar
objetos e utensílios de pouco valor monetário (cleptomania) entre outros comportamentos prejudiciais a si
próprio. Engajam-se em tais comportamentos impulsivos para se libertarem de sentimentos crônicos de vazio,
mas que frequentemente causam grande arrependimento e culpa após cumprir essas ações. Às vezes, as outras
pessoas podem perceber ou questionar-se sinais evidentes de automutilação em borderlines (ex.: vários arranhões
percebidos no braço, hematomas ou cortes). Mas via de regra, eles tendem a apresentar argumentos implausíveis
ou pouco explicativos em relação a tais ferimentos, com medo de que descubram seu comportamento auto-
destrutivo. Por exemplo, podem dizer que não sabem de onde tais hematomas apareceram ou dizer que se
machucaram sem querer com uma faca.Pessoas com o distúrbio, podem haver períodos em que se isolam
socialmente. Mas em contrapartida, frequentemente estabelecem novos relacionamentos apenas para sentir-se
com uma jornada normal, principalmente porque tendem a evitar a que se façam mal a si mesmos, quando estão
sós. Às vezes, eles se vêem obrigados a aproximar-se de outras pessoas que não os agradam muito,
especificamente apenas para se impedirem de que se auto-destruam (auto mutilações, abuso de medicamentos,
bulimia etc.).
Às vezes, o comportamento de alguns borderlines pode demonstrar como obtinham carinho e consideração, em
épocas remotas (especificamente quando crianças). Por isso, eles podem ocasionalmente mostrar um
comportamento francamente sedutor para conseguir cuidado, alternando drasticamente, após a intimidade, o
papel entre o sedutor e o vingador de maus tratos passados.Essas pessoas podem mostrar-se simpáticas
socialmente, mas em geral, as relações interpessoais desses indivíduos podem ser escassas. Principalmente
porque borderlines têm dificuldade em nutrir confiança em relação aos outros, por vezes são desconfiados e têm
reações paranóides. Sendo assim, suas relações podem ser superficiais. Quando estas são íntimas, o
comportamento anormal nessas pessoas ficam exageradamente evidentes, caracterizando relacionamentos
intensos mas instáveis.
Pensamento extremista
Pensamento extremista
■ Borderlines têm raciocínio 8 ou 80, branco ou preto, amor ou ódio, ótimo ou péssimo, perfeito
ou terrível mas nunca o cinza ou meio termo.
■ Eles vêem as pessoas drasticamente como perfeitas ou terríveis. Para eles, não existe o "mais
ou menos", ou a pessoa é perfeita ou a pessoa é terrível. Se não é perfeita é terrível e vice-
versa;
■ Se a pessoa é perfeita, ótima ou boa ela merece ser tratada muito bem, como um deus.
Quando a pessoa é horrível, péssima ou má, ela merece ser tratada muito mal, como um
demônio;
■ Eles têm esse pensamento também consigo mesmos: se hoje eles se vêem como perfeitos,
eles acham que merecem serem tratados como os melhores, como os principais e terem toda
a atenção do mundo, caso contrário, eles se tornam terríveis, merecedores de maus tratos,
punições e auto mutilações;
■ Pensamentos "tudo-ou-nada" aparecem em muitas outras áreas da vida do borderline. Quando
há um problema, algumas pessoas com desordem borderline podem sentir como se existisse
apenas uma solução. Uma vez que a ação é feita, não há retorno. Por exemplo "faça tudo, ou
não faça nada". Uma mulher no trabalho, recebeu novas ordens na qual ela não gostou, sua
solução foi deixar seu emprego;
■ Têm dificuldade em terminar o que começam. Isso vai desde uma simples leitura de um livro,
até a desistência ou interrupção de um projeto importante.
■ "Ou fazem tudo ou não fazem nada";
■ Podem ser tidos erroneamente como "preguiçosos" por causa desse pensamento;
■ Não conseguem ver o "lado bom" e o "lado ruim" de cada pessoa, objeto ou circunstância:
acreditam que o objeto é totalmente bom, ou totalmente ruim, alternando drasticamente entre o
primeiro e o segundo, várias vezes;
■ Têm dificuldade em verem defeitos ou má qualidades em pessoas na qual consideram
totalmente boas ou ótimas. E têm dificuldade em enxergar qualidades boas em pessoas na
qual consideram totalmente más ou péssimas, demonstrando uma grande resistência em
entender o "meio-termo" das coisas e situações. Ex.: se a pessoa é terrível, ela é péssima, não
há nenhuma qualidade nela. Ela é ridícula, má, abusadora, inconfiável… Ao passo que, se a
pessoa é perfeita, ela é ótima, não há praticamente nenhum defeito nela. Ela é linda, boa,
confiável…
■ Sua opinião de alguém é baseada frequentemente em sua última interação com ele, porque
têm dificuldade em integrar os traços bons e ruins de uma só mesma pessoa;
■ Em cada momento particular, alguém é "bom" ou é "mau", não há nada no meio, nenhuma área
cinzenta;
■ Eles também podem sentir que seus relacionamentos devem ser claramente definidos: ou é
amigo ou é inimigo. Ou é seu amante apaixonado ou um companheiro platônico. Esta é a razão
porque as pessoas borderlines podem ter dificuldade em ser amigos após o fim de um
romance.[6]
■ Manipulam as pessoas através de chantagens emocionais pouco evidentes como brigas, discussões e
conflitos que na verdade são a forma de que encontram para testarem as pessoas das quais necessitam;
A namorada borderline acusa o namorado muitas vezes de não amá-la e de querer abandoná-la. A filha
adolescente borderline acusa os pais de não amá-la o suficiente para deixá-la morar sozinha. O marido borderline
acusa a esposa "a culpa é toda sua de estarmos nessa situação financeira decadente"
■ Acusam os outros de terem dito coisas que nunca disseram, de terem feito coisas que nunca fizeram, de
terem acreditado em coisas que nunca acreditaram; [6]
■ Conseguem reconhecer o ponto fraco das pessoas as quais conhecem muito bem, utilizando de tal
conhecimento para manipulações e terem êxito nas suas necessidades;[6]
■ Chantagistas para conseguirem o que querem: acreditam no "se eu fizer isso, você faz aquilo…" e vice-
versa;
Instabilidade excessiva
■ Borderlines têm uma grande instabilidade emocional evidente: pessoas instáveis sentem tudo de forma
intensa, ferindo-se facilmente e deixam-se abalar por situações externas e internas por motivos pouco
importantes ou até mesmo fúteis. Eles não conseguem manter o mesmo humor e emoções durante um
longo período (no caso do borderline, ele não consegue manter um humor estável num mesmo dia,
alternando muitas vezes, variadas emoções). Uma característica típica de pessoas instáveis
emocionalmente são as constantes brigas no ambiente intrafamiliar, por exemplo, por isso são tidos como
agressivos, briguentos ou que reclamam demais.
■ Mudam de comportamento de forma muito rápida, em questão de segundos: com pessoas que conhecem
muito bem (tal como familiares e namorado), tratam-nas mal com frequentes discussões e provocações,
mudando rapidamente para gentis e adoráveis com as outras pessoas na qual têm pouco intimidade; [6]
■ Muitas vezes, as outras pessoas não acreditam nos familiares que relatam esse comportamento;
■ Agem de forma controlada e apropriada em várias situações, mas extremamente fora do controle em
outras;
■ Facilmente desvalorizam alguém. Podem adorar a pessoa em um dia, mas no outro podem odiá-la a ponto
de maltratá-la e não se importar disso, afinal, de uma pessoa "perfeita", de repente, passaram
drasticamente para uma pessoa "desastrosa" que merece ser tratada assim como ela é vista. Tais
desvalorizações rápidas frequentemente são precedidadas por motivos pouco perceptíveis para a outra
pessoa.
■ Às vezes eles querem estar perto de outros, outras vezes quer estar longe;
■ Empurra o outro para longe justamente quando o outro está se sentindo próximo;
■ Limítrofes tendem a ser aquele tipo que quando querem alguma coisa, ficam ansiando e sentindo uma
grande vontade de ter aquilo, contudo, quando conseguem, desgostam, enjoam ou não querem mais;
■ Eles têm dificuldade em dizer exatamente o que gostam, o que querem, de modo que há uma notável
tendência à instabilidade em seus gostos, comportamentos, identidade e auto-imagem;
■ Eles frequentemente não sabem quem são, não sabem o que gostam, mudam de gosto drasticamente de
um segundo a outro, não sabem o que querem ou então mudam de opiniões e objetivos a todo momento;
■ Sua orientação sexual também pode ser instável: uma boa parte dos borderlines têm dificuldade ou
instabilidade em relação à sua própria orientação sexual, sendo que frequentemente também não sabem o
que são, mudando rapidamente de uma identidade sexual para outra. Por exemplo, eles podem não ter
certeza se são realmenteheterossexuais ou homossexuais, ou então podem ser bissexuais (isto não é
regra);
■ Borderlines são enchidos de imagens contraditórias de si mesmos. Eles relatam geralmente que sentem o
vazio interior, que são pessoas diferentes dependendo de com quem estão;
■ "Mantenha a distância um pouco próximo": o borderline pode começar a se sentir subjugado ou com
medo de estar perdendo o controle quando uma pessoa se aproxima demais dele. Ao tempo que ele quer
a intimidade, ele não sabe como estabelecer limites de maneira saudável, e a intimidade genuína pode
fazê-lo sentir vulnerável ou abusado. Ele talvez esteja com medo de que o outro possa ver o seu
"verdadeiro" eu, fique enojado e o abandone. Então, ele começará a se distanciar para evitar se sentir
vulnerável ou controlado. Ele pode arranjar uma briga com o outro, "esquecer" alguma coisa importante
ou fazer algo dramático ou explosivo. Mas então a distância o faz se sentir solitário. Os sentimentos de
vazio pioram e o seu medo de abandono se torna forte. Então ele faz esforços frenéticos para se
aproximar novamente e o ciclo de repete. [6]
■ As outras pessoas fora do ambiente familiar, como amigos e conhecidos, podem perceber que o
borderline não é o mesmo, aquele que conheceram no início. Por exemplo, as outras pessoas viam-no
como adorável, porém, percebem que ao passar da intimidade, conforme se conhecem mais, o indivíduo
limítrofe muda de comportamento, tal como passam de um comportamento delicado e gentil para frio,
seco ou distante.
Narcisimo e histrionismo
■ Podem parecer egoístas ou egocêntricos;
■ Suas emoções e sentimentos são tão intensos que eles têm dificuldade em colocar as
necessidades dos outros em primeiro lugar, acontecendo o contrário: suas necessidades são
colocadas antes das dos outros, pouco importando se a pessoa em relação é seu filho, pai,
mãe etc.;[6]
■ Eles se sentem ignorados quando não são o foco da atenção;
■ Fazem ou dizem algo impróprio para receber atenção e cuidado quando se sentem ignorados.
Por quererem atenção, tais traços histriônicos podem estar presentes, tais como: às vezes o
borderline pode se vestir sexualmente provocante para receber cuidado e atenção, podem
Despersonalização
■ Borderlines podem sentir que não são reais, são inexistentes, especialmente quando estão
sozinhos;
■ Em momentos de grande estresse ou quando percebem o abandono real ou imaginado, podem
dissociar-se, existindo assim a despersonalização. Eles frequentemente relatam tal fenômeno
sendo frequente, mas que aumentam de intensidade nos momentos em que estão a sós ou
sentem-se abandonados, ignorados ou rejeitados;
■ A despersonalização pode ser referida por uma sensação de irrealidade, de que nada mais é
real em sua volta, nem eles mesmos. Podem acreditar estar num sonho ou pesadelo, cuja
sensação de irrealidade é fortemente angustiante. Ainda podem relatar que estão num filme e
vêem tudo como se estivessem fora do corpo, como se tivessem se desprendido da sua própria
personalidade ou do seu corpo. Tais sensações são tão fortes que frequentemente eles
acabam por se sentir deprimidos e angustiados, sendo às vezes um gatilho para a auto
mutilação (podem se mutilar para ver se existem mesmo, para sentirem que são reais);
■ Quando estão tendo uma crise de despersonalização, as outras pessoas podem perceber um
comportamento levemente anormal, como por exemplo, uma falta de atenção, como se a
pessoa estivesse longe, distante ou "viajando";
Sentimentos e emoções
■ Possuem intensos sentimentos crônicos de vazio e tédio. Nada os preenche, nada os satisfaz,
tudo vira enjoativo, monótono e tedioso rapidamente;
■ Eles se sentem a maior parte do tempo irritáveis, ansiosos ou desconfiados;
■ Eles se sentem abandonados por motivos insignificantes para outras pessoas;
■ Podem dizer francamente que estão com medo de ficarem a sós ou serem abandonados;
■ São intolerantes à separação e à rejeição;
■ Se sentem rejeitados e/ou abandonados por condições mínimas ou insignificantes para as
outras pessoas;
■ Acreditam que se a pessoa o está abandonando é porque o limítrofe é mau, ruim ou
imprestável, cujo abandono é uma punição;
■ Acreditam que "quem ama não abandona", se "não ama, então, odeia" (pensamento
extremista);
■ Recordam de situações de modo muito diferente de outras pessoas ou então se acham
incapazes de se lembrar de tudo;[6]
■ Se vêem como pessoas más e que merecem castigo e mutilações;
■ Por terem esse tipo de sentimento, eles frequentemente não se importam consigo mesmos,
demonstrando baixa responsabilidade por si só;
■ Eles se sentem como se nunca fossem receber amor, atenção e afeto;
■ Podem se sentir irreais, inexistentes ou fora de si, como se não tivessem uma personalidade;
■ Eles não têm uma identidade bem formada. Tal identidade é destruída e remontada a toda
hora, por isso a instabilidade e incertezas são constantes na vida de um borderline.
■ Tentam preencher o vazio interno através de guloseimas, comida, cafeína, álcool, tabaco,
promiscuidade, sexo, relacionamentos, compras, furtos entre outras variadas formas de
compulsões, mas frequentemente dizem que nada o preenche;
■ Borderlines olham para outros para conseguir coisas que se acham difíceis de suprir a si
mesmos tais como auto estima, aprovação, otimismo e identidade;
■ O medo de abandono ou rejeição nessas pessoas é tão grande que a perda potencial de um
relacionamento é como a perda de um braço ou perna, ou mesmo a morte. Ao mesmo tempo,
sua auto-estima é tão baixa que não entendem por que alguém poderia querer viver com eles.
Por isso são hipervigilantes, estão o tempo todo tentando achar uma forma de comprovar que
a outra pessoa não o ama de verdade. Quando suas suspeitas são supostamente confirmadas,
podem estourar em raiva, fazer acusações, chantagens, provocações, chorar, procurar
vingança, mutilar-se, ter um caso, e entre outras inúmeras situações e atos destrutivos;[6]
■ São intolerantes às ambiguidades humanas;
Pensamentos borderline[6]
■ "Eu tenho que ser amada por todas as pessoas importantes na minha vida o tempo todo senão
eu sou desprezivel";
■ "Algumas pessoas são ótimas e tudo sobre elas é perfeito. Outras pessoas são inteiramente
péssimas e devem ser severamente censuradas e punidas por isso";
■ "Odeio quando as pessoas não dão atenção para mim;
■ "Eu não tenho controle sobre meus sentimentos ou as coisas que faço em consequência deles;
■ "Ninguém se importa comigo tanto o quanto deveria, então eu sempre perco todos com quem
me importo - apesar das coisas desesperadas que eu tento fazer para impedi-los de me
abandonar";
■ "Se todos me tratam mal, eu me torno má, ruim…"
■ "Eu odeio ficar sozinha, a ansiedade toma conta de mim";
■ "Quando eu estou sozinha, eu me torno ninguém e nada";
■ "Eu não consigo parar a frustração que eu sinto quando necessito algo de alguém e não sou
capaz de receber isso."
■ "O que será que eu fiz para ele(a) me olhar com desdém ?"
Critério 1: Os portadores deste transtorno fazem esforços frenéticos para evitar um abandono real ou imaginado.
Quando existe a percepção de rejeição, separação ou de perda da estrutura externa, os borderlines podem sofrer
profundas mudanças na auto-imagem, cognição, afeto e no comportamento.
Critério 2: Os indivíduos com TPL têm um padrão de relacionamentos instáveis e intensos. Podem idealizar um
potencial prestador de cuidados ou amante logo no primeiro ou segundo encontro, assim como exigir que passem
muito tempo juntos e que compartilhem detalhes e segredos bastante íntimos no início de um relacionamento.
Entretanto, pode ocorrer uma rápida passagem da idealização para a desvalorização, por achar que a outra pessoa
não se importa o suficiente, não está "lá" o suficiente.
Os afetados pelo TPL podem sentir empatia e carinho pelos outros, porém, esses sentimentos só surgem pela
expectativa de que a outra pessoa também "estará lá" para atender suas próprias necessidades, assim que exigido.
Os indivíduos borderlines estão inclinados a mudanças repentinas e drásticas em suas opiniões sobre os outros,
que são vistos alternadamente como salvadores bondosos ou como vilões punitivos. Tais mudanças refletem a
desilusão com uma pessoa cujas qualidades foram idealizadas ou cuja rejeição ou abandono estão iminentes.
Critério 3: Pode haver uma perturbação de identidade caracterizada por uma auto-imagem ou sentimento de si
mesmo persistentemente instáveis. Mudanças súbitas e drásticas na auto-imagem são observadas por objetivos,
valores e aspirações profissionais em constante mudança. Borderlines podem exibir mudanças repentinas de
opiniões e planos acerca da carreira, identidade sexual, valores e tipos de amigos. Além disso, podem mudar
subitamente do papel de coitados e carentes de apoio para vingadores de abusos e maus tratos passados.
Mesmo que geralmente possuam uma auto-imagem de "malvados", os indivíduos com o TPL podem, algumas
vezes, sentir que eles não existem de verdade. Experiências assim ocorrem, tipicamente, em períodos em que o
indivíduo sente falta de um relacionamento significativo, carinho e apoio. Limítrofes podem apresentar pior
desempenho em situações de trabalho ou escolares não estruturadas.
Critério 4: Borderlines são impulsivos em, pelo menos, duas áreas potencialmente prejudiciais a si próprios.
Podem jogar patologicamente, fazer gastos irresponsáveis, comer em excesso (compulsão também por doces é
freqüente, principalmente nas mulheres), furtar/roubar (cleptomania), abusar de drogas e/ou bebidas (ex.: álcool,
café, energéticos etc.), fazer sexo inseguramente, dirigir imprudentemente e até mesmo usar algum tipo de lazer
de forma excessiva e patológica (ex.: televisão, computador, etc.).
O suicídio completado ocorre entre 8 e 10% desses pacientes, atos de automutilação (por ex, cortes ou
queimaduras) e ameaças suicidas são muito comuns. As tentativas recorrentes de suicídio são, quase sempre, a
principal causa da busca de ajuda. Atos autodestrutivos são usualmente precipitados por ameaças de separação
ou rejeição.
A automutilação rotineiramente acontece durante experiências dissociativas e traz alívio pela reafirmação da
capacidade de sentir (e existir) ou pela representação de um castigo simbólico do sentimento de ser "mau".
Critério 7: Limítrofes podem ser incomodados por recorrentes sentimentos de vazio. Facilmente entediados,
sempre procuram algo para fazer.
Critério 8: As pessoas com este transtorno de personalidade rotineiramente expressam raiva extrema e
inadequada e/ou têm dificuldade em controlar sua raiva. Borderlines podem exibir extremo sarcasmo, explosões
verbais ou amargura persistente.
A raiva aparece, muitas vezes, quando um prestador de cuidados ou amante é visto como omisso ou indiferente e
prestes a abandoná-lo. As expressões de raiva, na maior parte das vezes, são seguidas de vergonha e culpa e
contribuem para o sentimento de ser "mau".
Critério 9: Em episódios de estresse, podem ocorrer ideações paranóides (exemplo: sentir-se enganado,
perseguido, espionado) ou sintomas dissociativos severos (por ex, despersonalização), no entanto, estes sintomas
são transitórios e de gravidade limitada, insuficientes para um diagnóstico adicional.
Diagnósticos comparáveis
A Classificação Internacional de Doenças - Volume 10 (CID-10), da Organização Mundial da Saúde,
tem um diagnóstico comparável chamado Transtorno de Personalidade Emocionalmente Instável –
Tipo Borderline (F60.31). Nele (além do critério geral de transtorno de personalidade) se requer
perturbações e incertezas sobre a auto-imagem, metas, preferências internas (incluindo sexualidade),
oscilações de humor, tendência em se envolver em relações intensas e instáveis freqüentemente
levando a crises emocionais, excessivos esforços para se evitar abandono, pensamentos e ameaças
recorrentes ou atos de autolesão e suicídio; e sentimentos crônicos de vazio.
A Sociedade Chinesa de Psiquiatria tem outro diagnóstico comparável chamado Transtorno de
Personalidade Impulsiva. Um paciente diagnosticado com TPI deve demonstrar "explosões afetivas"
e "demonstrável comportamento impulsivo", mais três de oito sintomas. Este diagnóstico é descrito
como um híbrido dos subtipos impulsivo e borderline do Transtorno de Personalidade
Emocionalmente Instável do CID-10, e também incorpora seis dos nove critérios do DSM-IV-
TR.Também chamado de Transtorno Explosivo Intermitente, ou TEI, transtorno que é provocado
pela baixa serotonina no cérebro. A diminuição desse neurotransmissor no cérebro prejudica a
transmissão de informações de um neurônio para o outro, o que leva a situações de descontrole e
agressividade.
Cisão no paciente borderline
No Transtorno de Personalidade Borderline, cisão (splitting) é um erro cognitivo característico. Esse erro é uma
defesa primitiva e representa a tendência em se completamente idealizar ou completamente desvalorizar outras
pessoas, lugares, idéias, ou objetos; o que significa, vê-los como totalmente bons ou totalmente maus.Segundo
alguns teóricos como Otto Kernberg, é um comportamento no ser humano, enquanto criança pequena, dividir o
mundo entre "bom" e "mau". A criança não está emocionalmente madura o bastante para saber lidar com as
diferenças e imperfeições das outras pessoas/coisas. Em alguma fase do desenvolvimento infantil, o indivíduo
aprende a enxergar o meio-termo e a neutralidade existentes nos outros e o comportamento de separação
primitivo é superado.No TPL, por diversas razões, o mecanismo de separação se mantém na idade adulta e cria
uma instabilidade emocional que afeta severa e negativamente a vida dos pacientes borderlines. Essa cisão pode
resultar problemas como o estupro e envolvimento com drogas pelo mau julgamento ao escolher parceiros e
estilos de vida.
O transtorno de personalidade limítrofe pode ser confundido com outras desordens da personalidade,
especialmente o transtorno de personalidade histriônica, sociopatia e dependente.
Prevalência
Estatísticas provam que a prevalência do Transtorno de Personalidade Limítrofe varia de 1% a 2% na
população geral. As mulheres correspondem a 75% dos diagnosticados, na proporção de que para
três mulheres diagnosticadas, um homem é diagnosticado. Limítrofes correspondem
aproximadamente a 20% das populações prisionais, 10% das populações de atendimento
ambulatorial e 20% das populações internadas em hospitais psiquiátricos. O suicídio é 800 vezes
maior que na população geral e 10% entre esses pacientes.
[editar]Etiologia – Causas e influências
Pesquisadores acreditam que o TPL resulta de uma combinação que envolve uma infância traumática,
componentes genéticos e acontecimentos estressantes durante a adolescência, além de disfunções
no funcionamento cerebral.
[editar]Abuso infantil, trauma ou negligência
Numerosos estudos mostraram uma forte relação entre abuso infantil e o desenvolvimento de TPL.
Muitos indivíduos com TPL reportam uma história de abuso, negligência e separação quando
crianças. Pais de portadores foram apontados como tendo falhado em dar a proteção necessária, e
negligenciado os cuidados físicos de seus filhos. Pais (de ambos os sexos) foram tipicamente
reportados como tendo negado a validade dos pensamentos e sentimentos de seus filhos, de se
retirarem emocionalmente em algum momento e terem tratado a criança inconsistentemente.
Orfandade de algum (ou dois) dos pais também é comum entre esses pacientes. É comum, ainda,
encontrar uma história de abuso sexual por um não responsável (principalmente nas mulheres) entre
portadores de TPL. Alnguns dos casos, a forma de negligencia não se dá somente na infância,
pessoas que sofrem instabilidade durante a fase de formação, como na adolescencia, também são
propensas a apresentar os sintomas de TPL. De acordo com Joel Paris, “Alguns pesquisadores, como
Judith Herman, acreditam que o Transtorno de Personalidade Limítrofe é um nome dado a uma
manifestação particular do Estresse Pós-Traumático (EPT)". No entanto, Paris considera essa
conclusão como não comprovada, uma vez que muitos portadores de TPL não têm uma grave história
de traumas.
[editar]Genética
A literatura existente sugere que traços relacionados ao TPL são influenciados por genes e já que a
personalidade é geralmente hereditária, então o TPL também deve ser, no entanto estudos têm tido
problemas metodológicos e as ligações exatas não estão claras ainda. Um estudo maior de gêmeos
idênticos descobriu que se um deles atingir o critério de TPL, o outro também atinge em um terço
(35%) dos casos. Filhos de pais (de ambos o gêneros) com TPL têm cinco vezes mais chances de
também desenvolver o Transtorno de Personalidade Limítrofe ou o Transtorno de Personalidade Anti-
Social (Sociopatia).
[editar]Funcionamento cerebral
Neurotransmissores relacionados com o TPB incluem serotonina, noradrenalina, acetilcolina
(relacionada a várias emoções e ao humor); ácido gama-aminobutírico (o maiorneurotransmissor
inibidor no cérebro, que pode estabilizar a flutuação de humor); e o ácido glutâmico (um
neurotransmissor responsável pelo prazer).