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Transtorno de personalidade

limítrofe
Psicologia
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)
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Transtorno de personalidade limítrofe

O Transtorno de Personalidade Limítrofe (TPL), também conhecido como Transtorno de Personalidade


Borderline (TPB) é definido como um gravíssimo transtorno de personalidade caracterizado por desregulação
emocional, raciocínio “8 ou 80” (“branco e preto”, totalmente bom e totalmente mau) extremo ou cisão e
relações caóticas. Pessoas com personalidade limítrofe podem possuir uma série de sintomas de transtornos
psicológicos diversos, tais como ataques de pânico, grande sentimento de entusiasmo para depois sentir um
grande vazio ou dissociação mental, assim como despersonalização. Com tendência a um comportamento
briguento, também é acompanhado por impulsividade auto-destrutiva, manipulação, conduta suicida, bem como
esforços excessivos para evitar o abandono e sentimentos crônicos de vazio, tédio e raiva. Por vezes, o transtorno
é confundido com depressão ou transtorno afetivo bipolar.O transtorno borderline é um grave distúrbio que afeta
seriamente toda a vida da pessoa acometida causando prejuízos significativos tanto ao indivíduo limítrofe como
às pessoas a sua volta. Frequentemente eles precisam estar medicados (antidepressivos, antipsicóticos,
ansiolíticos etc.) para tentar reduzir as consequências incontroláveis que a doença traz. Além disso,
acompanhamento psicológico é primordialmente muito importante.Os sintomas aparecem durante a
adolescência ou nos primeiros anos da fase adulta e persistem geralmente por toda a vida. Essa fase pode ser
desafiadora para o paciente, seus familiares e seus terapeutas, mas na maioria das vezes a severidade do
transtorno diminui com o tempo. Pelo fato dos sintomas eclodirem principalmente na adolescência, muitas vezes
os pais ou familiares acham que é mera rebeldia própria da idade. Contudo, não fazem idéia que estão diante de
um ente com um grave distúrbio.As perturbações sofridas pelos portadores do TPL alcançam negativamente
várias facetas psicosociais da vida, como as relações no trabalho, casa, e ambientes escolares. Tentativas de
suicídio e suicídio consumado são possíveis resultados sem os devidos cuidados e terapia.A maioria dos estudos
indica uma infância traumática (especialmente separação dos pais, abuso infantil) como precursora do TPL,
ainda que alguns pesquisadores apontem uma predisposição genética, além de disfunções no metabolismo
cerebral.Estima-se que 2% da população sofra deste transtorno, com mulheres sendo mais diagnosticadas do que
homens.O termo Borderline (Limítrofe) deriva da classificação de Adolph Stern que descreveu, na década de
1930, a condição como uma patologia que permanece no limite entre a neurose e a psicose. Pelo fato de o
termo carecer de especificidade, existe um atual debate se esta doença deva ser renomeada.

Características borderline
"Eu te odeio… por favor, não me abandones." [1]

"Eu mal vejo a hora de que essa fase de rebeldia passe!", "É assim por falta de uma boa surra!" ou "Ele ficou
assim na adolescência, isso deve ser da idade ou pura frescura para chamar a atenção!" são pensamentos
frequentes de pais ou familiares de um indivíduo com o transtorno de personalidade borderline. Essa forma de
pensar é muito comum, sendo que raramente os pais se dão conta de que o problema de agressividade,
impulsividade, falta de concentração e até de vontade de terminar o que mal começa, podem ser sintomas de uma
doença ou transtorno. Às vezes, os pais têm vergonha de levar o filho ao psiquiatra ou terapeuta, o que prejudica
ainda mais o tratamento que acaba sendo tardio, e as consequências piores. Frequentemente eles preferem culpar
o próprio filho ou a problemas espirituais. Além disso, muitas vezes eles tendem a acreditar que o indivíduo é
assim por ser mal-educado, irresponsável ou até mesmo mimado. Contudo, quando os sintomas típicos
borderline estão presentes, tais hipóteses são falsas porque, pelo contrário, não se trata de uma pessoa mimada ou
mal-educada, com uma personalidade essencialmente imatura (que muitas vezes está caracteristicamente
presente na personalidade anti-social). E sim de um indivíduo doente e que sofre muito por ser assim,[2] muitas
vezes tais sintomas frutos de maus tratos e uma infância traumática. Apesar do borderline ser também muito
imaturo, a específica personalidade imatura frequentemente ocorre por consequência de um déficit na educação,
pela "superproteção" ou pela falta de limites educacional. A personalidade imatura limita-se especificamente a
características típicas de imaturidade como impaciência, intolerância às frustrações, egoísmo excessivo, auto-
estima inflada. Exibicionismo, pouca consideração com os sentimentos alheios e falta de respeito e educação
para com os outros. Bem como impulsividade, puerilismo, pseudo hiperatividade e comportamento visivelmente

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muito infantil, propensos a atos francamente anti-sociais, como furtos e outros crimes. Além disso, a
personalidade imatura ausenta de outros sintomas típicos do borderline (como a auto agressão, sentimento de
vazio, tédio e raiva, baixa auto-estima, medo de abandono e de estar só etc.).Aqueles que sofrem do transtorno de
personalidade borderline são indivíduos que afastam aqueles de quem mais precisam. Ao tempo que precisam
dessas pessoas, afastam assustadoramente as mesmas. São muito exigentes de atenção e são excessivamente
manipuladores. Eles têm profundos traços de masoquismo e sadismo e, de forma geral, são como crianças em um
corpo de adulto que não toleram limites. Muito imaturos emocionalmente, são impacientes, não sabem esperar,
suas recompensas devem ser sempre imediatas, não toleram frustrações e tendem a colocar a culpa sempre em
outros. Isto acontece porque borderlines geralmente foram crianças privadas de uma necessidade básica,
especialmente foram negligenciadas em alguma etapa de sua vida emocional que deixaram marcas profundas na
personalidade (ex.: Separação dos pais, crianças que foram abusadas sexualmente ou emocionalmente, que
sofreram violência física, perda precoce de um ente querido, etc.). Assim, é como se seu desenvolvimento
emocional tivesse estacionado drasticamente.Às vezes, indivíduos borderlines foram pessoas que cresceram com
um grande sentimento de não ter recebido atenção suficiente. Eles são revoltados, e buscam caminhos para
procurar essa falta de atenção, em suas relações. Frequentemente, na amnese, é achada uma carência afetiva
(ex.: ausência do pai), maus tratos ou abusos sexuais.

Os diferentes traumas na infância geram um profundo sentimento crônico de vazio, rejeição e dor, incorporando-
se na personalidade borderline que é vivenciada como uma dor profunda e dilacerante. Essa dor é intensamente
sentida em indivíduos borderlines, o que pode estimular o processo auto destrutivo.O borderline também é
essecialmente insaciável. Em termos de atenção, cuidado e carinho, eles sempre querem mais do que realmente
têm. Por mais que as pessoas lhe deem tais afetos, com frequência eles estão a exigir constantemente muito mais
do que recebem. Talvez porque quando crianças, foram indivíduos que sempre estariam exigindo muita atenção,
sendo esta não suficientemente preenchida, e frequentemente foram também crianças muito teimosas.Tais
pessoas com instabilidade emocional são aquelas que não conseguem manter equilíbrio em situações de tensões
ou estresse. Elas frequentemente mudam de humor, emoções e conduta conforme o contexto que lhe são
apresentadas. Via de regra, têm baixa capacidade de julgamento e usualmente têm reações grosseiras,
acompanhadas muitas vezes de culpa ou ansiedade. Podem ser pessoas rebeldes ou totalmente tímidas. Esses
indivíduos que possuem instabilidade emocional tendem a ser grosseiros, "reclamões" e briguentos. Algumas
vezes, essas pessoas podem confundir carência emocional com paixão. Transferem para relacionamentos
amorosos a sua instabilidade emocional. Então, são os causadores de brigas excessivas, têm ciúmes exagerado ou
sentimento possessivo, e o borderline vê o outro como se ele só tivesse a obrigação de estar ali apenas para
prover o que o limítrofe necessita. Além disso, eles tendem a acreditar que o outro parceiro tem de estar todo o
tempo com ele e com a obrigação de não deixá-lo sozinho ou abandonado. Quando o parceiro tem de ir embora,
deixá-lo sozinho, ou quando cancela um encontro, facilmente borderlines ficam furiosos ou entram em pânico,
partindo frequentemente para manipulações, com ameaças suicidas. Essa tendência do limítrofe se sentir
facilmente ferido ou agredido (pequenos estressores são capazes de enfurecê-los. Eles se irritam ou se rebelam
por pouca coisa, às vezes totalmente insignificantes) faz com que frequentemente entrem em brigas ou confusões
no ambiente social do dia-a-dia. Eles não têm controle de si mesmo, por isso facilmente demonstram
irritabilidade e raiva em variadas situações triviais, desde maus tratos e estupidez até xingamentos e violência.
Borderlines são, de forma geral, propensos a um comportamento evidentemente briguento, com uma notável
facilidade em brigar com todos a seu redor, abrir escândalos, confusões etc. Eles podem conseguir brigas por
coisas pouco importantes em restaurantes, lojas, bancos, mercado ou em outro qualquer lugar público. Por
exemplo, é o caso da jovem borderline que solta explosões verbais a um homem, por este ter esbarrado, sem
querer, na moça. Tais situações, ocasionalmente, podem ser uma porta de entrada para brigas realmente
violentas, já que, às vezes, borderlines podem deparar-se com outras pessoas também explosivas e pouco
tolerantes. Em geral, tais conflitos são frutos de explosões em situações contornáveis aos olhos do observador,
mas que o borderline não consegue evitar.Limítrofes são pessoas que passam seu tempo a tentar controlar mais
ou menos emoções que elas não controlam realmente. São pessoas que, diga-se de passagem, têm duas vidas.
Uma vida quando estão na sociedade e outra vida de comportamentos muito diferentes quando estão a sós. Sua
capacidade de esconder o transtorno faz com que sejam vistos, superficialmente, como se não tivessem nada,
entretanto suas vidas são sofríveis e um verdadeiro inferno dissimulado. Pessoas com o transtorno oscilam entre

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um comportamento adulto e um comportamento infantil.Esses indivíduos são árduos manipuladores. Alguns
psiquiatras e psicólogos dizem que borderlines são "pacientes impossíveis", porque frequentemente são
manipuladores, pessoas que buscam atenção, perturbam e irritam, além de não terem capacidade o suficiente
para controlar suas condutas. Agridem a eles mesmos e aos demais que tentam ajudá-los. Em suas relações
iniciais (ex.: terapia), por causa da grande desconfiança que eles mantêm, as palavras com frequência não são
usadas para comunicar ou exprimir sentimentos. O que existe são as manipulações, testes, controle etc. Eles
tendem a defender-se de sentimentos, emoções e lembranças e facilmente testam suas relações através de
manipulações. [3]Parece que o borderline está sempre usufruindo de testes e manipulações, a fim de testar as
outras pessoas, como elas reagirão a tais testes como agressividade, brigas, chantagens, etc. e, se por acaso, o
abandonarão por tais razões. Esses testes, então, são a forma de limítrofes analisar e ter certeza de que não há
jeito de aparecer alguma ameaça de abandono por parte da pessoa cuidadora. [4]

A solidão, o vazio e a baixa auto-estima


O paciente borderline para viver em paz precisa encontrar um objeto protetor que nunca o deixe. Para isso, eles
testam tais "objetos" (as pessoas) para poderem acreditarem nisso. Tais testes são manipulações, maus tratos,
discussões etc. como forma de que isso atesta que, mesmo através de tais caminhos, o borderline nunca será
abandonado. Obviamente, isto traz à tona a grande questão da tolerância das pessoas "alvo" do borderline, afinal,
dificilmente as pessoas em sua volta têm tamanha paciência para tais manipulações. O limítrofe parece estar
sempre insatisfeito e precisando de mais e mais (seja atenção, carinho, apoio, cuidados etc.) porque sente um
vazio irreparável, um nada, um buraco, uma frustração contínua. Sente-se insuficiente e desvalorizado. [4] São
pessoas com uma baixíssima auto-estima, frequentemente causada por conta de uma infância traumática, como
por exemplo, o abuso infantil, sobretudo o sexual. Com frequência, eles vêem-se como ridículos, sempre
preocupando-se em excesso com um "defeito imaginário", bem como têm a sensação de que têm nojo de si
mesmo (principalmente se houve o abuso sexual) ou de que eles são uns "monstros".Estar só e relaxar é algo que
o borderline não consegue. Sua baixa auto-estima e a necessidade constante de ter sempre alguém cuidando dele,
faz com que a solidão seja vista como insuportável. São pessoas que não conseguem ficar sozinhas apenas
consigo mesma, com sua própria companhia. Para eles, a convivência consigo mesmo é seu pior
inimigo.Borderlines são pessoas que não suportam a solidão, frequentemente sentem grande ansiedade ao ficar
só. Se sentem abandonados, rejeitados e excluídos, facilmente ficando deprimidos quando percebem que seu
"cuidador" o deixou. Para eles, é como se eles não existissem, sem uma estrutura externa (ex.: cuidador). Com
seu cuidador, podem estar em plena euforia; Porém, quando este anuncia que terá de ir, facilmente passam de um
humor eufórico para raivoso com manipulações e esforços excessivos para evitar ficarem sozinhos. Se ficam só
esse momento torna-se tão insuportável que do humor raivoso decaem para a depressão. Seus atos auto-
destrutivos aumentam de intensidade. Podem fazer tentativas suicidas, sentir que nada mais é real
(despersonalização e desrealização), entre outros comportamentos extremos.Borderlines sentem que estão
sempre na solidão e com um grande sentimento crônico de vazio. Tal sentimento constantemente os incomoda e
tendem a achar sempre uma forma de preencher tal vazio, mas com frequência, descrevem que esse sentimento
nunca desaparece. Borderlines sentem tudo com uma alta intensidade, sendo que para eles, tudo faz mal, tudo os
agride e machuca. Não sabem se proteger, ou ao menos, acreditam não saber. Eles ainda têm sentimentos de
serem uma eterna "vítima", incapaz de aceitar suas próprias responsabilidades. São pessoas que não têm uma
noção clara de sua identidade. Na realidade, eles não tem uma identidade bem formada, assim, precisam do apoio
de uma outra identidade, causando assim um grande medo ao abandono, perda e rejeição de tal identidade cujo
borderline o considere como cuidador. A visão que eles têm de si mesmo frequentemente se caracteriza por uma
visão flutuante e pouco constante, mudando rapidamente de tal visão. Assim, isso contribui para a grande
instabilidade que circula em suas vidas. Quase sempre eles dizem não ter certeza de nada. Ou então, dizem uma
coisa, mas em seguida mudam de idéia ou opinião. Seus gostos são totalmente inconstantes, podem gostar de
uma coisa, para em seguida enjoar da mesma. Sua identidade, orientação sexual e a visão de si mesmos também
assim são baseados. Eles facilmente se vêem como maus, estranhos, sem amor e sem doçura. Além disso, eles
também se enxergam como pessoas que não merecem elogios, mérito e prazer. São indivíduos que são escravos
das suas próprias emoções. Limítrofes também tendem a ter baixa tolerância às críticas, tendendo a levar sempre
para o lado pessoal. Tais críticas provocam frequentemente acessos de mau humor, irritabilidade e

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acusações.Eles não toleram a solidão e demonstram um grande medo excessivo de serem abandonados ou
rejeitados, sendo que este medo é acompanhado caracteristicamente de esforços frenéticos para evitá-lo. Podem
fazer manipulações emocionais, especificamente chantagens, como ameaças ou tentativas de suicídio. Contudo,
caso a manipulação não funcione, eles podem demonstrar explosões de raiva, se auto-rotulam como "maus" e
podem cometer atos autodestrutivos, como automutilar-se. O medo de ser abandonado é tão enorme nessas
pessoas que casualmente sofrem de dissociações, têm distorções da realidade como ter idéias paranóides ou
alucinações e, no extremo, praticar impulsivamente o suicídio completo. Além disso, por causa do suposto
abandono (real ou imaginado) da grande idealização por tal pessoa, eles passam rapidamente para a grande
desvalorização desta última, pelo fato de terem sido "abandonados". Contudo, é notável também que a volta da
pessoa cujo limítrofe a considere como seu cuidador, ocasione a remissão de tais sintomas e manipulações. Mas
frequentemente eles são tão inseguros com grande medo de perda, que acabam por serem muito ciumentos, sem
se darem conta que todo esse comportamento prejudica e assusta as pessoas em sua volta. De maneira geral, o
transtorno de personalidade borderline é um dos principais distúrbios associados ao suicídio e auto mutilação.
Borderlines costumam se sentirem "maus" e o suicídio e comportamento autoagressivo por vezes é considerado
como uma forma de auto punir-se. Eles podem tomar muitos medicamentos de uma vez só, com ou sem intenção
de suicídio, abusar de drogas e bebidas, auto mutilar-se fisicamente, colocar-se em risco, entre outros atos
impulsivos com notável tendência a "castigar-se".Eles frequentemente sofrem de solidão mesmo estando entre
pessoas. Sentem-se sós e sempre acham que as pessoas não os compreende e que ninguém jamais poderá o
compreender. São indivíduos que possuem baixa auto-estima, insegurança e não se amam o suficiente para
ficarem a sós consigo mesmo. Quando isto acontece, com frequência sentem uma grande ansiedade. Tendem a
sentir o vazio de forma mais intensa, contribuindo para cometerem atitudes impulsivas como auto-mutilar-se.

A desregulação emocional x relacionamento familiar


Borderlines, caracteristicamente, têm dificuldades no controle das emoções e podem ter dificuldade em conviver
em grupo. Eles frequentemente exigem toda a atenção do mundo para si e facilmente são tomados pelas
emoções. Podem arranjar conflitos com amigos, namorados e familiares com grande demonstrações de ciúmes,
possessividade e medo de serem abandonados. E ainda com tanta exigência de atenção e cuidado, com
frequência armam confusão com notáveis explosões de raiva. Como agressividade, ironia, xingamentos e até
demonstrações físicas de violência. Por isso, podem viver a criar casos e "barracos" para tudo o que é canto onde
vão.Pessoas com esse distúrbio, de maneira geral, são superficialmente adoráveis e simpáticos. Porém, com
pessoas de sua grande intimidade (ex.: familiares) eles são tidos frequentemente como irritantes, agressivos, mal-
humorados, rebeldes. Tanto que o ambiente intrafamiliar de pessoas com este distúrbios é muitas vezes marcado
por brigas e conflitos constantes.Esses indivíduos constantemente não conseguem manter um bom
relacionamento entre seus familiares íntimos que convivem dia-a-dia com ele (ex.: pais e irmãos). Por vezes, o
ambiente familiar é repleto de discórdias, discussões e brigas, sendo que estes últimos também são classificados
hora como bons, hora como maus. A imprevisibilidade e instabilidade típica de limítrofes contribuem para a
geração de conflitos intrafamiliar. Muitas vezes, tais pessoas que convivem com o indivíduo percebem tais
características, como humor instável com demonstração frequente de incapacidade de controlar a raiva (ex.: mau
humor frequente, mau gênio, agressividade constante). Às vezes, borderlines podem ser tidas como pessoas
incapazes de demonstrar gratidão, de interessar-se por si mesmo e pelos outros. Os outros, assim como a mãe,
podem ser sentidos como estranhos que têm apenas a função de suprir e prover o que ele espera.Geralmente, a
dor física bem como as brigas e discussões podem ser formas de aliviar a tensão interna que se alastra no interior
do indivíduo limítrofe. Por isso, com frequência, o borderline se acalma após uma briga com familiares.
Enquanto depois da discussão todos ficam mal, como ele descarregou sua tensão, ele age como se nada de
importante houvesse acontecido e tende a esperar que os outros reajam assim também.

As pessoas de sua intimidade, facilmente olham limítrofes como estressados, pessoas "de lua" e imprevisíveis. A
convivência diária com borderlines pode ser de extrema dificuldade. Porque ao longo de um dia, podem ser tidos
como aqueles que de manhã estão de um jeito, à tarde de outro, e à noite de outro jeito. Por isso, o ambiente
intrafamiliar é caracterizado por intensas intrigas e conflitos constantes. Frequentemente irritadiços ou
agressivos, podem tratar hora bem, hora mal aqueles que convivem com ele. Até mesmos seus parentes podem
ser divididos hora como "bons", hora como "maus". Portanto, medo, repulsa e raiva são emoções frequentes que

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borderlines produzem em pessoas de sua grande intimidade. Familiares sempre percebem que são pessoas que
têm facilidade em demonstrar agressividade, sendo que dificilmente conseguem controlar tais hostilidades -
Estas perceptíveis através de mau humor, agressividade constante, amargura persistente e até ataques de rebeldia
ou violência.Apesar disso, quase sempre, socialmente essas características não são momentaneamente
percebidas. Pelo contrário, suas relações podem ser superficiais, assim, demonstram ser adoráveis, queridos e
simpáticos - embora possam armar confusão e demonstrar irritação por coisa mínima. Contudo, tais qualidades
perdem a força conforme suas relações se tornam profundas e íntimas. Muitas vezes, superficialmente, tais
pessoas que mal conhecem o indivíduo borderline podem duvidar e não acreditar quando familiares, por
exemplo, relatam o comportamento irritadiço e anormal que o limítrofe exibe.

Instabilidade, inconstância e relacionamentos


O perfil geral do transtorno também inclui uma inconstância invasiva do humor, das relações interpessoais, da
conduta (comportamento) e da identidade, que pode levar a períodos de dissociação. São pessoas muito instáveis
em todos os aspectos de sua vida; seus relacionamentos são intensos mas muito caóticos, com tendência a
terminar abruptamente de forma explosiva, pois eles são marcados por períodos de grande idealização e grande
desvalorização causados por medo excessivo de abandono, esforços exagerados para evitar a perda, chantagens
emocionais, possessão, ciúmes e explosões de raiva. A instabilidade emocional, também contribui para
relacionamentos instáveis. O humor do borderline pode ser muito lábil, alternando diariamente entre períodos de
depressão profunda, grande ansiedade, euforia, intensa raiva ou irritabilidade (não necessariamente nessa
ordem), sendo que, quando estão sós, frequentemente se sentem irritadiços e depressivos juntamente com um
sentimento crônico de vazio. A instabilidade também é intensa na própria percepção de imagem de si mesmo
(propensos a achar-se feios, gordos demais, magros demais, defeitos imaginários em geral - anorexia, bulimia,
vigorexia, transtorno dismórfico corporal etc.), nas atitudes, opiniões e até na sexualidade.O paciente borderline
apresenta em todos os aspectos de sua vida a "difusão de identidade" que pode ser descrevida como a recusa em
considerar outros tempos e outras diferentes situações, dando prioridade à situação presente e atitudes imediatas.
Como se tivessem uma "amnésia" das situações e atitudes anteriores. Assim, forma-se a instabilidade entre os
extremos "bom e mau" (8 ou 80, branco ou preto, mas nunca o meio-termo). Os indivíduos limítrofes tendem a
caracterizar uma pessoa, objeto ou circunstância apenas pelo presente, como se não existisse o passado ou o
futuro, nem outros tempos ou situações diferentes. Por exemplo, o borderline ao perceber que a pessoa
cuidadora está com ela, ele tende a classificá-la como "ótima". Quando o cuidador tem de ir embora, este
rapidamente passa da grande idealização ("ótima") para a grande desvalorização ("péssima"), desprezando a
história em que passaram. Se o cuidador retorna, novamente a pessoa é passada do extremo "péssima" para o
"ótima". Isto evidencia a grande instabilidade entre os extremos cujos borderlines sofrem. É assim, também, que
outras pessoas, objetos e circunstâncias são analisados por limítrofes, sempre oscilando entre o "bom" e o
"mau", conforme o presente imediato, deixando de lado o passado, situações remotas e diferentes.
Exemplificando, de modo geral, a borderline é aquela jovem que valoriza demais o namorado. Contudo, por
menor que seja a contrariedade, já acha que ele não presta mais. Também acontece quando a limítrofe liga para a
amiga. Só porque esta não pôde atendê-la naquela hora, a borderline já acredita que não é amada e depois
agride, exige e acusa dramaticamente a amiga de não dar devida importância a ela.De forma geral, borderlines
estão sempre no extremo e fazem análise extrema das situações externas. Eles passam facilmente do "eu te amo"
para o "eu te odeio", é sempre o branco ou preto, mas nunca o cinza. Suas opiniões em relação aos outros, são
assim baseadas também, alternando drasticamente entre pessoas "ótimas" e pessoas "péssimas", por isso a
frustração é frequente. Geralmente, a frustração é precedida por ameaças reais ou imaginárias de abandono.
Assim é evidente que as próprias idealizações desses indivíduos trazem ainda mais enorme instabilidade para
eles. Mas caracteristicamente eles têm baixa intolerância às frustrações, porque são emocionalmente
hipersensíveis a qualquer estímulo estressante, reagindo sempre de maneira raivosa, com grande dificuldade em
controlar fortes emoções. Frequentemente têm explosões de raiva com facilidade, às vezes com evidente
demonstrações como jogar estressadamente objetos ao chão, ou se auto-agredir. Contudo, geralmente essas
expressivas demonstrações são seguidas por culpa ou vergonha, contribuindo novamente para o sentimento de
que são "maus".Por causa da tendência em completamente idealizar ou completamente desvalorizar pessoas,
lugares e objetos, os portadores da personalidade limítrofe por vezes podem fazer um mau julgamento de outras

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pessoas. Muitas vezes fazendo-se assim em se envolver em relações extremamente prejudiciais, que levam a
sucessivas crises emocionais.Em um relacionamento, o borderline exige atenção exclusiva e constante, proteção
permanente, alguém forte que amenize sua solidão e seu vazio. Quando isso acontece, ele se sente confortável e
tranquilo, contudo, teme o abandono do ser amado e frequentemente o inferniza constantemente com medo de
que isso realmente se concretize. No momento em que o borderline se vê incompreendido ou ameaçado pelo
objeto amado, ele pode ter respostas agressivas, auto mutiladoras ou suicidas. Isso frequentemente surge em
situações de cólera intensa ou misturada com explosões súbitas do humor depressivo, revelando gestos e
comportamentos a fim de estabelecer um controle sobre o ambiente e as pessoas de tais situações, provocando no
outro um sentimento de culpabilidade. [4]Esses indivíduos de maneira geral, trazem consigo sempre grande
instabilidade em seus relacionamentos. Apesar da dificuldade em nutrirem confiança por outros, quando eles se
apaixonam por alguém, podem referir-se a tal pessoa como "ele é tudo para mim, eu o adoro/amo". Contudo,
quando o cuidador está prestes a supostamente "abandoná-lo" (ex.: anunciar que tem de ir embora, para a casa),
Borderlines podem passar rapidamente de carentes de afeto para raivosos, frequentemente demonstrando humor
seco, grosseiro e raivoso, com comportamento impulsivo (ex.: dizer que odeia, demonstrar agressividade, tratar
mal a pessoa etc.), juntamente, fazem esforços excessivos, para assim evitarem ser abandonados. Tais esforços
são tão extremos que às vezes cometem atos muito impulsivos, levados por fortes emoções (raiva, ira ou cólera).
Por exemplo, fingir passar mal, acidentar-se propositalmente, auto mutilar-se, ameaças suicidas, prender a
pessoa, tentar suicídio, chantagens entre outros atos extremos. Exatamente por isso, por vezes, os borderlines
podem terminar em caso policial, porque são eles que muitas vezes são donos de tais esforços frenéticos para
evitarem ser abandonados. Podem, por exemplo, serem autores de comportamentos muito impulsivos e
irracionais como sequestros ou crimes movidos pela angústia de serem abandonados.Frases como "Você não vai
querer mais namorar comigo, olha só o que eu fiz" ou "Eu me odeio! Você ainda vai continuar gostando de mim,
depois disso?" demonstram o medo em ser abandonado, largado e mostra questões que o borderline supõe ser
motivos para o abandono. [4]Frequentemente em relacionamentos íntimos, o borderline demonstra grande
necessidade de ajuda por causa de sua depressão e por conta de maus tratos passados, contudo, ao tempo de que
se mostram depressivos e dependentes de cuidados, de repente podem maltratar cruelmente a outra pessoa.A
vida em si do borderline não é estável. Seus relacionamentos bem como comportamentos e sua personalidade
em geral não são duradouros. É notável nesses indivíduos constante instabilidade nos seus relacionamentos. Eles
podem demonstrar profundos sentimentos de apego e desapego fácil e ambivalente. Ao passo que, se sentem só,
desejam muito a presença do outro, mas quando esta presença se concretiza, podem achar que estão muito
próximos e invadindo sua privacidade. É um eterno "eu te odeio - não me deixe", bem como rápida passagem do
"eu te amo", para o "eu te odeio". Parceiros afetivos que se relacionam com limítrofes vivem em constante
confusão e com frequência se assustam e se irritam com as relações caóticas típicas do borderline. Isso acontece
porque limítrofes idealizam e se desapontam a todo tempo. Hora podem amar, mas depois podem odiar. Pessoas
que mantêm relacionamento com um indivíduo emocionalmente instável, hora podem se sentir sufocadas de
tanta exigência de atenção, cuidado e carinho, bem como excessivas manipulações. Hora podem duvidar do
sentimento do borderline que demonstra grande ternura, para em seguida, demonstrar frieza, raiva e maus
tratos.Suas opiniões e idéias são facilmente instáveis e contraditórias. Podem dizer com convicção "sim", para
em seguida, dizer "não", gostando assim de algo, para facilmente odiá-lo ou vice-versa. Isso também acontece
em relação à carreira profissional e sua orientação sexual. Estão constantemente mudando em relação ao que
pensam e fazem, e o que irão exercer profissionalmente. Sua identidade sexual é frequentemente marcada por
dúvidas e mudanças constantes ou até adeptos à bissexualidade. Por vezes, definem-se a si próprios como "hora
uma coisa, hora outra coisa". Quando estão convictos de algo, de repente, vêem-se cercados por dúvidas
contrárias novamente, por isso, a indecisão nessas pessoas é comum. Até a própria aparência física do limítrofe
tende a ser instável. De maneira geral, são pessoas que não conseguem ficar estáveis. Por isso, são intolerantes à
monotonia e rotinas, facilmente contrariando e quebrando regras, bem como desistindo ou desanimando
facilmente de atividades rotineiras ou que exigem uma certa monotonia.Borderlines frequentemente não têm
persistência o bastante para continuarem um projeto, tarefa ou objetivo. Eles tendem a iniciar, porém,
dificilmente terminam. Enjoam, cansam ou desgostam facilmente. Por isso, a vida do limítrofe é uma
instabilidade contínua, seja em seus projetos, relacionamentos, preferências ou comportamentos.O borderline não
é capaz de se ligar por muito tempo a coisa alguma que não seja, de fato, algo de seu total interesse. [4] Por isso

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também dificilmente mantêm um relacionamento por muito tempo, um emprego estável, um objetivo constante,
um gosto ou preferência interna estável. Na realidade, a inconstância é a palavra chave da vida do
borderline.Limítrofes estão sempre à beira entre o amor e o ódio. [4] Eles amam o objeto (ex.: cônjuge), mas
em seguida, por motivos fúteis e até mesmos insignificantes de repente passam do amor para o ódio, como se,
para o borderline, as pessoas estivessem sempre oscilando entre o ótimo (ideal) e o péssimo (pior) e vice-
versa. Sem meio termo e sem a conscientização de que o ideal não existe, nem mesmo o péssimo. Eles tendem
a idealizar as pessoas por qual querem como seus cuidadores, contudo, não aprendem que o ideal não existe, por
isso estão sempre insatisfeitos. A pessoa "ideal" parece sempre depender do que o borderline necessita. Caso a
pessoa "ideal" negue, ignore tal necessidade, ou frente a recusas, o borderline rapidamente passa do amor para
o ódio. Por exemplo, é o caso da borderline que não quer ver os defeitos do namorado, que tenta sempre mudá-
lo, a fim de que este fique "perfeito". Porém, quando percebe que tais condutas não funcionaram, rapidamente o
desvaloriza. Também é o caso da paciente que quer ouvir apenas as coisas que deseja, pelo terapeuta. Quando o
terapeuta diz coisas na qual ela não deseja, do "bom", rapidamente o terapeuta é passado drasticamente para o
"mau". Isto mostra que borderlines mudam de um extremo ao outro, por pouquíssimas coisas.A vida do limítrofe
é dividida sempre entre boa e má. Péssima ou ótima. Mas nunca o neutro ou meio-termo. Eles próprios dividem
as outras pessoas como "totalmente boas" ou "totalmente más", mas nunca reconhecem a neutralidade das outras
pessoas. Ou a pessoa é ótima, ou a pessoa é péssima, por exemplo.O fato de borderlines serem extremistas
("tudo ou nada", "agora ou nunca" "te amo ou te odeio" etc.) faz com que tenham visões assim extremistas até
mesmo de seus objetivos e futuro. Quando conseguem iniciar um projeto (estudos para o vestibular, emprego,
entre outros planos a longo prazo), ele é frequentemente presunçoso: sua meta é ser reconhecido ou nada valerá
a pena. Como em geral, não vai ser reconhecido imediatamente, ele abandona a tarefa prematuramente, sem se
quer terminá-lo. [4] Tal atitude por recompensa apenas imediata, com desprezo à paciência de esperar, torna-o
frequentemente paralisado e sem objetivos concretos. O pensamento de uma jovem borderline assim é feito
como por exemplo "Vou estudar, mas somente se eu passar agora no vestibular". Como tal recompensa está
obviamente longe de ser realiza, então, a borderline para abruptamente de estudar. Ou então, nem se quer
começa. As tarefas do dia-a-dia também assim são raciocionadas. Quando a recompensa não é imediata, eles
abandonam tal projeto ou têm dificuldade em começá-la, dando uma errônea imagem de "preguiçosos" ou
"fracassados".

Em geral, as pessoas na qual se relacionam superficialmente ou que apenas está no ínico de um relacionamento
com um borderline, não fazem idéia das perturbações e relações caóticas que vão ser recebidos em tais
relacionamentos. Contudo, apesar de tudo isso, obviamente os indivíduos com o transtorno de personalidade
limítrofe frequentemente necessitam de muita ajuda, carinho e apoio, embora possam fazer de suas relações um
verdadeiro "inferno". Eles não têm esse comportamento de forma proposital, pois é notável que são pessoas
muito conturbadas, tal transtorno fruto de traumas vivenciados na infância, cuja pessoa afetada não tem culpa. A
pessoa que está como "cuidadora" do borderline (ex.: namorado ou cônjuge) tem de estar ciente que estão diante
de um grave transtorno, uma patologia dilacerante tanto para o próprio enfermo quanto aos familiares e pessoas
próximas. Por isso tal cuidador precisa haver muita paciência com esses indivíduos e, sobretudo, apoiar e tentar
ajudá-los.

Egoísmo, agressividade e imaturidade


Repetem o erro, nunca aprendendo com seus erros. São indivíduos tão exigentes e imprevisíveis que assim
tendem a afastar todos aqueles que o cercam. Além disso, são pessoas que não têm necessidade, eles têm
urgência. Não sabem adiar e não aguentam Essas pessoas têm dificuldade em avaliar as consequências de seus
atos e de aprender com a experiência e, então, por isso erram esperar.Borderlines também tendem a funcionar
muito mal, conforme o estresse. Quanto mais estressados e pressionados, ainda mais pioram os sintomas. Além
disso, eles sempre tendem a contornar a situação e colocam a culpa em outros, seja por suas deficiências,
decepções, responsabilidades ou problemas. Também vivem da gratificação, especificamente a imediata e
geralmente querem ser livres para fazerem o que querem. Contudo, ao mesmo tempo desejam ser cuidados e
protegidos. Na verdade, são eternas crianças em um corpo de adulto, por isso aparentam estar se fazendo de
"vítima", quando na realidade não estão."Eu os agrido, vocês me devem, vocês precisam fazer tudo por mim e eu

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nada por vocês" é frequentemente um lema em mente dos borderlines. Quase nunca eles se importam com as
necessidades alheias (ex.: dos pais, do namorado), porque tendem a priorizar as suas. Acusam de forma egoísta e
injustamente que seus pais deveriam gastar mais dinheiro com o indivíduo borderline, do que com eles próprios,
por exemplo. Ou então exigem toda a atenção, paciência e carinho para si mesmos ("Você tem que me tratar
sempre bem.") e pouco retribuem ("Eu te maltrato, mas você não pode me maltratar, deve apenas me dar carinho
e apoio."). Isto evidencia um "quê" de egoísmo típico traço narcisista no paciente borderline, por isso tem
dificuldade em perceber o lado do outro, ou de distinguir o rosto do outro, só conseguindo visualizar suas
próprias necessidades. Interesses genuínos são raros. Se, por acaso, suas necessidades são ignoradas, borderlines
sentem-se profundamente irritados por não terem sido levado em conta. Segundo Kernberg, é a difusão de
identidade responsável por tais percepções empobrecidas. Como o próprio borderline não tem uma identidade
bem definida, obviamente, eles têm grande dificuldade em enxergar o outro, afinal, não consegue enxergar-se
com precisão. Por causa dessa dificuldade em enxergar o outro, o borderline pode ser notavelmente difícil em ter
amigos ou namorados, ou então, mantê-los. Ele se aborrece com facilidade com qualquer assunto que não lhe
diga a respeito, necessitando sempre ser o centro de tudo. Como nem sempre isso ocorre (ou então, ocorre
esporadicamente), ele se irrita excessivamente podendo causar sérios prejuízos em tais relacionamentos.
[4]Apesar do histriônico desejar também ser sempre os centros das atenções, a grande diferença, é que quanto
tudo gira em seu redor, ele sente sua carência afetiva momentaneamente preenchida, nada mais lhe falta. Nesse
caso, a outra pessoa existe e é levada em conta a sua existência. Quanto ao borderline, sua carência afetiva e
vazio são momentaneamente preenchidos, entretanto, a outra pessoa existe apenas para satisfazê-lo naquele
instante. [4]As outras pessoas regularmente vivem a pedir que tais pessoas "se acalmem", porque limítrofes são
frequentemente vistos como estressados ou rebeldes, com notáveis tendências a reagir de forma emocional
excessiva (hiperemotividade) por pouca coisa. Contudo, frequentemente eles não têm controle algum sobre si
mesmo e não têm confiança por ninguém, nem se quer por pessoas íntimas, como seus familiares
próximos.Limítrofes são pacientes que têm uma grande incapacidade em haver relações humanas "normais" e
dão a aparência de não se ressentir com as emoções de outros humanos. Eles não têm paciência por nada e,
assim, se estressam ou irritam-se facilmente, até por coisas banais. Por isso, apesar do borderline conseguir
demonstrar uma certa "normalidade" em várias situações triviais do cotidiano, com frequência exibem
escandalosamente a incapacidade em controlar sua raiva (ex.: Acessos de mau humor por ter que esperar a ser
atendido no hospital. Explosões verbais ou "armar barracos" com um funcionário por este ter devolvido, sem
querer, a quantidade de dinheiro errada. Ou tratar grosseiramente o médico). Estão frequentemente causando
confusões. De forma geral, eles reagem normalmente até o momento em que, sem motivos, seu humor
radicalmente muda para de repente ter um ataque de raiva ou grosseria, brigando com todo mundo.Borderlines se
irritam com facilidade, por isso, podem demonstrar com frequência mau humor e agressividade, especialmente
com pessoas íntimas. Porém, geralmente saem de seus ataques de raiva como se nada tivesse acontecido, e não
conseguem entender por que o outro ficou magoado, demonstrando assim uma dificuldade em compreender a
realidade. Eles sempre tendem a achar que têm a razão de tudo e facilmente exprimem um bloqueamento na
interpretação das emoções e sentimentos alheios.Quando o borderline crê ter sido tratado de maneira injusta (que
seja real ou não), ele reage agressivamente e impulsivamente. Às vezes, muitos gestos de outras pessoas são
interpretadas falsamente ou qualificadas como hostis. Esses indivíduos têm dificuldade em interpretar justamente
o comportamento de outros. Sua percepção sobre outros é muito instável.O que frequentemente ocorre são
conflitos constantes no dia-a-dia do borderline, como no trabalho ou no simples ato de ir pagar uma conta ao
banco ou comprar alimentos no supermercado, por exemplo. Com muita facilidade, sempre dão um jeito de abrir
um conflito. No trabalho, podem arranjar discussões com o chefe por pouca coisa. Frequentemente se não são
demitidos, eles próprios se demitem em momentos de alta impulsividade, tomados pelas emoções. Quando tais
atitudes acontecem socialmente, constantemente as outras pessoas tendem a julgar falsamente o limítrofe.
Erroneamente ele é classificado como "mimado", rebelde, estressado, louco ou apenas o "seu modo de ser".
Contudo, seu modo de ser, na realidade, é um modo de ser doentio.O borderline frequentemente tem dificuldade
em relação a limites. Eles não conhecem limites e necessitam de limites para se sentirem seguros, entretanto, eles
tornam-se agressivos ou violentos caso uma oposição frontal venha ao encontro deles. Quase nunca colocar
limites em limítrofes serve como uma atitude significativa, porque eles tendem a entender isto de forma errada,
como uma atitude de rejeição ou abandono. Os limites podem e devem ser colocados, mas com muita cautela,

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para que eles não se sintam ameaçados e maltratados. [4]Nas relações íntimas, borderlines podem ser
francamente insuportáveis, irritantes ou assustadores. Ao tempo que se mostram carentes de afeto, dependentes e
com grande necessidade de apoio e cuidado, podem se mostrar muito manipuladores e irritantes. Facilmente se
irritam por qualquer coisa e sua afetividade é marcada por ansiedade, desespero, raiva ou depressão, sendo que
tais emoções não são dissimuladas. Demonstram agressividade ou raiva intensa inadequadamente. Eles
necessitam da outra pessoa a todo instante, podendo parecer egoístas porque se comportam como só estão ao
lado de alguém, para receber cuidado e afeto, sem se importar se suas manipulações emocionais e maltratos
estão a prejudicar ou não o outro. Na realidade, esses indivíduos raramente experimentam emoções genuínas, por
vezes sentem um vazio afetivo, sendo que a raiva é a emoção mais sentida nessas pessoas. Contudo, quando
sentem emoções plenamente razoáveis, tendem a proteger-se delas, mudando assim, facilmente de parceiros,
amigos, trabalho, lugar onde mora etc.Nos relacionamentos íntimos, assim como indivíduos com o transtorno de
personalidade dependente, borderlines se sentem sempre carentes de afeto, com intolerância a ficar só e
necessidade constante de haver alguém consigo. Contudo, tais transtornos se distinguem, primeiro, pelo fato de
dependentes serem submissos, medrosos e influenciáveis. Seguidamente, diferem-se porque borderlines são
manipuladores tendendo a fazer esforços excessivos para não serem deixados sozinhos. Quando percebem que
estão prestes a ser "abandonados", fazem reclamações, exigências e acusam a outra pessoa de abandoná-la
(outras acusações como: "Você é egoísta, pois está me deixando" ou "Você não gosta de mim! Se gostasse não
me abandonaria!"). Podendo demonstrar mau humor, agressividade sendo que rapidamente passam da
idealização "amo-te" para a desvalorização "odeio-te" (ex.: "Você não se importa comigo, eu te odeio!"), com
alta tendência a conflitos e rompimentos. Frequentemente, em tais momentos, borderlines ficam furiosos e
impulsivamente tratam mal a pessoa por qual consideram seu cuidador.Eles têm um profundo e excessivo medo
de abandono e rejeição, sendo que suas rupturas sentimentais terminam sempre em tentativas de suicídio ou
automutilação e até, regularmente, param no hospital. Eles têm intensos temores de se sentirem rejeitados ou
abandonados, sendo que trazem consigo um sentimento de que sem o outro, não podem dar continuidade à vida,
que não podem mais viver. Tais decepções amorosas são muito intensas, dolorosas e insuportáveis em
borderlines. Frequentemente causando um intenso sentimento de vazio e um medo excessivo de fundir-se ou
desaparecerem.

É comum o borderline ser ciumento e controlador. Por causa disso, pessoas muito dependentes, influenciáveis e
sugestionáveis, como a personalidade histriônica e dependente facilmente sofrem num relacionamento com um
borderline, por exemplo. O caso da mulher borderline que todo dia vai até a padaria para ver se seu marido não
está com outra, é um dos poucos e banais exemplos. [4]O borderline exige demais da sua família que pode, com
razão, cansar-se das suas exigências e das suas agressões.Devido à sua necessidade de apoio, o borderline pode
se tornar agressivo quando contrariado. Como é uma pessoa sensível e perspicaz, ele saberá como agredir,
conseguirá escolher pontos vulneráveis dos circunstantes. A tendência da família e pessoas de sua intimidade,
nesse momento, será considerá-lo manipulador, agressivo, esperto, capaz de grandes atrocidades. Entretanto, na
realidade, o borderline é por si uma pessoa frágil e delicada, que agride por total desespero. Sua violência,
geralmente, ocorre com mais frequência quando se sente abandonado, incompreendido ou contrariado. [4] O
borderline submete frequentemente seus familiares a algumas torturas, exigindo e agredindo, embora com isso
estejam apenas tentando reviver experiências passadas na quais a relação entre ele e seu cuidador não foi capaz
de lhe proporcionar boas condições emocionais. Em geral, o borderline tenta refazer o caminho não realizado no
início de sua vida, com as mesmas pessoas (pai, mãe ou outros responsáveis, por exemplo) que não foram
capazes de fazê-lo anteriormente. [4]Como o borderline tem a tendência de não enxergar o outro, vinculando-se
apenas a seus interesses mais imediatos, às vezes ele pode tomar atitudes pouco recomendáveis com seus
familiares e pessoas íntimas. Eles podem trair, mentir, criticá-los, pôr sempre a culpa em tais pessoas, colocá-los
em situação financeira difícil, esconder, querer estragar o que o outro gosta e muitas outras coisas do gênero. São
atitudes ditas sociopáticas (ou psicopáticas), que menos do que punição, exigem compreensão para não mais se
repetirem. Contudo, a família quase sempre não entende isto, sendo assim uma tarefa difícil de convencer a
família que o borderline, assim como sociopatas, dificilmente aprendem com seus erros e punições. Para eles,
raramente castigos e punições funcionam. Pelo contrário, quase sempre tais punições são seguidas de mais
agressividade e raiva, por parte dos borderlines, que entendem isso como rejeição. Não que o borderline não
precise de limites destas atitudes. Por causa de seu narcisismo, ele considera muito justo que tudo seja para uso

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próprio (e de preferência, imediato), que tudo esteja voltado para ele. É claro, entretanto, que ele tem de saber o
quão importante é reconhecer que é impossível ele continuar a ter atitudes egoístas, essencialmente porque tais
atitudes frequentemente afastam as pessoas das quais ele tanto necessita. [4]

A automutilação
A automutilação é uma das principais características do transtorno, sendo assim, frequentemente o que o
diferencia de outros transtornos de personalidade (em especial histriônica e anti-social) é a presença de forte
tendência à auto destruição. Tais atitudes impulsivas podem ser vistas por inúmeras formas e são tidas como
triplo sentido: Ao tempo que significam desespero, angústia, depressão e dor emocional atenuada com a dor
física, a automutilação pode ser uma forma de conseguir atenção e carinho para si, bem como culpar pessoas à
sua volta, em momentos de raiva extrema. Alguns atos auto-destrutivos frequentemente usados por borderlines
podem ser se cortar, queimar, arranhar, bater-se, Abusar de medicamentos, expor-se a acidentes e situações
perigosas, não se importar com sua saúde expondo-se a doenças etc. Bem como abusar de substâncias
psicoativas, energéticos e café, ingerir doces em exagero, dirigir imprudentemente, dormir em excesso
(hipersônia), praticar sexo inseguro. E ainda gastar sem controle dinheiro, comer compulsivamente, roubar
objetos e utensílios de pouco valor monetário (cleptomania) entre outros comportamentos prejudiciais a si
próprio. Engajam-se em tais comportamentos impulsivos para se libertarem de sentimentos crônicos de vazio,
mas que frequentemente causam grande arrependimento e culpa após cumprir essas ações. Às vezes, as outras
pessoas podem perceber ou questionar-se sinais evidentes de automutilação em borderlines (ex.: vários arranhões
percebidos no braço, hematomas ou cortes). Mas via de regra, eles tendem a apresentar argumentos implausíveis
ou pouco explicativos em relação a tais ferimentos, com medo de que descubram seu comportamento auto-
destrutivo. Por exemplo, podem dizer que não sabem de onde tais hematomas apareceram ou dizer que se
machucaram sem querer com uma faca.Pessoas com o distúrbio, podem haver períodos em que se isolam
socialmente. Mas em contrapartida, frequentemente estabelecem novos relacionamentos apenas para sentir-se
com uma jornada normal, principalmente porque tendem a evitar a que se façam mal a si mesmos, quando estão
sós. Às vezes, eles se vêem obrigados a aproximar-se de outras pessoas que não os agradam muito,
especificamente apenas para se impedirem de que se auto-destruam (auto mutilações, abuso de medicamentos,
bulimia etc.).

A carência afetiva, desconfiança e histeria


Eles estão sempre a reclamar de algo, talvez querendo sempre manter um cuidador perto de si, mas não têm
capacidade o suficiente para nutrir uma relação saudável e estável. Para isso, eles são vistos como exímios
manipuladores tendendo a manter perto de si a qualquer custo outra pessoa que seja sua "cuidadora". Isso pode
ser conseguido de várias maneiras, entre elas, ficar doente emocional ou fisicamente é frequente.
Primordialmente, manipulando se fazem de ingênuos a fim de conseguirem um vínculo. Entretanto, acabam por
criar seríssimas confusões em tais vínculos, mas sempre tendem a se fazer como as vítimas injustiçadas. Assim
como pessoas portadoras do transtorno de personalidade histriônica, limítrofes podem glorificar doenças
podendo estar cronicamente doentes (ex.: depressão, gripes que não saram, novos sintomas que sempre aparecem
sem causa aparente, queixas hipocondríacas etc.).Indivíduos limítrofes também têm altas tendências às
dissociações, histeria e podem ter problemas com amnésia, frequentemente com falhas de memória. Eles também
têm altas taxas de desenvolvimento ao transtorno dissociativo de identidade (personalidade múltipla), isto é,
quando um indivíduo eclode mais de uma personalidade para lidar com as situações estressantes.

Às vezes, o comportamento de alguns borderlines pode demonstrar como obtinham carinho e consideração, em
épocas remotas (especificamente quando crianças). Por isso, eles podem ocasionalmente mostrar um
comportamento francamente sedutor para conseguir cuidado, alternando drasticamente, após a intimidade, o
papel entre o sedutor e o vingador de maus tratos passados.Essas pessoas podem mostrar-se simpáticas
socialmente, mas em geral, as relações interpessoais desses indivíduos podem ser escassas. Principalmente
porque borderlines têm dificuldade em nutrir confiança em relação aos outros, por vezes são desconfiados e têm
reações paranóides. Sendo assim, suas relações podem ser superficiais. Quando estas são íntimas, o
comportamento anormal nessas pessoas ficam exageradamente evidentes, caracterizando relacionamentos
intensos mas instáveis.

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Reatividade do humor e impulsividade
Eles têm frequentemente flutuações do humor intensas, imprevisíveis e constantes. Eles não têm controle deles
mesmo e parecem sempre ter medo de si próprio. De manhã, podem ver a vida como aceitável. À tarde,
bruscamente sentem um grande vazio com intensa vontade de se suicidar. E, à noite, radicalmente seu humor
novamente muda e sentem uma grande ansiedade com desejo compulsivo de se acabar em guloseimas, por
exemplo.A impulsividade no borderline sempre está relacionada à desesperança, falta de apoio, intensa sensação
de rejeição e vazio, o que leva, no desespero, por atos impulsivos auto destrutivos.O borderline é confundido
com frequência com quadro maníaco. Isto ocorre porque ele pode apresentar-se acelerado ou animado, por estar
apaixonado por alguém e sendo correspondido, se sentindo amado, por exemplo. Angustiado ou delirante,
também se encontra acelerado. Nestes casos, a confusão com uso de drogas ou bebidas alcoólicas também é
frequente. Contudo, ele pode passar da animação para a depressão rapidamente, sempre dependendo das
circunstâncias a que esteja submetido. [4]Frequentemente a depressão e o transtorno afetivo bipolar são
confundidos com a desordem borderline de personalidade. Contudo, talvez uma das principais diferenças é que
além de todos os outros sintomas típicos de limítrofes, tanto a depressão unipolar como a da bipolaridadade, se
caracterizam por sensação de culpa, inferioridade com uma tristeza de base. Enquanto isso, a depressão do
borderline se caracteriza essencialmente em razão de um vazio existencial, um buraco nunca preenchido, uma
vida sem sentido, do tédio diante de seus objetivos e idéias de fracassos de frustração em relação a ideais não
atingidos. Como o borderline também pode se sentir muito angustiado, podendo passar dias e anos na cama, isso
frequentemente é confundido ainda mais com a depressão (uni ou bipolar). Contudo, a principal diferença que os
diferencia seria que o quadro depressivo do borderline diferencia-se principalmente porque, em geral, o quadro
geralmente piora de noite, quando o limítrofe se vê sozinho e frequentemente com crises agudas de carência
afetiva. Enquanto isso, pelo contrário, no paciente depressivo ou bipolar a piora do quadro vê-se pela manhã-
tarde. Outra diferença importante entre os transtornos é que como o borderline precisa sempre de uma pessoa
consigo, que lhe minimize o sentimento de vazio, quando seu cuidador está presente, o limítrofe permanece
tranquilo, enquanto sente que a presença do outro está evidente e cuja sensação de abandono está ausente.
Diferente do bipolar que tendo ou não uma pessoa consigo, continuará a sentir-se depressivo, triste e mal
humorado. Muitas vezes, a depressão do borderline vem acompanhada por ansiedade, agitação ou desespero. [4]

Início dos sintomas e estatísticas


Frequentemente, na etapa inicial (ex.: começo da adolescência, por volta dos 12, 13 anos de idade) da eclosão
dos sintomas do transtorno de personalidade limítrofe, sintomas como má adaptação social, baixo rendimento
escolar, comportamentos anormais. Bem como déficit na regulação dos afetos, agressividade, conflitos no
ambiente familiar, tentativas de suicídio e depressão grave são frequentes. A etapa secundária, no fim da
adolescência ou ínicio da idade adulta (na faixa dos 17 aos 20 anos), todos os sintomas propriamente ditos ficam
evidentes, tendo seu auge por volta dos 20 aos 25 anos de idade, causando grande prejuízo. Contudo, é sábio que
o transtorno tende a ser atenuado conforme a idade, sobretudo próximo dos 35-40 anos de idade. Talvez pelo fato
de que ao passar do tempo, as pessoas ficam menos enérgicas que aos 20 anos de idade. Assim como todos os
transtornos de personalidade, quase nunca borderlines acreditam sofrer de uma patologia ou que sua conduta e
comportamentos são muito problemáticos. Eles tendem a culpar os outros, como causadores de discórdias e
outras atitudes típicas de fronteiriços, em geral com argumentos implausíveis, e acreditam que "são normais",
mas só um pouco exagerados em tudo.As estatísticas apontam que 93% das pessoas portadoras do transtorno de
personalidade borderline também apresentam um transtorno afetivo concomitante, especialmente depressão
nervosa e distimia. Além disso, estima-se também que 88% apresentam um transtorno de ansiedade,
especialmente o transtorno do estresse pós traumático e fobias em geral. A conduta suicida no borderline pode
ser maior naqueles com história prévia de tentativas de suicídio, história de abuso sexual e comorbidade com
abuso de substâncias e/ou depressão nervosa. [5] Comportamentos histriônicos e sociopáticos são fenômenos
frequentemente presentes em borderlines. No padrão geral de patologia grave, as famílias de pacientes borderline
têm como características mães intrusivas e dominadoras e pais distantes, sendo que as relações conjugais são
predominantemente conflitivas.De forma geral, o transtorno de personalidade borderline é tido como um dos
transtornos mentais mais devastadores, sobretudo na área de relacionamentos interpessoais, e o distúrbio também
é um dos mais difíceis de ser tratado.

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Características diversas
As características variam de pessoa para pessoa, uns podem ter ou não certas características. Algumas pessoas
com personalidade borderline podem apresentar apenas algumas das características apresentadas, porém, sendo
a principal delas a automutilação.

Pensamento extremista

Pensamento extremista
■ Borderlines têm raciocínio 8 ou 80, branco ou preto, amor ou ódio, ótimo ou péssimo, perfeito
ou terrível mas nunca o cinza ou meio termo.
■ Eles vêem as pessoas drasticamente como perfeitas ou terríveis. Para eles, não existe o "mais
ou menos", ou a pessoa é perfeita ou a pessoa é terrível. Se não é perfeita é terrível e vice-
versa;
■ Se a pessoa é perfeita, ótima ou boa ela merece ser tratada muito bem, como um deus.
Quando a pessoa é horrível, péssima ou má, ela merece ser tratada muito mal, como um
demônio;
■ Eles têm esse pensamento também consigo mesmos: se hoje eles se vêem como perfeitos,
eles acham que merecem serem tratados como os melhores, como os principais e terem toda
a atenção do mundo, caso contrário, eles se tornam terríveis, merecedores de maus tratos,
punições e auto mutilações;
■ Pensamentos "tudo-ou-nada" aparecem em muitas outras áreas da vida do borderline. Quando
há um problema, algumas pessoas com desordem borderline podem sentir como se existisse
apenas uma solução. Uma vez que a ação é feita, não há retorno. Por exemplo "faça tudo, ou
não faça nada". Uma mulher no trabalho, recebeu novas ordens na qual ela não gostou, sua
solução foi deixar seu emprego;
■ Têm dificuldade em terminar o que começam. Isso vai desde uma simples leitura de um livro,
até a desistência ou interrupção de um projeto importante.
■ "Ou fazem tudo ou não fazem nada";
■ Podem ser tidos erroneamente como "preguiçosos" por causa desse pensamento;
■ Não conseguem ver o "lado bom" e o "lado ruim" de cada pessoa, objeto ou circunstância:
acreditam que o objeto é totalmente bom, ou totalmente ruim, alternando drasticamente entre o
primeiro e o segundo, várias vezes;
■ Têm dificuldade em verem defeitos ou má qualidades em pessoas na qual consideram
totalmente boas ou ótimas. E têm dificuldade em enxergar qualidades boas em pessoas na
qual consideram totalmente más ou péssimas, demonstrando uma grande resistência em
entender o "meio-termo" das coisas e situações. Ex.: se a pessoa é terrível, ela é péssima, não
há nenhuma qualidade nela. Ela é ridícula, má, abusadora, inconfiável… Ao passo que, se a
pessoa é perfeita, ela é ótima, não há praticamente nenhum defeito nela. Ela é linda, boa,
confiável…
■ Sua opinião de alguém é baseada frequentemente em sua última interação com ele, porque
têm dificuldade em integrar os traços bons e ruins de uma só mesma pessoa;
■ Em cada momento particular, alguém é "bom" ou é "mau", não há nada no meio, nenhuma área
cinzenta;
■ Eles também podem sentir que seus relacionamentos devem ser claramente definidos: ou é
amigo ou é inimigo. Ou é seu amante apaixonado ou um companheiro platônico. Esta é a razão
porque as pessoas borderlines podem ter dificuldade em ser amigos após o fim de um
romance.[6]

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Manipulações

■ Manipulam as pessoas através de chantagens emocionais pouco evidentes como brigas, discussões e
conflitos que na verdade são a forma de que encontram para testarem as pessoas das quais necessitam;

Demonstram seus medos através de irritabilidade, mau humor, raiva e agressividade;

■ Tentam se proteger através da raiva;

■ Críticas e acusações são típicos mecanismos de defesas usados por borderlines;

■ Situações comuns com manipulações e acusações:

A namorada borderline acusa o namorado muitas vezes de não amá-la e de querer abandoná-la. A filha
adolescente borderline acusa os pais de não amá-la o suficiente para deixá-la morar sozinha. O marido borderline
acusa a esposa "a culpa é toda sua de estarmos nessa situação financeira decadente"

■ Às vezes, as críticas e acusações se tornam abuso verbal;

■ Agem de maneira extrema, exagerada ou manipuladora para conseguirem o que querem;

■ Acusam os outros de terem dito coisas que nunca disseram, de terem feito coisas que nunca fizeram, de
terem acreditado em coisas que nunca acreditaram; [6]

■ Conseguem reconhecer o ponto fraco das pessoas as quais conhecem muito bem, utilizando de tal
conhecimento para manipulações e terem êxito nas suas necessidades;[6]

■ Chantagistas para conseguirem o que querem: acreditam no "se eu fizer isso, você faz aquilo…" e vice-
versa;

■ Eles vivem a testar o amor e afeição das outras pessoas

Instabilidade excessiva

■ Borderlines têm uma grande instabilidade emocional evidente: pessoas instáveis sentem tudo de forma
intensa, ferindo-se facilmente e deixam-se abalar por situações externas e internas por motivos pouco
importantes ou até mesmo fúteis. Eles não conseguem manter o mesmo humor e emoções durante um
longo período (no caso do borderline, ele não consegue manter um humor estável num mesmo dia,
alternando muitas vezes, variadas emoções). Uma característica típica de pessoas instáveis
emocionalmente são as constantes brigas no ambiente intrafamiliar, por exemplo, por isso são tidos como
agressivos, briguentos ou que reclamam demais.

■ Mudam de comportamento de forma muito rápida, em questão de segundos: com pessoas que conhecem
muito bem (tal como familiares e namorado), tratam-nas mal com frequentes discussões e provocações,
mudando rapidamente para gentis e adoráveis com as outras pessoas na qual têm pouco intimidade; [6]

■ Muitas vezes, as outras pessoas não acreditam nos familiares que relatam esse comportamento;

■ Agem de forma controlada e apropriada em várias situações, mas extremamente fora do controle em
outras;

■ Facilmente desvalorizam alguém. Podem adorar a pessoa em um dia, mas no outro podem odiá-la a ponto
de maltratá-la e não se importar disso, afinal, de uma pessoa "perfeita", de repente, passaram
drasticamente para uma pessoa "desastrosa" que merece ser tratada assim como ela é vista. Tais
desvalorizações rápidas frequentemente são precedidadas por motivos pouco perceptíveis para a outra
pessoa.

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■ Ao tempo que querem a intimidade, eles não querem. Eles têm medo de muita intimidade, por isso alguns
relacionamentos podem ser superficiais.

■ Às vezes eles querem estar perto de outros, outras vezes quer estar longe;

■ Empurra o outro para longe justamente quando o outro está se sentindo próximo;

■ Limítrofes tendem a ser aquele tipo que quando querem alguma coisa, ficam ansiando e sentindo uma
grande vontade de ter aquilo, contudo, quando conseguem, desgostam, enjoam ou não querem mais;

■ Eles têm dificuldade em dizer exatamente o que gostam, o que querem, de modo que há uma notável
tendência à instabilidade em seus gostos, comportamentos, identidade e auto-imagem;

■ Eles frequentemente não sabem quem são, não sabem o que gostam, mudam de gosto drasticamente de
um segundo a outro, não sabem o que querem ou então mudam de opiniões e objetivos a todo momento;

■ Sua orientação sexual também pode ser instável: uma boa parte dos borderlines têm dificuldade ou
instabilidade em relação à sua própria orientação sexual, sendo que frequentemente também não sabem o
que são, mudando rapidamente de uma identidade sexual para outra. Por exemplo, eles podem não ter
certeza se são realmenteheterossexuais ou homossexuais, ou então podem ser bissexuais (isto não é
regra);

■ Borderlines são enchidos de imagens contraditórias de si mesmos. Eles relatam geralmente que sentem o
vazio interior, que são pessoas diferentes dependendo de com quem estão;

■ Mudam de desejos, opiniões e humor num piscar de olhos;

■ "Mantenha a distância um pouco próximo": o borderline pode começar a se sentir subjugado ou com
medo de estar perdendo o controle quando uma pessoa se aproxima demais dele. Ao tempo que ele quer
a intimidade, ele não sabe como estabelecer limites de maneira saudável, e a intimidade genuína pode
fazê-lo sentir vulnerável ou abusado. Ele talvez esteja com medo de que o outro possa ver o seu
"verdadeiro" eu, fique enojado e o abandone. Então, ele começará a se distanciar para evitar se sentir
vulnerável ou controlado. Ele pode arranjar uma briga com o outro, "esquecer" alguma coisa importante
ou fazer algo dramático ou explosivo. Mas então a distância o faz se sentir solitário. Os sentimentos de
vazio pioram e o seu medo de abandono se torna forte. Então ele faz esforços frenéticos para se
aproximar novamente e o ciclo de repete. [6]

■ As outras pessoas fora do ambiente familiar, como amigos e conhecidos, podem perceber que o
borderline não é o mesmo, aquele que conheceram no início. Por exemplo, as outras pessoas viam-no
como adorável, porém, percebem que ao passar da intimidade, conforme se conhecem mais, o indivíduo
limítrofe muda de comportamento, tal como passam de um comportamento delicado e gentil para frio,
seco ou distante.

Narcisimo e histrionismo
■ Podem parecer egoístas ou egocêntricos;
■ Suas emoções e sentimentos são tão intensos que eles têm dificuldade em colocar as
necessidades dos outros em primeiro lugar, acontecendo o contrário: suas necessidades são
colocadas antes das dos outros, pouco importando se a pessoa em relação é seu filho, pai,
mãe etc.;[6]
■ Eles se sentem ignorados quando não são o foco da atenção;
■ Fazem ou dizem algo impróprio para receber atenção e cuidado quando se sentem ignorados.
Por quererem atenção, tais traços histriônicos podem estar presentes, tais como: às vezes o
borderline pode se vestir sexualmente provocante para receber cuidado e atenção, podem

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inventar histórias ou exagerá-las, exagerar sintomas ou doenças, entre outros comportamentos
a fim de reafirmar sua presença; [6]
■ Alguns borderlines podem jogar o papel de vítima para si mesmos, porque isso atrai atenção
solidária, fornece uma identidade e lhes dá uma ilusão de que não são responsáveis por suas
próprias ações;
■ Há uma evidente exigência narcisista no borderline: alguns borderlines frequentemente trazem
o foco da atenção para si mesmos. Algumas pessoas com personalidade borderline puxam a
atenção para si mesmos por ficar se queixando de doenças; outras talvez ajam
inapropriadamente em público. Esse comportamento narcisista pode ser sobrecarregante
especialmente para as outras pessoas que não possuem o transtorno de personalidade
borderline, visto que o limítrofe nem mesmo considera como suas ações afetarão a outra
pessoa.[6]
■ Negam os efeitos de seu comportamento em outros, frequentemente diz que os outros
exageram;
■ Cheia de auto-ódio, a pessoa borderline talvez acuse os outros de odiá-la. Com medo de ser
abandonada, ela pode se tornar tão crítica e facilmente enfurecida, que por fim desejam
realmente abandoná-la. Então, incapaz de enfrentar a causa de sua dor, o borderline pode
culpar os outros e se colocar no papel de vítima; [6]
■ Às vezes, podem parecer dramáticos, fazendo "tempestade em copo d'água";
■ Podem ser tidos como incapazes de demonstrar gratidão.

Irritabilidade, agressividade e comportamento briguento


■ Irritam-se muito facilmente, sendo que muitas vezes por motivos inexistentes ou
incomprensíveis aos olhos dos outros. Às vezes os familiares não sabem o motivo que levaram
o borderline a adotar um comportamento agressivo para com eles, por exemplo.
■ Eles podem criar crises ou brigas desnecessárias, demonstrando um estilo de vida caótico e
desorganizado;
■ Geralmente, o que parece ser raiva, impulsividade, agressividade e comportamento
manipulativo é na realidade uma tentativa mal-orientada de extrair envolvimento e afeição;
■ O borderline vive constantemente num caos. Ele pode deliberadamente levantar argumentos e
isso em constante conflito com outros. Ele também pode ser fanático por drama, desde que
isso crie agitação;[6]
■ Tentam diminuir o vazio, a dor interna e a tensão interior através da raiva, agressividade e
brigas.

Sequelas de abuso na infância


■ Alguns especialistas acreditam que o transtorno de personalidade limítrofe seja uma síndrome
consequente de graves sequelas na personalidade, decorrente de abuso na infância;
■ Uma boa parte das pessoas com o transtorno tiveram uma infância traumática, sobretudo
foram abusados sexualmente (porém, isto não é regra geral);
■ Borderlines têm dificuldade em confiar nas pessoas (especialmente se houve abuso sexual),
sobretudo nos indivíduos do mesmo sexo do abusador;
■ Borderlines com histórico de abuso, podem repetir o roteiro do passado. Eles tendem a se
sentir eternamente vitimados porque estão condicionados a esperar o comportamento cruel das
pessoas em que confiam. Quando crianças, podem ter se sentido responsáveis pelo seu

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comportamento abuso. Podem ter acreditado que algo neles levou as pessoas agirem daquela
forma cruel. Então, quando adultos, essas crianças anteriormente abusadas esperam o pior
das pessoas, existindo sempre um grande pessimismo. Interpretam o comportamento normal
como cruel ou negligente e reagem com a raiva, desespero ou vergonha intensa. As pessoas
em torno deles ficam confusas porque não podem ver o que realmente provoca o seu
comportamento; [6]
■ Se houve sobretudo abuso sexual, eles frequentemente acusam a si próprio de serem
nojentos, sujos ou impróprios;
■ Podem expressar raiva ou ódio por si mesmos, o que leva a serem negligentes com sua própria
saúde e consigo próprio.

Desconfiança e idéias paranóides


■ Borderlines têm dificuldade em confiar nas pessoas;
■ Têm frequentemente idéias paranóides, estas são maiores em períodos de estresse ou
sensação de abandono e solidão;
■ Borderlines caminham numa linha tênue entre sanidade e a loucura, às vezes se desequilibram
e acabam por caminhar francamente na loucura, com alucinações e idéias delirantes,
especialmente em situações estressantes, embora não possam ser diagnosticados como
totalmente psicóticos ou esquizofrênicos.
■ Manias de perseguição e pensamentos paranóides frequentes: "estão a fazer uma conspiração
contra mim", "estão me perseguindo, me espionando", "estão rindo de mim" "aquele casal está
cochichando algo sobre mim" "isso não é apenas uma coincidência, há algo planejado por trás
disso" "estão todos contra mim" "as pessoas não param de olhar para mim" "aposto que ele
tem outras intenções" "as pessoas me traem e abusam de mim" etc.;
■ Facilmente interpretam as ações de outras pessoas erroneamente como hostis, ameaçadoras,
irritantes ou zombadoras, o que causa um gatilho para explosões de irritabilidade e brigas
constantes, porque tendem a reagir da mesma forma pela qual acreditaram ter sido tratados
(ex.: se o borderline acredita que o gerente do banco o tratou com hostilidade, o limítrofe
rapidamente o tratará mal também).

Despersonalização
■ Borderlines podem sentir que não são reais, são inexistentes, especialmente quando estão
sozinhos;
■ Em momentos de grande estresse ou quando percebem o abandono real ou imaginado, podem
dissociar-se, existindo assim a despersonalização. Eles frequentemente relatam tal fenômeno
sendo frequente, mas que aumentam de intensidade nos momentos em que estão a sós ou
sentem-se abandonados, ignorados ou rejeitados;
■ A despersonalização pode ser referida por uma sensação de irrealidade, de que nada mais é
real em sua volta, nem eles mesmos. Podem acreditar estar num sonho ou pesadelo, cuja
sensação de irrealidade é fortemente angustiante. Ainda podem relatar que estão num filme e
vêem tudo como se estivessem fora do corpo, como se tivessem se desprendido da sua própria
personalidade ou do seu corpo. Tais sensações são tão fortes que frequentemente eles
acabam por se sentir deprimidos e angustiados, sendo às vezes um gatilho para a auto
mutilação (podem se mutilar para ver se existem mesmo, para sentirem que são reais);
■ Quando estão tendo uma crise de despersonalização, as outras pessoas podem perceber um
comportamento levemente anormal, como por exemplo, uma falta de atenção, como se a
pessoa estivesse longe, distante ou "viajando";

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■ Alguns borderlines podem conviver dias, semanas e até meses com despersonalização, sendo
frequentemente pegos a todo instante pela sensação angustiante de irrealidade e de
desprendimento do corpo.
■ Algumas pessoas relatam que olhar-se no espelho bem como se lembrar da despersonalização
piora o quadro, pois sentem-se irreais ou inexistentes;
■ Borderlines podem ter problemas com a memória e atenção, especialmente em momentos de
dissociações tais como a despersonalização. Eles podem ter "brancos" e apagões,
esquecimentos sobretudo após as situações de despersonalização.

Sentimentos e emoções
■ Possuem intensos sentimentos crônicos de vazio e tédio. Nada os preenche, nada os satisfaz,
tudo vira enjoativo, monótono e tedioso rapidamente;
■ Eles se sentem a maior parte do tempo irritáveis, ansiosos ou desconfiados;
■ Eles se sentem abandonados por motivos insignificantes para outras pessoas;
■ Podem dizer francamente que estão com medo de ficarem a sós ou serem abandonados;
■ São intolerantes à separação e à rejeição;
■ Se sentem rejeitados e/ou abandonados por condições mínimas ou insignificantes para as
outras pessoas;
■ Acreditam que se a pessoa o está abandonando é porque o limítrofe é mau, ruim ou
imprestável, cujo abandono é uma punição;
■ Acreditam que "quem ama não abandona", se "não ama, então, odeia" (pensamento
extremista);
■ Recordam de situações de modo muito diferente de outras pessoas ou então se acham
incapazes de se lembrar de tudo;[6]
■ Se vêem como pessoas más e que merecem castigo e mutilações;
■ Por terem esse tipo de sentimento, eles frequentemente não se importam consigo mesmos,
demonstrando baixa responsabilidade por si só;
■ Eles se sentem como se nunca fossem receber amor, atenção e afeto;
■ Podem se sentir irreais, inexistentes ou fora de si, como se não tivessem uma personalidade;
■ Eles não têm uma identidade bem formada. Tal identidade é destruída e remontada a toda
hora, por isso a instabilidade e incertezas são constantes na vida de um borderline.
■ Tentam preencher o vazio interno através de guloseimas, comida, cafeína, álcool, tabaco,
promiscuidade, sexo, relacionamentos, compras, furtos entre outras variadas formas de
compulsões, mas frequentemente dizem que nada o preenche;
■ Borderlines olham para outros para conseguir coisas que se acham difíceis de suprir a si
mesmos tais como auto estima, aprovação, otimismo e identidade;
■ O medo de abandono ou rejeição nessas pessoas é tão grande que a perda potencial de um
relacionamento é como a perda de um braço ou perna, ou mesmo a morte. Ao mesmo tempo,
sua auto-estima é tão baixa que não entendem por que alguém poderia querer viver com eles.
Por isso são hipervigilantes, estão o tempo todo tentando achar uma forma de comprovar que
a outra pessoa não o ama de verdade. Quando suas suspeitas são supostamente confirmadas,
podem estourar em raiva, fazer acusações, chantagens, provocações, chorar, procurar
vingança, mutilar-se, ter um caso, e entre outras inúmeras situações e atos destrutivos;[6]
■ São intolerantes às ambiguidades humanas;

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■ As atividades prejudiciais a si mesmos são uma forma de alívio da tensão, dor e vazio interno,
bem como uma maneira de expressar a raiva ou o ódio-próprio.

Visão infantil do mundo


■ Às vezes eles se acostumam a aproximar-se das pessoas de modo amigável e adorável, a fim
de que cuidem-no. Mas depois percebem que nenhuma dessas pessoas são capazes disso,
porque embora se sintam como uma criança por dentro, eles se parecem como adultos por
fora.[6]
■ Borderlines têm uma visão infantil do mundo: ambivalência, problemas constantes de objetivo,
problemas de abandono/subjugamento, impaciência, problemas de identidade, exigências
narcisistas, aparente falta de empatia e aparente manipulação são todos pensamentos
borderlines que imitam estágios de desenvolvimento nas crianças.[6]
■ Quando uma criança de dois anos quer alguma coisa, ela quer isso agora, não amanhã.
Quando o borderline está fazendo compras, por exemplo, ele é assim. Ele não consegue dizer
não a si mesmo, então ele compra, mesmo que esteja com dívidas. Para uma criança, a coisa
mais importante é a segurança. Para borderlines, também. Para eles, segurança significa ser o
que os outros querem que ele seja para eles não os rejeitarem. O interior permanece
escondido. Mas por baixo de toda a delicadeza e gentileza aparente, se esconde uma criança
furiosa e aterrorizada, que é vista apenas por pessoas muito íntimas.[6]

Pensamentos borderline[6]
■ "Eu tenho que ser amada por todas as pessoas importantes na minha vida o tempo todo senão
eu sou desprezivel";
■ "Algumas pessoas são ótimas e tudo sobre elas é perfeito. Outras pessoas são inteiramente
péssimas e devem ser severamente censuradas e punidas por isso";
■ "Odeio quando as pessoas não dão atenção para mim;
■ "Eu não tenho controle sobre meus sentimentos ou as coisas que faço em consequência deles;
■ "Ninguém se importa comigo tanto o quanto deveria, então eu sempre perco todos com quem
me importo - apesar das coisas desesperadas que eu tento fazer para impedi-los de me
abandonar";
■ "Se todos me tratam mal, eu me torno má, ruim…"
■ "Eu odeio ficar sozinha, a ansiedade toma conta de mim";
■ "Quando eu estou sozinha, eu me torno ninguém e nada";
■ "Eu não consigo parar a frustração que eu sinto quando necessito algo de alguém e não sou
capaz de receber isso."
■ "O que será que eu fiz para ele(a) me olhar com desdém ?"

Explicação dos critérios do DSM-IV-TR

O DSM prossegue em dizer:

Critério 1: Os portadores deste transtorno fazem esforços frenéticos para evitar um abandono real ou imaginado.
Quando existe a percepção de rejeição, separação ou de perda da estrutura externa, os borderlines podem sofrer
profundas mudanças na auto-imagem, cognição, afeto e no comportamento.

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Essas pessoas são muito sensíveis aos estímulos externos, por isso, experimentam intensos temores de abandono
e raiva inadequada, mesmo diante de uma separação real por tempo limitado (como quando alguém cancela um
encontro, quando o terapeuta anuncia o fim da sessão ou quando alguém de importância significativa faz uma
viagem curta). Limítrofes tendem a acreditar que este "abandono" sugere que eles sejam "maus", "ruins". Esse
medo do abandono está relacionado a uma intolerância a ficar só e a uma necessidade de ter outras pessoas
consigo. Dentre os esforços para evitar o abandono estão ações impulsivas como comportamentos automutilantes
ou suicidas, que estão classificadas separadamente no Critério 5.

Critério 2: Os indivíduos com TPL têm um padrão de relacionamentos instáveis e intensos. Podem idealizar um
potencial prestador de cuidados ou amante logo no primeiro ou segundo encontro, assim como exigir que passem
muito tempo juntos e que compartilhem detalhes e segredos bastante íntimos no início de um relacionamento.
Entretanto, pode ocorrer uma rápida passagem da idealização para a desvalorização, por achar que a outra pessoa
não se importa o suficiente, não está "lá" o suficiente.

Os afetados pelo TPL podem sentir empatia e carinho pelos outros, porém, esses sentimentos só surgem pela
expectativa de que a outra pessoa também "estará lá" para atender suas próprias necessidades, assim que exigido.
Os indivíduos borderlines estão inclinados a mudanças repentinas e drásticas em suas opiniões sobre os outros,
que são vistos alternadamente como salvadores bondosos ou como vilões punitivos. Tais mudanças refletem a
desilusão com uma pessoa cujas qualidades foram idealizadas ou cuja rejeição ou abandono estão iminentes.

Critério 3: Pode haver uma perturbação de identidade caracterizada por uma auto-imagem ou sentimento de si
mesmo persistentemente instáveis. Mudanças súbitas e drásticas na auto-imagem são observadas por objetivos,
valores e aspirações profissionais em constante mudança. Borderlines podem exibir mudanças repentinas de
opiniões e planos acerca da carreira, identidade sexual, valores e tipos de amigos. Além disso, podem mudar
subitamente do papel de coitados e carentes de apoio para vingadores de abusos e maus tratos passados.

Mesmo que geralmente possuam uma auto-imagem de "malvados", os indivíduos com o TPL podem, algumas
vezes, sentir que eles não existem de verdade. Experiências assim ocorrem, tipicamente, em períodos em que o
indivíduo sente falta de um relacionamento significativo, carinho e apoio. Limítrofes podem apresentar pior
desempenho em situações de trabalho ou escolares não estruturadas.

Critério 4: Borderlines são impulsivos em, pelo menos, duas áreas potencialmente prejudiciais a si próprios.
Podem jogar patologicamente, fazer gastos irresponsáveis, comer em excesso (compulsão também por doces é
freqüente, principalmente nas mulheres), furtar/roubar (cleptomania), abusar de drogas e/ou bebidas (ex.: álcool,
café, energéticos etc.), fazer sexo inseguramente, dirigir imprudentemente e até mesmo usar algum tipo de lazer
de forma excessiva e patológica (ex.: televisão, computador, etc.).

Critério 5: Limítrofes exibem, de maneira recorrente, comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou


comportamento automutilante.

O suicídio completado ocorre entre 8 e 10% desses pacientes, atos de automutilação (por ex, cortes ou
queimaduras) e ameaças suicidas são muito comuns. As tentativas recorrentes de suicídio são, quase sempre, a
principal causa da busca de ajuda. Atos autodestrutivos são usualmente precipitados por ameaças de separação
ou rejeição.

A automutilação rotineiramente acontece durante experiências dissociativas e traz alívio pela reafirmação da
capacidade de sentir (e existir) ou pela representação de um castigo simbólico do sentimento de ser "mau".

Critério 6: Os portadores do Transtorno da Personalidade Borderline podem apresentar instabilidade afetiva,


seguida de uma grande reatividade do humor. Essa labilidade do humor é freqüentemente notada por mudanças
bruscas do humor num só dia (por ex, disforia intensa, irritabilidade e ansiedade, que duram algumas horas e
raramente mais de um(s) dia(s)). É o caso do borderline que passa do bem estar para a depressão profunda, da
depressão à irritabilidade extrema e, em seguida, para a ansiedade (não necessariamente nessa ordem), sendo
difícil para os borderlines, ficarem por muito tempo se sentindo totalmente bem.O humor dos borderlines é

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basicamente disfórico e alterna-se com períodos de raiva, pânico ou desespero e é, raramente, aliviado por fases
de bem-estar. Episódios assim refletem a intensa reatividade do portador a estresses interpessoais.

Critério 7: Limítrofes podem ser incomodados por recorrentes sentimentos de vazio. Facilmente entediados,
sempre procuram algo para fazer.

Critério 8: As pessoas com este transtorno de personalidade rotineiramente expressam raiva extrema e
inadequada e/ou têm dificuldade em controlar sua raiva. Borderlines podem exibir extremo sarcasmo, explosões
verbais ou amargura persistente.

A raiva aparece, muitas vezes, quando um prestador de cuidados ou amante é visto como omisso ou indiferente e
prestes a abandoná-lo. As expressões de raiva, na maior parte das vezes, são seguidas de vergonha e culpa e
contribuem para o sentimento de ser "mau".

Critério 9: Em episódios de estresse, podem ocorrer ideações paranóides (exemplo: sentir-se enganado,
perseguido, espionado) ou sintomas dissociativos severos (por ex, despersonalização), no entanto, estes sintomas
são transitórios e de gravidade limitada, insuficientes para um diagnóstico adicional.

Episódios paranóicos ou dissociativos ocorrem geralmente em resposta a um abandono real ou imaginado. Os


sintomas tendem a ser breves, durando minutos ou horas. O retorno real ou percebido do carinho da pessoa
prestadora de cuidados ou amante pode ocasionar a remissão desses episódios.

Diagnósticos comparáveis
A Classificação Internacional de Doenças - Volume 10 (CID-10), da Organização Mundial da Saúde,
tem um diagnóstico comparável chamado Transtorno de Personalidade Emocionalmente Instável –
Tipo Borderline (F60.31). Nele (além do critério geral de transtorno de personalidade) se requer
perturbações e incertezas sobre a auto-imagem, metas, preferências internas (incluindo sexualidade),
oscilações de humor, tendência em se envolver em relações intensas e instáveis freqüentemente
levando a crises emocionais, excessivos esforços para se evitar abandono, pensamentos e ameaças
recorrentes ou atos de autolesão e suicídio; e sentimentos crônicos de vazio.
A Sociedade Chinesa de Psiquiatria tem outro diagnóstico comparável chamado Transtorno de
Personalidade Impulsiva. Um paciente diagnosticado com TPI deve demonstrar "explosões afetivas"
e "demonstrável comportamento impulsivo", mais três de oito sintomas. Este diagnóstico é descrito
como um híbrido dos subtipos impulsivo e borderline do Transtorno de Personalidade
Emocionalmente Instável do CID-10, e também incorpora seis dos nove critérios do DSM-IV-
TR.Também chamado de Transtorno Explosivo Intermitente, ou TEI, transtorno que é provocado
pela baixa serotonina no cérebro. A diminuição desse neurotransmissor no cérebro prejudica a
transmissão de informações de um neurônio para o outro, o que leva a situações de descontrole e
agressividade.
Cisão no paciente borderline

No Transtorno de Personalidade Borderline, cisão (splitting) é um erro cognitivo característico. Esse erro é uma
defesa primitiva e representa a tendência em se completamente idealizar ou completamente desvalorizar outras
pessoas, lugares, idéias, ou objetos; o que significa, vê-los como totalmente bons ou totalmente maus.Segundo
alguns teóricos como Otto Kernberg, é um comportamento no ser humano, enquanto criança pequena, dividir o
mundo entre "bom" e "mau". A criança não está emocionalmente madura o bastante para saber lidar com as
diferenças e imperfeições das outras pessoas/coisas. Em alguma fase do desenvolvimento infantil, o indivíduo
aprende a enxergar o meio-termo e a neutralidade existentes nos outros e o comportamento de separação
primitivo é superado.No TPL, por diversas razões, o mecanismo de separação se mantém na idade adulta e cria
uma instabilidade emocional que afeta severa e negativamente a vida dos pacientes borderlines. Essa cisão pode
resultar problemas como o estupro e envolvimento com drogas pelo mau julgamento ao escolher parceiros e
estilos de vida.

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Diagnósticos diferenciais

O transtorno de personalidade limítrofe pode ser confundido com outras desordens da personalidade,
especialmente o transtorno de personalidade histriônica, sociopatia e dependente.

No transtorno de personalidade histriônica, ambos compartilham características como oscilação emocional,


dependência afetiva, necessidade de cuidado e atenção, manipulações emocionais, intolerância às frustrações,
monotonia, rotina e a regras, carência afetiva, hipersensibilidade emocional, impulsividade, dificuldade em ficar
só, insegurança, instabilidade e dissociações, mas em geral, podem distinguir-se porque o comportamento do
limítrofe diante outros caracteriza-se essencialmente como carente, enquanto que o comportamento do
histriônico quase sempre é visto como sedutor ou sexualmente provocante. Apesar de muito semelhantes, os dois
transtornos ainda se diferenciam pelas principais características de tais personalidades, como a tendência suicida,
esforços excessivos para evitar o abandono e grande sentimento de raiva que borderlines demonstram, além do
mecanismo de cisão-extremo (idealização total ou desvalorização total) que limítrofes veem o mundo. Enquanto
isso, histriônicos demontram um comportamento exuberante ou chamativo, manipulador e sedutor, teatral,
aparentemente fingido e modulando suas encenações conforme as pessoas ou circunstâncias. Histriônicos
também podem fazer ameaças ou tentativas suicidas, mas em geral, são frequentemente para terem atenção para
si.

No transtorno de personalidade anti-social, apesar de muito semelhantes, as duas personalidades se diferenciam


porque anti-sociais não tendem caracteristicamente à instabilidade emocional, comportamento suicida, cisão e
medo de abandono, com esforços excessivos para evitá-los. Sociopatas, via de regra, manipulam para conseguir
bens materiais, financeiros ou que lhe proporcione prazer, enquanto borderlines manipulam a fim de conseguir
cuidados, apoio e afeto.

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No transtorno de personalidade dependente, ambas personalidades compartilham excessiva dependência afetiva
e emocional, com grande medo de abandono e rejeição, hipersensibilidade, baixa tolerância às críticas,
insegurança, baixa-auto estima e imaturidade emocional. Contudo, elas se diferenciam porque enquanto o
dependente ao terminar relacionamentos íntimos, prestam a colocar-se como submissos, borderlines tendem a
terminar de forma explosiva, com sentimento raiva em relação à pessoa amada. Além da diferença entre outras
características como auto-agressão, manipulação emocional, comportamento suicida e tendências impulsivas no
indivíduo limítrofe.

Prevalência
Estatísticas provam que a prevalência do Transtorno de Personalidade Limítrofe varia de 1% a 2% na
população geral. As mulheres correspondem a 75% dos diagnosticados, na proporção de que para
três mulheres diagnosticadas, um homem é diagnosticado. Limítrofes correspondem
aproximadamente a 20% das populações prisionais, 10% das populações de atendimento
ambulatorial e 20% das populações internadas em hospitais psiquiátricos. O suicídio é 800 vezes
maior que na população geral e 10% entre esses pacientes.
[editar]Etiologia – Causas e influências
Pesquisadores acreditam que o TPL resulta de uma combinação que envolve uma infância traumática,
componentes genéticos e acontecimentos estressantes durante a adolescência, além de disfunções
no funcionamento cerebral.
[editar]Abuso infantil, trauma ou negligência
Numerosos estudos mostraram uma forte relação entre abuso infantil e o desenvolvimento de TPL.
Muitos indivíduos com TPL reportam uma história de abuso, negligência e separação quando
crianças. Pais de portadores foram apontados como tendo falhado em dar a proteção necessária, e
negligenciado os cuidados físicos de seus filhos. Pais (de ambos os sexos) foram tipicamente
reportados como tendo negado a validade dos pensamentos e sentimentos de seus filhos, de se
retirarem emocionalmente em algum momento e terem tratado a criança inconsistentemente.
Orfandade de algum (ou dois) dos pais também é comum entre esses pacientes. É comum, ainda,
encontrar uma história de abuso sexual por um não responsável (principalmente nas mulheres) entre
portadores de TPL. Alnguns dos casos, a forma de negligencia não se dá somente na infância,
pessoas que sofrem instabilidade durante a fase de formação, como na adolescencia, também são
propensas a apresentar os sintomas de TPL. De acordo com Joel Paris, “Alguns pesquisadores, como
Judith Herman, acreditam que o Transtorno de Personalidade Limítrofe é um nome dado a uma
manifestação particular do Estresse Pós-Traumático (EPT)". No entanto, Paris considera essa
conclusão como não comprovada, uma vez que muitos portadores de TPL não têm uma grave história
de traumas.
[editar]Genética
A literatura existente sugere que traços relacionados ao TPL são influenciados por genes e já que a
personalidade é geralmente hereditária, então o TPL também deve ser, no entanto estudos têm tido
problemas metodológicos e as ligações exatas não estão claras ainda. Um estudo maior de gêmeos
idênticos descobriu que se um deles atingir o critério de TPL, o outro também atinge em um terço
(35%) dos casos. Filhos de pais (de ambos o gêneros) com TPL têm cinco vezes mais chances de
também desenvolver o Transtorno de Personalidade Limítrofe ou o Transtorno de Personalidade Anti-
Social (Sociopatia).
[editar]Funcionamento cerebral
Neurotransmissores relacionados com o TPB incluem serotonina, noradrenalina, acetilcolina
(relacionada a várias emoções e ao humor); ácido gama-aminobutírico (o maiorneurotransmissor
inibidor no cérebro, que pode estabilizar a flutuação de humor); e o ácido glutâmico (um
neurotransmissor responsável pelo prazer).

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Tratamento
[editar]Psicoterapia
Tradicionalmente há um ceticismo em relação ao tratamento psicológico de transtornos de
personalidade, mesmo assim muitos tipos específicos de psicoterapia para TPB foram desenvolvidos
nos últimos anos. Os estudos (limitados) já registrados não confirmam a eficácia desses tratamentos,
mas pelo menos sugerem que qualquer um deles pode resultar em alguma melhora. Terapias
individuais simples podem, por si mesmas, melhorar a auto-estima e mobilizar as forças existentes
nos borderlines. Terapias específicas podem envolver sessões durante muitos meses ou, no caso de
transtornos de personalidade, muitos anos. Psicoterapias são frequentemente conduzidas com
indivíduos ou com grupos. Terapia de grupo pode ajudar a potencializar as habilidades interpessoais
e a autoconsciência nos afetados pelo TPB.
Exemplos comuns de terapias indicadas aos limítrofes incluem:
■ Terapia comportamental dialética: Estabelecida nos anos 1990, a terapia comportamental
dialética se tornou uma forma de tratamento do TPB, originada principalmente como uma
intervenção para pacientes com comportamento suicida.
Essa forma de psicoterapia deriva da terapia cognitivo-comportamental e enfatiza a troca e
negociação entre o terapeuta e o cliente, entre o racional e o emocional, e entre a aceitação e a
mudança. O tratamento tem como alvo os problemas com a automutilação. O aprendizado de novas
habilidades é um componente principal, incluindo consciência, eficácia interpessoal, cooperação
adaptativa com decepções e crises; e na correta identificação e regulação de reações emocionais.
■ Terapia de esquemas: Outra forma de terapia que também se estabeleceu nos anos 1990 e
tem como base uma aproximação integrativa derivada de técnicas cognitivas-comportamentais
juntamente com relações objetais e técnicas da gestalt. Esta terapia se direciona aos mais
profundos aspectos da emoção, personalidade e esquemas (modos fundamentais de
relacionamento com o mundo). A terapia também foca o relacionamento com o terapeuta
(incluindo um processo de quase paternidade), vida diária fora da terapia, e experiências
traumáticas na infância.
■ Terapia cognitivo-comportamental: A TCC é o tratamento psicológico mais usado em
doenças mentais, mas parece ter menos sucesso no TPB, devido parcialmente às dificuldades
no desenvolvimento de uma relação terapêutica e aderência à terapia. Um estudo recente
descobriu que resultados com essa terapia aparecem, em média, depois de 16 sessões ao
longo de um ano.
■ Terapia matrimonial ou familiar: Terapia matrimonial pode ajudar na estabilização da relação
matrimonial e na redução dos conflitos matrimoniais que podem piorar os sintomas do TPB.
Terapia familiar pode ajudar a educar os membros da família acerca do TPB, melhorar a
comunicação familiar, e prover suporte aos membros da família ao lidar com a doença de seus
amados.
Psicanálise: Com o ensino de Jacques Lacan, a clínica psicanalítica progrediu muito no que diz
respeito ao tratamento deste quadro, oferecendo a possibilidade para o paciente de fazer novos
ajustes, o que, consequentemente, provoca o apaziguamento dos sintomas e do sofrimento psíquico.
Um dos maiores problemas com as psicoterapias são os elevados números de abandono das
mesmas pelos portadores de TPB.
]Medicação
Um número de medicamentos é usado em pacientes com TPL. Devido ao fato de o transtorno ser
considerado primariamente uma condição psicosocial, a medicação tem mais como função tratar as

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comorbidades, como ansiedade e depressão, do que o transtorno por si. Antidepressivos são usados
para melhorar o sentimento de vazio e antipsicóticos são usados para diminuir os quadros de
automutilação e os sintomas dissociativos.
Serviços mentais de recuperação
Indivíduos com TPL às vezes necessitam serviços mentais extensivos e têm sido contados como 20%
das hospitalizações psiquiátricas. A maioria dos pacientes com TPL continua usando tratamento fora
do hospital por muitos anos. A experiência dos serviços varia. Acessar os riscos de suicídio pode ser
um desafio para profissionais da área mental (e pacientes tendem a subestimar a letalidade de seus
atos) já que a taxa de suicídio é muito maior daquela do restante da população. Limítrofes são
descritos pelos funcionários hospitalares com extremamente difíceis de lidar.
Dificuldades na terapia
Existem desafios únicos no tratamento de TPL. Na psicoterapia, um cliente por ser bastante sensível
à rejeição e pode reagir negativamente (por ex, se mutilando ou abandonando a terapia) se sentir
isso. Além do mais, profissionais da área podem se distanciar emocionalmente dos indivíduos com
TPL por auto-proteção devido ao estigma associado com o diagnóstico
Outras estratégias
Psicoterapias e medicamentos formam a parte principal do contexto geral dos serviços da saúde
mental e das necessidades psicosociais relacionadas ao TPL.
Remissão dos sintomas e possível estabilidade
Estatísticas sugerem que, com o devido tratamento, portadores de Transtorno de Personalidade
Limítrofe tendem a sofrer recessão dos sintomas em algum momento da fase adulta posterior. Dos
que procuram ajuda profissional de uma maneira geral, 75% sofrem remissão da maior parte dos
sintomas entre os 35 e 40 anos de idade, 15% entre os 40 e 50 anos de idade e os 10% restantes
podem não apresentar resultados satisfatórios ou podem cometer suicídio. Mas os profissionais nessa
área ainda ressaltam que o tratamento medicamentoso e as terapias ainda são um risco corrido, já
que o paciente pelo menos dez por cento, cometem suicídio por se sentir coagido ao tratamento, já
que são pessoas de personalidade de difícil aceitação a aquilo que o contradiz. Ainda não se tem um
estudo completo, por isso o mais recomendável ainda é as terapias e entre paciente e os que
convivem com ele, parentes , cônjuge, e amigos próximos. A compreensão de tais para com o
paciente borderline é essencial para seu tratamento e a ajuda no controle das crises de automutilação
e suicídio.

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