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Transtorno de Ansiedade de Separação, Mutismo Seletivo e
Transtorno de Ansiedade Social
Gabriel Mangabeira

Transtorno de Ansiedade de Separação


O transtorno de ansiedade de separação é um dos transtornos ansiosos
mais comuns na infância. Tem como característica principal o medo ou
ansiedade excessiva envolvendo a separação de casa ou das figuras de apego.
A prevalência é cerca de 0,9 a 1,9%, nos EUA. Em adolescentes, estudos
apontam uma prevalência menor (2 a 4%) quando comparado com as crianças,
que vai diminuindo até o final da adolescência. A maior incidência é entre 7 e os
9 anos de idade. A maioria dos estudos mostra ser mais comum no sexo feminino
do que o masculino.
As crianças com TAS, quando são separadas das figuras de apego,
apresentam-se tristes, apáticas, insegurança, com retraimento social e prejuízo
na atenção/concentração. Elas podem apresentar dificuldade para ir à escola ou
outra atividade social, acarretando déficit nas tarefas acadêmicas e socialização.
Em alguns momentos, as crianças com TAS investigam sobre o paradeiro
das figuras de apego, podendo apresentar sintomas físicos, como náuseas,
cefaleia, dores no corpo e epigastralgia.
Em relação à etiologia do TAS, é diversa, com fatores genéticos,
biológicos e ambientais. Frequentemente se desenvolve após um estresse da
vida diária da criança, como exemplo doença de um familiar, morte de um
conhecido ou parente, mudança de escola ou cidade, divórcio dos pais. O TAS
pode ter relação com herdabilidade. Há contribuições genéticas e ambientais
variadas de acordo com a idade, o gênero e o tipo de ansiedade.
O diagnóstico é baseado na história clínica da criança e de sua família.
Há a necessidade, de acordo com o DSM 5, a presença de três ou mais dos
seguintes aspectos, no período mínimo de 4 semanas em crianças e
adolescentes:
• Sofrimento excessivo e recorrente diante a ocorrência ou previsão de
afastamento de casa ou de figuras importantes de apego;

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• Preocupação persistente e excessiva sobre uma possível perda ou de perigos
envolvendo figuras importantes de apego;
• Preocupação persistente e excessiva de que um evento indesejado leve à
separação de uma figura importante de apego;
• Relutância persistente ou recusa a sair, afastar-se de casa, ir para a escola,
o trabalho ou a qualquer outro lugar, em virtude do medo da separação;
• Temor persistente e excessivo ou relutância em ficar sozinho ou sem as
figuras importantes de apego em casa ou em outros contextos;
• Relutância ou recusa persistente em dormir longe de casa ou dormir sem estar
próximo a uma figura importante de apego;
• Pesadelos repetidos envolvendo o tema da separação;
• Repetidas queixas de sintomas somáticos quando a separação de figuras
importantes de apego ocorre ou é prevista;

Os sintomas do TAS trazem prejuízos significativos no desenvolvimento


da criança e adolescente, em diversas esferas, como social e acadêmica.
Deve-se fazer o diagnóstico diferencial do TAS com a ansiedade de
separação do desenvolvimento normal através da avaliação da duração; se é ou
não autolimitada; e se estar relacionada com o momento ou não. Com uma
investigação clínica criteriosa, podemos diferenciar de outros transtornos de
ansiedade, como o transtorno de ansiedade generalizada e o transtorno
obsessivo-compulsivo. Não deve esquecer de descartar causa orgânica quando
há a presença de sintomas físicos, com cefaleia, epigastralgia e náuseas. O
padrão do aparecimento em algumas situações específicas (como a ida para a
escola) sugere mais a ideia de sintomas ansiosos.

Mutismo Seletivo
O mutismo seletivo (MS) é caracterizado como fracasso persistente que
a criança apresenta para falar em situações sociais específicas onde há uma
expectativa para acontecer, como no ambiente escolar, apesar de falar em
outras situações. Este comportamento traz prejuízo na comunicação social e
atividade escolar. Deve-se considerar a duração mínima de um mês, lembrando
que não se deve limitar ao primeiro mês de adaptação escolar.

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Os sintomas podem variar de acordo com a individualidade de cada um,
mas sempre gerando algum grau de sofrimento para a pessoa. Apesar de mais
comum ser percebido quando criança, o MS pode se manter na adolescência e
até mesmo na fase adulta.
Entre os transtornos de ansiedade, é relativamente raro, com prevalência
entre 0,03 e 1%.
Deve-se diferenciar o MS de outras perturbações da fala que podem ser
melhor explicado por outro transtorno da comunicação, com da linguagem, da
fala, da comunicação pragmática. Nestas condições, não está restrita a situação
social específica.
Há teoricamente dois tipos de evolução do MS: aqueles que os sintomas
não mudam, mas desaparecem subitamente no início da adolescência ou vida
adulta; e aqueles que há diminuição progressiva dos sintomas até desaparecer.

Transtorno de Ansiedade Social (Fobia Social)


O Transtorno de Ansiedade Social (TAS) tem como principal característica
o medo ou ansiedade acentuado ou intenso de situações sociais onde a
criança/adolescente é exposto a possível avaliação do outro, como exemplo:
encontrar pessoas desconhecidas, manutenção de um diálogo, apresentação de
atividades em escola.
Nas crianças, a ansiedade deve acontecer quando envolve seus pares,
não apenas com os adultos. É preciso uma duração mínima de seis meses para
pensar na possibilidade deste transtorno de ansiedade.
Há uma prevalência em média de 7% nos EUA. É mais comum no sexo
feminino quando comparado ao sexo masculino. A adolescência é o período
mais propício para deflagrar os sintomas desde transtorno em decorrência de
maior demanda social. Alguns casos, pode acontecer de forma precoce, entre 7
e 8 anos, o que sugere um pior prognóstico.
A exposição a situação que leva medo, pode gerar sintomas ansiosos,
como tonturas, tremores, palpitações e epigastralgia.
Deve-se fazer diagnóstico diferencial com a timidez e ansiedade de
separação transitório normal; assim como outros transtornos de ansiedade,
como o transtorno de ansiedade generalizada e transtorno do pânico. O

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transtorno do espectro autista é outro diagnóstico diferencial que se deve levar
em consideração. Neste caso, muitas vezes as situações são evitadas devido à
falta de interesse em se relacionar com outros.
O transtorno de fobia social inicia-se na infância e mais comumente na
adolescência (idade média de 15 anos). Tem um curso crônico, com poucos
casos de remissão espontânea ao longo da vida. Geralmente permanece até a
idade adulta, o que leva prejuízo significativo na autoestima, recusa escolar e
angústia.

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