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Segundo Bordin e Offord (2000), o transtorno da conduta se caracteriza pela tendência

permanente em apresentar comportamentos socialmente inadequados, que ferem as


regras do convívio social e que, eventualmente, transgridem as leis do Estado.
Considerado o transtorno psiquiátrico mais frequente na infância e preocupação
constante para familiares e clínicos, o transtorno da conduta é mais comum no sexo
masculino e em crianças acima dos dez anos.
O quadro clínico descrito no DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental
Disorders (American Psychiatric Association, 1994) prevê 15 tipos de comportamento
antissocial, como: perseguição, ameaça ou intimidação dos outros, iniciação de lutas
corporais, utilização de armas que podem ferir os outros, crueldade com as pessoas,
crueldade com os animais, prática de roubo ou assalto
Transtorno de conduta é diagnosticado apenas quando a criança descumpre as regras e
os direitos alheios de maneira repetida, persistente e não condizente com a idade da
criança.O transtorno de conduta em geral tem início no final da infância ou no começo
da adolescência e é mais comum em meninos do que em meninas.
As meninas podem ser menos propensas a ser fisicamente agressivas. Em vez disso, elas
normalmente fogem, mentem e, às vezes, se engajam em trabalhos sexuais. Os meninos
tendem a brigar, furtar e vandalizar. Todas as pessoas com transtorno de conduta são
propensas a fazer uso de substâncias ilícitas. (Consulte também Problemas de
comportamento em adolescentes e Transtornos por uso de substâncias.)
A violação de regras é comum e inclui fugir de casa e cabular aula frequentemente. As
crianças têm propensão a usar drogas ilícitas e ter dificuldade na escola. A ideação
suicida pode ocorrer e ela precisa ser levada a sério para proteger a segurança da
criança. A criança com transtorno de conduta costuma ter outros transtornos, como
depressão, transtorno do déficit de atenção com hiperatividade ou um distúrbio de
aprendizagem.
A hereditariedade e o ambiente provavelmente influenciam o desenvolvimento de um
transtorno de conduta. A criança geralmente tem pais com um distúrbio da saúde
mental, como transtorno por uso de substâncias, transtorno do déficit de atenção com
hiperatividade, transtorno do humor, esquizofrenia ou transtorno de personalidade
antissocial. No entanto, crianças de famílias saudáveis que funcionam bem também
podem desenvolver transtorno de conduta.
DSM-IV distingue dois subtipos de transtorno da conduta: o estabelecido na infância, no qual o
surgimento do transtorno ou de, ao menos, um dos critérios para a sua definição se dá antes
dos dez anos; e o estabelecido na adolescência, cuja definição prevê a ausência de qualquer
critério antes dessa idade.

Segundo Moffitt (2008), o transtorno estabelecido na infância se caracteriza por: persistência


ao longo dos anos, adversidade psicossocial do quadro familiar, presença de comportamento
antissocial parental, além de déficit cognitivo, baixo QI, hiperatividade, desatenção,
impulsividade, baixo desempenho escolar e dificuldades de relacionamento com pares. O
transtorno surgido na adolescência, por outro lado, se aproxima mais de comportamentos
normativos dessa faixa etária e parece ser influenciado, sobretudo, pela associação com outros
jovens que exibem comportamento antissocial e pela busca de status social por meio do
comportamento.

Tratamento

Frequentemente, remover as crianças do ambiente de risco e movê-las para um contexto


rigidamente estruturado

Psicoterapia

O tratamento do transtorno de conduta é muito difícil, porque a criança ou adolescente com


transtorno de conduta raramente percebe que há algo de errado com seu comportamento.
Assim, brigar com as crianças e pedir para que elas se comportem melhor não ajuda e é algo
que deve ser evitado. O tratamento mais bem-sucedido para crianças ou adolescentes com
transtorno grave costuma ser afastá-los do ambiente de risco e oferecer um ambiente
rigidamente estruturado, como uma instituição de saúde mental ou centro de detenção
juvenil.

A psicoterapia pode melhorar a autoestima e o autocontrole da criança e, assim, permitir que


ela consiga controlar melhor seu comportamento.

Se outros transtornos estiverem presentes, eles são tratados. Determinados medicamentos são
eficazes até certo ponto, especialmente se a criança também tiver outros transtornos
específicos, como o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade ou depressão. O
tratamento de tais transtornos pode ajudar a diminuir os sintomas do transtorno de conduta. O
tratamento mais útil para os distúrbios de aprendizagem é uma educação feita
cuidadosamente sob medida para aquela criança

Transtorno de ansiedade e retraimento

Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais – 5 (2014) os transtornos de


ansiedade estão associados a perturbações comportamentais, ansiedade e medo em excesso.
Cerca de 10 a 15% das crianças experimentam sintomas de transtorno de ansiedade durante a
infância, fator que impacta negativamente em seu desenvolvimento e aprendizagem.

A ansiedade pode ser compreendida como um sentimento negativo de extrema preocupação


antecipando um perigo, já os transtornos de ansiedade se manifestam com as fobias, pânico,
maior intensidade do sentimento de ansiedade e maior frequência e duração (GUIMARÃES et
al, 2015).

TRASTORNOS DE ANSIEDADE

Segundo Castillo (2000) a ansiedade é um sentimento de medo vago e desagradável,


caracterizado por um desconforto ou tensão derivado de uma antecipação de perigo, de algo
desconhecido ou estranho.

Por vezes desagradável, no entanto Grazziano e Bianchi (2004) afirmam que a ansiedade
primária, é um fenômeno adaptativo necessário ao homem para o enfrentamento das
situações cotidianas, a intensidade e duração variam de indivíduo para indivíduo de acordo
com as diferentes situações. Sua função adaptativa, segundo Assumpção (2009) é também
marcante, uma vez que se encontra ligada a mecanismos de sobrevivência, aparecendo,
portanto, ligada a mecanismos de defesa territorial, seleção de companheiro e mecanismos de
ataque-defesa.
Segundo o Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais (AMERICAN…, 2013)
muitos dos transtornos de ansiedade surgem durante a infância e se não forem tratados
tendem a persistir, sendo que a maioria ocorre mais em indivíduos do sexo feminino que no
sexo masculino. Castillo (2000) afirma que os transtornos ansiosos são quadros clínicos com
sintomas primários, não são derivados de outras condições psiquiátricas (depressão, psicose,
transtornos de desenvolvimento etc.). Estes são diagnosticados segundo o DSM-V apenas
quando os sintomas não são consequências dos efeitos fisiológicos do uso de
substâncias/medicamento ou de outra condição médica.

Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais – 5 (2014) os transtornos de


ansiedade estão associados a perturbações comportamentais, ansiedade e medo em excesso.
Os sintomas da ansiedade são caracterizados pelo medo, angústia, inquietação, apreensão,
sensação de exaustão, pensamentos negativos associados a perigos desconhecidos e futuros,
insônia e tensão muscular (D’AVILA et al, 2020).

A ansiedade é normal quando dada a reação defensiva ante uma situação de perigo e
impulsiona o ser-humano a agir ou se proteger, podem configurar-se como um transtorno
quando passa a interferir no comportamento da criança em seu cotidiano, na realização de
tarefas e sociabilização.

Compreende-se, assim, que o estado emocional influencia o desempenho e comportamento


das crianças, que podem sofrer com dificuldades de aprendizagem a partir de sintomas da
ansiedade.

Alguns dos tipos de transtornos ansiosos segundo o DSM-V são: transtorno de pânico,
agorofobia, transtorno de ansiedade generalizada, fobia social, fobias específicas, transtorno
de estresse pós-traumático e transtorno obsessivo-compulsivo. Abaixo descreveremos
brevemente cada um deles.

Segundo o DSM – V o transtorno de pânico refere-se a ataques de pânico inesperados, o


ataque é um surto de medo ou desconforto intenso, alcançando minutos no qual ocorrem
alguns sintomas como: palpitação, taquicardia, sudorese, coração acelerado, dentre outros.
Segundo Marks & Gelder (1966 APUD Levitan ET AL., 2008) existe uma frequente complicação
no transtorno do pânico, em que é comum o medo de passar mal nas situações temidas.

O termo “agorofobia” segundo Levitan e outros autores (2008) significa medo de lugares
abertos, medo de sair de casa ou situações onde o socorro não é possível, indivíduos com
agorofobia evitam questões sociais.

O transtorno de ansiedade generalizada (TAG) segundo Clark e Beck (2012 APUD ENGSTER,
2013) é um estado de ansiedade generalizada que persiste e envolve preocupação crônica,
excessiva e evasiva, acompanhando sintomas físicos ou mentais de ansiedade, causando
prejuízo no funcionamento diário do indivíduo.

A fobia social de acordo com o DSM – V é o medo ou a ansiedade de um indivíduo frente a


uma ou mais situações em que envolvam a avaliação do mesmo por outras pessoas. Os
indivíduos temem aparecer ou agir, demonstrando ansiedade, como tremer e tropeçar às
palavras.
Fobia específica é um dos transtornos de ansiedade caracterizada segundo o DSM – V pela
presença de medo excessivo e sempre relacionado com uma situação ou objeto específico,
podendo ser desenvolvida a partir de um evento traumático.

O medo da separação de pessoas amadas após eventos traumáticos é comum. No transtorno


de estresse pós-traumático (TEPT) segundo o DSM – V os sintomas referem-se à esquiva das
lembranças dos eventos traumáticos.

O transtorno obsessivo-compulsivo é caracterizado pela presença de obsessões/compulsões.


Obsessões são eventos mentais como imagens, ideias, impulsos, são criadas a partir de
qualquer substrato da mente. Compulsões são comportamentos ou atos repetitivos, realizado
para diminuir a ansiedade causada pela obsessão ou para evitar a situação (ROSÁRIO-CAMPOS,
2000).

Transtorno alimentar retrata o total descompasso ao ingerir alimentos ou, então, a perturbação
psicológica de não comer. Trata-se de uma condição que é consideravelmente grave e que
causa impacto grave na saúde de quem sofre da doença. Cabe ressaltar que apresenta,
inclusive, código de doença (CID 10 · F50 — transtornos da alimentação).

O transtorno alimentar é marcado pelos comportamentos alimentares temerários. Ou a pessoa


deixa de comer, por estar complexada em relação ao seu peso, ou acaba ingerindo muitos
alimentos por conta de um descontrole emocional.

Tipos de transtornos alimentares

Pica

É a ingestão persistente de substâncias não nutritivas, inadequadas para o desenvolvimento


infantil e que não fazem parte de uma prática aceita culturalmente. As substâncias mais
freqüentemente consumidas são: terra, barro, cabelo, alimentos crus, cinzas de cigarro e fezes
de animais.4 Atrasos no desenvolvimento, retardo mental e história familiar de pica são
condições que podem estar associadas. Várias complicações clínicas podem ocorrer,
principalmente relacionadas com o sistema digestivo e com intoxicações ocasionais,
dependendo do agente ingerido.

Na sua forma típica, a NA se inicia geralmente na infância ou na adolescência. O início é


marcado por uma restrição dietética progressiva com a eliminação de alimentos considerados
“engordantes”, como os carboidratos. As pacientes passam a apresentar certa insatisfação com
os seus corpos assim como passam a se sentir obesas apesar de muitas vezes se encontrarem
até emaciadas (alteração da imagem corporal). O medo de engordar é uma característica
essencial, servindo muitas vezes como um diferencial para outros tipos de anorexia
secundárias a doenças clínicas ou psiquiátricas. Gradativamente, as pacientes passam a viver
exclusivamente em função da dieta, da comida, do peso e da forma corporal, restringindo seu
campo de interesses e levando ao gradativo isolamento social. O curso da doença é
caracterizado por uma perda de peso progressiva e continuada. O padrão alimentar vai se
tornando cada vez mais secreto e muitas vezes até assumindo características ritualizadas e
bizarras.

BN é extremamente rara antes dos 12 anos.18 O transtorno é característico das mulheres


jovens e adolescentes, com prevalência de 1,1% a 4,2% neste grupo.6 Fatores de ordem
biopsicossocial se encontram relacionados com sua etiologia.19 O episódio de compulsão
alimentar é o sintoma principal e costuma surgir no decorrer de uma dieta para emagrecer. No
início, pode se achar relacionado à fome, mas posteriormente, quando o ciclo compulsão
alimentar-purgação já está instalado, ocorre em todo tipo de situação que gera sentimentos
negativos (frustração, tristeza, ansiedade, tédio, solidão). Inclui um aspecto comportamental
objetivo que seria comer uma quantidade de comida considerada exagerada se comparada ao
que uma pessoa comeria em condições normais; e um componente subjetivo que é a sensação
de total falta de controle sobre o seu próprio comportamento. Estes episódios ocorrem às
escondidas na grande maioria das vezes e são acompanhados de sentimentos de intensa
vergonha, culpa e desejos de autopunição. A quantidade de calorias ingerida por episódio pode
variar enormemente, muito embora em média oscile entre 2 mil e 5 mil calorias.

Quais são os tratamentos para transtorno alimentar?

Se você está passando por transtornos alimentares, é essencial dar início ao tratamento o
quanto antes. Dificilmente a própria pessoa compreende que precisa de ajuda, por isso, é
importante que os conviventes e amigos estejam atentos ao cenário.

O tratamento é feito por uma investigação realizada individualmente. Varia de acordo com a
gravidade do caso e com o histórico clínico do paciente. Normalmente, é realizado de forma
multidisciplinar. Psicólogos, psiquiatras e nutricionistas precisam estar nessa rede de
tratamento.

A parte psicológica tem que ser trabalhada para que os hábitos alimentares sejam reeducados.
Os profissionais da saúde mental ajudam o paciente a ressignificar a sua relação com o próprio
corpo e colocar a mente em ordem.

O nutricionista e/ou nutrólogo também tem um papel fundamental de apoio e orientação. Esse
profissional auxilia na qualidade e na quantidade da alimentação, ajudando a controlar as
compulsões. É uma verdadeira superação vencer o transtorno alimentar, pois envolve a análise
de uma série de fatores que desencadeiam o problema.

Sem o acompanhamento de profissionais qualificados, fica ainda mais difícil curar a doença.
Mesmo porque, muitos não aceitam que estão doentes ou não reconhecem que precisam de
ajuda. É uma questão muito preocupante e que precisa ser bem cuidada.

A família e os amigos têm um papel muito relevante nesse aspecto. Isso porque a compreensão
faz com que a pessoa se sinta acolhida e cuidada. Com certeza, ter essa rede de apoio faz
diferença nos resultados do tratamento!

O transtorno alimentar pode levar alguém a uma vida muito conturbada. Tenha atenção às
pessoas ao seu redor quando perceber algum comportamento compulsivo. Observe seus
comportamentos também, pois se trata de uma doença séria e que precisa ser devidamente
tratada.

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