Você está na página 1de 7

APG 03

10/02 – 14/02 ANSIEDAD


E
1. Diferenciar a ansiedade patológica e não patológica.
2. Compreender os tipos de transtorno de ansiedade de acordo
com as manifestações clínicas e fisiopatologia.
3. Conhecer o tratamento farmacológico e não farmacológico da
ansiedade.

1. Ansiedade patológica x não patológica

Medo é a resposta emocional a ameaça iminente real ou percebida, enquanto


ansiedade é a antecipação de ameaça futura. Os transtornos de ansiedade
incluem transtornos que compartilham característica de medo e ansiedade
excessivos e perturbações comportamentais relacionados. Os transtornos se
diferenciam do medo ou da ansiedade adaptativos por serem excessivos ou
persistirem além de períodos apropriados ao nível de desenvolvimento.
A ansiedade é um estado emocional adaptativo relacionado com a
antecipação de uma ameaça; pode incluir pensamentos de medo, sintomas de
excitabilidade fisiológica e preparação para luta ou fuga.
Transtornos de ansiedade consistem em síndromes características de
adaptação inadequada a vários tipos de ameaça antecipada. Os transtornos de
ansiedade distinguem-se dos episódios leves de ansiedade pela sua persistência e
intensidade e também pelo critério diagnóstico: deve causar sofrimento significativo
ou prejuízo no funcionamento.
Historicamente, os transtornos de ansiedade incluíram o transtorno de pânico,
a agorafobia, a fobia específica, o transtorno de ansiedade social (fobia social), o
transtorno de ansiedade generalizada, o transtorno de estresse agudo e o transtorno
de estresse pós-traumático (TEPT).
A revisão recente do DSM, classifica o TOC e o TEPT em outras categorias.
Dois transtornos anteriormente classificados como transtornos da infância, o
transtorno de ansiedade de separação e o mutismo seletivo, também são
atualmente reconhecidos como transtornos de ansiedade que podem persistir na
idade adulta.
Portanto, de acordo com o DSM, incluem-se: Transtorno de ansiedade de
separação; mutismo seletivo; fobia específica; fobia social; transtorno de pânico;
agorafobia; transtorno de ansiedade generalizada; transtorno de ansiedade induzido
por substância/medicamento; Transtorno de ansiedade devido a outra condição
médica; outro transtorno de ansiedade especificado.
A ansiedade e os transtornos ansiosos podem ser concomitante com doença
neurológica. As doenças neurológicas podem causar sintomas de ansiedade
diretamente ao desregular circuitos cerebrais.
APG 03
10/02 – 14/02 ANSIEDAD
E
2. Tipos, manifestações e fisiopatologia

Fisiopatologia geral

Estudos realizados em roedores e seres humanos implicaram o circuito do


medo no SNC, incluindo a amígdala, o hipocampo e o córtex pré-frontal, no
desenvolvimento e manutenção do medo condicionado; esse circuito é ativado
quando indivíduos com fobia social, fobias específicas ou TEPT ficam expostos a
estímulos que provam medo. Foi também constatado que os transtornos de
ansiedade estão associados à disfunção de vários sistemas neurotransmissores,
incluindo serotonina, norepinefrina, GABA e glutamato. Foi também relatada uma
disfunção da dopamina, e foi constatada a ocorrência de taxas elevadas de
transtorno de pânica, TAG e fobia social na doença de Parkinson. Foram
observadas anormalidades do SNC e do eixo HH nos transtornos de ansiedade. O
transtorno de pânico tem sido associado a hiperventilação, hipocapnia e
desregulação do CO2.

Manifestações clínicas gerais

Os pacientes podem apresentar ansiedade, evitação, sintomas físicos,


depressão secundária ou abuso de substâncias. O ataque de pânico é definido por
um medo intenso que alcança um pico em minutos e consiste em um conjunto de
sintomas. A esquiva envolver a esquiva excessiva de situações temidas e com
frequência constitui a característica mais diretamente incapacitante dos transtornos
de ansiedade.
A ansiedade frequentemente leva a sintomas de depressão, de modo que os
pacientes ansioso devem ser avaliados quanto ao humor deprimido, perda do
prazer, alteração do peso corporal, transtorno do sono, fadiga, dificuldade de
concentração e ideação suicida.

2.1 Transtorno de ansiedade de separação

A característica essencial do transtorno de ansiedade de separação é o medo


ou a ansiedade excessiva envolvendo a separação de casa ou de figuras de apego.
 Os indivíduos vivenciam sofrimento excessivo e recorrente ante a ocorrência
ou previsão de afastamento de casa ou de figuras importante de apego.
 Se preocupam com o bem-estar ou a morte de figuras de apego, precisam
saber o paradeiro e querem ficar em contato constante.
 Também se preocupam com eventos indesejados consigo mesmos, que
impediriam de se reunir à sua figura de apego.
 São relutantes ou se recusam a sair sozinhos.
 Têm medo ou relutância excessiva em ficar sozinho.
 As crianças podem não conseguir permanecer ou ir até um quarto sozinhas e
podem exibir comportamento de agarrar-se. Tem dificuldade em dormir à
noite sem terem uma figura por perto.
 Sintomas físicos são comuns em crianças quando ocorre ou é prevista a
separação das figuras importantes de apego.
A perturbação pode durar por um período de pelo menos quatro semanas em
crianças e adolescentes e geralmente dura seis meses ou mais em adultos.
APG 03
10/02 – 14/02 ANSIEDAD
E
Manifestações: quando separadas das figuras, podem exibir retraimento
social, apatia, tristeza ou dificuldade de concentração no trabalho ou
brinquedos. Podem apresentar medo (animais, escuro, monstros,
sequestradores) de situações que lhe dão percepção de perigo à família ou a
eles próprios. Alguns indivíduos sofrem quando estão longe de casa. Pode
levar crianças a recusa de ir à escola. Quando extremamente perturbadas,
podem ser raivosas e agressivas com quem está forçando a separação.

2.2 Mutismo seletivo

Ao se encontrarem com outros indivíduos em interações sociais, as crianças


com mutismo seletivo não iniciam a conversa ou respondem reciprocamente. Podem
falar em sua casa na presença de membros da família, mas com frequência não o
farão nem mesmo diante de amigos próximos ou parentes de segundo grau. O
fracasso na fala pode interferir na comunicação social, embora as crianças com esse
transtorno ocasionalmente usem meios não verbais para se comunicar.

Manifetações: timidez excessiva, medo de constrangimento, isolamento e


retraimento sociais, apego, traços compulsivos, negativismo, ataques de birra ou
comportamento opositor leve. Por vezes, pode haver um transtorno de comunicação
associado. Comumente está associado à fobia social.

2.3 Fobia específica

É comum que os indivíduos tenham múltiplas fobias específicas. Em geral


temem três objetivos ou situações. Uma característica essencial desse transtorno é
que o medo ou ansiedade está associado à presença de uma situação ou objeto
particular (voar, altura, animais, injeção, sangue...)
Muitos indivíduos temem objetos ou situações de mais de uma categoria, ou
estímulo fóbico. Para diagnóstico, a resposta deve ser diferente dos medos normais
transitórios que comumente ocorrem na população. Devendo ser intenso ou grave,
podendo variar de acordo com, a proximidade do objeto ou situação temida e pode
ocorrer com a antecipação da presença ou na presença real.
O indivíduo evita ativamente a situação. Esquiva ativa significa que o
indivíduo intencionalmente se comporta de formas destinadas a prevenir ou
minimizar o contato com situações fóbicas.
Muitas pessoas com fobias específicas sofreram durante muitos anos e
alteraram suas circunstâncias de vida com o objetivo de evitar o objeto ou situação
fóbica o máximo possível.
Embora os indivíduos com fobia específica frequentemente reconheçam que
suas reações são desproporcionais, tendem a superestimar o perigo nas situações
temidas.

Manifestações: geralmente experimentar aumento na excitabilidade


autonômica. Entretanto, a resposta fisiológica varia. Enquanto as fobias situacionais
têm probabilidade de apresentar excitabilidade aumentada do simpático, aqueles
com fobia específica a sangue e injeção frequentemente demonstram uma resposta
de desmaio ou quase desmaio vasovagal que é marcada por breve aceleração
APG 03
10/02 – 14/02 ANSIEDAD
E
inicial do ritmo cardíaco e PA seguida por desaceleração e queda da PA. Os
modelos atuais enfatizam a amígdala e estruturas relacionadas.

2.4 Fobia Social

É um medo ou ansiedade acentuados ou intensos de situações sociais nas


quais o indivíduo pode ser avaliado pelos outros. Tem medo de ser avaliado
negativamente, teme agir ou aparecer de certa forma ou demonstrar sintomas de
ansiedade, como ruborizar, tremer, transpirar, tropeçar nas palavras.
As situações sociais quase sempre provam medo ou ansiedade. Assim, um
indivíduo que fica ansioso apenas ocasionalmente em situações sociais não seria
diagnosticado com esse transtorno.
A ansiedade pode ocorrer às vezes muito antes das próximas situações. Em
crianças, o medo ou ansiedade pode ser expresso por choro, ataques de raiva,
imobilização, comportamento de agarrar-se ou encolher-se. Os indivíduos com
frequência evitarão as situações sociais temidas ou então as suportarão com intenso
medo ou ansiedade. A esquiva pode ser abrangente ou sutil.
O medo ou ansiedade é julgado desproporcional ao risco real de ser avaliado
negativamente e as consequências disso. Por vezes, a ansiedade pode não ser
excessiva, como quando há medo de sofrer bullying ou atormentado por outros.
A duração é geralmente de pelo menos seis meses. Esse limiar ajuda a
diferenciar dos medos sociais transitórios comuns, particularmente entre crianças e
na comunidade.

Manifestações: Podem ser pouco assertivos ou muito submissos. Podem


mostrar uma postura corporal excessivamente rígida ou contato visual inadequado
ou falar com voz extremamente suave. O rubor é a resposta física característica da
fobia social.

2.5 Transtorno de pânico

Se refere a ataques de pânico inesperados recorrentes. Um ataque de pânico


é um surto abrupto de medo ou desconforto intenso que alcança um pico em
minutos e durante o qual ocorrem quatro ou mais de uma lista de 13 sintomas físicos
e cognitivos. Não existe um indício ou desencadeante óbvio no momento da
ocorrência, o ataque parece vir do nada. Em contraste, os ataques de pânico
esperados são aqueles que existe um desencadeante óbvio, como uma situação em
que os ataques de pânico ocorrem geralmente.
A frequência e a gravidade dos ataques variam de forma considerável. Em
termos de frequência, pode haver ataques moderadamente frequentes durante
meses, pequenos surtos mais frequentes durante muitos anos. É necessário mais de
um ataque de pânico completo inesperado para o diagnóstico de transtorno de
pânico.
As preocupações acerca dos ataques de pânico ou de suas consequências
geralmente relacionam-se a preocupações físicas, como a preocupação de que os
ataques reflitam a presença de doenças ameaçadoras à vida, medo de
“enlouquecer” ou perder o controle. As mudanças desadaptativas representam as
tentativas de minimizar ou evitar os ataques, como a esquiva de esforço físico,
APG 03
10/02 – 14/02 ANSIEDAD
habituais.
E
tentativas de garantir suporte caso tenha um ataque, restrição de atividades

Manifestações: um tipo de ataque de pânico inesperado é o noturno. Além


da preocupação acerca dos ataques, muito indivíduos relatam sentimentos
constante de ansiedade, amplamente relacionados com a saúde em geral e com a
saúde mental em específico. Pode haver preocupações acerca da capacidade de
concluir as tarefas ou suportar estressores diários; pode haver uso excessivo de
drogas ou comportamentos extremos que visam controlar os ataques de pânico.

 Sensação repentina e excessiva de ansiedade ou medo;


 Sensação de falta de ar;
 Aperto no peito;
 Coração acelerado;
 Tremores;
 Aumento da produção de suor;
 Calafrio;
 Tontura;
 Boca seca;
 Vontade urgente de ir ao banheiro;
 Zumbido nos ouvidos;
 Sensação perigo iminente;
 Medo de morrer.

2.6 Agorafobia

É o medo ou ansiedade acentuado ou intenso desencadeado pela exposição


real ou prevista a diversas situações: Transporte público, espaços abertos, locais
fechados, filas ou multidões, sair de casa sozinho.
O diagnóstico requer que os sintomas ocorram em pelo menos duas das
cinco situações. Quando experimentam medo e ansiedade acionada por essas,
situações, os indivíduos geralmente experimentam pensamentos de que algo terrível
possa acontecer. Acreditam com frequência que escapar dessas situações poderia
ser difícil ou que o auxílio pode não estar disponível, quando ocorrem sintomas do
tipo pânico ou outros sintomas incapacitantes ou constrangedores.
A quantidade de medo experimentada pode variar com a proximidade da
situação temida e podo ocorrer em antecipação ou na presença real. O medo ou
ansiedade pode assumir a forma de um ataque de pânico com sintomas completos
ou limitados. O medo ou ansiedade é evocado quase todas as vezes em que o
indivíduo entra em contato com a situação temida. O indivíduo evita ativamente a
situação.

2.7 Transtorno de ansiedade generalizada

As características essenciais são ansiedade e preocupação excessivas


acerca de diversos eventos ou atividades. A intensidade, duração ou frequência da
ansiedade e preocupação é desproporcional à probabilidade real ou impacto do
evento antecipado. O indivíduo tem dificuldade de controlar a preocupação e de
APG 03
10/02 – 14/02 ANSIEDAD
E
evitar que pensamentos preocupantes interfiram na atenção às tarefas em questão.
Os adultos com esse transtorno frequentemente se preocupam com circunstâncias
diárias da rotina, como possíveis responsabilidades no trabalho, saúde e finanças, a
saúde dos membros, desgraças com seus filhos ou questões menores.
As distinções entre o TAG e a ansiedade não patológica são várias, sendo as
preocupações da TAG excessivas e interferentes no funcionamento psicossocial,
enquanto as preocupações da vida diária não são excessivas e são percebidas
como mais manejáveis, podendo ser adiadas quando surgem questões mais
prementes.
A ansiedade e a preocupação são acompanhadas por pelo menos três dos
seguintes sintomas: inquietação ou sensação de nervos à flor da pele, fatigabilidade,
dificuldade de concentra-se, irritabilidade, tensão muscular, perturbação do sono.

Manifestações: Pode haver tremores, contrações, abalos e dores muscular,


nervosismo ou irritabilidade associados a tensão muscular. Sudorese, náusea e
diarréia também podem estar presentes. Outras condições como síndrome do
intestino irritável e cefaleia também acompanham o transtorno.

2.8 Transtorno de ansiedade induzido por substância/medicamento

Sintomas de pânico ou ansiedade proeminente predominantes no quadro


clínico com evidências, a partir da história, exame físico ou exames laboratoriais de
intoxicação ou abstinência de substância ou exposição a um medicamento. Os
sintomas de pânico ou ansiedade devem ter-se desenvolvido durante ou logo após a
intoxicação ou abstinência ou exposição a um medicamento, e as substâncias
devem ser capazes de produzir os sintomas. Substâncias comuns: álcool, cafeína,
cannabis, fenciclidina, alucinógenos, inalantes, cocaína e outras substâncias.
Abstinências comuns: álcool, opioides, sedativos, hipnóticos.

2.9 Transtorno de ansiedade devido a outra condição médica.

Inúmeras condições médicas incluem a ansiedade como uma manifestação


sintomática. Exemplos incluem doença endócrina (p. ex., hipertireoidismo,
feocromocitoma, hipoglicemia, hipercortisolismo), distúrbios cardiovasculares (p. ex.,
insuficiência cardíaca congestiva, embolia pulmonar, arritmias como a fibrilação
atrial), doença respiratória (p. ex., doença pulmonar obstrutiva crônica, asma,
pneumonia), distúrbios metabólicos (p. ex., deficiência de vitamina B12, porfiria) e
doença neurológica (p. ex., neoplasias, disfunção vestibular, encefalite, transtornos
convulsivos). A ansiedade devida a outra condição médica é diagnosticada quando a
condição médica induz ansiedade e precedeu o início desta.

3. Tratamento

Os tratamentos psicológicos e farmacológicos possuem eficácia bem


estabelecida nos transtornos de ansiedade. Os dois tratamentos de primeira linha
mais bem estabelecidos para a maioria dos transtornos de ansiedade consistem na
APG 03
10/02 – 14/02 ANSIEDAD
E
TCC e no uso de Inibidores seletivos da recaptação de serotonina. Como a
Sertralina, Paroxetina, Citalopram e Fluvoxamina.
As TCC para os transtornos de ansiedade são psicoterapias breves
baseadas na observação de que os pacientes manifestações distorções cognitivas
que mantêm a ansiedade e os comportamentos de evitação, e que impedem as
oportunidades capazes de refutar os medos ou desenvolver uma habituação dos
sintomas de ansiedade. Os componentes dessa terapia podem incluir reestruturação
cognitiva, exposição e técnicas de relaxamento.
OS ISRS e os inibidores da recaptação de serotonina-norepinefrina
emergiram como tratamentos de primeira linha para cada um dos transtornos de
ansiedade (exceto fobias específicas).
A medicação é frequentemente combinada com TCC, embora as evidências
de eficácia aditiva sejam limitadas. Outros medicamentos como benzodiazepínicos,
antidepressivos tricíclicos, antiepilépticos e antipsicóticos, também demonstraram
ser efetivos para alguns dos transtornos de ansiedade.

Benzodiazepínicos apresentam rápido início de seus efeitos e taxa


relativamente baixa de efeitos colaterais, exceto a sedação. Algumas vezes, são
usados em associação com ISRS.

Fobias específicas: A dessensibilização por meio de exposição, é altamente


efetiva, constitui o tratamento preferido para as fobias específicas. Dentre os
medicamentos, os benzodiazepínicos são uteis para situações temidas que são
encontradas apenas ocasionalmente.

Referências:

Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto


Alegre: Artmed, 2014.
ROWLAND, L. P. MERRIT – Tratado de Neurologia. 13. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2018.
 CASTILLO, Ana Regina Gl; RECONDO, Rogéria; ASBAHR, Fernando R;
MANFRO, Gisele G. Transtornos de ansiedade. Revista Brasileira de Psiquiatria,
[S.L.], v. 22, n. 2, p. 20-23, dez. 2000.

Você também pode gostar