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TRANSTORNOS ANSIOSOS E DEPRESSIVOS

Transtorno Ansioso
Identificação: com sintomas presentes e de longa duração a identificação é mais fácil,

no entanto, em muitos casos essa situação é limítrofe.

Curso baseado no DSM-V


3,6% da população mundial são diagnosticadas com ansiedade.
Estudos mostram que o transtorno ansioso é o mais comum em crianças e em adultos
** o Brasil é o país com maior número de pessoas com transtornos ansiosos do mundo
Principais sintomas: ansiedade e medo
Medo: receio de um objeto real que pode lhe fazer mal ou causar ansiedade, que é um
sentimento desagradável de apreensão e tensão de antecipação de que alguma coisa
ruim pode acontecer. Sentimentos normais e naturais da natureza.
Ansiedade e medo são patológicos quando: são desproporcionais em relação à situação
vivenciada e interferem diretamente na qualidade de vida e no equilíbrio pessoal,
fazendo com que o indivíduo tenha dificuldade em realizar ações diárias do cotidiano.
Manifestações clínicas da ansiedade
Normal: medo ou sentimento subjetivo de apreensão e angústia, manifestado por várias
alterações autonômicas. Um sentimento humano referente a novas situações,
funcionando como um sinal de alerta, desencadeando reações defensivas, como
palpitação e diarréia, mas sempre de forma suportável e passageira. É um sentimento
produtivo, defensivo contra o estresse, semelhante ao medo, no entanto, não possui um
objeto real.
Patológica: resposta inadequada a uma percepção ou estímulo que paralisa o indivíduo
e/ou o faz agir de maneira caótica, o que desencadeia dificuldades de adaptação a
situações e ao ambiente.
Uma característica importante para distinção da ansiedade de outras patologias é que
seus sintomas são primários, não derivando de outras morbidades como depressão,
psicoses ou outros transtornos psiquiátricos. Isso indica que outras psicopatologias
também apresentam sintomas ansiosos, mas não são transtornos ansiosos de base,
pois fazem parte de um outro conjunto de sintomas, frequentemente relacionados a
situações específicas, como no caso do transtorno depressivo, em que o entardecer do
dia desencadeia sintomas ansiosos no indivíduo acometido. Contudo, em alguns casos,
quando é difícil identificar quais são os sintomas primários, o paciente pode apresentar
uma comorbidade de diagnósticos.
No momento da anamnese é importante explorar minuciosamente os seguintes aspectos:

O tratamento mais frequente é o acompanhamento psicológico e psiquiátrico, com uso


de medicação quando for necessário. A intervenção medicamentosa auxilia no
tratamento dos sintomas mais exacerbados e tem caráter temporário. Para o tratamento
de crianças e adolescentes é muito importante o apoio dos pais.
Transtorno de Ansiedade de Separação
**Infância e adolescência
Sintoma ansioso exacerbado em relação ao afastamento da figura de apego (pai, mãe ou
substituto). Leva-se em conta o estágio de desenvolvimento do indivíduo.
O paciente (normalmente criança ou adolescente) demonstra uma preocupação
excessiva da possibilidade de perda da figura de apego, tendo dificuldades para sair de
casa ou ficar sozinho, isso faz com que haja perdas nos âmbitos escolares, social e
profissional.
Sintomas: ansiedade, medo extremo, cefaleia, dor abdominal, náusea e vômitos, tontura,
palpitações e sensação de desmaio.
Os pacientes são considerados “medrosos”, o que afeta a autoestima.
Esse transtorno é um fator de risco para o desenvolvimento de outras psicopatologias.
Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG)
O TAG define-se pela presença do sintoma ansioso exacerbado na maior parte do dia, o
que inclui características psíquicas como: angustia, tensão, preocupação ou
irritabilidade; sintomas físicos: dor de cabeça, tremores, dificuldades para relaxar,
sensação de fadiga, palpitações, sudorese, vertigem, ondas de calor ou frio, urgência
urinária e falta de ar; e sintomas de hipervigilância: irritabilidade, insônia, dificuldade
de concentração, com duração de mais de seis meses.
Neste quadro o paciente apresenta uma expectativa negativa, sentindo que “algo de
ruim” vai acontecer com ele ou pessoas próximas, ou que acontecerá algum problema
envolvendo os meios sociais em que se tem proximidade, como profissional, acadêmico,
etc.
Na maioria dos indivíduos acometidos com este transtorno, devido aos sintomas físicos,
busca-se primeiro um tratamento especializado médico, como cardiologista ou gastro. É
realmente importante que se investigue fatores orgânicos, no entanto, isso faz com que a
procura pelo tratamento psíquico seja adiado, fato que posterga também a melhora dos
sintomas.
Fobias Específicas
Fobias específicas são medos ou ansiedade excessivos, com comportamento de esquiva
por um objeto ou situação, sendo esse medo ou ansiedade desproporcional em relação
ao perigo real. Algumas fobias podem causar prejuízo social, profissional ou em áreas
significativas da vida da pessoa. Quando em contato com tais situações, a pessoa pode
apresentar sintomas físicos, como falta de ar, palpitações, tontura e tremores, chegando
até mesmo a ataques de pânico.
Apesar de sintomas parecidos, as fobias podem ser classificados por tipos diferentes:
animais, situacionais (locais fechados, elevadores, etc), sangue, ferimentos.
Fobias mais comuns:
Transtorno de Ansiedade Social (Fobia Social)
O Transtorno de Ansiedade Social é caracterizado pelo medo intenso e persistente de
ser observado e julgado negativamente por terceiros.
Apesar do próprio paciente notar que as reações são exacerbadas, ele não consegue
controlar, a pessoa quase não suporta o contato social. A simples antecipação do
estímulo já é suficiente para o início dos sintomas psíquicos, que podem se extender
para sintomas físicos como, palpitação, falta de ar, tremor e sudorese, ou ainda, vir de
outras comorbidades como ataque de pânico.
PERGUNTAR AO TUTOR: “NÃO É CONSIDERADO TRANSTORNO DE PÂNICO
QUANDO AS CRISES SÃO RELACIONADAS COM CONTATO SOCIAL”,
EXPLICAR MAIS SOBRE ESSA DIFERENCIAÇÃO
Patologias que podem ser associadas a esse transtorno: depressão, uso abusivo de
alcool, ansiolíticos, OUTRAS DROGAS?
O impacto na vida cotidiana pode ser muito grande, tendo em vista que esse transtorno
pode ocorrer em diversas situações, como por exemplo: falar, comer ou beber em frente
a outras pessoas, conversar com estranhos, falar com pessoas do sexo oposto, escrever e
assinar em público, chamar atenção para si, usar banheiros públicos, manter contato
visual etc.
Transtorno de Pânico
Crise ou ataque de pânico são crises de angústia súbita que atingem o nível máximo de
intensidade em aproximadamente 10 minutos, com duração entre 15 e 30 minutos.
Nestes momentos há uma forte descarga no sistema autônomo, o que pode acarretar em
sintomas como, palpitação ou taquicardia, falta de ar, sensação de asfixia, sudorese,
tremor, formigamento ou perda de sensibilidade, ondas de calor ou calafrios, tontura
náusea ou desconforto abdominal, desrealização, despersonalização e medo de perder o
controle ou morrer, medo e angustia crescente, com forte sensação de que algo ruim vai
acontecer.
Para ser definido um transtorno de pânico, tais crises precisam ser recorrentes e
inesperadas, com mais de três ataques em um mês. O paciente, por sua vez, sente uma
grande preocupação em ter um novo ataque, o que, em muitas situações, ocasiona a
crise.
Agorafobia
Em linhas gerais, agorafobia pode ser definida como o medo de sentir medo.
Caracteriza-se pelo medo ou ansiedade intensa, desencadeada pela exposição real ou
antecipatória a diversas situações, como:
Quando submetidas a tais situações, o indivíduo experiencia alguns sintomas de pânico,
como tontura, vômito, desmaio, além de sintomas inflamatórios intestinais e medo de
morrer.
As atitudes dos indivíduos acometidos com esse transtorno relacionam-se com a
evitação de exposição e preocupação (antecipação) com tais ataques se ocorrer a
exposição. Assim sendo, o indivíduo evita sair sozinho, o que o torna dependente de
pessoas ou medicamentos caso haja necessidade de estar em público.
Nesta morbidade, a ansiedade antecipatória é um dos principais critérios diagnósticos.
Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT)
As principais características desse transtorno são agitação e hipervigilância, além de
pensamentos obsessivos após de uma situação de perigo real, desencadeando sintomas
emocionais de temor intenso e angustia, sintomas físicos em período acordado e
pesadelo durante o sono, o conteúdo desse está relacionado à situação de trauma.
O paciente com TEPT vivencia o evento traumático várias vezes ao dia, com
pensamentos intrusivos, a correlação com o evento pode desencadear reações físicas e
emocionais que dificultam a experiência cotidiana de forma plena.
Pessoas que já passaram por situações de risco, como acidentes ou assaltos podem ficar
assustados ou alertas quando percebem alguma situação semelhante à vivenciada, o que
é considerado normal. Para que seja diagnosticado o TEPT, tais sintomas devem
ultrapassar um mês e ainda, trazer prejuízo a vida normal do indivíduo.
Transtorno Obsessivo-Compulsivo
Caracterizado por obsessões ou compulsões recorrentes, suficientemente graves a ponto
de consumir tempo ou causar sofrimento acentuado ou prejuízo significativo.
A Obsessão e a Compulsão são os dois componentes básicos para que o TOC seja
diagnosticado. A Obsessão pode ser definida como pensamentos, imagens ou impulsos
recorrentes, intrusivos e desagradáveis que causam altos níveis de ansiedade; a
Compulsão é definida como comportamentos ou atos mentais repetitivos necessários
para amenizar a resposta à obsessão, minimizando a ansiedade ou evitando que algo
ruim aconteça. Um sintoma está relacionado ao outro, enquanto o primeiro causa mal
estar emocional, o segundo surge de forma exagerada, irracional e mágica por meio de
rituais compulsivos que servem para minimizar o desconforto emocional, porém não há
ganho.
Tratamento
O tratamento psicológico é indicado como um ponto de apoio que visa minimizar os
comportamentos em desequilíbrio, ajudando a lidar com a ansiedade patológica.
Em algumas psicopatologias mais específicas, como a fobia social ou específica,
existem tratamentos mais diretos, como a dessensibilização progressiva, expondo
gradualmente a pessoa ao estímulo fóbico para desenvolver o controle do medo até que
seja possível o contato com a situação fóbica de maneira aberta.
No caso da ansiedade de separação, o tratamento pode se estender para orientações na
escola e no ambiente familiar, direcionando e auxiliando o desenvolvimento de metas
de autonomia, reforçando competências e conquistas.
O uso da medicação nesses tratamentos varia, no caso das fobias não é muito
recomendado. No entanto, no TAG o uso de medicação é extremamente necessário
quando os sintomas são graves e com grande impacto no cotidiano do paciente, nesse
caso, usa-se ansiolítico para controlar e aliviar sintomas. Em período de latência de
antidepressivos, o uso dessa medicação é o mais seguro e eficaz.
No Brasil, dentre as causas desses transtornos destacam-se as de natureza
socioeconômicas, como pobreza e desemprego. Além disso, a vida nas grandes cidades,
acarretam grande sofrimento pessoal, econômico e social nas pessoas acometidas. Tal
fato revela que tais morbidades são um problema de saúde pública, visto que são as
patologias emocionais de maior incidência na população geral.
Transtornos Depressivos
Quais são os principais sintomas da depressão? E quais as medidas podem minimizá-
los?

Estimativas:
2020 – Depressão como principal doença incapacitante no mundo;
2030 – Doença que mais acometerá a humanidade, se tornando “comum”.
O modo de viver atual, lifestyle das pessoas é o que influencia o aumento significativo
da depressão.
A falta de vínculos afetivos reais e profundos torna os indivíduos mais expostos
(vulneráveis) aos transtornos mentais. Além disso, tendo em vista o movimento em que
se vive a sociedade atualmente, existe a sensação (errônea) de falta de tempo para
desfrutar momentos com pessoas queridas, somado à contextos específicos de
dificuldade ou tensão, como desemprego ou a perda de um ente querido. Ademais,
observa-se que a “vida contemporânea” exige cada vez mais, sucesso, dinheiro,
felicidade, beleza, etc., pontos que nem sempre estão presentes na vida humana, visto
que as adversidades também acontecem e são necessárias para a construção autêntica da
existência. No entanto, em meio a tais cobranças, sofrer é ser menor, ter sucesso ou ser
reconhecido é mais essencial do que experimentar, sentir, errar, cair. Assim, o homem,
ao evitar a dor, anestesiando seus conflitos com bálsamos superficiais, se vê cada vez
mais ferido, chegando num ponto tão grave e tão profundo que os bálsamos não são
mais suficientes, nessa hora se grita por ajuda e não há mais razões para se viver.
Depressão?
**Apesar do maior acesso à informação, a depressão é ainda pouco reconhecida e
tratada.
O fato de a depressão ser diagnosticada pelo psiquiatra e em casos agudos, apresentar a
necessidade de um tratamento medicamentoso, faz com que haja ainda mais preconceito
e resistência ao reconhecimento da doença pelo indivíduo acometido. Sendo assim,
admite-se que muitas pessoas buscam outras áreas médicas para realizar o tratamento de
sua morbidade, e em outros casos, mesmo quando se busca um médico especializado, ao
notar mínima melhora (com os medicamentos) se interrompe a medicação, o que
desencadeia a remição dos sintomas depressivos.
Definindo a depressão: A depressão é um distúrbio afetivo manifestado por sintomas
emocionais e físicos. Dentre os sintomas estão: apatia, pessimismo, baixa autoestima,
etc. Vale ressaltar que tais sintomas interagem entre si, atingindo níveis profundos e
íntimos da pessoa, tal fato interfere na habilidade do indivíduo de se relacionar com as
principais áreas da vida: meio acadêmico, meio social, meio familiar, meio profissional,
etc., atividades antes agradáveis se tornam ruins e sem sentido.

Ao se ter mais acesso às informações transmitidas pela mídia (internet, tv, rádio) se
consegue mias visibilidade aos sintomas da depressão, o que a deixa em maior
evidência.
A depressão pode acometer todas as idades, sexo e classes sociais. De acordo com uma
pesquisa feira pelo IBOPE, a maior incidência (25%) de depressão é em jovens (18 a 29
anos) seguido por pessoas entre os 30 e 39 anos (23%). Tais dados referem-se à
ocorrência dos primeiros sintomas ou episódio.
** forte impacto pessoal no paciente.
Compreende-se que, estando o jovem em plena atividade social e econômica, imerso no
estresse habitual da vida moderna, onde muito se cobra e pouco se deixa livre, este
vivencia seus ideais em conflito, e como, “não há” tempo para a experiência do que se
vive, fato que banaliza o sentir, os problemas vão se enraizando cada vez mais, até estar
no âmago da existência individual de uma forma patológica, tendo em vista os impactos
do estresse exacerbado nas conexões neurais e anatomia cerebral.
É difícil identificar hábitos ou fatores específicos que possam desencadear a depressão, sendo
que, cada indivíduo tem sua maneira particular de lidar com os acontecimentos que permeiam
seu viver e cada um possui uma diferente capacidade de resiliência.
Hábitos comuns em pessoas acometidas: uso demasiado de álcool/drogas, comportamento
compulsivo, dificuldade no manejo das emoções, evitação de contato consigo mesmo,
tentativas de minimizar sentimentos.
Diferenças entre Tristeza e Depressão
É importante saber que tais conceitos diferem entre si, uma vez que tristezas pontuais e isoladas
não são depressão e sim, um sentimento universal e humano, assim como a ansiedade. Assim
sendo, a tristeza não é uma doença, mas sim, um construto psíquico normal.
A pessoa que está triste correlaciona tal sentimento à determinado evento, já a pessoa com
depressão, essa correlação não é clara e pode estar relacionadas à vários fatores ou a nenhum
em específico, dessa forma, não há necessariamente um nexo causal entre os sintomas e suas
possíveis causas.

Principais sintomas da depressão


Sintomas afetivos: melancolia, tristeza, choro recorrente, apatia, tédio, irritabilidade constante,
angústia e ansiedade, desespero e desesperança.
Alterações neurovegetativas: anedonia (dificuldade de sentir prazer nas coisas normais da
vida), fadiga e cansaço, desânimo, insônia ou hipersonia, perda ou aumento do apetite,
diminuição da libido e da resposta sexual (frigidez ou disfunção erétil), dificuldade na higiene
pessoal.
Alterações ideativas: negativismo e pessimismo em relação a tudo, culpa e arrependimento,
ideação de morte, desejo de desaparecer, ideação, planejamento e tentativos de suicídio.
Alterações cognitivas: Dificuldade de atenção e concentração, déficit secundário de memória,
dificuldade em tomar decisões, pseudodemência depressiva (disfunções cognitivas como
problemas de memória, diminuição da velocidade de raciocínio e da função executiva)
Alteração na autovaloração: Sentimento de baixa autoestima, sentimento de dependência e
vergonha, sentimento de incapacidade.
Alteração da psicomotricidade e na volição: Lentificação de pensamento, lentificação
psicomotora que pode chegar ao estupor, diminuição da fala, volume da voz e mutismo (recusa
em falar), poder de ficar na cama o dia inteiro em um quarto escuro.
** o médico especialista deve ser consultado sempre que houver sintomas como os descritos
acima, tendo em vista que eles são considerados no fechamento do diagnóstico da depressão.
No DSM-V um dos critérios para o diagnóstico de transtorno depressivo é a manifestação de
pelo menos cinco sintomas dentre os citados abaixo, por mais de duas semanas.

Tipos de Transtorno Depressivo


O transtorno depressivo maior é um subtipo do transtorno depressivo e tem maior grau de
prevalência (o que mais prevalece). Este manifesta-se com episódios de longa duração e
notável taxa de cronicidade e recorrência, podendo ocorrer de forma única. No entanto, o
tempo de episódio é longo, o que dificulta o entendimento do que está ocorrendo, se são vários
episódios depressivos ou sintomas de melhora dentro de um único episódio.
O TD pode ser classificado como leve, moderado ou grave.
Leve: pessoa sofre com os sintomas, diminui seu rendimento, mas com grande esforço, é capaz
de manter suas atividades sociais e profissionais.
Moderado: Conduz ao isolamento, pessoa omite compromissos, podendo faltar ao trabalho e
evitar momentos de lazer e contato social.
Grave: Casos mais graves, a pessoa geralmente interrompe e evita qualquer tipo de atividade,
se isola totalmente ou permanece sentado ou deitado, sem reagir a nenhum estímulo. Nesses
casos mais graves, podem existir sintomas psicóticos associados a sintomas depressivos. Os
sintomas psicóticos incluem presença de ideação delirante com conteúdo negativista, delírio de
ruína ou miséria, delírio de culpa, delírio hipocondríaco e delírio de inexistências, alucinações
(geralmente auditivas) e paranoia.
Transtorno Depressivo com características catatônicas
Prevalência de sintomas de estupor, imobilidade, negativismo, mutismo e ecolalia.
Transtorno Depressivo com características melancólicas
Sintomas presentes de lentificação psicomotora, anedonia, alteração de sono (insônia) e apetite.
Tais sentimentos são mais intensos no período da manhã e vão melhorando durante o dia, existe
ainda ideações de culpa.
Transtorno Depressivo com características atípicas
Sintomas de aumento de apetite ou ganho de peso, sensação de peso no corpo, hipersonia,
aumento de sensibilidade à rejeição interpessoal, humor reativo às situações ambientais.
Depressão pós-parto
Inicia no pós-parto, manifestando-se nas primeiras quatro semanas após o parto, alcança sua
intensidade máxima nos seis primeiros meses. Os sintomas mais comuns são: desânimo
persistente, sentimentos de culpa, alterações no sono, ideias suicidas, temor de machucar o
filho, diminuição no apetite e na libido, diminuição do nível de funcionamento mental e
presença de ideias obsessivas ou supervalorizadas no cuidado do bebê.
Transtorno Distímico
Apresenta características de depressão crônica, de intensidade leve comparada à depressão
maior, assim sendo, fica mais próximo do padrão “normal”, no entanto, é mais duradoura e
persistente. Os pacientes diagnosticados com este transtorno se consideram pessimistas, com
baixa autoestima, pouca energia, indecisos, mal-humorados e desesperançosos.
Muitas vezes essas considerações são interpretadas como parte da personalidade do indivíduo,
dado o caráter persistente e duradouro dos sintomas (pelo menos dois anos). Cabe ressaltar que
tal condição pode causar grande impacto na vida do paciente, com alterações em sua vida
pessoal, social e no trabalho.
Diagnóstico diferencial
É definido como uma ideia de hipótese formulada por um médico, com base nos sinais e
sintomas do indivíduo acometido, tal método restringe as possibilidades de diagnóstico
principalmente no que se refere a morbidades diferentes, mas que possuem sintomas
semelhantes. Por meio de investigação e exames específicos descartam-se hipóteses que não se
encaixam até se encontrar a doença que maior corresponde ao sintoma verificado. Sintomas da
depressão como apatia, cansaço, perda do apetite, irritabilidade, etc., também poder se referir a
doenças endócrinas ou uso de substâncias psicoativas. Por exemplo, a descompensação de
hormônios (hipotiroidismo) pode causar problemas de memória e apatia, nesse caso, os exames
devem investigar a glândula da tireoide e adrenal. Já as drogas podem simular transtornos de
humor, dessa forma, deve se investigar se o paciente faz uso de medicamentos e se estes o
afetam negativamente. Outro aspecto que pode interferir na qualidade de vida do paciente são
distúrbios neurológicos, o cérebro é responsável pela função de volição. Esta é o processo
cognitivo na qual o indivíduo decide-se praticar uma ação específica, ou seja, o ato de escolher.
Traumas, AVE (AVC), tumores ou demência, podem prejudicar o desempenho cognitivo,
causando no paciente um sintoma grave de apatia, no entanto, nesse caso a causa é neurológica.
Entender o diagnóstico diferencial é essencial para a compreensão do diagnóstico de transtorno
depressivo, tal instrumento é uma ferramenta muito importante para descartar hipóteses e
apreender a patologia do indivíduo e qual o melhor tratamento a ser adotado.
Transtorno de Ajustamento vs Transtorno Depressivo
Uma hipótese diagnóstica muito confundida com o transtorno depressivo é o transtorno de
ajustamento. Tal transtorno é caracterizado por sintomas ansiosos e/ou depressivos, persistindo
por mais de três meses e decorre de um trauma psicológico causado por um evento estressor,
causando um desequilíbrio psíquico e orgânico, o que afeta a vivência cotidiana normal do
indivíduo. Esse evento estressor pode ser: luto prolongado, mudança repentina de trabalho/casa,
hospitalização, divórcio, doença crônica, etc. Tal transtorno é reconhecido com a duração de
até 6 meses, ou em casos em que o evento estressor permanecer, a morbidade pode ser
insistente, assumindo um aspecto mais crônico e duradouro. Seus principais sintomas são:
desesperança, tristeza, dificuldade em sentir prazer, labilidade emocional, ansiedade,
preocupação, desespero, insônia, dificuldade de concentração, dentre outros. Pode ser
diagnosticado após uma experiência que cause angustia excessiva ou comprometimento
funcional, é diferente do TEPT pois se relaciona ao momento estressante e não a um ponto de
estresse específico. Caso não for tratado pode evoluir e cronificar, relacionando-se ao eixo do
transtorno depressivo. Geralmente está relacionado a pacientes hospitalizados, afetando sua
melhora e tratamento, além de prolongar o período de hospitalização.
Transtorno Bipolar
Sua principal característica é a alternância entre episódios de mania/hipomania e de
depressão/distimia, tais momentos podem ter ou não fases de equilíbrio. Tais ciclos podem
alterar semanalmente e raramente são episódios rápidos.
No período maníaco, o paciente pode apresentar sintomas de crise psicótica.
Principais sintomas de cada fase do Transtorno de Bipolaridade
Fase maníaca: Dificuldade de concentração; diminuição da necessidade de sono;
hiperatividade; capacidade de discernimento reduzida; compulsão por bebida, comida e/ou uso
excessivo de drogas; pouco controle do temperamento; manter relações sexuais com múltiplos
parceiros (de forma compulsiva); gastos sem controle; sensação de aumento de energia;
pensamentos acelerados; fala em excesso; agitação ou irritação aumentada; autoestima
exacerbada com ilusão sobre si mesmo ou sobre suas próprias habilidades; aumento nas
atividades.
Fase Depressiva: Desânimo diário ou sensação de tristeza; Dificuldade de concentração,
memória ou de tomar decisões; perda de apetite e/ou perda de peso; sensação de fadiga ou falta
de energia; dificuldade de sono ou excesso de sonolência, sentimento de desesperança,
inutilidade ou culpa; aumento de fome e/ou ganho de peso; perda de interesse nas atividades
que antes eram prazerosas (anedonia); baixa autoestima; afastamento dos amigos ou das
atividades que antes eram prazerosas; pensamentos sobre morte e suicídio.
** Na classificação do Transtorno Bipolar existem subtipos:
Transtorno Bipolar tipo I: fases depressivas que podem ser leves a graves, interseccionadas
com períodos de humor normal, com episódios maníacos bem caracterizados;
Transtorno Bipolar tipo II: fases depressivas que podem ser leves a graves, interseccionadas
com períodos de humor normal, contudo, as fases de mania são mais leves e consideradas
hipomaníacas;
Transtorno Ciclotímico: alterações crônicas e flutuantes do humor, com fases rápidas entre o
humor depressivo e a hipomania, a característica principal desse transtorno as rápidas
mudanças entre as fases.
Tratamento
Alguns hábitos podem auxiliar na prevenção, tratamento ou dominuição dos transtornos
depressivos, como:
- estabelecimento de uma rotina, o que auxilia na estruturação/organização da vida cotidiana do
paciente;
- praticar exercício físicos regulares, aumentando a quantidade de endorfina, o que afeta a
qualidade de vida e sensação de bem-estar no indivíduo;
- alimentação saudável, controlando o que se come, principalmente por contas dos sintomas de
aumento/redução do apetite e de peso, tais fatos estão diretamente relacionados com a
autoestima;
- tornar-se consciente da responsabilidade perante sua vida de maneira ativa, visto que as
escolhas são de caráter individual e particular;
- manter projetos (relação com existencialismo: projetos de vida), ter responsabilidades e
hábitos diários também é um fator positivo, contribuindo com o sentimento de autorrealização;
- notar o funcionamento dos pensamentos e compreender que eles não são você, entender que
no funcionamento humano os pensamentos tendem a negatividade e pessimismo, ao observar o
fluxo é possível desenvolver a camada de consciência em que não se identifica com os
pensamentos ou se deixa ser controlado, fato primordial para o a estruturação da capacidade de
autocontrole e escolhas.
** é importante ressaltar que tais ações são dificultadas dependendo do grau de acometimento
do indivíduo, dessa forma, alguns pacientes não serão facilmente capazes de realizar tais
atividades.
É difícil discutir a “cura” no transtorno depressivo, visto que o objetivo central do tratamento é
a remissão dos sintomas depressivos. Estatisticamente falando, 80% das pessoas com
diagnóstico de depressão devem apresentar um ou mais episódios de recaídas. Assim sendo,
deve-se encarar a depressão como uma doença crônica que necessita de um tratamento
multidisciplinar medicamentoso (psiquiatra) e terapêutico (psicólogo), visto que a sua
profundidade causa alterações neurológicas e até anatômicas no cérebro, o que dificulta o
equilíbrio do indivíduo.
Aspectos importantes que devem ser incentivados: alimentação, período de sono necessário,
atividades físicas, evitação do uso de substâncias como álcool, tabaco e medicação para
emagrecer com base de anfetamina.

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