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Transtornos psicossomáticos

Transtorno de sintomas somáticos

(anteriormente denominados transtornos somatoformes no DSM-IV)

é caracterizado por preocupação acentuada com o corpo e medos de doença ou das


consequências de doença (p. ex., morte).

É caracterizado por altos níveis de ansiedade e preocupação persistente com sinais e sintomas
somáticos que são mal interpretados como característicos de um transtorno clínico conhecido.
Este transtorno também é chamado de hipocondria.

Transtorno de ansiedade de doença.

Medo de estar doente na presença de poucos ou de nenhum sintoma somático. É um


diagnóstico novo no DSM-5.

Transtorno de sintomas neurológicos funcionais.

Anteriormente conhecido como transtorno conversivo no DSM-IV, essa condição é


caracterizada por déficits sensoriais voluntários ou motores inexplicáveis que sugerem a
presença de uma condição neurológica ou outra condição clínica geral. É determinado que
conflitos psicológicos são responsáveis pelos sintomas.

Fatores psicológicos que afetam outras condições médicas.

Essa categoria é para problemas psicológicos que afetam de forma negativa uma condição
clínica, aumentando o risco de um desfecho adverso.

Transtorno factício.

Também chamado de síndrome de Munchausen, refere-se à simulação deliberada de sintomas


físicos ou psicológicos para assumir o papel de doente. Transtorno factício imposto a outro
(anteriormente denominado transtorno factício por procuração) é quando uma pessoa
apresenta a outra como doente, com mais frequência mãe e filho. O transtorno é diferenciado
de simulação, na qual os sintomas também são falsamente relatados; entretanto, a motivação
na simulação são incentivos externos, como evitar responsabilidade, obter compensação
financeira ou obter substâncias.

Outro transtorno de sintomas somáticos e transtorno relacionado especificado.

Essa categoria é para transtornos que não são classificados nos descritos anteriormente. Um
deles é a pseudociese, na qual uma mulher (ou um homem em casos raros) acredita que esteja
grávida.

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1. Transtorno de sintomas somáticos ‘’hipocondria’’

seis meses ou mais de uma preocupação geral e não delirante com temores de ter, ou a ideia
de que tem, uma doença grave com base na falsa interpretação de sintomas corporais.

Essa preocupação causa sofrimento significativo e prejuízo na vida do indivíduo e não é


justificada por outro transtorno psiquiátrico ou clínico
EPIDEMIOLOGIA

 Homens = mulheres
 + frequente em pessoas entre 20 e 30 anos. raro após os 50 anos
 + negros
 ocorrem em cerca de 3% dos estudantes de medicina, em geral nos primeiros 2 anos,
mas costumam ser transitórias.

ETIOLOGIA
As pessoas com esse transtorno aumentam e amplificam suas sensações somáticas e têm
baixos limiares e baixa tolerância ao desconforto físico. Por exemplo, o que as pessoas
normalmente percebem como pressão abdominal, aquelas com transtorno de sintomas
somáticos experimentam como dor abdominal. Elas se concentram nas sensações corporais,
interpretam-nas de forma errônea e ficam alarmadas com elas devido a um esquema cognitivo
defeituoso.

Esse transtorno é ententido como um modelo de aprendizagem social, o paciente usa O papel
de doente como um escape para evitar obrigações desagradáveis, adiar desafios indesejados e
ser dispensada dos deveres e das obrigações habituais.

O transtorno de sintomas somáticos é, às vezes, uma variante de outros transtornos mentais,


80% dos pacientes que o apresentam tenham transtornos depressivos ou de ansiedade
coexistentes. Aqueles que satisfazem os critérios diagnósticos para transtorno de sintomas
somáticos podem ser subtipos somatizantes desses outros transtornos.

A escola de pensamento psicodinâmico sustenta que desejos agressivos e hostis em relação a


outras pessoas são transferidos (por meio de repressão e deslocamento) para queixas físicas. A
raiva dos pacientes com esse transtorno origina-se de decepções, rejeições e perdas no
passado, mas eles a expressam no presente reivindicando a ajuda e a preocupação de outras
pessoas e depois rejeitando-as como ineficientes.

Esse transtorno também é visto como uma defesa contra a culpa, um sentimento de maldade
inata, uma expressão da baixa autoestima e um sinal de egocentrismo excessivo. Assim, a dor
e o sofrimento somáticos significam redenção e expiação (desfazer) e podem ser
experimentados como uma punição merecida por transgressões passadas (reais ou
imaginárias) e por um sentimento de maldade e pecaminosidade da pessoa.

DIAGNÓSTICO
 preocupação com a falsa crença de que têm uma doença grave, com base em sua falsa
interpretação de sinais ou sensações físicos por pelo menos 6 meses.
 Estados que duram menos de seis meses são diagnosticados no DSM-5 como “Outros
transtornos de sintomas somáticos especificados e relacionados” podem ocorrer
manifestações transitórias após estresses importantes, com mais frequência morte ou
doença grave de alguém importante para o paciente ou doença grave (talvez com risco
de morte) que foi resolvida, mas que o deixa temporariamente afetado logo em
seguida
 ausência de achados patológicos em exames médicos e neurológicos.
 a crença não tenha a intensidade de um delírio e não esteja restrita a um sofrimento
em relação à aparência.
 Os sintomas devem causar sofrimento emocional ou prejuízo na capacidade do
indivíduo de funcionamento em áreas importantes da vida
 os pacientes não reconhecem de forma consistente que suas preocupações com a
doença sejam excessivas

CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
acreditam que têm uma doença grave ainda não detectada, e não é possível serem
persuadidos do contrário. Eles mantêm uma crença de que têm uma doença em particular ou,
à medida que o tempo avança, podem transferir sua crença para outra doença.

Queixas mais comuns: dor, sintomas cardiovasculares e gastrointestinais

As convicções persistem apesar dos resultados laboratoriais negativos, do curso benigno da


doença alegada ao longo do tempo e das devidas garantias por parte dos médicos.

Com frequência, acompanhado de sintomas de depressão e ansiedade

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
condições médicas não psiquiátricas, sobretudo aquelas que apresentam sintomas não
necessariamente diagnosticados com facilidade: aids, endocrinopatias, miastenia grave,
esclerose múltipla, doenças degenerativas do sistema nervoso, lúpus e distúrbios neoplásicos
ocultos

transtorno de ansiedade de doença-medo de ter uma doença, principal preocupação é com a


possibilidade de adoecer, costumam se queixar de menos sintomas,

transtorno conversivo é agudo e em geral transitório e, via de regra, envolve um sintoma, em


vez de uma doença em particular

transtorno dismórfico corporal desejam parecer normais, mas acreditam que os outros notem
que não são

transtorno de pânico podem se queixar de estarem afetados por uma doença (p. ex.,
problemas cardíacos)

transtorno factício com sintomas físicos e de simulação-simulam, os sintomas que relatam

CURSO E PROGNÓSTICO
O curso do transtorno é, em geral, episódico; os episódios duram de meses a anos e são
separados por períodos de repouso igualmente longos. Pode haver uma associação óbvia
entre exacerbações dos sintomas somáticos e os estressores psicossociais

estima-se que um terço a metade de todos os pacientes com transtorno de sintomas


somáticos acabem tendo melhora significativa

A maioria das crianças com o transtorno recupera-se no fim da adolescência ou no início da


idade adulta.

TRATAMENTO
Psicoterapia em grupo-oferece suporte e interação sociais que parecem reduzir sua ansiedade

psicoterapia, como a individual orientada para o insight, a comportamental, a cognitiva e a


hipnose, podem ser úteis.

Exames físicos frequentes, agendados com regularidade, ajudam a tranquilizar os pacientes em


relação ao fato de seus médicos não os estarem abandonando e de suas queixas estarem
sendo levadas a sério. No entanto, procedimentos diagnósticos e terapêuticos invasivos só
devem ser realizados quando evidências objetivas assim exigirem.

farmacoterapia alivia um transtorno de sintomas somáticos somente quando o paciente


apresenta uma condição subjacente responsiva a drogas, como um transtorno de ansiedade
ou um depressivo. Quando o transtorno de sintomas somáticos é secundário a outro
transtorno mental primário, este deve ser tratado por si só

OUTRO TRANSTORNO DE SINTOMAS SOMÁTICOS ESPECIFICADO OU NÃO ESPECIFICADO

condições caracterizadas por um ou mais sintomas físicos inexplicáveis com pelo menos seis
meses de duração, os quais estão abaixo do limiar para um diagnóstico de transtorno de
sintomas somáticos. Os sintomas não são causados ou completamente explicados por outra
condição clínica, psiquiátrica ou relacionada ao uso de substância e causam sofrimento
significativo ou incapacidade.

Dois tipos de padrões sintomáticos podem ser vistos em pacientes com outro transtorno de
sintomas somáticos especificado ou não especificado: aqueles que têm relação com o sistema
nervoso autônomo e os que envolvem sensações de fadiga ou fraqueza. No que por vezes é
referido como transtorno de excitação autonômica, alguns indivíduos são afetados com
sintomas que estão limitados às funções corporais inervadas pelo sistema nervoso autônomo.
Esses pacientes têm queixas relativas aos sistemas cardiovascular, respiratório, gastrintestinal,
urogenital e dermatológico. Outras pessoas reclamam de fadiga mental e física, fraqueza física
e exaustão e incapacidade de realizar muitas atividades rotineiras devido a seus sintomas s.
Alguns clínicos acreditam que essa síndrome seja a neurastenia, um diagnóstico usado
principalmente na Europa e na Ásia. A síndrome pode se sobrepor à síndrome da fadiga
crônica; vários relatos de pesquisa levantaram a hipótese de que esta última envolva fatores
psiquiátricos, virológicos e imunológicos. (Veja o Cap. 14, que discute a síndrome da fadiga
crônica em profundidade.) Outras condições inclusas nessa categoria não especificada de
transtorno de sintomas somáticos são pseudociese (discutida no Cap. 27) e condições que não
satisfazem o critério de seis meses para outros transtornos de sintomas somáticos.
https://afya.zoom.us/rec/play/
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p5285lxfW9qpJQOvuRl42y.p8_A-z03gu56Gier 40min

2. Transtorno de ansiedade de doença


pessoas que são preocupadas com ter ou contrair uma doença ou a pessoa têm uma doença
clínica, mas sua ansiedade é desproporcional ao diagnóstico, e que imaginam o pior resultado
possível.

existe pouco ou nenhum sintoma somático

EPIDEMIOLOGIA
prevalência desse transtorno é desconhecida

até 15% das pessoas na população em geral se preocupam com ficar doentes e incapacitadas,
como consequência

É esperado que o transtorno seja diagnosticado com maior frequência em idosos do que em
pessoas mais jovens

ETIOLOGIA
desconhecida.

O modelo da aprendizagem social. o medo de doença é encarado como um pedido para


desempenhar o papel de doente feito por alguém que está enfrentando problemas
aparentemente insuperáveis e insolúveis. O papel de doente proporciona uma fuga que
permite ao paciente ser dispensado dos deveres e das obrigações habituais.

A natureza das relações do paciente com outras pessoas significativas em sua vida também
pode ser relevante. Um pai que morreu por uma doença específica, por exemplo, pode ser o
estímulo para o medo de desenvolver essa doença na descendência daquele pai. O tipo de
medo também pode ser simbólico de conflitos inconscientes que estão refletidos no tipo de
doença que amedronta a pessoa ou no sistema orgânico escolhido (p. ex., coração, rins).

DIAGNÓSTICO
 preocupações dos pacientes com a falsa crença de que têm ou irão desenvolver uma
doença grave e a existência de poucos sinais ou sintomas físicos, ou de nenhum
 deve durar pelo menos seis meses, e não existem achados patológicos nos exames
médicos ou neurológicos.
 A crença não pode ter a intensidade de um delírio e não pode ser um sofrimento com
a aparência.
 A ansiedade acerca da doença deve ser incapacitante e causar sofrimento emocional
ou prejuízo na capacidade de funcionamento do indivíduo em áreas importantes da
vida.
 Algumas pessoas com o transtorno podem consultar médicos(maioria) enquanto
outras podem não procurá-los.
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
acreditam que têm uma doença grave que ainda não foi diagnosticada e não podem ser
persuadidos do contrário.

podem transferir sua crença para outra doença.

Suas convicções persistem apesar dos resultados laboratoriais negativos, do curso benigno da
doença alegada e da devida tranquilização por parte dos médicos.

A preocupação com a doença interfere em sua interação com a família, amigos e colegas de
trabalho. Frequentemente, são viciados em realizar pesquisas na internet sobre sua doença
temida, inferindo o pior das informações (ou desinformações) que lá encontram.

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
condições clínicas

transtornos de sintomas somáticos

O transtorno conversivo é agudo, geralmente transitório e, via de regra, envolve um sintoma,


em vez de uma doença em particular.

O transtorno doloroso é crônico, como na hipocondria, mas os sintomas estão limitados a


queixas de dor

Pacientes com transtorno de pânico podem, a princípio, se queixar de que estão afetados por
uma doença (p. ex., problemas cardíacos),

obsessivo-compulsivo

CURSO E PROGNÓSTICO
os episódios duram desde meses até anos e são separados por períodos de repouso
igualmente longos.

TRATAMENTO
Psicoterapia de grupo

psicoterapia, como a individual orientada para o insight, a comportamental, a cognitiva e a


hipnose

farmacoterapia pode ser útil no alívio da ansiedade gerada pelo medo que o paciente tem de
doença

3. Transtorno de sintomas neurológicos funcionais (transtorno conversivo)

é uma doença de sintomas ou déficits que afetam funções motoras ou sensoriais voluntárias,
sugerindo outra condição clínica, mas que aparenta ser causada por fatores psicológicos, pois
é precedida por conflitos ou outros estressores.

EPIDEMIOLOGIA
e 11 em 100 mil a 300 em 100 mil em amostras da população em geral.

o transtorno de sintomas somáticos mais comum em algumas populações

homens e mulheres entre os pacientes adultos é de pelo menos 2 para 1 até 10 para 1; entre
as crianças, é vista uma predominância ainda maior em meninas

Mulheres que apresentam sintomas conversivos têm maior probabilidade de desenvolver


posteriormente transtorno de sintomas somáticos do que aquelas que não os tiveram. Existe
uma associação entre transtorno conversivo e transtorno da personalidade antissocial em
homens. Homens com transtorno conversivo com frequência estiveram envolvidos em
acidentes ocupacionais ou militares. O início do transtorno se dá geralmente no fim da infância
até o início da idade adulta, sendo raro antes dos 10 anos de idade ou após os 35 anos, mas já
foi relatado o início na década dos 90 anos.

Sintomas conversivos em crianças com menos de 10 anos costumam estar limitados a


problemas com a marcha ou convulsões. Dados indicam que o transtorno conversivo é mais
comum entre as populações rurais, pessoas com baixo grau de instrução, com baixo quociente
de inteligência, em grupos com nível socioeconômico baixo e em militares que foram expostos
a situações de combate. E

risco aumentado de sua ocorrência em pares de gêmeos monozigóticos

25 a 50% dos indivíduos classificados com transtorno conversivo acabem recebendo


diagnósticos de problemas médicos neurológicos ou não psiquiátricos que poderiam ter
causado seus primeiros sintomas

COMORBIDADE
Frequentemente ocorrem distúrbios clínicos e, sobretudo, neurológicos entre pacientes com
transtornos conversivos. O que costuma ser visto nessas condições neurológicas ou clínicas
comórbidas é uma elaboração dos sintomas provenientes da lesão orgânica original.
Transtornos depressivos, de ansiedade e de sintomas somáticos são especialmente observados
por sua associação com o transtorno conversivo.
um quarto até metade têm um transtorno do humor clinicamente significativo ou
esquizofrenia.

Transtornos da personalidade também acompanham com frequência um transtorno


conversivo,

ETIOLOGIA
Fatores psicanalíticos

De acordo com a teoria psicanalítica, o transtorno conversivo é causado pela repressão de um


conflito intrapsíquico inconsciente e pela conversão da ansiedade em um sintoma físico.

O conflito acontece entre um impulso instintivo (p. ex., agressão ou sexualidade) e a proibição
de sua expressão. Com os sintomas os pacientes podem evitar o confronto consciente com
seus impulsos inaceitáveis;

sintoma do transtorno conversivo tem uma relação simbólica com o conflito inconsciente – por
exemplo, vaginismo protege a paciente de expressar desejos sexuais inaceitáveis.

Os sintomas podem funcionar como um meio não verbal de controlar ou manipular os outros.

Teoria da aprendizagem

comportamento aprendido, os sintomas de doença, aprendidos na infância, são suscitados


como um meio de enfrentamento de uma situação que de outra forma seria impossível.

Fatores biológicos

hipometabolismo do hemisfério dominante e hipermetabolismo do hemisfério não dominante


e envolveram uma comunicação prejudicada entre os hemisférios.

Os sintomas podem ser causados por uma excitação cortical excessiva que desencadeia
circuitos de retorno negativo entre o córtex cerebral e a formação reticular do tronco
encefálico. Por sua vez, níveis elevados de débito corticofugal inibem a consciência do paciente
da sensação corporal, o que pode explicar os déficits sensoriais observados em alguns
indivíduos afetados. Testes neuropsicológicos, algumas vezes, revelam prejuízos sutis na
comunicação verbal, na memória, na vigilância e na atenção, bem como incongruência afetiva
nesses pacientes.

DIAGNÓSTICO
Avaliação clínica e neurológica em todos os casos

sintomas que afetam uma função motora ou sensorial voluntária, isto é, sintomas neurológicos
sem explicação com base em uma condição neurológica conhecida

buscar associação entre a causa dos sintomas neurológicos e fatores psicológicos,

CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
Paralisia, cegueira e mutismo são os sintomas mais comuns

pode estar mais comumente associado a transtorno da personalidade passivo-agressiva,


dependente, antissocial e histriônica. Sintomas de transtornos depressivo e de ansiedade com
frequência acompanham os sintomas do transtorno conversivo, e os pacientes afetados estão
em risco de suicídio.
Os sintomas ou déficits do transtorno conversivo não são produzidos de modo intencional e
não são causados pelo uso de substância, não estão limitados a sintomas dolorosos ou sexuais,
e o ganho é primariamente psicológico (excluir da consciência uma situação dolorosa), e não
social, financeiro ou legal

Sintomas sensoriais
anestesia e parestesia são comuns, especialmente das extremidades

envolvem os órgãos dos sentidos e podem produzir surdez, cegueira e visão de túnel. Esses
sintomas podem ser unilaterais ou bilaterais, mas a avaliação neurológica revela caminhos
sensoriais intactos. Na cegueira do transtorno conversivo, por exemplo, os pacientes circulam
sem colidir ou se machucar, suas pupilas reagem à luz, e seus potenciais corticais evocados são
normais

Sintomas motores
movimentos anormais, distúrbio da marcha, fraqueza e paralisia.

Tremores rítmicos grosseiros, movimentos coreiformes, tiques e espasmos podem estar


presentes.

Os movimentos costumam piorar quando a atenção é voltada para eles. Um distúrbio da


marcha visto: marcha extremamente atáxica e cambaleante acompanhada por movimentos
truncais grosseiros, irregulares, movimentos espasmódicos truncais e de balanço dos braços.

Os pacientes com os sintomas raramente caem; se isso ocorre, em geral não se machucam.
Outros distúrbios motores comuns são paralisia e paresia envolvendo um, dois ou os quatro
membros, embora a distribuição dos músculos afetados não se conforme aos caminhos
neurais.

Os reflexos permanecem normais; os pacientes não têm fasciculações ou atrofia muscular


(exceto depois de paralisia conversiva de longa data); os achados eletromiográficos são
normais

Sintomas convulsivos
Pseudoconvulsão. aproximadamente um terço das pseudoconvulsões também tem um
transtorno epiléptico coexistente. Morder a língua, incontinência urinária e lesões após uma
queda podem ocorrer em pseudoconvulsões, embora esses sintomas em geral não estejam
presentes. O reflexo pupilar e de mordedura é mantido após uma pseudoconvulsão, e os
pacientes não têm aumento pós-convulsão nas concentrações de prolactina.

Outras características associadas


sintomas psicológicos

Ganho primário. manter os conflitos internos fora de sua consciência. Os sintomas têm valor
simbólico; representam um conflito psicológico inconsciente.

Ganho secundário. vantagens e benefícios como resultado de estarem doentes; ex: ser
dispensado de obrigações e situações

La belle indifférence. A indiferença, despreocupação com o que parece ser um prejuízo


importante

Identificação. moldar sintomas de forma inconsciente conforme os de alguém importante para


eles. Ex: Durante a reação de luto ter sintomas do morto.

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
condição clínica

Distúrbios neurológicos (p. ex., demência e outras doenças degenerativas), tumores cerebrais
e doença dos gânglios da base

Simulação: sintomas voluntários e conscientes; comportamento fraudulente direcionado para


o objeto

Transtorno factício:

 os sintomas são voluntários e conscientes,


 simula, induz ou agrava a doença para receber atenção medica, estando ou não
doentes
 a motivação primaria não é evitar obrigações, obter ganho financeiro ou qualquer
coisa concreta, mas apenas receber cuidados médicos e participar do sistema de saúde
 podem provocar morbidade significativa

CURSO E PROGNÓSTICO
O surgimento do transtorno conversivo costuma ser agudo, mas a sintomatologia também
pode ir se manifestando em um crescendo.

Os sintomas ou déficits são, em geral, de curta duração, e cerca de 95% dos casos agudos têm
remissão espontânea, geralmente em duas semanas em pacientes hospitalizados.

Se os sintomas estão presentes há seis meses ou mais, o prognóstico para sua resolução é
menos do que 50% e vai diminuindo conforme o tempo que estiverem presentes. Ocorre
recorrência em um quinto a um quarto das pessoas no espaço de um ano do episódio. Assim,
um episódio é um preditor de episódios futuros. É esperado bom prognóstico se houver início
agudo, presença de estressores claramente identificáveis na época do início, intervalo curto
entre o início e a instituição do tratamento e inteligência acima da média. Paralisia, afonia e
cegueira estão associadas a bom prognóstico, enquanto tremor e convulsões são fatores para
mau prognóstico
TRATAMENTO
A resolução do sintoma do transtorno conversivo é, em geral, espontânea, embora
provavelmente seja facilitada por terapia de apoio orientada para o insight ou terapia
comportamental

Hipnose, ansiolíticos e exercícios de relaxamento corporal são eficazes em alguns casos

Amobarbital ou lorazepam parenteral podem ser úteis na obtenção de informações adicionais


da história, sobretudo quando o indivíduo recentemente vivenciou um evento traumático.

psicanálise e psicoterapia

4. Transtorno factício

Pacientes com transtorno factício simulam, induzem ou agravam a doença para receber
atenção médica, independentemente de estarem ou não doentes

podem infligir lesões dolorosas, deformantes ou até mesmo com perigo de morte a si mesmos,
a seus filhos ou a outros dependentes.

A motivação é apenas receber cuidados médicos e participar do sistema de saúde.

Os fatores predisponentes específicos são problemas verdadeiros durante a infância que


exigiram um extenso tratamento médico, ressentimento com a profissão médica, emprego
como profissional paramédico e uma relação importante com um médico no passado

EPIDEMIOLOGIA
mulheres, que superam os homens em uma proporção de 3 para 1. Elas, em geral, têm entre
20 e 40 anos, com uma história de emprego ou educação em ocupações de enfermagem ou de
assistência à saúde. Os transtornos factícios físicos costumam começar em pacientes na
década dos 20 ou 30 anos, embora a literatura contenha casos que variam de 4 a 79 anos

COMORBIDADE
Muitas pessoas diagnosticadas com transtorno factício têm diagnósticos psiquiátricos
comórbidos (p. ex., transtornos do humor, da personalidade ou relacionados ao uso de
substâncias.)

ETIOLOGIA
Fatores psicossociais

sofreram abuso ou privação na infância, resultando em hospitalizações frequentes durante os


primeiros anos do desenvolvimento

A reprodução de uma doença genuína, portanto, é usada para recriar o vínculo positivo
desejado entre pais e filho. O

Fatores biológicos

Alguns pesquisadores propuseram que uma disfunção cerebral possa ser um fator nos
transtornos factícios

DIAGNÓSTICO E CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS

entrevistas com fontes externas confiáveis frequentemente revelam a falsa natureza da


doença do paciente.

Transtorno factício com sinais e sintomas predominantemente psicológicos

Os sintomas simulados costumam incluir depressão, alucinações, sintomas dissociativos e


conversivos e comportamento bizarro.
Transtorno factício crônico com sinais e sintomas predominantemente físicos
O transtorno factício com sinais e sintomas predominantemente físicos é o tipo mais
conhecido da síndrome de Münchausen. Também foi denominado adição a hospitais, adição
policirúrgica – produzindo o assim chamado abdome de tábua de lavar – e síndrome do
paciente profissional, entre outros nomes. A característica essencial dos indivíduos com esse
transtorno é sua capacidade de apresentar sintomas físicos de forma tão competente que
podem ser internados e permanecer em um hospital. Para apoiar sua história, podem simular
sintomas que sugerem um distúrbio envolvendo algum sistema orgânico

São inúmeras as apresentações clínicas, que incluem hematomas, hemoptise, dor abdominal,
febre, hipoglicemia, síndromes semelhantes a lúpus, náusea, vômitos, vertigem e convulsões.
A urina é contaminada com sangue ou fezes; são tomados anticoagulantes para estimular
distúrbios hemorrágicos; é usada insulina para produzir hipoglicemia; e assim por diante. Tais
pessoas com frequência insistem em cirurgia e alegam aderências devido a procedimentos
cirúrgicos prévios. Eles podem adquirir um abdome em “grelha” ou semelhante a uma tábua
de lavar em consequência de inúmeros procedimentos. São comuns queixas de dor, sobretudo
simulando cólica renal, com os pacientes querendo receber narcótico

Transtorno factício com sinais e sintomas psicológicos combinados


Nas formas combinadas de transtorno factício, estão presentes sinais e sintomas psicológicos e
físicos. Em um relato representativo, um paciente alternava entre simulação de demência,
luto, estupro e convulsões

Transtorno factício por procuração


Nesse diagnóstico, uma pessoa produz intencionalmente sinais ou sintomas físicos em outra
pessoa que está sob seus cuidados, daí o diagnóstico do DSM-5 de transtorno factício imposto
a outro

Ex: mãe que engana a equipe médica fazendo-os acreditar que seu filho está doente

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Transtornos conversivos

As que apresentam transtorno conversivo em geral não são familiarizadas com a terminologia
médica e as rotinas hospitalares, e seus sintomas têm uma relação temporal direta com
conflitos emocionais específicos ou fazem uma referência simbólica a eles.

Hipocondria ou transtorno de ansiedade de doença


diferem do transtorno factício pelo fato de o paciente hipocondríaco não iniciar de forma
voluntária a produção de sintomas e a hipocondria, via de regra, ter um início em idade mais
avançada. Como ocorre com o transtorno conversivo, indivíduos com hipocondria não
costumam se submeter a procedimentos potencialmente mutiladores.

Transtornos da personalidade

as pessoas antissociais não se voluntariam para procedimentos invasivos ou recorrem a um


estilo de vida marcado por hospitalizações repetidas ou de longa duração.

Esquizofrenia

poucos pacientes com transtorno factício apresentam evidências de perturbações graves do


pensamento ou delírios bizarros

Simulação

Transtornos factícios devem ser distinguidos de simulação. Os simuladores têm um objetivo


ambiental óbvio e reconhecível na produção dos sinais e sintomas. Eles podem procurar
hospitalização para obter uma indenização financeira, fugir da polícia, evitar o trabalho ou
meramente obter cama e comida grátis para a noite, mas sempre têm um fim aparente para
seu comportamento. Além do mais, esses pacientes costumam conseguir parar de produzir
seus sinais e sintomas quanto não são mais considerados tão proveitosos ou quando o risco se
torna grande demais

Abuso de substância

pacientes com transtornos factícios devem ser considerados não apenas abusadores de
substância, mas com diagnósticos coexistentes.

CURSO E PROGNÓSTICO

começam no início da idade adulta, embora possam aparecer durante a infância ou


adolescência. O início do transtorno ou de episódios discretos de busca de tratamento pode se
seguir a uma doença, perda, rejeição ou um abandono real. De modo habitual, o paciente ou
um parente próximo tiveram uma hospitalização na infância ou no início da adolescência por
uma doença física genuína. Depois disso, um longo padrão de hospitalizações sucessivas se
inicia insidiosamente e evolui. À medida que o transtorno progride, o indivíduo vai adquirindo
conhecimentos sobre medicina e hospitais. O

alguns deles morram em consequência de medicação, instrumentação ou cirurgia


desnecessárias. E

TRATAMENTO
Os ISRSs podem ser úteis na redução do comportamento impulsivo quando este é um
componente maior na atuação do comportamento factício.

Transtorno doloroso

Transtorno doloroso

variante do transtorno de sintomas somáticos.

caracterizado pela presença de, e o foco na, dor em uma ou mais partes do corpo e é
suficientemente grave para receber atenção clínica. Fatores psicológicos são necessários na
gênese, gravidade ou manutenção da dor, que causa sofrimento significativo, prejuízos ou
ambos
A dor crônica parece estar mais frequentemente relacionada a transtornos depressivos, e a
dor aguda, aos de ansiedade

Transtornos depressivos, dependência de álcool e dor crônica podem ser mais comuns em
parentes de indivíduos com transtorno doloroso crônico. Indivíduos cuja dor esteja associada a
depressão grave e aqueles cuja dor esteja relacionada a uma doença terminal, como câncer,
estão em risco aumentado de suicídio

ETIOLOGIA

Fatores psicodinâmicos

Pessoas que têm dores no corpo e dores sem causas físicas identificáveis e adequadas podem
estar expressando simbolicamente um conflito intrapsíquico por meio do corpo. Os que
sofrem de alexitimia, que não conseguem articular em palavras seus estados emocionais
internos, expressam seus sentimentos com o corpo

A dor pode funcionar como um método para obtenção de amor, uma punição por delitos e
uma forma de expiar a culpa e um sentimento inato de maldade

Fatores comportamentais

sintomas de dor moderada podem se tornar intensos quando acompanhados pelo


comportamento solícito e atencioso de outras pessoas, por ganho financeiro ou pela esquiva
bem-sucedida de atividades desagradáveis

Fatores interpessoais

Dor intratável foi conceitualizada como um meio de manipulação e obtenção de vantagem nas
relações interpessoais, como, por exemplo, assegurar a dedicação de um membro da família
ou estabilizar um casamento frágil. Esse ganho secundário é mais importante para pacientes
com transtorno doloroso.

Fatores biológicos

O córtex cerebral pode inibir o disparo das fibras dolorosas aferentes. A serotonina é
provavelmente o principal neurotransmissor nos caminhos inibitórios descendentes, e as
endorfinas também desempenham um papel na modulação da dor pelo sistema nervoso
central. A deficiência de endorfina parece se correlacionar com o aumento na entrada de
estímulos sensoriais. Alguns indivíduos têm transtorno doloroso, em vez de outro transtorno
mental, devido às anormalidades estruturais ou químicas sensoriais e límbicas que os
predispõem a experimentar dor

DIAGNÓSTICO E CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS

hipocondria, como preocupação com o corpo e convicção de doença, também podem estar
presentes naqueles com transtorno doloroso. Indivíduos com hipocondria têm tendência a
exibir mais sintomas do que os que apresentam transtorno doloroso, e seus sintomas tendem
a flutuar mais do que nos pacientes com transtorno doloroso. O transtorno conversivo
costuma ser de curta duração, enquanto o doloroso é crônico. Além disso, dor não é, por
definição, um sintoma no transtorno conversivo. Pacientes simuladores fornecem falsos
relatos de forma consciente, e suas queixas costumam estar conectadas a objetivos
claramente reconhecíveis.
CURSO E PROGNÓSTICO A dor no transtorno doloroso costuma se iniciar de repente e
aumentar em gravidade durante algumas semanas ou alguns meses. O prognóstico varia,
embora o transtorno doloroso possa, com frequência, ser crônico, penoso e completamente
incapacitante. Transtornos dolorosos agudos têm um prognóstico mais favorável do que os
crônicos. Uma ampla gama de variabilidade é vista no início e no curso do transtorno doloroso
crônico. Em muitos casos, a dor já está presente há anos no momento em que o indivíduo
chega ao consultório médico, devido à relutância do paciente e à tendência dos médicos a ver
a dor como um transtorno psiquiátrico. Pessoas com transtorno doloroso que retomam a
participação em atividades regularmente programadas, apesar da dor, têm um prognóstico
mais favorável do que aquelas que permitem a transformação da dor no fator determinante de
seu estilo de vida.

TRATAMENTO

Farmacoterapia

Antidepressivos, como os tricíclicos e os ISRSs, As anfetaminas, que têm efeitos analgésicos,


podem beneficiar alguns pacientes, em especial quando usadas como um adjunto dos ISRSs,

Psicoterapia

Outras terapias

O biofeedback pode ser útil no tratamento do transtorno doloroso, em particular com dor de
enxaqueca, dor miofascial e estados de tensão muscular, como dores de cabeça tensionais.
Hipnose, estimulação nervosa transcutânea e estimulação da coluna dorsal também já foram
usadas. Bloqueios nervosos e procedimentos cirúrgicos ablativos são eficazes para alguns
pacientes com transtorno doloroso, mas esses procedimentos precisam ser repetidos, porque
a dor retorna depois de 6 a 18 meses

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