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Funções psíquicas e psicopatologia

APRESENTAÇÃO

Os transtornos mentais ocorrem por diversas razões e sofrem, inclusive, influências das questões
culturais em que o indivíduo está inserido.
Por tal motivo, a saúde mental tem grande relevância nos campos de estudo da saúde, já que está
intimamente ligada ao estado de
bem-estar humano. Nesse contexto, a psicopatologia, apesar de possuir diversas concepções,
pode ser definida como o estudo dos transtornos que afetam as funções cognitivas, afetivas e de
atitudes dos indivíduos.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá como são classificadas


as funções psíquicas e como são utilizadas essas classificações no exame mental. Além disso,
conhecerá as diferenças entre os tipos de sintomas psicóticos e verá como o meio e as profissões
podem ter influência sobre o surgimento das psicopatologias.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Relacionar o exame mental com as funções psíquicas.


• Explicar delírio, alucinações e ilusão e suas características.
• Identificar a psicopatologia nas situações cotidianas a que as pessoas estão expostas
atualmente.

DESAFIO

O exame do estado mental é uma forma de pesquisa sistemática de sinais e sintomas que possam
demonstrar alterações no funcionamento mental durante uma entrevista de saúde, podendo ou
não ser realizado por psiquiatra, visto que, muitas vezes, o indivíduo busca auxílio por questões
relacionadas às suas comorbidades.

Imagine que você trabalha em um ambulatório de saúde mental e recebeu um paciente para sua
primeira consulta. O paciente em questão é uma mulher, de nome Sílvia, 32 anos, policial civil
há 7 anos, que não faz uso de medicações contínuas e refere não ter comorbidades prévias.

Ao chegar no consultório, você, como entrevistador, percebe que ela caminha com passos lentos
e uma postura mais encurvada. Está com cabelos presos em um coque cuja aparência sugere
certa oleosidade excessiva. Ao iniciar a conversa, Sílvia faz o seguinte relato:

A partir do relato da paciente e das impressões que você teve como entrevistador, descreva as
possibilidades de transtornos de funções mentais e de psicopatologias pelas quais a paciente
possa estar passando.

INFOGRÁFICO

A sensopercepção é uma das funções mentais que são analisadas no exame mental,
principalmente por meio da entrevista do paciente, e está relacionada com a capacidade do
indivíduo de perceber e interpretar os estímulos aos órgãos dos sentidos. Alterações de
sensopercepção podem gerar alucinações e ilusões.

No Infográfico, aproveite para conhecer conceituações e exemplos de alucinações que podem


ocorrer devido a essas alterações.
CONTEÚDO DO LIVRO

As psicopatologias apresentam diversos tipos de influência para seu desencadeamento, podendo


ser tanto por questões orgânicas quanto por influência de fatores externos, como a ocorrência de
situações provocativas de estresse severo. Para as definições das psicopatologias, são
necessárias investigações junto ao paciente, principalmente utilizando-se da entrevista como um
meio de verificar alterações das funções psíquicas e fatores desencadeantes, que poderão
justificar a ocorrência de distúrbios e de seus sintomas psicóticos.

No capítulo Funções psíquicas e psicopatologia, da obra Saúde mental e cuidado de enfermagem


em psiquiatria, você vai estudar a relação do exame mental com as funções psíquicas,
analisando conceitos, exemplos e características de sintomas psicóticos, além dos transtornos de
maior ocorrência na sociedade.

Boa leitura.
SAÚDE MENTAL
E CUIDADO DE
ENFERMAGEM
EM PSIQUIATRIA

Cristiane Regina Scher


Funções psíquicas e
psicopatologia
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Relacionar o exame mental com as funções psíquicas.


„„ Explicar delírio, alucinações e ilusão e suas características.
„„ Identificar a psicopatologia nas situações cotidianas a que as pessoas
estão expostas atualmente.

Introdução
Neste capítulo, você verá que o exame mental, com a avaliação das
funções psíquicas, tem por objetivo a busca por sinais e sintomas que
possam demonstrar alterações no funcionamento mental durante uma
entrevista psiquiátrica e que as divisões de funções psíquicas, também
chamadas de funções psíquicas elementares, são realizadas para me-
lhor compreensão do quadro dos pacientes e das possíveis alterações
nessas funções, correlacionando os fenômenos psíquicos e fisiológicos
do indivíduo.
Além disso, será visto que a psicopatologia tem diversas concepções,
porém pode ser definida como o estudo dos transtornos que afetam as
funções cognitivas, afetivas e de atitudes dos indivíduos.
2 Funções psíquicas e psicopatologia

O exame mental e as funções psíquicas


Apesar de a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmar que não existe
uma definição específica, ou oficial, para a saúde mental, tem-se o uso dessa
expressão para a descrição de níveis de qualidade de vida cognitiva e emo-
cional, acrescida pelas capacidades funcionais de se relacionar com o mundo
e a sociedade (PARANÁ, 2019).
O exame do estado mental é uma forma de pesquisa sistemática, conforme
apresentado por Cordioli, Zimmermann e Kessler (2019), de sinais e sintomas
que possam demonstrar alterações no funcionamento mental durante uma
entrevista psiquiátrica. Apesar disso, os autores alertam que esse exame
do estado mental deve fazer parte do exame clínico do paciente, não sendo
realizado exclusivamente por psiquiatras, pois pode trazer à tona indícios
importantes de transtornos neurológicos, metabólicos, de intoxicações ou de
efeitos de uso de drogas.
Essas avaliações do paciente são realizadas principalmente por meio de
entrevistas, sendo assim, deverá ser realizada conjuntamente com uma obser-
vação cuidadosa do indivíduo. As informações recebidas em uma entrevista
podem ser de extrema valia para conhecimentos acerca das dinâmicas afeti-
vas do paciente, o que auxiliará na intervenção e no planejamento de ações
terapêuticas mais adequadas, independentemente da morbidade que o tenha
feito buscar o acompanhamento de saúde (CORDIOLI; ZIMMERMANN;
KESSLER, 2019; DALGALARRONDO, 2019).
Porém, vale ressaltar que o diagnóstico efetivo de um transtorno psicológico,
e/ou uma psicopatologia, deverá ser realizado com a complementação de instru-
mentos e feita por profissionais bem capacitados (DALGALARRONDO, 2019).
As funções psíquicas são analisadas em conjuntos, mas vale ressaltar
que essa separação é apenas uma estratégia de abordagem, pois, conforme
apresentado por Dalgalarrondo (2019) não existem funções psíquicas isoladas
e alterações psicopatológicas compartimentalizadas. Quando uma “parte”
adoece, é o indivíduo como um todo que adoece.
Dalgalarrondo (2019) apresenta no Quadro 1 a seguir as funções psíquicas
avaliadas no exame do estado mental que mais afetam os principais grupos de
transtornos: psico-orgânicos, de humor e personalidade e psicóticos.
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Quadro 1. Funções psíquicas no exame do estado atual mental

Funções mais
Funções mais Funções mais
afetadas nos
afetadas nos afetadas nos
transtornos
transtornos psico- transtornos
do humor e da
-orgânicos psicóticos
personalidade

„„ Nível de consciência „„ Afetividade „„ Sensopercepção


„„ Atenção* „„ Vontade „„ Pensamento
„„ Orientação „„ Psicomotricidade „„ Juízo de realidade
„„ Memória „„ Personalidade „„ Vivência do Eu e
„„ Inteligência alterações do self
„„ Linguagem**

*Também nos quadros afetivos (mania, principalmente).


**Também nas psicoses.

Fonte: Adaptado de Dalgalarrondo (2019).

Cordioli, Zimmermann e Kessler (2019) apresenta que, para fins didáticos,


como forma de estabelecer uma ordem de análise dos aspectos do indivíduo, o
funcionamento mental é dividido em funções mentais/psíquicas, na seguinte
ordem:

„„ consciência;
„„ atenção;
„„ sensopercepção;
„„ orientação;
„„ memória;
„„ inteligência;
„„ afetividade;
„„ pensamento;
„„ juízo crítico;
„„ conduta; e
„„ linguagem.
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Essas divisões são também chamadas de funções psíquicas elementares.


A divisão dessa forma proporciona maior facilitação para o diagnóstico de
síndromes específicas, pois permite a observação de grupos de funções al-
terados. Além dessas, existem ainda as funções psíquicas compostas, que
resultam de agrupamentos e somatórios de atividades e capacidades, tanto
mentais quanto comportamentais.

Definições de funções psíquicas compostas


Segundo Dalgalarrondo (2019), há três definições psíquicas. Observe a seguir.

„„ Eu: desenvolve-se na criança, de forma progressiva, ao longo do pri-


meiro ano de vida, formando a percepção de ser único, relativamente
autônomo e separado dos demais indivíduos e objetos.
„„ Self: juntamente com a percepção do Eu, a percepção de self tem seu
início na infância e pode ser considerado como a soma e tudo o que
possa ser chamado de “seu” no sentido mais íntimo.
„„ Personalidade: pode ser definida como o conjunto integrado de traços
psíquicos, ou seja, o modo como uma pessoa sente, pensa, reage, se
comporta e se relaciona com outras pessoas e o meio.

Além das funções mentais, tem-se a divisão, assim como anteriormente


citado, para fins didáticos e de melhor compreensão do quadro dos pacientes
e as divisões das funções psicofisiológicas, que são definidas pela correlação
entre os fenômenos psíquicos e fisiológicos que ocorrem no indivíduo (COR-
DIOLI; ZIMMERMANN; KESSLER, 2019; FILOSOFIA NO CAMPO, 2013).
As funções psicofisiológicas são divididas, conforme apresentado por
Cordioli, Zimmermann e Kessler (2019), em:

„„ sono;
„„ apetite; e
„„ sexualidade.

Como já citado, a entrevista é o principal meio de análise das funções


psíquicas por meio do exame mental. Ao realizar uma entrevista, existem
aspectos que o examinador deverá observar, analisar e registrar primariamente
(CORDIOLI; ZIMMERMANN; KESSLER, 2019). Observe a seguir.
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„„ Aparência: a forma como o indivíduo se apresenta em suas vestimentas


e seus modos.
„„ Atividade psicomotora e comportamento: refere-se à maneira como as
atividades físicas se correlacionam com o funcionamento psicológico,
podendo ser classificadas, conforme avaliação, em normal, retardada
ou acelerada.
„„ Atitude em relação ao examinador: observar as ações do paciente em
relação ao examinador, principalmente em relação às suas respostas.
„„ Atividade verbal: avaliada por meio da comunicação do indivíduo com
o examinador, com a percepção das características de fala. Algumas das
formas de classificação e descrição da verbalização incluem rapidez ou
letargia de fala, tom de voz forte ou sussurrado e presença de defeitos
de fala, como gagueiras, tiques vocais e ecolalia.
„„ Sentimentos despertados: diz respeito ao momento em que o avaliador
expressa sua impressão emocional geral que o paciente transmitiu.

A seguir, serão melhor caracterizados alguns aspectos de alterações das


funções psíquicas, principalmente aquelas relacionadas à sensopercepção.

Delírio, alucinações e ilusão


Uma das funções mentais é a sensopercepção. Para melhor compreendê-la, é
importante a compreensão das definições de sensação e percepção. Conforme
apresentado por Dalgalarrondo (2019), a sensação é considerada como um
fenômeno passivo, gerado por estímulos físicos, químicos ou biológicos, que
produzem estímulos aos órgãos receptores. Tais estímulos podem ser gerados
tanto de dentro quanto de fora do organismo. A percepção é considerada como
um fenômeno ativo, pois o sistema nervoso como um todo constrói a percepção
a partir da sintetização dos estímulos sensoriais, agregando fatores como as
experiências passadas presentes na memória do indivíduo e com o contexto em
que ele se insere, de forma a atribuir um significado às experiências vividas.
Ou seja, a percepção pode ser entendida como a tomada de consciência pelo
indivíduo acerca do estímulo recebido. Sendo assim, Cordioli, Zimmermann e
Kessler (2019) apresentam que a sensopercepção é designada pela capacidade
do indivíduo de perceber e interpretar os estímulos que se apresentam aos
órgãos do sentido.
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As formas de sensação, segundo Dalgalarrondo (2019), são as seguintes:


visuais, táteis, auditivas, gustativas, olfativas, proprioceptivos e cinestésicos.
As alterações de sensopercepção podem ser classificadas como quantitativas e
qualitativas, sendo as qualitativas mais importantes nas psicopatologias, pois
envolvem as ilusões e as alucinações (DALGALARRONDO, 2019).
Quando se fala em ilusão, está se caracterizando um fenômeno em que
ocorre a percepção deformada (ou alterada) de um objeto real e presente,
ou seja, quando os estímulos sensoriais reais se confundem ou sofrem uma
interpretação errônea por parte do indivíduo. As ilusões tendem a acontecer
quando existe uma redução de estímulos ou redução do nível de consciência,
como nos casos de delirium, quando há um rebaixamento de consciência,
tendo por consequência a distorção dos processos de percepção. Além disso,
podem também ocorrer em situações de deslocamentos de retina, distúrbios
de acomodação visual, lesão temporal posterior e intoxicações agudas por
substâncias psicoativas (CORDIOLI; ZIMMERMANN; KESSLER, 2019;
DALGALARRONDO, 2019).
As ilusões podem ser auditivas, por exemplo, quando o indivíduo escuta
seu nome ser chamado ou ouve palavras significativas para si, ou podem
ser táteis, como no caso de membros fantasmas, no qual o indivíduo que
teve algum membro amputado pode ter sensações locais como coceira, dor e
formigamento. No entanto, as ilusões mais comuns são as visuais, nas quais
monstros, animais e pessoas podem ser vistas a partir de objetos, como roupas
penduradas (DALGALARRONDO, 2019). As ilusões visuais podem ainda
ser classificadas como (CORDIOLI; ZIMMERMANN; KESSLER, 2019):

„„ Dismegalopsias: quando objetos ou pessoas passam a ter tamanhos ou


estar em distâncias irreais.
„„ Macropsias: quando objetos ou pessoas passam a ter tamanhos maiores
e distâncias tornam-se muito próximas.
„„ Micropsias: quando objetos ou pessoas passam a ter tamanhos menores
e distâncias tornam-se muito mais distantes.
„„ Miragens: ilusões causadas por distorção óptica relacionada ao ambiente
atmosférico, como a visualização de água em meio ao deserto de areias.
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Ao contrário das ilusões, que precisam ter um estímulo externo para a


ocorrência, as alucinações ocorrem na ausência destes, ou seja, a alucinação
pode ser considerada como a percepção de um objeto ou pessoa, sem que este
esteja realmente presente, portanto, sem o estímulo sensorial respectivo (COR-
DIOLI; ZIMMERMANN; KESSLER, 2019; DALGALARRONDO, 2019).
Muitas são as classificações das alucinações. Dentre os grandes grupos,
podemos destacar as seguintes (CORDIOLI; ZIMMERMANN; KESSLER,
2019; DALGALARRONDO, 2019):

„„ Visuais simples: também chamadas de fotopsias, em que o indivíduo


enxerga cores e pontos brilhantes.
„„ Visuais complexas: são aquelas que apresentam figuras de pessoas (vi-
vas ou mortas), partes do corpo, entidades (anjos, demônios, fantasmas
e santos), objetos inanimados, animais ou crianças.
„„ Visuais em estados normais e fisiológicos: como fadiga e emoção
intensa, ou em adormecimento. Nesse último caso, podem ser:
■■ Hipnagógicas: que ocorrem imediatamente antes de dormir.
■■ Hipnopômpicas: que ocorrem pouco antes de acordar (podendo
também ocorrer em estados semicomatosos).
„„ Auditivas simples/elementares: o indivíduo ouve ruídos primários,
como zumbidos, burburinhos e cliques.
„„ Auditivas complexas: a mais frequente é a audioverbal. Nesta, o indi-
víduo é capaz de escutar vozes, que geralmente o ameaçam e insultam,
sendo congruentes com o humor.
„„ Alucinações schneiderianas: são alucinações audioverbais em que
o indivíduo escuta vozes que comandam ou comentam ações, tanto
corriqueiras do paciente como de ação não planejada.
„„ Táteis: relacionadas com o equilíbrio e a localização espacial do
indivíduo.
„„ Olfativas: que também podem ocorrer em auras enxaquecosas.
„„ De presença: onde ocorre a sensação da presença de outra pessoa.
„„ Extracampinas: indivíduo “enxerga” objetos fora do campo de visão,
como atrás da cabeça.
„„ Autoscopia: o indivíduo visualiza a si próprio projetado no espaço.
„„ Somáticas: o indivíduo sente alterações no seu próprio organismo.

As alucinações têm maior ocorrência nos transtornos psicóticos, com


especial destaque para a esquizofrenia, e nas síndromes cerebrais orgânicas.
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Segundo Cordioli, Zimmermann e Kessler (2019), há tipos específicos de alucinações.


Observe seus exemplos:
„„ Cinestesias: escutar cores ou cheirar músicas.
„„ Pseudoalucinações: o indivíduo é capaz de perceber que a sensação é irreal.
„„ Despersonalização: quando o indivíduo perde sua identidade corporal, por exemplo,
não reconhecendo um braço como sendo seu.
„„ Desrealização: quando o indivíduo percebe alterações ambientais, por exemplo,
como se estivesse em um filme.

Outra importante função mental é a do pensamento, que é definida por ser


um conjunto de funções que se integram, sendo capazes de realizar a associação
de conhecimentos (novos e antigos), de integrar os estímulos recebidos (externos
e internos) e, além desses, de analisar, abstrair, julgar, concluir, sintetizar e
criar, como bem apresentado por Cordioli, Zimmermann e Kessler (2019).
Existem três aspectos importantes de serem avaliados em relação à função
mental do pensamento (CORDIOLI; ZIMMERMANN; KESSLER, 2019):

„„ A produção/forma, que se refere à forma como o indivíduo é capaz de


organizar as suas ideias, sendo considerada: normal, quando a produção
de pensamento é lógica e coerente; ilógica, quando o indivíduo não
segue padrões de coerência, muitas vezes acrescentando informações
falsas ou indevidas em suas falas; e mágica, que é determinada por um
pensamento irreal, fantasioso, desagregado em tempo e espaço e que
pode, diversas vezes, estar relacionada a misticismos, ações de força
do pensamento, entre outros.
„„ O curso, relacionado pela quantidade de ideias e pela velocidade em que
passam pelo pensamento. Em relação à quantidade, pode ser dita como
abundante ou escassa. Em relação à velocidade, pode ser classificada
como rápida, lentificada ou bloqueada.
„„ O conteúdo, que é o conteúdo das ideias do pensamento, propriamente
ditas, que são avaliadas quanto a sua conexão ou não com a realidade,
refletindo aspectos do mundo interno ou externo. A avaliação desse
conteúdo pode definir se existe o risco de perigo para si e para os
outros. O conteúdo do pensamento é o responsável por demonstrar as
preocupações do paciente. Esse é o aspecto que demonstra a ocorrência
de delírios.
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Portanto, temos que o delírio pode ser definido como uma ideia falsa ou
uma crença irreal pertencente à alteração da função mental do pensamento
(ARAÚJO; GODOY; BOTTI, 2017; CORDIOLI; ZIMMERMANN; KESS-
LER, 2019).
Cordioli, Zimmermann e Kessler (2019) apresentam que as ideias su-
pervalorizadas, que incluem os delírios, podem ser do tipo persecutórias ou
paranoides. Nesses casos, o indivíduo acredita estar sendo perseguido ou
observado, por exemplo.
Existem alguns tipos específicos de delírio, que são melhores expostos a
seguir (CORDIOLI; ZIMMERMANN; KESSLER, 2019):

„„ Bizarro: definido como aqueles que apresentam crenças absurdas,


falsas e implausíveis.
„„ Niilista: onde o indivíduo crê que esteja morto ou que as pessoas ao
seu redor estão mortas, ou, ainda, que não existem ou que se acabaram.
„„ Capgras: onde o indivíduo acredita que seus familiares, ou pessoas
próximas, deixaram de ser elas mesmas, sendo trocados por impostores.
„„ Cotard: delírio em que o indivíduo acredita que as pessoas não são
reais, são apenas bonecos.

As psicopatologias compreendem muitos desses fenômenos em diversas


situações e por diversas causas, desde transtornos orgânicos como transtornos
causados por situações estressantes, incluindo aqueles relacionados a incidentes
na vida do indivíduo, podendo citar a perda de alguém próximo, um acidente
grave, entre outros.
A seguir, veremos como as psicopatologias podem ser identificadas em
situações cotidianas.

Psicopatologia nas situações cotidianas


A psicopatologia, conforme apresentado por Ávila (2015), tem diversas con-
cepções, o que geram diferentes atribuições em relação aos seus elementos,
tanto de conceito como os operacionais. De uma maneira geral, pode ser
considerada como o campo de estudo das perturbações mentais. Ou seja,
é o estudo dos transtornos que afetam as funções cognitivas, afetivas e de
atitudes dos indivíduos.
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Em seus estudos, Perossi (2019) destaca que os transtornos mentais sofrem


influências das questões culturais em que o indivíduo está inserido, destacando
que a saúde mental tem relevância nos campos de estudo da saúde, de um
modo geral, por estarem intimamente ligados ao estado de bem-estar humano.
Além disso, essa mesma autora destaca que uma pessoa considerada como
mentalmente saudável é aquela que consegue adaptar-se às mudanças cotidia-
nas, resolvendo os problemas que surgem de forma a se manter competente-
mente realizando suas atividades diárias e, com isso, sendo capaz de estabelecer
metas e fazer proveito da vida. Sendo assim, pode-se considerar a presença de
doenças mentais nos casos em que o sujeito demonstra incompetência ao lidar
com a vida diária, com as alterações das realidades a que está acostumado,
tendo, portanto, situações de prejuízo de julgamento, que afetam diretamente
as situações cotidianas (PEROSSI, 2019).
Conforme dito, as situações culturais, relacionadas ao meio e ao tipo de
sociedade em que o indivíduo está inserido, têm grande influência sobre as
questões relacionadas às psicopatologias. Corroborando esse pensamento,
Martins-Monteverde, Padovan e Juruena (2017) citam que a OMS, em 2002,
apontou a violência como um dos maiores problemas de saúde pública.
Fazem parte das realidades cotidianas situações que geram fatores estres-
sores capazes de atingir um sujeito, e muitas vezes seus familiares também,
como situações de violência interpessoal, podendo citar abusos e negligência
infantil, bem como outras situações presentes na sociedade como um todo,
onde pode-se citar tanto os desastres e as catástrofes naturais, como situações
de assalto, estupros ou acidentes automobilísticos graves.
Tais situações, ocorridas tanto na infância como na vida adulta, podem
desencadear graves psicopatologias, das quais citam-se, de forma geral (MAR-
TINS-MONTEVERDE; PADOVAN; JURUENA, 2017):
Mais especificamente, pode-se citar a ocorrência de sintomas relacionados
ao transtorno de estresse pós-traumático, como (MARTINS-MONTEVERDE;
PADOVAN; JURUENA, 2017):
Na vida adulta, tais situações, relacionadas às psicopatologias de base,
poderão ocasionar diversos prejuízos, como sociais e profissionais, e
alterações no sistema neuroimunoendócrino. Além disso, problemas com-
portamentais internalizantes e externalizantes podem ser associados.
Observe o Quadro 2.
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Quadro 2. Comportamentos que podem ser apresentados na vida adulta de crianças que
sofreram estresse precoce

Internalizantes Externalizantes

„„ Ansiedade „„ Agressividade
„„ Depressão „„ Delinquência
„„ Queixas somáticas „„ Comportamentos sexuais
„„ Inibição inadequados ou prejudiciais

Fonte: Adaptado de Martins-Monteverde, Padovan e Juruena (2017).

Dentre os transtornos mais frequentes na população, destacados por Perossi


(2019) em relação à prevalência, tem-se a depressão e a ansiedade, apresentados
tanto de forma independente quanto associados a comorbidades.
Em sua pesquisa, Martins-Monteverde, Padovan e Juruena (2017) destacam
que, por meio da grande relevância dos traumas no desencadeamento das
psicopatologias, foi lançada, em 2013, a quinta edição do Manual Diagnóstico
e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5). Nessa edição, existe uma
seção específica que caracteriza os quadros psiquiátricos relacionados aos
traumas, denominado Transtornos relacionados a traumas e estressores, em
que incluem-se as categorias de:

„„ transtorno de apego relativo;


„„ transtorno de interação social desinibida;
„„ transtorno de estresse pós-traumático;
„„ transtorno de estresse agudo;
„„ transtornos de adaptação;
„„ transtorno relacionado a trauma e a estressores não especificado;
„„ outro transtorno relacionado a trauma e a estressores especificado.

Além das situações de psicopatologias que se apresentam de maneira geral


à população, podemos destacar, também, aquelas recorrentes associadas às
profissões que estão constantemente expostas a situações de violência, expo-
sição a agressividade, hostilidade e tragédias, que causam desgastes físicos
e emocionais aos que trabalham (GERMANO; SOUZA; SAMARIDI, 2018).
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Germano, Souza e Samaridi (2018) apontam que, conforme estudo de


estresse no mundo, a profissão de policial, com destaque para atendente de
polícia e supervisor policial, está entre as mais estressantes. Acrescida à
profissão de policial, ou de profissionais da segurança pública de um modo
geral, as profissões da área da saúde também se encontram entre as mais
estressantes e geradoras de psicopatologias.
Em relação às psicopatologias ligadas às profissões, Germano, Souza e
Samaridi (2018) destacam que, no Brasil, é utilizada a classificação de Schilling
para a sistematização de doenças. Nessa classificação, os grupos principais
são distribuídos da seguinte maneira:

„„ Grupo I: o trabalho é considerado como uma causa necessária ao


aparecimento de uma doença.
„„ Grupo II: o trabalho é considerado como um fator que pode contribuir,
porém não é um fator necessário.
„„ Grupo III: o trabalho é o principal provocador de um distúrbio preexis-
tente, porém latente, ou um agravador de uma doença já estabelecida.

Dentre outras possibilidades, a síndrome de Burnout é uma das principais


associadas a essas profissões e se caracteriza por um estado de esgotamento,
decepção e perda de interesse pelo trabalho, gerando sentimentos de frustração,
frieza, indiferença e sofrimento (FREITAS et al., 2018).
Ou seja, essa síndrome pode ser definida como um estado físico e psico-
lógico de fadiga ou esgotamento profissional, sendo caracterizada por três
fatores primordiais (FREITAS et al., 2018):

„„ exaustão emocional;
„„ atitudes frias e despersonalizadas;
„„ realização profissional reduzida.

Em suma, pode-se inferir que as psicopatologias têm duas formas principais


de se revelarem, sendo uma por questões orgânicas e outra relacionada ao meio
em que o indivíduo se insere. Em ambas, a identificação das alterações de
funções mentais, que podem provocar alterações como delírios, alucinações e
ilusões, deverão ser bastante analisadas e observadas por meio da realização
de exames mentais, que têm como principal meio de identificação a realização
de uma entrevista bem consolidada, tanto por profissionais especializados, que
serão responsáveis pelo diagnóstico efetivo de um agravo de saúde mental,
quanto pelos demais profissionais da área da saúde, que poderão utilizar-se
Funções psíquicas e psicopatologia 13

das informações fornecidas pelo paciente para identificação e direcionamento


de melhores tratamentos.

ARAÚJO, L. M. C. de; GODOY, E. F. M.; BOTTI, N. C. L. Situações presentes na crise de


pacientes psicóticos. Arquivos Brasileiros de Psicologia, Brasília, DF, v. 69, n. 2, p. 138−152,
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drigo_Romanowski_Alves_Germano_Trabalho_final_13447_2017470680.pdf. Acesso
em: 23 abr. 2019.
MARTINS-MONTEVERDE, C. M. S.; PADOVAN, T.; JURUENA, M. F. Transtornos relacionados
a traumas e a estressores. Medicina, v. 50, supl. 1, p. 37−50, 2017. Disponível em: http://
revista.fmrp.usp.br/2017/vol50-Supl-1/Simp4-Transtornos-relacionados-a-traumas-e-
-a-estressores.pdf. Acesso em: 23 jul. 2019.
PARANÁ. Secretaria da Saúde. Definição de saúde mental. Curitiba, [2019?]. Disponível
em: http://www.saude.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1059.
Acesso em: 23 jul. 2019.
14 Funções psíquicas e psicopatologia

PEROSSI, G. R. Dimensões sociais da psicopatologia: um estudo sobre a influência de


práticas culturais. 2019. 119 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho”, Bauru, 2019. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/
bitstream/handle/11449/181740/perossi_gr_me_bauru.pdf?sequence=3&isAllowed=y.
Acesso em: 23 jul. 2019.

Leituras recomendadas
CARVALHO, I. S.; CHATELARD, D. S. O delírio e sua função em um caso de psicose. Contex-
tos Clínicos, v. 10, n. 2, p. 209−220, 2017. Disponível em: http://www.revistas.unisinos.br/
index.php/contextosclinicos/article/view/ctc.2017.102.06/6306. Acesso em: 23 jul. 2019.
PINHEIRO, L. R. A importância da função materna e paterna no desenvolvimento do mundo
psíquico. 2017. 41 f. Dissertação (Mestrado) - Centro Universitário de Brasília Instituto
CEUB de Pesquisa e Desenvolvimento, Brasília, DF, 2017. Disponível em: https://repo-
sitorio.uniceub.br/jspui/bitstream/235/12051/1/51600190.pdf. Acesso em: 23 jul. 2019.
PSICOFISIOLOGIA. In: DICIONÁRIO informal. Brasil, 2019. Disponível em: https://www.
dicionarioinformal.com.br/psicofisiologia/. Acesso em: 23 jul. 2019.
SANCHES, M. et al. O exame do estado mental: é possível sistematizá-lo. Arquivos Médicos
dos Hospitais e da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, v. 50, n. 1,
p. 18−23, 2005. Disponível em: http://arquivosmedicos.fcmsantacasasp.edu.br/index.
php/AMSCSP/article/download/428/481. Acesso em: 23 jul. 2019.
DICA DO PROFESSOR

As alterações das funções mentais que podem ocorrer em um indivíduo são diversas. Das mais
citadas, há aquelas que fazem parte da função de sensopercepção. As ilusões e as alucinações
são alterações de sensopercepção qualitativas, porém, há, ainda, as alterações de sensopercepção
quantitativas, que podem estar presentes tanto em quadros neurológicos quanto em
psicopatologias.

Nesta Dica do Professor, você verá como as alterações quantitativas de sensopercepção podem
se apresentar no indivíduo.

Acompanhe a seguir.

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EXERCÍCIOS

1) As avaliações do paciente são realizadas principalmente por meio de entrevistas, que


deverão ser realizadas conjuntamente com uma observação cuidadosa do indivíduo.
Um dos pontos a ser observado é aquele que pode fornecer indícios de como é a
relação do paciente com o meio e como as atividades atuais estão afetando seu
funcionamento.

Dentre as opções a seguir, qual delas expressa o ponto que deverá ser observado pelo
examinador que faz referência ao exposto?

A) Aparência.

B) Atividade psicomotora.

C) Atitudes do paciente em relação ao examinador.


D) Atividade verbal.

E) Sentimentos que o paciente desperta no examinador.

2) As alucinações podem ocorrer em diversas situações, inclusive em estados normais e


fisiológicos, como, por exemplo, em situações de fadiga e estresse intensos e em
adormecimento.

Nesse grupo, estão incluídas as alucinações visuais simples, que podem ser
exemplificadas por qual das opções a seguir?

A) Alucinações schneiderianas.

B) Extracampinas.

C) Cinestesias.

D) Autoscopia.

E) Hipnopômpicas.

3) Diferente das alucinações, as ilusões precisam da existência de um objeto real para


ocorrerem, visto que se caracterizam pela visualização distorcida da realidade.

Quando um indivíduo descreve que os móveis de sua casa começam a ficar pequenos,
como se fossem móveis de brinquedo existentes em casas de bonecas, pode-se dizer
que esse tipo de ilusão se refere à classificada como:

A) macropsia.

B) micropsia.
C) dismegalopsia.

D) miragem.

E) membro fantasma.

4) A violência foi apontada pela Organização Mundial da Saúde como um dos maiores
problemas de saúde pública. Nesse contexto, casos ocorridos na infância que geram
estresse precoce tendem a desencadear comportamentos problemáticos na vida
adulta.

Tendo em vista os problemas que podem ser desencadeados, qual das opções a seguir
apresenta um exemplo de comportamento externalizante?

A) Ansiedade.

B) Agressividade.

C) Queixas somáticas.

D) Depressão.

E) Inibição.

5) Muitas são as profissões cujas ações envolvem uma exposição direta ao estresse, com
destaque àquelas em que o indivíduo é responsável pelo cuidado e atendimento de
outros, como nos casos dos enfermeiros e policiais. A partir do estresse profissional
gerado, algumas síndromes podem ser desencadeadas.

Dentre as opções de síndrome, qual é caracterizada pela presença de fatores


primordiais como exaustão emocional, atitudes frias e despersonalizadas e redução
da sensação de realização profissional?
A) Schilling.

B) Niilista.

C) Burnout.

D) Capgras.

E) Cotard.

NA PRÁTICA

O primeiro passo dado para o diagnóstico de alguma psicopatologia envolve a percepção do


examinador, seja ele da área psiquiátrica ou não. Essa percepção se dá, primariamente, através
da observação do indivíduo durante a realização de anamnese ou entrevista. Sendo assim, a
entrevista não pode, e não deve, ser realizada como uma simples etapa. Ela deverá ser realizada
de forma sistemática, e alguns aspectos são importantes de serem observados, analisados e
registrados.

Na Prática, saiba quais são as informações que o examinador deverá atentar-se na realização da
entrevista com o paciente.
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Qual a diferença entre alucinação, ilusão e delírio?

No seguinte vídeo, a psiquiatra Maria Fernanda Caliani traz elucidações sobre os sintomas
psicóticos, diferenciando alucinação, ilusão e delírio. Confira.

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Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT)

No seguinte vídeo, a psiquiatra Maria Fernanda Caliani traz informações sobre um dos
distúrbios de ansiedade: o Transtorno de Estresse Pós-Traumático. Confira.

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