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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO – UNINOVE

CURSO DE PSICOLOGIA
PROJETO INTEGRADOR – PROFISSÃO E CARREIRA EM PSICOLOGIA

ALEX DE SOUZA GOIS - 921205726


ANDREA DAMACENO SILVA - 921118334
DENISE SANCHA DE SOUSA SILVA - 921201330
FELIPE SILVA - 921200469
GIOVANA VAZ CAVALCANTI - 921202351
JULIA ARAUJO SILVA - 921118415
LIANDRA VICTORIA THIELE SEELMAN - 921201349
THALIA CARVALHO FERREIRA - 921118727
MARIA FERNANDA BOMFIM DE ARAÚJO ALVES - 921205981
NICOLLY MELISSA UMBELINO SOUZA - 321101871
JULIA OLIVEIRA CABRAL – 922105292
2ºB

PSICOLOGIA SOCIAL

São Paulo
2022
ALEX DE SOUZA GOIS - 921205726
ANDREA DAMACENO SILVA - 921118334
DENISE SANCHA DE SOUSA SILVA - 921201330
FELIPE SILVA - 921200469
GIOVANA VAZ CAVALCANTI - 921202351
JULIA ARAUJO SILVA - 921118415
LIANDRA VICTORIA THIELE SEELMAN - 92120134
THALIA CARVALHO FERREIRA - 921118727
MARIA FERNANDA BOMFIM DE ARAÚJO ALVES - 921205981
NICOLLY MELISSA UMBELINO SOUZA - 321101871
JULIA OLIVEIRA CABRAL – 922105292
2ºB

PSICOLOGIA SOCIAL

Trabalho apresentado para obtenção de


nota na disciplina de Projeto Integrador -
Profissão e Carreira em Psicologia, sob
a orientação da Profª. Dra. Maria
Elizabet Lautert de Souza.

São Paulo
2022
1. INTRODUÇÃO

O presente relatório de Pesquisa do Projeto Integrador - Profissão e Carreira


em Psicologia visa contemplar pesquisas sobre as diversas vertentes da Psicologia
em seu amplo conhecimento científico, a fim de explorar e conhecer as diversas
áreas dentro do mercado de trabalho, como agregar conhecimentos acerca das
demandas sociais em que a Psicologia irá atuar.

Uma dessas áreas de atuação é a Psicologia Social que será apresentada de


forma pedagógica por meio desta pesquisa, com levantamento bibliográfico,
resumos e apresentação essencialmente de interações em grupo para planejarmos
e executarmos o presente projeto, dessa maneira ampliando, compartilhando e
dividindo os conhecimentos e informações acerca do tema corroborando para uma
formação mais completa e respaldada em saberes científicos.

O grupo é formado por estudantes de Psicologia que buscam na ciência


compreender o ser humano dentro do seu contexto histórico, social e cultural, suas
singularidades, vivências e experiências, dos quais terão contato ao longo da
faculdade de Psicologia, assim como posteriormente quando formados.

A relevância da pesquisa em Psicologia Social justifica-se no estudo do ser


humano que está inserido dentro de um contexto social, já que o mesmo interfere no
meio do qual ele vive, como também sofre interferências do meio. Neste sentido, a
Psicologia Social visa não apenas estudar o indivíduo, mas compreender como o
contexto social interfere de maneira direta em seu comportamento.
2 - DESENVOLVIMENTO

PSICOLOGIA SOCIAL

Data-se que a Psicologia Social surgiu em meados do século XIX, tendo


como seu principal filósofo francês Augusto Comte, sendo considerado o precursor
desta ciência, já que para ele o indivíduo era causa e consequência da sociedade.
Segundo Conte, a Psicologia seria subproduto da Sociologia e da moral, sendo
encarregada em dizer que o indivíduo poderia ser, ao mesmo tempo, causa e
consequência da sociedade.
Neste contexto, temos o alemão W. Wundt que também teve forte influência
na psicologia social, já que no final do século XIX , fundou o primeiro Instituto de
Psicologia Experimental na Alemanha, segundo Araújo (2021).
Vale a pena ressaltar que o Wundt foi um dos precursores da Psicologia
Social, já que foi um dos responsáveis em criar instituições de pesquisa e ensino na
Alemanha, tendo formado inúmeros psicólogos alemães e de outras nacionalidades.
Segundo Figueiredo (2017), “Wundt (1832-1920) costuma ser reconhecido como o
pioneiro da formulação de um projeto de psicologia como ciência independente”.
Segundo Figueiredo (2017), para Wundt “a experiência imediata é a
experiência tal como sujeito vive antes de se pôr a pensar sobre ela, antes de
comunicá-la, antes de conhecê-la”, evidenciando que tal experiência não apenas na
subjetividade do sujeito, mas em seu contexto social.
Com a chegada da Psicologia Social aos Estados Unidos (EUA), por
intermédio do Instituto de Psicologia da Alemanha, já que os EUA haviam feito
pesquisas dentro do seu contexto social, segundo Gouveia o foco da crise foi a
oposição hegemônica de fazer Psicologia, já que a sociedade era um grande objeto
de estudo, porém ao longo das pesquisas notou-se que um crise mundial quando
estas pesquisas não corroboram em escala mundial, ou seja o que de fato
revelava-se na pesquisas dos EUA como certa ou fidedigna nos demais países da
América Latina elas se contradiziam. Segundo Lane (1981), este fato foi chamado
de “Crise da Psicologia Social”.
Para Moghaddam (1987), a Psicologia não se restringia apenas às fronteiras
estadunidenses, mas também reconhecia a necessidade de outros países em seus
contextos atribuindo uma Psicologia que fosse ao encontro das questões sociais
considerando todo um contexto de tais países pesquisados.
Neste sentido, a Psicologia é usualmente definida como ciência do
comportamento humano e a psicologia social como aquele ramo dessa ciência que
lida com a interação humana. Um dos maiores propósitos da ciência é o
estabelecimento de leis gerais por meio da observação sistemática.

PSICOLOGIA SOCIAL NO BRASIL

A psicologia Social no Brasil teve forte influência dos norte-americanos, seu


objetivo era um centro de estudos na América para que nossos cientistas e
professores se aperfeiçoassem em seus estudos e conhecimentos. E nestes centros
eles eram contemplados com professores dos Estados Unidos para lecionarem em
nossas universidades.

Um desses renomados nomes era o do professor Otto Klineberg, da


Universidade de Columbia, que introduziu a Psicologia Social na Universidade de
São Paulo na década de 50.

Lane (1981, p.80) acrescenta que:

É, por sinal , o primeiro livro Psicologia Social publicado no


Brasil foi a tradução da obra de Klineberg, em 1959, contendo
tópicos como Cultura e Personalidade, Diferenças Individuais e
Grupais, Atitudes e Opiniões, Interação Social e Dinâmica de
Grupo, Patologia Social e Política Interna e Internacional.

De acordo a essa trajetória, no ano de 1980, é fundada a Associação


Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO), que tinha como objetivo e foco o
intercâmbio entre cientistas de diversas regiões para discorrer sobre problemas
comuns. A Fundação ABRAPSO é importante no processo de consolidação desse
campo de estudo no Brasil.

Através desta fundação surgem grandes nomes nacionais que representam a


Psicologia Social, eles influenciaram novas gerações de psicólogos e contribuíram
com estudos importantes acerca da sociedade brasileira e dos problemas que esta
enfrentava. Podemos citar três nomes renomados dentro do meio, sendo eles, o
precursor Eliezer Schneider, Aroldo Rodrigues e Silvia Lane, todos trouxeram
contribuições que firmaram a Psicologia Social como uma ciência embasada no
nosso País.

Neste sentido a psicologia social também tem seus aspectos negativos ou


positivos, por isso podemos encontrar exemplos na História, com ditadores que
conseguiram convencer milhares de pessoas a cometerem atos cruéis. O psicólogo
social estuda as melhores maneiras de intervir em casos como esses, examinando
quais regras funcionam melhor em cada grupo, de modo que o convívio entre todos
seja mais pacífico.
Neste contexto, toda a Psicologia é Social esta afirmação não significa
reduzir as áreas específicas da psicologia social, mas sim cada uma assumir dentro
da sua especificidade a natureza histórico social do ser humano. Desde o
desenvolvimento infantil até as patologias e as técnicas de intervenção,
características do psicólogo, devem ser analisadas criticamente à luz desta
concepção do ser humano é a clareza de que não pode conhecer qualquer
comportamento humano isolando ou fragmentando-o, como se este existisse em si e
por si. Também com esta afirmativa não negamos a especificidade da psicologia
social- ela continua tendo por objetivo conhecer o indivíduo no conjunto de suas
relações sociais, tanto naquilo que lhe é específico como naquilo em que ele é
manifestação grupal e social. Porém, agora a psicologia social poderá responder à
questão de como o homem é sujeito da história e transformador de sua própria vida
e da sua sociedade, assim como outra área da psicologia.

O psicólogo social atualmente pode atuar em locais cabíveis a sua profissão,


sendo um deles o CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), que presta
serviços e programas socioassistenciais às famílias, fazendo um trabalho
comunitário e orientando a melhora do convívio sociofamiliar. Criado para a parte da
sociedade mais vulnerável e escassa de recursos, seu público-alvo seria pessoas
com deficiência, idosos(as), crianças e adolescentes. Já o CREAS (Centro de
Referência Especializado de Assistência Social) são unidades que elaboram
serviços de desenvolvimento sociofamiliar tendo em vista a reestruturação do grupo
familiar e criando novas referências morais e afetivas, com um acompanhamento
individual necessário, apoios e encaminhamentos e processos voltados para a
proteção e reinserção social. , sendo ele um profissional incomparável que intervém
em grupos e comunidades para que eles tenham qualidade nos atendimentos, nas
pesquisas, respaldado pela ciência.
3 - ENTREVISTA

A entrevista foi realizada remotamente pelo Google Meet tendo como entrevistada a
Psicóloga M. que atualmente trabalha no CRAS (Centro de Referência de
Atendimento Social), seguimos o roteiro de entrevista conforme orientação, segue a
transcrição:

Entrevistador: 1 - Conte um pouco sobre a sua experiência como psicólogo, por que
você escolheu essa área de atuação e quais eram as expectativas.

Psicóloga: Se me perguntarem o por que eu escolhi psicologia tem que voltar muito,
porque já está muito distante. eu acho que não são nem mais os motivos que me
fazem continuar, viu? Acho que era bem aquela história de que eu era amiga que
dava conselho, mas assim, acho que foi meio que por isso, na época eu queria fazer
psicologia ou jornalismo, ou letras ou biologia marinha. Sabe, eu tinha vários
interesses assim e aí eu fui para a psicologia. Ah, eu não lembro qual foi o fator
decisivo, eu acho que tinha, eu achava que tinha haver comigo e fui. Eu tinha uma
ideia de psicologia bem tradicional, de conversa individual, entre duas pessoas.
Sabe, que uma estava ali, Uma ideia da clínica tradicional mesmo, em que uma
pessoa está ali para orientar a outra em um sofrimento para acolher e etc. Eu acho
que isso tinha ver comigo e fui para a psicologia. A minha expectativa, eu entrei na
faculdade sem saber, foi em 2011, entrei na faculdade sem saber muito o que era
uma faculdade. Na minha família ninguém nunca tinha feito faculdade, eu não sabia
direito os nomes dos vestibulares na época, eu fui seguindo uma onda de pessoas,
que estava fazendo vestibular. E aí eu fui, me formei na UNIFESP, em Santos, e só
lá, porque eu acessei política pública para me manter na faculdade e eu fui
conseguindo entender. Ah, então faculdade é isso aqui, eu estava bem perdida no
começo, só depois que eu fui me situando e aí entendendo essa coisa do “nossa,
acho que eu quero trabalhar na parte social, mas a minha expectativa com a
faculdade estava muito ligada a me formar para ter um trabalho bem tradicional de
psicologia que não foi muito que aconteceu por fim das contas.
Entrevistador: 2 - Há quanto tempo você atua nessa área?

Psicóloga: Eu me tornei em 2016 e estou trabalhando como psicóloga desde 2017.


Antes disso, eu trabalhava como educadora em um cursinho popular e em alguns
serviços de convivência lá de Santos, na época, no final da minha formação,
trabalhava como educadora no serviço de convivência, vários que tinha na cidade e
como educadora popular no cursinho da faculdade. E aí em 2017, eu fui contratada
pelo Sesc para trabalhar como psicóloga, mas também em um trabalho
interdisciplinar, socioeducativo com crianças e adolescentes. E em 2018, eu fui
chamada aqui em Osasco.

Entrevistador: 3 - Como se deu a sua inserção no mercado de trabalho? Quais


foram as barreiras para o seu ingresso?

Psicóloga: Eu trabalhava como educadora em um cursinho popular e em alguns


serviços de convivência lá de Santos, na época final da minha formação. Em 2017
eu fui contratada pelo SESC pra trabalhar como psicóloga em um trabalho
interdisciplinar socioeducativo com crianças e adolescentes. Em 2018 eu fui
chamada aqui em Osasco.

Essa pesquisa tem a ver com a psicologia social ou a psicologia como um


todo? Porque eu vejo que as barreiras são muito diferentes. Hoje eu trabalho no
CRAS (Centro de Referência de Atendimento Social), já faz quatro anos inclusive eu
vou sair do CRAS no mês que vem e vou para a área jurídica. Às vezes se acha
muita oportunidade de trabalho fazendo ali um networking no LinkedIn, se entrar no
meu LinkedIn ele sai mosquito porque não tem nada lá, depende muito da área em
que você quer se inserir. E as barreiras também mudam, porque cada via de acesso
é muito diferente, por exemplo quando você quer começar numa clínica individual
você tem que conseguir pacientes. Quando você quer trabalhar no serviço público
tem que ver se vai ser via OS (Organização Social) ou se vai ser via concurso
público, tem outras barreiras. Eu sou casada com outra psicóloga, para mim a prova
do concurso público, fui prestando várias, fui pegando o jeito. Já para minha mulher,
fazer uma prova objetiva é algo muito complicado, para ela entrar em um serviço
público via concurso já é um desafio maior. Se você vai precisar passar por uma
entrevista de emprego, não é o resultado concreto de uma prova que te faz ter
acesso a vaga, dependendo de quem você é, pode sofrer descriminação na
entrevista, ser escolhida ou não. As barreiras não têm só a ver com a psicologia, tem
a ver com quem é você no mundo e em qual é a via de acesso ali.

Entrevistador: 4 - Conte-nos sobre o seu trabalho. Como é sua rotina?

Psicóloga: O CRAS é um serviço de proteção social básica, um serviço do SUAS


(Sistema Único de Assistência Social), que é parecido com o SUS, tem a básica,
média e a alta complexidade, tem a diferença da equidade, quem precisa mais
acessa primeiro. O SUS preza pela igualdade, que vem antes da equidade, todo
mundo acessa independente de onde você vem. Na assistência social quem precisa
mais acessa primeiro, tem uma prioridade. Eu falo isso porque esse “quem precisa”
às vezes nos faz pensar que a área social é para atender pobre. Mas esse “quem
precisa” é para aqueles que precisam acessar qualquer direito, qualquer garantia,
qualquer proteção social, seja de acesso à educação, ao lazer, igualdade de gênero,
alimentação, transporte, moradia. Enfim, tudo isso é direito humano e a proteção
social tenta garantir isso a essas pessoas. No CRAS o nosso trabalho de psicólogo
é muito de tentar fortalecer isso, prevenir para que esses direitos não sejam
violados. Eu vejo muitos colegas sofrendo porque se sentem como assistentes
sociais no CRAS e eu acho que isso tem a ver com um certo distanciamento da
formação que a gente recebe com relação ao nosso compromisso na sociedade
mesmo. Quando a gente se forma e vai fazer o juramento, nele está escrito que
temos que defender os direitos das pessoas, que vamos nos posicionar diante de
toda forma de opressão e tudo isso é muito social. O que temos para fazer no
CRAS, no CREAS e em qualquer serviço da assistência social tem muito a ver com
o que nós juramos que iríamos fazer quando nos formarmos. Mas a forma como
vamos colocar isso em prática que “buga” quando continuamos com a mentalidade
de quando a gente entra no curso, de que psicologia é pra atender em clínica
particular. E esse é o único veto que há para trabalhar no CRAS, você não pode
fazer acompanhamento clínico particular. E isso as vezes dá crise de identidade nas
pessoas porque não se aproximaram tanto disso, do “olha, o psicólogo pode fazer
grupo sócio educativo, pode fazer acompanhamento familiar, pode fazer visita
domiciliar, pode fazer articulação de território, pode fazer uma porção de coisas que
fora do consultório fica muito evidente, mas que se não nos prepararmos para
trabalhar desses outros jeitos, quando chegamos ao CRAS podemos nos sentir
impedidos de fazer o que achamos ser nossa função principal. Então tudo isso que
citei são as coisas que fazemos no CRAS, educação e direito, grupo socioeducativo,
discute temas específicos para desenvolver a família... Vamos supor, eu já atendi
várias famílias, mulheres, com histórico de violência doméstica, que naquele
momento não estavam em situação de violência, mas eu e a minha colega
assistente social reparamos que chegavam bastante gente com esse histórico,
“interessante, o que podemos fazer”? Fizemos um grupo de desenvolvimento,
interdisciplinar, chamamos essas mulheres e as convidamos. “Vocês querem
participar de um grupo que vamos fazer por um determinado tempo, para nos
aprofundarmos nesses temas”? Sobre o que é violência de gênero, estratégias para
proteger, denunciar... Fomos fazendo isso, é um exemplo do tipo de
acompanhamento que realizamos.

Entrevistador: 5 - Quais desafios e limitações você encontra para executar o seu


trabalho?

Psicóloga: Atribuo a existência das limitações profissionais por conta da crise de


identidade. Eu vejo isso acontecendo muito, desde meu estágio, que fiz durante a
faculdade no CRAS em Santos. Para mim, essa crise de identidade é um senso que
já nasce no profissional de Psicologia desde a formação, mas que eu vejo
acompanhando o Psicólogo até depois de sua graduação, pois vejo colegas
passando por isso ainda. Acredito que se a formação conseguisse ampliar (a
confiança do aluno quanto a normalidade das dificuldades do seu trabalho) teria um
resultado melhor, c om relação a dar um alívio a essa crise de identidade.

Agora, com relação ao trabalho social, possui dificuldades relativas a sua


realidade de trabalho. Por exemplo, tem CRAS que tem uma estrutura mínima, que
é suficiente para lidar com certa comunidade e população que se atenda; mas há
unidades do CRAS que têm a mesma estrutura mínima, porém têm que atuar numa
área cuja população é muito maior e muito mais carente do que as outras,
comparativamente falando.

Por isso, eu acho que esse seja o primeiro desafio: entender que, por mais
capaz que se seja, há uma limitação estrutural que te impede de dar melhor
resultado.

Então, o fato de conseguir dar conta de toda demanda, com quem está
tomando as decisões, ainda com a equipe mínima, dá uma sensação de capacidade
e competência que falta aos profissionais que não têm essa condição. A pergunta
acaba sendo: “qual o número de famílias que você consegue acompanhar?”

Aqui em Osasco, a gente tem uma Diretriz que determina que um mesmo
técnico, um mesmo profissional da Psicologia, consegue acompanhar 100 (cem)
famílias. Ou seja, é complicado, porque as comunidades são muito grandes e eu
mesma já me vi tendo que trabalhar com uma tabela que constava 160, 180 famílias
com as quais eu deveria assistir. Então, chegava uma hora em que eu percebia que
não tinha condição de lidar com aquela quantidade de de pessoas e isso dá uma
impressão de que não estamos fazendo corretamente o nosso trabalho; pois a gente
acaba priorizando as famílias que tenham maior carência de várias formas e a gente
adapta os recursos para atender tais necessidades. Só que isso não é o trabalho do
CRAS, pois, por princípio o CRAS seria para prevenir e trabalhar de modo a impedir
que certos cenários se instalassem.

Então, essa sensação de incapacidade acaba dando, também, a impressão


de que nosso desafio como profissional de Psicologia é ineficiente, pois acha que
esteja fazendo um trabalho de assistencialismo e não de prevenção. A filosofia do
CRAS, e outros serviços de atuação, social acaba confrontando com a realidade que
se vê no dia a dia, pois o recém-formado não percebe que desde o seu juramento,
feito na conclusão do seu curso (que, resumidamente, é atuar na defesa da pessoa
em questões sociais), “buga” a cabeça do profissional.

Entrevistador: 6 - Qual sua opinião quanto a relação do psicólogo com os recursos


tecnológicos atuais?
Psicóloga: Em relação aos atendimentos digitais (Online), eu tinha bastante
preconceito um tempo atrás, e hoje eu sou uma pessoa que atende mais, depois do
CRAS, eu acho que depende quem é a população, de qual situação. Nos dias em
que o CRAS estava fechado, por exemplo, como eu estou aqui em Osasco e o perfil
do CRAS que eu atendo, é de uma população em que a necessidade maior é
realmente econômica, então várias dessas pessoas não tinham acesso à internet, e
o acesso ao atendimento online ficou muito complicado, por que nem sempre tinham
dinheiro para colocar créditos no celular, para assim utilizarem a internet para
encontrar cada referência de cada tipo de serviço que estão precisando.

Entrevistador: 7 - Como você percebe o papel do compromisso social da Psicologia?


Por exemplo, posicionamento do psicólogo diante das diversidades, tragédias,
minorias, etc.

Psicóloga: Há eu acho que vou repetir algumas coisas, eu acho que toda psicologia
independente da onde a gente tá fazendo, com quantas pessoas a gente tá fazendo,
ela é social, toda psicologia, na escola, no Higienópolis, no CRAS, em uma
penitenciária, por que nós somos seres sociais mesmo. Então meu gênero, minha
raça, minha orientação sexual, meu território, as minhas deficiências, minhas
divergências, todas essas coisas vão me pegando, e o profissional que está me
atendendo, se ele não está atento a essas questões, muita coisa passa, muita coisa
se perde, e a gente cai no risco de reproduzir violência, então eu acho que o
compromisso é esse, de entender que a gente não é neutro, em todo lugar que a
gente estiver, nós sempre partimos de outro lugar ou lugares, e a gente é
responsável de incluir a pessoa que está com a gente no mundo com a maior
dignidade que a gente conseguir, então, é para além de não ter julgamento, eu acho,
que o negócio de ter compromisso é a gente ter posicionamento mesmo de
conseguir validar esse sofrimento e saber de onde vem, de conseguir contextualizar
as pessoas que passam por nós e precisam do nosso olhar e naquele momento
estão confiando.
Entrevistador: 8 - Quais as contribuições para a sociedade que seu trabalho tem
oferecido?

Psicóloga: No CRAS? O CRAS neste momento está sendo atacado, né? Nos
últimos anos, tá sendo bem sucateado, eu sinto que tem uma pressão política pra
assistência social e se distanciando dessa coisa que eu estava comentando de
direito, e cada vez um apelo maior que vai fazendo se parecer de novo com
caridade, com o que a gente fala muito de assistencialismo, meu trabalho tá nesse
compromisso de lutar contra isso, então, seja nos atendimentos individuais quando
as pessoas começam a falar que não estão conseguindo acessar alimento, sabe, e
às vezes com o documento do CRAS que é o serviço oficial para isso, para garantir
a produção de alimento para aquela família, ela não consegue uma cesta básica.
Mas com o vereador batendo na porta ela consegue, então gente tem que
desconstruir isso, em todos os momentos, de apresentar o que é direito, o que é
privilégio, o que é política pública, o que é às vezes visto como luxo, como só
algumas pessoas podem acessar e você não, quem são vocês, da onde vocês vêm,
o por que disso está acontecendo, o que a gente tem de tecnologia pra democracia
ir contra essas coisas, então, é uma coisa de miudinho, no CRAS toda semana a
gente faz um acolhimento do coletivo e toda semana a gente explica “tim tim por tim
tim” o que é assistência social, qual o papel de cada profissional naquele serviço,
quem a gente atende, quais são os benefícios, quais as dificuldades, aonde
encontrar cada referência pra cada tipo de serviço que eles estão precisando, toda
semana a gente faz duas vezes por dia. Além disso tem esses grupos que eu
comentei, então às vezes a gente faz uma ação no território, junto com escolas, por
exemplo, participei por um tempo de reuniões aqui com todos os CRAS, cada
CRAS foi puxando, eu fiquei responsável pela que eu trabalho, de proteção à
infância e adolescência mas não era uma reunião só do CRAS, era de todas as
escolas, era da UBS, era dos CAPS infanto-juvenil, era de todo mundo que
atendente infância e adolescência aqui no município na zona norte onde eu
trabalhava, no final desses encontros a gente consegue, por exemplo que alguns
dos adolescentes que eram atendidos por um dos professores que participava da
reunião levem para a câmera dos vereadores um questionamento do porquê só tem
um CRAS de infanto juvenil em Osasco? Sabe? E é uma coisa que a gente constrói
junto mesmo. Eu sou psicóloga, dessas reuniões a preocupação que surgiu foi, tem
muito adolescente e muita criança precisando de acompanhamento em saúde
mental e o município não comporta, tem só um, na zona norte não chega por que é
longe e aí os adolescentes se mobilizarem pra eles protagonizarem esse
questionamento. Eu sinto que coisas desse tipo de informar sobre os direitos, se
mobilizar pra pessoas irem atrás, de acolher e entender o contexto das pessoas, eu
sinto que coisas desse tipo tem muito haver com as contribuições que eu tenho feito
e outros profissionais colegas da psicologia também.

Entrevistador: 9 - Você já pensou em desistir de sua carreira? Por que? E o que te


estimula a continuar?

Psicóloga: Primeiro que eu não sou herdeira, né? Acho que se eu fosse herdeira, eu
trabalharia bem menos. Assim, né? Todo mundo ri chorando. Eu não pensei em
desistir não, eu penso bastante que eu poderia trabalhar menos, pra ficar menos
cansada, ter mais tempo com outras pessoas, né? Ter mais espaço para fazer
outras coisas na vida. Desistir eu nunca pensei não, acho que se um dia eu virar
herdeira, ganhar na Maga-Sena, eu ainda continuo fazendo boa parte do meu
trabalho, mas diminuiria muito a minha carga horária, por exemplo.

O que me motiva a continuar é que tem muito serviço pra fazer. Eu entendo
que eu acessei a minha graduação porque parte desse serviço que a gente está
batalhando pra fazer, né, de assistência social foi garantido lá trás, se não fosse
isso, eu nunca teria feito uma faculdade, se não fosse o ??? que expandiu as
universidades federais, eu nunca teria entrado na faculdade, eu não tinha como
pagar uma mensalidade na época, não tinha referência de que uma faculdade faria
de diferente na vida de alguém porque eu não conhecia ninguém que tinha entrado
na faculdade, nunca, então, eu vi a diferença que fez.

Sinto que se eu e pessoas que eu convivi na minha infância tivéssemos


acesso a psicólogas e psicólogos lá trás, mesmo morando ali na Cohab II, sabe? Se
tivesse subido uma psicóloga lá na Cohab pra conversar com a gente, que fosse em
grupo de vez em quando, isso teria feito muita diferença na vida das pessoas que eu
convivi, na vida das pessoas que eu vi morrendo, na vida das pessoas que eu vi
vivendo tragédias na família, na minha vida, sabe? Então, a possibilidade de no
miudinho ir transformando isso, me faz continuar e faria continuar mesmo que eu
fosse herdeira.

Eu não pensei em desistir, penso bastante que poderia trabalhar menos, pra
ficar menos cansada, ter mais tempo com outras pessoas e ter mais espaço para
fazer coisas na vida. Acho que se um dia eu virasse herdeira ou ganhasse na
Mega-Sena, ainda continuaria fazendo boa parte do meu trabalho, mas diminuiria
muito a minha carga horária.

O que me motiva a continuar é que tem muito serviço para fazer. Eu entendo
que acessei a minha graduação porque parte desse serviço de assistência social
que estamos batalhando para fazer foi garantido lá trás, se não fosse isso, eu nunca
teria feito uma faculdade, se não fosse o ???, que expandiu as universidades
federais, eu nunca teria entrado na faculdade, eu não tinha como pagar uma
mensalidade na época e não tinha referência de que fazer um ensino superior faria
diferença na vida de alguém porque eu não conhecia ninguém que tinha feito,
nunca, então, eu vi a diferença que fez.

Sinto que se eu e pessoas que convivi na minha infância tivéssemos acesso a


psicólogos, mesmo morando ali na Cohab II, se uma psicóloga tivesse subido lá
para conversar com a gente em grupo de vez em quando, isso teria feito muita
diferença nas nossas vida, na vida das pessoas que vi passando por tragédias na
família ou que vi morrendo. Então, a possibilidade de no miudinho ir transformando
isso, me faz continuar e faria continuar mesmo que eu fosse herdeira.

Entrevistador: 10- Você teria algo a nos dizer, como estudantes de


Psicologia?
Psicóloga: Eu sei que é difícil mas, eu não me estressaria porque tudo passa, já
comentei com a Lyandra a respeito, que, é importante dá para as coisas o peso que
elas têm. A faculdade é um período da vida e se tudo correr da forma que
imaginamos, conseguiremos concluir, e não vai ser válido colocar uma expectativa
tão grande, uma densidade a ponto de comprometer a sanidade, a alegria do dia a
dia, a motivação de realizar as outras tarefas. Vejo as vezes um ambiente de
academia, a faculdade que afeta a segurança, a ponto de sentir que não vamos
conseguir, dá acesso aos medos, talvez de ser uma fraude, de ser descoberto, de
não conseguir chegar até o fim, e o que vai acontecer, de não ter emprego, de não
ser a melhor pessoa naquela matéria que gosto tanto, enfim, e esses pensamentos
minam as nossas alegrias, e eu falo de “alegria”, não no sentido superficial, mas, no
sentido de que, se queremos trabalhar com saúde mental seja em qual área for, e
trabalhamos diretamente com subjetividade e saúde mental para fortalecer a vida de
outras pessoas, eu diria para vocês, começarem a pensar ou continuarem pensando
ou quem já exerce o exercício, de como não cair na cilada de enfraquecer a própria
vida, em nome de um curso de graduação por mais que seja muito importante, e é,
assim como foi na minha vida e na de outras pessoas, esse não pode ser um
conjunto inteiro da vida. Eu aconselho a não se estressar tanto, e vai ficar tudo
bem... Porque vocês vão conseguir passar na matéria, vão conseguir realizar aquela
pesquisa que não conseguiram antes, e vão fazer depois, vai ter como fazer
supervisão, seja da clínica ou das instituições que vocês estiverem trabalhando, tem
como fazer aliança com outros profissionais para receber apoio no dia a dia, e que
esse tempo seja proveitoso! Na faculdade temos que fazer o que podemos fazer, o
que o nosso corpo suporta naquele momento, para concluir, e quem sabe passar, e
não precisa tirar dez sempre e nem nove, pode tirar um sete ou um cinco e vai ficar
tudo bem, porque é válido lembrar que não é aquela nota que vai descrever a nossa
competência, não é quantidades de atividades extracurriculares que você está
envolvido que diz sobre o seu engajamento, porque com que qualidade você leva
uma vida fazendo tantas coisas. A faculdade é uma via de passagem para outra
fase.
Agradecimentos.
4 - DISCUSSÃO

A psicóloga entrevistada conta que se formou em 2017 e em 2018 ingressou


no Centro de Referência e Atendimento Social (CRAS). Tem atuado com a
Psicologia Social desde sua formação.
Conforme vimos na entrevista, a inserção no mercado de trabalho na área
social pode ser através de duas formas, sendo essas (OS) Organização Social ou
também prestando concurso Público. Depende muito da objetividade de cada
profissional e qual será via que ele se identifica mais para essa inserção. Um
psicólogo social que quer atuar diretamente no CRAS (Centro de Referência de
Assistência Social) é necessário prestar concurso, porém devemos lembrar que a
introdução nesse campo não é tão simples e não se resulta também somente nas
formas burocráticas. Temos que entender que cuidaremos de uma classe que não é
elitizada. Desenvolvendo em nós e no outro assim uma visão mais social, pois a
pessoa pode construir sua autonomia por meio do bem-estar dos sujeitos e grupos
sociais e integrá-los à sociedade de forma digna.
Segundo o pensamento de Lane (1981) a psicologia social representa que as
atividades comunitárias visam não só a educação como o desenvolvimento social de
todos os grupos que interagem. Utilizando da comunicação e cooperação entre
pessoas, relações sociais efetivas são desenvolvidas. Assim como tem outros
grupos que trabalham socialmente a psicologia comunitária como as próprias
famílias do indivíduo, escolas, hospitais que agem com objetivo de despertar a
consciência social e não somente pelo trabalho remunerado.

A psicologia social está voltada para atender as demandas da comunidade. Desde


1980, quando foi fundada a Associação Brasileira de Psicologia Social, o objetivo
tem sido unir cientistas de diversas regiões para discutir sobre problemas comuns
vivenciados nas esferas da comunidade e os serviços como CRAS (Centro de
Referência a Assistência Social) e o CREAS (Centro de Referência Especializado de
Assistência Social) recebem o indivíduo e o atendem de acordo com a complexidade
de cada situação. A rotina do psicólogo comunitário envolve fortalecer o vínculo
entre a família, desenvolver programas socioeducativos de conscientização contra
violência e ajudar o paciente a buscar seus direitos, pois segundo Moreau (2018,
p.256) “a vida afetiva do ser humano é o conteúdo e o próprio produto do nosso
esforço para perseverar na existência, ou seja, ela é consequência das leis da nossa
natureza interna, assim como a chuva e a tempestade são as consequências da
natureza externa”. A psicologia social nos mostra a importância de conhecer essas
leis para que sejam usadas a favor do indivíduo.

Na entrevista, percebemos que faz sentido a citação de Figueiredo (2017), ao


dizer que Wundt (1832-1920) quando afirma que “a experiência imediata é a
experiência tal como sujeito vive antes de se pôr a pensar sobre ela, antes de
comunicá-la, antes de conhecê-la”, evidenciando que tal experiência não muito fala
da subjetividade do sujeito, mas também o posiciona em seu contexto social. E foi
este um dos sensos que a entrevistada abordou quando citou as várias demandas
sociais apresentadas no CRAS.

Importante detalhar que a variedade de decisões, ações, atividades e


compromissos aliados à dificuldade que cada ente deste requer, causa o que a
entrevistada chama de “crise de identidade”, já que existem muitas variáveis sociais
que compõe as demandas do dia a dia e que mesclam vários contextos, definições e
incumbências da Psicologia e da Assistência Social, porém para Lane ( 2008 p. 9):

Qualquer que seja a prática do psicólogo, curativa ou preventiva


ele poderá desenvolvê-la no sentido de fazer com que o sujeito
de seu trabalho se reconheça como uma individualidade
construída por um contexto sócio-histórico.

Vale ressaltar que a Psicologia Social justamente sinaliza para o processo de


atendimento a pessoas em situações de vulnerabilidade sociais e como, muitas
vezes, necessitam não apenas do atendimento do psicólogo, mas de compreender
em que contexto social que este sujeito está inserido, como exemplo o ambiente
familiar ao qual o indivíduo encontra-se e que acaba corroborando para a qualidade
da sua saúde mental. Neste sentido, o CRAS, segundo a nossa entrevistada, atua
com uma limitação estrutural que impede que muitos dos resultados sejam
alcançados, por exemplo a instituição da família já que Segundo Lane (1981, p,30),
atua como perpetuação da propriedade, tornando-se fundamental para a sociedade
e, consequentemente, objeto de um controle social bastante rigoroso por aqueles
que detêm o poder.
O Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) são unidades públicas
estatais, normalmente localizadas em áreas de maior vulnerabilidade social, que
atuam em serviço para evitar circunstâncias de risco. Através do trabalho de um
grupo de profissionais, o CRAS atua na região onde está localizado. Conforme a fala
da psicóloga entrevistada, o CRAS possui o encargo de ajudar comunitariamente
para a melhora do convívio sócio familiar, prestar auxílio a indivíduos em situação de
vulnerabilidade, fornecer atendimento psicológico e social, tanto em grupo como
individual. Diante do diálogo dito durante a entrevista, a entrevistada mencionou de
maneira sucinta como a Psicologia Social, o CRAS e o psicólogo social têm por
função primária não só prestar atendimento psicológico, mas como ensinar sobre os
direitos que aqueles cidadãos possuem, pois, grande maioria desconhece;
apresentar o que é privilégio, o que é assistência social, onde eles podem encontrar
o serviço que estão precisando, entre outros. Houve ações do CRAS, junto com
escolas da região, trazendo o questionamento aos estudantes de o porquê haver
apenas uma única unidade do CRAS de atendimento infanto juvenil em Osasco,
assim os psicólogos, professores, puderam trazer conhecimentos acerca dos direitos
dos alunos, informando a importância do atendimento psicológico e da assistência
social. A contribuição social dos profissionais do CRAS vai muito mais além do
atendimento psicológico; a organização, os assistentes sociais, os psicólogos
contribuem destinando conhecimento a população, fornecendo auxílio através de
ações sociais e principalmente, mostrando a importância da Psicologia Social para a
sociedade. Assim como, para Lane (1981, p.88) a Psicologia Social tem por objetivo
conhecer o ser humano através de suas relações sociais e compreender que o
indivíduo pode modificar sua vida e a sociedade; portanto, podemos dialogar a
concepção de Lane com a fala da entrevistada, tendo como entendimento que, a
Psicologia Social através do CRAS não tem só como função o atendimento
psicológico, mas também o atendimento social, onde traz funcionalidade para a vida
da população de maneira adequada, fornecendo conhecimento de si e dos outros ao
seu redor.
Neste contexto ao compararmos o texto com a entrevista, percebemos que a
psicóloga aponta, em consonância com o teor do material analisado, os vários
fatores que a consulta virtual promove, ainda que, na era tecnológica que vivemos,
nem sempre é usada por todas as regiões, visto que determinadas comunidades são
carentes de acesso à internet, contudo, existe o atendimento presencial, que é, em
sua maioria, o com maior procura, pois presta serviços e apresenta programas sócio
assistenciais às famílias vulneráveis, fazendo um trabalho comunitário e orientando
a melhora do convívio sócio familiar, Segundo Lane (1981, p.16) a nossa história
de vida é determinada pelas condições históricas do nosso grupo social, neste
sentido vale a pena ressaltar que ainda que existam atendimentos on-line ou
presencial o fator família e acesso a esses atendimentos influenciam diretamente o
sujeito, já que ele está inserido em um ambiente do qual também é influenciado
diretamente e nem todos tem acesso.

Os desafios da carreira que um psicólogo que se propõe a atuar em


Psicologia Social traz é a percepção de que se faz necessário validar a vivência do
sujeito com quem se convive, seja em razão da cultura influenciada pelo território,
pelo círculo familiar, pelo seu gênero, orientação sexual e condições financeiras,
aspectos que influenciarão o trabalho do psicólogo. O profissional precisa estar
ligado a essas condições “sociais” e ter responsabilidade ao olhar essas pessoas
com as quais convivem direta ou indiretamente. Segundo Figueiredo (2017) o objeto
da psicologia é, para Wundt, a experiência imediata dos sujeitos, embora não esteja
interessando primordialmente nas diferenças individuais entre esses sujeitos, com
esta citação podemos perceber o quanto é importante o psicólogo perceber que o
indivíduo está inserido em um ambiente cultural e que seu comportamento também
é influenciado por ele.

Neste sentido para a atuação do psicólogo é primordial, Segundo Figueiredo


(2017), para Wundt explicar e compreender a experiência imediata exigiam tanto a
aproximação com as ciências naturais como uma aproximação com as ciências da
sociedade e cultura, está citação acaba corroborando com a fala da nossa
entrevistada que frisou que está atualmente focada, principalmente, em intervir nas
relações pessoais em indivíduos com situações de fragilidades, como idosos que
são abandonados em asilos, crianças que nascem em periferias e estão voltadas ao
mundo do crime, ex-presidiários que têm dificuldade em ser incluso na sociedade
novamente e entre outros. Neste complexo emaranhado de situações que sofrem
diretamente com a cultura e sociedade, para o psicólogo é de extrema importância
compreender estes viés sociais para que possa compreender o sujeito em seu
comportamento subjetivo.
A conclusão que finaliza a entrevista com a psicóloga em nosso grupo, nos
faz entender que o conhecimento pode ser utilizado para benefícios da sociedade e
é gratificante, e que o comprometimento com o campo pode, mas não deve, afetar
negativamente o nosso cotidiano e os nossos valores pessoais; antes disso, nossas
ações acadêmicas devem, desde já, nos servir de bagagem para conseguir atuar
dentro das metas profissionais, contudo sem perder o senso de humanidade que
sempre será necessário para que sejamos prevalentes no segmento diante de tal
fala finalizamos com Lane (1981, p.53):

Se conviver com algumas pessoas, igualitariamente em uma


casa, é tão difícil, pode –se imaginar as dificuldades existentes
para que instituições se tornem comunidade, tais como escolas,
hospitais entre outros.

Concluímos que o cenário não é o único ponto de partida, mas que existe uma via
de mão dupla, de quanto as tarefas intervêm no nosso comportamento. Que as
informações acima são válidas para um estudante em psicologia ou profissional
atuando, que sejamos pragmáticos, busquemos uma atividade que seja
fundamental.
5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

A proposta apresentada pelo trabalho foi integrar uma melhor vivência sobre
a Psicologia social, tivemos a oportunidade de conhecer as visões de autores como
Auguste Comte que nos apresenta que a psicologia social que está ligada a
sociologia e a moral, podendo então impactar diretamente a vida do indivíduo
dependendo da forma que ele é tratado.

No percurso do trabalho estudamos também Wilhelm Maximilian Wundt que


teve grande notoriedade no século XIX onde o mesmo fundou o primeiro instituto de
psicologia experimental e foi a primeira pessoa a ser chamada de psicólogo, ele
tinha objetivo apresentar a experiência imediata que considera que o indivíduo tem
que viver a experiência antes de pensar sobre, de comunicá-la e conhecê-la. O
trabalho ganhou grande riqueza ao entrevistarmos uma Psicóloga que trabalha na
área social contribuindo muito com nosso processo de desenvolvimento, pudemos
entender como funciona o dia a dia de quem atua no CRAS, onde ocorre os
atendimentos de pessoas em situação de vulnerabilidade, fazendo-nos refletir
questões sociais sobre nós mesmos e de quem precisa desses recursos que
infelizmente são tão precários, onde todos têm direitos mas poucos tem acesso por
conta de que muitos psicólogos não conseguem atender a todos por conta da
grande demanda de pacientes.

O trabalho transcorreu de forma amistosa, acredito que consegui contribuir de


forma satisfatória com o grupo, não encontrei grande dificuldade no percurso e as
poucas que encontrei tive o apoio dos demais. Gostei muito do tema abordado pelo
projeto integrador pois trouxe muita riqueza em conhecimentos para mim de
situações que nem imaginava que aconteciam na sociedade.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
ARAÚJO, Thiago Bloss. O Nascimento da Psicologia Social no Brasil. 1. ed.
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JACQUES, Maria da Graça Corrêa et al. Psicologia Social Contemporânea:


Livro-texto. Edição digital. Petrópolis: Vozes, 2013. 226 p.

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MOREAU, Pierre-François. Spinoza: Uma teoria do homem. Uma antropologia


materialista. O que nos faz pensar, v.26, n. 41, Fevereiro, 2018.

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social.
ANEXOS

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