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CENTRO UNIVERSITÁRIO MAURÍCIO DE NASSAU - UNINASSAU-JP


CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

RICARDO AURÉLIO DE LIMA GOMES

A ESCUTA DA PESSOA ALÉM DA DOR DO CORPO: RELATO DE EXPERIÊNCIA


DE ESTÁGIO NO HOSPITAL MUNICIPAL SANTA ISABEL

JOÃO PESSOA-PB
2022
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RICARDO AURÉLIO DE LIMA GOMES

A ESCUTA DA PESSOA ALÉM DA DOR DO CORPO: RELATO DE EXPERIÊNCIA


DE ESTÁGIO NO HOSPITAL MUNICIPAL SANTA ISABEL

Relado de Experiência relacionado à Disciplina


de Estágio Supervisionado II, ministrada pelo
professor RAMON SILVA SILVEIRA DA FONSECA,
desenvolvido pelo aluno RICARDO AURÉLIO DE
LIMA GOMES, matrícula 03038589 da turma de
Psicologia P9-NT

JOÃO PESSOA-PB
2022
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RESUMO

A partir de uma experiência de estágio supervisionado em psicologia hospitalar,


realizado no Hospital Municipal Santa Isabel (HMSI), em João Pessoa-PB, o presente
estudo tem por objetivo discutir sobre a atuação do psicólogo no âmbito hospitalar, e
a importância da escuta ativa como instrumento de investigação e acolhimento na
atuação da psicologia. Os resultados se deram por meio do acompanhamento e
observação das práticas diárias dos psicólogos, e através dos registros das atividades
no período entre maio e julho de 2022. Dentre as atividades exercidas destaca-se:
visitas as enfermarias e acolhimento aos pacientes, evolução dos casos nos
prontuários, atendimentos pré-operatórios, sendo esses atendimentos por demanda
espontânea ou mediante solicitação da equipe, emissão de pareceres, acolhimento
aos familiares no momento das visitas, participação junto a comissão de cuidados
paliativos, projetos de humanização, e atuação juntamente as demandas de UTI e
pós-cirúrgico. Dado o exposto, verifica-se a importância do psicólogo hospitalar,
através da sua atuação tendo como pontos focais tanto o paciente, como os familiares
e a equipe, e pautando suas práticas sempre na humanização dentro do contexto
hospitalar.

Palavras-chave: Psicologia Hospitalar, Escuta ativa, Saúde.


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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................05
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................................08
3 OBJETIVO..........................................................................................................................13
4 MÉTODO ...........................................................................................................................13
5 RESULTADO E DISCUSSÃO ...........................................................................................13
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................................................18
7 REFERÊNCIAS .................................................................................................................19
8 APÊNDICES ......................................................................................................................20
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1 INTRODUÇÃO

De acordo com Schultz e Schultz (1981), as mesmas interrogações sobre a


humanidade feita no passado, em séculos atrás, também são as mesmas feitas hoje.
Mesmo acompanhando a evolução humana de forma cientifica. O que leva a uma
forma dicotômica de tratar a psicologia, sendo ela uma das disciplinas acadêmicas
mais antigas, e também uma das mais novas. O que dá continuidade ao passado e o
presente, estarem vivas como seu objeto de estudo.

Não existe uma uniformidade, ou uma única abordagem diante da psicologia


moderna, quando se falar disso, o que pode enxergar, é uma diversidade de
especialidades e modalidades a serem estudadas. Não se trata de uma fragmentação
ou enfraquecimento da ciência, mas sim e ampliação de formas e objetos de estudo.
A temática dentro da psicologia acaba se tornando inesgotável, "a história da
Psicologia é por si só uma narrativa fascinante, a qual não faltam o drama, a tragédia
e as ideias revolucionárias" (Schultz e Schultz, 1981)

Sabendo que um dos objetos de estudo da psicologia, diz-se que o principal, é o


comportamento do indivíduo. O foco da psicologia hospitalar se faz em torno do
adoecimento. Assim é necessário pensar que os aspectos psicológicos não existem
de forma avulsa. Logo, uma das características da psicologia hospitalar, a que tem
mais relevância é que "ela não estabelece uma meta ideal para o paciente alcançar,
mas simplesmente aciona um processo de elaboração simbólica do adoecimento."
(Simonetti, 2004.).

A atenção da psicologia à subjetividade possibilita ao sujeito a elaboração simbólica


do adoecimento. Mas “o psicólogo hospitalar participa dessa travessia como ouvinte
privilegiado, não como guia. [...] sua filosofia é reposicionar o sujeito em relação à sua
doença” (Simonetti, 2004).

Inicia-se em 1818 a história da psicologia hospitalar, onde em um hospital em


Massachussets foi formada a primeira equipe multidisciplinar que foi introduzida o
serviço de psicologia para o trabalho em conjunto com os outros profissionais. Sendo
logo mais à frente, no ano de 1904, no mesmo, Hospital McLean. Foi fundada um
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laboratório de psicologia desenvolvendo pesquisas pioneiras diante do ambiente


hospitalar. (Ismael, 2005; Bruscato, Benedetti & Lopes, 2004).

Durante um longo tempo foi se utilizado de saberes de outras áreas da psicologia,


para formar o que seria a psicologia hospitalar, e sua atuação. Saberes esse que nem
sempre foram os mais adequados a atuação do profissional no ambiente hospitalar.
A inexistência de uma técnica clara, dificultou a legitimação do profissional de
psicologia diante da instituição de saúde. Mas a diversificação evidente dos espaços
em que a psicologia poderia atuar no contexto hospitalar. Fez com que fosse
direcionado pesquisas e publicações voltadas para a pratica do psicólogo, com o
intuito de fortalecer a identidade profissional dessa área. (Angerami-Camon, 2002).

Na década de 30, foi que se iniciou um processo na saúde sobre Higiene mental
como propostas alternativas à internação psiquiátrica, e o psicólogo inaugura, junto à
Psiquiatria, seu exercício profissional na instituição de saúde. Os relatos de inserção
do psicólogo em hospitais começam na década de 50, com Matilde Neder instalando
um Serviço de Psicologia Hospitalar no Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo. (Almeida, 2010)

Psicologia Hospitalar foi reconhecida desde o ano de 2000 como uma especialidade
pelo Conselho Federal de Psicologia. Valendo a lembrança de que no ano de 1997
teve a fundação da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar (SBPH), para que
pudesse ser fortalecida a área no cenário brasileiro. O objetivo da sociedade é ampliar
ainda mais os campos de atuação e pesquisa, assim também como promover
conhecimento e fazer com que cada vez mais o profissional que se dedica a este
campo esteja empenhado em seu fazer psicologia. (Ismael, 2005).

De acordo com Conselho Federal de Psicologia (CFP, 2007) o psicólogo hospitalar


poderá atuar em instituições de saúde, participando da prestação de serviços de nível
secundário ou terciário da atenção à saúde, bem como em instituições de Ensino
Superior. O profissional também pode atuar em outras áreas oferecendo seus
serviços a tratamentos, tendo como principal tarefa avaliar e acompanhar
psiquicamente os pacientes que estão ou serão submetidos a procedimentos
médicos, visando promover, prevenir e recuperar a saúde física e mental. Suas
atividades poderão ser desenvolvidas em diferentes modalidades de intervenção,
dependendo da demanda e da formação do profissional específico.
7

O estudo no enfoque da psicologia social e da saúde, propicia no campo hospitalar


a possibilidade de conhecer de forma geral e abrangente a atuação do psicólogo no
hospital e seu funcionamento. No atendimento aos pacientes o que mais se utiliza
são “ferramenta tecnológica de intervenção na qualificação de escuta, construção de
vínculos, garantia do acesso com responsabilização e resolução nos serviços”
(BRASIL, 2010)

A humanização trouxe novos olhares para os diferentes sujeitos implicados no


processo de produção da saúde, sendo eles: usuários, trabalhadores e gestores.
Tendo em vista os princípios da PNH, a Psicologia pode contribuir nesse processo
assumindo seu papel com compromisso social, baseando suas ações em uma
postura de inclusão, de um “estar com” e “perto de”, realizando um atendimento
integral, a partir de uma escuta ativa, resolutiva, dinâmica, de empatia e de
estabelecimento de vínculo (ROMERO; PEREIRA-SILVA, 2011).

De acordo Azevêdo e Crepaldi (2016) os atendimentos não possuem um local


especifico para serem realizados podendo assim ser realizado em qualquer local
dentro da instituição. Nesse ambiente o psicólogo necessita ter um manejo no que é
significativo ao atendimento. Por conta de a psicologia ainda ter um forte clinico em
sua formação, é necessário saber que o contexto clinico nem sempre se enquadra
dentro do contexto hospitalar, o psicólogo precisa entender e compreender a dinâmica
da instituição hospitalar e as problemáticas que permeiam o hospital.

A partir desse breve desenvolvimento teórico, o presente relato de experiencia tem


como foco discutir sobre as práticas que são realizadas pelo psicólogo hospitalar a
partir da percepção de um estagiário de psicologia. A relevância desse trabalho se dá
pelo fato de ser possível em contribuir com a forma pratica que se compreende a
psicologia dentro da instituição hospitalar. Também podendo suscitar a temática nos
âmbitos teórico profissional no campo de atuação. E colocar em evidencia a
importância da escuta ativa como instrumento principal dessa pratica, abrangendo
para os fins de ouvir o paciente, o acompanhante e a equipe.
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Simonetti (2004) conceitua "a Psicologia Hospitalar como campo de entendimento e


tratamento de aspectos psicológicos atrelados ao adoecimento" (p.20). Segundo o
mesmo autor os aspectos psicológicos, subjetivos são manifestações do
procedimento de adoecimento. Sendo a subjetividade o objetivo do psicólogo
hospitalar, a doença sendo algo real, palpável que o sujeito carrega. De certa forma
o norte adotado é justamente dar voz a esse subjetivo que o paciente traz, mostrando
qual o seu verdadeiro lugar, algumas vezes ofuscada pela medicina. Uma
característica importante da psicologia hospitalar é a de que ela não estabelece uma
meta ideal a ser alcançada pelo paciente, mas simplesmente ouve de forma atenta e
estabelece o simbolismo necessário para a compreensão de “si” do paciente. Para o
autor, ela se propõe a ajudar o paciente a fazer a travessia da experiência do
adoecimento. O destino do sintoma e, por conseguinte, do adoecimento, depende de
muitas variáveis: do real biológico, do inconsciente e das circunstâncias. Logo, o
profissional participa dessa travessia como ouvinte privilegiado e não como guia.
(SIMONETTI, 2004).

O princípio da integralidade, é o que norteia a psicologia da saúde no Brasil. Uma


concepção dinâmica que enfatiza a inter-relação de aspectos envolvidos no processo
saúde e doença (Mattos, 2003) e na interdisciplinaridade. Esses aspectos são os
memos que ditam a prática da saúde e o que dela se desenvolve (Bonaldi, Gomes,
Louzada, & Pinheiro, 2007). A psicologia hospitalar representa apenas uma das
especialidades do psicólogo na saúde, e o que ele pode representar, iniciou-se na
década de 1950 com poucos profissionais psicólogos. Havia, no país, profissionais
com formação nas áreas das Ciências Humanas os quais eram responsáveis pela
assistência psicológica aos pacientes hospitalizados. Porém começou-se a perceber
que era importante essa iniciação do psicólogo na saúde como um dos pilares chaves
também para a formação e profissão, e sua importância ao trabalhar em conjunto com
as outras áreas da saúde (Angerami-Camon, 2002).

No ano de 1977 surge no Brasil o primeiro curso de psicologia hospitalar, na tentativa


de facilitar a formação de profissionais nessa área, na Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo, iniciado por Bellkiss Romano. Mas só na década de 80 que vamos ter
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os primeiros destaques dessa especialidade "I e o II Encontros Nacionais de


Psicólogos da Área Hospitalar", eventos científicos que contribuíram para o
aprimoramento profissional (Romano, 1999).

De acordo com Santos e Jacó-Vilela (2009), os psicólogos estavam diante de teorias


e técnicas das abordagens psicológicas, mas na tentativa de sanar os desafios da
saúde, que ainda estava tão distante. De forma técnica e política, começa-se a
movimentar as mãos de obra qualificadas opara as demandas da psicologia
hospitalar. Nas primeiras atividades da Psicologia implementadas em hospital geral,
predominava uma perspectiva prática da Psicologia clínica tradicional. Porém, diante
do que se era apresentado como demanda da instituição hospitalar, a simples
transposição do modelo se mostrava insuficiente para atender uma demanda tão nova
e complexa. Assim, foi necessário promover uma reflexão crítica acerca das
atribuições profissionais do psicólogo que atua em hospitais, principalmente no que
se refere à sua inserção nas equipes de saúde.

Além disso, Miyazaki et al. (2006) organizaram a publicação de pesquisas que


auxiliaram a atuação profissional nos seguintes pontos: avaliação psicológica,
preparação de crianças para cirurgias, identificação de estresse e estratégias de
enfrentamento em pacientes submetidos a transplantes e hospitalizados por doenças
crônicas e outras temáticas relevantes. Os estudos científicos contribuíram para o
crescimento da área e reconhecimento das atividades profissionais do psicólogo no
hospital geral.

A perspectiva interdisciplinar por meio do diálogo constante entre a equipe de saúde


representa uma estratégia efetiva para facilitar a comunicação, conforme foi
destacado por Chiattone (2006) e Almeida (2000). Isso possibilita discutir
características de um caso clínico com os profissionais, definir procedimentos de
intervenção e acompanhar os resultados avaliando seus efeitos.

Angerami-Camon (2010), a partir de uma fundamentação fenomenológica existencial,


enfatiza que se trata de uma área a qual visa minimizar, no paciente, o sofrimento
gerado pelo processo de hospitalização, por meio da escuta e da empatia para iniciar
a ressignificação ou atribuição de novos significados às suas vivências.
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Essa visão multidimensional, focalizada na comunicação, na dinâmica do contexto


hospitalar, representa o elemento central para reflexões críticas (Moré, Crepaldi,
Gonçalves, & Menezes, 2009)

O atendimento da psicologia hospitalar, não possui um local especifico para


atendimento como a clínica, e sim é realizado em local distinto e disponibilizado que
possa propor segurança e confiança ao paciente, como as unidades de internação e
ambulatórios. Por causa disso, é preciso considerar as características de cada local,
verificando o contexto apropriado para o atendimento, e o período destinado ao
acompanhamento (Azevêdo & Santos, 2011). O paciente hospitalizado irá apresentar
algumas demandas do contexto pessoal, mas também na dimensão dada ao seu
adoecimento, o que exige do psicólogo habilidades para estabelecer vínculo e manter
o foco nas demandas centrais, por isso a importância da avaliação e intervenção
psicológica.

A escuta ativa, qualificada e comprometida quer dizer que o ato de ouvir o sujeito, e
sua família, a fim de conhecê-lo para além dos contornos patológicos. Isso alinha-se
aos preceitos da Política de Humanização do Sistema Único de Saúde (SUS) que,
em suas diretrizes, encaminha as práticas de saúde à valorização da dimensão
subjetiva, comprometidos com a produção de sujeitos autônomos em seus processos
de saúde (BRASIL, 2004). Tendo isso como ponto central, observa-se que a escuta
é a chave para uma boa pratica da psicologia dentro da saúde e em especifico, dentro
da instituição hospitalar.

Necessário também ter como atitude importante, inserir o sujeito que se encontra
adoecido no seu tratamento. É importante colocar para ele informações necessárias
e posiciona-lo como agente de seu próprio processo de saúde, dando a ele não só
conhecimento , mas autonomia e responsabilidade sobre seu cuidado e que esses
processos se estendam para além do contexto hospitalar. Isso só é possível, na
medida em que se viabiliza esse espaço de escuta e de informações entre profissional
e usuário, dando para ele o acolhimento necessário (CECILIO; MERHY, 2003)

De forma pratica o CFP traz que no hospital, onde o risco de vida e a possibilidade
da morte estão presentes, o psicólogo pode facilitar o curso da vida; a isto se pode
denominar promoção de saúde e de qualidade de vida. Neste sentido, a Psicologia
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Hospitalar situa-se além do trabalho de humanização da instituição, oferecendo


tratamento especifico para as questões do ser humano no decorrer da sua história de
vida (LAZARETTI et AL, 2007, p.10).

Diante do estágio, necessário observar a dinâmica vivenciada pelo estagiário que é


inserido no ambiente hospitalar. Se deparando fora do ambiente acadêmico consegue
enxergar de forma social e real no ambiente de saúde publica: a pobreza, a miséria,
as filas para esperar atendimento são situações que os chocam profundamente.
Somado a isso, têm que se deparar com o sofrimento físico do doente, o contato com
a dor, o sangue, a morte e os maus odores decorrentes da doença (CHIATTONNE,
2000).

Contato com o paciente, diferenciado do modelo clássico e clinico. O hospital não


permite a privacidade que é colocada como ferramenta de apoio aos atendimentos
pelo modelo clínico e tampouco os seus atendimentos duradouros. Além disso, a
demanda de quem está no Hospital não é somente o sofrimento psíquico, mas o físico
(ANGERAMI-CAMON, 2001; CHIATTONE, 2000).

Um outro ponto delicado a se verificar na vivencia hospitalar é as demandas da


família, ao receber a notícia da doença e/ ou hospitalização de um de seus membros,
desequilibra-se, podendo até mesmo desenvolver algum tipo de patologia em
decorrência do estresse (ROMANO,1999). Ou até mesmo ao acompanhar o familiar,
demandando seu cuidado, traz de forma abrangente a dinâmica de solicitações,
tomando o hospital como um local privado e pronto para atender. Porém a família é
importante para nos dar informações sobre o paciente e também como objeto de
nossa intervenção.

O relacionamento com a equipe de saúde é um outro pilar de impasses para o


profissional de psicologia, e o aluno estagiário. Acreditamos que esse tema possa ser
mais ou menos polêmico dependendo da inserção da Psicologia no Hospital. Há
relatos de psicólogos que demonstram a Psicologia efetivamente fazendo parte da
equipe interdisciplinar. (ROMANO, 1999)

Diante dessas diretrizes e da inserção da psicologia no ambiente de saúde e no


hospital. Se dá o trabalho de estágio. Proporcionando a vivência nas relações,
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instituição hospitalar e estagiário, para proporcionar uma imersão na prática


hospitalar.
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3 OBJETIVO

O objetivo do presente trabalho é relatar as experiências do estágio obrigatório da


disciplina de Estágio Supervisionado II, do curso de Psicologia da Uninassau – João
Pessoa.

4 METODO

Relato de experiência de estágio supervisionado realizado por um aluno do 9º período


do curso de Psicologia acerca das práticas realizadas pelo psicólogo hospitalar. O
estágio foi realizado no Hospital Municipal Santa Isabel (HMSI), na cidade de João
Pessoa-PB, no período entre maio e julho de 2022. Os dados se deram por meio da
observação e do acompanhamento junto aos profissionais de psicologia do hospital,
sendo feitos os registros no diário de campo sobre as atividades que foram realizadas
no decorrer do estágio.

5 RESULTADO E DISCUSSÃO

A partir da atividade teórico práticas como o estágio é desenvolvido, e a observação


e notas realizadas nos campos de atendimentos dentro da instituição hospitalar, foi
realizado discussões com a equipe de como poderia ser utilizado de forma muito mais
elaborada a escuta, e todo o material que poderia ser observado com esse
instrumento de escuta ativa.

De acordo com as observações no campo, foi possível conhecer as atividades


desenvolvidas pela equipe de profissionais de psicologia que envolvem:

Admissão de pacientes (pré internação): Visa atender os pacientes de forma pré


cadastrada. Uma entrevista realizada com os indivíduos que irão realizar algum tipo
de cirurgia. Nesse momento o paciente já deve ter passado pela consulta médica,
onde ele trará um pouco de conhecimento do procedimento ao qual será submetido,
e se há algum fator de ansiedade.
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Nesse momento também é realizado uma anamnese buscando um levantamento


diante das funções psíquicas do paciente, ou até mesmo se há alguma eminencia
previa a rebaixamento psíquico pré ou pós cirúrgicos.

Nesse momento também buscamos os fatores sociais que o colocam diante daquela
instancia cirúrgica.

Avaliação psicológica para vasectomia: A avaliação tem como trabalho focal as


condições psicológicas dos pacientes que serão submetidos ao procedimento de
Vasectomia. Por isso se realiza a Avaliação Psicológica de acordo com os princípios
e diretrizes profissionais e legislações, devendo o profissional ter o devido manejo
para a avaliação técnico e teoricamente preparado para isso. O psicólogo deve fazer
tal análise considerando os fenômenos biopsicossociais, ciente de um procedimento
cirúrgico sem reversão. De acordo com o Art. 10º da Lei nº 9.263, de 12 de janeiro de
1996, para a realização dos procedimentos de esterilização voluntária, que são eles:

Homens com capacidade civil plena e maiores de 25 anos de idade ou, pelo menos,
com dois filhos vivos; ter estabilidade conjugal (se estiver casado); haver comum
acordo do casal; Prazo mínimo de 60 dias entre a manifestação da vontade e o ato
cirúrgico; existir indicação psicológica e/ou social. Após o parecer da equipe de
psicologia, o paciente pode prosseguir com os demais encaminhamentos para
realização do procedimento cirúrgico.

Busca ativa e acolhimento: Consiste nas visitas diárias nas enfermarias. São
divididas em duas alas, masculinas e femininas. Dessa forma os pacientes, e as
pacientes conseguem ter maior privacidade, e também para um maior manejo dos
acompanhantes. As visitas ocorrem sempre após a primeira passagem do médico
(com as informações clinicas) e o banho dos pacientes, para que possa ser realizado
uma escuta de forma mais eficaz, para os pacientes que se encontrem conscientes e
orientados. Com o sujeito “tranquilizado”, por já ter uma noção de seu caso clinico
naquele dia, e também por estar limpo e higienizado (o que consegue proporcionar
mais tranquilidade ao indivíduo no ambiente de internação). Nesse momento o
paciente é ouvido sem interferência, se faz necessário atenção as demandas que irão
ser apresentadas. A depender da demanda, já se é realizado a interconsultas com a
equipe para que se possa buscar um melhor manejo e solução do que for
apresentado, e poder proporcionar uma devolutiva rápida, compreendendo que o
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ambiente e o processo de adoecimento, já se é visto como um grande desconforto


para o sujeito.

A escuta tem a finalidade de amenizar a ansiedade, a tensão, e também busca


compreender melhor o sujeito que ali se apresenta, assim bem como o atendimento
breve e focal, visando o adoecimento, a internação e o tratamento em andamento
naquele momento.

Acompanhamento dos pacientes em UTI: O manejo dos pacientes na UTI, também


visa os pontos focais de adoecimento, internação e tratamento, porém na prática
também a outras formas de se apresentar o trabalho da psicologia. Como se trata de
pacientes muitas vezes com alterações psíquicas ou rebaixamento da consciência. A
atenção pode ser dada de forma sugestiva enquanto o mesmo permanece
desacordado, ou até mesmo tendo uma atenção maior para que o sujeito poça
desenvolver uma linha de raciocínio coerente.

As visitas para os atendimentos na UTI, sempre é acompanhada de uma interconsulta


com medico plantonista e enfermagem. Para compreender o caso do paciente que ali
se apresenta. Quando o paciente se encontra consciente e orientado auto e
alopsiquicamente, se tem uma escuta mais atenta, compreendendo não somente as
demandas da hospitalização, mas também a história de vida daquele paciente.

O acompanhamento nas UTIs ocorre de forma espontânea, ou também por


solicitação da equipe, quando se nota de alguma forma o paciente apático, ou com
alguma alteração de humor.

Acompanhamento e acolhimento das famílias em visitas a UTI: Esse momento


tem por objetivo manejar o momento das visitas nas Unidades de Terapia Intensiva
(UTI). Esse manejo é realizado juntamente com a equipe de serviço social,
organizando os familiares presentes durante sua chegada ao hospital, conduzindo
para as unidades e acompanhando todo o momento da visita, cujo horários são
organizadas da seguinte forma: Divide-se em dois horários iniciando as 14h até as
15h, e outro turno das 16h até as 17h.

A equipe de psicologia se faz necessário nesse momento, pois se é notado tenção e


muitas vezes um certo desgaste emocional, fragilidade a qual se encontram os
familiares que se fazem presentes nas visitas, diminuindo assim a ansiedade, atuando
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no fortalecimento de vínculos auxiliando na comunicação entre o paciente e o familiar


e também do familiar com a equipe médica responsável pela unidade, para que assim
sejam sanadas as dúvidas e feitos os devidos esclarecimentos.

Visto que as vezes, a depender do manejo realizado com o paciente, pode ocorrer
algum desentendimento por parte do familiar, por motivos a descordar da conduta
médica pelo simples fato da fragilidade emocional, ou a negação do estado que se
encontra o paciente. Nesses casos a psicologia também atua como redutora de danos
e facilitando a comunicação. Assim como informado na Cartilha do CREPOP
(Referências Técnicas para Atuação de Psicólogos(as) nos Serviços Hospitalares do
SUS). “O psicólogo no ambiente hospitalar atuará para diminuição dos ruídos
causados na comunicação...”. Tendo em vista que a atuação do psicólogo está no
ambiente hospitalar para o paciente, a família e a equipe.

Acompanhamento e acolhimento as famílias para noticia de óbitos: Dado que a


equipe da psicologia também entra na equipe multidisciplinar plantonista, estando no
hospital 24h por dia, podendo ser convocada a qualquer momento para acolher a
demanda que for necessária. Seja essa demanda dos pacientes, ou até mesmo dos
familiares. Podem sim ser convocadas para acolher as familiar de pacientes que
vierem a óbito. Um momento de grande fragmentação para a família, e de fragilidade
emocional que precisa de um conhecimento situacional muito holístico. Atuando para
amenizar o sofrimento no momento, conhecendo o luto e sua vivência e trazendo a
consciência das pessoas envolvidas no processo.

A equipe de psicologia acolhe a família juntamente com o serviço social, que estará
atuando com o recebimento e o funcionamento do familiar dentro da instituição, e a
psicologia dando todo o apoio emocional, e de acolhimento daquele sofrimento. O
familiar é conduzido até o espaço em que a equipe médica responsável pelo paciente
dará a notícia. Passando para o familiar o quadro clínico e a possível causa do
falecimento. Logo após, os familiares são conduzidos ao setor do Serviço Social para
início dos procedimentos legais para liberação do corpo e demais procedimentos
cabíveis. O(A) psicólogo(a) também deve estar preparado para intervir em caso de
intercorrência com algum familiar que necessite de um suporte pontual naquele
momento, acionando a equipe para verificação de pontos vitais do familiar, ou
intervindo em algum desconforto gerado pela notícia.
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Acompanhamento das famílias em reuniões da comissão de cuidados


paliativos: No HMSI através de uma equipe juntamente com o médico paliativista,
tem sido implementado o trabalho de cuidados paliativos, criado uma comissão com
as várias especialidades envolvidas e profissionais que reconhecem os cuidados
paliativos como sendo uma forma de humanização, e que faz esse acompanhamento
com os pacientes que necessitam ou estão sujeitos a esse tipo de cuidado. Ponto
primordial trabalhado atualmente nas políticas de saúde levantadas pelo SUS,
De acordo com a ONU, os cuidados paliativos se caracterizam como práticas de
cuidado desenvolvidas por uma equipe interdisciplinar, com o objetivo de melhoria da
qualidade de vidado paciente e seus familiares, por meio da prevenção e alívio do
sofrimento, da identificação precoce, avaliação criteriosa e tratamento da dor e
demais sintomas físicos, sociais, psicológicos espirituais. Ou seja, tal definição da
ONU indica que a família do paciente diagnosticado com uma doença potencialmente
ameaçadora da vida também requer cuidados e acesso claro às informações
possíveis do quadro clínico, tendo em vista todas as consequências socioemocionais
relacionadas ao processo de hospitalização, terminalidade e luto.
A Comissão de Cuidados Paliativos do HMSI conta com o médico responsável, com
a Psicologia e o Serviço Social, que se fazem presentes na conferência familiar,
dando suporte aos familiares presentes e disponibilizando seus serviços para
possíveis necessidades no cuidado também da família durante a hospitalização do
paciente e também para intervir se necessário em alguma intercorrência durante o
encontro

Ademais, são ações fundamentais recomendadas pela Politica Nacional de


Humanização (PNH): o acolhimento, a atenção à alteridade e à ambiência. “A
valorização da dimensão subjetiva e coletiva em todas as práticas de atenção e
gestão do SUS fortalecendo o direito à cidadania; ((BRASIL, 2008, p. 18). Tendo em
vista esse funcionamento da humanização se da o que se é necessário
principalmente a escuta ativa tão diferenciada. A escuta que vai além de apenas de
um tempo doado ao outro, mas sim a fomentação de uma escuta diferenciada e
qualificada aos pacientes e familiares.

A necessidade da utilização desse instrumento para uma analise de demandas e


garantia da atenção integral e resolutiva. No contexto de hospitalização, em qualquer
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uma das instancias citadas, ou atividades realizadas na instituição, o relacionamento


terapêutico de escuta pode ser o elo facilitador da humanização para assistência
hospitalar, pois visa estimular o indivíduo a realizar o enfrentamento das dificuldades,
a fim de propor a construção de um novo olhar sobre sua vida atual e a perspectiva
de um novo caminho após a alta hospitalar. Além disso, na prática assistencial, os
princípios básicos da humanização são fortalecidos por essa relação terapêutica, da
escuta ativa que promove o bem-estar, acolhimento e o vínculo do paciente com o
profissional de saúde.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados mostram a importância da psicologia como especialidade inserida


dentro da instituição hospitalar, nos cuidados integrais ao paciente, do planejamento
à execução, assumindo uma atitude interdisciplinar, visando sempre, a promoção da
saúde, prevenção, avaliação e reabilitação da saúde psicológica e psicossocial dos
envolvidos no processo. E principalmente no manejo da escuta como instrumento de
alivio e também de investigação para proporcionar uma melhor atuação da equipe.

A realização do Estágio Supervisionado em Psicologia Hospitalar no Hospital


Municipal Santa Isabel (HMSI, João Pessoa – PB), nos possibilitou a aquisição de
conhecimentos teóricos-metodológicos fundamentais para uma atuação responsável
e compromissada com a saúde, bem estar e qualidade de vida das pessoas
hospitalizadas.

A prática de estágio permitiu uma visão mais abrangente do processo da assistência


psicológica hospitalar, visando não somente ao paciente, mas também sua família e
a equipe de profissionais envolvidos nos cuidados e na reabilitação. Assim como
proporcionando a aplicação do conhecimento teórico na vivência prática.
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7 REFERENCIAS
Angerami-Camon, V.A. (org). (2002). Psicologia da Saúde: Um novo significado
para a prática clínica. Pioneira: São Paulo

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da


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Bruscato, W.L.; Benedetti, C. & Lopes, S.R.A. (org). (2004). A prática da psicologia
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setembro de 2007. Dispõe sobre o credenciamento de cursos de Residência em
Psicologia na área de Saúde e revoga a Resolução CFP nº 009/ 2000. Brasília: Autor
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