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Ana Carolina Rocha

Nicolas Barra

PSICOEDUCAÇÃO NA TERAPIA COGNITIVO- COMPORTAMENTAL

São João Del Rei, Minas Gerais


2022
INTRODUÇÃO
Como se sabe, a Teoria Cognitivo Comportamental é uma abordagem notadamente plural,
que busca, por meio da pluralidade e da convergência de diversos pressupostos teóricos,
tratar de problemas mentais e emocionais de um sujeito. Utiliza-se do conceito da estrutura
“biopsicossocial” na determinação e compreensão dos fenômenos relativos a psicologia
humana
Existem diversas formas de se fazer psicoeducação. Esta intervenção é muito falada no
contexto da terapia cognitivo-comportamental (TCC), mas qualquer ação que busca
promover a conscientização a respeito de transtornos mentais e do funcionamento cognitivo
pode ser considerada uma ação de psicoeducação

O QUE É PSICOEDUCAÇÃO?
A psicoeducação é um tipo de intervenção psicológica realizada de forma sistemática e
estruturada com a finalidade de promover amplificações do conhecimento do paciente e das
pessoas próximas a ele, a respeito de sua condição de saúde mental.
Portanto, o paciente e seus amigos e familiares, aprendem mais sobre o transtorno no qual o
paciente está lidando, caso haja previamente um diagnóstico, como sobre o processo de
tratamento, as alternativas disponíveis, o prognóstico, entre outros.
Em questões originárias, a psicoeducação surgiu como um tratamento para a esquizofrenia,
baseada na ideia de que pacientes com o transtorno poderiam ter um prognóstico melhor se
tivessem apoio e envolvimento de familiares e amigos próximos no tratamento.
Eventualmente, percebe-se que essa maneira de se trabalhar, acaba sendo mais efetiva para os
demais e diversos tipos de transtornos, como de personalidade, psicóticos dentre outros.

POR QUE A PSICOEDUCAÇÃO É IMPORTANTE?


A psicoeducação, ao longo do tempo, foi se mostrando muito importante durante o
tratamento dos pacientes, pois ajuda a pessoa a estar mais consciente acerca de sua condição
e das possibilidades. Sendo assim, ela estará mais preparada para tomar decisões informadas
acerca do seu tratamento, podendo participar de forma ativa no seu processo de mudança.
Os pacientes que passam pelo processo psicoeducativo, costumam apresentar uma melhor
compreensão dos seus sintomas, bem como uma maior aderência ao tratamento, fazendo a
utilização correta da medicação prescrita e participando mais ativamente das sessões
psicoterápicas
QUAL É O OBJETIVO DA PSICOEDUCAÇÃO?
Na TCC, a psicoeducação é realizada com o objetivo de ensinar ao paciente sobre o
funcionamento cognitivo, levando em consideração os três princípios fundamentais da
TCC:
1. A atividade cognitiva influencia o comportamento;
2. A atividade cognitiva pode ser monitorada e alterada;
3. O comportamento desejado pode ser influenciado mediante a mudança cognitiva.

Ou seja, com a psicoeducação, o processo terapêutico se torna mais transparente, abrindo


possibilidades de que o paciente possa se familiarizar com o processo mais facilmente, bem
como reforça o laço entre paciente e terapeuta.
Todavia, esta não é a única forma de se fazer psicoeducação. Um outro exemplo é a produção
de materiais informativos sobre transtornos mentais das diferentes e diversas psicoterapias
disponíveis.É importante ressaltar que a psicoeducação não substitui uma avaliação e
diagnóstico formal por um profissional.
Exemplos de como a psicoeducação pode ser feita, incluem:
- Um terapeuta explicando ao paciente de que maneira seu diagnóstico pode impactar
no seu funcionamento;
- Um psiquiatra explicando como uma medicação age para aliviar os sintomas dos
transtornos mentais;
- Um hospital psiquiátrico promovendo apoio e educando os familiares das pessoas a
respeito do tratamento;
- Aulas e palestras com o intuito de educar a população geral a respeito de saúde mental
e como acessar os serviços oferecidos para ajudar nesse âmbito;
- Grupos de apoio como a objetividade de auxiliar pessoas com um diagnóstico em
comum a compartilhar estratégias e informações.

COMO A PSICOEDUCAÇÃO PODE AJUDAR?

Pessoas que possuem transtornos mentais podem, em certos momentos, terem crises que
poderão trazer prejuízos significativos em suas vidas. Com a psicoeducação, pacientes com
os mais diversos tipos de transtornos aprendem a identificar esses momentos de crise,
permitindo que ajam a tempo de reduzir os danos possivelmente acometidos.
Alguns exemplos da psicoeducação em ação são:
- A síndrome do pânico é um transtorno de ansiedade caracterizado por crises de
pânico, que geralmente envolvem sintomas psicossomáticos como dores no peito,
taquicardia, sudorese, respiração ofegante, tremores, náuseas,etc. Diante aos sintomas,
a pessoa que não sabe sobre a sua própria condição, pode ir buscar ajuda médica e
fazer exames e consultas desnecessariamente, tendo em vista que os sintomas não são
causados por um problema orgânico e sim por uma condição psicológica. Com a
psicoeducação, os pacientes que sofrem de síndrome do pânico podem compreender
melhor sua condição e conseguir identificar crises logo nos primeiros sintomas, sem
recorrer a um hospital desnecessariamente. Além disso, a pessoa irá aprender técnicas
para lidar com estes sintomas, diminuindo consideravelmente o sofrimento associado
ao transtorno.
- No enfrentamento dos pensamentos automáticos, pacientes que sofrem com o
transtornos de humor frequentemente apresentam pensamentos disfuncionais que não
refletem a realidade e que podem trazer consequências comportamentais prejudiciais.
- Durante episódios depressivos, a pessoa pode apresentar pensamentos que denotam
baixa autoestima, como “eu não presto, “tudo que faço dá errado", “sou uma péssima
pessoa ``, entre outros. Nesse momento a psicoeducação pode auxiliar no
encorajamento da pessoa para enfrentar esses pensamentos, compreendendo-os como
mais um sintoma do transtorno e instruindo a buscar evidências de que estes não
seriam realidade, ajudando a aliviar os efeitos deste pensamento no humor e no
comportamento.
- Em transtornos afetivos bipolares, existe a mania, que é um episódio de humor
caracterizado por sentimentos eufóricos, autoestima elevada, sentimentos de
grandiosidade, aumento de entre outros. Durante a um episódio desses, a pessoa pode
ter pensamentos automáticos como “eu nunca erro “ sou invencível” e, desse modo,
seu comportamento pode ser irresponsável, pois pode-se tendenciar a se envolver em
atividades tomar atitudes de risco, pensando que não irá dar em nada. Essas ações
podem tanto colocar sua vida em risco, quanto dos demais do ciclo de convivência do
indivíduo. Com a psicoeducação, reconhecendo que estes pensamentos como parte de
um episódio de humor, a pessoa poderá compreender que aquilo não necessariamente
é verdade e pode fazer o uso de técnicas aprendidas em terapia, para evitar
comportamentos irresponsáveis, reduzindo os danos que podem ocorrer durante esses
episódios de humor.
- Já enquanto aos familiares e amigos, pode-se acontecer de que eles não compreendam
o transtorno e, frequentemente, acabam ressentindo o paciente pelos seus sintomas.
Com a psicoeducação é possível que eles possam ter uma compreensão melhor do que
o indivíduo está passando, aprendendo então, a não apenas não ressentir o mesmo,
mas também ajudá-lo em momentos de crise por meio de técnicas ou até mesmo
apenas reconhecendo os sintomas de uma nova crise logo no começo, assim, podendo
auxiliar o paciente a buscar ajuda antes que a situação se agrave.Esse apoio
frequentemente é um dos pontos chave para um melhor prognóstico quando se fala
em saúde mental. Ter uma rede de apoio composta por amigos e familiares que estão
presentes e atentos às dificuldades apresentadas pelo paciente faz uma diferença
significativa no tratamento.

Apesar de não ser muito falada, a psicoeducação é mais uma das diversas formas de
promover saúde mental. Contudo, ela não substitui uma avaliação profissional.

São João Del Rei, Minas Gerais


2022

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