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Avaliação de crianças e

adolescentes:
aspectos cognitivos
Prof.Me.André Pereira Gonçalves
Desenvolvimento Humano
• Processo multidimensional

• Estende ao longo da vida

• Influenciado por fatores hereditários e socioambientais

• As maturações cerebrais, por exemplo, ocorrem em momentos, níveis e velocidades distintas,


atingindo sua maturidade completa somente ao final da adolescência e início da vida adulta
Infância
• Marcado por acentuado desenvolvimento

• Aquisições motoras, cognitivas, emocionais, sociais e adaptativas são


observadas

• Do mesmo modo, as experiências modificam e aprimoram as


habilidades formando um sistema integrado que participa ativamente
na aquisição dessas novas competências
Adolescência
• Assim como na infância, a adolescência é também
compreendida por intensas transformações

• Mudanças hormonais, físicas e psicossociais

• Influenciam no bem estar do adolescente


Cognição
Refere-se à aquisição, transformação e aplicação do conhecimento

Inclui uma gama de processos relacionados à capacidade de percepção, atenção, memória,


linguagem, habilidades visuoconstrutivas, processos intelectuais e funções executivas

A partir da integração destas habilidades, a cognição humana se constitui

Padrões de comportamento e pensamento inicialmente simples se complexificam, dando espaço à


metacognição, pensamento abstrato e melhora qualitativa no processamento de informações
Cognição
Constantemente influenciada e influencia diversos outros aspectos
essenciais para garantir um desempenho adequado na vida
cotidiana

Investigar e compreender o funcionamento cognitivo permite a


identificação de déficits e o planejamento de intervenções
O processo avaliativo em
crianças e adolescentes
Prática muito requisitada

Avaliação de crianças é mais comum que avaliação de adultos

Principalmente no âmbito clínico e educacional


O processo avaliativo
• Dentre as principais solicitações de avaliação:

• Aspectos cognitivos, comportamentais e emocionais; a prevenção e


identificação precoce de déficits; a identificação de superdotação/altas
habilidades; o diagnóstico diferencial; o auxílio no tratamento de transtornos
do neurodesenvolvimento; a construção de intervenções terapêuticas; a
instrumentalização de diferentes profissionais; e principalmente, a
compreensão de todo o processo de desenvolvimento e aprendizagem
daquele indivíduo
O processo avaliativo

• Profissional deve estar atento às especificidades da criança/adolescente

• Espera-se um conhecimento sobre o desenvolvimento típico e atípico, os


marcos maturacionais e os períodos críticos do desenvolvimento humano,
bem como reconhecer os principais transtornos acometidos nesta faixa
etária
Preparação e cuidados a serem tomados

• Avaliar crianças pequenas, o profissional poderá ter dificuldades e interrupções


decorrentes da troca de fraldas, timidez, falta de entrosamento ou até
ansiedade de separação, choro ou sono excessivo (“hora do soninho”),
nascimento de dentes, agitação psicomotora, fixação por um objeto específico

• Todo o material seja higienizado antes e depois da aplicação, pois as crianças


tendem a jogá-lo no chão ou levá-los à boca

• Certifique-se de que a criança/adolescente não esteja com sono, cansado, sede,


fome ou necessite ir ao banheiro
Preparação e cuidados a serem tomados

• Avisar os responsáveis no primeiro encontro sobre a necessidade de a


criança/adolescente dormir as horas necessárias na noite anterior e de se
alimentar

• É preciso explicar sobre o processo avaliativo; este pode ser um motivador


no caso das crianças mais velhas e adolescentes

• Saber o motivo da avaliação pode auxiliar no engajamento, empenho e


responsabilidade em cada atividade
Preparação e cuidados a serem tomados

• Sente-se na mesma altura que o examinando, utilize um linguajar apropriado


para a idade

• Apresente as instruções lentamente, sem modificá-las, sempre observando se a


criança está engajada e estabelecendo um contato visual e atenção
compartilhada

• Caso esteja na dúvida sobre a assimilação da informação, peça para a criança


explicar o que deve ser feito e se o instrumento permitir, repita as instruções
Preparação e cuidados a serem tomados

• Dependendo da idade os movimentos motores finos ainda não foram


desenvolvidos e, portanto, em caso de utilização técnicas gráficas usar giz
de cera e papel pardo

• Não conseguem ficar sentadas nem sustentar sua atenção por longos
intervalos de tempo

• Cuidar para não prolongar demasiadamente os procedimentos


Preparação e cuidados a serem tomados

• Verificar o nível atencional das crianças a adolescentes

• Caso o nível de atenção estiver flutuante ou rebaixado, o desempenho nos


instrumentos aplicados nesta sessão poderá ser prejudicado

• Durante a aplicação dos instrumentos, recomenda-se a remoção de


possíveis elementos que possam causar distração, tais como janelas
abertas, potes com canetas e objetos decorativos
Entrevista clínica e anamnese

• A entrevista clínica, segundo Tavares (2000), consiste em um conjunto de técnicas de


investigação, de tempo delimitado, dirigido por um entrevistado treinado, utilizando
conhecimentos psicológicos em uma relação profissional

• Pais/responsáveis, o relato dos professores e de outros profissionais tornará a entrevista


mais completa e com múltiplas perspectivas

• É considerada uma das etapas de maior importância no processo avaliativo

• Não há um roteiro, nem uma ordem de perguntas preestabelecidas


Entrevista clínica e anamnese

• Abaixo seguem alguns pontos norteadores que podem ser abordados durante a primeira entrevista com os
pais/responsáveis:
• Informações gerais do cliente e dos pais: nome completo, endereço e telefones, data e local de nascimento,
sexo, lateralidade, escola (tipo de escola, série/ano), irmãos (quantos, posição de nascimento), medicamento
(dosagem, motivo, tempo), estado civil, escolaridade e ocupação dos pais.
• Demanda: profissional e motivo do encaminhamento, queixa principal, histórico da
• queixa.
• Desenvolvimento: gestação, acompanhamento pré-natal, parto, amamentação, alimentação e alergias,
controle do esfíncter, sono, motricidade (sentar, engatinhar, andar), falar, menarca, tiques ou manias, hábitos
marcantes, uso e abuso de drogas.
• Histórico: histórico médico da criança (doenças, medicamentos já administrados, tratamentos,
hospitalizações e cirurgias), exames (exames de vista, audiometria, ressonância), acompanhamento com
outros profissionais, histórico familiar de doenças, condições médicas, alcoolismo ou outras drogas.
Entrevista clínica e anamnese

• Características marcantes: personalidade, humor habitual, relacionamento interpessoal,


relação com os pais e irmãos, atitudes e posturas no cotidiano, expectativas de futuro

• Vida escolar: ingresso na escola, alfabetização, desempenho acadêmico, repetências e


transferências escolares, queixas comuns dos professores, rotina, atividades diárias e de
lazer, nível de funcionamento pré-mórbido e atual

• Levantamento breve de sintomas cognitivos, emocionais e comportamentais

• Observações adicionais e nome e assinatura da pessoa responsável pelas informações.


Sessão livre e atividades lúdicas

• Precisamos falar com paciente sobre a presença dele para atendimento

• Realizar perguntas para compreender como o examinando vê o


encaminhamento, quais as principais preocupações e ansiedades, como se
relaciona com sua família, professores e pares em seu dia a dia

• Estabelecer o contrato psicológico: deve explicar melhor sobre a avaliação


(objetivo, questões sobre o sigilo, duração das sessões, dúvidas), estabelecer
certas regras para o bom convívio (“não quebrar ou joga materiais e
brinquedos”, “não bater no psicólogo”, “não correr ou gritar”)
Sessão livre e atividades lúdicas

• Iniciar com uma sessão mais livre e menos estruturada contendo uma atividade mais lúdica é
sempre um bom começo

• Observar como a criança se comporta, como lida com a frustração e como estabelece o vínculo

• Verificar certos comportamentos diante de uma tarefa simples, como por exemplo, sensação de
ansiedade, desatenção nas instruções, impulsividade, cansaço e/ou desinteresse

• Ao utilizar brinquedos, fantoches, massinhas e desenhos como mediadores, a criança se


expressa e vivencia experiências do cotidiano num espaço acolhedor através do brincar
espontâneo
Seleção e administração de técnicas e
instrumentos

• Fundamental que os instrumentos utilizados atendam aos critérios relativos


à idade e à demanda

• Não é recomendada a utilização de apenas uma técnica ou um instrumento


durante a avaliação

• É recomendado que os instrumentos sejam usados de maneira


complementares e não, isoladamente
Seleção e administração de técnicas e
instrumentos

• Sugere-se começar com tarefas mais fáceis e divertidas

• À medida que há uma maior interação entre o psicólogo e o examinando, tarefas mais
desafiadoras podem ser inseridas no processo

• Ao finalizar as sessões, se houver possibilidade, termine também com uma tarefa mais
simplificada, com a qual o examinando vá se sentir bem e obter sucesso

• Forneça um feedback de como ele se comportou e executou as tarefas naquele dia


Análise e integração das informações

• Após a aplicação e correção dos instrumentos, você deverá interpretar os


resultados obtidos

• Foco é obter um panorama das competências e não somente das limitações

• É indispensável que a análise possua um olhar contextualizado, que se


estenderá para além daquele indivíduo, conhecendo sua dinâmica familiar,
relações entre pares, aspecto socioeconômico e ambiente no qual está
inserido
Análise e integração das informações

• Para garantir uma apreciação global das informações, é imprescindível


realizar uma interpretação de cunho mais quantitativo, ou seja, uma análise
dos dados padronizados e normativos dos testes (ex.: escores, percentis,
médias, analisadas de acordo com uma amostra específica)

• Também uma interpretação dos aspectos qualitativos (ex.: observação


durante as sessões, estratégias usadas em cada tarefa, ênfase no processo e
não apenas no resultado final)
Entrevista devolutiva

• Última etapa da avaliação

• Laudo psicológico é apresentado e discutido com os responsáveis

• Devolução dos resultados também pode ser dada à escola

• Consiste no fechamento da avaliação e a abertura de orientações e


encaminhamentos
Entrevista devolutiva

• Promover um diálogo sobre as possíveis intervenções, sanando todas as


dúvidas que surgirem

• Um panorama sobre as funções preservadas e comprometidas (áreas de


forças e fraquezas) é apresentado minuciosamente

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