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Compreendendo

comportamentos difíceis.
Ambulatório de Neurogeriatria e
Demências do Hospital de Clínicas
de Porto Alegre

Sugestões práticas para


lidar com portadores da
Doença de Alzheimer e outras
doenças correlatas
Índice

Por que comportamentos difíceis


ocorrem? ........................................... 3
Como se comunicar com pacientes
com demência ................................... 5
Resolvendo problemas ....................... 8
Dicas gerais de manejo ...................... 8
Comportamentos difíceis:
descrição e manejo ............................ 9
1. Comportamento agitado ou
agressivo ....................................... 9
2. Alucinação e delírio .................... 11
3. Incontinência urinária ou fecal:
perda involuntária de urina ou
fezes ........................................... 11
4. Problemas ao vestir-se ................. 12
5. Problemas com o banho ............. 14
6. Problemas para alimentar-se ....... 15
7. Problemas com o sono ................ 17
8. Quando o paciente fica
vagando ...................................... 18
9. Ações repetitivas ......................... 21
10. Gritos, barulhos verbais ............... 23

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Por que os comportamentos
difíceis ocorrem?
Portadores de Alzheimer podem apresen-
tar comportamentos difíceis como: resistên-
cia, perambulação (andar sem parar), agita-
ção, incontinência, desorientação, etc. Esses
comportamentos podem ser conseqüência das
mudanças que estão ocorrendo no cérebro
do paciente em função da doença, ou podem
ser conseqüência de problemas médicos ou
ambientais.

Exemplo: Quando tomar banho for um pro­


blema, o paciente pode estar com dificul-
dade para caminhar, ter medo da água, medo
de cair, pode estar deprimido; pode estar com
infecções que geram mal estar, dor, tonturas
ou mesmo sentir-se envergonhado por expor
seu corpo diante de um cuidador estranho, es-
pecialmente se for do sexo oposto.

É fundamental que o cuidador tente iden­­ti­


ficar as causas dos comportamentos difíceis
do paciente e tente agir sobre as que po­
dem ser modificadas.

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Causas relacionadas com a saúde Outras causas:
físi­ca e emocional do paciente: • Tarefas muito complicadas, novas ou não
• Efeitos adversos de medicamentos adequadas à capacidade atual do paciente
• Visão ou audição prejudicada • Muitas orientações ao mesmo tempo
• Doença aguda como infecção do trato • Impaciência ou mudança de cuidador
uri­ná­­rio ou gastrointestinal, pneumonia, • Ser repreendido, confrontado ou contrariado
febre e outras
• Sentir-se inseguro ou esquecido
• Descompensação de uma doença crônica
• Ausência ou excesso de rotina nos cuidados
como angina, insuficiência cardíaca conges‑­
com o paciente
tiva, diabetes
• Dificuldade em entender o que está sendo
• Desidratação
dito ou dificuldade em serem entendidos
• Constipação
• Depressão
• Fadiga e padrões irregulares do sono
• Dores agudas ou crônicas
• Doenças psiquiátricas prévias

Causas relacionadas com o ambiente:


• Espaços grandes com muitas informações
e estímulos
• Ausência de dicas ou informações para ori-­
entar o paciente
• Mudanças no ambiente no qual o paciente
vive
• Temperatura ou iluminação inadequada
• Falta de privacidade
• Isolamento social

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Como se comunicar com Como realizar uma tarefa juntos:
pacientes com demência • Tente realizar tarefas que o paciente conheça
• Dê opções sempre que possível, como por
Como se aproximar? Você dá o tom: exemplo: deixe o paciente escolher se quer
tomar banho antes ou depois do jantar
• Tente uma aproximação firme, mas calma
e gentil • Forneça tempo suficiente para que a infor-
mação seja entendida
• Use uma aproximação não autoritária – tente
• Repita as instruções exatamente da mesma
o humor e a alegria
maneira
• Tente ganhar a confiança do paciente, an-
• Divida a tarefa em passos simples
tes de lhe propor uma tarefa, converse sobre
o tempo, ou sobre a família ou sobre algum • Modifique os passos à medida em que o
paciente tiver mais dificuldades
assunto confortante
• Elogie sinceramente os sucessos
• Converse com o paciente em um local tran-
qüilo Como se fazer entender:
• Se necessário, identifique-se e chame o • Certifique-se de estar dando tempo sufici-
paciente pelo nome ente para que o paciente compreenda suas
palavras
• Olhe diretamente para o paciente e tenha
certeza de ter a atenção dele antes de co- • Tente demonstrar visualmente o que você
está dizendo
me­çar a falar
• Comunique-se de maneira mais simples
• Fale lentamente e pronuncie as palavras de
maneira clara • Se não entendido, não insista e tente no
vamente mais tarde
• Use frases curtas e simples
• Use palavras conhecidas do paciente
Como compreender o que o paciente
está dizendo:
• Converse de maneira agradável e calorosa
• Ouça atentamente ao que o paciente está
• Mantenha seu tom de voz baixo tentando dizer

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• Tente se concentrar numa palavra ou frase • Tente outras formas de comunicação: can-
que faça sentido ções conhecidas, comidas favoritas, pas-
• Use a expressão fisionômica do paciente sear juntos, etc
para compreendê-lo
• Permaneça calmo e tenha paciência
• Pergunte aos demais membros da família
sobre o significado de palavras, nomes ou
frases que você não entenda

Não faça:
• Não discuta com o paciente, isto só piora
a situação
• Não tente convencê-lo ou corrigí-lo, lem-
bre que o paciente com demência não vai
entender e vai esquecer o que lhe foi dito
• Não fique mandando no paciente
• Não fique dizendo ao paciente o que ele
não pode fazer, diga o que ele pode fazer
• Não faça perguntas diretas que necessitem
de boa memória
• Não fale sobre o paciente na frente dele

Quando a comunicação verbal falhar:


• Tente distrair o paciente: caminhada, lanche,
etc. Tente a comunicação verbal mais tarde,
em outro momento
• Tente não dar importância a um xingamen-
to se você não consegue pensar numa boa
resposta

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Resolvendo problemas: Dicas gerais de manejo:
Quando você está enfrentando uma situação • Faça avaliação médica regular ou quando
ou um comportamento difícil, tente entender o surgir algum novo comportamento
PORQUÊ deste comportamento. • Adote sempre uma postura calma e firme
PENSE: → Em que horário aconteceu? • Mantenha uma rotina diária, mas com flexi-
→ Em que ambiente ocorreu? bilidade
→ Quem estava junto? • Simplifique as tarefas, forneça instruções
→ Que comportamento o paciente claras e em etapas
teve?
• Evite discussões
• Pode ser útil manter um diário descrevendo
o problema e a situação em que ele ocorre • Evite mudanças freqüentes de casa

• Identifique e revise as possíveis causas de • Evite trocas de móveis e objetos alterando


comportamentos difíceis descritas anterior- minimamente o ambiente
mente • Mantenha os ambientes iluminados e com
• Faça uma lista de maneiras diferentes de temperatura agradável
resolver o problema • Mantenha privacidade do paciente sempre
• A resolução de problemas é um processo que possível
de tentativa e erro. SEJA FLEXÍVEL! • Deixe a casa com menos risco de acidentes
• Não tente carregar toda a responsabilidade • Identifique as peças da casa com nomes ou
sozinho, não há problema em pedir ajuda desenhos quando necessário para o paciente
se orientar
Lembre-se: o comportamento alterado é
• Evite longos ou vários períodos de sono
causado por uma doença cerebral orgânica.
durante o dia
O pa­ciente com demência não está inten-
cionalmente tentando ser desagradável, teimo- • Evite prolongar muito o tempo em que o
so ou aborrecer você. paciente fica deitado à noite

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Comportamentos difíceis: Se você se sentir ameaçado:
descrição e manejo • Saia do alcance do paciente
• Peça ajuda
1. Comportamento agitado
• Quando terminado o episódio, tente não
ou agressivo
lembrar o paciente do que aconteceu
Estratégias de Manejo:
• Considere a necessidade de um período 2. Alucinação e delírios
de adaptação às mudanças Alucinação: visões, sensações ou vozes percebi-
• Ao responder perguntas ou realizar ativi- das pelo paciente, mas que não existe Delírios:
dades, não apresse o paciente idéia irreal ou supervalorizada em que o paci-
• Ofereça poucas opções de escolha (comi- ente acredita firmemente. Podem ser de vári-
das, roupas, etc) os tipos (estar sendo prejudicado ou roubado,
• Planeje as saídas e atividades para quando traído, familiares são impostores, achar que não
o paciente estiver descansado está na sua casa, etc)
• Caminhadas e música podem ajudar a acal-
mar o paciente Estratégias de Manejo:
• Distraia o paciente com sua comida ou
• Procure pelos objetos perdidos do paci-
atividade favorita
ente, não o repreenda pelas perdas e tente
• Oriente o paciente (relógios, calendário)
descobrir os lugares secretos onde ele cos-
• Aproxime-se devagar e pela frente
tuma guardar as coisas
• Tente não expressar sua raiva ou frustração
• Não tente convencer o paciente de que ele • Não discuta com o paciente, apenas lhe
está errado, isso pode gerar raiva explique a verdade e após tente distraí-lo
• Sintomas de agitação fazem parte da demên- com outra coisa
cia, o paciente não fazde propósito • Caminhadas, música e falar calmamente
ajudam no manejo desses comportamentos
IMPORTANTE:
• Seja gentil, simples e afetuoso • Muitas vezes quando as alucinações não
• Não discuta interferem no comportamento do paciente,
• Não tente convencê-lo do que é correto o melhor a fazer é ignorá-las

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• Os cuidadores não devem tomar as acu- • Tente estabelecer uma rotina para levar
sações como pessoais, elas fazem parte da o paciente ao banheiro no mesmo horário
doença • Estimule o paciente a fazer caminhadas
3. Incontinência urinária ou fecal: diárias
perda involuntária de urina ou fezes 4. Problemas ao vestir-se
Estratégias de Manejo: Estratégias de Manejo:
• Observe quantas vezes ele necessita ir ao
• Coloque as roupas a serem usadas sobre a
banheiro
cama de maneira que o paciente entenda
• Fique atento para sinais não verbais de von- a ordem em que serão vestidas
tade de ir ao banheiro como mexer no cin-
• Divida a tarefa de se vestir em várias etapas
to, abaixar as calças, desconforto na cadeira
simplificadas, de modo que permita que o
• Coloque um cartaz na porta com a palavra paciente realize sozinho o máximo de eta-
BANHEIRO ou o desenho de um vaso sani- pas possíveis
tário para facilitar a localização pelo paciente
• Quando vestir o paciente, mostre a roupa
• Tente estabelecer uma rotina para levar o que ele usará
paciente ao banheiro no mesmo horário
• Encoraje o paciente a escolher suas próprias
• Utilize um plástico para forrar a cama, isso roupas, mas simplifique a tarefa reduzindo
facilitará a troca de lençóis caso necessário o número de opções
• Nos casos de difícil manejo o uso de fral- • Escolha roupas confortáveis, fáceis de ves-
das geriátricas deve ser considerado tir, que sejam laváveis e que não precisem
Constipação (dificuldade de evacuar): ser passadas

• Tente dar ao paciente uma dieta rica em fi- • Coloque etiquetas nas gavetas, descreven­do
bras, como por exemplo comidas prepara- o seu conteúdo ou organize roupas/acessóri-
das com farinha integral, frutas, legumes, os que são usados juntos no mesmo lugar
entre outros • Seja sensível às necessidades de embeleza-
• Forneça a quantidade necessária de líqui- mento do paciente
dos diariamente • Não faça imposições desnecessárias ao

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paciente sobre quando e com que freqüên- • Em caso de dificuldade, um banho parcial
cia mudar de roupa de esponja diariamente e banho de verdade
• Observe as técnicas de comunicação men- a cada três ou quatro dias podem ser o su-
cionadas anteriormente ficiente
• Roupas para homem: • Ofereça uma “recompensa”, tal como a
- Tente usar suspensórios ou calças com comida preferida do paciente ou um pas-
cintura de elástico seio de carro
- Prefira meias sem calcanhar
• Se houver resistência em lavar o cabelo tente
- Dê preferência a camisetas
separar a lavagem dos cabelos do banho
• Roupas para mulher:
• Medidas para tornar o banho seguro:
- Prefira blusas sem botões, saias e calças
com cintura de elástico ou amarradas - Evite deixar o paciente sozinho
- Retire as trancas da porta do banheiro
- Compre calcinhas folgadas
- Deixe secadores de cabelo e barbeado-­
- Tente meias curtas de algodão, meias
de nylon na altura dos joelhos ou das res elétricos fora do alcance do paciente
coxas - Utilize tapetes e tenha cuidado com re-
síduos escorregadios no chão
5. Problemas com o banho - Instale barras de sustentação
Estratégias de Manejo:
- Considere usar bancos de segurança
• Avalie o melhor período do dia para o banho ajustáveis ou cadeiras de banho
• Certifique-se que o banheiro esteja agradável • Nos últimos estágios da demência, embora
e aquecido atenção e cuidado meticuloso com a higiene
• Coloque em seqüência: sabonete, espon- seja importante para evitar problemas de
ja, toalha e roupas limpas pele, seja flexível ao avaliar a real neces-
• Evite entrar em discussões sobre se o banho sidade de banhos diários
é necessário ou não • É importante lembrar que a perda de inde-
• Tente não ficar nervoso, ansioso ou amea- pendência pode ser terrivelmente difícil
çar o paciente que se nega a tomar banho para o paciente com demência

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6. Problemas para alimentar-se: - Use tigelas ou pratos de cor diferente da
toalha para facilitar a localização do prato
Estratégias de Manejo:
pelo paciente
• Tenha uma boa revisão dentária realizada
- Coloque um pano molhado sob o prato
• Tente música suave e relaxante durante as para impedí-lo de deslizar
refeições
- Não use talheres de plástico
• Reduza cheiros ruins na sala de refeições
- Prefira copos com tampa para evitar que
• Tente preparar comidas conhecidas do pa o líquido derrame
ciente
- Use canecas para sopas e cozidos
• Controle aumento ou perda importante de
- Sirva alimentos de “comer com a mão”
peso
• Para problemas com a mastigação:
• Faça intervalos regulares entre as refeições
- Sirva carnes e alimentos macios
• Tente tornar os horários de refeição tranqüi-
los e simples - Ofereça pequenos pedaços, um de cada
vez
• Lembre o paciente que a hora da refeição
está chegando - Umedeça os alimentos com molho, água

• Observe a temperatura dos alimentos - Evite alimentos que esfarelam facilmente


ou que tenham a casca muito dura
• Se for impossível escovar os dentes, tente
- Dê instruções de como mastigar
usar líquidos para bochechos com flúor
• Para problemas de deglutição:
• Ofereça regularmente sucos, água, ou outros
líquidos para evitar desidratação - Lembre o paciente de engolir depois de
cada porção
• Simplifique o ato de comer:
- Use recipientes maiores do que a porção - Revise a boca do paciente periodica-
a ser servida mente
- Prefira tigelas no lugar de pratos - Evite alimentos difíceis de mastigar
- Arrume a mesa apenas com os utensí- - Dê tempo suficiente entre as garfadas
lios necessários - Umedeça os alimentos

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- Mantenha bebidas na temperatura am- cedo ou permanecer acordado até que es-
biente teja mesmo cansado
- Evite que o paciente se engasgue com • Mantenha horas estabelecidas para deitar
líquidos e levantar
• Para excesso de alimentação ou fome in- • Continue com os rituais do passado, para
saciável: deitar (por exemplo: um copo de leite an-
- Tente 5 ou 6 refeições ao longo do dia tes de dormir)

- Ofereça alimentos de baixa caloria • Tente evitar as sonecas durante o dia

- Avalie atividades que possam distrair o • Evite o banho no final da tarde ou à noite,
paciente a menos que relaxe o paciente

- Tranque alimentos proibidos nos armários • Permita que o paciente durma no sofá ou
numa poltrona se ele se recusar a dormir
7. Problemas com o sono na cama
Estratégias de Manejo: • Torne o ambiente seguro para o paciente
• Considere a necessidade de uma avaliação andar sozinho durante a noite
para depressão, quando houver mudança • Contrate um auxiliar ou divida os cuidados
nos hábitos de sono do paciente em turnos com outro familiar
• Certifique-se que haja um caminho livre e • Ao pôr-do-sol tente distrair o paciente,
bem iluminado para o banheiro e treine o feche as cortinas para evitar a visão da
caminho durante o dia escuridão; acenda várias luzes para evitar
• Coloque coletores de urina perto da cama as sombras
caso ir ao banheiro seja um problema • Tente estar descansado para poder agir
• Certifique-se que o paciente vá ao banheiro no período de maior agitação do paci-
antes de deitar ente
• Faça com que o paciente passe menos tem • Tente minimizar o barulho, a confusão, o
po na cama. Tente fazer o paciente levantar número de pessoas à volta

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8. Quando o paciente fica vagando - Limite o número de pessoas em contato
Estratégias de Manejo: com o paciente que vaga;

• Permita que o paciente caminhe se o ambi- - Aumente a confiança do paciente que


ente for seguro vaga através do bom humor;

• Ajude o paciente a se orientar identificando - Permita que o paciente verbalize seus


as peças da casa. Por exemplo, decorar a sentimentos sem discutir com ele;
porta ou colocar uma placa pode ajudar a - Alivie os medos;
encontrar o quarto e o banheiro - Aproxime-se do paciente que vaga de
• Saia para passear com o paciente pela vizi- maneira casual, sem ameaças. É melhor
nhança, num shopping ou ao redor da casa, se aproximar pela frente, lenta e calma-
isso freqüentemente reduz a agitação que leva mente. Pare ao lado do paciente e cami-
a vagar, e também ajuda a dormir melhor nhe um pouco com ele antes de gentil-
• Dê um passeio de carro. Nunca permita mente guiá-lo de volta a atividade local;
que o paciente com demência fique sozi- • Coloque trancas em portas que fiquem fora
nho no carro da vista ou fora do alcance
• Tente envolver o paciente em tarefas do • Coloque portas de segurança no início e
mésticas simples (por exemplo: dobrar a no fim de escadas
roupa lavada, lavar os pratos) • Coloque no paciente algum tipo de identifi-
• Considere as habilidades e os interesses do cação: pulseiras, etiquetas, cartões de emer-
passado quando preparar uma atividade gência dentro da carteira, da bolsa ou do
• Tente as seguintes técnicas de comunicação bolso. O cartão de identificação deve conter
com pacientes que vagam: o nome do paciente,o endereço, o tele
fone e o alerta “Pessoa com deficiência
- Explique ao paciente onde ele está e de memória”
porque;
• Quando o paciente é cuidado em casa, exis-
- Fale num tom de voz calmo e normal; tem algumas maneiras de mantê-lo na cama
- Tente não discutir ou brigar com o pa- ou na cadeira (fitas de velcro, presilhas), mas
ciente; devem ser usadas como ÚLTIMO RECURSO

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• Mantenha o andador ou a bengala, se usa- • O paciente pode começar a vagar quando
dos, sempre no mesmo lugar antecipa uma mudança de ambiente. Em
• Se o paciente vaga freqüentemente, tente caso de transferência, converse como pa-
fazê-lo descansar por meia hora de quan- ciente sobre esta idéia. Visite o novo local
do em quando, com os pés levantados para várias vezes antes da mudança, se possí-
evitar o inchaço vel. Permaneça com o paciente no início
• Dê ao paciente freqüentemente copos de para dar-lhe confiança
água ou suco para evitar a desidratação
9. Ações repetitivas
• Cheque os pés do paciente com freqüência,
Estratégias de Manejo:
em busca de inchaço ou cortes; eleveos pés
quando o inchaço ocorrer • Distraia o paciente com uma atividade fa-
• Saiba que logo após uma mudança de ambi- vorita, como caminhar, comer, etc.
ente é comum que o paciente sinta-se de- • Responda a uma possível emoção que está
sorientado quando acorda no meio da noite. por trás da pergunta, ao invés de responder
Muitos pacientes estão procurando uma pes- à pergunta específica; o paciente pode estar
soa, um lugar ou um objeto familiar. Tran simplesmente precisando de conforto
qüilize-os com uma voz calma. Ouça o sen-
• Lembre-o com frases curtas e simples; não
timento que está sendo expresso. Distraia
lembre o paciente que ele já fez determi-
com comida, bebida ou alguma atividade.
Caminhar com o paciente até o banheiro nada pergunta
pode servir como distração e também como • Tente um toque gentil quando uma res-
maneira de promover o sono posta verbal não tiver efeito
• A expectativa por um evento tal como a • Use um tom de voz calmo quando res-
visita de familiares pode contribuir para ponder a perguntas repetitivas
o vagar. Considere se o paciente deve ser
• Use lembretes escritos quando o paciente
avisado com antecedência dos planos, em
ainda for capaz de ler; por exemplo, um car-
caso afirmativo, quanto tempo é neces-
sário para não causar ansiedade e agita- taz que diga “Nós vamos jantar às 6 horas”
ção? • Use figuras em substituição aos lembretes

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escritos quando o paciente não puder mais da tarefa. Movimentos repetidos podem
ler; por exemplo, a figura de um vaso sanitário ser necessários antes que o paciente possa
pode substituir a palavra banheiro na por- passar à próxima faseda tarefa
ta do mesmo
Lembre-se que pacientes com demência não
• Não fale sobre planos para uma atividade
têm a capacidade de lembra devido às mu-
até imediatamente antes dela acontecer,
danças ocorridas no cérebro. Para você, um
caso saber da atividade provoque agitação
comentário, uma estória, uma pergunta é algo
e perguntas repetidas
repetitivo. Para o paciente é uma informação
• Ignore o comportamento ou a pergunta; se nova. As pessoas que cuidam dos pacientes
não há resposta ou confirmação o compor- têm problemas em acreditar que o paciente
tamento pode parar. Ao permanecer calado, não esteja repetindo as perguntasde propósi-
raiva ou frustração não podem transparecer to apenas para irritar.
na sua voz. Alguns pacientes ficam mui-
to tristes com isso e podem ficar ainda mais
agitados. Para outros, ignorar pode funcio- 10. Gritos, barulhos verbais
nar
Estratégias de Manejo:
• Use auxiliares de memória: cartazes, gran-
• Troque as roupas imediatamente após um
des relógios de numerais e calendários de
episódio de incontinência
parede podem ajudara orientar alguns pa-
cientes • Certifique-se que as trocas de posição se-
jam freqüentes se o paciente tem que ficar
• Use toques ou aponte para conduzir gen-
na cama (pelo menos a cada 1 ou 2 horas)
tilmente o paciente para a etapa seguinte
• Evite excesso de estímulos
• Saiba que interromper o movimento repe-
tido pode ser muito aborrecido para o pa- • Evite o uso de restritores de movimento
ciente • Coloque música suave, relaxante
• Certifique-se de deixar tempo suficiente, • Use estratégias para minimizar o medo, a
assim o paciente não é apressado ao longo ansiedade, a sensação de ameaça

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• Estas são sugestões ou dicas gerais, não
são regras
• Use sempre seu bom senso
• Lembre-se de que qualquer manejo deve
levar em conta as capacidades atuais do
paciente
• Lembre-se também de que você precisa
estar bem para poder cuidar de seu familiar

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CÓD. 40.180 JUL/07

Ambulatório de Neurogeriatria e
Demências do Hospital de Clínicas
de Porto Alegre

Apoio:

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