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PSICOPATOLOGIA II – FREQUÊNCIA 1

AVALIAÇÃO EM PSICOPATOLOGIA
Processo orientado para o conhecimento, compreensão e formulação de algo sobre
outra pessoa para identificar os fatores que tornam o seu funcionamento cognitivo diferente
do normal. Existe um recurso a várias fontes de informação e métodos para poder chegar à
conclusão de forma fácil e clara.

• Avaliação inicial – processo de diagnóstico diferencial e quantificação da gravidade


do problema
• Seleção de doentes para formas de tratamento
• Monitorização dos efeitos do tratamento

Instrumentos de Avaliação em Psicopatologia


Entrevista Clinica
É a mais utilizada por ser mais útil e mais credível. Ajuda a que os doentes expressem
opiniões sobre os seus problemas e relatem acontecimentos da sua vida.
OBJETIVO – ganhar informação para entender o problema do doente. É influenciado pela
maneira que o entrevistador aborda os problemas e conduz a entrevista para escolher o
tratamento mais adequado

Entrevista estruturada
Guião estabelecido – Informação clínica Aumenta a Ajuda no
perguntas fixas em mais relevante está fiabilidade do diagnóstico
ordem específica sistematizada diagnóstico diferencial
Porém, consome muito tempo

Entrevista semi-estruturada
Liberdade para organizar as perguntas que Deve ser feita por pessoas qualificadas
se vão usar porque requer um bom conhecimento e
juízo em psicopatologia

Princípios gerais

• Espaço cómodo e privado


• Setting minimamente profissional (escritório, gabinete
• Evitar interrupções e gerir silêncios
• Duração não superior a 50min. Se a consulta for muito curta há risco de sintomas de
ansiedade, se for muito longa gera carga emocional
É importante notar que a comunicação verbal e não-verbal deve transmitir empatia,
compreensão e apoio.
Relação terapeuta-doente
• Escuta, postura compreensiva
• Empatia e aceitação
• Identificar e conter a contratransferência
• Relação estritamente profissional
Fases da Entrevista Clínica

Fase inicial – Abertura (5 a 10 min)


Apresentação
Explicar os objetivos da entrevista
Atenção aos aspetos como sozinho/acompanhado, aparência, estado emocional

Fase intermédia – Corpo (30-40 min)


A evolução depende da personalidade e atitude do doente
Favorecer discurso livre
Usar competências de atendimento como validação de emoções, validar as experiências
partilhadas e clarificações

Fase final – Fecho (5-10 min)


Impressões de diagnóstico
Opções de tratamento
Esclarecimento de dúvidas sobre a sessão e o que está para vir

Testes objetivos
Características
Objetividade – ajudam a entender melhor o que queremos observar
Científicos
Quantitativos – Possuem, para as respostas, uma chave que acompanha o teste
Rigor – os testes são aplicados de acordo com processos que já foram delineados; procuram
criar condições uniformes para todos os testes
Exemplos – MMPI-2; BDI
O grande objetivo dos testes objetivos é diminuir a subjetividade e por isso mesmo
utilizam testes que dificilmente são influenciados por fatores pessoais e juízos de valor, mas
não estão isentos ao erro.
Porém, a sua exatidão impede qualquer tipo de ampliação que possa fazer ao
analisar resultados para os tentar compreender melhor. (Ou é isto ou é isto, não pode ser
mais nada)
Apesar de serem um instrumento facilitador para a compreensão dos sintomas, o
diagnóstico não se pode basear apenas num fator e sim em vários.
Questionários de auto-resposta
Técnicas de avaliação onde os sujeitos respondem a perguntas sobre os seus
comportamentos e sensações.
• Sintomas, atitudes, interesses
• Precisão e grau
Avaliação sintomática
Após a formulação do diagnóstico. Uso de escalas/questionários a aplicar à
população para que foram criados.
Algumas áreas de aplicação clínica

• Avaliação da Mania
• Avaliação da depressão
• Avaliação da ansiedade
• Avaliação das perturbações psicóticas
• Etc
Avaliação cognitiva e neuropsicológica
Avaliação complementar das síndromes demenciais e outras perturbações
neuropsiquiátricas, ajudando no diagnóstico diferencial.
Formulação de planos de reabilitação de pessoas com esquizofrenia (delinear o
perfil de disfunção cognitiva)
Avaliação de pessoas com atraso no desenvolvimento cognitivo
Testes de funcionamento cognitivo e neuropsicológico

• Funcionamento intelectual geral


• Velocidade de processamento
• Atenção e concentração
• Memória
• Funções Executivas
• Linguagem
Avaliação psicométrica da personalidade

• NEO-PI-R
• MMPI – 10 escalas que avaliam 10 dimensões da personalidade para avaliar
problemas de personalidade e dar conselhos para orientação pessoal e vocacional.
Diferencia psicóticos de neuróticos e emocionalmente sãs de transtornadas
• MCMI – III
Não limitar o diagnóstico ao resultado dos testes, mas incluir também outros fatores.

Vantagens dos testes objetivos Desvantagens dos testes objetivos


Permite perceber se quem respondeu Demasiado extenso
entendeu ou não as questões Aborda coisas demasiado pessoais
Os resultados não dependem de linhas Não avalia coisas subjetivas (linguagem
(teorias, estudos) teóricas/pessoais adotas corporal, reatividade, etc)

Testes Projetivos
Características
Subjetividade – dá liberdade à imaginação e origina muitas respostas
Qualitativos – apresentação de material ambíguo e pouco estruturado
Pouco rigor – problemas psicométricos de fidelidade e validade. São úteis em termos
clínicos

• TAT
• Rorschach

Observação Direta do Comportamento


O comportamento do doente é observado pelo terapeuta, o que o ajuda a formar um
diagnóstico através dessa informação.
a) Aspeto e comportamento – roupa, postura, expressão facial, atividade motora
b) Fluidez na fala – processo de pensamento, pobreza ou rigidez de pensamento,
ritmo/progressão da fala, linguagem lógica ou coerente/confusa
c) Conteúdo do pensamento – preocupações especiais, ideias obsessivas,
interpretações erróneas, delírios, ideias de grandiosidade
d) Alterações Percetuais – alucinações auditivas/visuais/táteis, despersonalização

• Avaliação em crianças – perguntas aos pais/escola


• Reuniões Clínicas são bastante importantes
• Nem sempre são precisos vários métodos de Avaliação
• Estratégias para acabar a consulta – sumarizar (mais adequado) ou levantar
(mais agressivo)
• “Concorda?” “Parece-lhe bem?” ajuda a ver se a conversa foi clara
• Fazer perguntas abertas a pacientes que falam pouco para poderem partilhar
mais da sua história, sumarizar informação para os que falam demais
• Silêncios podem ser positivos – momento de reflexão, choro ou reorganização da
informação

DESCRIÇÃO PSICOPATOLÓGICA
Tem como objetivo organizar e sistematizar os termos da descrição psicopatológica.
Requer e transmite conhecimento das bases que deram origem aos atuais critérios de
diagnóstico.
Recolher várias informações que, quando organizadas e sistematizadas, formam
uma hipóteses de diagnóstico. O diagnóstico só é feito quando todas as informações
estiverem recolhidas.
Qualidade do exame psicopatológico
• Boa base psicopatológica
• Significados atuais mais aceites
• Comunicação interpares (fazer reuniões clínicas é importante para discutir os casos
clínicos)
• Construção de uma investigação mais robusta em psiquiatria e psicologia

Apresentação
Se foi para a consulta por iniciativa própria, se foi indicado por outros profissionais
ou se foram forçados a ir por outros (na sequência de internamentos).

Biótipo (aspetos físicos) – se é normolíneo (estatura e peso normal), brevilíneo (estatura


e composições pequenas), longilíneo (estatura e peso compridas), atlético (boa forma física)
ou astérico (frágil/doente). Estado físico e geral de nutrição.

Vestuário e arranjo/higiene (excentricidade, arranjo, desleixo)

Postura
• Adequada/desleixada
• Tensa, retraída, flácida
• Expansiva, com gestos a acompanhar o discurso
• Bizarra ou estranha

Expressão e mimica facial


Deve ser considerada no conjunto de sinais/sintomas pois analisar só esta área não
é o suficiente para um diagnóstico. Quando é observada isoladamente pode vir a induzir em
erro.
Hipomimia – diminuição da expressão facial, pode ser tristeza
Hipermimia – aumento da expressão fácil, pode mostrar alegria excessiva
Expressão facial – pode mostrar desconfiança, sofrimento ou inexpressão, o que é típico de
personalidades paranoides ou delirantes. Fácies pode denotar perplexidade (alucinações ou
delírios)

Motricidade
Alterações dos movimentos espontâneos (basta a observação para perceber isto)
Movimentos anormais induzidos são induzidos e por isso devemos pedir ao paciente
que os volte a fazer
Alterações da postura associado a quadros clínicos, efeitos de medicação ou
alterações neurológicas
Alterações dos movimentos espontâneos
Qualitativas Quantitativas
PARACINÉSIAS HIPERATIVIDADE (mais na ansiedade)
Maneirismos – movimento direcionado ou Aumento dos movimentos expressivos –
expressões verbais voluntárias movimentos não controlados pela vontade
invulgarmente repetitivas ou modificadas que usam os braços, tronco superior, cara e
para se tornarem extravagantes. Por mãos. Ansiedade, personalidade
exemplo, levar a mão repetidamente ao histriónica
cabelo ou uso anormal de palavras e Aumento dos movimentos direcionados
expressões - movimentos voluntários. Pode ser
Estereotipias – Movimentos não inquietude motora que tem mais
direcionados ou expressões verbais não movimento do que é preciso (ansiedade,
repetitivas. Podem ser simples (estalar os hipomania) ou agitação psicomotora onde
dedos, balançar o corpo) ou complexas, não há uma aceleração inespecífica associada à
têm uma finalidade. aceleração do pensamento em
Tiques – contração involuntária de esquizofrenia, ansiedade e perturbações
músculos histriónicas ou borderline, demênicia ou
deficiência mental
HIPOATIVIDADE (mais na depressão)
Redução dos movimentos expressivos –
mimica facial pobre. Pode haver inibição
psicomotora generalizada na depressão
grave
Redução dos movimentos direcionados
– lentificação psicomotora (lentidão e
movimentos pobres associado ao
bradipsiquismo que se tornam cada vez
mais lentos e pesados), inibição
psicomotora (acentuada e profunda),
bloqueio ou obstrução (mais na
esquizofrenia, impedimento irregular da
atividade motora, é incapaz de começar
uma ação, mas mais tarde faz sem
problema) e estupor (suspende a atividade
motora, não responde a solicitações
externas. Não demonstra emoção e pode
haver mutismo

Alterações dos movimentos induzidos


Obediência automática – cumpre sem ver as consequências
Ecopraxia – imita as ações simples que observa
Preserveração – repetição de uma ação direcionada mesmo depois de esta ter alcançado o
seu objetivo
Alterações da postura
Postura maneirista – pouco natural, o gesto repete-se com intenção
Postura estereotipada – posturas anormais que não têm objetivo ou intenção
Preserveração da postura – exagero acentuado que corresponde à manutenção de uma
postura imposta ou voluntária. O doente fica nesta postura muito tempo.

Contacto
Atitude e predisposição à comunicação
• Exuberante (histriónico)
• Difícil (depressão
• Impossível (esquizofrénico)
• Indiferente (alucinações)
• Superficial e/ou profundo (pouca empatia do paciente ou uma relação profunda
com o terapeuta)

Consciência
Conhecimento e consciência do próprio e do meio – síntese de toda a atividade
percetiva, psíquica e motora. Também está inserida a integridade da consciência que mostra
a capacidade de reagir de forma compreensível a estímulos internos e externos.
Alterações quantitativas da consciência
Diminuição
Obnubilação – sonolência ligeira com problemas de concentração
Sonolência – sem estimulação adormece. Lentificação psicomotora (movimentos lentos e
pesados) e diminuição dos reflexos
Torpor (estupor) – redução da consciência, precisa de estímulos externos fortes para
acordar
Coma – totalmente inconsciente
Nas fases iniciais é acordado por estímulos intensos, nas mais profundas não
responde ou responde fracamente à estimulação
A grande maioria é causado por patologia orgânica
Alterações qualitativas da consciência
Estado Oniroide
Parecido ao sono e pode acontecer durante episódios dissociativos, mas pode ser
associado a patologia orgânica. Alucinações visuais, liliputianas e agitação psicomotora.
Delirium ou estado confusional agudo – síndrome caracterizada pela diminuição e
perturbação da consciência/memória/emoção e que flutua ao longo do dia. Associado a
patologias orgânicas
Delirium tremens – mais associado a situações de abstinência alcoólica (do primeiro ao
sétimo dia). Pode estar associado a alucinações visuais (liliputianas, microzoopsias) e
sintomas físicos como tremor, hipersudorese, taquicardia, hipertensão, febre e
desidratação.
Estreitamento (ou restrição) da consciência)
Consciência limitada a poucas ideias e atitudes que dominam a mente do doente.
Polarização da consciência para uma certa experiência. Alguns casos têm desorientação
temporal e espacial ligeira. Associado a ansiedade, perturbações dissociativas e epilepsia.
Estado crepuscular – explosões de violência durante horas a semanas que se seguem de uma
amnésia. Causas orgânicas como epilepsia temporal, mania e perturbações dissociativas
Expansão da consciência
Experiência subjetiva de estar mais alerta. Melhor capacidade de memória,
facilidade de compreensão e atividade intelectual mais intensa. Associado ao consumo de
estimulantes e casos de mania aguda (considerado um sintoma positivo, muitos escritores
trabalham nesta fase)

Atenção
Orientado para a atividade psíquica sobre determinado estímulo/evento/objeto.
Pode ser ativa/voluntária, onde há um esforço consciente e intencional ou
passiva/espontânea, onde o interesse é momentâneo.
Hiperprosexia – atenção exagerada em certos objetos. Mais nas perturbações obsessivas,
esquizofrenia paranoide e uso de anfetaminas
Hipoprosexia – menos atenção e mais distratabilidade (instabilidade da ação voluntária).
Num estado não patológico é por sono ou fadiga, num oniróide grave é traumatismo
craniano ou uso de substâncias e nos psicogénicos é por ansiedade aguda, depressão ou
mania
Estreitamento da atenção – só se foca num aspeto do que foi consciencializado. Psicoses ou
vivências delirantes

Orientação
Capacidade de se situar no tempo, espaço e situação pessoal e geral
Desorientação no tempo – horas (ligeira), dias ou meses ou anos (grave) e estações do ano
(avançada)
Desorientação no espaço – não saber onde está ou onde vive
Desorientação autopsiquica – informação própria. Nome, idade, estado civil…
Desorientação alopsiquica – não sabe quem são os outros, alinhado à desorientação no
tempo e espaço

Memória
As funções mnésicas permitem fixar, conservar e relembrar informações,
experiências e factos.
• Imediata (segundos)
• Curto prazo (segundos a minutos)
• Longo prazo (minutos a décadas)
Fases
1. Sensorial/Imediata
2. Curto prazo/trabalho
3. Longo Prazo
Alterações quantitativas
Hipermnésia – demasiada facilidade em memorizar. Pode ser por uso de estimulantes,
estados febris, perturbações obsessivas e PSPT
Amnésias ou Hipomnésias – incapacidade parcial ou total de invocar conteúdos mnésicos.
Pode ser anterógrada (esquece o que aconteceu depois), retrograda (antes de um certo
ponto), lacunar (entre 2 acontecimentos) e remota (coisas do passado)
Amnésia orgânica – menos seletiva em relação ao que foi esquecido. Traumatismos,
quadros demenciais
Amnésia psicogénica – perda de elementos com valor psicológico específico.
Perturbações de evocação e reconhecimento
Amnésia dissociativa – perda completa de memória e identidade, mas é
autossuficiente
Catatimica – seletiva de acordo com a carga afetiva atual. Perturbações depressivas,
ansiosas e personalidade histriónica
Alterações qualitativas
Paramnésias – distorção ou falsificação de memórias e não a sua perda
Alterações da Evocação
Falsificação retrospetiva – distorção não intencional de acordo com o estado afetivo ou de
funcionamento atuais
Delírio retrospetivo – o doente diz que o delírio é anterior à doença. Por exemplo, diz que
desde criança que tem estes episódios quando só se iniciou na idade adulta.
Confabulações – descrição detalhada e falsa de acontecimentos para preencher lacunas e
podem ser mudadas conforme as circunstâncias
Síndrome de memórias falsas – quando durante uma psicoterapia, devido a sugestão, o
paciente tem memórias falsas de abuso sexual ou maus-tratos que aconteceram há décadas
Criptomnésia – factos escondidos na memória aparecem como novos ao paciente
Alterações do conhecimento
Não delirantes – deja vu/jamais vu) – pensa que já se esteve numa situação em que nunca
esteve ou o oposto
Delirantes – Identificação errónea positiva (desconhecidos são identificados como
conhecidos), identificação errónea negativa (conhecidos são desconhecidos) e síndrome de
intermetamorfose (alguém que se transformou noutra, ganhando as suas características
físicas e psíquicas)

Discurso e Linguagem
Alterações orgânicas
Disartira – dificuldades em articular as palavras (por paralisia ou ataxia dos músculos).
Pode ser pela toma de antipsicóticos.
Dislexia – dificuldade em descodificar palavras
Afasia – perda total ou parcial da capacidade de exprimir pensamentos por palavras e
compreender as palavras. Sensorial ou de compreensão (afasia de Wernicke, dificuldade em
compreender as palavras) ou motora/de expressão (o doente compreende o que ouve, mas
não consegue pronunciar as palavras, afasia de Broca)
Alterações funcionais
Perturbação da articulação
Gaguez – repetição de sílabas, hesitações, bloqueios intermitentes, aspirações com fase
clónica/tónica; pode ocorrer em estados ansiosos, especialmente em crianças
Alteração da atividade verbal
Hipoatividade – fala pouco (respostas curtas ou monossilábicas) e mutismo
eletivo/seletivo. Esquizofrenia catatónica e depressão
Hiperatividade – Prolixidade (Fala muito sobre todos os tópicos, mas nos limites de uma
conversa normal) e logorreia/verborreia (fala demasiado fora dos limites de uma conversa
normal)
Alteração do débito ou ritmo
Fluxo lentificado – pausas longas entre palavras ou demora a começar a resposta.
Depressão, estados demenciais, esquizofrenia
Fluxo acelerado – fala continuamente e com velocidade aumentada
Aprosodia – discurso sem entoação afetiva. Depressão ou esquizofrenia
Alterações iterativas
Logoclonia – repetição da última sílaba que se pronuncia. Quadros demenciais
Ecolalia – repetir sons/palavras do interlocutor. Debilidade mental e esquizofrenia
Estereotipos verbais – repetição das mesmas palavras e palavras invariavelmente fora de
propósito, isoladas ou integradas no discurso
Alterações semânticas e sintáticas
Neologismos – inventa palavras novas com significado próprio. Esquizofrenia
Paralogismos – dar novo significado a palavra existente. Esquizofrenia
Discurso desorganizado / pobre
Pedolalia – linguagem infantil
Coprolalia – uso involuntário de palavras vulgares e obscenas. Tourette
Mussitação – voz baixa sem significado comunicativo. Esquizofrenia catatónica

Pensamento
Alterações do curso do pensamento
Alterações do ritmo e pensamento semânticas e sintáticas
Taquipsiquismo (pensamento acelerado) – aumento do fluxo de pensamento que se traduz
em debilidade verbal. Hipomania, mania, psicoses tóxicas
Fuga de ideias – pensamento muda constantemente; foge ao tema inicial. Mania
Pensamento circunstanciado – detalhes desnecessários
Bradipsiquismo (pensamento lentificado) – dificuldade em passar de um tema para o outro.
Estados depressivos, Parkinson
Pensamento inibido – pensamento lento, hesitante e irregular. Depressão, quadros
demenciais, fadiga
Alterações da continuidade e do pensamento
Bloqueio do pensamento – descontinuidade/interrupção brusca da linha de pensamento.
Esquizofrenia, quadros ansiosos
Preserveração ideativa – o doente não abandona o assunto e a ideia persiste. Depressão,
esquizofrenia
Alterações da posse do pensamento
Ideias obsessivas – persistentes contra a vontade do doente. Intrusivas e inaceitáveis que
são vividas com grande ansiedade. Diferem das ideias sobrevalorizadas das delirantes. São
compulsões que surgem como imagens, ideias, dúvidas, impulsos e medos

Alienação do pensamento
Comunicação de que as suas ideias são influenciadas pelo exterior
Roubo ou interseção do pensamento – as suas ideias desaparecem porque se apoderam dos
pensamentos
Difusão de pensamento – sente que os pensamentos não lhe pertencem
Alterações do conteúdo do pensamento
Ideias sobrevalorizadas
Delírio
Primário – ideias e vontades não se associam a outros processos psicológicos. Algo
completamente novo com significado súbito associado a uma certa altura da vida e
representa uma transformação súbita na existência do sujeito. Associado à esquizofrenia
aguda
Secundário – tem história psiquiátrica e pessoal, vinculados a outros processos (mania,
depressões)
Temática do delírio
• Persecutório (todos estão contra e são agressivos com o doente)
• Grandeza (sentimento físico e mental de poder exagerado)
• Místico ou religioso (relacionado com ideias místicas e religiosas fora do que é
socialmente aceite)
• Somático ou hipocondríaco (mudança no funcionamento corporal que o faz
acreditar que está doente)
• Delírio de ruína (está condenado à miséria e não vai conseguir sobreviver porque
vai passar forme por falta de dinheiro)
• Delírios passionais (ciúme acredita que está a ser traído e associa-se ao alcoolismo,
erotomania acredita que alguém está profundamente apaixonado por ele e vai
deixar tudo para estarem juntos)

Perceção
Distorções sensoriais
Alteração da intensidade (quantitativas)
Hiperestasia – intensidade aumentada. Auditiva em exaqueca ou depressão e evisual em
intoxicação/mania
Hipostesia – intensidade reduzida. Delirium ou depressão
Alteração da qualidade
Cor – distorções visuais por consumo de drogas. Campo mais intenso e com cor alterada.
Xantopsia (amarelo), cloropsia (Verde) e eritropsia (encarnado)
Alteração da forma ou dimorfopsia
Perceção deformada da forma. Mais em esquizofrenia
Falsas perceções – Ilusões
Estímulos que vindos de um objeto percebido se combinam com uma imagem
mental, criando uma falsa perceção.
Pareidolia – criar objetos através de coisas sem forma certa (por exemplo, ver objetos nas
nuvens)
Ilusão de preenchimento – há um padrão familiar que não acaba (como ler uma palavra
normalmente sem perceber que falta uma letra)
Ilusão de afeto – alteração de uma perceção com o humor
Falsas perceções – Alucinações
Não se desenvolvem a partir da transformação de perceções reais, mas acontecem
ao mesmo tempo que a realidade
• Objetividade/corporalidade/localizado no espaço exterior
• Quadros psicóticos funcionais (esquizofrenia, mania psicótica, depressão psicótica)
• Orgânico ou privação sensorial (em casos de pessoas que viveram em cativeiro)
Auditivos
• Elementar ou acusmas (barulho
• Parcialmente organizados (como música)
• Completamente organizados (como duas vozes a ter uma conversa na cabeça do
doente e que comunicam com ele)
Visuais
• Elementar/parcialmente organizadas/completamente organizadas
• Alucinação cénica – como cenas cinematográficas complexas, como o
desenvolvimento de um sonho
• Liliputianas (pessoas pequeninas) ou gulliverianas (pessoas gigantes)
• Zoopsias (animais)
Em síndromes orgânicas, intoxicações por alucinogénios, esquizofrenia
Táteis ou da sensibilidade superficial
Ativas – sensações que toca em objetos que não existem
Passivas – sensação de que lhe estão a tocar, quer seja uma pessoa ou objeto
Cenestésicas ou sensibilidade profunda
Alucinações viscerais – órgãos deslocam-se pelo corpo ou animais estão dentro do corpo
Parasitoses alucinatórias – sensação do corpo estar infestado de animais ou parasitas
Olfativas
Epilepsia ou outros quadros orgânicos. Menos normal na esquizofrenia.
Gustativas
Raras e excecionalmente isoladas em que o doente sente gostos estranhos na
comida. Aqui pode entrar a sitiofobia onde acredita que a comida está envenenada e se
recusa a comer
Motoras
Sensação de fazer movimentos ativos ou sujeitas a passivos e que se movem a
velocidades diferentes do que realmente movem
Tipos especiais
Funcionais – estímulo desencadeia alucinação no mesmo campo sensorial
Múltiplas – várias ao mesmo tempo no campo sensorial
Autoscopia – sai do seu corpo e vê-se
Pseudoalucinações – falsa alucinação
• Estados iniciais das psicoses
• Alucinações de luto
• Personalidade histriónica
• Realidade presente ou ausente
• Sem objetividade e corporalidade
• Não mantêm, muda porque quer
Alucinação
• Consciência da realidade ausente
• Consistência sensorial com objetividade ed corporalidade, espaço exterior
• Outras características mantêm-se VS não alteradas pela vontade

Vivência do eu
Alteração da consciência de existência e atividade do eu
Despersonalização – sentimento de estranheza e infamiliaridade sobre si mesma. “Eu não
sou eu”. Ansiedade e pânico, psicoses tóxicas por alucinogénios, esquizofrenia, formas
graves de depressão
Perda da ressonância emocional – reage sempre da mesma forma/mesmo sentimento.
Depressão
Alteração da consciência da unidade do eu
Autoscopia – o paciente sai do seu corpo e reconhece-se
Múltipla personalidade – mais do que uma na mesma pessoa (perturbação de personalidade
dissociativa)
Alteração da consciência, da identidade e continuidade do eu
Alteração completa da identidade – sente que é outra pessoa. Perturbações psicóticas
Sensação de perda de continuidade – transformação do eu após certo ponto. Comum em
experiências de quase morte
Alteração da consciência dos limites do eu
Alienação da atividade motora – ações controladas por outros
Apropriação – vivencia acontecimentos que viu mas não lhe aconteceram a ele. Se vir
alguém a ser agredido vai dizer que foi a ele.

Humor
Alterações quantitativas
HIPERTIMICAS HIPOTIMICAS
Euforia - alegria desproporcional ao Humor depressivo – sintoma de base das
acontecimento. Mania, hipomania perturbações depressivas. Tristeza
patológica sem motivo com intensidade e
Expansão – marcada por boa disposição duração desproporcionais. Anedonia,
associada à dificuldade em controlar alterações da energia vital.
emoções

Exaltação – não só euforia mas confiança


exagerada nas suas capacidades. Mania
Alterações qualitativas
Humor disfórico – tonalidade afetiva mal- humurada vindo de mal-estar. Ansiedade,
irritação, agressividade
Humor irritável – hiperatividade desagradável e hostilidade com agressividade a estímulos
externos. Perturbação bipolar ou esquizofrenia, quadros orgânicos, depressivos e ansiosos
Alterações de expressão afetiva e emocional
Anedonia – incapacidade para experimentar o prazer. Depressão major
Anestesia afetiva – ausência de sentimentos, incapacidade para sentir prazer, mas também
de sentir outros afetos. Depressão major e estados de choque emocional
Dissociação afetiva – falha na manifestação de emoções quando se esperava que isso
acontecesses. Ansiedade extrema, situações de guerra ligado à falta de compaixão
Embotamento afetivo – redução da expressão emocional. Geralmente capacidade para estar
consciente das emoções. Esquizofrenia
Labilidade afetiva – mudanças rápidas dependentes de estímulos externos. Perturbação
bipolar
Ambivalência afetiva – sentimentos positivos e negativos para a mesma coisa.
Esquizofrenia, borderline
Incontinência afetiva – falta de controlo em expressão afetos. Mania, demências, síndromes
psico-orgânicas
Rigidez afetiva – perda de capacidade de modulação dos afetos (perturbação obsessiva
Apatia – embotamento (difícil ver o estado emocional) e abulia (falta de motivação para
tudo), etc

Insight ou consciência para a doença


3 componentes fundamentais
1. Conheciemnto da doença – saber o que é, como se designa ou origina
2. Compreensão dos efeitos da doença – nas suas capacidades e perspetivas futuras
3. Atitude perante a doença – como reage a ela ao conhecer (por exemplo, se cumpre
a terapia e a medicação)
Insight pode ser presente, parcial, ausente

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