Você está na página 1de 39

PSICOLOGIA DA FAMILIA (2)

SAIR DE CASA: JOVEM ADULTO SOLTEIRO


➢ Período em que o jovem sai de casa da família de origem, mas ainda não estabeleceu
uma nova família.
➢ Separados fisicamente
➢ Quase financeiramente independente

Continuar a viver com os pais pode afetar o processo de independência do jovem


adulto, pelo que deve haver uma diferenciação adequada da família de origem através de
um cut-off saudável. Um mau afastamento ou uma grande dependência podem ser
prejudiciais para o desenvolvimento e autonomização do jovem face à sua família de origem
pois, apesar de romper a relação, ainda vai haver vínculo emocional.

A terapia ajuda a que os seus pais vejam o filho como adulto e facilita a mudança de
2º ordem (mudar o sistema para que as coisas fiquem diferentes).

“Momento de se estabelecer objetivos de vida pessoais e de se tornar o “eu”, antes


de se juntar a outra pessoa para formar um novo sistema”, ou seja, atingir a independência,
na qual os progenitores têm um papel fundamental.

Fatores individuais
➢ Desenvolvimento de autonomia e competências – essencial para que tenham uma
saída fácil e correta. O desenvolvimento de competências durante a adolescência
mostra-se uma grande vantagem para preparar a vida adulta
➢ Poder de decisão

Muitos sentem que ainda não são maturos o suficiente para sair de casa. A ligação
com a família também pode afetar a saída de casa, pois o jovem adulto sente-se confortável
a estar dependente dos seus pais, livre de responsabilidades.
Fatores para sair mais tarde também pode ser: extensão dos estudos, taxa de
desemprego, pouco interesse em juntar-se com alguém, a má localização da casa da família
face às oportunidades de emprego e menos recursos financeiros da família

Fatores do sistema familiar


Apoio em relações – o desenvolvimento de relações românticas está ligado à individuação,
o parceiro romântico pode ser o início do processo de separação

Apoio na escolha do trabalho por parte da família

Tipo de relação que o jovem tem com as figuras parentais – depende o tipo de vinculação.
Uma vinculação segura ajuda a aliviar o stress da separação e a mostrar a disponibilidade
dos pais. Apegos inseguros mostram mais stress, saudades de casa e uma relação negativa
com os pais com quem não conseguem ter um distanciamento saudável, o que dificulta o
processo de separação. Grande parte dos pais fica feliz por ver os seus filhos iniciar uma
vida, mas aqueles com ansiedade de separação são manipulativos e gostam de manter os
seus filhos por perto, fazendo com que tenham um ajustamento mais fraco. Por se sentirem
apoiados pelos pais sentem que devem ficar em casa mais tempo, e os mesmos sentem que
o filho precisa de mais apoio.

Questões profissionais
➢ Expectativas do jovem e da própria família acerca do seu futuro (muitos sentem que
ainda não estão preparados para viver sozinhos)
➢ Filhos considerarem que estão a cumprir o que os pais esperam deles – podemos
observar isto devido ao apoio familiar para continuar em casa, devido a ansiedade
de separação ou porque os pais sentem que o filho ainda não está pronto para viver
sozinho

Questões de intimidade
➢ Aceitação de novas relações para além do sistema familiar (parceiros, amigos)
➢ O estabelecer de relações faz o “eu” ficar de fora e o “nós” ganha mais destaque,
criando alguma ansiedade no jovem e na família pois, muitas vezes, a separação e
individuação inicia-se com a formação do casal
Diferenciação da família de origem em simultâneo com o stress da entrada num novo
ciclo de vida da família

“Chance de escolherem emocionalmente aquilo que levarão da família de origem,


aquilo que deixarão para trás, e o que vão criar sozinhos”

Se não se diferenciar adequadamente da família poderão começar a existir


stressores verticais (entre o jovem e os pais). Ao voltar para casa, muitos pais irão sentir-
se sufocados pela presença do filho que retorna, pois, as expectativas previamente impostas
não estão a ser cumpridas.

Processo emocional de transição


Nesta fase, o jovem vai ter de aceitar a nova responsabilidade emocional e financeira
pelo “eu”.

Mudanças de segunda ordem necessárias/mudanças do tipo


2
➢ Diferenciação do eu em relação à família de origem
➢ Desenvolvimento de relações românticas
➢ Estabelecimento da autonomia através do trabalho e independência financeira
➢ Autonomia emocional (ser capaz de tomar decisões sozinho; ser confiante e
autónomo)

Que problemas/dificuldades podem ocorrer nesta fase?


➢ Pais terem algum problema de saúde
➢ Não existir independência e ter de ir para casa dos pais, por vezes com o novo
parceiro
➢ Não encontrar emprego apesar de querer sair (pode ser um falso motivo)
➢ No caso de doença, o filho não ter autonomia suficiente
➢ Medo/insegurança do jovem em sair
➢ Pais não conseguirem lidar com a saída dos filhos – utilizam estratégias
manipuladoras e de culpa para que os filhos fiquem mais próximo deles

Questões problemáticas com a saída

Má relação com os pais

Cut-off – implica um rompimento na relação. Pode ser saudável (diferenciação correta da


família de origem, mantendo o vínculo emocional e afetivo) ou nocivo (não há qualquer
identificação ou contacto com a família de origem)

FORMAÇÃO DO CASAL
A formação do casal inicia um novo sub-sistema familiar, não significando um corte
definitivo da família de origem. Aliás, o casal dá continuidade às tradições e modelos que
aprendeu com a família de origem, moldando-os para criar os seus próprios conceitos.

Há uma autonomia face à família de origem onde o jovem se diferencia


emocionalmente dela, o que começou com a sua saída de casa.

O casal é importante para todo o processo familiar do qual é responsável. Por isso,
considera-se que esta etapa é o primeiro momento da vida da família.

Casar, porquê?
Enquanto antigamente o casamento poderia ser um negócio, hoje em dia as pessoas
casam porque se amam. Vem da crença que o amor vai enriquecer o individuo através dos
seus contributos (proteção, intimidade, comunicação).

Casar transmite prestígio, senso de responsabilidade e competência. Podem casar


por expectativas socioculturais (“já estás na idade de assentar”)

O casamento não se refere apenas ao ato mas também à união de facto.

Os opostos não se atraem, as pessoas são apenas muito semelhantes. Encontram no


outro os mesmos traços psicológicos que são demonstrados de formas diferentes. Apesar
da atração sexual, escolhemos aqueles com quem vamos ter uma boa relação.

Mitos
➢ O nosso amor vai ser sempre igual
➢ Se me amas, agradas-me
➢ Nunca nos vamos aborrecer
➢ O sexo e o carinho vai ser sempre o mesmo

Acreditam que nada vai mudar, mas devem compreender os momentos de


estagnação para reavivar a relação.

Por que razão casei contigo?


Modelo da intimidade

Este modelo é produto daquilo que queremos repetir e do que não queremos
mediante as coisas que observámos nos nossos pais. A relação dos nossos pais vai afetar a
maneira como construímos a nossa, podendo haver uma “reconstrução do conhecido”.

Fratria

A relação com irmãos vai dar-nos a primeira aprendizagem sobre competir,


negociar e ser rival entre iguais.

Dificuldades da família de origem

Escolha do parceiro como tentativa de preencher fatores deixados em vazio pela


família de origem na satisfação das necessidades. Procuramos o parceiro que consiga
responder a essas necessidades

Casar / Casamento / Par conjugal – quando duas pessoas se comprometem numa relação
que se vai prolongar no tempo

Quando pensamos em casamento pensamos nele como um processo em que duas


pessoas assumem o desejo de viver juntos e criarem um lar e criar um modelo relacional
próprio.

Subsistema conjugal
➢ Criação de uma identidade própria e base segura através dos exemplos que tiveram
dos pais
➢ Desenvolvimento de novas funções e tarefas
➢ Movimento centrípeto (virado para dentro) que se foca na individualidade do mesmo

Individualidade e Conjugalidade

Heranças familiares – as vivências e modelos relacionais

Diferenciação e autonomia – Em relação à família de origem e exterior; definição de limites


para que outros agentes (amigos, família de origem, sociedade) não intervenham na relação

´Lealdades invisíveis e coligações negadas – obrigações que não são explicitas nem claras
e que dividem o sujeito sobre a quem deve satisfazer a vontade, o que o faz sentir como se
estivesse a descartar um para respeitar o outro. As coligações negadas ocorrem quando as
gerações se misturam e criam rivalidades

Diferenciação do casal

➢ Movimento centrípeto (no início o casal passa muito tempo junto)


➢ Abertura progressiva ao exterior – aqui são redefinidos os limites de forma a existir
um equilíbrio entre a vida conjugal e a vida exterior do casal

Iniciar uma família


➢ Negociações (onde se passa o Natal, a páscoa)
➢ Decisões (tradições e rituais a manter da família de origem, proximidade/distância
da mesma, ondem vivem, como vão educar)

Casal
Dimensão económica

EXEMPLO – conta conjunta ou separada? Quem paga que contas?

Dimensão emocional

➢ Afeto
➢ Paixão
➢ Intimidade
➢ Comunicação

Dimensão do poder

➢ Poder é diferente de controlo


➢ Hoje em dia há uma maior complementaridade entre os direitos dos integrantes do
casal devido a fatores como a emancipação feminina

Limites

➢ Com a família de origem, filhos, amigos, trabalho, etc


➢ Os limites protegem o casal e ajudam a satisfazer as suas necessidades
➢ Deve haver um equilíbrio nos limites pois um casal muito fechado por sobrecarregar
a si mesma e criar uma enorme dependência que será conflituosa
➢ Devem ser flexíveis na comunicação para estabelecer limites claros

Sexualidade

Educação dos filhos

➢ Como vamos educar?


➢ Que tipo de parentalidade vamos ter?
➢ O que é que vamos incorporar da família de origem?

Tarefas e lazer

➢ Que tarefas dividimos? (mostra a complementaridade atual)


➢ Qual vai ser a nossa forma de lazer?

Eu, tu, nós


Complementaridade

Assente na junção das diferenças. EXEMPLO: eu limpo a casa, tu tratas da cozinha

Simetria

Assenta nas semelhanças

O problema é a escalada simétrica, ou seja, “não podes ser melhor que eu”.
O grande problema será também a cristalização na complementaridade ou simetria

Solução - a metacomunicação como forma de ultrapassar a cristalização. O casal comunica


de forma clara para ultrapassar as dificuldades e devem metacomunicar, ou seja, transmitir
a mensagem sobre como querem que ela seja interpretada.

Ciclo vital conjugal


São etapas de transição sem período fixo que variam de casal para casal.

1- Fusão
➢ Primeiros anos
➢ Maior fecho em relação às famílias de origem
➢ Criação do “nós”
2- Retorno ao “tu” e ao “eu”
➢ Fase de questionamentos
➢ Dúvidas sobre o que podia ter sido se não se tivessem juntados (mais comum quando
os filhos se tornam independentes)
➢ Maior investimento na individualidade dos elementos do casal
➢ Após esta fase pode: ocorrer separação, continuação positiva da relação, a relação
só continua devido aos filhos
3- Empatia
➢ Duas pessoas autónomas que conseguem ultrapassar os desafios
➢ Entrada dos netos na vida (surgimento da família alargada)
➢ Fase para disfrutar a vida
➢ Entraves: reforma, questões de saúde, perda de autonomia

Processo emocional de transição


Compromisso com um novo sistema que agora incluí outra pessoa.

Mudanças de 2º ordem necessárias


➢ Formação do sistema conjugal
➢ Realinhamento das relações com as famílias de origem e os amigos de forma a
incluir o cônjuge

Quais os problemas/dificuldades nesta fase


Com a família de origem

➢ Distanciamento mal feito


➢ Limites pouco claros, o que causa intromissão
➢ Má adaptação de um elemento à família de origem do outro
➢ Stressores verticais
Lealdades invisíveis (ex: “a forma como te deixas controlar pelos teus pais”)
Entre o casal
Problemas horizontais
Desacordo no planeamento da vida conjugal
Cristalização dos métodos de comunicação (rigidez, apatia, brutalidade, etc)

FAMÍLIAS COM FILHOS PEQUENOS


O nascimento do primeiro filho marca esta fase, criando novos sistemas que
reorganizam as relações, a hierarquia familiar, o aumento de responsabilidades e funções.

Transição para a parentalidade


➢ Pode afetar a conjugalidade, uma vez que o subsistema parental passa a ser incluído
no conjugal devido à dependência do bebé
➢ Pode afetar a parentalidade com o ajustamento de novos horários e rotinas
➢ Transição que envolve mais mudanças na vida do casal

Processo emocional de transição envolvido nesta fase


➢ Compromisso com o novo sistema parental
➢ Aceitação da nova geração nos sistemas da hierarquia

Mudanças de 2º ordem necessárias


➢ Criar novas rotinas, assumir papéis parentais
➢ Ajustar os papéis e funções relativamente à vida conjugal e vida paternal
➢ Ajustamento do sistema conjugal de forma a criar espaço para os filhos pequenos
➢ Realinhar as relações com as famílias de origem (inclusão dos papéis parentais e
dos avós)

Conjugalidade e parentalidade
A conjugalidade e a parentalidade têm o seu próprio ciclo de vida, desenvolvendo-
se num espaço e tempo próprio de forma semelhante. Há uma grande interseção entre a
parentalidade e a conjugalidade

Expectativas – a criança aproxima o casal e traz aquilo que lhe falta

Realidade – há menos tempo para o casal, a aproximação das famílias de origem faz com
que os limites se tornem difusos

O tempo conjugal pode ser interrompido pela parentalidade, pelo que deve ser
procurado um equilíbrio

A criança é o elemento unificador das famílias de origem.

Da conjugalidade à parentalidade
Transição do acento tónico da vida familiar - da conjugalidade para a parentalidade, do casal
para o bebé

Mudanças na hierarquia geracional - agora os filhos ganham o papel de pais, subindo na


hierarquia

Modelo parental – o que cada um conhece da sua família de origem e o modelo parental que
vão construir. Agora têm de ajudar os filhos a crescer e socializá-los para que atinjam
certos níveis de autonomia

Complementaridade da função parental – as funções parentais já não são exclusivas à mãe,


o pai torna-se mais presente nas consultas ao médico e a tomar conta do bebé, tendo um
papel mais ativo
Da díade à tríade
De dois passamos a três, o esquema familiar fica mais complexo. Porém, a díade
mãe/filho torna-se importante após o nascimento, fazendo com que o bebé a solicite
especialmente para satisfazer as suas necessidades, fazendo o pai sentir-se excluído.

Triângulação

➢ Base da comunicação e das relações humanas


➢ Pode ser funcional
➢ É disfuncional quando dois elementos se direcionam contra um terceiro de forma
nociva

O problema ocorre quando há uma cristalização disto, ou seja, a relação só é


possível devido à criança. Por isso, é importante estabelecer limites casal/filhos.

Crise

Muitas vezes, comporta um momento de crise para o casal (não necessariamente


mau) que cria tensão e stress.

Ocasião para a mudança – amadurecimento do csal

Risco e perigo – Separação

Período de transformação; consolidação do casal ou distúrbio da relação.

Subsistema parental
Desenvolvimento de novas funções e/ou funções previamente definidas.

É importante estabelecer limites entre as novas funções e aquelas que já estavam


definidas antes da criança.

A meta comunicação acerca da díade parental e conjugal vai contribuir para o apoio
na satisfação das necessidades tanto do casal como do bebé.

Marido Mulher Conjugal


Pai Mãe Parental
Irmãos Fratria
Para haver um sentimento de pertença, os pais devem vincular os seus filhos de
forma segura e de maneira dupla, ou seja, vinculação com a família nuclear e as famílias de
origem. Uma vinculação segura ajuda no desenvolvimento de uma identidade positiva.

É importante não projetar os desejos narcísicos nos filhos.

Funções do subsistema parental

➢ Educar
➢ Proteger
➢ Autonomização
➢ Individuação
➢ Impor limites/regras
➢ Orientar
➢ Exigir
➢ Apoio ao crescimento

Fase dissipativa
Estrutura dissipativa – aparecimento de uma nova estrutura de funcionamento diferente da
anterior. Via morfogénese, criam um novo funcionamento

➢ Rege os sistemas auto-organizados


➢ Funcionam através de feedback positivo
➢ Promove a mudança (mudanças de tipo 2)

Funções do subsistema parental

➢ Educar
➢ Proteger
➢ Autonomização
➢ Individuação
➢ Impor limites/regras
➢ Orientar
➢ Exigir
➢ Apoio ao crescimento

Poder executivo

Espera-se que os filhos não só cumpram e executem como também discutam,


reivindiquem, o que irá facilitar a sua individuação e autonomização em conformidade com
a respetiva fase de desenvolvimento.

Evolução/transformação

➢ Ao longo do tempo, contextos e etapas


➢ Complexificação da função ao longo do tempo

Questões sistémicas

Hierarquia- natural, gerações mais velhas em cima

Autoridade – poder executivo é dos pais

Limites – por muito boa que seja a relação devem ser impostos limites

Estilos parentais
Democrático – negociação e regras explicadas, não impostas

Permissivo – “faz o que quiseres”

Autoritário – regras impostas sem qualquer justificação para a criança

Subsistema fraternal
Desenvolvimento de novas funções que cria coligações e triangulações. Com a
chegada de outra criança é criado um novo subsistema.

➢ Organização, comunicação
➢ Papéis
➢ Posição na fratria

Irmãos

Relações horizontais
Modelo fraternal – à medida que crescem formam a sua forma de relacionamento onde
aprendem sentimentos de solidariedade, negociação e competição com aqueles que lhe são
iguais.

O funcionamento da fratria depende as expectativas que se tem para as diferentes


crianças, podendo haver a parentificação de um dos irmãos.

Quando os filhos são mais velhos, os pais não podem intervir no subsistema pois
podem criar situações de conflito que os irmãos devem resolver sozinhos.

Abertura ao exterior
Movimento centrífugo (dentro para fora)

Muitas das dificuldades nesta etapa vêm de dificuldades em efetuar a abertura do


sistema ao exterior.

Abrir o sistema a outros pode ser positivo pelo apoio que vêm dar, mas pode haver
uma grande intromissão da parte exterior e difusão dos limites, perturbando a vida familiar.
Devem criar fronteiras para que não existam tomadas de poder ou forçar modelos
educativos de que os pais não aprovam.

Comunidade

Creche/infantário/atividades/outros pais/vizinhos

Importante estabelecer limites na relação com o exterior. Não permitir comparações


pois podem perturbar a noção de competência familiar, originando sentimentos de
culpabilidade, ineficácia e insuficiência (“não fazemos bem”; “na escola são mais
competentes do que nós”)

Apresentação do bebé em batizado, festas de anos.

Família de origem

Com a chegada da criança, as famílias de origem unem-se de novo.

Subsistema dos avós

➢ Atualmente assumem um papel crucial no desenvolvimento da maioria das crianças


➢ Ir buscar à escola, etc
➢ Ajudam e aliviam temporariamente o subsistema parental
➢ Possibilidades educativas e experiências socializadoras
➢ Conflitos na educação entre pais e avós (“Fiz assim com os filhos porque é que não
posso fazer com os netos)

É importante a imposição de limites para com os avós para não haver tomadas de
posse e imposição de modelos educativos.

Quais os problemas/dificuldades nesta fase?


➢ Casal não ter tanto tempo para si e para a conjugalidade
➢ Dificuldades com as famílias de origem (por exemplo, intrusões)
➢ Problemas em gerir a parentalidade a dois
➢ Problemas na imposição de limites com o exterior (desqualificação dos pais por isso
consideram que a sua maneira de educar não é a melhor e os outros é que estão
certos)

FAMILIAS COM FILHOS NA ESCOLA


A entrada na escola cria uma mudança no sistema e marca o início desta fase.

A escola é como uma extensão da família e significa a relação da família com um


novo sistema.

A criança passa a ter acesso ao mundo dos crescidos através do ler e do escrever.

Integração da criança no novo contexto relacional


Aprendizagens

Desenvolvidas no subsistema parental (exemplo: as relações verticais que agora


passam para os professores) e do subsistema fraternal (exemplo: as relações horizontais
que aqui passam para o grupo de pares; competição, solidariedade)

Normas relacionais familiares vão ser generalizadas às restantes relações.


Transferência e expansão das normas relacionais familiares.

Importância do saber ler e escrever


➢ Aproximação ao mundo dos adultos
➢ Conhecimento/saber
➢ Promessa de autonomia

Conhecer o mundo por si próprio sem depender dos pais, o que facilita a procura de
conhecimento.

Abertura do sistema familiar ao mundo extra-familiar


Funções da família

Interna – proteção, educação, promoção da individuação

Externa – socialização, transmissão cultural

Entrada na escola como teste à função externa da família

Competências – se partilha, se se senta corretamente

Educação/socialização – como se comporta

Prova da função interna

Proteção/educação

Sentimento de pertença/individuação – “pertenço àquele grupo, mas este sou eu”, se não
ocorrer pode haver ansiedade de separação, défices de atenção e aprendizagem

Mudança

➢ Partilha de tarefas parentais


➢ Rearranjo de espaços físicos no lar para encontrar um local de estudo
➢ Reajustes em termos económicos/laborais
➢ Rearranjo de horários (Deitar/levantar em função da escola)

Os pais devem dar aos filhos a sua autonomia de forma gradual com regras e normas
a cumprir. Deve haver uma flexibilidade adaptativa a estas mudanças.

➢ Professor como fonte de conhecimento


➢ Novas possibilidades relacionais (adultos, crianças, atividades extracurriculares)
Se a família não respeitar a flexibilidade adaptativa vão ocorrer mudanças de tipo 1
(mudar para deixar como está).

Relações escola-família
A escola vai estar one-up à família, pois, por ser obrigatória, a família deve
conformar-se e respeitar as suas obrigações.

➢ Respeitar tempos
➢ Obrigatório os filhos irem à escola

Códigos de funcionamento

➢ Da escola vão para casa


➢ De casa vão para a escola

Novos triângulos relacionais

A escola passa a coabitar com a família. Pode haver uma contestação da autoridade
parental, ou seja, acreditar mais na autoridade do professor do que dos pais.

Vão existir também comparações para confrontar a autoridade parental com o


conhecimento de novos modelos familiares (“O pai dele deixou”).

Esta fase deve ser ultrapassada através da flexibilidade adaptativa para não gerar
stress e conflitos.

Subsistema fraternal coabita com os pares

“Pode dizer-se que a criança vai para a escola “armada” com o que a família lhe
ensinou e transmitiu, também vai aí arranjar novas “armas” que lhe dão outro poder no jogo
relacional familiar”

Comunicação
Entre a escola e a família

➢ O aluno/filho é o veículo que transporta a informação entre os sistemas


➢ Pertence aos dois sistemas, escolar e familiar, fazendo dele um intermédio (go-
between)
➢ Pode não transmitir a informação de forma desejada. Isto pode ser propositado (ex:
não mostrar um recado) ou inconsciente (ex; forma como interpretam e comunicam
a informação)

Ter em atenção que a opinião dos pais acerca da escola passa para os filhos, podem
considerar o antigo melhor (visão negativa) ou o agora mais vantajoso (visão positiva).

Conflito de lealdades entre a escola e a família ou a família e a escola

Triangulação da criança

➢ “Para estar do lado da professora estou contra os meus pais”


➢ Espaço para coligações e alianças
➢ Conflito de lealdades

Que problemas/dificuldades nesta fase?


➢ Individuação/separação progressiva dos pais
➢ Informação da escola pode ser diferente daquela facultada pelos pais
➢ Comparação com outras famílias (confronta a autoridade parental, autonomização)
➢ Pais têm de se adaptar ao novo processo de aprendizagem dos filhos
➢ Estilo educativo democrático para lidar com os confrontos à autoridade parental –
permitir o confronto, mas estabelecer limites e explicar o porquê do assunto em
casa ser resolvido dessa forma
➢ Surgem os problemas comportamentais
➢ Novas rotinas podem ser stressantes s trazer problemas
➢ Ansiedade de separação
➢ Dificuldades na autonomização (progressiva para não haver problemas)
➢ Família não permitir à criança a maturidade necessária para a entrada na escola
➢ Na comunicação escola-família estão implícitas a interpretação da criança, da
escola e da família. Os pais e os professores devem estar em contacto sem envolver
a criança

Visão da perspetiva sistémica

➢ Dificuldades de aprendizagem não são logo assumidas como cognitivas. Procurar


outras causas no sistema e a sua relação
➢ A intervenção não pode ser só na criança, mas também no seu contexto relacional

FAMÍLIAS COM FILHOS ADOLESCENTES


A adolescência
A noção do que é a adolescência difere do ponto no desenvolvimento vital em que a
pessoa se encontra. A visão de quem já passou por ela vai ser diferente de quem está a
passar agora.

Estabelecem-se as diferenças entre pais e filhos com a individuação gradual e a


formação da identidade própria do adolescente.

Medos e receios da adolescência

➢ Drogas, álcool
➢ Que sejam mal-educados
➢ Que “percam o seu caminho”
➢ Que sejam violentos
➢ Que tenham um mau desempenho escolar

Formas de respostas incorretas dos pais

Controlo excessivo – não deixarem sair (consequências em termos relacionais), “não te dás
com x porque é má influência”, etc.

Condescendência – medo de que se revoltem; acomodar ao gosto do adolescente, “assim faz


à nossa frente”

A separação e a autonomia são afetadas e os filhos opõem-se mais aos pais. Não
devem impor a sua autoridade nos momentos de tensão.

É importante que não sejam apenas salientadas coisas negativas, mas que os filhos
também saibam as coisas que os pais apreciam neles.

➢ Necessário um meio termo, negociação


➢ Regras claras e consistentes
➢ Poder executivo continua nos pais, mas está mais flexível devido à negociação com
os filhos adolescentes
➢ Não restringir as relações sociais (Crucial)

Definição de adolescência na perspetiva sistémica


“Entre a infância e a idade adulta, caracteriza-se por um processo de maturação que dá ao
individuo a possibilidade de adquirir o conjunto de elementos que lhe permitem
autonomizar-se em relação à sua família de origem. Estes elementos são de ordem
psicológica, económica, profissional e cultural. Para o sistema familiar a partido dos filhos
é a fase mais longa e mais difícil do seu ciclo vital, já que deve ser mantido um equilíbrio
entre as exigências do sistema e as aspirações individuais de cada membro da família.”

➢ Pai e mãe têm as suas próprias aspirações e focos agora que os filhos estão mais
autónomos.
➢ Questões do par conjugal
➢ Conciliar o emprego e a parentalidade (os auges da vida profissional costumam ser
nesta altura)

Funções do poder executivo

➢ Proteger
➢ Cuidar
➢ Educar
➢ Impor regras
➢ Alimentação
➢ Suporte emocional
➢ Socialização

Transformação
Redefinição dos limites

Abertura do sistema ao exterior, nomeadamente ao grupo de pares que, nesta fase,


é o que está em maior destaque. Maior influência dos pares e menor dos pais

Flexibilidade – possibilidade de apertar os limites e afrouxá-los quando necessário


Hierarquia familiar tem de se manter

Diferenciação intrassistémica – pais continuam com o poder executivo, mas tem de mudar
a maneira como o fazem. Nesta etapa, a sua principal função é aconselhar. Devem
flexibilizar o controlo.

Fim do iniciado na etapa anterior


Abertura ao exterior

➢ Fase de maior abertura


➢ Muitos amigos
➢ Vários professores
➢ Novas atividades
➢ Novos conhecimentos

Subsistema parental

➢ Suporte relacional e afetivo


➢ Vai perdendo a sua influência ao longo da adolescência
➢ Pais como porto seguro de relações e afetos

Separação e autonomia
Tarefas básicas para o adolescente e para os pais; cruciais

A relação vertical que se tem com os pais deve agora ser flexível, uma vez que há
certos aspetos que vão adquirir a horizontalidade.

O problema não está nas crises que surgem, mas sim na forma como elas são
resolvidas.

Plano comunicacional

➢ Complementaridade
➢ Simetria

Plano comportamental
Atividades separadas (pais vão jantar fora juntos e filhos vão ao cinema). Aqui, os
pais e os filhos estão menos tempo juntos, o que enaltece a separação e a autonomia de
ambos os lados.

Plano cognitivo

Pais e filhos com ideias e pontos de vista diferentes. Os pais devem ajudar os filhos
a desenvolver as suas ideias e aceitando-os como intelectuais para que se possam também
diferenciar de outros e criar a sua própria identidade.

Plano afetivo

➢ Papel dos pares como apoio do adolescente em valores, emoções e no seu próprio
desenvolvimento
➢ Amizades, namoros, paixões
➢ Escolas das decisões afetivas (de quem querem ser amigos, com quem se querem
relacionar)

Pais deixam de ser o único suporte emocional e a única fonte de afeto.

“independência e autonomia não como forma de rutura ou isolamento em relação à família,


mas antes como autorresponsabilização e afirmação de si, inclusive no seu seio, interligam-
se na possibilidade de realização da grande tarefa do adolescente analisa em termos
psicossociais mais latos, isto é, na aquisição da identidade”

Relação pais-filhos
Os pais chegam a sentir-se menos importantes

Poder

O poder deve ser considerado através da situação, da hierarquia e da adaptabilidade


do sistema. Tomar decisões influencia cada elemento

 Filho quer alcançar o poder, mas pais não o querem perder, tomar perder como um
processo, mas não com um resultado

Nesta etapa…

➢ O poder não pode estar de um só lado


➢ O adolescente não pode ter mais poder que os pais, pelo que contraria, negoceia e
afirma-se
➢ Pais não podem ter poderes do adolescente (escolhas, experimentar, comunicar,
opõe-se, confrontar, arriscar, etc)
➢ Filhos não podem ter o poder dos pais (executivo), ele impõe os limites
Conflito
➢ De gerações
➢ Inevitáveis
➢ Gravidade e tipo de conflito varia
O conflito ajuda no crescimento saudável quando bem resolvido, não através de uma
rigidez e controlo.

Abertura do sistema ao exterior


Grupo de pares
Problemáticas na autonomização
Em especial nas famílias emaranhadas.
Surgem perguntas como “gostas mais deles?” “preferes ir com eles?” e impedem de
ir. Quando é inconsciente, os pais não entendem que estão a dificultar o processo de
autonomização dos filhos, criando dependência e causando um cut-off nocivo.
Problemáticas desadaptativas
Em especial nas famílias desmembradas.
Poucas trocas comunicacionais, vivem praticamente separados. O processo de
socialização não ocorreu na melhor maneira e o grupo de pares vem substituir a família.
Escola
Transmissão da mensagem entre a família e a escola já pode ser bem efetuada, se
o adolescente o quiser.
Adolescência
Época dos conflitos com a escola. Professores, colegas e dentro da própria sala de
aula.

Recentração da vida conjugal e profissional


Filhos nesta altura já não precisam tanto dos pais.
Recentração da vida conjugal e profissional
➢ Podem surgir novos aspetos que interessem ao casal
➢ Novas complementaridades e simetrias.
Pode ser uma transição complicada pois passaram muitos anos a ser um par
parental acima de um par conjugal.
Carreira
Agora há tempo e disponibilidade para pós-graduações, etc; para se dedicarem aos
seus objetivos profissionais.
No entanto
Nesta fase pode haver complicações e dificuldades que podem levar a triangulações
e divórcio devido ao um mau ajustamento a esta nova etapa.
Outros problemas
Surgir depressão num dos pais quando o filho está a realizar o processo de
autonomização.

O apoio à geração idosa


Nesta altura os pais de ambos os elementos do casal costumam necessitar de apoio.
Redirecionam o foco dos seus filhos para os seus pais.

Processo emocional de transição


Flexibilização dos limites familiares de modo a aceitar a independência gradual dos
filhos e a fragilidade doa avós.

Mudanças de 2º ordem necessárias


➢ Mudança na relação pais-filhos para permitir ao adolescente as entradas e saídas
no sistema
➢ Novo foco nas questões conjugais e profissionais
➢ Inicio da função de suporte à geração mais velha.

Problemas/dificuldades nesta fase?


➢ Dificuldade para o par conjugal se centrar em si próprio, agora que a parentalidade
ganha menos relevância e está mais ténue. É apenas um suporte emocional, afetivo,
económico, etc.
➢ Triangulações expressas em adiar a autonomização dos filhos
➢ Questão da conjugalidade – aparentes dificuldades que antes estavam desfocadas,
risco de separação
➢ Problemáticas da adolescência – isolamento, dependências, gravidez, ansiedade,
perturbações alimentares, influência dos pares

As TIC e o funcionamento familiar


Computadores, telemóveis, email, redes sociais, etc vão ser novos cenários na vida
das famílias. Permite que comuniquem a qualquer altura.
O adolescente vai negociar a sua privacidade, autonomia e independência do
controlo parental ao nível tecnológico.
Mudanças qualitativas no funcionamento familiar
➢ Comunicação em tempo real
➢ Maior coesão/proximidade em atividades partilhadas na distância física VS
diminuição do tempo em família e da qualidade das relações
➢ Papéis e conflitos intergeracionais – aumento de conflitos; hierarquia “adolescente
perito” que percebe mais das TIC VS regras e monitorização
➢ Conflitos acerca do tempo de utilização
➢ Limites – dimensão privada e pública; ausência de privacidade e diferenciação do
tempo de trabalho
A adolescência
Internet
➢ Depende do tipo de uso
➢ Fins sociais – jogos, falar com amigos
➢ Fins de aprendizagem – estudar, fazer trabalhos
➢ Tempo, regras e riscos (perfis falsos, cyberbullying) associados à sua utilização
➢ Hierarquia de autoridade (adolescente perito)
Aspetos negativos
➢ Uso da internet e exposição das crianças/adolescentes a comportamentos de risco
e conteúdos inapropriados
➢ Redução do tempo em família
➢ Diminuição das fronteiras publicas e privadas da família
➢ Inversão dos papéis na hierarquia familiar e aumento de conflitos
Aspetos positivos
➢ Uso da internet para o desenvolvimento de conhecimento/objetivos académicos nas
crianças e adolescentes
➢ Gestão diária de famílias modernas (compras online, monitorizar a criança, etc)
➢ Oportunidades para passar mais tempo em família (jogos, software)
➢ Expansão dos contactos com a família alargada (especialmente com aquela no
estrangeiro)

FAMILIAS COM FILHOS ADULTOS


Rótulos
Ninho vazio – metáfora triste
Lançamento dos filhos – associado à saída dos filhos de casa. Passa a ideia de que para
lançá-los deve haver um corte relacional
Etapa do acordeão – lidar com as entradas e saídas; noção de flexibilidade;
intergeracionalidade

Multigeracionalidade
Intercruzamento de gerações. Saem os filhos e entram os avós na vida do casal.
“Pais” têm de gerir a carreira de acordo com as novas exigências do sistema familiar
Os genros/noras/netos/compadres entram na vida do casal, é necessária a
flexibilidade (qualidade de liderança para organizar as regras e funções de relacionamento)
para conseguir resolver esta crise
Passam a ser a geração intermédia nesta fase que podem experienciar de acordo
com as doenças/incapacidades dos familiares idosos, do contexto financeiro (podem ter de
financiar as duas gerações, pais e filhos) e as hierarquias (ficam invertidas pois agora os
filhos tomam conta dos pais, o que pode causar conflitos)

Tarefas fundamentais desta etapa


1) Facilitar a saída dos filhos de casa para construírem as suas próprias vidas
2) Renegociar a relação do casal, agora na meia-idade
3) Aprender a lidar com o envelhecimento, tanto com o dos pais como com o próprio

Saída dos filhos de casa


Não tem de ser saída permanente, pode ser apenas para ir para a universidade ou
voltam mais tarde devido a problemas financeiros.

A saída deve ser preparada durante a adolescência para que possam adquirir
competências que vão complementar a sua autonomia.

Expectativas

“quando tiveres a tua casa”

“quanto eu tiver a minha casa”

Há uma coerência entre as expectativas dos pais e dos filhos para o futuro.

Saídas e reentradas

A família deve permitir amigavelmente as saídas e as reentradas. Como os


estudantes deslocados que voltam a casa nas férias, ou os filhos que voltam para casa pois
não conseguem arranjar um emprego estável e estão a ficar com problemas financeiros.

Relações adulto-adulto

A ideia de que os filhos se afastam ao sair de casa está incorreta. Vários estudos
mostram que, na verdade, a saída dos filhos reduz os conflitos e melhora a relação com os
pais, criando relações afetivas mais intensas.

Quando os filhos ficam por um longo tempo em casa os pais não os vêm como
adultos, mas estes querem ser tratados como tal. Isto geral conflitos entre as gerações e a
questão de poder deve ser negociada, uma vez que o filho já atingiu a sua autonomia e
individualidade.

Casal na meia-idade
Oportunidade de vivenciar de novo a relação.
Reestruturação relacional

Por haver novos focos de energia, os moldes da relação devem ser diferentes
daqueles que haveria quando o casal se formou. Isto requer uma readaptação do casal às
novas maneiras de ser para que, de certa maneira, se voltem a conhecer de novo.

Reforço dos limites do subsistema conjugal

Dificuldades conduzem a

➢ Divórcio
➢ Triangulações
➢ Obstáculos à autonomização dos filhos

Reforma

➢ Fonte de stress porque envolve mudança


➢ A forma como se encara a reforma está muitas vezes relacionada com a situação
financeira
➢ Muitas vezes a reforma não coincide com os dois elementos do casal, um pode
reformar-se mais cedo que outro e isso gera solidão e desconfianças
➢ Quando o casal se reforma ao mesmo tempo, a forma como passam o tempo difere
de casal para casal
➢ Diminuição dos contacto sociais que se tinham anteriormente

Abertura do sistema
A parentes de afinidade (companheiros/as dos filhos) e as suas famílias.

Netos

➢ A 2º chance da parentalidade
➢ Em certos casos os avós são assistentes permanentes

Envelhecimento
Envelhecimento da família de origem e do próprio casal.

Perdem autonomia e tornam-se dependentes. A hierarquia geracional inverte-se.


Problemas/dificuldades nesta fase
Conflitos entre o casal

Inversão da hierarquia geracional (conflitos entre o casal e as famílias de orgiem;


dificuldades em cuidar dos pais)

Problemas na flexibilidade (não apoiam a saída; não permitem reentradas)

Retorno dos filhos (voltam com os seus hábitos; pais pensam continuar a deter o poder;
filhos não se consideram na posição inferior)

Conflitos com os parentes por afinidade

Conflitos entre “avós” e “pais” na educação dos netos porque podem intrometer-se

Dificuldades na reestruturação que podem levar ao divorcio, separação, etc

Conflitos na reforma (quando um se reforma primeiro que o outro)

FAMILIAS RECONSTITUIDAS
Pessoas que já tiveram outras famílias e se reúnem agora num novo sistema, como
uma mulher com filhos se juntar a um homem com filhos (meus, teus e os nossos).

Luto
No passado eram mais frequentes por viuvez em vez de divórcio.

Mesmo assim, há um luto que deve ser feito (pelo progenitor que está fora), uma
aceitação dos novos membros e uma nova construção de regras no novo sistema.

Separação e divórcio

Filhos devem aceitar a decisão dos adultos e não interferir, apesar de muitas vezes
lhes causar infelicidade.

Caso os filhos aceitarem será um final positivo, podendo manter os dois pais na sua
vida e, provavelmente, com a existência de um padrasto ou madrasta.
De qualquer forma, é necessário fazer um luto à família passada para não serem
disruptivas no novo sistema.

Morte e perda

Apesar de ser um luto diferente, também este deve ser feito em prol das novas
relações, guardando apenas memórias boas de quem já foi em vez de uma lealdade
revoltante.

Nunca houve cônjuge

Luto tem a ver com a relação exclusiva mãe-filho

Nova família
Idealização

Considera-se que tudo vai dar certo agora que e que nada pode falhar

Memória

Cada um tem memórias edificadas da relação anterior, o que pode fazer com que o
parceiro atual se sinta inseguro.

O pensamento de que tem de ser melhor do que o parceiro anterior dificulta o


estabelecimento de uma relação saudável por si própria e não por oposição à anterior. No
caso da viuvez, a memória é mais idealizada.

Comunicação

Por não quererem que corra mal não comunicam por medo que expressar
dificuldades signifique separação. Devem aprender a negociar as suas diferenças sem
alarido.

Papel da madrasta/padrasto

➢ Resistir a ter um papel ativo em relação aos enteados


➢ Auxiliar sem interferir na educação
➢ Com o tempo, o seu papel torna-se mais ativo

Conjugalidade e Parentalidade
Preservação do espaço conjugal

A família abre-se ao exterior e o par conjugal foca-se em si próprio

Ficam animados ao serem solicitados na função paternal e querem que corra bem,
mas esquecem-se que devem preservar o espaço conjugal. Se for muito solicitado devido a
alianças (mãe/filhos) o casal perde espaço e pode nem se constituir a sério.

Novos padrões/regras de funcionamento familiar

➢ As comparações com a relação anterior podem ameaçar a nova


➢ Códigos comunicacionais anteriores deve ser renegociado
➢ Linguagem conjugal e paternal deve ser afinada
➢ Equilibrar os códigos antigos com os novos para a rutura não ser repentina para os
filhos
➢ Posição dos progenitores ausentes pode alterar a adaptação às novas regras
➢ Viuvez – a lealdade com o desaparecido e a idealização do seu papel parental são
uma ameaça à nova relação
➢ Monoparentalidade – forte relação com o progenitor

Modelo de parentalidade

Integrar o de infância com aqueles que os seus filhos já conhecem.

Os filhos podem ser leais ao parente ausente e dificultar a nova gestão da


parentalidade. Por isso, nesta fase inicial, o papel do padrasto/madrasta na educação não
deve ser tão ativo.

Subsistema filial
Lealdades

Os filhos têm dificuldade em ser leais ao novo modelo ou ao progenitor desaparecido.

Quando não se tecem novas relações, pode haver coligações contra o adulto sem
filhos. As famílias de origem podem ajudar neste assunto ou causa uma situação de stress.
Pode também encontrar-se um alinhamento entre pais e filhos biológicos.

Poder e conflito
Desentendimentos no conteúdo e relação não facilitam uma comunicação funcional.
O que está em jogo são as relações de poder. A posição do progenitor biológico é essencial
e o novo cônjuge deve ser apenas um auxiliar.

Irmãos/fratria

Se os filhos se aliam ao progenitor biológico a cooperação e a solidariedade fraternal


tornam-se rivalidade

É importante que as crianças e adolescentes criam laços para que as


transformações sejam facilitadas e que as suas relações não sejam usadas para a
triangulação.

Singularidades
➢ Coexistência de várias etapas do ciclo vital (filhos podem ter idades diferentes)
➢ Possibilidade de comparação com uma experiência real anterior
➢ Fantasma da repetição da experiência de separação

Apesar de apresentarem uma grande vulnerabilidade e alguns fatores de risco, as


famílias reconstituídas podem ser um espaço de crescimento individual e familiar.

FAMILIAS MONOPARENTAIS
Famílias onde a parentalidade é composta por um único elemento por abandono ou
adoção.

Conjugalidade – potencialidades do sistema (ausência)


Na ausência de um dos cônjuges este subsistema perde-se ou não é constituído.
Assim, as potencialidades que o mesmo tem para a família (suporte emocional, resolução
de problemas, modelação das futuras relações dos filhos) ficam perturbadas.

O desenvolvimento cognitivo e afetivo pode ser prejudicado por ser muito apegado
à figura parental e desenvolva neuroses que fazem o pai reavaliar o seu comportamento.

Parentalidade
Existe uma impossibilidade de partilhar tarefas e de recorrer à complementaridade
na educação dos filhos.

A forte ligação entre a mãe e o filho e o foco no seu papel educativo (para compensar
a ausência de outro) tornam a separação mais difícil.

Pas de deux

Familias reduzidas a 1 mãe e 1 filho.

Parentificação

Comum neste tipo de família. O filho mais velho assume funções parentais face aos
mais novos, prejudicando o subsistema fraternal, o exercício da autoridade familiar (Que
está no poder parental) e o seu próprio desenvolvimento (não casa para cuidar da família;
nível de profissional e académico mais baixo).

Ausência de um progenitor
Dificuldades identificatórias

Dificuldade em edificar a sua identidade devido à falta de um modelo de identificação

É importante haver fatores de proteção tais como

➢ A atitude do presente face ao ausente


➢ Expectativas relativamente ao comportamento e identidade dos filhos
➢ Oportunidades para lidar com elementos do sexo do progenitor ausente

Diferença

➢ Sente diferença em relação aos colegas


➢ Falha que ninguém consegue resolver

O aumento de famílias monoparentais tem diminuído esta vergonha e


estigmatização. Mesmo assim, há fatores na sociedade, especialmente na escola, que não
facilitam o processo (como a celebração do Dia do Pai ou a obrigação de ter os 2 pais numa
reunião)

É importante estar fisicamente disponível e interessado no ambiente do filho sem


mostrar uma má imagem do ex-parceiro
Formação do casal não existe

Familias com filhos pequenos na escola – sobrecarga de funções, ausência de sistema


democrático, parentificação, dificuldades na identificação

Com adolescentes – fortes relações afetivas afetam o desenvolvimento e autonomização

Com adultos – reposição face aos ilhós, trabalho e próprios pais. Ocasião para mudança ou
entrave no próprio desenvolvimento

CASAIS SEM FILHOS


Prevalência do subsistema conjugal

Nonparenthood / Voluntary childlessness / Child-free alternative – tudo opções para


descrever casais sem filhos.

Questões habituais
Pessoas sem filhos têm mais sucesso?

Há algo de errado em não querer ter filhos?

Quais os efeitos a longo prazo de não ter filhos?

A qualidade do casamento é tão boa?

Quais as vantagens e desvantagens?

Trajetórias
Trajetória consensual

Ambos concordam em não ter filhos

Trajetória de mútua negociação

Só decidiram que não queriam ter mais tarde

Trajetória persuasiva unilateral


Um quer e o outro não e tenta convencê-lo de que essa é a melhor opção
(complementaridades rígidas)

Trajetória persuasiva bilateral

Desacordo completo, pode conduzir a ressentimentos.

FAMILIAS ADOTIVAS
Acolhem crianças e adolescentes que não estão ligados por laços de sangue e sim
por laços afetivos e legais.

Após tentativas naturais podem passar para tratamentos e inseminações cirúrgicas


para obter um filho biológico. É um percurso longo com sofrimento físico e psicológico que
pode afetar o casal (dor/sofrimento são expressados por conflito) e tornar as relações com
as famílias de origem problemáticas (assunto tabu)

O casal faz luto das tentativas de conceção e, mais tarde, contactam os serviços de
adoção. Depois de serem avaliadas várias dimensões (legal, socioeconómica, psicológica) é
dado o status de adotante. Em média, recebem a criança alguns anos depois.

A descoberta da infertilidade causa um grande impacto na autoestima do sujeito que


sente que falhou e inveja outros que conseguem engravidar. O luto da tentativa de conceção
deve ser feito para acolher a criança corretamente.

Nascimento da família e inicio da parentalidade


Estabelecimento do vínculo afetivo

Objetivo principal na fase inicial da vivência com a criança. Mais difícil em crianças
mais velhas devido ao trauma de abandono.

Funções da parentalidade

Idênticas à da família nuclear tradicional

➢ Educação
➢ Afeto
➢ Alimentação
➢ Proteger
➢ Autonomização
➢ Individuação
➢ Orientar/apoiar
➢ Impor limites/regras

Singularidade

➢ Questões acerca da infertilidade e dúvidas quanto à genética da criança, o


desenvolvimento individual e as relações familiares
➢ Em crianças mais velhas há uma vinculação insegura apesar de estar disposta a
aceitar o amor dos pais tem medo de abandono, que se reflete em comportamentos
de provocação e agressivos
➢ Pais têm medo de não adaptar a criança ou de não se adaptar a ela

Sintomas de inadaptação

Aparecimento de comportamentos que são vistos como inadaptação ao novo


ambiente ou herança genética

➢ Duvidas sobre patologias


➢ Questiona as competências parentais dos pais

As 2 situações podem prejudicar o estabelecimento da vinculação e, por isso, deve


haver apoio exterior.

Familias com crianças em idade pré-escolar


Inicio do processo de revelação

➢ Curiosidade sexual da criança


➢ Contacto com outras mulheres grávidas
➢ Desejo de ter um irmão

Dizem à criança que ela nasceu de outra barriga, mas é filha do coração. Ela não
entende bem a diferença

Família alargada e amigos


Há uma necessidade de que o meio aceite a criança e testam as relações com a
família alargada e os amigos

Aqui, os pais adotivos podem beneficiar do contacto com outros pais para trocar
medos, experiências e ansiedades.

Família com filhos na escola


Abertura ao exterior

Fase marcada pelo alargamento do meio social da criança e abertura do sistema


familiar ao exterior

Desempenho escolar

A expectativa quanto à capacidade de aprendizagem é grande, especialmente


quando há fatores de risco (défices, baixo nível sociocultural) dos antecedentes.

Os pais têm medo das capacidades intelectuais se manifestarem em dificuldades de


aprendizagem ou insucesso escolar.

Revelação

A criança começa a compreender que é adotada

Por ter medo do abandono que sente face aos pais biológicos e para lutar contra
zangas face aos adotivos, imagina um oposto dos pais adotivos. Em situações extremas pode
achar que a roubaram

Por achar que a adoção foi uma retaliação do seu comportamento anterior, a criança
ou se torna apática ou desafia os pais como forma de testar o seu afeto.

Famílias com filhos adolescentes


Autonomia e separação

Com a separação do adolescente e a sua gradual autonomização cria um receio de


que o mesmo venha a optar pela sua família biológica ou castigue os pais adotivos por não
terem dado a conhecer essa sua história.
Querer conhecer a sua família significa que quer conhecer as suas origens para
contruir a sua identidade e não deixar a família adotiva.

É importante que exista confiança mútua, sintam gratificação e mostrem


flexibilidade para superarem as crises que virão

Podem necessitar apoio familiar e social

➢ Comunicar medos, angustias


➢ Pensar que encontros com o passado são necessários para o desenvolvimento

Grupo de pares

O adolescente procura esse apoio quando sente a diferença ao comparar-se com os


seus colegas.

Pode metacomunicar as suas dúvidas e sofrimento, provocar e projetar a sua


angústia ou sentir apatia e depressão.

Família com filhos adultos


As origens

A pesquisa pelas origens serve para melhor integrar as heranças e configurar a sua
identidade

Em situação de rejeição, abandonam as suas origens.

Criação da própria família

Ao ter filhos, muitos adotados experienciam pela primeira vez laços de sangue com
alguém, havendo um impacto emocional.

Os pais adotivos sentem a felicidade em tornar-se avós. Já aqueles que não fizeram
o luto da sua infertilidade sentem que perderam a criança para um parente de sangue e
voltam os sentimentos de dor e sofrimento, podendo haver um cut-off emocional.

Envelhecimento

➢ Reforma e perda de autonomia dos pais adotivos


➢ Perda e aproximação da morte do cônjuge
➢ Pais adotivos aceitam a hereditariedade psicológica, o que continua a sua família e
a sua memória
➢ A morte dos pais pode ser levada como um novo abandono

Você também pode gostar