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Desenvolvimento humano

Profa. Dra. Angela Helena Marin


Aula 10
Ciclo vital – Parte 6
Temas que serão abordados nesta aula:

01. Adultez
02. Adultez emergente
Adultez

Os caminhos para a vida adulta são muito mais variados do que no passado.

▪ Ate década de 1960: ensino médio, sair de casa, conseguir um emprego, casar e ter filhos,
nesta ordem.

▪ 1990: 1 em cada 4 seguia essa sequência nos EUA.

▪ Hoje há diferentes possibilidades:

▪ Um homem ou uma mulher jovem pode conseguir um emprego, comprar um


apartamento e aproveitar a vida de solteiro(a).
▪ Dois jovens casados podem se mudar para a casa dos pais enquanto terminam os
estudos ou organizam a vida ou após a perda de um emprego.

▪ Tarefas desenvolvimentais como encontrar um trabalho estável e desenvolver


relacionamentos afetivos de longa duração podem ser adiadas até os trinta anos ou mais.
Adultez emergente - Entre 18 e 25 anos

Período baseado em estudos norte-americanos, não proposto como universal, mas como um momento
do desenvolvimento humano que possui características fortemente marcadas e específicas para cada
cultura – algumas compartilhadas, pelo fenômeno da globalização, em diferentes países e grupos.

Etapa do ciclo vital, na qual os jovens de sociedades contemporâneas ocidentais tendem a postergar
determinadas tarefas culturalmente esperadas para a adultez, como os estudos, matrimônio,
maternidade/paternidade, no intuito de obter elevado nível educacional e melhor preparação para o
mundo do trabalho.

Marcado por sentimentos de ambivalência entre o prolongamento da exploração de diferentes papéis


sociais possíveis e a dificuldade em assumir completamente responsabilidades e compromissos.

▪ Certa autonomia dos pais.


▪ Sensação de instabilidade.
▪ Algumas características da adolescência como dependência financeira.
Adultez emergente no Brasil

Contexto brasileiro

Inserção dos jovens no mercado de trabalho e exploração profissional apresentam múltiplas


possibilidades e particularidades que merecem atenção e estudo.

Estudo de 2019 com 547 jovens:


impacto dessas tendências, mas com especificidades:

Indivíduos com nível socioeconômico mais baixo vivem um período de exploração após
alguns anos de investimento em suas famílias e a partir do seu próprio processo de conquista
da autonomia.

(DUTRA-THOMÉ ET AL., 2019)


Adultez emergente - Três questões de identidade

1. Relacionamentos afetivos 2. Trabalho 3. Visão de mundo

Exploração da intimidade e Oportunidade de Independência e foco em si


início de relacionamentos mais experimentação como um mesmo.
sérios e marcantes. passo em direção à
independência financeira. Engajamento maior em
Momento em que a exploração
atividades exploratórias.
dos relacionamentos passa a
acontecer tendo o futuro em Muitos ainda sem uma família
para sustentar, podem Oportunidade maior de realizar
mente de forma mais concreta,
explorar diferentes áreas e se escolhas baseadas nos próprios
mas ainda com liberdade
envolver em experiências não interesses e opiniões pessoais.
suficiente para mudar de ideia
e buscar novas possibilidades. remuneradas, que não seriam
possíveis com as Descobrir como tomar decisões
Compreender que tipo de responsabilidades da vida por conta própria envolve
pessoa é interessante adulta - oportunidades de conhecer limitações e
enquanto um parceiro de descobrir habilidades e habilidades, desenvolver metas
longa duração implica em interesses que poderão de vida e se responsabilizar
desenvolver a própria indicar a direção de um pelos resultados de suas ações.
identidade. trabalho mais estável e
demandante no futuro. (FELINTO et al., 2020)
Recentralização

Processo subjacente à mudança para uma identidade adulta.

Estágios nos quais responsabilidade e tomada de decisão gradualmente passam da família


de origem para o adulto jovem independente:

1) Ainda está inserido na família de origem, mas as expectativas de autoconfiança e


autodirecionamento começam a aumentar.
2) Conexão à família, mas não está mais inserido nela. Envolvimentos temporários e
exploratórios em uma variedade de cursos universitários, empregos e relacionamentos
íntimos marcam esse estágio. Próximo do seu final, o indivíduo está começando a assumir
compromissos sérios e obtendo os recursos para sustentá-los.
3) Geralmente em torno dos 30 anos, o indivíduo entra no período adulto jovem. Este
estágio é marcado por independência da família de origem (embora mantendo vínculos
com ela) e compromisso com uma carreira e com um relacionamento amoroso.

(PAPALIA, MARTORELL, 2022)


Relacionamentos afetivos

Desenvolvimento dos relacionamentos íntimos - tarefa crucial no período adulto.

Estabelecimento de relacionamentos íntimos e estáveis é um forte motivador do comportamento humano.

Solteiro:

Menos pressão social para casar.


Alguns adiam casamento e os filhos devido à instabilidade econômica.
Alguns gostam de liberdade sexual.
Alguns acham o estilo de vida excitante.
Alguns apenas gostam de estar sozinhos.

Novos relacionamentos (parceiros amorosos) e a renegociação de relacionamentos existentes (pais) têm


implicações sobre a personalidade (permanece ou muda).

▪ Ex. pessoas com alto neuroticismo tendem a estabelecer relacionamentos nos quais elas se sentem menos
seguras - sentimentos crônicos de insegurança servem para torná-las mais neuróticas ao longo do tempo.

Personalidade e relacionamentos podem ser vistos como influenciando um ao outro.

(PAPALIA, MARTORELL, 2022)


Relacionamentos afetivos

Relacionamentos homossexuais

▪ Nível de satisfação independe da configuração do casal.


▪ Fatores que predizem a qualidade dos relacionamentos – traços de personalidade,
percepções do relacionamento pelos parceiros, formas de comunicação e resolução de
conflitos e apoio social.

Particularidades
1. São mais propensos que casais heterossexuais a negociar os afazeres domésticos para
alcançar um equilíbrio que funcione para eles.
2. Resolução de conflitos em uma atmosfera mais positiva do que os casais heterossexuais.
3. Menos estáveis do que os relacionamentos heterossexuais, principalmente devido a
ausência de apoio social.

(PAPALIA, MARTORELL, 2022)


Trabalho

Mercado de trabalho complexo e rotativo – afeta planejamento de futuro.

Decisões profissionais não se restringem ao momento da escolha de uma


profissão, mas se estendem ao longo de toda trajetória de trabalho,
demandando, assim, contínuas reflexões e reposicionamentos.

Processo de construção da carreira: formular, reformular e implementar


autoconceitos vocacionais nos papéis de trabalho.

(BARGAGI et al., 2012; FELIPE et al., 2012)


Inteligência emocional
Capacidades de perceber, usar, entender e administrar ou regular as emoções –
próprias e dos outros – a fim de alcançar objetivos.
Relacionamentos pessoais

+ relacionamentos - menos envolvimento


positivos com os pais e com drogas e consumo
com os amigos de álcool
+ capacidade de apoiar - casais infelizes
emocionalmente em
momentos de necessidade
+ relacionamentos mais
felizes

Eficácia no trabalho

+ avaliação por colegas e supervisores nos quesitos de


sociabilidade, sensibilidade interpessoal, potencial de liderança e
capacidade de lidar com estresse e conflito.
+ salários altos e promoções.
(PAPALIA, MARTORELL, 2022)
Saúde do adulto

Capacidades físicas e sensoriais estão normalmente no auge no início da vida adulta.

Acidentes são a causa principal de morte na idade adulta emergente e na idade adulta jovem.

Prática regular de atividade física e uma maior aptidão física estão associadas a uma menor
mortalidade, melhor qualidade de vida, na saúde mental em população adulta.

▪ Sedentarismo e estresse – redução da qualidade de vida.


▪ Sedentarismo na adultez jovem – preditor de doenças no futuro – mesmo que aparentemente
saudável.

A saúde mental é geralmente boa no início da idade adulta, mas certas condições, como a depressão,
tornam-se mais prevalentes.

Fatores relacionados ao estilo de vida - afetam a saúde e a sobrevivência e se relacionam com


tendências genéticas.

(PAPALIA, MARTORELL, 2022)


Impactos da pandemia de COVID-19

Pesquisa com 45.161 brasileiros com 18 ou mais anos de idade.

Os indivíduos passaram a praticar menos atividade física, aumentaram o tempo dedicado


às telas (TV, tablet e/ou computador), reduziram o consumo de alimentos saudáveis e
aumentaram o de ultraprocessados, como também o consumo de cigarros e de álcool, em
decorrência das restrições sociais impostas pela pandemia.

(MALTA et al., 2020)


Referências bibliográficas
BARDAGI, M. P., LASSANCE, M. C. P., & TEIXEIRA, M. A. P. O contexto familiar e o desenvolvimento
vocacional de jovens. Psicologia de família: Teoria, avaliação e intervenções, p. 135-144, 2012.

DUTRA-THOMÉ, L., & KOLLER, S. Emerging adulthood features in Brazilians from differing socioeconomic
status. Acta de investigación Psicológica, v. 9, n. 3, p. 56-66, 2019.

FELINTO, T. M., GAUER, G., ROCHA, G. B., BRAUN, K. C. R., DIAS, A. C. G. Eventos de vida e construção da
identidade na adultez emergente. Estudos e Pesquisas em Psicologia, v. 20, n. 2, p. 500-518, 2020.

MALTA, D. C. et al. A pandemia da COVID-19 e as mudanças no estilo de vida dos brasileiros adultos: um
estudo transversal. Epidemiologia e Serviços de Saúde [online], v. 29, n. 4, e2020407, 2020.

PAPALIA, D. E; MARTORELL, G. Desenvolvimento humano. 14. ed. Porto Alegre: AMGH, 2022.

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