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Desenvolvimento humano

Profa. Dra. Angela Helena Marin


Aula 07
Ciclo vital – Parte 3
Temas que serão abordados nesta aula:

01. Segunda infância


02. Terceira infância
Será que todas as crianças tem a mesma infância?

Fonte: Pixabay (2022)


Crianças pequenas no período colonial eram tratadas até certo ponto como
pequenos adultos, e esperava-se delas que fizessem tarefas de adultos, como
tricotar meias e fiar a lã.

Pais da etnia inuit no Ártico canadense acreditam que crianças pequenas não são
capazes de pensar e raciocinar e, portanto, são lenientes quando os filhos choram
ou ficam bravos.

Pais da ilha de Tonga, no Pacífico, costumam bater nas crianças de 3 a 5 anos, cujo
choro é atribuído à teimosia.

(PAPALIA, MARTORELL, 2022)


Temperamento

Modo característico de uma criança abordar e reagir a uma situação

Afeta o modo como uma criança se aproxima do mundo exterior e reage a ele,
assim como a forma como regulam suas emoções e comportamento.

De origem biológica, o temperamento costuma ser estável ao longo dos anos,


embora possa responder às experiências sociais ou a educação parental.

(MARTORELL, PAPALIA, FELDMAN, 2020)


Temperamento

(MARTORELL, PAPALIA, FELDMAN, 2020)


AFETO LIMITES

Fonte: Pixabay (2022)

(MARTORELL, PAPALIA,2022)
Funções parentais:

1) Apoio ou suporte afetivo = conduta por meio da qual os pais mostram ao


filho aceitação e compreensão.

2) Limite ou controle = conduta por meio da qual os pais exercem sua influência
sobre a conduta dos filhos.

Combinação de diferentes dimensões educativas


=
Estilos parentais
Dimensões Muito Afeto Pouco Afeto

Autoritativo
Muito Limite Participativo Autoritário
Democrático

Pouco Limite Permissivo Permissivo


indulgente negligente
(PAPALIA, MARTORELL, 2022)
Estilo Autoritário Estilo Participativo ou Autoritativo ou Democrático
- Há uma tentativa de controlar e modelar, de forma rígida, - Há o estabelecimento de normas e limites, em um
as atitudes da criança. clima de afetividade.
- Pais valorizam uma obediência absoluta, recorrendo a - A comunicação é positiva e otimista.
medidas punitivas (verbais ou físicas) para que a criança se - Pais adéquam a sua atitude à especificidade da
comporte de acordo com a sua exigência. criança, como idade e motivações, fazendo exigências
- São frequentes as críticas ou ameaças à criança (“se não de maturidade concordantes com suas capacidades e
comer, deixaremos de gostar de ti!”), havendo escassas interesses.
manifestações de afeto.

Estilo Indulgente Estilo Negligente


Pais respondem aos pedidos das crianças e são Pais não se envolvem nas suas funções parentais,
carinhosos, não sendo exigentes quanto a normas ou havendo uma falta de responsabilização crescente ao
deveres, nem atuando como modelos de longo da vida da criança. Mantem-se apenas a satisfação
comportamento. de necessidades básicas (físicas, sociais).

(BAUMRIND, 1991; MACCOBY, MARTIN, 1983)


Idade Desenvolvimento físico Desenvolvimento cognitivo Desenvolvimento psicossocial
Segunda O crescimento é constante; a O pensamento é um tanto O autoconceito e a compreensão
infância aparência torna-se mais esguia, e egocêntrico, mas aumenta a das emoções tornam-se mais
(3 a 6 anos) as proporções mais parecidas compreensão do ponto de vista complexos; a autoestima é global.
com as de um adulto. dos outros.
Aumenta a independência.
O apetite diminui, e são comuns A imaturidade cognitiva resulta
Desenvolve-se a identidade de
os distúrbios do sono. em algumas ideias pouco lógicas
gênero.
sobre o mundo.
Surge a preferência pela
O brincar torna-se mais
utilização de uma das mãos; Aprimoram-se a memória e a
imaginativo, mais elaborado e,
aprimoram-se as habilidades linguagem.
geralmente, mais social.
motoras finas e amplas e
A inteligência torna-se mais
aumenta a força física. Altruísmo, agressão e temor são
previsível.
comuns.
É comum a experiência em creche
A família ainda é o foco da vida
e mais ainda em pré-escola.
social, mas outras crianças
tornam-se mais importantes.

(MARTORELL, PAPALIA, FELDMAN, 2020)


Idade Desenvolvimento físico Desenvolvimento cognitivo Desenvolvimento psicossocial
Terceira O crescimento torna-se mais Diminui o egocentrismo. O autoconceito torna-se mais
infância lento. complexo, afetando a autoestima.
As crianças começam a pensar
(6 a 11 anos)
A força física e as habilidades com lógica, porém de forma A corregulação reflete um
atléticas aumentam. concreta. deslocamento gradual no controle
dos pais para a criança.
São comuns as doenças As habilidades de memória e
respiratórias mas, de modo geral, linguagem aumentam. Os pares assumem importância
a saúde é melhor do que em fundamental.
Ganhos cognitivos permitem que
qualquer outra fase do ciclo de
as crianças se beneficiem da
vida.
instrução formal na escola.

Algumas crianças demonstram


necessidades educacionais e
talentos especiais.

(MARTORELL, PAPALIA, FELDMAN, 2020)


Teoria da mente

A Teoria da Mente se refere ao fato de a criança começar a ser capaz de


compreender os estados mentais (como intenções, desejos, crenças), não
somente os seus, mas os das outras pessoas.

▪ Capacidade de dar sentido às ações de outras pessoas.


▪ Começa a compreender o que outra pessoa está pensando e sentindo.
▪ Começa a ter conhecimento sobre o pensamento.
▪ Dos 2 aos 3 anos, a criança já reconhece as emoções dos outros e pode ser
estimulada a identificá-las com auxílio dos pais e demais cuidadores.

(ZABALA ET AL., 2018)


Jogo-em-relação proporciona à criança estímulos que têm um papel estratégico no
processo de consciência do próprio corpo, noção do espaço interior e na descoberta da
realidade do espaço exterior.
Durante o jogo-em-relação, a criança desenvolve e cria atividades de acordo com as suas
necessidades afetivas e psicossociais.

Exemplos:
▪ Construir uma casa com tecidos, colchões e blocos de espuma, na qual se deita e se
envolve com tecidos para experimentar uma sensação de tranquilidade.
▪ Correr por toda a sala com um bastão na mão como se fosse um guerreiro para afirmar
a sua identidade.
▪ Lançar bolas para os colegas na tentativa em estabelecer um elo de comunicação.

Jogo assume a função de explorar situações subjetivas, de criar e


recriar a realidade, de contribuir para a descoberta de novas
formas de a criança se relacionar consigo mesma ou com o outro.

(FERNANDES, FILHO, REZENDE, 2018)


Por que as crianças brincam?

▪ Para obter prazer.


▪ Expressar sentimentos.
▪ Controlar a ansiedade.
▪ Socializar-se.
▪ Comunicar-se.
▪ Aprender.
▪ Constituir-se como indivíduo.

Fonte: Pixabay (2022)


Impacto da pandemia de COVID-19

Mudanças nos padrões de sono, maior sedentarismo e tempo de uso de telas (Sá et al., 2020), bem como
dependência excessiva dos pais, desatenção e irritabilidade (Jiao et al., 2020) tem sido observados em
crianças.

Medidas de permanência em casa e fechamento de instituições (como creches, escolas) e espaços como
praças, parques, etc., limitaram as atividades cotidianas das crianças e as suas oportunidades de
aprendizagem.

Estresse parental: medo da infecção e de possível perda de emprego + atenção integral aos filhos.

Como as oportunidades educativas perdidas, a interação social


reduzida (menor estimulação, menos brincadeiras entre crianças),
e o estresse parental podem impactar o desenvolvimento infantil?

(DEONI et al., 2021)


Referências bibliográficas
DEONI, S. et al. Impact of the COVID-19 pandemic on early child cognitive development: Initial findings in a longitudinal
observational study of child health. Medrxiv, 2021.

FERNANDES, J. M. G. de A.; GUTIERRES, P. J. B.; REZENDE, A. L. G. de. Psicomotricidade, jogo e corpo-em-relação:


contribuições para a intervenção. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, v. 26, p. 702-709, 2018.

JIAO, W. Y. et al. Behavioral and emotional disorders in children during the COVID-19 epidemic. The Journal of
Pediatrics, v. 221, p. 264-266. e1, 2020.

MARTORELL, G.; PAPALIA, D. E; FELDMAN, R. D. O mundo da criança: da infância à adolescência. 13. ed. Porto Alegre:
AMGH, 2020.

PAPALIA, D. E; MARTORELL, G. Desenvolvimento humano. 14. ed. Porto Alegre: AMGH, 2022.

SÁ, C. dos S. C. et al. Distanciamento social covid-19 no Brasil: efeitos sobre a rotina de atividade física de famílias com
crianças. Revista Paulista de Pediatria, v. 39, 2020.

ZABALA, M. L., RICHARD'S, M. M., BRECCIA, F., & LÓPEZ, M. Relações entre empatia e teoria da mente em crianças e
adolescentes. Pensamiento Psicológico, v. 16, n. 2, p. 47-57, 2018.

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