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Esta corrente defende a presença de professores em hospital para a escolarização das
crianças e jovens internados segundo os moldes da escola regular. A outra corrente de
pensamento sugere a construção de uma prática pedagógica com características do contexto,
tempos e espaços hospitalares e não simplesmente transplantada da escola para o hospital. A
educação em hospitais oferece um amplo leque de possibilidades e de um acontecer múltiplo
e diversificado que não deve ficar aprisionado a classificações ou enquadres.
Adoecer faz parte da vida. Algumas doenças nos levam a internação, o que limita
nossa vivência cotidiana, nos colocando em outro ambiente, em outra rotina, o que nos leva
em determinadas vezes a um quadro de piora em nossa saúde já debilitada. Imagine essa
situação no qual o paciente ali internado se trata de uma criança.
Estar no hospital impõe outros papéis sociais diferentes daqueles que a criança
desenvolvia até então. Suas novas relações se constituem neste novo espaço, o que pode lhe
deixar marcas profundas em seu desenvolvimento. Pensando neste grupo de pacientes
crianças e adolescentes, afastados temporariamente da escola, que alguns hospitais vêm
adotando práticas de acompanhamento pedagógico a seus pacientes.
O ensino hospitalar apresenta particularidades e com isso o modelo de escolarização
formal dentro do hospital é diferente, necessário adaptações e adequações curriculares, pois
ocorrem em ambientes de tratamento de saúde – ambulatórios e enfermarias.
Os objetivos do atendimento pedagógico aos estudantes hospitalizados são
correlacionados com aquisição de conhecimentos formais, continuidade do currículo escolar e
desenvolvimento cognitivo da criança hospitalizada.
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A contribuição das atividades pedagógicas para o bem estar da criança enferma passa
por duas vertentes de análise, a primeira aciona o lúdico como canal de comunicação com a
criança, procurando fazê-la esquecer, durante alguns instantes, o ambiente ao qual está
inserida. A segunda refere-se ao processo de conhecimento desse novo espaço, desmitificando
o ambiente hospitalar, ressignificando suas práticas e rotinas.
A especificidade de uma educação em hospital leva à necessidade de se pensar
métodos pedagógicos específicos para o contexto hospitalar. A atuação do professor exigirá o
desenvolvimento de habilidades que nenhum curso ensina à disposição para saber trabalhar
com o imprevisto (uma criança repentinamente começa a ter convulsões, outra teve uma
recaída, ou aquela que foi tirada da atividade para tomar medicação intravenosa). Os
professores sabem que cada momento no contexto hospitalar deve e precisa ser vivido em
toda sua intensidade. É fundamental que o professor hospitalar saiba escutar, compreender a
criança enferma.
A abordagem pedagógica pode ser entendida como instrumento de suavização dos
efeitos traumáticos da internação hospitalar e do impacto causado pelo distanciamento da
criança da sua rotina, principalmente no que se refere ao afastamento escolar.
Wallon e Vygotsky são citados por Fontes (2005), haja vista a grande contribuição de
seus estudos que tratam da infância. Para Wallon, “o desenvolvimento assemelha-se a uma
construção progressiva em que se sucedem fases com predominância alternadamente afetiva e
cognitiva”. (FONTES, 2005, p.125). Ou seja, o desenvolvimento do intelecto se dá a partir
das emoções vivenciadas.
Já Vygotsky, nos mostra em seus estudos a relação entre aprendizado e
desenvolvimento em crianças na idade escolar, sendo a linguagem, material fundamental do
pensamento. Para os dois estudiosos, é a partir do contato social que um ser se torna
indivíduo, portanto, quando crianças ficam hospitalizadas e privadas do convívio com seu
grupo, sua capacidade de construção de conhecimento e subjetividade fica comprometida.
Levando em consideração que a média de tempo de internação na enfermaria
pediátrica é de quinze dias, Fontes permaneceu por 7 meses fazendo seu estudo de campo.
Nesse período, teve contato com 32 crianças e as atividades eram realizadas duas vezes na
semana, no período da manhã. Na primeira fase de suas observações, desenvolveu atividades
pedagógicas com todas as crianças e adolescentes que podiam ir até a sala de recreação. Num
segundo momento, sua análise voltou-se para aqueles que estavam em sua segunda
internação, e naqueles que estavam internados a mais de trinta dias.
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As atividades eram realizadas em grupo, e delas participavam crianças de 3 a 14 anos
e seguiam da seguinte forma:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Fontes também sugere a interação entre as crianças para oportunizar a comunicação e
a solidariedade entre elas. O pedagogo precisa utilizar diversas atividades para propiciar um
conhecimento científico e popular que possibilite o autoconhecimento da criança.
Gonçalves, Granemann e Pacco, elucida os aspectos legais da Pedagogia Hospitalar,
porém por meio de suas pesquisas é possível observar que é um ambiente pouco explorado
nas Universidades, logo, o profissional recém graduado precisa se especializar para que possa
atuar neste espaço não escolar.
Com os artigos estudados, fica evidente o quão desafiador é o trabalho pedagógico em
um hospital, visto que foge do ambiente tradicional de ensino e lida com crianças com saúde
debilitada. É preciso a compreensão e a quebra de preconceitos na área da saúde, pois esta é
mais uma área de atuação profissional.
REFERÊNCIAS
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