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PEDAGOGIA HOSPITALAR: O PEDAGOGO E SUAS PRÁTICAS

EDUCATIVAS EM ESPAÇOS NÃO ESCOLARES

Maria Madalena Tenório da Silva Dias1


Karina Gomes Rodrigues2

Eixo- Educação e Saúde


Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

Esta pesquisa tem como objetivo compreender o desafio de atuação do pedagogo que atua no
ambiente hospitalar. E como objetivos específicos busca-se apresentar as peculiaridades do
trabalho pedagógico no hospital; e, destacar a importância da formação continuada para
professores da classe hospitalar. Aborda o tema da pedagogia hospitalar, como uma modalidade
de ensino, destacando as possibilidades de prática educacional do pedagogo em instituições não
escolar, proporcionando a criança e ao adolescente que se encontra hospitalizado o direito a
continuidade de seus estudos. Nesse sentido, discute-se a prática do pedagogo em espaços não
escolares, destacando o ambiente hospitalar como possibilidade de atuação do pedagogo.
Destaca-se ainda a importância da formação de professores para atuarem em instituições
hospitalares, ambiente com peculiaridades que exigem do profissional da educação não apenas
conhecimentos específicos, mas habilidades para lidar com situações diferentes da sala de aula.
Aborda a importância da função do pedagogo e os desafios que enfrentará em sua atuação
pedagógica na educação hospitalar. E nos remete a uma reflexão sobre a Inovação social a
construção de um novo conceito de educação, para além dos muros da escola. O trabalho
desenvolveu-se por meio de uma pesquisa qualitativa, onde seus instrumentos utilizados foram
revisões bibliográficas de vários autores. A pesquisa bibliográfica alicerça os fundamentos que
abordam o assunto em questão, a fim de relatar a contribuição do pedagogo no contexto
hospitalar. Assim, esta pesquisa destaca que o a discussão sobre o pedagogo no ambiente
hospitalar é tema com pouca ênfase na formação acadêmica do pedagogo e pouco conhecida
pela sociedade em geral, tendo poucas edições bibliográficas para pesquisas e estudos em
relação à pedagogia hospitalar, e a relação do pedagogo em espaços não escolares.

Palavras-chave: Atuação do Pedagogo. Pedagogia Hospitalar. Desafios.

1
Acadêmica do curso de Licenciatura em Pedagogia do Centro Universitário Internacional UNINTER. E-mail:
madadias12@hotmail.com
2
Mestre em Educação pela PUCPR, Professora Pesquisadora da Educação Profissional IFPR, Orientadora e
Coordenadora do PAP CIC – Curitiba UNINTER. E-mail: karina.r@uninter.com

ISSN 2176-1396
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Introdução

O direito a educação para crianças e adolescentes foram negados por muitos anos
durante uma eventual hospitalização, os descasos eram visíveis e frequentes, era como se não
tivessem direitos e necessidades. Estes eram privados da vida acadêmica, correndo o risco de
um fracasso escolar e maiores transtornos em seu desenvolvimento intelectual, considerando as
peculiaridades do tratamento de saúde que estavam passando, a preocupação é direcionada aos
danos na aprendizagem.
Dada a importância da aprendizagem das crianças e adolescentes internados em
hospitais ou em tratamento de saúde, o tema a ser desenvolvido levanta a seguinte problemática:
Como pode o hospital ser considerado um espaço de atuação profissional do pedagogo?
Compreendendo a relevância dessa problemática, percebe-se que a educação se encontra cada
vez mais em constantes modificações na sociedade, levando seus profissionais da educação
além dos espaços escolares, como em hospitais onde se encontram crianças e adolescentes
internados, sendo temporariamente cessados de seu processo de ensino-aprendizagem.
Assim, o objetivo geral desta pesquisa foi compreender o desafio de atuação do
pedagogo que atua no ambiente hospitalar. Os objetivos específicos foram: apresentar as
peculiaridades do trabalho pedagógico no hospital; e, destacar a importância da formação
continuada para professores da classe hospitalar. Para a realização desta pesquisa foi necessária
uma abordagem qualitativa, onde seus instrumentos utilizados foram revisões bibliográficas de
vários autores, livros, revistas, artigos, dissertações e outros tipos de documentos que abordam
o assunto em questão.
Segundo Bogdan (1994, p.16) acredita que a investigação qualitativa deve ser usada;

Como um termo genérico que agrupa diversas estratégias de investigação que


partilham determinadas características. Os dados recolhidos são designados por
qualitativos, o que significa ricos em pormenores descritivos relativamente a pessoas,
locais e conversas e de completo tratamento estatístico. As questões a investigar não
se estabelecem mediante a operacionalização de variáveis, sendo outros sim,
formulados com o objetivo de investigar os fenômenos em toda sua complexidade e
contexto natural.

A pesquisa veio nos desvendar uma cruel realidade que estava até então oculto de
progressões incontroláveis, trazendo assim o comprometimento para crianças e adolescentes
indefesos e familiares leigos dos seus direitos, o qual pela falta de instrução e carência
socioeconômica e cultural faz com que seus anseios e desânimos sejam sufocados.
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A prática do pedagogo em espaços não escolares

Atualmente, a prática do pedagogo deixou de ser atuada somente dentro das salas de
aula, ou seja, numa educação formal. De acordo com Farfus (2012, p. 81), “A educação,
atualmente, não se faz mais apenas dentro dos muros escolares, mais vai além”. Diante disso,
percebe-se que o desenvolvimento global tecnológico e ideológico de uma sociedade inclusiva
e da igualdade social, forçou o surgimento de uma nova maneira de pensar sobre a educação.
Assim, processo de ensino-aprendizagem se tornou prioridade, não somente nos muros das
escolas, mas em outros espaços, cujo objetivo é a formação humana.
Farfus (2012, p. 81), complementa que: “A organização dos espaços educativos requer
um olhar mais amplo para o processo educacional”. Segundo a autora, compreende-se que são
muito diferentes os espaços onde a atuação do pedagogo é necessária, para que seja aplicada a
prática pedagógica sistematizada, sendo necessário um profissional que esteja preparado.
Assim, cabe aos profissionais que atuam na educação um processo de formação para atuar em
diferentes espaços escolares.
Libâneo (2001) destaca que:

Há várias práticas educativas, em muitos lugares e sob variadas modalidades, há, por
consequência várias Pedagogia: a pedagogia familiar, a pedagogia sindical, a
pedagogia dos meios de comunicação etc., e também a pedagogia escolar (LIBÂNEO,
2001, p.24).

Diante disso, percebe-se que o pedagogo, pode executar suas práticas educativas em
espaços alternativos, promovendo uma educação eficaz aqueles que são privados de poder ir à
escola devido a sua situação. Assim, as práticas educativas na “educação formal
compreenderiam instâncias de formação, escolares ou não, onde há objetivos educativos
explícitos e uma ação intencional institucionalizada, estruturada, sistemática” (LIBÂNEO,
2001, p. 23).
Várias outras instâncias e atividades sociais e foram se desenvolvendo e vendo a
necessidade de ações e projetos educativos. Com isso, surge necessidade de um mediador capaz
de unir a teoria e a prática, este profissional não podia ser ninguém melhor do que o pedagogo.
De acordo com Farfus (2012):

O processo de formação do pedagogo e de profissionais que atuam em educação


requer, atualmente, o desenvolvimento de novos conhecimentos, habilidades e
atitudes, para sua atuação seja efetiva (FARFUS, 2012, p. 81).
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Desta forma, percebe-se que os profissionais da educação devem possuir capacidade,


para desenvolver e refletir sobre suas ações pedagógicas, bem como de poder oferecer uma
atuação sustentada pelas necessidades e peculiaridades de cada criança e adolescente
hospitalizado ou em tratamento de saúde.
Farfus (2012) complementa que:

Os muros escolares deixam de significar barreiras para que haja a ampliação da


atuação do processo educacional em um contexto multidisciplinar, como também a
ampliação das possibilidades para o pedagogo e profissionais da educação (FARFUS,
2012, p. 30).

Assim, percebe-se que outros locais estão abertos e aceitam o trabalho pedagógico, na
medida em que esses requisitos forem concretizados pelos acadêmicos. Cabe não só as
universidades, mas também aos alunos e futuros pedagogos a preparação profissional para o
desenvolvimento de um bonito trabalho fora dos muros da escola.

Formação continuada de professores para atuar em instituições hospitalares

Ao referirmos sobrea formação continuada, os seguintes aspectos são enfatizados: a


formação, a profissão, a avaliação e as competências que cabem ao profissional, ou seja, “[...]
o pedagogo e o profissional da educação tem um papel fundamental no rompimento de
paradigmas e na construção de um novo modelo sociocultural” (FARFUS, 2012, p. 89).
Segundo a autora, percebe-se que os campos de trabalho desses profissionais da educação estão
sempre em busca de uma formação continuada, tendo como tendência ampliar caminhos nas
opções e propostas de trabalho.
Na visão de Farfus (2012):

Os pedagogos e os profissionais que atuam em educação atualmente devem ter


competências técnicas e humanas desenvolvidas, pautadas em conceitos atuais que
permitam olhar a realidade e recriá-la com certeza da promoção do desenvolvimento
local e da sua ação para geração de diversos espaços educacionais (FARFUS, 2012,
p. 72).

Diante disso, compreende-se que é necessário que estes profissionais, estejam sempre
em busca de inovar e aprimorar seus conhecimentos, e não há outra maneira que isso possa se
dar se não através da formação continuada. Pois, sabe-se que o professor tem um papel social
na formação do estudante, fazendo o estudante assimilar melhor a sociedade onde vive, mais
para que isso aconteça é necessário que o professor tenha consciência disso.
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Cabe destacar que:

A atuação de profissionais da educação não se restringe mais em ambientes formais


de educação, pelo contrário, seu processo de formação deve contemplar múltiplos
espaços de atuação, como empresas, hospitais, associações que promovem ações
educativas e que complementam muitas vezes o processo de educação formal
ministrado em contextos escolares (FARFUS, 2012, p. 72).

Segundo a autora, não basta somente à formação em pedagogia para se atuar em


ambientes hospitalares, mas sim, levar em conta a realidade de cada educando internado.
Cabendo a esse profissional, obter competência técnica e humana desenvolvida, para saber
como gerar e diversificar em espaços educacionais.
As universidades reconhecem a importância de ofertar cursos de formação aos
profissionais da educação, possibilitando a eles uma formação de qualidade e consistente, para
que estes possam atender as novas demandas que o mundo de trabalho está exigindo.

O papel da educação, por sua vez, torna-se cada vez mais importantes faz-se a
multiplicidade de demandas das necessidades sociais emergentes; é o motivo pelo
qual precisa a educação, como mediadora das transformações sociais, com o apoio
das demais ciências, contribuir, com maior rapidez e criatividade, para uma sociedade
mais consciente, mais justa e mais humana. (MATOS, 2006, p.16)

Dada a importância de uma educação de qualidade atualmente, torna-se cada vez mais
à necessidade de formação de um professor, em sintonia com a evolução da sociedade, para que
possa prestar aos atendimentos as necessidades dos alunos. Assim, preparando os diversos e
complexos contextos pedagógicos, de maneira que possa contribuir as demandas dessas
necessidades.
Caiado (2003) destaca que:

As universidades podem contribuir muito na formação do professor que vai atuar na


classe hospitalar, considerando as dimensões do ensino, da pesquisa e da extensão [...]
a classe hospitalar, como uma modalidade de atendimento educacional, deve compor
conteúdo das disciplinas e ser considerados nas práticas de ensino nos cursos de
pedagogia (CAIADO, 2003, p.77).

Esta ênfase deveria ser mais que uma prioridade nos currículos nas universidades, pois
contribuir em uma boa formação aos profissionais da educação, onde eles estarão ajudando não
somente o seu aluno, mais sim contribuindo com a alta demanda de um bom profissional,
reconhecendo que a educação e saúde é um direito de todos, ou seja, direito de toda sociedade.
Portanto, cabe destacar que ao colocar em prática, e nos cursos de formação de
professores e pedagogos, seria a união de faculdades de educação com hospitais universitários,
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já que esses locais são para formação de extensão da área da saúde, porque não ser também
para projeto de extensão para profissionais de educação.

O pedagogo e os desafios da educação hospitalar

A presença dos profissionais da educação “pedagogo” nas instituições hospitalares traz


um grande avanço para educação e com isso, visa também muitos desafios e empecilhos para
que este exerça seu papel com conformidade e qualidade em seus atendimentos.
Essa modalidade de ensino em hospitais favorece a continuidade no desenvolvimento
pedagógico da criança e adolescente hospitalizado para tratamento de saúde. Assim, ganhando
cada dia mais espaço, sendo que, está se tornando uma prioridade, já que saúde e educação são
direitos adquiridos, e estão respaldados por Lei, fornecendo a esses sujeitos o atendimento
necessário.
Seria necessário que, houvesse mudanças positivas para que essa modalidade tivesse
mais qualidade e êxito, uma união de universidades x hospitais x governantes, assim tudo
poderia ser melhor. Um dos primeiros desafios a ser enfrentado por esse educador é a pouca
oferta de formação continuado já incluso no curso de formação em pedagogia, onde muitos
alunos em formação, nunca nem sequer ouviram falar em Pedagogia Hospitalar.
É importante destacar que, outro desafio é o tempo e espaço para atendimentos nos
hospitais, pois muitos profissionais ignoram essa necessidade por parte do educando, dando
prioridade somente para parte clínica e deixando de lado, a parte intelectual da
criança/adolescente. Esquecendo que ao sair do hospital e retornar o cotidiano normal, este vai
estar em atrasos com seu desenvolvimento intelectual e social.
Em muitas instituições hospitalares não há sequer uma classe hospitalar, local adequado
para esse atendimento, onde o educador se obriga ao atendimento pedagógico nos leitos mesmo,
muitas vezes em enfermarias individuais. Tendo o atendimento já é delicado pelo ambiente, se
torna mais improdutivo ainda.
Os horários de atendimento para esses estudantes não são específicos, ou seja, não
possuem um horário fixo, onde às vezes precisa dar pausa no meio do atendimento para que
esse possa ser ministrado um medicamento ou muitas vezes esse atendimento precisa ser
adiado, deixando para o outro dia, devido ao mal-estar, dores e diagnóstico do educando.
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O currículo deve ser previamente elaborado para cada criança/adolescente, pois cada
um tem uma especificidade, mas, o educador não requer de muito tempo para isso, pois a
demanda de atendimento é muita, para pouco profissional com formação especifica.
Muitas crianças e adolescentes internados com algum tipo de doença crônica requerem
tratamentos prolongados e isso requer um tempo maior de internamento, podendo passar até
anos em um leito de hospital.
Diante disso, Straub (2005), destaca que:

Uma criança com uma doença crônica fatal apresenta estresse especialmente intenso
e desafios de e ela enfrentamento para sua família. Para a criança, há a dor e medo da
quimioterapia, da radiação ou de procedimentos cirúrgicos e, é claro, a ameaça de
morrer; para os pais, o custo emocional de ter uma criança doente ou terminal muitas
vezesé o suficiente para desencadear sérios sintomas psicológicos e fisiológicos em
indivíduos que de outra forma seriam saudáveis (STRAUB, 2005, p.535).

Mediante os argumentos apresentados, nota-se que o afastamento de


criança/adolescente por um tempo muito prolongado do convívio social e de suas rotinas pode
provocar traumas, alterações de humor e conduta. O tratamento de uma doença crônica pode
causar danos irreversíveis em uma criança, ás vezes para a família e até para o doente, o melhor
a se fazer é o afastamento das atividades pedagógicas, não levando em conta o mal que estará
causando para seu desenvolvimento intelectual. Por isso, é necessário que o pedagogo(a) tenha
uma formação continuada de qualidade e saiba colocar em prática os aprendizados teóricos.
Quando a situação chega nesse estágio, a família procura consolo e suporte em todas as
partes, e acaba vendo o pedagogo(a) como um psicólogo ou um assistente social, e é de suma
importância que este saiba se parar o atendimento pedagógico de assistencialismo. Pois, o
mesmo não poderá dar este tipo de assistência, e deixar bem claro para família que seu papel é
o de educador, e não mantendo nenhum vínculo emocional ou assistencial com a
criança/adolescentes. Assim, esse é um dos grandes desafios enfrentado pelo educador em
classe hospitalar, pois muitas vezes o sentimento emocional e psicológico é maior que o
esperado, e quando o educando é de estágio terminal, a família e o educador firmam fortes laços
de amizades.
Em algumas instituições hospitalares essa modalidade teve algumas dificuldades por
empecilhos dos próprios profissionais de saúde, pois esses acabavam muitas vezes dificultando
o atendimento pedagógico, nãolevando em consideração os direitos e obrigações dele para com
o paciente. Muitos profissionais da área da saúde querem constatar que a presença do pedagogo
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(a) nas dependências do hospital, pode acabar atrasando o atendimento médico e atrapalhando
alguns procedimentos. Essa é uma inverdade que já foi comprovada.

Inovação Social: a construção de um novo conceito

Com as inúmeras necessidades da nova sociedade, os hospitais já começaram a ser


apresentado um novo modelo a ser seguido, que é o atendimento pedagógico. Com isso dando
oportunidade aos indivíduos hospitalizados, de restabelecer ao convívio social e fazendo valer
as leis que os amparam.
Segundo Farfus (2012,p. 60):

O homem sempre exerceu um papel fundamental na formação do seu espaço social.


Com o efeito da globalização, há um debate sobre o fim do espaço geográfico com
demarcações, o que constitui possibilidade de uma nova relação com o espaço
territorial amplo e, dessa forma, com atividades humanas, o que ocasiona perda da
cultura local nas diversas comunidades demarcadas por fronteiras especificas. Em
contrapartida, há possibilidade de se considerar a globalização como reafirmação do
espaço e reinvenção do cotidiano decorrente de ações oriundas dela.

De acordo com a autora, nota-se que os novos espaços educativos exerceram papeis
fundamentais para essa mudança, e sabemos também que a sociedade exerce seu papel, mas
quer que os direitos delas também sejam cumpridos.
Toda inovação social é um processo constituído de inúmeros agentes que interagem
solidariamente para a recreação contínua da sociedade e precisa ser respeitado, pois na unidade
da natureza humana todos somos iguais por participarmos da mesma espécie.
Farfus (2012, p.90) ressalta que:

Os atores responsáveis pela organização pedagógica serão todos aqueles que ousarem
mudar, buscar o novo, encontrar espaços para saberes ainda não descobertos, esquecer
a sala de aula como único espaço para aprendizagem.

Desta forma, compreende-se que devemos deixar bem claro que para que seja umespaço
educativo, não é necessário que se esteja em sala de aula, ou muros da escola, mas sim onde
tenham oportunidade e diferentes pessoas estejam de acordo para a mesma realidade
pedagógica. O papel de cada um na sociedade não é delimitado por um governo nem por um
líder, mas por si próprio.

De acordo com esse novo enfoque educacional, sugerimos a prática de uma educação
para o afeto ao lado da secular educação para o conhecimento. E também convidamos
à reflexão sobre as novas possibilidades de se pôr em prática a relevância da
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interdisciplinaridade, que ainda conhecemos apenas teoricamente. A nosso ver a


continuidade de um atendimento educacional em âmbito hospitalar certamente
dependerá do empenho com que os diferentes profissionais e pesquisadores encarem
a qualidade de vida da criança enferma. E principalmente do pedagogo que deve ter a
sensibilidade de respeitar o sofrimento, o medo, o anseio, a dor, a agressividade, a
alegria, a depressão, enfim, todos os sentimentos da criança doente durante as
atividades pedagógicas, além de lhe dar a oportunidade de expressar-se, que dá a
certeza da continuidade da vida! (FONTES, 2004, p.7)

Assim, percebe-se que o papel do pedagogo (a) não é só o de processo de ensino-


aprendizagem no âmbito hospitalar, mas também o de socializar, trazer para
criança/adolescente uma rotina menos estressante, possibilitando a eles o mundo da leitura, o
lúdico. Ou seja, não deixando que ela perca a essência, e que o cotidiano do internamento não
faça com que esqueça que ainda existe um mundo fora das paredes hospitalares.

Considerações finais

A partir da pesquisa, evidenciou-se que o hospital ao contrário de que muitos pensam,


é também um espaço propicio para educação. É um local onde se tem mostrado um ambiente
para ampla atuação do pedagogo ou professor para que se faça acompanhamento pedagógico-
educacional para crianças/adolescentes em tratamento de saúde.
Esse processo de acompanhamento pedagógico para educandos internados não é algo
simples, pelo contrário, é tão complexa quanto nos espaços escolar, dito normal ou regular, pois
o indivíduo assistido sofre diversas alterações no decorrer das aulas. Não há um modelo, um
padrão a ser seguido, para que desenvolvimento pedagógico e tratamento andem juntos, pois
cada público tem sua necessidade e especificidade.
Portanto, ao conclui este trabalho, percebe-se que a prática pedagógica em ambientes
hospitalares exige dos profissionais envolvidos maior flexibilidade. A atuação nessas classes
hospitalares requer mais dedicação, atenção e planejamento para cada especificidade, pois cada
indivíduo a ser atendido tem uma dificuldade em particular. Pois, a proposta da Pedagogia
Hospitalar posiciona-se, nestas condições, entre outros, em situação de vanguarda, desfraldando
uma bandeira de luta, na busca de maiores e melhores benefícios para o escolar hospitalizado,
cujo problema se estende a todas as comunidades.

REFERÊNCIAS
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BOGDAN, R. & BILKEN, S. Investigação qualitativa em educação. Porto: Porto Editora,


1994.

CAIADO Kátia Regina Moreno. Aluno deficiente visual na escola: lembranças e


depoimentos. 1° edição, Campinas SP, ed. Autores Associados: PUC, 2003.

FARFUS, Daniele. Espaços educativos: um olhar pedagógico. Curitiba: Intersaberes, 2012.

FONTES, Rejane de Souza. A reinvenção da escola a partir de uma experiência instituinte em


hospital. Educ. Pesqui.,Ago 2004, vol.30, no.2, p.271-282. ISSN 1517-9702.

LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e Pedagogos para Quê? 4ª edição. São Paulo, Cortez,
2001.

MATOS. Elizete l. M. Diante dos desafios tecnológicos a pedagogia hospitalar vem


apontando novos olhares para o educador. (Artigo cientifica publicado em 2006-PUCPR).
Disponível em:

http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2006/anaisEvento/docs/PL-339.pdf. Acesso em
10 fev. 2016.

STRAUB, R. O. (2005). Psicologia da Saúde. (R. C. Costa, trad.). Porto Alegre: Artmed
(trabalho original publicado em 2002). Disponível em:
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S151608582011000100012.>
Acesso em: 10 fev. 2016.

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