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UNIVERSIDADE DE UBERABA

ANA LÚCIA DE OLIVEIRA SOUZA

A ESCUTA PEDAGÓGICA EDUCACIONAL NO AMBIENTE


HOSPITALAR

SANTOS DUMONT-MG
2016
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ANA LÚCIA DE OLIVEIRA SOUZA

A ESCUTA PEDAGÓGICA EDUCACIONAL NO AMBIENTE


HOSPITALAR

Trabalho apresentado à Universidade de


Uberaba como parte das exigências para a
conclusão da disciplina Trabalho de
Conclusão de Curso da 7ª etapa do Curso
de Pedagogia sob orientação da Profª
Mônica Aparecida de Oliveira Cruz.

SANTOS DUMONT-MG
2016
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SUMÁRIO

1 – Introdução..........................................................................................................................04

2 – Surgimento do papel do pedagogo no ambiente hospitalar...........................................05

3 – O papel do educador como profissional no desenvolvimento do ser humano............07

4 – A aplicação da psicomotricidade na perspectiva do educador hospitalar....................09

5 – Conclusão.........................................................................................................................13

6 – Referências.......................................................................................................................14

7- Anexos........................................................................................................................16
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1- INTRODUÇÃO

O termo a que se refere na escolha do tema deste trabalho diz respeito à escuta pedagógica
educacional no ambiente hospitalar. Mas o que quer dizer Escuta pedagógica? O termo
"Escuta Pedagógica" é uma expressão desenvolvida pelos autores Ciccim & Carvalho, e diz
respeito a um dos ofícios que o Pedagogo Hospitalar precisa exercer junto dos seus alunos-
pacientes e familiares. Trata-se do comportamento e da maneira expressiva de atuação do
pedagogo para atender as necessidades de seus alunos-pacientes.
A pedagogia vem se ramificando, de modo a atender outras instituições que não sejam
apenas restritas aos espaços escolares. Com isso é muito importante que este profissional
saiba atender e trabalhar com as diferentes metodologias de ensino, respeitando as condições
físicas, emocionais e psíquicas destes determinados alunos, que assim como qualquer outro
precisa de atenção expressiva em suas relações sociais.
A Pedagogia Hospitalar é a área de atuação profissional que visa ensinar, levar os
conteúdos escolares a crianças e adolescentes enfermos que estão hospitalizados, e por este
motivo não podem freqüentar a rotina escolar. Tem por meta dar continuidade ao processo
educacional, para que ele não seja interrompido.
A escolha do tema geral Pedagogia Hospitalar justifica-se por ser um assunto novo, não
muito explorado e divulgado, um novo espaço em que o pedagogo pode atuar, podendo se
tornar um integrante da equipe hospitalar.
No decorrer deste trabalho, você verá que existem atividades psicomotoras que são
constantemente utilizadas no processo de ensino-aprendizagem e que a psicomotricidade está
presente nos menores movimentos sendo fundamental que a prática deste professor seja
permeada por atividades que contribuam com o conhecimento que esta tem de si mesma e do
seu corpo.
No primeiro capitulo aborda-se a definição de Pedagogia, para depois esclarecermos o
conceito de Pedagogia Hospitalar, uma vez que é necessário compreender a Pedagogia para,
posteriormente, melhor entendermos o que vem a ser a Pedagogia Hospitalar, um pouco de
sua história, seus princípios e fundamentos.
No segundo capítulo aborda-se o papel do educador como profissional dentro do ambiente
hospitalar, seus objetivos, suas funções, suas metodologias, ou seja, como este profissional
deve trabalhar dentro de uma unidade hospitalar.
No terceiro capítulo aborda-se a aplicação da Psicomotricidade em seus diversos aspectos
como agente facilitador no desenvolvimento do aluno-paciente.
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E as considerações finais vêm a responder as questões elencadas no decorrer deste


trabalho de conclusão de curso, e levantar indagações a partir de algumas conclusões sobre o
trabalho desenvolvido pela Escuta Pedagógica Educacional no Ambiente Hospitalar.

2- SURGIMENTO DO PAPEL DO PEDAGOGO NO AMBIENTE


HOSPITALAR.

O tema a respeito de Pedagogia Hospitalar necessita ser amparado ao conceito de


Pedagogia. A pedagogia se ramifica em diversas áreas de atuação, seja no ambiente escolar ou
em qualquer outro ambiente, onde possa ser executado o ato de ensinar e levar um aluno a
obter o conhecimento necessário para sua vivência e sua formação. Assim para uma melhor
compreensão do conteúdo proposto, é preciso entender o que vem a ser a Pedagogia para
depois unirmos a mesma no ambiente hospitalar.
Libâneo nos diz que:

[...] pedagogia é uma área de conhecimento que investiga a realidade


educativa no geral e no particular. Mediante conhecimentos científicos,
filósofos e técnico-profissionais, ela busca a explicitação de objetivos,
formas de intervenção metodológica e organizativa em instâncias da
atividade educativa implicadas no processo de transmissão/apropriação
ativa dos saberes e modos de ação. (LIBÂNEO, 2001, p.44)

Para Libâneo, a pedagogia se instala em um papel que define a forma de aplicação das
atividades educativas, adequadas aos procedimentos técnicos, visando uma concretização na
transmissão do conhecimento.

“É quase unânime entre os estudiosos, hoje, o entendimento de que as


práticas educativas estendem-se as mais variadas instâncias da vida social
não se restringindo, portanto, a escola e muito menos a docência, embora
estas devam ser a referência da formação do pedagogo escolar. Sendo assim
o campo de atuação do profissional formado em pedagogia é tão vasto
quanto são as práticas educativas na sociedade. Em todo lugar onde houver
uma prática educativa com caráter de intencionalidade, há aí uma pedagogia
(LIBÂNEO, 2001a, p. 116).

O citado define o atendimento educacional em qualquer estabelecimento que


mantenha uma relação ensino-aprendizagem, promovendo a inclusão escolar nos
estabelecimentos regulares e o acolhimento daqueles alunos que se encontram em condições
especiais físicas, psíquicas e emocionais.
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A idéia de levar a escola até o hospital surgiu na Segunda Guerra Mundial, pois até
então foram criadas escolas adaptadas para atender crianças enfermas. Durante a Segunda
Guerra Mundial, foi grande o número de crianças e adolescentes afetados pela guerra,
impossibilitados de freqüentarem a escola; nesse momento fez-se necessário pensar
sobre a condição da criança e do adolescente enfermo, houve um engajamento por
parte dos médicos que reconheceram a importância da continuidade do processo escolar
para aquelas crianças e adolescentes atingidas pela Guerra.
Em 1939, em Suresnes na França é inaugurado o Centro Nacional de Estudos e
de Formação para a Infância Inadaptada, com o objetivo de formar professores para
trabalhar em Institutos Especiais e nos hospitais. Nesse mesmo ano foi criado o cargo
de Professor Hospitalar, aprovado pelo Ministério da Educação na França.
O No Brasil, a Classe Hospitalar, surgiu na cidade do Rio de Janeiro em agosto de
1950, no Hospital Menino Jesus, na qual permanece atuando com a modalidade de
atendimento educacional até nos dias de hoje. Este trabalho, segundo Fonseca (2000, p. 29)
teve inicio com a professora Lecy Rittmeyer, por meio da Portaria n. 634. Ainda na década de
50, surgiu a primeira classe hospitalar em São Paulo no Hospital da Santa Casa de
Misericórdia. Estes primeiros atendimentos pedagógicos hospitalares não dispunham de uma
sala ou espaço específico, por isso, era realizado na própria enfermaria do Hospital.
De acordo com Paula:

[...] na Espanha, desde a década de 80, vem se expandindo a educação nos


hospitais como modalidade de atendimento educacional. Em muitos países já
percebem a necessidade da atuação do pedagogo em hospitais", pois uma vez
que o paciente encontra-se em fase de formação como também em idade
escolar, torna-se evidente a necessidade de um pedagogo que o acompanhe
nos demais aspectos, como educativo, social e afetivo. Paula, (2003, p.21)

Falar de educação como o meio mais favorável para a solução dos problemas
relacionados à globalização mundial é um fator que precisa ser analisado, pois o que fazer
diante de uma criança que precisa de cuidados na área da saúde, mas que também não podem
perder o conteúdo escolar? O acompanhamento do pedagogo hospitalar não deixará que esta
criança perca o ano letivo, nem se sinta prejudicada por estar incapacitada de freqüentar a
escola regular. Pelo contrário, será muito melhor para esta criança, o acompanhamento deste
profissional que o levará a sentir seguro e não esquecido pela enfermidade. Além do que, o
direito ao ensino e ao saber é respaldado por lei, como consta na Constituição Federal 1988,
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no Título VIII – Da Ordem Social, capítulo III – Da Educação, da Cultura e do Desporto,


Seção I, artigo 205:

“A educação é direito de todos e dever do Estado e da família, será


promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao
pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho.”

Concluir-se-á que o Pedagogo em contexto não escolar tem a finalidade maior de


transmitir o conhecimento de forma participativa fazendo um grande diferencial nas
instituições com práticas de humanização na busca por qualidade de ensino e vida aos seus
alunos e/ou colaboradores.

3-O PAPEL DO EDUCADOR COMO PROFISSIONAL NO


DESENVOLVIMENTO DO SER HUMANO

A profissão docente possui um ingrediente que a aproxima das profissões baseadas nos
serviço abnegado, como a de qualquer outra profissão. Os professores lidam com a vida
intelectual, mas não só isso. Nos ambientes hospitalares entram em jogo outras questões
ligadas ao crescimento humano dos pacientes. Nessa perspectiva é que entra o valor mais
valorizado pelo professor: ensinar os outros a serem mais humanos. Essa é a tarefa que
mobiliza os professores. É a tarefa que vale a pena e torna a docência profissão valiosa e
valorizável.
De acordo com o documento do MEC, intitulado “Classe Hospitalar e atendimento
pedagógico domiciliar: estratégias e orientações”, o professor

[...] deverá ter a formação pedagógica preferencialmente em Educação


Especial ou em cursos de Pedagogia ou licenciaturas, ter noções sobre as
doenças e condições psicossociais vivenciadas pelos educandos e as
características delas decorrentes, sejam do ponto de vista clínico, sejam do
ponto de vista afetivo. Compete ao professor adequar e adaptar o ambiente às
atividades e os materiais, planejar o dia-a-dia da turma, registrar e avaliar o
trabalho pedagógico desenvolvido. (MEC/SEESP.2002,p.22)

O educador em sua prática deve buscar a unidade fundamentada no pensamento


sistêmico e nos valores humanos. No ambiente hospitalar se coloca no papel de ensinar e
aprender de forma orgânica em todos os aspectos, que sejam relacionados à comunicação, a
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interação, aos relacionamentos, ao conhecimento, a aprendizagem e ao ensino de


metodologias e outros.
A partir destes objetivos, podemos expressar a preocupação em analisar como ocorre
esse processo na Pedagogia Hospitalar, em que os objetivos peculiares são os seguintes de
acordo com Fontes:

a) Analisar, por intermédio de atividades pedagógicas, o papel do


conhecimento, da emoção e da linguagem para a saúde da criança
hospitalizada.
b) Descrever e analisar uma prática pedagógica em hospital como alternativa
de atendimento educacional, apontando suas conquistas e dificuldades.
c) Refletir sobre a atuação do professor e os novos caminhos para a educação
a partir do acompanhamento pedagógico em âmbito hospitalar. (FONTES,
2005, p. 120)

A autora esclarece que esses objetivos visavam não somente compreender o papel da
educação no ambiente hospitalar como também definir o papel do pedagogo nesse espaço
que, algumas vezes, é confundido com psicólogo.

O professor que irá atuar em classe hospitalar ou no atendimento pedagógico


domiciliar deverá estar capacitado para trabalhar com a diversidade humana
e diferentes vivências culturais, identificando as necessidades educacionais
especiais dos educandos impedidos de freqüentar a escola, definindo e
implantando estratégias de flexibilização e adaptação curriculares. Deverá
ainda propor os procedimentos didático-pedagógicos e as práticas
alternativas necessárias ao processo ensino-aprendizagem dos alunos, bem
como ter disponibilidade para o trabalho em equipe e o assessoramento as
escolas quanto à inclusão dos educandos que estiverem afastados do sistema
educacional, seja no seu retorno, seja para o seu ingresso. (SANTOS,
Marilene Ribeiro dos; pág.22)

O pedagogo hospitalar tem em sua atividade dotada de intencionalidade, além de


proteger e amparar o desenvolvimento da criança tem como finalidade propiciar a
reintegração da mesma no espaço escolar, em linhas gerais possui os seguintes objetivos:

 Propiciar que entre a criança, a família a escola haja uma integração de forma a
amenizar os traumas decorrentes dos processos de internação;
 Promover melhor qualidade de vida intelectual e de interação social às crianças
e aos adolescentes hospitalizados;
 Propiciar a criança uma rotina bem próxima daquela vivida antes do processo
de internação, como forma de emancipação e constante formação;
 Possibilitar uma prática dentro do ambiente hospitalar;
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 Estabelecer e fortalecer o vínculo com a criança hospitalizada;


 Propiciar à criança hospitalizada o acesso à educação;
 Devolver normalidade à maneira de viver da criança;
 Desenvolver projetos e programas de cunho pedagógico e formativo;
 Desenvolver programas adaptados, com metodologias diferenciadas,
respeitando a capacidade, limitação e disponibilidade do enfermo.

“O pedagogo hospitalar deve ser alguém sensível, flexível e vigilante a


respeito do quadro clinico em que a criança ou adolescente se encontra,
estimulando-as a adquirir novas competências e habilidades. Ser interlocutor
entre a criança, a família, o hospital e a própria escola do internado. Deve ser
compreensivo, criativo, persistente, paciente, possuidor de força de vontade,
em especial por tratar-se de uma clientela flutuante.” (DAHER, Marília de
Dirceu Cachapuz; MACHADO, Sonaly Pereira Souza; pag.46).

É importante e essencial que o educador junto ao enfermo tenha sempre uma visão
coletiva para entender todas as situações problemas, suas interfaces, suas ligações e
interações. Além de entender e respeitar a individualidade de cada ser, bem como suas
limitações. Havendo assim a superação dos obstáculos, tendo como somativa resultados
satisfatórios.
“Estar à escuta das crianças; considerá-las o centro do trabalho, não a doença;
mostrar autenticidade e autoconfiança do contato com os pacientes; ser
flexível a fim de engajar na criança o processo de resiliência; não temer
fracassos eventuais, como a morte de uma criança; adaptar-se a realidade
ambiental do trabalho; estar aberto às oscilações de humor dos pacientes; ser
disponível, espontâneo e relaxado.(PARÉ apud VASCONCELOS 2007. p.5)

Este é o profissional que atuará com responsabilidade na tentativa de alcançar seus


resultados positivos, trabalhando de diversas formas com diversas atividades como lúdicas,
recreativas, desenho, pintura, histórias, enfim, aplicando as atividades necessárias e coerentes
a cada indivíduo, fazendo jus a Pedagogia social e nunca se esquecendo dos Direitos
Humanos e dos Direitos da criança.

4 - A APLICAÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE NA PERSPECTIVA DO


EDUCADOR HOSPITALAR

Ao pensarmos em aprendizagem, não poderíamos deixar de mencionar a importância


de todos os órgãos dos sentidos para o seu sucesso. A aprendizagem do ser humano passa
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pelo corpo, pois o corpo é o ponto de referência para qualquer aprendizagem. Portanto, afirmo
a necessidade e importância da educação motora, do trabalho com o corpo no aprendizado do
ser humano.
De Meur e Saes comentam que:

[...] no início da escolaridade aparecem as dificuldades escolares de muitas


crianças. O problema não está no nível de classe em que elas se encontram,
mas no nível da base. A estrutura da educação psicomotora centra-se no nível
da base, onde estão os elementos básicos ou pré-requisitos que são as
condições mínimas para uma boa aprendizagem.(De Meur e Staes, 1988, p.8)

Para entender uma das ferramentas de trabalho do Pedagogo Hospitalar, precisamos


entender o que significa Psicomotricidade: É a ciência cujo objetivo de estudo é o homem
através do movimento nas relações interpessoais e intrapessoais, ou seja é a interação entre
diversas ações motoras e psíquicas. Conforme o próprio termo diz, a psicomotricidade alia a
cognição, a emoção e os movimentos. Ou seja, a expressão psico se refere aos aspectos
intelectual, emocional e mental da criança; e a motricidade diz respeito ao movimento e ao
gesto que lhe é tão familiar. Dessa forma é possível perceber que há, nos estudos sobre a
psicomotricidade, uma preocupação com a criança como um todo.
Correspondente ao movimento, este por sua vez, contém em si mesmo sua verdade,
tem sempre uma orientação significativa em função da satisfação das necessidades que o meio
exige. O movimento e o seu fim são uma unidade, formada desde a motricidade fetal até a
maturidade plena.
Wallon entende que: “O movimento compreende dois aspectos elementares do
comportamento: a previsão e a execução. Assim, o movimento se revela como expressão do
desenvolvimento total da criança.” Nos gestos e movimentos da criança está sempre expresso
e projetado seu desenvolvimento.
Para o educador, essa é uma ferramenta valiosa no processo de comunicação e
desenvolvimento do seu aluno, principalmente nos ambientes hospitalares dedicados as
crianças portadoras de necessidades especiais e que requerem maior trabalho motor.
A psicomotricidade pretende atingir, na sua ação educativa, a organização
neuropsicomotora da noção do corpo como marco espaço-temporal do Eu, fundamental a
qualquer processo de conduta de aprendizagem, ou seja, buscar conhecer o corpo nas suas
relações múltiplas: perceptivas, imagináveis, simbólicas e conceituais, que constituem um
esquema representacional e singular indispensáveis à integração, à elaboração e à expressão
de qualquer gesto ou ato intencional. Sendo assim, a psicomotricidade tem por finalidade:
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a) Mobilizar e reorganizar as funções psíquicas emocionais e relacionais do indivíduo em


toda a sua dimensão, desde bebê até a velhice.
b) Aperfeiçoar a conduta consciente e o ato mental, onde emerge a elaboração e a
execução do ato motor.
c) Elevar as sensações e as percepções a níveis de conscientização, simbolização e
conceitualização (da ação aos símbolos e vice-versa, passando pela verbalização).
d) Harmonizar e maximizar o potencial motor, afetivo-relacional e cognitivo, ou seja, o
desenvolvimento global da personalidade, a capacidade de adaptação social e a
modificação estrutural do processamento da informação do indivíduo.
e) Fazer do corpo uma síntese integradora da personalidade, reformulando a harmonia e
o equilíbrio das relações entre a esfera do psíquico e a esfera do motor, por meio do
qual a consciência, se edifica e se manifesta, com a finalidade de promover a
adaptação a novas situações.
Com isso podemos dizer que o pedagogo hospital pode em seu ambiente de trabalho
fazer o uso da psicomotricidade como meio facilitador nas aplicações das atividades
específicas para cada aluno x paciente.
O uso de técnicas específicas e exercícios correlacionados ao conteúdo a ser abordado,
facilitam a interatividade e a estimulação cerebral do aluno para com as questões contidas
dentro da grade curricular que se pretende trabalhar.
Para Jean Piaget, um dos maiores psicólogos da atualidade, a motricidade é o meio
facilitador de todas as formas de expressão verbal e não verbal. E, quando considerada no
seu aspecto operacional, constitui a unidade fundamental da ação e da inteligência.
Como nos diz Ajuriaguerra:

“É pela motricidade e pela visão que a criança descobre o mundo dos objetos e
é manipulando-os que ela redescobre o mundo; porém, esta descoberta a partir
dos objetos, só será verdadeiramente frutífera quando a criança for capaz de
segurar e de largar, quando ela tiver adquirido a noção de distância entre ela e
o objeto que ela manipula, quando o objeto não fizer mais parte de sua simples
atividade corporal indiferenciada.” (apud THOMPSON, 1980 p.52)

A intervenção em psicomotricidade, portanto, deve ser sempre acompanhada de uma


observação psicomotora, explorando os elementos básicos da motricidade: motricidade
fina, motricidade global, esquema corporal, lateralidade, orientação espacial e temporal,
equilíbrio, discriminação visual e auditiva.
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Não podemos nos esquecer de que existem diferentes fatores que contribuem para o
desenvolvimento motor da criança, dentre elas estão: a influência do meio ambiente, a
maturação neurológica e as diferentes experiências psicológicas pelas quais ela passa.
Talvez a maior dificuldade do professor não seja com relação a seleção de possíveis
atividades, mas, sim, quanto a avaliação para a percepção das dificuldades apresentadas
pelas crianças e de suas conquistas. Uma vez selecionadas as atividades, é preciso
compreender como a criança evolui, quando ela apresenta limitações e ainda como
intervir.
Por exemplo, numa situação de desenho em um hospital infantil, uma das formas de
avaliação mais simples, é através de seus desenhos. Segundo Fonseca e Mendes:

[...] o desenho do corpo não só revela a afetividade da criança, como a


projeção da sua existência com os outros, isto é, a sua própria história. No
desenho do corpo, a criança não só expressa o seu corpo, mas também como
o sente através de situações vividas e conflitos inconscientes.(apud
FONSECA; MENDES, 1987, P.106)

O trabalho com a psicomotricidade vem sendo abordado cada vez mais como essencial
para o desenvolvimento global do ser humano. Desde o nascimento, o ser humano passa
por maturações no desenvolvimento do corpo e seus movimentos que, aos poucos, vão se
transformando em movimentos mais complexos e expressados, posteriormente, em
linguagem. Esse processo nada mais é do que a vivência dos elementos psicomotores
dentro de contextos histórico-culturais e afetivos significativos.
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5 – CONCLUSÃO

Através deste trabalho, podemos refletir sobre a importância de uma classe hospitalar,
bem como a atuação do professor dentro de uma unidade hospitalar, com o objetivo de
atender a um número de crianças com necessidades especiais em vários sentidos; buscando
demonstrar a necessidade da intervenção pedagógica, no que refere a efetivação não só de
uma classe, mas do trabalho como um todo com crianças e adolescentes acometidos por
doenças que demandam hospitalização prolongada, em que isso muitas vezes pode prejudicar
nos seus estudos. Com isso a figura do pedagogo hospitalar ganha papel de destaque, já que
conta com o auxílio de fazer com que esta criança compreenda a condição que está passando e
a ajuda a não perder o convívio social e a não se afastar do seu cotidiano escolar adaptando-a
a sua condição psico-social.
Apesar de ser uma modalidade recente, é essencial para o aluno-paciente este
profissional, pois ele irá favorecer muito na qualidade de vida, evitando que a criança se sinta
com medo e ansiosa, o que muitas vezes acaba agravando seu quadro clínico.
O pedagogo hospitalar deverá estar habilitado para trabalhar com a diversidade
humana e diferentes experiências culturais, decidindo e inserindo modificações e adaptações
curriculares em processo flexibilizador de ensino/aprendizagem. Trabalhando com os alunos-
pacientes atividades como: contar histórias, recreação, jogos, artes e atividades relacionadas
com que a criança está estudando na escola que freqüenta.
Além disso, é de grande valia, o uso da Psicomotricidade, que por sua vez, a partir da
manipulação dos objetos é que a criança descobre e redescobre o mundo em que vive.
Fazer do corpo, uma relação de equilíbrio entre o psíquico e o motor, elevando as
potencialidades de cada indivíduo de acordo com suas limitações. Nos gestos e movimentos
da criança está sempre expresso e projetado seu grau de desenvolvimento.
Assim sendo, durante o período de internação de um aluno-paciente, o pedagogo
torna-se um fator primordial no tratamento e recuperação da criança, pois ela irá perceber que
não está sozinha em seu sofrimento e que as pessoas estão ali para lhe trazer o mesmo
conforto e a atenção especializada que esteve presente em seu convívio social.
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6 – REFERÊNCIAS

DAHER, Marília de Dirceu Cachapuz...[et al]. O educador gestor, trabalho e movimentos


sociais. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011.

AIDAR, Adriana Marques...[et al]. Desenvolvimento biopsicomotor da criança / Gestão,


educação e sociedade. São Paulo: Pearson Addison Wesley, 2011.

BRASIL.Constituição da República Federativa do Brasil. São Paulo: Imprensa oficial do


estado, 1988.

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei no 9.394/96, de 20 de dezembro de


1996.

PERISSÉ, Gabriel. O valor do professor. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2011.

LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e Pedagogos, para quê? 4. ed. São Paulo: Cortez, 2001.

BERGAMO, M. G.; SILVA, D. M.; MOREIRA, G. M. Pedagogia hospitalar: perspesctivas


para o trabalho do professor. Disponível em:<http:
www.cerelepe.faced.ufba.br/arquivos/fotos/130/bergamoposter.pdf> Acesso em: 04
mar.2016.

CECCIM, Ricardo Burg. Classe hospitalar: encontros da educação e da saúde no ambiente


hospitalar. Revista Pátio, Porto Alegre, ano 3, n.10, ago./out. 1999.

CECCIM, Ricardo Burg; FONSECA, Eneida Simões. Classes Hospitalares: Onde, quantas
e por que? In: FONSECA, Eneida S. Atendimento escolar hospitalar. O trabalho
pedagógico no ambiente hospitalar: a criança doente também estuda e aprende. Rio de
Janeiro: Ed. Da UERJ, 2001.

FONTES, Rejane de S. A escuta pedagógica à criança hospitalizada: discutindo o papel da


educação no hospital. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v., n.29, p.119-138,
maio /jun /jul /ago. 2005. Disponível em: < http://www.scielo.br> Acesso em: 04 mar. 2016.

FONTES, Rejane de S. Classe hospitalar: buscando padrões referenciais de atendimento


pedagógico-educacional a criança e ao adolescente hospitalizado. Revista Integração,
MEC/SEESP, ano 9, nº 21, p.31- (1998).

BRASIL. Ministério da Educação. Classe hospitalar e atendimento pedagógico domiciliar:


estratégicas e orientações / Secretaria de Educação Especial – Brasília: MEC; SEESP, 2002.
Disponível em: < http://www.dominiopublico.gov.br >Acesso em: 04 de mar. 2016
15

BRASIL. Conselho Nacional de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente.


Resolução n.41 de outubro de 1995. Diário Oficial da União, Brasília, 17 out. 1995.
Disponível em:< http://www.mp.rs.gov.br > Acesso em: 04 mar. 2016.

AJURIAGUERRA, Julian de. Manual de psiquiatria infantil, 2.ed. São Paulo: Masson do
Brasil, 1980.

DE MEUR, A.;STAES, L. Psicomotricidade: educação e reeducação: nível maternal e


infantil. Trad. Ana Maria Izique Galuban e Setsuko Ono. São Paulo: manole, 1989

FONSECA, Vitor da. Psicomotricidade: filogênese, ontogênese, e retrogênese. 2. ed. rev. e


ampl. Porto Alegre: Artes Médicas, 1988.

FONSECA, Vitor da; MENDES, Nelson. Escola, escola, quem és tu? Perspectivas
psicomotoras do desenvolvimento humano. Lisboa: Editorial Notícias, 1988.

FONSECA, Vitor da; Psicomotricidade: Perspectivas multidisciplinares. Porto Alegre:


editora Atmed, 2004.

THOMPSON, Rita. Desenvolvimento pscicomotor e aprendizagem. In:______FERREIRA,


Carlos Alberto Mattos. Psicomotricidade: da educação infantil à gerontologia. São Paulo:
Editora Lovise, 2000.

Disponívelem:<http://www.webartigos.com/artigos/historico-da-pedagogiahospitalar/74994/>
Aceeso em: 04 mar.2016.
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ANEXOS

Lista de Hospitais que possuem Classes Hospitalares:


REGIÃO SUDESTE
São Paulo - Capital
Santa Casa de Misericórdia de São Paulo - 04 classes
Hospital auxiliar do Cotoxó - 01 classe
Hospital Darcy Vargas - 08 classes
Hospital do Servidor Público Estadual - 02 classes
Hospital de Clínicas de São Paulo - 04 classes
Hospital Emílio Ribas - 03 classes
Incor - 02 classes
Hospital A C Camargo 02 classes
Hospital Cândido Fontoura 01 classes
No interior:
DE Jaú
Hospital Amaral Carvalho -02 classes
DE Botucatu
Hospital UNESP- Botucatu - 02 classes
DE Lins
Hospital CAIS Clemente Ferreira - 02 classes
DE Araçatuba
Santa Casa de Misericórdia de Araçatuba - 01 classe
DE Marília
Hospital de Clinicas - UNESP - Marília - 01 classe
DE Barretos
Fundação Pio XII - 01 classe
DE Ribeirão Preto
Hospital das Clínicas - 10 classes
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Rio de Janeiro
 Hospital Geral de Nova Iguaçu
 Hospital Infantil Ismélia da Silveira - Duque de Caxias
 Hospital Geral de Bonsucesso
 Hospital Naval Marcílio Dias
 Hospital Municipal Jesus
 Instituto Nacional do Cancer - INCA
 Hemorio
 Hospital Universitário Clementino Fraga Filho
 Hospital dos Servidores do Estado
 Hospital Cardoso Fontes
 Instituto Fernandes Figueira
 Casa Ronald

REGIÃO SUL
PARANÁ
 Hospital de Clinicas da UFPR
 Hospital Pequeno Príncipe
 Hospital do Trabalhador
 Associação Paranaense de Apoio à Criança com Neoplasia
 Hospital Erasto Gaertner
 Hospital Universitário Evangélico de Curitiba
 Hospital Universitário Regional do Norte do Paraná (Londrina)
 Hospital Universitário Regional de Maringá
 Hospital Universitário do Oeste do Paraná (Cascavel)
 Hospital Infantil Doutor Waldemar Monastier (Campo Largo)
 Hospital Regional do Litoral (Paranaguá)
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