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Pedagogia hospitalar: uma possibilidade a mais

*Prof.ª Dr.ª Elizete Lúcia Moreira Matos (Organizadora)* e co-autoria


RESUMO

O artigo abaixo foi realizado com as turmas de formandos do curso de Pedagogia da


FACINTER, quando assumi em outubro de 2004 a disciplina de Estudos
Independentes para trabalhar a proposta da Pedagogia Hospitalar em contexto teórico
e prático. Este tema tem crescido no cenário nacional com uma representatividade em
19 estados do Brasil, desenvolvendo propostas acadêmicas e práticas em contextos
hospitalares, correlatos à área de saúde com o envolvimento de universidades,
hospitais, Secretarias da Educação e da Saúde das realidades municipais, estaduais e
privadas, ampliando o foco de atuação do pedagogo no espaço da saúde e garantindo
por meio de propostas pedagógicas uma possibilidade a mais com a integração de
multiprofissionais em prol da recuperação da saúde de uma forma mais ampla e
humanizada. Atuo nesta área como pesquisadora e docente tanto na parte teórica
como prática há mais de 12 anos. O desafio deste artigo foi envolver as turmas manhã
e noite, inicialmente com exposição oral teórica, leitura de artigos e vivências práticas
em contexto hospitalar. Após esta etapa as alunas individualmente produziram um
short paper sobre a temática e o próximo passo foi elaborar a reescrita em sala de
aula e depois uma organização final minha para fechar o artigo. Creio que o discente,
quando, após a tomada de conhecimento teórico e envolvimento prático, é desafiado a
desenvolver uma produção sobre o assunto, torna o mesmo mais amplo para ele no
aspecto de compreensão. Foi uma experiência muito boa e gratificante que agregou
valor a todos os envolvidos.

De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, o direito à educação é dever


não só da escola, mas da sociedade, na qual se devem buscar alternativas que
amenizem as dificuldades encontradas em muitas situações. Neste contexto, surge
uma nova área de atuação para os profissionais da educação: o hospital. O enfermo
hospitalizado, principalmente em se tratando da criança e do adolescente, passa por
uma experiência dolorosa de privação de saúde e de liberdade, vivida pela dor física e
pelo desequilíbrio emocional, este acarretado devido à sensação de abandono no
ambiente hospitalar, o que dificulta a cura e prolonga o tratamento. Este quadro
reflete-se também na vida escolar da criança, que muitas vezes acaba perdendo o ano
letivo. A finalidade da Pedagogia Hospitalar é integrar educadores, equipe médica e
família, num trabalho em conjunto que permite ao enfermo, mesmo em ambiente
diferenciado, integrar por meio de ações lúdicas, recreativas e pedagógicas novas
possibilidades e maneiras de dar continuidade a sua vida escolar e, com isso,
beneficiar sua saúde física, mental e emocional. Este trabalho gera mudanças no
ambiente físico hospitalar, tornando-o mais alegre e aconchegante com projetos
pedagógicos adequados. Para isso, é importante buscar educadores especializados e
comprometidos profissionalmente e socialmente, pois a qualidade do trabalho é
fundamental para alcançar os objetivos almejados.

O campo da Pedagogia Hospitalar surgiu da necessidade expressa de pessoas, que


por motivos ligados a enfermidades, afastam-se do momento de escolarização e, com
isso, tornam-se excluídos das instituições de ensino e da própria comunidade a que
pertencem. De certa forma, as escolas não possuem nenhum tipo de tratamento
especial para alunos que se enquadram nestas modalidades, desestimulando-os a
continuarem sua escolarização e confrontando-se com o próprio Estatuto da Criança e
do Adolescente, que garante uma educação gratuita, para todos e com qualidade.
Contudo, este trabalho busca preservar o vínculo entre o processo educativo e a
criança/adolescente, executando seu papel transformador da realidade presente. O
profissional que tem a intenção de atender a essa educação hospitalizada necessita
de uma formação diferenciada que desenvolva suas habilidades e competências, bem
como um trabalho emocional qualificado que o beneficie diante de determinadas
situações. Nesta perspectiva, propor a inserção, permanência e continuidade do
processo educativo, aliviar possíveis irritabilidades e promover ocasiões que
oportunizem a exteriorização de situações conflituosas do escolar doente, nela
encontram-se alguns objetivos da Pedagogia Hospitalar. A estrutura física do hospital
também deve favorecer condições de se efetuar com êxito este trabalho humanizador.
Tanto ambiente como equipe hospitalar, a família e a escola devem trabalhar juntos,
carregados de humanismo e com propostas pedagógicas, além das demais
intervenções de fundamental importância que já estão envolvidas no contexto
hospitalar, e, neste caso, a Pedagogia Hospitalar, mediada e coordenada por um
educador da área, poderá vir a beneficiar de forma surpreendente determinados
aspectos ali situados.

A Pedagogia Hospitalar tem como objetivo possibilitar à(ao) criança/jovem


hospitalizada(o) a continuação de suas atividades educativas, envolvendo o lúdico e o
pedagógico no seu contexto geral. O elo entre a escola e o hospital visa proporcionar
ao educando enfermo a continuidade de seus estudos mesmo estando hospitalizado,
pois algumas enfermidades requerem a permanência dos mesmos durante longo
período em ambiente hospitalar. O afastamento do internado de sua família, da escola
e dos amigos acaba alterando sua auto-estima, criando ansiedade, medo, desânimo,
depressão e tornando lenta sua recuperação. As ações da pedagogia no hospital
trouxeram novas perspectivas e desafios para o enfermo no que diz respeito a sua
condição emocional, psicológica e criativa para instalar no hospital ambientes
adequados a um procedimento próprio ao educando, respeitando contudo as
condições ambientais e adequadas às restrições do tratamento médico do enfermo,
buscando reduzir os impactos causados pela internação, tanto na vida escolar quanto
no desenvolvimento da(do) criança/adolescente doente.

A EDUCAÇÃO EM AMBIENTE HOSPITALAR

Com a expansão da pedagogia no mercado de trabalho, surgiram novos caminhos na


área empresarial, hospitalar, de recursos humanos, no ambiente escolar e em outros
ainda a se desvendar. Com o surgimento destas novas vertentes da pedagogia,
podemos considerar que a área hospitalar está em grande desenvolvimento por estar
trabalhando e caminhando lado a lado com a escola. Surge assim um grande campo
de atuação para o pedagogo junto com as equipes de saúde, criando um desafio para
os cursos de Pedagogia, de preparar um profissional capaz de suprir as necessidades
da formação continuada e do desenvolvimento de novas habilidades para
corresponder à demanda do mercado de trabalho. Com isso fica claro que para a(o)
criança/jovem que necessita de uma internação hospitalar também seria ideal uma
especial atenção as suas necessidades psíquicas e cognitivas e, neste tempo, a
mesma receba a referência de socialização. Desta maneira, a pedagogia hospitalar
representa uma nova vertente para a educação que visa dar subsídios educacionais
pedagógicos ao enfermo para assegurá-lo de uma boa recuperação, pois uma(um)
criança/jovem que recebe carinho, calor humano, atenção e afeto pode vir a se
recuperar mais rápido.

A Pedagogia Hospitalar, essa nova modalidade de atuação do pedagogo, nos põe à


prova de um trabalho que aos poucos está criando raízes e muito ainda se tem a
fazer. O importante é buscar alternativas para se desenvolver propostas nas
instituições em que os discentes do curso de Pedagogia fiquem sensibilizados e
desenvolvam projetos e pesquisas que venham a beneficiar e aliviar o sofrimento
dessas(es) crianças/jovens, dando-lhes oportunidade para que não percam esse
seguimento tão importante da educação em suas vidas. Assim, as(os) crianças/jovens
hospitalizadas(os) continuarão com perspectivas, sem perder o contato com os livros,
os cadernos, as brincadeiras, a afetividade e, o mais importante, mantendo o contato
familiar e escolar e sentindo-se integrada à sociedade. Deixando de pensar na
doença, eles podem se envolver de tal forma que até se sintam felizes e produtivos.
Assim deixam de ser excluídos e despertam para a realidade, buscando forças no seu
interior para reagir diante da doença e do lugar em que estão vivendo de forma mais
positiva, criando expectativas para um futuro promissor, com muitas esperanças de
cura e da volta ao convívio familiar e social. O papel da educação é o de proporcionar
essas transformações sociais, levando uma nova alternativa para transformar o
ambiente hospitalar de um lugar triste e muitas vezes desconfortante para um local
mais descontraído, por meio de projetos lúdicos, pedagógicos e criativos,
desenvolvendo habilidades de acordo com as especificidades pertinentes a este
contexto, dentro de suas necessidades no tempo em que os mesmos estiverem
internados, envolvendo-os também em seu processo escolar. O pedagogo pode
contribuir e agir por meio do trabalho pedagógico e se inter-relacionar no ambiente
hospitalar num cenário inter/multi/transdisciplinar, procurando conciliar o fato de que lá
está a(o) criança/jovem, com necessidades específicas. Assim deve agir de forma que
o atendimento seja direcionado a cada um, de acordo com seus momentos e com a
função que sua doença exige, estando atento a todo o cenário em que nele interagem
multiprofissionais em prol da recuperação de cada enfermo, respeitando estes limites
de espaço e, ao mesmo tempo, integrando-se aos mesmos. Não se pode generalizar o
dia-a-dia em um hospital, portanto contar histórias, dramatizar, usar fantoches e outras
tantas linguagens são comunicações que chamam a(o) criança/jovem para fora da
realidade hospitalar, o que pode contribuir para melhorar a qualidade de vida
dessas(es) crianças/jovens, pois esse diferencial, com certeza, contribuirá para que a
hospitalização possa vir a ser mais amena em sua vida. Segundo Cardoso (1995, p.
48),

Educar significa utilizar práticas pedagógicas que desenvolvam simultaneamente a


razão, a sensação, o sentimento, a intuição, que estimulam a integração intercultural e
a visão planetária das coisas, em nome da paz e da unidade do mundo. Assim, a
educação, além de transmitir e construir o saber sistematizado, assume um sentido
terapêutico ao despertar no educando uma nova consciência que transcenda do eu
individual para o eu transpessoal.

A(o) criança/jovem, em sua maioria, tem a mãe e a família como refúgio no seu dia-a-
dia, e no ambiente hospitalar perde esse elo. Sem esse apoio ao qual estava
habituada, cria grande ansiedade e insegurança, o que agrava o seu estado de saúde.
Por isso a presença da família é muito importante, em especial a da mãe. A atuação
do pedagogo é uma necessidade de contribuição especializada no contexto lúdico-
pedagógico. O público-alvo é formado por crianças/jovens enfermas(os). O objetivo do
pedagogo é promover inserção, permanência e continuidade do processo educativo,
aliviar as possíveis irritabilidades, a desmotivação e o estresse. A comunicação e o
diálogo são essenciais, pois desenvolvem a relação de integração. O pedagogo e a
equipe inter/multi/transdisciplinar devem promover ocasiões que oportunizem a
exteriorização de situações conflituosas do enfermo, integrando saberes em ações
integradas. O papel do pedagogo é fazer da práxis sua filosofia de trabalho e seu
projeto deve estar carregado de humanismo e fundamentado teoricamente, pautado
em pesquisas e planejamentos, porém sem esquecer que cada caso é um caso
específico, e este é o desafio, como integrar sua prática em realidades tão iguais, que
é cada contexto hospitalar, e tão diferentes quando voltados a cada enfermo. O papel
da educação torna-se importante em face da multiplicidade das demandas e
necessidades sociais emergentes.

Ninguém faz nada sozinho, precisamos da ajuda de outras pessoas. Por isso,
necessitamos trabalhar em equipe, unindo força e conhecimento. A obtenção do bem-
estar pela evolução do processo de cura da(do) criança/jovem de maneira integral
torna-se o principal objetivo de todos que ali estão a oferecer seus préstimos.
Pensando nisso, foram criados alguns projetos levados à execução com sucesso,
como por exemplo: Hospitalização Escolarizada, Sala de Espera, Enquanto o Sono
não Vem, Mural Interativo, Inclusão Digital, entre outros. O hospital é um ambiente
muito triste e deprimente e estas práticas, como a contação de histórias, em que
pessoas tornam-se personagens da história, trazem mais alegria, encanto, brilho,
sonhos e fantasia ao olhar, ouvir, pensar e sentir dos enfermos. O ambiente se
transforma, ficando mais animador, mais colorido, mais descontraído. A energia
desses momentos lúdicos devolve à(ao) criança/jovem a alegria e deixa mais ameno o
clima frio e triste do ambiente hospitalar.

Acredita-se que a Pedagogia Hospitalar está avançando e ganhando reconhecimento


notório perante a sociedade em geral. O objetivo da Pedagogia Hospitalar, que é
orientar, acompanhar e administrar a educação de crianças e jovens que estejam
incapacitados de freqüentar a escola por motivo de saúde, é um grande incentivo e
tem dado resultados positivos nos hospitais em que esses projetos existem, além de
abrir espaço para mais uma possibilidade profissional. Os enfermos que muitas vezes
ficam longos períodos internados acabam perdendo o ano escolar porque não podem
comparecer às aulas, e aí entra a questão: saúde ou educação? As duas coisas são
extremamente importantes na vida de cada individuo e a Pedagogia Hospitalar visa
fazer o máximo para que os dois fatores, tanto saúde como educação, possam estar
caminhando juntos, lado a lado, quando há internação prolongada. Os pedagogos,
dentro dos hospitais, só trazem benefícios para as(os) crianças/jovens, diminuindo a
ansiedade dos mesmos e dos familiares e interagindo sempre com eles. Por fim, é
necessário que a sociedade, os governantes e as escolas criem projetos
diversificados, para atender qualquer tipo de problemas escolares que o indivíduo
possa vir a ter, assim a educação abrangeria uma percentagem muito maior de
brasileiros.

As intervenções pedagógicas em ambiente hospitalar são fatores importantes na


recuperação de crianças/jovens enfermas(os), pois conseguem fazê-los se desligar
um pouco de seu problema e passarem a ter uma visão diferente do hospital. Essa
nova possibilidade da pedagogia pode promover uma maior aceitação do enfermo ao
hospital e com isso pode minimizar a ansiedade que gera a internação. Com este
projeto da Pedagogia Hospitalar a recuperação pode vir a ser mais rápida, pois o
enfermo se sente inserido em um novo fazer e agir, mesmo que em contexto
hospitalar. O profissional que atua na área da Pedagogia Hospitalar vem realizando
grandes projetos e tem implantado várias formas que envolvem o processo
ensino/aprendizagem, com atuações pedagógicas lúdicas, que são muito importantes
para essas crianças/jovens hospitalizados. Esta proposta da Pedagogia Hospitalar
levanta parâmetros para um constante estudo e até mesmo bases para desenvolver
um bom trabalho em conjunto com o corpo clínico hospitalar e demais envolvidos para,
cada vez mais, conhecermos e integrarmos as necessidades e a importância desse
trabalho. Um fato importante, também, é o desafio aos cursos de Pedagogia, nos
quais mudanças sociais são exigidas constantemente.

UMA NOVA PEDAGOGIA

A Pedagogia Hospitalar é hoje um novo desafio para os cursos de Pedagogia, que


poderão adaptar-se a estas mudanças para incluir o aluno/enfermo em uma nova
realidade para que não perca o ano letivo que vinha cursando. Apesar da grande
evolução da medicina, com todas as descobertas, equipamentos avançados, da
mesma maneira que se desenvolve rapidamente com a globalização, as doenças
também se desenvolvem rapidamente. Com isso, o profissional em Pedagogia
Hospitalar, o educador, o contador de histórias e outras dimensões pedagógicas que
se leva para o contexto hospitalar (como a fantasia, o encantamento, a imaginação)
podem resgatar novas possibilidade de conviver neste ambiente de forma mais
harmoniosa entre aspectos relevantes a condição inata do organismo de saúde e bem-
estar. A Pedagogia Hospitalar colocará o profissional da educação diante deste novo
cenário, sendo o seu maior desafio levar esperança de vida às crianças e jovens para
que possam enfrentar de maneira positiva as dificuldades, com isso diminuindo suas
ansiedades e sofrimento. Para que isso aconteça, é preciso flexibilizar e agilizar os
conteúdos do currículo escolar para que se adaptem ao estado da criança ou jovem
que se encontra internado no hospital ou que esteja em tratamento. Desta maneira, a
escola estará exercendo seu real papel social em contexto diferenciado, levando o
conhecimento a quem está debilitado e aumentando suas esperanças e expectativas
em se tornar o cidadão do amanhã. Esta nova Pedagogia é uma maneira de
humanizar o papel da escola sem renunciar a seus conteúdos, adaptando-os àquelas
crianças ou jovens que estão passando por momentos difíceis, para que tenham
novas perspectivas e esperança de vida e de um futuro melhor e que, ao retornarem à
escola, possam estar acompanhando o processo de aprendizagem sem bloqueios ou
atrasos.

REFLEXÕES SOBRE PEDAGOGIA HOSPITALAR

A Pedagogia Hospitalar apresenta-se como uma nova possibilidade de trabalho para o


pedagogo, promissora dentro do ambiente hospitalar. Trata-se de uma Pedagogia do
presente, centrando-se no emergencial e transitório do educando hospitalizado e
fazendo com que interajam enfermo, equipe hospitalar, família e escola. É uma nova
realidade interdisciplinar, multidisciplinar e transdisciplinar, pois envolve saberes em
prol da vida. A formação dessas pessoas requer uma formação continuada, com o
desenvolvimento de novas habilidades para fazerem frente a essas demandas,
integrando os profissionais da saúde e educadores no mesmo espaço, visando o bem-
estar geral da criança e do jovem no tratamento e recuperação ampla de sua saúde.

Como sabemos, todo cidadão tem direito à saúde e à educação, como consta no
Estatuto da Criança e do Adolescente. Para que isso aconteça, o pedagogo está
procurando como alternativa trabalhar dentro dos hospitais e, com isso, apontando
mais um campo de trabalho para aplicação da ação pedagógica. Apesar do hospital
ter condições contraditórias para que ocorra a educação dessa(e) criança/jovem, se
faz necessária sua presença, pois quando a(o) criança/jovem não tem esse
acompanhamento pedagógico, poderá perder conteúdos e até mesmo perder o ano
letivo, tudo isso dependendo do tempo em que o aluno ficará no hospital. Além dos
conteúdos programáticos que as crianças fazem em seus quartos ou nos diferentes
locais que alguns hospitais oferecem como sala de aula, laboratório com
computadores, brinquedoteca e sala de jogos, é um novo cenário marcando presença,
uma presença de fundamental importância também para a recuperação da saúde e do
bem-estar. Para a(o) criança/jovem que está em procedimento de consulta, porém
ainda não hospitalizada(o), existem propostas como a Sala de Espera, que oferece
desenhos, histórias infantis, fantoches e outras modalidades lúdicas pedagógicas.
Enfim, é importante a presença de um profissional da educação integrado aos
profissionais da saúde e ao contexto hospitalar em seus aspectos diferenciados
conforme a realidade, para que promovam ações que possam envolver esta criança
ou jovem que está hospitalizada(o) ou em processo de consultas de uma forma mais
harmoniosa e humana, pois a vida com saúde é o maior patrimônio que cada um de
nós tem, e quando isso está em jogo toda ação em prol de sua recuperação é bem-
vinda. Para que esse atendimento seja realizado desde o momento em que o paciente
entra no hospital até sua saída, é necessário que tenhamos profissionais preparados
e, para que isso aconteça, torna-se importante que as instituições de ensino superior
com os cursos de Pedagogia e Formação de Professores revejam suas propostas e
incluam esta temática de atendimento a educandos em contexto hospitalar, pois
muitas crianças e jovens adoecem todo dia e às vezes necessitam ficar um bom
tempo hospitalizados. Todas as realidades escolares deveriam começar a incluir essa
forma de atendimento por meio da qual a educação e a saúde trilham juntas em seus
diferentes contextos, especialmente quando for necessário coabitarem um mesmo
espaço para a promoção humana nas suas diferentes facetas.

A Pedagogia Hospitalar construiu, ao longo do seu tempo de existência, uma relação


bem-sucedida entre os educadores e os profissionais de saúde e constitui um desafio
aos cursos de Pedagogia ao relacionar teoria e prática para o alcance dos resultados
pretendidos num contexto que é escolar, mas que se estabelece em realidade
hospitalar.

A Pedagogia Hospitalar é uma grande conquista, porque enfoca um trabalho de


parceria entre educadores e profissionais da saúde que, juntos, podem vir a
proporcionar ao doente educando uma recuperação mais aliviada e uma proposta com
um olhar voltado para o lúdico, que facilita a adaptação de suas necessidades em
ambiente hospitalar. Enfim, um sistema eficiente de comunicação voltado a valores e
crenças sobre a realidade hospitalar. Todo esse trabalho está voltado àqueles que, por
estarem hospitalizados, permanecem prejudicados em sua escolarização e alguns até
em estado de analfabetismo. Um trabalho que tem a oportunidade de mostrar novos
cenários e cenas em ambiente hospitalar e inserir um novo educador, o hospital em
um novo hospital ainda mais humanizador, por meio de equipes
multi/inter/transdisciplinares, onde o contador de histórias seja aventureiro, alegre e
dinâmico, por meio de projetos que possibilitam sonhos, fantasias, e até mesmo um
auxílio à cura, transformando a medicina em uma nova medicina, onde equipes de
multiprofissionais são também os atores neste cenário. O educador, com seu
conhecimento didático, metodológico, lúdico e recreativo, pode integrar seus saberes
aos demais saberes que já estão neste contexto e com isso promovermos novos
olhares em ambiente hospitalar.

Essa Pedagogia veio com o papel de trabalhar a transformação da doença em


interação e vencer obstáculos que dificultam a autonomia das pessoas de expressão e
compreensão de estímulos abstraídos do cotidiano.
Cabe destacar, neste fechamento, MATOS e MUGGIATI (2001, p. 83):

Muito há pela frente, considerando suas novas vertentes que aí estão para se
associarem aos primeiros esforços que, certamente, servirão de base angular para
uma edificação sólida, com a consistente participação de todos, em prol daquelas
crianças e adolescentes que têm direito à saúde, mas também têm direito de se
educar. Essa polêmica realidade, de ordem política, social, psicológica e educacional,
com imensuráveis dimensões, veio, assim, se constituir em incontestes argumentos à
necessidade de se buscarem alternativas de complementação e aprimoramento
científico. A Pedagogia Hospitalar representa a segura resposta ao desafio que se
instalou.

Finalmente, pretende-se que este presente artigo, por mim organizado e produzido de
forma espetacularmente integrada entre alunas formandas dos turnos manhã e noite,
da disciplina Estudos Independentes do curso de Pedagogia da FACINTER, possa
apontar para o leitor um novo olhar sobre esta nova área que está surgindo no campo
da educação. Já temos várias instâncias legais do MEC, CNE e CEE de educação que
nos garantem este trabalho. A inclusão e a humanização se fazem presentes em
vários contextos, e este é um deles.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

CARDOSO, Clodoaldo Meneguello. Uma visão holística da educação. São Paulo:


Summus, 1995.

MATOS, E. L. M.; MUGIATTI, M. M. T. F. Pedagogia Hospitalar. Curitiba: Ed.


Champagnat, 2001.

MATOS, E. L. M. Pedagogia Hospitalar. Revista Educação em Movimento, Curitiba,


v. 2, n. 5, p. 39-42, maio/ago. 2003.

______ . Aproximação conceitual da Pedagogia Hospitalar. Revista Anual da


Faculdade de Pedagogia da Serra – Pedagogia em Ação, v. 4, n. 4, p. 89-92, jun.
2003.

* Graduada em pedagogia, especialista em RH e Psicopedagogia, mestre em


Educação e doutora em Gestão de Negócios e Inovações Tecnológicas –
Pesquisadora. Professora titular da PUC-PR, atua no Mestrado em Educação, linha de
pesquisa Educação, Comunicação e Tecnologias, docente do curso de Pedagogia
com programas de aprendizagem voltados a Princípios Éticos e Psicopedagógicos da
Inclusão e em campos de estágio com a Pedagogia Hospitalar. Professora da
FACINTER na disciplina Estudos Independentes. Consultora e avaliadora ad hoc.

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