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FACULDADE SÃO FRANCISCO DA PARAÍBA – FASP


INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DE CAJAZEIRAS – ISEC
CURSO DE PEDAGOGIA

AS CONTRIBUIÇÕES DO PEDAGOGO NO DESENVOLVIMENTO DA


CRIANÇA HOSPITALIZADA

MARIA JOSÉ BARBOSA DE ANDRADE

CAJAZEIRAS-PB

2020
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MARIA JOSÉ BARBOSA DE ANDRADE

AS CONTRIBUIÇÕES DO PEDAGOGO NO DESENVOLVIMENTO DA


CRIANÇA HOSPITALIZADA

Trabalho de Conclusão de Curso – Artigo Científico –, apresentado ao Curso


de Graduação em Pedagogia, da Faculdade São Francisco da Paraíba, do
Instituto Superior de Educação de Cajazeiras, em cumprimento às exigências
para a obtenção do título de Graduado.

Orientador(a): Maria Thaís de Oliveira Batista.

CAJAZEIRAS-PB

2020
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RESUMO

A presente pesquisa teve como objetivo principal a investigação sobre a importância e


principais contribuições que a Pedagogia Hospitalar oferece para a educação das crianças que
se encontram hospitalizadas. Pretendendo, deste modo, buscar conhecer e compreender a
forma como os pedagogos lidam em relação às classes hospitalares. Sabendo que a Pedagogia
hospitalar é considerada uma educação informal, pois acontece fora do contexto escolar, e
proporciona ao educando enferma, a oportunidade de continuar seus estudos durante o
período em que se encontra hospitalizados. Dando enfoque a esta nova modalidade de ensino,
foi feito um estudo bibliográfico embasado pelas ideias de alguns autores ditos como
referência nessa temática. A referente pesquisa designa de forma qualitativa, pois não
obtemos presença física nos acompanhamentos a pedagogia hospitalar, e não houve
contribuições educacionais no espaço hospitalar. Para pesquisa de campo, foi realizada um
questionário com uma pedagoga de um Hospital localizado na cidade de Cajazeiras/PB, onde
se notou a grande importância que a Pedagogia Hospitalar promove nos hospitais, auxiliando
de forma humanizadora no tratamento da criança hospitalizada.
Palavras-chave: Pedagogia Hospitalar. Educação. Criança.
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ABSTRACT

The present research had as main objective the investigation on the relevant importance, and
contributions that Pedagogia Hospitalar offers for the education of children who are
hospitalized, and in this way to seek to know and understand the way the pedagogues deal in
relation to the hospital classes. Knowing that hospital Pedagogy is considered an informal
education, as it happens outside the school context, and provides the sick student with the
opportunity to continue their studies during the period they are hospitalized. Focusing on this
new teaching modality, a bibliographic study was made based on the ideas of some authors
said to be a reference in this theme. The referred research qualitatively designates, as we do
not obtain physical presence in the accompaniments to hospital pedagogy, and there were no
educational contributions in the hospital space. For field research, a questionnaire was
conducted with a pedagogue from HUJB, where it was noted the great importance that
Pedagogy Hospital promotes in hospitals, where it often helps in the treatment of hospitalized
children.
Keywords: Hospital Pedagogy. Education. Kid.
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1. INTRODUÇÃO

A educação é essencial na vida das pessoas, e é um direito de todos. A Pedagogia não


se limita somente aos espaços escolares. Seu campo tornou-se abrangente e circunda
diferentes espaços, seja social, empresarial ou hospitalar. A pedagogia hospitalar leva a
educação para o campo hospitalar, onde se torna muito importante socialmente. Com isso,
podemos considerar que a Pedagogia hospitalar é pertencente à um campo de nível
especializado para os pedagogos atuarem em departamentos hospitalares e domiciliares, para
desenvolverem atividades educacionais com crianças enfermas em idade de escolarização. A
inclusão do ambiente escolar durante o período de internação é muito importante para
favorecer no processo de recuperação da criança, capaz de promover a redução do medo e
ansiedade obtidos no processo da enfermidade.
A referente pesquisa sobre Pedagogia Hospitalar, acerca-se de aspectos fundamentais,
para esta área educacional, onde apresenta estudos bibliográficos, junto de uma pesquisa de
campo, com uma pedagoga do Hospital Universitário Júlio Mello Bandeira-HUJB. Para as
análises foi utilizado o questionário, onde a pedagoga hospitalar respondeu, através de e-mail,
pois o atual cenário não permite o contato físico, em decorrência do COVID-19.
A Pedagogia hospitalar é um campo que vem se abrangendo como forma de melhoria
no atendimento a criança hospitalizada, onde no Brasil alguns hospitais já se adequam a essa
visão humanística. É um trabalho voltado para o ser como um todo, envolvendo suas
necessidades físicas, afetivas e sociais do indivíduo hospitalizado. Retratamos como objetivos
a conscientização, debater e expandir os ideais dos profissionais do setor educacional e da
saúde, viabilizando e proporcionando uma melhor garantia na qualidade de vida para todos
que necessitam de um olhar mais cuidadoso, seja em atendimentos individuais ou
hospitalares.
É necessário que sejam lançadas estratégias para que haja desenvolvimento dessa
modalidade nos campos educacionais, e que de forma afetiva, sensibilize os profissionais da
saúde e da educação sobre a relevante importância do atendimento educacional para a criança
que se encontra hospitalizada. Deparamo-nos ainda com a carência formativa de profissionais
que se dediquem a essas crianças e jovens, que precisam ficar por alguns períodos nos campos
hospitalares, são necessários que esses profissionais possam refletir, dialogar e trocar
experiências, para que possam cuidar de forma mais humana. Em vista a legalidade contida
na legislação vigente, que defende e legitima o direito educacional, os hospitais devem
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oferecer as crianças e adolescentes hospitalizados, um atendimento educacional de qualidade,


e propondo-os igualdade de condições para o desenvolvimento intelectual e pedagógico.
O presente artigo tem como objetivo geral desenvolver um estudo sobre a importância
do papel do pedagogo no âmbito hospitalar, como forma de auxiliar no desenvolvimento da
criança que requer cuidados hospitalares e clínicos, e os objetivos específicos de compreender
o papel do pedagogo na contribuição do processo educacional da criança hospitalizada, ou
acompanhada em centros especializados; retratar a história da pedagogia no âmbito hospitalar.
Para isso, nesse trabalho temos o objetivo geral de desenvolver um estudo sobre a
importância do papel do pedagogo no âmbito hospitalar, como forma de auxiliar no
desenvolvimento da criança que requer cuidados hospitalares e clínicos, e os objetivos
específicos de compreender o papel do pedagogo na contribuição do processo educacional da
criança hospitalizada, ou acompanhada em centros especializados, assim como retratar a
história da pedagogia no âmbito hospitalar. Utilizamos de falas de autores como: (FONSECA,
1999); (FRISSON, 2004); (FONTES, 2008) etc., para respaldar a importância da atuação do
pedagogo no âmbito hospitalar.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 HISTÓRIA DA PEDAGOGIA HOSPITALAR

Com o acontecimento da Segunda Guerra Mundial, houve um grande número de


crianças e adolescentes mutiladas, feridas, que tiveram que permanecer nos hospitais por um
determinado período, visto a situação em que as mesmas se encontravam, surgiu a classe
hospitalar fundada por Henri Sellier, em Paris no ano de 1935, com desígnio de amenizar as
infelizes decorrências da guerra. Com a classe hospitalar, crianças e adolescentes tiveram a
oportunidade de dar continuidade a seus estudos, mesmo estando internadas. Com isso, outros
países sentiram-se incentivados e a pedagogia hospitalar se expandiu em outros territórios.
No ano de 1939, aconteceu um marco para história da Pedagogia hospitalar, foi criado
o Centro Nacional de Estudos e de Formação para a Infância Inadaptada-C.N.E..E.I, em
Suresnes, na França, objetivando a formação de educadores para desempenhar a Pedagogia
hospitalar, em campos hospitalares e institutos especiais. No referido ano na França, o
Ministério da Educação criou o cargo de Professor hospitalar.
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Embora exista muitas leis que instituem as necessidades da criança e adolescente, a


importância da educação, é visto que precisa ser passado para a sociedade em geral, um
esclarecimento sobre esses direitos. Apesar da não concretização desses direitos, a Educação
brasileira vem mostrando que estão sendo vivenciados esses progressos.

Cumpre às classes hospitalares e ao atendimento pedagógico domiciliar


elaborar estratégias e orientações para possibilitar o acompanhamento
pedagógico educacional do processo de desenvolvimento e construção do
conhecimento de crianças, jovens e adultos matriculados ou não nos sistemas
de ensino regular, no âmbito da educação básica e que encontram-se
impossibilitados de frequentar escola, temporária ou permanentemente e,
garantir a manutenção do vínculo com as escolas por meio de um currículo
flexibilizado e/ou adaptado, favorecendo seu ingresso, retorno ou adequada
integração ao seu grupo escolar correspondente, como parte do direito de
atenção integral (BRASIL, 2002, pág.13).

Temos como foco principal de nossa sociedade, a educação. Com ela podemos nos
desenvolver e crescermos como bons cidadãos. É posto ao educador a missão e o dever de
transmitir conhecimentos a todos, inclusive àqueles que se encontram impossibilitados de ir à
busca desses conhecimentos. Com isso a Pedagogia Hospitalar, vem buscando meios de levar
conhecimentos para as crianças e jovens hospitalizados.
Mediante as necessidades de algumas crianças e jovens a classe hospitalar promove o
seguimento do processo educacional dos educandos, de forma a contribuir ao à sua volta ao
ambiente escolar. A Política Nacional de Educação Especial (1994) determinou a categoria
hospitalar como um ambiente que permite o acolhimento educacional de crianças e jovens que
se encontram internados, e que esses encontrem em tratamento hospitalar que necessitam de
Educação (BRASIL, 1994, p. 20).
De acordo com Fonseca (1999, p. 07):

A educação em hospital é um direito de toda criança ou adolescente


hospitalizado. Os resultados aqui apresentados demonstram que, na prática,
nem todas as crianças estão tendo este direito respeitado ou atendido, uma
vez que os dados evidenciam um número pequeno de hospitais com classes
hospitalares. Faz-se necessário considerar seriamente esta questão, uma vez
que a literatura aponta para o importante papel do professor junto ao
desenvolvimento, às aprendizagens e ao resgate da saúde pela criança ou
adolescente hospitalizado.
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A pedagogia hospitalar busca fazer com que que as crianças e jovens hospitalizados,
possam usufruir de uma educação, tranquila enquanto se encontram em quadros clínicos, no
entanto essa torna-se uma missão que deve ser efetivada de forma coletiva, envolvendo pais,
profissionais e família, onde ambas participem das atividades, isso irá contribuir na
recuperação da criança. Com a hospitalização e internação das crianças e jovens, podem
acarretar alguns outros problemas, dentre eles os psíquicos, como ansiedade, depressão,
pensamentos negativos, etc., assim, é de fundamental importância tornar a permanência no
hospital conexa a realidade em que ela vivia. Com base a pesquisa realizada por Fonseca
(1999, p.117-118).
Como bem coloca as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação
Básica (BRASIL, 2001, p.50-52), são diversas as modalidades de educação especial, e dentre
elas está a classe hospitalar, que se define:

[...] como sendo um serviço destinado a prover, mediante atendimento


especializado, a educação escolar a alunos impossibilitados de frequentar as
aulas em razão de tratamento de saúde que implique internação hospitalar ou
atendimento ambulatorial. (BRASIL, 2001, p. 52).

A pedagogia por si só, é um âmbito educacional que trata com processos formativos
e construção do conhecimento. O pedagogo é o profissional mais especifico capaz de
transmitir, e levar a educação fora do campo educacional. Visto que o ambiente hospitalar é
um setor referencial em tratamentos e cura da saúde dos enfermos, e que nos remete dor,
sofrimento, e muitas das vezes morte. Quando a criança fica interna por longos períodos,
acaba fazendo uma ruptura dessas crianças e adolescentes com o seu cotidiano escolar,
tornando-os menos produtivos em se tratando da sua construção de sua própria aprendizagem.
A classe hospitalar surgiu tendo em vista a necessidade das crianças e adolescentes
hospitalizados, dar continuidade a educação básica, fazendo com que o seu tempo de
hospitalização não cause danos a sua formação escolar. No ambiente hospitalar, serão
aplicados exercícios educacionais, de acordo com o quadro clínico em qual a criança ou
jovem encontra-se. Tendo em vista os problemas de saúde que solicita a hospitalização desse
público, independentemente do tempo em que elas precisem ficar internas, por meio das
políticas públicas e estudos acadêmicos, surgiu a necessidade do implante da Pedagogia
Hospitalar.
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A pedagogia hospitalar é uma metodologia educativa que promove desafios, aos


profissionais e permite a construção e busca por novos conhecimentos e ações, que favoreçam
a prevenção do fracasso escolar, daqueles que são afastados da escola por motivos de doença.
É um campo lindo da educação, que adéqua a realidade da criança ou jovem hospitalizado,
através de metodologias pedagógicas adequadas a seus quadros de saúde, onde provavelmente
eles se sentirão estimulados, e facilitará em sua recuperação.

2.2 ÁREAS DE ATUAÇÃO DO PEDAGOGO

A pedagogia é uma área de estudo, considerada como a ciência da aprendizagem e do


ensino, tem como foco principal objetivar o estudo da educação como um todo. O pedagogo é
visto como um profissional que atua somente nos espaços escolares, mas essa visão está muito
limitada, ele pode atuar em diversas áreas e estabelecimentos, sendo eles públicos e privados.
Diante de muitos anos de expectativa, sendo pressionado pela comunidade acadêmica, o
Conselho Nacional de Educação, no dia 17 de março de 2005, anunciou uma nota para análise
da corporação civil, sob a Resolução das Diretrizes Curriculares Nacionais, para os cursos de
graduação em Pedagogia. Onde, o mesmo foi recusado pelos acadêmicos, pois lançavam
diretrizes que se identificavam como Curso Normal Superior. Em 13 de dezembro de 2005,
foi aceito em uma reunião do Conselho Nacional de Educação, um novo parecer elaborado
pelo CNE, destinado ao curso de pedagogia. Com isso a ocorreu o acréscimo formativo do
pedagogo, indicando de forma geral, que a formação no curso de Pedagogia, é ampla, em
relação ao curso normal superior:

O curso de Licenciatura em Pedagogia destina-se à formação de professores


para exercer funções de magistério na Educação Infantil e nos anos iniciais
do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade
Normal, de Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar e em
outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos. As
atividades docentes também compreendem participação na organização e
gestão de sistemas e instituições de ensino, englobando: - planejamento,
execução, coordenação, acompanhamento e avaliação de tarefas próprias do
setor da Educação; - planejamento, execução, coordenação,
acompanhamento e avaliação de projetos e experiências educativas não
escolares; - produção e difusão do conhecimento científico tecnológico do
campo educacional, em contextos escolares e não escolares. (BRASIL, 2005,
p.7-8)
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Profissionalmente falando, ao graduar-se no campo da pedagogia, o acadêmico é


ciente que pode atuar em diversos campos, tantos formais quantos não formais, tendo sempre
em foco a aprendizagem do sujeito. Desfazendo o olhar centrado no contexto escolar, que a
sociedade tornou como visão cultural. Mediante aos acontecimentos e mudanças decorrentes
mundialmente, houve a necessidade de modificar os conceitos prévios sobre educação, que
não é algo remetido somente a escola, como bem enfatiza Frisson (2004, p.88)

Na escola, na sociedade, na empresa, em espaços formais ou não formais,


escolares ou não escolares, estamos constantemente aprendendo e ensinando.
Assim, como não há forma única nem modelo exclusivo de educação, a
escola não é o único em que ela acontece e, talvez, nem seja o mais
importante. As transformações contemporâneas contribuíram para consolidar
o entendimento da educação como fenômeno multifacetado, que ocorre em
muitos lugares, institucionais ou não, sob várias modalidades.

Com referência na fala do autor, é visto que a educação não se limita apenas á espaços
escolares, desfazendo o pensamento de que a educação acontece exclusivamente na escola.
Destacando sempre a grande importância do papel do pedagogo, para mediar no processo de
ensino-aprendizagens dos indivíduos, seja ele no ambiente escolar ou não. O pedagogo possui
competências e habilidades que favorecem no processo de formação do ser humano. Como
forma de descentralizar o olhar e pensamento que tinham sobre a educação ser
exclusivamente no setor escolar, a atuação do pedagogo nos diversos espaços é asseverado
através de lei, que se encontra no artigo 5°, inciso IV da resolução CNE/CP n°1 de 15 de maio
de 2006, onde apresenta a grade curricular do curso de pedagogia, atuante em diversos
espaços, onde diz que:

O egresso do curso de pedagogia deverá estar apto a: trabalhar em espaços


escolares e não-escolares, na promoção da aprendizagem de sujeitos em
diferentes fases do desenvolvimento humano, em diversos níveis e
modalidades do processo educativo. (BRASIL, 2006 p. 2).

Desse modo o profissional graduado no curso de Pedagogia, pode atuar dentro do


campo educacional na rede pública ou setor privado, assim como assumir cargos de
coordenador pedagógico, diretor escolar, supervisor, etc. E fora do espaço escolar, ele tem a
capacidade e pode exercer sua função trabalhando com formações, em diversos setores desde
públicos ou privados, assim como em empresas, instituições religiosas, hospitais, clinicas, etc.
Embora que dentre esses outros espaços, o pedagogo ainda não é procurado de forma tão
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frequente, mas a importância de se ter um pedagogo nesses espaços, está se expandido por
perceber que a sua atuação vai além do setor pedagógico.
Quanto as ações administrativas dos espaços escolares, como, nortear e de
supervisionar, são atos que acompanham a sociedade desde os seus primórdios, com tudo,
através da concretização do capitalismo urbano-industrial que desempenharam melhorias
quanto definições e elaborações, mediante as Teorias de administração Empresarial, os
princípios que regem circunda em prol da produtividade, eficácia, eficiência e do domínio,
que por meio da burocracia buscam objetivar e a garantir a organização empresarial. No
campo escolar, essa burocracia também está vinculada, pois efetiva-se o momento onde o
setor administrativo utiliza-se por meio do setor pedagógico, que é de grande valia no âmbito
educacional, que caracteriza a reprodução do sistema social na efetivação escolar.
No âmbito educacional, as divisões também são estabelecidas e fragmentadas sob as
funções do trabalho pedagógico, assim como dos conhecedores técnicos em Educação, fica
evidente que são adentrados no processo educacional, como objetivo de reproduzir as ligações
sociais sustentadas pela sociedade capitalista, ou seja, como força maior, pensar sobre pontos
que envolvem o âmbito educacional, tecendo princípios oriundos da Administração
Empresarial. Refletir sobre essa divisão do trabalho pedagógico na ocorrência atual, é rever
com atenção a função em que os Especialistas em Educação possuem, falando-se em busca
por novas possibilidades de superar esses desafios entre a teoria e a prática. Ao enfatizar a
importância de promover uma articulação mais elaborada, para os profissionais da educação,
que paute num pensamento ligado a reflexão da construção do saber, e sua aplicabilidade na
prática social, resgatando a produção de conhecimento das diversas funções.
Ao enfatizar sobre a Administração escolar é de responsabilidade do Diretor, onde
deve exercer e cumprir as políticas educacionais. Com tudo, é preciso que o Diretor esteja
ciente sobre as atividades de gerenciamento, sob controles das relações de trabalhos entre os
funcionários. E por outro lado, a racionalização, que se transmite da repartição de atividades
particularizadas, buscando o desenvolvimento da produtividade. Com isso, é de
responsabilidade do Diretor, o domínio sobre as questões burocráticas, financeiras e
administrativas, assim como também faz parte de sua função seguir o andamento do
desempenho do Projeto Político Pedagógico do setor educacional em qual atua, isso cabe
dizer que sendo ele líder da escola, e posto isso, precisa enxergar amplamente a rotina do seu
espaço escolar e organizar da melhor forma possível.
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2.3 A IMPORTÂNCIA DO PEDAGOGO NO ÂMBITO HOSPITALAR

O curso de Pedagogia, enfrentou algumas alterações em seu preparo curricular,


mudança essa ocorrida no início do século XXI. Oriundas dessas mudanças é a atuação do
pedagogo em espaços não escolares, um desses espaços é o ambiente hospitalar.
A pedagogia hospitalar é uma metodologia educativa que promove desafios, aos
profissionais e permite a construção e busca por novos conhecimentos e ações, que favoreçam
a prevenção do fracasso escolar, daqueles que são afastados da escola por motivos de doença.
É um campo lindo da educação, que adéqua a realidade da criança ou jovem hospitalizado,
através de metodologias pedagógicas adequadas a seus quadros de saúde, onde provavelmente
eles se sentirão estimulados, e facilitará em sua recuperação.
A pedagogia hospitalar amplia a atuação do pedagogo em outros campos, para além
dos muros escolares. Instituições, ou setores que atende este parecer cobra do profissional
uma formação e um preparo especializado para atuar nesse campo hospitalar, favorecendo e
promovendo que ocorra a integração hospitalar, mediante qual ambiente seja. Com tudo,
devem propiciar a qualidade de vida da crianças e adolescentes, assim como o bem-estar
social de cada uma, por elas estarem em situações fragilizadas, que precisam de amparo de
diferentes áreas, como enfermeiros e médicos. Tendo em vista os problemas de saúde que
solicita a hospitalização desse público, independentemente do tempo em que elas precisem
ficar internas, por meio das políticas públicas e estudos acadêmicos, surgiu a necessidade do
implante da Pedagogia Hospitalar.
O intuito da Pedagogia Hospitalar é cultivar a junção da criança com espaço escolar;
lugar ao qual foi afastada por motivos de doença, desse modo, através de atividades
pedagógicas, lúdicas e recreativas, fazem com que a criança ou adolescente hospitalizado
possam continuar desenvolvendo-se no processo escolar, e dando continuidade aos estudos.
Participar dessas atividades educativas dentro do espaço hospitalar, beneficia na saúde física,
afetiva, emocional e mental das crianças.
Com isso, podemos enfatizar da grande importância da presença do pedagogo no
âmbito hospitalar, pois ele tem a capacidade de desenvolver atividades além dos limites
pedagógicos, pois, em muitas das vezes é o pedagogo que intercede, acalmando para que a
criança ou adolescente, permita que realize a medicação. É preciso também, eu o pedagogo
possua uma relação harmoniosa com a família das crianças, pois, mesmo que a criança tenha
o direito de receber esse auxílio pedagógico hospitalar, se não houver o consentimento da
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família, a ação não acontece, com isso a criança ou adolescente fica excluída de receber esse
acompanhamento.
Nas concepções de Porto (2008), é cabível ao pedagogo ofertar condições afetivas ao
paciente que se encontra internado, pois carecem de apoio emocional, e propor a família dos
internos um acolhimento. Com isso fará com que amenize a dor do paciente e preocupação
dos familiares. Fontes (2008) diz que o quadro hospitalar da criança pode se agravar, devido o
afastamento de suas rotinas diárias, do qual pode deixar significativas cicatrizes em seu
desenvolvimento social e psicológico.
O pedagogo hospitalar em sua atuação, através de múltiplas atividades promove a
inclusão, e permanência do desenvolvimento da criança, no processo educativo. Assim como
linimenta algumas circunstâncias de desmotivação, estresse, que é causado devido a sua longa
permanência do hospital. Com isso, é importante que sejam bem qualificados para atuarem de
forma coesa. Fonseca (1999), ressalta que é imprescindível a destreza, discernimento e
flexibilidade desse profissional para a atuação de seu posto, pois:

Mesmo que o atendimento pedagógico em hospitais não requeira formação


especifica, essa atividade requer profissionais com destreza e discernimento
para atuar com planos e programas abertos, moveis, mutantes,
constantemente reorientados pela situação especial e individual de cada
criança sob atendimento. (FONSECA, 1999, p.127)

O educador que atuar no espaço hospitalar, precisa buscar por meios que aprofunde
seus conhecimentos, assim como desenvolver informações referentes ao setor e espaço que
está atuando, para que de forma sublime, atenda as expectativas dos familiares, crianças e
adolescentes. O pedagogo hospitalar precisa estar interligado a equipe de saúde, efetivando
um trabalho multidisciplinar, buscando ter conhecimento do quadro clínico ao qual o aluno se
encontra, para que possa desenvolver as melhores metodologias para trabalhar com a criança
ou adolescente de modo flexível, cumprindo as exigências curriculares, e sempre atento as
condições de saúde.
A atuação pedagógica nos espaços hospitalares requer medidas de intervenção que em
que a escuta, o zelo e o cuidar da criança hospitalizada estejam sempre presentes. Pois nos
espaços hospitalares, a humanização precisa dar seu ponto inicial para motivar as crianças,
fazer com que resgatem sua autoestima.
Freire (1996, p.54) diz:
13

Gosto de ser gente porque, mesmo sabendo que as condições materiais,


econômicas, sociais e políticas, culturais e ideológicas em que nós achamos
geram quase sempre barreiras de difícil superação para o cumprimento de
nossa tarefa histórica de mudar o mundo, sei também que os obstáculos não
se eternizam.

A humanização no campo hospitalar, parte da busca pela autoestima das crianças e


adolescentes, conhecendo e se vendo em um fato novo a sua vivência, e agregando valores a
sua vida, sem deixar que a enfermidade possa tirar a sua vontade de estar bem.
Ao referir-se ao trabalho do pedagogo no campo hospitalar, é reprisar que ocorre a
partir de variações metodológicas, modificando e adequando atividades mediante o estado a
qual a criança se encontra. Com isso, o trabalho pedagógico nos hospitais, permite não afastar
as crianças e adolescentes do seu cotidiano, da vida normal que tinham fora daquele espaço.
A presença do pedagogo é indispensável, e possibilita novas chances nos vínculos
sociais e afetivos postas naquele ambiente, faz com que o aspecto negativo de dor e
sofrimento, possa ser visto como um lugar humanizado, que todos que todos que ali estão,
garantem de seus direitos, e visto essencialmente como um local que respeita cada indivíduo,
e cada estágio de suas enfermidades.

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Ao decorrer de estudos e pesquisas acerca da temática em foco, - as contribuições do


pedagogo no desenvolvimento da criança hospitalizada, foi percebido a importância dessa
discussão, e com ênfase no setor acadêmico, visto que a pedagogia ainda é vista sob um olhar
limitado de suas atuações. Embora ainda não muito conhecido pela sociedade, a pedagogia
hospitalar é fundamental para recuperação e desenvolvimento da criança/ adolescente
enfermo. Diante do exposto, buscamos responder a seguinte problemática: Qual as
contribuições do pedagogo na recuperação e desenvolvimento da criança hospitalizada?
Em busca disso, objetivamos analisar a atuação do pedagogo no âmbito hospitalar, e
as suas contribuições no desenvolvimento das crianças que precisam ficar por longos períodos
internadas, para que elas não se sintam distanciadas da sua rotina cotidiana, e do espaço
escolar, buscamos pesquisar para entender como o pedagogo faz para facilitar esse momento
doloroso na vida do aluno hospitalizado.
14

A pesquisa foi realizada com uma pedagoga, pernambucana, que atua no Hospital
Universitário Júlio Melo Bandeira- HUJB-EBSERH localizado na cidade de Cajazeiras-PB. A
história da fundação do hospital teve início na década de 1970, quando o índice de
mortalidade infantil era elevado em todo estado Paraibano. Em 09 de outubro de 1977,
aconteceu a grande decisão, após, deram início a construção. Onde contaram com ajuda de
colaboradores da sociedade, e de órgãos municipais, estaduais e federais. A casa de saúde das
crianças sertanejas, foi inaugurada no dia 12 de novembro de 1978.
Por um longo período, o Hospital Infantil de Cajazeiras (HIC), como era denominado,
foi ligado à Associação de Proteção a Assistência a Maternidade e Infância de Cajazeiras
(APAMIC) que, por um tempo, também funcionava a maternidade. Em outubro de 2001,
houve uma intervenção da Prefeitura Municipal de Cajazeiras, onde transformou o HIC em
autarquia municipal, assim sendo, o hospital foi denominado Instituto Materno Infantil Dr.
Júlio Maria Bandeira de Mello (IJB), permanecendo até ser auferido pela Universidade
Federal de Campina Grande (UFCG) em julho de 2012.
A iniciativa de criação do HUJB nasceu sob necessidade de extensão das ações de
ensino na rede de saúde do alto sertão paraibano, sobretudo para os cursos alojados no
campus da UFCG em Cajazeiras. Os acordos entre a Prefeitura Municipal de Cajazeiras e a
UFCG para viabilizar a aprovação do hospital teve início em janeiro de 2011 e a concessão
aconteceu em 25 de novembro de 2011, por meio da Lei Municipal N°2.005/2011, sendo o
HUJB criado e recebido oficialmente pelo Conselho Curador da UFCG em 27 de julho de
2012.
No ano de 2013 o hospital foi reconhecido pelo Ministério da Educação como
Hospital Universitário Federal. Em 09 de dezembro de 2015 ocorreu a assinatura do contrato
da UFCG com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), desde então segue
com a implantação do modelo de gestão adotado pela Rede Ebserh.

4. A PEDAGOGIA HOSPITALAR EM DESTAQUE

Diante o atual cenário que vivenciamos do novo Coronavírus-COVID-19, a pesquisa


que seria feita de campo, no Hospital Universitário Júlio Melo Bandeira- HUJB, na cidade de
Cajazeiras-PB, foi mudado para uma outra metodologia, o questionário, contendo 08
perguntas, afim de colher dados a respeito da Pedagogia Hospitalar. Para possível realização
15

de conteúdo, contamos com a participação da Pedagoga Hospitalar do referido hospital, a qual


nomeamos de Carmélia.
Dentre diversas técnicas de coleta de dados, foi feito o uso do questionário, onde se
evidencia a coleta de forma mais detalhada. Segundo Gil (1999, p.128), o questionário pode
ser deliberado “como a técnica de investigação composta por um número mais ou menos
elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento
de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas etc. ”Desse
modo, baseados nas questões de cunho experiencial, o questionário é uma ferramenta que
melhor servirá afim de colher as informações da realidade. Todas as questões elaboradas, sob
uma mesma temática, a contribuição do pedagogo no âmbito hospitalar.
A Pedagogia Hospitalar, é um modo de ensino que vai além do ambiente escolar, cujo
objetivo é propiciar à criança a oportunidade de continuidade da aprendizagem durante seu
internamento, onde harmoniza a oportunidade de interação social, ora prejudicada devido
adoecimento, e também contribuir para amenizar a angústia, medo e ansiedade causados pelo
ambiente hospitalar. Onde esse espaço é pensado e planejado, a fim de garantir à criança um
ambiente que se aproxime o máximo possível de seu cotidiano, espaço esse que oferta a
criança atividades pedagógicas, lúdicas e recreativas sempre com ênfase no desenvolvimento
infantil na integração entre a criança, familiares e profissionais da equipe.
Dentre as perguntas que estavam no questionário, uma indagava sobre a importância
do pedagogo hospitalar na recuperação da criança hospitalizada. E ela enfatizou dizendo que:

O Pedagogo possui um papel relevante no ambiente hospitalar, uma vez ele é


responsável por ofertar à criança um ambiente lúdico capaz de despertar o
desejo de interagir e brincar e aprender. Esse profissional estimula internos a
desenvolverem sentimentos de gozo, alegria e bem-estar, contribuindo dessa
forma para uma melhoria em seu quadro clínico, haja vista que, crianças
alegres se recuperam rapidamente, diminuindo seu tempo de internamento.
(Carmélia,2020)

Para a pedagoga do HUJB, o Pedagogo deve ter amor por crianças e pelo
conhecimento, deve ser uma profissional que esteja sempre disposto a se reciclar e aprender
coisas novas todos os dias, que tenha sempre em mente que o conhecimento é capaz de mudar
qualquer realidade, que não se deixe abater pelas adversidades oriundas do ofício, que seja
uma pessoa criativa, determinada e que não tenha aversão ao ambiente hospitalar. A formação
necessária para o Pedagogo hospitalar é inicialmente, graduado em Pedagogia, e ter Pós-
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graduação em umas dessas três áreas: Pedagogia Hospitalar, Psicopedagogia ou Educação


Especial.
De acordo com Lopes (2010) em meio a as competências peculiares do pedagogo
hospitalar, é indispensável que ele tenha interesse para estar junto ao enfermo, acompanhando
em seu processo de perto, para que possa conhecer a realidade a qual a criança hospitalizada
se encontra, e propor atividades coesas que ele possa fazer, para que assim ela possa
desenvolver sua capacidade de aprendizagem.
Sobre as competências, que o pedagogo deve ter no ambiente hospitalar, a pedagoga
disse que:

Realizar acompanhamento pedagógico a pacientes internados, pacientes do


serviço de visão subnormal e baixa visão da área de oftalmologia, mantendo
interface com os serviços de psicologia, fonoaudiologia, terapia ocupacional,
fisioterapia, enfermagem e médico; Avaliar e coordenar a construção do
projeto pedagógico na assistência de pacientes; Atuar no desenvolvimento de
recursos humanos e desenvolver programas de capacitação para as diversas
áreas da Instituição; Elaborar e coordenar estudos, trabalhos, pesquisas e
planos atinentes à realidade educacional/instrucional; Realizar projeto
global, regional ou setorial na área de educação atinente à realidade da
Instituição; Implementar, Elaborar e executar plano de orientação para
acompanhantes e visitantes, participando de programas de educação de
pacientes e familiares.(Carmélia, 2020)

Para Gomes e Rubio (2012), o processo educacional operante na classe hospitalar, vai
além de amontoamentos de conteúdo, e objetiva principalmente o incremento de habilidades e
competências que oporem na formação do “ser”. É importante que o pedagogo promova ao
aluno paciente, a busca por conhecimentos, mesmos estando hospitalizados.
Para Wolf (2007) os comportamentos alinhados pelo pedagogo no âmbito hospitalar
ponderam de exercícios e projetos de crio pedagógico, que podem ocorrer nos leitos de
internação, nas alas de recreação, de maneira especial a crianças que precisam de estímulos
diferenciados, a classe hospitalar oferece a continuidade dos estudos da criança enferma.
Sobre os procedimentos de atendimentos que são oferecidos as crianças e adolescentes
hospitalizados no Hospital Universitário Júlio Melo Bandeira- HUJB. E a pedagoga hospitalar
da referida instituição disse que:
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Os procedimentos iniciam-se com anamnese onde ocorre o contato do


profissional com o paciente, o profissional se apresenta identificando-se
perante o paciente e seu acompanhante, seguido de explicação para o
paciente/familiar acerca do que se trata a anamnese Pedagógica. Nesse
primeiro momento a anamnese se dar por intermédio de entrevista
direcionada ao paciente (consciente e orientado) e ao acompanhante para
obtenção das informações inerentes a vida pessoal, emocional e escolar do
paciente interno. (Carmélia,2020)

Mediante as palavras da pedagoga, no HUJB, as informações colhidas, são registradas


em formulário e posteriormente passadas para um arquivo do computador, onde é possível
identificar o nome do paciente, diagnóstico, história da doença atual, vivência da internação e
de internações anteriores, uso de medicações, vocações/aptidões, rotina de vida diária no
ambiente hospitalar, áreas afetadas (lazer, atividades de vida diária, educação, brincar). É
relevante elencar a importância de se fazer uma boa anamnese Pedagógica leito do paciente,
haja vista que, a partir dela é possível elaborar um planejamento eficaz das etapas e atividades
que serão desenvolvidas posteriormente. Dessa forma, a efetuação dos registros das atividades
realizadas pelo Pedagogo no prontuário é de extrema importância por que, além de fazer parte
da rotina organizacional da Instituição, torna-se um elemento de fácil acesso para os demais
profissionais que quiserem obter alguma informação referente ao paciente dentro de outra
área de atuação, uma vez que, a Multidisciplinariedade é algo que faz parte da rotina do
hospital HUJB/UFCG – EBSERH, contribuindo dessa forma para os estudos de caso de cada
paciente. Nessa perspectiva, todos os demais profissionais da parte Assistencial do hospital
possuem essa rotina e compreendem perfeitamente a relevância dela para o desempenho de
um bom trabalho em equipe, além de respaldarem suas ações e condutas através dos referidos
registros.
O trabalho multidisciplinar, proporciona uma melhoramento e proveitos na cura, na
assistência aos pacientes que se encontram hospitalizados, pois a presença de diversos
profissionais da área da saúde, esse trabalho se expande, e torna-se necessário a presença e
integração entre esses profissionais, onde se deriva a essência de equipes interdisciplinares.
Conforme Vasconcelos (2002), “a equipe multidisciplinar aquela que conta com
diversos profissionais, o que não é característica específica dessa equipe, com a contrapartida
de que os mesmos trabalham isoladamente em suas disciplinas, sendo essa característica o que
a diferencia”. Aos que constituem uma equipe multidisciplinar, precisam elaborar e
18

desenvolver um trabalho onde todos contribuam para que suas atividades sejam efetivadas de
modo construtivo e expressivo para todos, tanta a equipe médica, quanto a equipe pedagógica.
Os demais procedimentos ocorrem por meio do acompanhamento aos pacientes e
familiares que culminará nas atividades que serão desenvolvidas ao longo do internamento do
usuário, tais atividades serão desempenhadas levando em consideração cada faixa etária,
escolarização da criança e do adolescente, bem como também suas limitações, sempre com o
objetivo de promover a interação social entre os pacientes internos, por meio da ludicidade
proporcionado momentos agradáveis, mas também de aprendizagem. Quanto a elaboração das
atividades, disse que:

São desenvolvidas durante o internamento são de cunho educativo a fim de,


contemplar os pacientes e familiares, e serão ofertadas em três espaços
distintos: enfermaria (a depender da situação clínica do paciente),
Brinquedoteca e sala de reunião (quando houver oficinas lúdicas). Essas
atividades são baseadas nas demandas pedagógicas apresentadas por cada
paciente e incluem: Atividades no Laptop (G Compris), Pinturas de desenhos
com lápis ou tinta guache, recortes de desenhos, Montagem de quebra
cabeças, Jogos de Damas, Jogos de Dominó, Leituras, Interpretação de
histórias infantis, oficinas (instrumentos musicais, pintura, confecção de
brinquedos, danças). São realizadas também pelo profissional Pedagogo
pequenas palestras com temas diversos direcionados aos acompanhantes que
contempla a realidade local situacional dos pacientes (Fases do
Desenvolvimento Infantil, Queimaduras, A exposição excessiva das crianças
às tecnologias, Cuidados com a saúde da criança durante o verão, Billings,
Acidentes Domésticos, entre outros). Além dos procedimentos acima
elencados, o profissional Pedagogo terá como atribuição encaminhar quando
necessário o paciente para demais profissionais atuantes nas áreas afins, seja
na rede ou fora dela, registrando sempre em folha de evolução contida no
prontuário do referido paciente, descrevendo os aspectos do atendimento, e a
necessidade de expedir tal encaminhamento.

A ação pedagógica se fundamenta como base ao tratamento, tanto da criança


hospitalizada, como a seus familiares, onde facilita a adaptação a realidade em qual os
sujeitos se encontram, e contribuem na exploração a busca de novos ensejos de modo
interativo e recreativa. No questionário também, propunha falar sobre a implementação da
classe hospitalar, quais são os benefícios propostos a criança, e quais atividades podem ser
propostas. Segundo MATOS e MUGIATTI (2007, pag. 20), a Pedagogia Hospitalar surge
como mais uma solução que colabora para recuperação do enfermo.
Com isso, a pedagoga hospitalar, disse que:
19

A classe hospitalar tem um papel fundamental para o desenvolvimento da


criança e de sua aprendizagem, uma vez que, a mesma encontra-se afastada
do seu convívio habitual. Através da classe hospitalar a criança tem a
oportunidade de dar continuidade aos seus estudos, ora interrompidos pela
hospitalização, tendo acesso aos conteúdos estudados em classe, dessa forma
não terá prejuízos, além disso, a classe hospitalar é capaz de estabelecer
equilíbrio emocional, haja vista que, através das atividades propostas a
criança se envolve e tira o foco de sua doença. (Carmélia, 2020)

Sob palavras da pedagoga, disse que infelizmente, no hospital em qual trabalha,


ainda não conta com a Classe hospitalar, relata que há projetos para implantação da mesma,
entretanto, enquanto isso não acontece, busca saber da criança e familiares em ano estar
matriculada na escola, e quais os conteúdos por ela estudados, para que então, possa formular
as atividades, contemplando dessa forma alguns conhecimentos já adquiridos pela criança em
sala de aula, dando continuidade à sua aprendizagem, e levando sempre em consideração sua
realidade, faixa etária e seu desenvolvimento cognitivo.
Diante dos relatos da pedagoga, ao decorrer das questões que foram a ela lançadas, foi
possível compreender um pouco sobre o seu olhar para as dificuldades encontradas no cenário
educativo hospitalar, onde relata dizendo que são:

Inúmeras são as dificuldades para atuação de nós profissionais Pedagogos no


ambiente hospitalar, destacarei algumas que acho serem mais gritantes: A
falta de conhecimento dos demais profissionais em relação a atuação do
Pedagogo no ambiente hospitalar, a falta de recursos materiais para atuação
do Pedagogo, resistência à mudanças na cultura organizacional da
instituição, entre outros. (Carmélia, 2020)

Mediante as palavras da profissional, é possível enxergar o quanto a classe


educacional no âmbito hospitalar, ainda se ver deslocada, pois é pouca a atenção que lhe é
ofertada, assim como materiais insuficientes para que possam desenvolver suas atividades. É
preciso que os demais profissionais da saúde e enfermagem, possam enxergar e entender a
importância do pedagogo na recuperação da criança que se encontra hospitalizada.
Para que o pedagogo possa desempenhar um bom trabalho, é necessário que ele
possua um bom relacionamento com sua equipe, com a família, e principalmente com a
criança enferma, pois ao contrário, pode prejudicar no desenvolvimento e recuperação da
criança. A família, pode ser considerada como o primeiro meio de socialização do indivíduo.
20

É onde deve encontrar cuidados e afeto, ela desempenha uma função primordial de cooperar
para a formação da identidade social. Com base nisso, Singly (2007, p. 43) assegura que “[...]
a família se define por sua função de apoio emocional garantido aos seus membros. Essa
concepção é coerente com a visão durkheimiana, segundo a qual a família moderna está
centrada nas relações”.
Mediante as palavras do autor, podemos retratar as palavras expressadas pela
pedagoga quando fala da importância do:

bom relacionamento do Pedagogo com a família da criança enferma é


fundamental para o seu desenvolvimento, uma vez que, a criança interna fica
muito receosa, apreensiva e amedrontada, pois, a terapêutica para sua cura
vem geralmente acompanhada por muitos procedimentos invasivos e
dolorosos, isso para a criança causa certos traumas, o que dificulta a
aproximação dela com os demais profissionais (médicos, enfermeiros,
técnicos de enfermagem, fisioterapeutas ...), entretanto, quando chega o
Pedagogo, com toda a sua alegria e descontração, àquela barreira de
distanciamento vai sendo quebrada, a criança passa a se alegrar, e a
desassociar a ideia de que, todo o profissional que lá chega é para lhe causar
dor, sendo assim, o Pedagogo constrói um elo muito forte com a criança
interna, que se consolida através das atividades lúdicas e pedagógicas, a
família por sua vez, contempla o atendimento e passa a confiar mais naquele
profissional, como nos demais. Então, ambas as concepções são modificadas
positivamente favorecendo o desenvolvimento da criança interna e
consequentemente contribuindo para sua recuperação. (Carmélia, 2020)

Na concepção de muitos, a família permanece sendo a base, e sustentação do


desenvolvimento do indivíduo. Com isso, o bom relacionamento do pedagogo hospitalar com
a família, é essencial para o desenvolvimento e recuperação da criança enferma. Enaltecidos
pelo excelente desempenho e esforço, podemos perceber que no Hospital Universitário Júlio
Melo Bandeira, propõe de uma pedagoga competente, e muito comprometida com seu
trabalho. Que conhece perfeitamente a área em qual atua, e faz com maestria o
desenvolvimento de seu trabalho no campo da Pedagogia Hospitalar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
21

Através desse artigo, buscamos retratar o contexto histórico da Pedagogia Hospitalar,


solidificando a importância desses profissionais no campo da saúde, e favorecendo no
desenvolvimento da criança hospitalizada, oferecendo a elas a oportunidade de dar
continuidade de seus estudos, mesmos estando em leitos de hospitais. Foi através da
pedagogia hospitalar, que crianças e pais puderam se reanimar, diante de um cenário de dor e
sofrimento. Enfim, buscamos através deste estudo que os esforços cultivados possam se
concretizar firmemente na sociedade, comtemplando a riqueza do pedagogo na vida e no
desenvolvimento da criança enferma, contribuindo de modo educacional e nos processos de
construção social.
Com a pesquisa, através do instrumento aplicado pudemos aprimorar os
conhecimentos em relação aos campos de atuação do pedagogo. Com este artigo,
contemplamos a busca em mostrar como a Pedagogia Hospitalar promove um elo importante
entre profissionais da saúde, pedagogo e família na recuperação da criança enferma, assim
como amenizar os traumas vivenciados em leitos de hospitais, e garantir o processo de ensino
aprendizagem dos mesmos.

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