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ASSOCIAÇÃO CULTURAL PISADA DO SERTÃO

FOMENTO- ITÁU SOCIAL

GUIA DE ORIENTAÇÃO PARA


SISTEMATIZAÇÃO E COLETA DE DADOS
Poço de José de Moura- PB

Julho de 2018

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO..............................................................................................
1. FUNDAMENTAÇÃO E METODOLOGIA DA PISADA DO
SERTÃO................................................................................................................
1.1. Metodologia de trabalho especifica que a organização desenvolveu
ao longo de sua existência...................................................................................
1.2. Metodologia adotada para o atual trabalho da Organização...............
1.3. Que resultados observáveis que o investimento proporcionará?
Apresente até 5 indicadores que utilizaria para medi-los....................................
2. PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO................................................................
1.1. Produzir x reproduzir conhecimentos...............................................
1.1 Por que produzir conhecimento¿.....................................................
1.2 Como saber que estou produzindo conhecimento¿........................
3. SISTEMATIZAÇÃO......................................................................................
3.1. O que é sistematização¿...............................................................
3.2. Por que sistematizar¿....................................................................
3.3. Como sistematizar¿.......................................................................
4. COLETA DE DADOS E SISTEMATIZAÇÃO DO PROCESSO....................
4.1. Setor Pedagógico...............................................................................
4.2. Setor Social........................................................................................
4.3. Setor Cultural.....................................................................................
4.4. Setor de Comunicação.......................................................................
5. COLETA DE DADOS E SISTEMATIZAÇÃO DO PROCESSO- SABERES
E FAZERES DA COMUNIDADE....................................................................
6. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES.....................................................................
7. REFERÊNCIAS
8. APENDICES
APRESENTAÇÃO

A Associação Cultural Pisada do Sertão - ACPS é uma organização da


sociedade civil, sem fins lucrativos, fundada em maio de 2007 formada por 30
jovens, que construíram sua identidade sociocultural nos pilares da educação
não formal e nas vivências comunitárias, aliadas ao envolvimento destes nos
espaços de discussão, elaboração e acompanhamento de ações integrantes do
sistema de garantia de direitos da criança e adolescente. Atua na zona urbana
e rural do município de Poço de José de Moura estado da Paraíba e na região
sertaneja nas áreas da cultura, educação, esporte educativo e assistência
social.
A Organização atua nas áreas de educação não formal; cultura e direitos
humanos. Essas áreas dialogam entre si de forma transversal, correspondendo
as vivencias e a valorização do contexto histórico e social dos sujeitos da ação,
visando à formação integral, o exercício da cidadania e o respeito às
diversidades. Como processo multidimensional as práticas da organização
também é orientada pelos princípios da emancipação e da autonomia, garantia
de direitos, apropriação dos saberes e fazeres do território, na qual configura-
se como processo de desenvolvimento e ampliação do olhar para a
transformação social.
Sob essa ótica de estreita relação com os processos de formação para a
cidadania, ressaltamos que é preciso reconhecer a capacidade do homem em
produzir conhecimento, e buscar desenvolver no próprio homem sua
capacidade de “aprender a aprender”, tornando-o centro do processo de
integralidade e de emancipação.
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) nº
9.394/96, no artigo 1º afirma que “A educação abrange todos os processos
formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no
trabalho, nas organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.”
Neste sentido, a Pisada do Sertão vem revelando e desenvolvendo habilidades
e multiplicando-as nos mais variados espaços da comunidade de forma a
integrar e articular os saberes e fazeres produzidos através de uma
metodologia dialógica de trabalho em rede, na qual se consolida através das
parcerias com o SGD, a escola, famílias e a comunidade.
Com a proposta de educação não-formal na perspectiva de educação
integral, a Pisada do Sertão oferta ações socioeducativas e culturais pautadas
numa metodologia dialógica, motivacional e de caráter afetivo, que busca
desenvolver as potencialidades dos sujeitos por meio de uma prática
fundamentada que reflita na construção de aprendizagens significativas e na
formação integral dos sujeitos, através de uma intencionalidade educativa que
perfaça todo o processo de desenvolvimento humano.
No que se refere a educação integral, dialogamos com o conceito
apresentado por Castro (2013), quando diz que:

A educação integral diz respeito à integralidade do sujeito,


ou seja, ela propõe trabalhar com o ser humano de forma
mais ampla. O conceito de educação integral vai além dos
aspectos da racionalidade ou cognição. Ele dá
importância também ao olhar, às artes, à estética, à
música, significa desenvolver as dimensões afetivas,
artísticas, espirituais, os valores, a saúde, o corpo. O
ponto principal que o envolve tem a ver com uma outra
lógica de aprendizagem. A gente não aprende só na
escola, adquirimos cada vez mais conhecimento durante
toda a vida. (CASTRO, 2013, s/p.).

Nesta concepção, a integralidade se constrói através das diferentes


linguagens, em diferentes tempos e espaços, proporcionando o
desenvolvimento nas dimensões afetiva, cognitiva, social, cultural entre outros.
Dessa forma, as atividades educativas oferecidas pela organização,
busca proporcionar a ampliação dos espaços, e das múltiplas oportunidades de
aprendizagem, com base na concepção de um desenvolvimento pleno do ser
humano. Assim, reconhecer e articular os diversos saberes dos sujeitos
atendidos, das famílias e da comunidade é o ponto de partida para se
consolidar uma metodologia de trabalho eficaz.
Dessa forma, torna-se necessário manter o equilíbrio entre a produção
desses conhecimentos e sua sistematização, visando promover a
disseminação dos saberes construído ao longo do processo formativo. A
disseminação dos saberes contribui para a construção de uma cultura de
aprendizagem que esteja alinhada aos fazeres da Organização.
Partindo desse pressuposto, o GUIA DE ORIENTAÇÃO PARA
SISTEMATIZAÇÃO E COLETA DE DADOS, é um documento construído pela
equipe da Organização sob a orientação e apoio da Fundação Itaú Social,
através do Programa Missão em FOCO com intuito de contribuir com o avanço
da missão da organização. No Guia, buscamos sistematizar todos os fazeres,
descrevendo a metodologia adotada para a produção e disseminação dos
saberes produzidos por cada setor da organização.
Inspirados pelas produções da Fundação Itaú Social, que tem
contribuído com a disseminação dos saberes e fazeres das organizações do
país, a Pisada do Sertão busca através desse Guia, registrar a nossa forma de
fazer, baseada nas nossas possibilidades, na nossa realidade e nas nossas
vivências. Esse documento representa a evolução e o resultado de um longo
processo de aprendizagem, marcado por lutas, erros, acertos, desafios e
conquistas de uma organização que mesmo pequena, em uma cidade pequena
realiza grandes sonhos, e junto destes, revelam o potencial humano que se
valorizado e lapidado é capaz de transformar sua vida e contribuir com a
construção de um mundo melhor.

Missão da organização
Promover o desenvolvimento integral de crianças, adolescentes e jovens
por meio da Cultura Sertaneja, contribuindo para a transformação social
do Sertão Paraibano.

FRENTE 2: PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO


OBJETIVO: CONSTRUIR UMA CULTURA DE APRENDIZAGEM PAUTADA
NA METODOLOGIA DA PISADA DO SERTÃO

1. FUNDAMENTAÇÃO E METODOLOGIA DA PISADA DO SERTÃO

A Pisada do Sertão por ser uma organização da Sociedade Civil, (OSC) atua
através de projetos sociais com finalidade pública. Dessa forma, também é
classificada como uma instituição do Terceiro Setor, uma vez que não possui
fins lucrativos. Embora as instituições do terceiro setor que atuam na garantia
de direitos não tenham uma definição curricular a ser seguida, a Pisada do
Sertão busca fundamentar sua prática a partir dos princípios de educação
integral, articulada ao Estatuto da Criança e do Adolescente- ECA, os Pilares
da Educação e Educação Popular.
No que tange a definição e ao conceito de educação integral, a
organização considera uma discussão muito ampla, assim, alinhamos os seus
princípios a proposta de atuação da organização. Sendo assim, concebemos
que, o conceito que define a educação integral na sua perspectiva
multidimensional, deve está pautado num contexto de relações. Para
Gonçalves (2006, p.3) a educação integral considera o sujeito em condição
multidimensional:

Não apenas na sua dimensão cognitiva, como também na


compreensão de um sujeito que é sujeito corpóreo tem
afetos e está inserido num contexto de relações. Isso vale
dizer a compreensão de um sujeito que deve ser
considerado em sua dimensão biopsicossocial.
Acrescentamos ainda, que o sujeito multidimensional é
um sujeito desejante, o que significa considerar que além
da satisfação de suas necessidades básicas, ele tem
demandas simbólicas, busca satisfação nas suas diversas
formulações de realização tanto nas atividades de criação
quanto na obtenção de prazer nas mais variadas formas.

Dessa forma, a educação integral constitui-se um processo dinâmico,


com possibilidade de aperfeiçoamento crescente e contínua, onde a Pisada do
Sertão é considerada um Eixo Articulador do processo de ensino-
aprendizagem, no que se refere ao desenvolvimento de um trabalho a partir da
inserção de novas formas de fazer, através de práticas inovadoras que busque
reconhecer o sujeito em sua totalidade e assim promover seu desenvolvimento
integral.
Na constituição Federal do Brasil de 1988, no artigo 205, traz que:

A educação, direito de todos e dever do Estado e da


família, será promovida e incentivada com a colaboração
da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1988)

Na Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990, o ECA dispõe no seu Art. 1º a


proteção integral à criança e ao adolescente, o que representa a luta pela
promoção dos direitos das crianças e adolescentes atendidos pela organização
e a fundamentação de uma proposta de formação integral. No seu artigo 53 do
aborda sobre o desenvolvimento da integralidade, onde a criança e o
adolescente têm direito à educação, visando o pleno desenvolvimento de sua
pessoa, o preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho
[...] (BRASIL, 1990).
Desdobrando essas premissas, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDBEN) nº 9.394/96, também chamada de Lei Darcy Ribeiro, prevê a
ampliação progressiva da jornada escolar do ensino fundamental para o regime
de tempo integral (Arts. 34 e 87). E ainda afirma que a educação abrange todos
os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência
humana, no trabalho, nas organizações da sociedade civil e nas manifestações
culturais (Art. 1º), ampliando os espaços e práticas educativas vigentes
(BRASIL, 2009).
No seu Artigo 2º afirma que, a educação tem como finalidade o pleno
desenvolvimento do educando e prepará-lo para exercitar sua cidadania, o que
também prevê uma educação que dialogue com os diversos setores da
sociedade. O Artigo 12º aponta como dever dos estabelecimentos de ensino ter
incumbência a articulação com famílias e comunidade, a fim de criar processos
de integração da sociedade com a escola.
Nessa perspectiva, amparados e fundamentados pela Lei dialogamos
com os conceitos de Educação Integral, compreendendo esta para além da
ampliação da jornada escolar, considerando que a formação do cidadão não
acontece apenas nos espaços educação formal, mas também nos diferentes
espaços da vida familiar e comunitária, na qual se complementam e contribuem
para a formação do ser em suas diferentes dimensões.
Jacques Delors (2010) no Relatório para a Unesco da Comissão
Internacional sobre Educação para o Século XXI, no livro Educação: um
tesouro a descobrir, apresenta que a educação baseia-se em quatro pilares:
aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser.
Para Delors (2010), a prática pedagógica deve preocupar-se em
desenvolver as quatro aprendizagens fundamentais citadas, que para ele,
serão para cada indivíduo os pilares do conhecimento. Esses quatro Pilares
não podem, no entanto, dissociar-se por estarem relacionadas e por depender
um do outro para se fortalecer. Dessa forma, o autor apresenta as
características de cada Pilar, de forma a se complementarem.
Para aprender a aprender, é necessário tornar prazeroso o ato de
compreender, descobrir, construir e reconstruir o conhecimento para que não
seja efêmero, para que se mantenha ao longo do tempo e para que valorize a
curiosidade, a autonomia e a atenção permanentemente, pensar o novo,
reconstruir o velho e reinventar o pensar.
No Aprender a fazer, não basta preparar-se com cuidados para inserir-
se no setor do trabalho. A rápida evolução por que passam as profissões pede
que o indivíduo esteja apto a enfrentar novas situações de emprego e a
trabalhar em equipe, desenvolvendo espírito cooperativo e de humildade na
reelaboração conceitual e nas trocas, valores necessários ao trabalho coletivo.
Ter iniciativa e intuição, gostar de uma certa dose de risco, saber comunicar-se
e resolver conflitos e ser flexível. Aprender a fazer envolve uma série de
técnicas a serem trabalhadas.
Para aprender a conviver no mundo atual, este é um importantíssimo
aprendizado por ser valorizado quem aprende a viver com os outros, a
compreendê-los, a desenvolver a percepção de interdependência, a administrar
conflitos, a participar de projetos comuns, a ter prazer no esforço comum.
E no aprender a ser, o importante é desenvolver a sensibilidade, sentido
ético e estético, responsabilidade pessoal, pensamento autônomo e crítico,
imaginação, criatividade, iniciativa e crescimento integral da pessoa em relação
à inteligência.
Concordamos com Delors ao afirmar que a aprendizagem precisa ser
integral, e o processo de ensino-aprendizagem voltado apenas para a
“reprodução” de conhecimento, para a Organização tem sido objeto de
preocupação constantes discussões. Essas preocupações enquanto a
produção de conhecimento numa perspectiva integral, tem nos motivado a
buscar construir uma cultura de aprendizagem na qual possamos sistematizar
a metodologia da organização.
Considerado também, Paulo Freire,  como um dos pais da “Pedagogia
Crítica”, corrente pedagógica que alia os pressupostos e práticas do
Materialismo Dialético a várias outras correntes filosóficas, como a
psicogênese da linguagem. É relevante registrar aqui, que ele conseguiu, em
1963, em apenas 45 dias, alfabetizar 300 alunos adultos do Rio Grande do
Norte e que esta experiência foi replicada algumas vezes,  consolidando o
“Método Paulo Freire”, adotado primeiramente em Pernambuco e depois em
vários estados brasileiros durante a época de nacionalismo desenvolvimentista,
no governo de João Goulart.
Com esse método, Freire apresentou suas contribuições para a
educação integral através da Educação Popular, e nos mostra o quanto de
conhecimento pode ser produzido a partir das diversas relações com os
contextos dos sujeitos. É nesta perspectiva, que surge a metodologia da
Pisada do Sertão, a partir das relações com as vivenciais em pequenos e
grandes grupos, as experiências do cotidiano oriundas da família, escola, igreja
e da comunidade, considerando seus diferentes contextos para a construção
de princípios e valores que conduzem a vida social dos seres humanos.
Portanto, no contexto de projetos sociais, a educação integral ganha
espaço pelo movimento de conquistas pelos direitos de crianças, adolescentes
e jovens a terem acesso a múltiplas aprendizagens, para além da ampliação do
tempo escolar e nas vivências no campo da arte, cultura, esporte, cidadania, e
tecnologia. Dessa forma, quanto maior for o acesso a bens culturalmente e
socialmente construídos, maiores serão as possibilidades de construir uma
metodologia que busque desenvolver a formação integral do sujeito. É dessa
forma que, a partir dos princípios epistemológicos e fenomenológicos
apresentadas pela educação integral e pela busca do desenvolvimento
multidimensional do sujeito, é que a Pisada do Sertão fundamenta sua prática e
constrói uma metodologia aplicável que possa conduzir o trabalho da equipe de
forma articulada, favorecendo uma prática inovadora, criativa e a cima de tudo
real, que dê subsídios para contribuir com o desenvolvimento integral.
1.1 Metodologia de trabalho especifica que a organização desenvolveu ao
longo de sua existência.

Ao longo de sua trajetória na construção de saberes, a Pisada do Sertão


buscou sempre aproximar às aprendizagens a realidade e ao contexto dos
sujeitos da ação de forma a construir sentido em cada atividade desenvolvida.
Nesse processo, a OSC busca o desenvolvimento do voluntariado, a formação
e a construção incessante de uma cultura de aprendizagem dos profissionais
envolvidos, que revelam o sucesso do trabalho pela qualidade, inovação,
responsabilidade social, proatividade, autonomia e ética no que se faz. A
organização vem revelando e desenvolvendo habilidades e multiplicando-as
nos mais variados espaços do território de forma a integrar e articular os
saberes e fazeres produzidos através de uma metodologia dialógica de
trabalho em rede. Com a proposta de educação não-formal na perspectiva de
educação integral, a OSC na oferta de ações socioeducativas e culturais parte
dos fundamentos da educação popular, na valorização dos saberes através do
processo de socialização, troca e construção de saberes, buscando a
transformação social. A metodologia dialogia, motivacional e de afetividade
busca desenvolver as potencialidades dos sujeitos tendo como referência os
Pilares da Educação: aprender a Ser, a Conhecer, a Conviver e a fazer. Essas
aprendizagens são articuladas a partir do trabalho em parceria com educação
formal e informal, de forma a promover uma formação integral com
intencionalidade educativa perfazendo todo o processo de desenvolvimento
humano.
1.2 Metodologia adotada para o atual trabalho da Organização

Atualmente na Pisada do Sertão, a metodologia vem sendo construída


sob o olhar da equipe que considera a aprendizagem uma construção
constante. A partir das experiências vivenciadas durante a execução dos
projetos, aliadas as experiências do cotidiano de outros espaços, à formação
pessoal, profissional de cada colaborador, aos desafios encontrados para
concretização da proposta, aos resultados, descobertas e possibilidades,
buscamos encontrar a essência de um trabalho articulado que revelasse o que
fazer, para quem fazer e como fazer.
A proposta de construir uma metodologia pautada nos princípios da
organização partiu da necessidade de atuar a partir do que os sujeitos querem
e precisam aprender. Sendo assim, os conteúdos a serem trabalhados
deveriam ser organizados por faixa etária de forma transversal atendendo aos
fundamentos dos quatro pilares da educação e dos princípios de educação
integral.
Dessa forma, o processo de construção da metodologia partiu de duas
etapas.
Primeira etapa definição das aprendizagens que se espera que seja
desenvolvida em cada pilar da educação. As aprendizagens foram definidas
pelos educandos, famílias, educadores e parceiros, e sua sistematização
produziu uma matriz de avaliação da aprendizagem que viabilizou a
organização curricular dos educadores e a elaboração do sistema de avaliação
da aprendizagem, considerado uma inovação do campo da avaliação.
Segunda etapa inspirados na metodologia da Mandala dos Saberes,
que busca contribuir com a ampliação do diálogo visando qualificar as práticas
educacionais por meio da articulação e integração dos saberes, a metodologia
foi construída a partir do diálogo entre famílias, educadores, educandos e
parceiros, baseados na matriz de avaliação da aprendizagem tendo como
premissas os quatro pilares da educação.
Para cada categoria era construída uma mandala seguindo a seguinte
ordem:
 Centro do Processo ( PARA QUEM);
 Desafios, dificuldades e fragilidades ( POR QUE);
 Proposta de Intervenção (COMO FAZER);
 Aprendizagens a serem construídas (PARA QUE).

As informações apresentadas foram transformadas em uma nova


metodologia de intervenção articulada que buscou por meio do diálogo
colaborativo, atender as reais necessidades de aprendizagens dos educandos,
na qual os participantes do processo definem as estratégias a serem aplicadas.
Destacamos também, alguns procedimentos definidos pelos grupos
trabalhados que sugeriram uma forma diferente de vivenciar os conteúdos
durante as atividades.

O QUE TRABALHAR NAS OFICINAS:

 Cultura;
 Práxis;
 Diversidades;
 Equidade;
 Inclusão;
 Participação;
 Curiosidade;
 Protagonismo;
 Interação;
 Diálogo;
 Incentivo à escola;
 Intencionalidade educativa;
 Educação;
 Empatia.
 Saberes;
 Gênero;
 Contexto familiar;
 Identidade;
 Território;
 Diversidade cultural;
 Cultura Popular.
COMO ACOLHER A EQUIPE E OS EDUCANDOS:

 Dinâmica;
 Texto reflexivo;
 Música.

ORGANIZAÇÃO DA ROTINA:

 Inicio (acolhida, conversa informal, combinados, momento motivacional);


 Desenvolvimento da atividade (Conforme os conteúdos);
 Finalização da aula (avaliação da aula em todos seus aspectos,
expectativas e combinados).

O QUE NÃO ABRIR MÃO:

 Comprometimento, inclusão, família e acompanhamento escolar.

COMO DEFINIR O SUJEITO:

 Carente;
 Tem habilidades para fazer mas precisa de oportunidade e estímulo;
 Sujeito Vulnerável;
 Participativos;
 Não reconhece o potencial;
 Sede de conhecimento;
 Capaz de ir além.

COMO ELES APRENDEM:

 Diálogo;
 Pesquisa;
 Cooperação;
 Curiosidade;
 Participação;
 Vivências.
QUAIS RECURSOS, FERRAMENTAS OU ESTRATÉGIAS QUE FAVORECE
O APRENDIZADO:

 TICs;
 Rodas de conversa;
 Livros;
 Campanhas;
 Eventos;
 Atividades intinerantes;
 Combinados;
 Jogos cooperativos;
 Tecnologia Social;
 Pesquisas de campo;
 Troca de experiência;
 Vivências práticas;
 Ensinando.

ASPECTOS DA METODOLOGIA:

 Habilidades;
 Competências;
 Valores;
 Cooperação;
 Liderança;
 Protagonismo.

PRINCIPIOS DA METODOLOGIA:

 O educando como o centro do processo;


 Aprendizagem construída coletivamente;
 Valorização dos saberes e fazeres do território.
Com a definição de uma metodologia de trabalho, foi possível o
alinhamento do currículo da organização e do saber-fazer nas práticas
pedagógicas. O desafio agora será sistematizar a produção de conhecimento
por setor da organização e do território, para que essa metodologia possa ser
ampliada de forma multidimensional e os seus impactos possam refletir da
disseminação e apropriação dessa forma de fazer e outros espaços de
educação formal ou não formal.

1.3 Que resultados observáveis o investimento proporcionará? Apresente até 5


indicadores que utilizaria para medi-los

O recurso proporcionará resultados relevantes para o avanço da OSC.


Destaca-se a melhoria na prática metodológica pautada nas práticas
pedagógicas das atividades socioeducativas; Assertividade na comunicação
em divulgação de informações de forma educativa, acessível com foco na
responsabilidade social; A articulação intersetorial entre municípios sertanejos
que proporcionará o fortalecimento da rede, ampliação e inserção da proposta
na educação integral; A melhoria no processo de monitoramento e avaliação
das ações, através da sistematização dos resultados, e a implantação de
instrumentos assertivos para o acompanhamento dos resultados de todas as
ações desenvolvidas.

 A fim de medir os resultados, a organização adotará indicadores que


possam contribuir o avanço dos resultados. Os indicadores serão:
 Proposta pedagógica articulada;
 Ações conjuntas realizada em rede;
 Eficácia na comunicação, aumento das interações comunicativas com o
território
 Sistematização continua dos resultados.

Os resultados bem como os indicadores definidos, é uma forma de


acompanhar o processo de melhoria nas práticas na Pisada, visando alcançar
o objetivo de construir uma cultura de aprendizagem pautada na metodologia
da Pisada do Sertão.
2. PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO

Todo conhecimento se desenvolve socialmente. Se quisermos conhecer


e compreender as pessoas, seus saberes e seus fazeres, precisamos
compreender em que contexto elas viveram. Precisamos também entender
como os membros dessas sociedades se organizaram para suprir suas
necessidades, relacionar-se e discutir as questões que envolvem as relações
sociais, as normas, os valores, os costumes, as tradições e a religiosidade.

2.1. Produzir x reproduzir conhecimentos

2.2. Por que produzir conhecimento¿


A produção social do conhecimento se dá através das
relações de troca entre indivíduos, o conhecimento que é
adquirido pela troca de conhecimentos com o outro de forma a
complementar e somar.

2.3. Como saber que estou produzindo conhecimento¿


3. SISTEMATIZAÇÃO

A sistematização é o estabelecimento de um sistema ou ordem que tem


como objetivo obter os melhores resultados possíveis de acordo com o fim que
se tem para atingir. A sistematização não é mais do que a formação de um
sistema, de uma organização específica de certos elementos ou partes de algo.
Já que um sistema é um conjunto de regras, métodos ou dados sobre um
assunto que se encontra organizado e classificado. Para realizar um processo
de sistematização significa justamente estabelecer uma ordem ou
classificação.

3.1. O que é sistematização¿


Para Santos (2000) “a sistematização, entre tantas definições, é uma
postura metodológica que contribui significados às caminhadas”.

3.2. Por que sistematizar¿


“A atividade sistematizadora possibilita, assim, aos su- jeitos de uma
ação social e/ou coletiva se apropriarem de sua própria experiência pela
construção do sentido de sua vivência nos programas, que poderá ser
ampliada para a existência histórica” Souza (1997)
“A sistematização, como uma atividade de produção de saberes que
permite os sujeitos se apropriarem de sua experiência, começou entre
os intelectuais da Educação Popular na Améri- ca Latina, na década de
70. Ela tem origem na capacidade sistematizadora do ser humano, que
também lhe permite realizar pesquisas e avaliações, ordenar idéias e
fatos, bem como escrever poesias, contos e romances e, ainda, construir
viadutos e instrumentos de telecomunicações. Atualmente, a
sistematização ganha relevo em todo e qualquer trabalho de promoção
soci- al, de educação e de desenvolvimento. Ela mantém relações com a
pesquisa e a avaliação, mas não pode ser reduzida a qualquer dessas
atividades. A atividade intelectual intencionalmente realizada pelos
participantes de uma determinada experiência está se configurando e
ganhando uma identidade própria, no interior da capacidade
sistematizadora do ser humano, como uma atividade que permite a
construção do sentido da ação humana e a sua reorientação. A
sistematização não se reduz ao nível especificamente cognitivo e vai
além da identificação de resultados econômicos e políticos, da utilidade
ou não de uma ação humana. Ela contém um aspecto cognitivo, pois
produz idéias e noções, mas se propõe a ir além, ao querer descobrir e
formular o sentido que uma determina- da experiência está adquirindo
para os sujeitos e pelos próprios sujeitos.

3.3. Como sistematizar¿

Refletir sobre as experiências. Qualificar nossa prática. Juntar. Organizar.


Atribuir significados. Compartilhar experiências
se a sistematização se faz para aprendermos com nossas experiências e para
melhorá- las, significa que o processo pressupõe mudanças. Mudanças que
vão implicar gan- hos que, necessariamente, pressupõem perdas; as perdas
que, das escolhas, decor- rem. Portanto, fazer sistematização é colocar-se em
situação de aprendizagem fren- te a esse fazer; é predispor-se a circular,
conscientemente e inconscientemente, en- tre os limites do novo e do já vivido.
4. COLETA DE DADOS E SISTEMATIZAÇÃO DO PROCESSO
PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO NA PISADA DO SERTÃO

ORGANIZAÇÃO DO SETOR:

4.1 . SETOR PEDAGÓGICO


4.1.1 EDUCADORES
O QUE FAZ COMO FAZ COM QUEM QUAL SEU QUE
FAZ DIFERENCIAL RESULTADOS
APRESENTAM

4.1.2 EDUCANDOS
O QUE FAZ COMO FAZ COM QUEM QUAL SEU QUE
FAZ DIFERENCIAL RESULTADOS
APRESENTAM

4.1.3 ESCOLAS
O QUE FAZ COMO FAZ COM QUEM QUAL SEU QUE
FAZ DIFERENCIAL RESULTADOS
APRESENTAM

DIANTE DOS FAZERES DO SETOR, APRESENTE O QUE ESTE PRODUZ


DE CONHECIMENTO CAPAZ DE SER DISSEMINADO.
COLETA DE DADOS E SISTEMATIZAÇÃO DO PROCESSO
PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO NA PISADA DO SERTÃO

ORGANIZAÇÃO DO SETOR:

4.2 .SETOR SOCIAL


4.2.1 FAMÍLIAS
O QUE FAZ COMO FAZ COM QUEM QUAL SEU QUE
FAZ DIFERENCIAL RESULTADOS
APRESENTAM

4.2.2 EDUCANDOS
O QUE FAZ COMO FAZ COM QUEM QUAL SEU QUE
FAZ DIFERENCIAL RESULTADOS
APRESENTAM

4.2.3 PARCEIROS
O QUE FAZ COMO FAZ COM QUEM QUAL SEU QUE
FAZ DIFERENCIAL RESULTADOS
APRESENTAM

DIANTE DOS FAZERES DO SETOR, APRESENTE O QUE ESTE PRODUZ


DE CONHECIMENTO CAPAZ DE SER DISSEMINADO.
COLETA DE DADOS E SISTEMATIZAÇÃO DO PROCESSO
PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO NA PISADA DO SERTÃO

ORGANIZAÇÃO DO SETOR:

4.3 SETOR CULTURAL


4.3.1 GRUPOS ARTÍSTSICOS
O QUE FAZ COMO FAZ COM QUEM QUAL SEU QUE
FAZ DIFERENCIAL RESULTADOS
APRESENTAM

4.3.2 EVENTOS
O QUE FAZ COMO FAZ COM QUEM QUAL SEU QUE
FAZ DIFERENCIAL RESULTADOS
APRESENTAM

4.3.3 OUTROS
O QUE FAZ COMO FAZ COM QUEM QUAL SEU QUE
FAZ DIFERENCIAL RESULTADOS
APRESENTAM

DIANTE DOS FAZERES DO SETOR, APRESENTE O QUE ESTE PRODUZ


DE CONHECIMENTO CAPAZ DE SER DISSEMINADO.
COLETA DE DADOS E SISTEMATIZAÇÃO DO PROCESSO
PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO NA PISADA DO SERTÃO

ORGANIZAÇÃO DO SETOR:

4.4. SETOR DE COMUNICAÇÃO


4.4.1 EQUIPE TÉCNICA
O QUE FAZ COMO FAZ COM QUEM QUAL SEU QUE
FAZ DIFERENCIAL RESULTADOS
APRESENTAM

4.4.2 EDUCADORES
O QUE FAZ COMO FAZ COM QUEM QUAL SEU QUE
FAZ DIFERENCIAL RESULTADOS
APRESENTAM

4.4.3EDUCANDOS
O QUE FAZ COMO FAZ COM QUEM QUAL SEU QUE
FAZ DIFERENCIAL RESULTADOS
APRESENTAM

DIANTE DOS FAZERES DO SETOR, APRESENTE O QUE ESTE PRODUZ


DE CONHECIMENTO CAPAZ DE SER DISSEMINADO.
5. COLETA DE DADOS E SISTEMATIZAÇÃO DO PROCESSO
SABERES E FAZERES DA COMUNIDADE

5.1. CULTURA
O QUE FAZ COMO FAZ COM QUEM COMO A QUE
FAZ ORGANIZAÇÃO RESULTADOS
SE APROPRIA APRESENTAM
DESSE SABER\
FAZER

5.2 EDUCAÇÃO
O QUE FAZ COMO FAZ COM QUEM COMO A QUE
FAZ ORGANIZAÇÃO RESULTADOS
SE APROPRIA APRESENTAM
DESSE SABER\
FAZER

5.3 GARANTIA DE DIREITOS


O QUE FAZ COMO FAZ COM QUEM COMO A QUE
FAZ ORGANIZAÇÃO RESULTADOS
SE APROPRIA APRESENTAM
DESSE SABER\
FAZER

DIANTE DOS FAZERES DO SETOR, APRESENTE O QUE ESTE PRODUZ


DE CONHECIMENTO CAPAZ DE SER DISSEMINADO.
6. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

para As ações desenvolvidas pelos projetos, buscam monitorar por


todos os atores que compõe o território educativo, como forma de apropriar-se
da proposta e definir corresponsabilidades entre todos. A avaliação parte dos
resultados que se pretende alcançar com a execução do projeto, bem como a
participação dos evolvidos, os procedimentos aplicados e os impactos
evidenciados a partir da proposta. No contexto escolar, a avaliação pauta-se
em gestão, no que se refere à nova constituição da Grade Curricular das
Escolas do Campo e da elaboração da Proposta Pedagógica fundamentada
nos princípios da Educação Integral; com professores na ressignificação do seu
fazer pedagógico e na inserção de novas ferramentas metodológicas aplicadas
de forma interdisciplinar, visando qualificar o processo de ensino-
aprendizagem; e com os educandos no que diz respeito à sua formação
integral, na autoestima, na participação de atividades culturais que contribua
para a ampliação do seu universo informacional. Durante a realização de
encontros formativos com professores, parceiros, famílias e líderes
comunitários, serão apresentadas os resultados do projeto em caráter
qualitativo e quantitativo, favorecendo uma aprendizagem dialógica a partir
socialização das vivências, contribuindo para o fortalecimento do território
educativo na perspectiva de educação integral.
REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: nº 9.394/96. Brasília,


1996.

CASTRO, Ana Emília. A educação integral deixa a escola mais humana.


Porvir, São Paulo, 21 de agosto de 2013. Entrevista concedida a Davi Lira.
Disponível em: http://porvir.org/a-educacao-integral-deixa-escola-mais-
humana/. Acesso em: 05 de Abril de 2018.

CENTRO DE REFERÊNCIAS EM EDUCAÇÃO INTEGRAL. Conceitos,


princípios e estratégias estruturantes - caderno 1. Disponível em:
<http://educacaointegral.org.br/na-pratica/wp-content/uploads/2017/08/caderno-
1_conceitos-principios-e-estrategias-estruturantes_na-pratica-1.pdf>. Acesso
em: 07 de Abril de 2018.

DELORS, J. Educação: um tesouro a descobrir. Unesco, 2010. Disponível


em http://unesdoc.unesco.org/images/0010/001095/109590por.pdf. Acesso em
09 de Agosto de 2016.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática


educativa. 7ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

FUNDAÇÃO ITAU SOCIAL- CENPEC. Tendências para Educação Integral.


São Paulo, 2011.

PRÊMIO ITAÚ-UNICEF. Relato da Assessoria 2014. São Paulo: Cenpec,


2014.

SOUZA, João Francisco. “Sistematização da experiência por seus próprios


sujeitos”. In Tópicos Educacionais. Recife-PE: UFPE, Centro de Educação,
Vol. 15, Nº1/3, 1997.

TERCEIRO SETOR: a sociedade por ela própria. Revista Brasileira de


Administração. Ano XII, n. 38. set. 2002. p. 30-36.
APENDICE

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