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desenvolver-praticas-de-linguagem

Publicado em NOVA ESCOLA 09 de Dezembro | 2019

Blog de Alfabetização

BNCC da Educação Infantil: como


desenvolver práticas de
linguagem
Veja três exemplos de atividades de leitura e oralidade para garantir os
direitos de aprendizagem das crianças
Mara Mansani

Todas as atividades de leitura exigem planejamento e intencionalidade. Imagem: Getty


Images/José Luis Pelaez Inc

Você já está por dentro da BNCC ? Sabe o que está proposto para a Educação Infantil? Se ainda não
estudou, te convido a conhecer algumas práticas que as escolas e redes podem fazer para garantir os
direitos de aprendizagens e um bom desenvolvimento dos nossos pequenos na Educação Infantil. Mas
não deixe de estudar o documento na íntegra e verificar as transformações no currículo de sua rede
com base no que propõe e orienta a BNCC. Não deixe de ver também todo o material produzido pela
Nova Escola sobre a nossa primeira Base Nacional para facilitar seu entendimento e apoiar sua
implementação em sala de aula.

Na Educação Infantil, a BNCC traz os direitos de aprendizagem e desenvolvimento. Com


compromisso e ações podemos garantir e criar situações de aprendizagem para que esses direitos
aconteçam. Primeiro, veja quais são os seis direitos:

Conviver com outras crianças e adultos, em pequenos e grandes grupos, utilizando diferentes
linguagens, ampliando o conhecimento de si e do outro, o respeito em relação à cultura e às diferenças
entre as pessoas.

Brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros
(crianças e adultos), ampliando e diversificando seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos,
sua imaginação, sua criatividade, suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas,
cognitivas, sociais e relacionais.

Participar ativamente, com adultos e outras crianças, tanto do planejamento da gestão da escola e das
atividades propostas pelo educador quanto da realização das atividades da vida cotidiana, tais como a
escolha das brincadeiras, dos materiais e dos ambientes, desenvolvendo diferentes linguagens e
elaborando conhecimentos, decidindo e se posicionando.

Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras, emoções, transformações,
relacionamentos, histórias, objetos, elementos da natureza, na escola e fora dela, ampliando seus
saberes sobre a cultura, em suas diversas modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia.

Expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas necessidades, emoções, sentimentos,
dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões e questionamentos, por meio de diferentes linguagens.

Conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e cultural, constituindo uma imagem positiva de
si e de seus grupos de pertencimento, nas diversas experiências de cuidados, interações, brincadeiras e
linguagens vivenciadas na instituição escolar e em seu contexto familiar e comunitário.

Para que você compreenda melhor esses direitos de aprendizagem, escolhi três práticas de linguagem
na Educação Infantil que estão totalmente alinhadas à BNCC.

São três experiências educativas, que têm em comum práticas de leitura e oralidade, uma desenvolvida
em uma turma do maternal; outra com crianças de uma creche e, por fim, uma experiência
envolvendo todas as unidades escolares de educação infantil de uma rede de ensino.

Tenho percebido ultimamente esse movimento Brasil afora, em que redes de ensino público propõem
ações de maior porte envolvendo escolas, professores, crianças e famílias da região, visando o bom
desenvolvimento e aprendizagem de todos. Que esse movimento se espalhe, ganhe maior proporção -
para que atenda as necessidades de aprendizagem de todos - e se consolide como uma ação contínua.
Assim, as redes de ensino realmente irão assumir seu papel mais importante, que é de fomentar,
promover e construir uma educação pública de qualidade para todos.

Escolhi essas práticas, com três diferentes dimensões, para mostrar a vocês, queridos professoras e
professores, que podemos fazer a diferença na educação, seja em sala, seja na escola como um todo,
seja em rede ou em uma conexão coletiva mais ampla. Para que isso aconteça, são necessários
planejamento, intencionalidade na aprendizagem e uma boa dose de vontade.

Vamos às práticas!

Na sala de aula, em Votorantim, interior do estado de São Paulo, na CMEI Carmela Guariglia Ramos, a
professora Vanessa Angélica Franco Ferreira desenvolveu com seus pequenos do Maternal ll, uma
atividade envolvendo oralidade e leitura de texto de memória, parlenda. Ela trabalhou a leitura com
apoio de imagens.

Veja o vídeo, que faz parte da rotina da turminha em sala de aula, e perceba a interação da professora
com as crianças.

Vídeo: https://player.vimeo.com/video/377805674

Uma prática aparentemente simples, mas que envolve diversos saberes e que pode contribuir no
desenvolvimento de vários objetivos de aprendizagem do campo de experiências “Escuta, Fala,
Pensamento e Imaginação:
(EI01EF02) Demonstrar interesse ao ouvir a leitura de poemas e a apresentação de músicas.

(EI02EF02) Identificar e criar diferentes sons e reconhecer rimas e aliterações em cantigas de roda e
textos poéticos.

(EI02EF08) Manipular textos e participar de situações de escuta para ampliar seu contato com
diferentes gêneros textuais (parlendas, histórias de aventura, tirinhas, cartazes de sala, cardápios,
notícias etc.).

O ideal é planejar para sua turma práticas com essa pelo menos três vezes na semana, intercalando
com outras atividades de leitura.

Já na Creche municipal Irmã Maria das Dores, em Salto de Pirapora, também no interior do Estado de
São Paulo, a prática que compartilho com vocês é a de contação de histórias. Os pequenos esperam
empolgados pelo momento em que as histórias de livros de literatura infantil criam vida, saem das
páginas dos livros e entram dentro do imaginário infantil. A diretora Katherine Pecora destaca que a
atividade faz parte da rotina proposta pelas educadoras da creche e, às vezes, é desenvolvida também
com a participação de outros educadores da rede. Compartilho aqui imagens da contação da história
do livro de Tatiana Belinky O grande rabanete, com a participação das professoras Bia e Karina.

Contação de histórias é uma opção para trabalhar o campo de experiência Fala, escuta,
pensamento e imaginação. Imagem: Acervo da Creche Irmã Maria das Dores

Elas usaram um figurino colorido e criativo, além de objetos e acessórios. As crianças ficaram de olhos
vidrados e ouvidos atentos. Leitura para se divertir, para encantar, para aprender e se desenvolver
saudavelmente.

A prática com uma dimensão mais ampla também é de Salto de Pirapora. O imenso e incrível
“Piquenique Literário” foi uma proposta da rede municipal de Educação, em parceria com o Instituto
Votorantim, e que envolveu a participação de dez creches e quatro pré-escolas. Estavam presentes
gestores, professores, crianças e suas famílias. Segundo a Supervisora de Ensino Sarita Burgudgi, a
ação teve como objetivo desenvolver desde cedo o comportamento leitor. Mais de mil crianças foram
atendidas!

A atividade foi realizada em um sábado do mês de novembro. Na parte da manhã, ocorreu o


Piquenique e, à tarde, todos participaram de uma Feira Literária, na qual creches e escolas de
Fundamental I apresentaram seus projetos de leitura e literatura para todos os presentes.
Em Salto de Pirapora, Piquenique Literário reuniu gestores, professores, alunos e famílias
para participar de práticas de leitura. Crédito: Clarissa Magalhães Costa

Como disse um pai participante:

“Isto nunca mais pode deixar de acontecer! Agora a gente já sabe como fazer!”

Se queremos que a educação seja prioridade, precisamos criar as oportunidades para que ela
aconteça! Quando as escolas, as famílias e toda uma cidade promove a leitura, todos ganham! Nossos
alunos ganham na aprendizagem, as famílias ganham oportunidade para se dedicarem mais aos seus
filhos e todos nós ganhamos com mais qualidade de vida.

Agora que já sabem quais são e como aconteceram essas práticas, leia novamente os direitos de
aprendizagem e desenvolvimento que estão no início do post. Conseguiu percebê-los presentes nas
três práticas compartilhadas aqui? Tenho certeza que sim! Isso nos mostra mais uma vez que
podemos, todos nós, professores, gestores e outros educadores, com a participação da família, criar
um terreno fértil de aprendizagem para os nossos pequenos. Então, para o ano que vem, no seu
planejamento, crie oportunidades para que os direitos de aprendizagem aconteçam e se desenvolvam.

Se você, sua escola e ou rede já desenvolvem experiências assim, compartilhe.

Um grande abraço e até semana que vem!

Mara Mansani

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