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Sábado Artur
Universidade Rovuma
Nampula, 2023
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Ricardo Abel Chingore
Sábado Artur
Universidade Rovuma
Nampula, 2023
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Índice
1. Introdução ............................................................................................................................... 4
3. Convecção .............................................................................................................................. 5
Conclusao ................................................................................................................................. 16
Referencias ............................................................................................................................... 17
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1. Introdução
A convecção forçada em escoamento externo é um fenômeno de extrema importância nas áreas
de transferência de calor e dinâmica dos fluidos, desempenhando um papel crucial em inúmeras
aplicações práticas e industriais. Como afirmou Incropera e DeWitt em seu renomado livro
"Fundamentals of Heat and Mass Transfer", a convecção forçada em escoamento externo
envolve a imposição deliberada de um fluido, seja ele um gás ou um líquido, a mover-se ao
longo da superfície de um corpo sólido, sob a influência de uma força externa, como uma
bomba, um ventilador ou uma turbina. Esse processo gera uma complexa interação entre o
fluido e a superfície sólida, resultando na transferência de calor e na alteração das propriedades
do fluido.
A compreensão aprofundada desse fenômeno é essencial para otimizar o desempenho de
sistemas de resfriamento, aquecimento, condicionamento de ar, entre outros, tornando-se um
tópico de grande interesse para engenheiros e pesquisadores. Nesta discussão, exploraremos os
princípios subjacentes da convecção forçada em escoamento externo, suas implicações práticas
e seu impacto em uma variedade de aplicações industriais e tecnológicas.
Em nossa análise da convecção, temos dois objectivos principais. Alem de adquirir uma
compreensão dos mecanismos físicos que embasam a transferência por convecção, desejamos
desenvolver os meios para executar cálculos envolvendo a transferência por convecção.
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2. Transferência de Calor (ou Calor)
Transferência de Calor (ou Calor) é energia em trânsito devido a uma diferença de temperatura.
Sempre que existir uma diferença de temperatura em um meio ou entre meios ocorrerá
transferência de calor.
Por exemplo, se dois corpos a diferentes temperaturas são colocados em contato direto, como
mostra a figura 1, ocorrera uma transferência de calor do corpo de temperatura mais elevada
para o corpo de menor temperatura até que haja equivalência de temperatura entre eles.
Dizemos que o sistema tende a atingir o equilíbrio térmico.
T1 T2 T T
Está implícito na definição acima que um corpo nunca contém calor, mas calor é indentificado
com tal quando cruza a fronteira de um sistema. O calor é portanto um fenômeno transitório,
que cessa quando não existe mais uma diferença de temperatura.
3. Convecção
A convecção pode ser definida como o processo pelo qual energia é transferida das porções
quentes para as porções frias de um fluido através da ação combinada de : condução de calor,
armazenamento de energia e movimento de mistura.
O mecanismo da convecção pode ser mais facilmente entendido considerando, por exemplo,
um circuito impresso (chip) sendo refrigerado (ar ventilado), como mostra a figura 2.
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Figura 2: circuito impresso
No caso acima dizemos que a convecção foi forçada, pois o movimento de mistura foi induzido
por um agente externo, no caso um ventilador.
Suponhamos que o ventilador seja retirado. Neste caso, as partículas que estão próximas à
superfície continuam recebendo calor por condução e armazenando a energia. Estas partículas
tem sua temperatura elevada e, portanto a densidade reduzida. Já que são mais leves elas sobem
trocando calor com as partículas mais frias (e mais pesadas) que descem.
Neste caso dizemos que a convecção é natural (é óbvio que no primeiro caso a quantidade de
calor transferido é maior).
𝑞 = ℎ. 𝐴. ∆𝑇
.
onde, q = fluxo de calor transferido por convecção ( kcal/h);
afastado da superfície (TT) (oC). A figura 4.1 ilustra o perfil de temperatura e ¦T para o caso
.
F
G Kcal I
Hm . C h. m . C J
q Kcal / h
h
A. T 2 o
K 2 o
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Btu
Sistema Inglês
h.ft2.o F
W
Sistema Iinternacional
m2 .K
Meio kcal/h.m2.oC
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Consideremos agora o escoamento de um fluido ao longo de uma superfície quando existe uma
diferença de temperatura entre o fluido e a superfície. Neste caso, O fluido contido na região de
variação substancial de temperatura é chamado de camada limite térmica. Por exemplo,
analisemos a transferência de calor para o caso de um fluido escoando sobre uma superfície
aquecida, como mostra a figura 6. Para que ocorra a transferência de calor por convecção
através do fluido é necessário um gradiente de temperatura ( camada limite térmica ) em uma
região de baixa velocidade ( camada limite hidrodinâmica ).
Figura 6: Transferência de calor para o caso de um fluido escoando sobre uma superfície aquecida
O mecanismo da convecção pode então ser entendido como a ação combinada de condução de
calor na região de baixa velocidade onde existe um gradiente de temperatura e movimento de
mistura na região de alta velocidade. Portanto :
Na camada limite térmica tem-se portanto elevados gradientes de temperatura e pode-se dizer
que o estudo do fenômeno da convecção se reduz ao estudo da condução através da mesma.
Portanto, considerando a camada limite térmica como uma "parede" hipotética de espessura dt
e condutividade térmica kt, temos :
q
kt . A
Ts T fluxo de calor por condução na camada limite térmica
t
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kt . A
Ts T h. A.Ts T
t
k
h t
t
Embora essa imagem seja consideravelmente simplificada, o coeficiente de película é
inversamente proporcional à espessura da camada limite térmica. Desta forma, pode entendida,
por exemplo, a ação de um ventilador. O aumento da velocidade do fluido causado pela rotação
das pás resulta aumento da velocidade de escoamento e, como consequência, em redução da
camada limite térmica sobre a nossa pele. Isto resulta em uma elevação do coeficiente de
película. Esta elevação do coeficiente de película é responsável pelo aumento da transferência
de calor por convecção e pela conseqüente sensação de alívio do calor.
1. Dimensão Característica ( D )
D: é a dimensão que domina o fenômeno da convecção. Ex: diâmetro de um tubo, altura de uma
placa, etc.
cp
: calor específico do fluido;
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V : velocidade do fluido;
g : aceleração da gravidade;
h f D, , , c p , k , ,V , g , T
Uma fórmula que levasse em conta todos estes parâmetros seria extremamente complexa. O
problema é, então, contornado dividindo-se o estudo em casos particulares. Por exemplo, o
estudo da convecção em gases pode ser subdividido assim :
horizontal
parede plana
vertical
natural horizontal
convecçãoem gases paredecilíndrica
interna
vertical
externa
forçadaetc
Para cada caso particular são obtidas equações empíricas através da técnica de análise
dimensional combinada com experiências, onde os coeficientes de película são calculados a
partir de equações empíricas obtidas correlacionando-se os dados experimentais com o auxílio
da análise dimensional. O desenvolvimento desta técnica foge ao escopo deste curso, entretanto,
podemos afirmar que os resultados são obtidos na forma de equações dimensionais como
mostrado nos exemplos a seguir :
Nu Re, Pr
h.D D.V . c p .
onde , Nu ;Re Pr
k k
Nu 0,023. Re 0,8 . Pr n
n 0,3 p / fluidoesfriando
onde,
n 0,4 p / fluidoaquecendo
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Para Convecção Natural a equação é do tipo :
Nu Gr, Pr
D 3 . .g.T
onde,Gr
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Exemplo : Convecção natural sobre placas verticais de altura D e e cilindros de grande diâmetro
e altura D ( p/ Gr.Pr < 108 ). Neste caso, usamos a seguinte equação:
Nu 0,56Gr. Pr
0, 25
( eq. 4.10 )
Exercício 1. Em uma placa plana de 150 X 100 mm, eletricamente aquecida, a máxima
temperatura permissível no centro da placa é 135 oC. Para este caso específico o número de
Grashof é 2,2 x 107 e o número de Prandt é 0,7. Sabendo que a equação empírica, obtida com
o auxílio da análise dimensional, que descreve a convecção natural ( regime laminar ) em uma
placa plana é dada pela equação:
1 1 h. L
Nu = 0,555 Gr 4
Pr 4
onde, Nu =
k
Calcular o fluxo de calor por transferido por convecção, por ambos lados da placa, para o ar
atmosférico a 25 oC ( kar = 0,026 Kcal/h.m.oC ).
h. L 1 1
Nu = = 0,555 Gr 4 Pr 4
k ar
h 0,15
0,026
= 0,555 2,2 10 7 0,7
1
4
1
4 h 6,03Kcal h.m 2 .o C
12
q h. A.T 6,03 2 0,10 0,15 135 25
q 19, 86 Kcal h
.
q h. A.T
Um fluxo de calor é também uma relação entre um potencial térmico e uma resistência:
. T
q
R
Igualando as equações 4.11 e 4.12, obtemos a expressão para a resistência térmica na
convecção:
1
𝑅 = ℎ.𝐴
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Utilizando a equação de Newton e a equação para o fluxo de calor em uma parede plana
podemos obter as seguintes equações para o fluxo de calor transferido pelo forno:
q h1 . A.T1 T2
q
k. A
T2 T3
L
q h2 . A.T3 T4
Colocando as diferenças de temperatura nas equações 4.14 a 4.16 em evidência e somando
membro a membro, obtemos:
q
(T1 T2 )
h1. A
q.L
(T2 T3 )
k.A
q
(T3 T4 )
h2 . A
1 L 1
T1 T2 T2 T3 T3 T4 q.
h1. A k . A h2 . A
Substituindo as expressões para as resistências térmicas à convecção e à condução em parede
plana na equação acima, obtemos fluxo de calor transferido pelo forno:
T T T T T total
q 1 4 1 4 q
1
L
1 R R R Rt
1 2 3
h .A k.A h .A
1 2
Portanto, também quando ocorre a ação combinada dos mecanismos de condução e convecção,
a analogia com a eletricidade continua válida; sendo que a resistência total é igual à soma das
resistências que estão em série, não importando se por convecção ou condução.
Exercício 2. Uma parede de um forno é constituída de duas camadas : 0,20 m de tijolo refratário
(k =1,2 kcal/h.m.oC) e 0,13 m de tijolo isolante (0,15 kcal/h.m.oC). A temperatura dos gases
dentro do forno é 1700oC e o coeficiente de película na parede interna é 58 kcal/h.m2.oC. A
temperatura ambiente é 27 oC e o coeficiente de película na parede externa é 12,5 kcal/h m2
oC. Desprezando a resistência térmica das juntas de argamassa, calcular :
q
T total
T1 T5
T1 T3
1700 27
Rt Ri Rref Riso Re 1 L
1 2
L 1 1
0,20
0,13
1
hi . A k1. A k2 . A he . A 58 1 1,2 1 0,15 1 12,5 1
b) O fluxo de calor também pode ser calculado através de cada resistência individual. Na
película interna, obtemos :
T1 T2 T1 T2
q hi . A.T1 T2
Rref 1
hi . A
1480,6 58 1 1700 T2
T2 1675 oC
T4 145 oC
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Conclusao
A convecção forçada em escoamento externo é um fenômeno fundamental que desempenha um
papel vital em uma ampla gama de aplicações na engenharia, ciências aplicadas e tecnologia.
Este processo envolve o controlo intencional do movimento de fluidos sobre superfícies sólidas
por meio de forças externas, com o objetivo principal de transferir calor, otimizar o desempenho
de sistemas e alcançar eficiência energética.
À medida que a pesquisa e a tecnologia continuam a evoluir, a convecção forçada em
escoamento externo continua a ser uma área de foco, impulsionando inovações em materiais,
estruturas, simulações computacionais e estratégias de controlo. Essas inovações não apenas
aprimoram o desempenho dos sistemas, mas também contribuem para a conservação de
recursos naturais e a redução do impacto ambiental.
Em um mundo em constante mudança, a otimização da convecção forçada em escoamento
externo é essencial para atender às crescentes demandas por eficiência e sustentabilidade.
Portanto, a pesquisa contínua e o desenvolvimento de soluções cada vez mais eficazes são
cruciais para garantir um futuro mais promissor e responsável em relação ao uso de recursos e
à preservação do meio ambiente.
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Referencias
Frank P. Incropera e David P. DeWitt. Introduction to heat transfer, 2008
S. Mostafa, Ghiaasiaan. c Convective heat and mass transfer, 2002
Theodore L. Bergman, Adrienne S. Lavine, Frank P. Incropera e David P. DeWitt.
Fundamentals of heat and mass transfer, 2008
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