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Engenharia Química e Biológica

Laboratório de Engenharia Química e Biológica

Determinação de perfil de
temperatura numa alheta retangular

Docentes: António Gomes

Engª Alexandrina Brito

Discentes: Carla Fernandes

Keila Moura

UniCV, Lab. de Química, E12-203


Praia, 05 de Maio de 2023
1. Resumo
Esta prática foi feito no âmbito de determinar o perfil de temperatura de uma alheta
retangular, e consequentemente determinar o coeficiente convectivo médio e o calor
médio perdido pela alheta. O material utilizado para este estudo foi um ferro retângular.
Verificou-se duas formas de tranferência de calor, a condução, que se deu na base da
alheta pelo aquecimento da água, e a convecção natural, ocorreu-se devido ao contacto
do ar do laboratório com a alheta.

Com base nos dados obtidos, foi possível determinar o perfil de temperatura para cada
réplica, através do EXCEl, onde posteriormente constatou-se pela representação gráfica
que a temperatura diminuiu com consoante a distância, ou seja, quanto maior a distância
menor é a temperatura. E conforme a sua diminuição aproximava-se da temperatura do
ambiente.

Após determinar o coeficiente convectivo, verificou-se que os valores oscilavam entre as


distâncias em todos os três ensaios, e isso consequentemente levou-nos ao resultado o
calor obtido. O maior coeficiente convectivo médio obtido foi no 2º ensaio à temperatura
de 60ºC e o maior calor médio encontrado foi no 1º ensaio e à temperatura de 80ºC.

1.1 Objetivos
o Interpretar quais os fenómenos de transferência de calor que ocorre numa
superfície retangular alhetada;
o Determinação do perfil de temperatura;
o Determinação do coeficiente convectivo médio e o calor médio perdido pela
alheta.

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Índice
1. Resumo ...................................................................................................................... 2

1.1 Objetivos ............................................................................................................ 2

2. Parte experimental ..................................................................................................... 4

2.1. Materiais ............................................................................................................ 4

2.2. Metodologia ....................................................................................................... 4

3. Resultados e discussão .............................................................................................. 6

4. Conclusão .................................................................................................................11

5. Bibliografia.............................................................................................................. 12

6. Anexo ...................................................................................................................... 13

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2. Parte experimental
2.1. Materiais
o Placa de ferro o Isolantes (esferovite)
o Termostático o Água da torneira
o Termopares o 2 Suportes universais e 3 garras
o Termómetro de mercúrio o Régua
o Pega de borracha

Figura 1: Montagem e amostragem dos materiais utilizados nesta prática

2.2. Metodologia
Nesta prática foi feita a determinação do perfil de temperatura de uma alheta retangular,
em que ocorreu dois fenómenos de tranferência de calor, a condução e a convecção. A
condução trata-se de um processo onde o calor transmite ao longo de um material, isto é,
é a transferência de calor entre átomos ou moléculas que se dá devido ao gradiente de
temperatura em regime estacionário, podendo o material ser um sólido ou líquido dum
meio de maior temperatura para menor temperatura. A convecção é o processo de
transferência de calor executado pelo escoamento de um fluído, ou seja, é a transferência
de calor que se dá entre uma superfície e um fluído. Neste experimento, a condução
verificou-se na ocorrência da transferência de calor entre alheta e a água que se

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encontrava a aquecer no termostático. E a convecção natural ocorreu quando a uma da
parte da alheta se encontrava exposto ao ar, onde pode-se haver troca de calor entre o ar
e a alheta.

Inicialmente, fez-se a medição do material em uso e marcou-se 3 pontos diferentes na


alheta com distância de 0,12 m, 0,24 m e 0,36 m, respectivamente. Ápos isso, fez-se a
montagem para a realização da prática, figura 1, onde inicialmente segurou o material
com um suporte universal e colocou-o dentro do termostático, de seguida foi adicionado
8,1 cm de água da torneira dentro da manta aquecedora e consequentemente para medição
da temperatura da água introduziu uma pequena parte do termómetro, que estava sendo
segurado por um suporte, na água. Adicionou-se esferovites que serviram como isolantes
para fazer com que o vapor na água não subisse e entre a base da alheta e o fluído (água)
ocorresse tranferência de calor por condução.

Ápos a mostagem feita, ligou-se o termostático e iniciou-se a prática. Quando no


termómetro contou 60ºC, e com a ajuda de termopares, foi medido as temperaturas nos 3
pontos, posto anteriormente, e mediu-se a temperatura ambiente do laboratório. Quando
a água chegou a temperatura de 80ºC foi medido novamente a temperatura nos 3 pontos
e também a temperatura ambiente.

OBS: Este procedimento foi feito em triplicata.

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3. Resultados e discussão
A taxa de transferência de calor de uma superfície a uma temperatura 𝑇�𝑆� para o meio a
𝑇�∞ é dada pela lei de Newton do resfriamento

𝑄𝑐𝑜𝑛𝑣� = �ℎ𝐴𝑠�(𝑇𝑠� − �𝑇∞)

ou por pela lei de Fourier

𝑑𝑇
𝑄𝑐𝑜𝑛𝑑 = −�𝑘𝐴𝑐� �
𝑑𝑋

onde, 𝐴�𝑠� é a área de transferência de calor , h é o coeficiente de transferência de calor


por convecção e k é a condutividade térmica do material. Quando as temperaturas 𝑇�𝑆� e
𝑇�∞ são fixadas por considerações de projecto, como é frequentemente o caso, existem
duas formas de aumentar a taxa de transferência de calor: aumentar os coeficientes de
transferência de calor (h e k), ou aumentar a área da superfície 𝐴�𝑠� . Aumentar h e k, pode
exigir a instalação de uma bomba ou ventilador, ou substituição do equipamento existente
com um de maior dimensão, mas esta abordagem pode ser prática ou não e além disso,
pode não ser suficiente. Uma alternativa seria aumentar a superfície, anexando superfícies
estendidas, chamadas de aletas, feitas de materiais altamente condutores, como o
alumínio, ferro, cobre. (Çengel & Ghajar, 2012)

Segundo (Bird, 2011) aletas são superfícies estendidas cuja finalidade é aumentar a área
de troca térmica e por consequência aumentar a taxa de transferência de calor entre um
sólido e um fluido adjacente. Esse processo envolve a transferência de calor por
condução, no interior do sólido, e por convecção nas fronteiras do sólido com a
vizinhança.

Num corpo alongado na direção X em comparação com a dimensão da sua secção


(perpendicular a X), pode admitir-se que a condução é monodimensional. Mas nesse caso,
para calcular a evolução da temperatura ao londo de X torna-se necessário contabilizar a
troca de calor na superfície exterior da secção. No caso mais simples essas trocas dão-se
por convecção para o fluído situado junto a superfície exterior, considerando o respectivo
coeficiente de convecção constante ao longo do X. As alhetas são extensões de uma
superfície, quer do mesmo material, ou de material diferente com uma boa ligação a
superfície original. O seu objetivo é de aumentar a potência calorífica transferida pelo

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aumento da área, muitas vezes para compensar um baixo coeficiente de convecção (como
no caso de ar a baixa velocidade junto a superfície). (Oliveira, 2022)

O experimento deste trabalho baseou-se no cálculo das propriedades de uma aleta com
forma retangular. O desenvolvimento da equação de transferência de calor nesta alheta é:

o Regime permanente;
o Condução unidimensional ao longo da aleta;
o Temperatura uniforme na seção transversal;
o Propriedades constantes, independentes da temperatura;
o Coeficiente convectivo uniforme ao longo da aleta.

De acordo com (Çengel & Ghajar, 2012), considerando um elemento de volume da aleta
na localização X tendo um comprimento ∆X e área transversal Ac e um perímetro P. Sob
condições permanentes, o balanço de energia neste elemento de volume pode ser expresso
como:

𝑇𝑎𝑥𝑎�𝑑𝑒�𝑐𝑜𝑛𝑑𝑢çã𝑜 𝑇𝑎𝑥𝑎�𝑑𝑒�𝑐𝑜𝑛𝑑𝑢çã𝑜 𝑇𝑎𝑥𝑎�𝑑𝑒�𝑐𝑜𝑛𝑣𝑒𝑐çã𝑜


( 𝑑𝑒�𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟�𝑝𝑎𝑟𝑎 ) = � ( 𝑑𝑒�𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟�𝑝𝑎𝑟𝑎�𝑜 ) + � ( 𝑑𝑒�𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 )��
𝑜�𝑒𝑙𝑒𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜�𝑒𝑚�𝑋 𝑒𝑙𝑒𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜�𝑒𝑚�𝑋 + ∆X 𝑑𝑜�𝑒𝑙𝑒𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜

𝑸�𝒄�𝒐�𝒏�𝒅�𝒙� = 𝑸�𝒄�𝒐�𝒏�𝒅�𝒙��+∆𝒅�𝒙� + 𝑸�𝒄�𝒐�𝒏�𝒗�, onde

𝑄𝑐𝑜𝑛𝑣� = �ℎ�(𝑃 ∗ ∆X)�(𝑇𝑠� − �𝑇∞)

E a partir da lei de Fourier:

𝑑𝑇
𝑄𝑐𝑜𝑛𝑑 = −�𝑘𝐴𝑐�
𝑑𝑋

Em geral, a área transversal Ac e o perímetro P de uma aleta variam com X, o que torna

esta equação diferencial difícil de resolver. No caso específico de seção transversal

constante e condutividade térmica constante, a equação diferencial reduz-se a

𝑑2𝜃
− 𝑚2 𝜃 = 0
𝑑2𝑋

Integrando obteve-se:

ℎ∗𝑃
𝑚2 = 𝐾∗𝐴𝑐

Em que, 𝜃� = 𝑇� − 𝑇�∞, que é o excesso de temperatura, e na base da aleta 𝜃�𝑏� = 𝑇�𝑏� − 𝑇�∞

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Para esta alheta utilizada, por ser uma alheta infinita, aplica-se as seguintes condições
fronteiras

𝜽� = 𝜽�𝟎�, para x = 0 e 𝜽� = 𝟎�, para 𝒙� = ∞ , obtém-se a equação:

𝜃 𝑇 − 𝑇∞
= = 𝑒 −𝑚𝑥
𝜃(0) 𝑇(0) − 𝑇∞

Sendo:

Ac – área de secção transversal da alheta (𝑚�2)

h – coeficiente de transferência de calor por convecção (𝑤�/𝑚�2℃)

k – condutividade térmica da alheta (𝑤�/𝑚�℃)

P – perímetro da alheta (m)

T – temperatura da alheta (℃)

T∞ - temperatura do fluido envolvente (℃)

x – distancia a partir da base da alheta (m)

Para o desenvolvimento das medições, a hipotese utilizada é a qu a troca de calor por


convecção na ponta da alheta é a mesma que a transferência de calor por condução.

Tendo em conta, que o recinto onde realizou-se o trabalho se encontrava de portas e


janelas fechadas, mas o ar condicionado estava ligado a 20ºC, e a medida que se realizava
as réplicas a temperatura ambiente aproximava-se da temperatura do ar condicionado.
Observando os perfis de temperatura abaixo (Figura 1, 2 e 3) no regime estacionário, é
verificado que a medida que se variava a distância entre os pontos, em cada ensaio feito,
a temperatura se aproximava da temperatura ambiente. O resultado obtido pode ser
considerado conforme o esperado fisicamente, pois de acordo com a Lei de Fourier
(Equação 1), quanto maior o comprimento da aleta, maior será a área transversal (Ac),
implicando em uma maior taxa de transferência de calor.

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Perfil de temperatura do ensaio I
100

80 T.alheta - 60ºC (°C)


T.alheta - 80ºC (°C)
Temperatura

60

40

20

0
0 0,12 0,24 0,36
Distância

Figura 2: Gráfico de perfil de temperatura do 1º ensaio

Perfil de temperatura do ensaio II


100

80 T.alheta - 60ºC (°C)


T.alheta - 80ºC (°C)
Temperatura

60

40

20

0
0 0,12 0,24 0,36
Distância

Figura 3: Gráfico de perfil de temperatura do 2º ensaio

Perfil de temperatura do ensaio III


100

80 T.alheta - 60ºC (°C)


T.alheta - 80ºC (°C)
Temperatura

60

40

20

0
0 0,12 0,24 0,36
Distância

Figura 4: Gráfico de perfil de temperatura do 3º ensaio

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Os valores de temperatura da aleta para as três temperaturas variam nos dois primeiros
pontos, como se verifica nas figuras, elas tendem a se igualar à medida que se aumenta a
distância da base, pois segundo (Çengel & Ghajar, 2012) o fato da base do retângulo estar
em contacto com o fluido e isolado nesta parte o efeito da transferência de calor por
condução predomina nas proximidades da base da aleta. Quando a aleta estiver mais
afastada da base, o efeito da transferência de calor por convecção será de maior
magnitude, fazendo com que as temperaturas das aletas para as três réplicas
aproximassem mais ainda.

Reconhecemos que o coeficiente de transferência de calor por convecção, h, em geral


varia ao longo da alheta, e o seu valor em um ponto é forte função de movimento de fluído
nesse ponto. O valor de coeficiente convectivo normalmente é mais inferior na base do
que na ponta da alheta, porque o fluído é cercado por superfícies sólidas perto da base
que pode perturbar seriamente seu movimento a ponto de “sufocá-lo”, enquanto o fluído
próximo a ponta tem pouco contacto com a superfície sólida e portanto, encontra pouca
resistência ao movimento. (Çengel & Ghajar, 2012)

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4. Conclusão
Uma das formas de aumentar a transferência de calor é o uso da alhetas, sendo que este
tem como objetivo aumentar a área de troca de calor e aumentar o coeficiente médio de
transferência de calor (h), apesar de que nesta prática os valores de coeficiente médio de
transferência de calor e do calor perdido oscilava a cada distância.

Após testes realizados e dados coletados no experimento, foi possível verificar como
ocorre a troca de calor em alhetas e como o coeficiente médio de transferência de calor
variou a cada réplica. Foi possível verificar que a temperatura ao longo da distância da
alheta diminuiu e que houve uma perda considerável de calor devido a diminuição da
temperatura.

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5. Bibliografia
Bird, B. R. (2011). Fenómenos de transporte. Rio de Janeiro: LTC.

Çengel, Y., & Ghajar, A. (2012). Transferência de Calor e Massa (4ª ed.). (F. A. Lino,
Trad.) AMGH Editora Ltda.

Oliveira, A. C. (2022). Tranferência de Calor: Um guia para a resolução de problemas


práticos (1ª ed.). Porto.

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6. Anexo
Tabela 1: Informações básicas sobre a alheta

Base da placa de ferro (m) Altura total do ferro (m) Condutividade térmica do ferro - K (W/m ºC) Área do ferro (m^2) Perímetro do ferro (m)
0,04 0,455 80,2 0,0182 0,99

Para determinar a área:

𝐴 = 𝑏∗ℎ

A = 0,04 m * 0,455 m

A = 0,0182 m2

O perímetro é:

𝑃 = (2 ∗ 𝑏) + (2 ∗ ℎ)

P = (2 * 0,04 m) + (2 * 0,455 m)

P = 0,99 m

Cálculo do θ (x):

θ0 = T0 – T∞ = 60 ºC – 22,9 ºC = 37,1 ºC θ2 = T2 – T∞ = 26,2 ºC – 22,9 ºC = 3,3 ºC

θ1 = T1 – T∞ = 40 ºC – 22,9 ºC = 17,1 ºC θ3 = T3 – T∞ = 25,4 ºC – 22,9 ºC = 2,5 ºC

Esta fórmula foi utilizada também para determinar o θ (x) em todos os ensaios.

Determinação do parâmetro m:

θ(x)
= 𝑒 −𝑚𝑥
θ(0)

θ(x)
𝐿𝑛 = � −𝑚𝑥
θ(0)

θ(x)
𝐿𝑛
θ(0)
𝑚=
−𝑥

17,1�ºC
𝐿𝑛 37,1�ºC
𝑚= �
−�0,12

m = 6,45 m-1

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E fez-se o mesmo processo para determinar o parâmetro m em todos os outros casos.

Cálculo do coeficiente convectivo:

𝑚2� ∗ 𝐾 ∗ 𝐴�
ℎ =�
𝑃

6,452� ∗ 80,2 ∗ 0,0182�


ℎ =�
0,99

h = 61,33 W/m2 ºC

Cálculo do calor perdido:

𝑞 = � √ℎ ∗ 𝐾 ∗ 𝐴 ∗ 𝑃 ∗ θ(0)

𝑞 = � √61,33 ∗ 80,2 ∗ 0,0182 ∗ 0,99 ∗ 37,7

q = 349,26 W

Com todo o h e q calculado para a temperatura de 60 ºC no 1º ensaio, fez-se a média e


determinou o h médio e q médio:

∑ℎ
ℎ�𝑚é𝑑𝑖𝑜 = �
3

61,33 + 149,8 + 82,71


ℎ�𝑚é𝑑𝑖𝑜 = �
3

h médio = 97,94666667 W/m2 ºC

∑𝑞
𝑞�𝑚é𝑑𝑖𝑜 = �
3

349,26 + 545,84 + 405,59


𝑞�𝑚é𝑑𝑖𝑜 = �
3

q médio = 433,5633333 W

Estes cálculos foram efetuados para todos os ensaios e as temperaturas de 60 ºC e 80 ºC.


Neste anexo fez-se a demonstração do cálculo de h médio e q médio para o 1º ensaio
realizado à 60 ºC.

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