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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA

TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO EM ALETAS –

DETERMINAÇÃO DOS PERFIS DE TEMPERATURA E DOS COEFICIENTES

DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONVECÇÃO NATURAL.

SÃO CRISTÓVÃO-SE

Janeiro/2013

1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA

102224 – Laboratório de Fenômenos de Transporte

Turma: A1

Professores: Manoel Marcelo do Prado

Luanda Gimeno Marques

TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO EM ALETAS –

DETERMINAÇÃO DOS PERFIS DE TEMPERATURA E DOS COEFICIENTES DE

TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONVECÇÃO.

Alunos: Alexsandra de Moraes Ferreira

Caroline Leite da Silva

Geisa Grazielle Coqueiro Rocha

Rafael Oliveira Almeida

Simonise Figueiredo Amarante

SÃO CRISTÓVÃO-SE

Janeiro/2013

2
RESUMO

A transferência de calor necessariamente ocorrerá, sempre que existir uma diferença de

temperaturas em um meio ou entre meios. Existem três diferentes tipos de processos de

transferência de calor: condução, convecção e radiação. Existem duas formas de

aumentar a taxa de transferência de calor: aumentar o coeficiente de transferência de

calor por convecção h através do aumento da velocidade do fluido ou aumentar a área

da superfície através da qual ocorre a convecção, com o uso de aletas. A engenharia está

principalmente interessada em saber a extensão na qual certa superfície estendida ou

arranjo de aletas poderia melhorar a transferência de calor de um sólido para um fluido

adjacente. Entretanto, inicialmente é necessário obter a distribuição de temperaturas ao

longo da aleta. Assim, o objetivo do presente trabalho foi determinar os perfis de

temperatura e os coeficientes de transferência de calor por convecção natural para

quatro aletas de iguais comprimentos, mas diferentes materiais ou diâmetros.

3
Índice

RESUMO 3

Lista de Figuras 5

Lista de Tabelas 6

1. Fundamentação Teórica 7

1.1. Condução 7

1.2. Convecção 8

1.3. Radiação 9

1.4. Transferência de Calor a Partir de Superfícies Estendidas 10

1.4.1. Análise Geral da Condução 12

1.4.2. Aletas com Área de Seção Transversal Uniforme 14

2. Objetivos 19

3. Materiais e Métodos 19

3.1. Equipamentos e Materiais 19

3.2. Procedimento Experimental 19

4. Resultados e Discussões 20

5. Conclusões 37

6. Referências Bibliográficas 38

4
LISTA DE FIGURAS

Fig. 01: Configurações de aletas.(a) Aleta plana com seção transversal 11


uniforme. (b) Aleta plana com seção transversal não-uniforme. (c)Aleta
Anular. (d) Aleta Piniforme.

Fig. 02: Balanço de energia em uma superfície estendida. 12

Fig. 03: Aletas planas de seção transversal uniforme.(a) Aleta retangular. (b) 14
Aleta Piniforme.

Fig. 04: Condução e convecção em uma aleta de seção transversal uniforme 16

Fig. 05: Representação esquemática do experimento 19

Fig. 06: Perfil de Temperatura para as aletas A,B,C e D para Tbanho = 51,0ºC. 27

Fig. 07: Perfil de Temperatura para as aletas A,B,C e D para Tbanho = 64,0ºC. 27

Fig. 08: Perfil de Temperatura para as aletas A,B,C e D para Tbanho = 77,0ºC. 28

Fig. 09: / versus posição do termopar, temperatura do banho 51°C. 30

Fig. 10: / versus posição do termopar, temperatura do banho 64°C. 31

Fig. 11: / versus posição do termopar, temperatura do banho 77°C. 31

Fig. 12: Pontos obtidos experimentalmente e curvas teóricas para o banho a 35

51°C.

Fig. 13: Pontos obtidos experimentalmente e curvas teóricas para o banho a 35

64°C.

Fig. 13: Pontos obtidos experimentalmente e curvas teóricas para o banho a 36

77°C.

5
LISTA DE TABELAS

Tab. 1: Características das Aletas. 20

Tab. 2: Posições dos diferentes termopares em relação à base das aletas. 21

Tab. 3: Temperaturas ao longo das aletas A,B,C e D para Tbanho = 51,0ºC. 22

Tab. 4: Temperaturas ao longo das aletas A,B,C e D para Tbanho = 64,0ºC. 22

Tab. 5: Temperaturas ao longo das aletas A,B,C e D para Tbanho = 77,0ºC. 23

Tab. 6: Temperaturas ao longo das aletas A,B,C e D para Tbanho = 51,0ºC. 25

Tab. 7: Temperaturas ao longo das aletas A,B,C e D para Tbanho = 64,0ºC. 25

Tab. 8: Temperaturas ao longo das aletas A,B,C e D para Tbanho = 77,0ºC. 26

Tab. 9: Valores do adimensional / para as diferentes aletas nas diversas 29


temperaturas do banho.

Tab. 10: Valores do parâmetro m para o caso de aletas finitas. 32

Tab. 11: Valores do parâmetro m para o caso de aletas infinitas. 32

Tab. 12: Valores do coeficiente de convecção natural (h). 34

6
1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A transferência de calor necessariamente ocorrerá, sempre que existir uma

diferença de temperaturas em um meio ou entre meios. Existem três diferentes tipos de

processos de transferência de calor: condução, convecção e radiação. Na condução

existe um gradiente de temperatura em um meio estacionário, que pode ser um sólido ou

um fluido; o termo convecção se refere à transferência de calor que ocorre entre uma

espécie e um fluido em movimento quando eles estiverem a diferentes temperaturas; o

terceiro modo de transferência de calor é chamado radiação térmica, onde, na ausência

de um meio interposto participante, há transferência de calor líquida, por radiação entre

duas superfícies a diferentes temperaturas (INCROPERA et al, 2011).

1.1. CONDUÇÃO

É a transferência de energia das partículas mais energéticas de uma substância

para as vizinhas menos energéticas como resultado da interação entre elas. Em líquidos

e gases, a condução deve-se às colisões e difusão das moléculas em seus movimentos

aleatórios. Nos sólidos é devido à combinação das vibrações das moléculas em uma

rede e a energia é transportada por elétrons livres (ÇENGEL, 2009).

A taxa de condução de calor por convecção através de uma camada plana é

proporcional à diferença de temperatura através da camada e à área de transferência de

calor, mas inversamente proporcional à espessura da camada, e é representada pela lei

de Fourier da condução térmica:


 = − (1)


7

Onde 
é o gradiente de temperatura, A é a área perpendicular à transferência

de calor e k é a condutividade térmica do material, que é a medida da capacidade do

material de conduzir calor (ÇENGEL, 2009).

1.2. CONVECÇÃO

É o modo de transferência de energia entre uma superfície sólida e uma fluida

adjacente, que está em movimento e que envolve os efeitos combinados e que envolve

os efeitos combinados de condução e de movimento de um fluido. Na ausência de

qualquer movimento de uma massa de fluido, a transferência de calor entre uma

superfície sólida e o fluido adjacente é por pura condução. A presença de movimento de

uma massa de fluido aumenta a transferência de calor entre eles, mas isso também

dificulta a determinação das taxas de transferência de calor (ÇENGEL, 2009).

Apesar da sua complexidade, observa-se que a taxa de transferência de calor por

convecção é proporcional à diferença de temperatura, sendo convenientemente expressa

pela lei de resfriamento de Newton:

 = ℎ  ( −  ) (2)

Onde  é a temperatura da superfície,  é a temperatura do fluido

suficientemente longe da superfície,  é a área da superfície através da qual a

transferência de calor por convecção ocorre e h é o coeficiente de transferência de calor

por convecção (ÇENGEL, 2009).

O coeficiente de transferência de calor por convecção depende das condições na

camada limite, as quais, por sua vez, são influenciadas pela geometria da superfície,

pela natureza do escoamento do fluido e por uma série de propriedades termodinâmicas

8
e de transporte do fluido; qualquer estudo da convecção se reduz a um estudo de

procedimentos pelos quais o h pode ser determinado (INCROPERA et al, 2011).

1.3. RADIAÇÃO

Radiação térmica é a energia emitida pela matéria que se encontra a uma

temperatura não-nula, a emissão pode ocorrer a partir de superfície sólida e também a

partir de gases e líquidos. A emissão pode ser atribuída a mudanças na configurações

eletrônicas dos átomos ou moléculas que constituem a matéria (INCROPERA et al,

2011).

Enquanto a transferência de calor por condução e convecção requer a presença

de um meio material, a radiação não necessita dele, na verdade a transferência por

radiação ocorre de forma mais eficiente no vácuo (INCROPERA et al, 2011).

A taxa máxima de radiação que pode ser emitida a partir de uma superfície a

uma temperatura termodinâmica  é dada pela lei de Stefan-Boltzmann:


,á =    (3)

Onde  = 5,670"10$% & ⁄'( . *  ,- 0,1714"10$% /0-⁄ℎ. 10 ( . 2  é a

constante de Stefan-Boltzmann. A superfície idealizada que emite radiação a essa taxa

máxima é chamada de corpo negro, aquela emitida por todas as superfícies reais é

menor do que a emitida por um corpo negro à mesma temperatura, e é expressa como:


 = 4   (4)

Onde 4 é a emissividade da superfície e é uma medida de quanto uma superfície

aproxima-se do comportamento um corpo negro, varia entre 0 e 1. Outra propriedade

importante da radiação de uma superfície é sua absortância 5, que é a fração de energia

9
de radiação sobre uma superfície que a absorve, seu valor tbm varia entre 0 e 1. A lei de

Kirchhoff da radiação indica que a emissividade e a absortância de uma superfície de

uma superfície a uma determinada temperatura e comprimento de onda são iguais. A

taxa com que uma superfície absorve radiação é determinada a partir de:

6 = 5 (5)

Onde 5 é a absortância da superfície e  é a taxa de radiação incidente sobre a

superfície. A diferença entre as taxa de radiação emitida pela superfície e de radiação

absorvida é a transferência de calor líquida por radiação:

 
76 = 4  ( − 8 ) (6)

Onde 8 é a temperatura termodinâmica de uma superfície muito maior (ou

preta) que delimita a superfície emissiva (ÇENGEL, 2009).

1.4. TRANSFERÊNCIA DE CALOR A PARTIR DE SUPERFÍCIES

ESTENDIDAS

A taxa de transferência de calor a partir de uma superfície a uma temperatura 

para o meio envolvente a  é dada pela lei de Newton do resfriamento, Equação (2),

quando as temperaturas  e  são fixadas por considerações de projeto, como é

frequentemente o caso, existem duas formas de aumentar a taxa de transferência de

calor: aumentar o coeficiente de transferência de calor por convecção h através do

aumento da velocidade do fluido ou aumentar a área da superfície através da qual ocorre

a convecção, . Isto pode ser feito através do uso de aletas que se estendem da parede

para o fluido adjacente. O material da aleta deve ter uma condutividade térmica elevada

para minimizar variações de temperatura desde a sua base até a extremidade (ÇENGEL,

2009; INCROPERA et al, 2011).

10
Diferentes configurações de aletas são mostradas na Figura 01. Uma aleta plana

é qualquer superfície estendida que se encontra fixada a uma parede plana, pode ter uma

área de seção transversal uniforme ou variando com a distância x da parede. Uma aleta

anular é aquela que se encontra fixada circunferencialmente a um cilindro e sua seção

transversal varia com o raio a partir da parede do cilindro. Esses dois tipos de aletas

possuem seção transversal retangular, cuja área pode ser expressa como um produto

entre a espessura da aleta t e a sua largura w, no caso de aletas retas, ou a sua

circunferência 2πr, no caso de aletas anulares. Em contrate, uma aleta piniforme é uma

superfície estendida de área de seção transversal circular, podem também possuir seção

transversal uniforme ou não (INCROPERA et al, 2011).

Figura 01: Configurações de aletas.(a) Aleta plana com seção transversal uniforme. (b) Aleta
plana com seção transversal não-uniforme. (c)Aleta Anular. (d) Aleta Piniforme.
Fonte: INCROPERA et al, 2011.

São exemplos de aplicações de aletas os dispositivos para resfriar cabeçote de

motores de motocicletas e de cortadores de grama, ou para resfriar transformadores de

potência elétrica e os tubos aletados usados para promover a troca de calor entre o ar e o

fluido de trabalho em um aparelho de ar condicionado. O radiador de um carro também

é um exemplo de superfície aletada: as várias folhas finas de metal colocadas nos tubos

de água quente aumentam a superfície de convecção várias vezes e, assim, aumentam a

11
taxa de transferência de calor por convecção dos tubos para o ar (ÇENGEL, 2009;

INCROPERA et al, 2011).

Na análise de aletas, consideramos a operação permanente sem geração de calor

na aleta e assumimos que a condutividade térmica do material k se mantenha constante.

Também assumimos, por conveniência na análise, que o coeficiente de transferência de

calor por convecção h é constante e uniforme ao longo de toda a superfície da aleta

(ÇENGEL, 2009).

1.4.1. Análise Geral da Condução

A engenharia está principalmente interessada em saber a extensão na qual certa

superfície estendida ou arranjo de aletas poderia melhorar a transferência de calor de um

sólido para um fluido adjacente. Para determinar a taxa de transferência de calor de uma

superfície associada a uma aleta, primeiramente é necessário obter a distribuição de

temperaturas ao longo da aleta. Inicialmente é feito um balanço de energia em um

elemento diferencial apropriado, Figura 02.

Figura 02: Balanço de energia em uma superfície estendida.


Fonte: INCROPERA et al, 2011.

12
A análise é simplificada se certas hipóteses forem aceitas:

• Condições unidimensionais na direção (x) longitudinal;

• A taxa líquida de transferência de calor por convecção deve ser igualada a

taxa líquida de transferência de calor por condução;

• Temperatura uniforme ao longo da espessura da aleta;

• Regime estacionário;

• Condutividade térmica constante;

• Radiação na superfície desprezível;

• Efeitos de geração de calor ausentes;

• Coeficiente de transferência de calor por convecção h uniforme ao longo da

superfície (INCROPERA et al, 2011).

Balanço de conservação de energia:

9:;<
=
= >= − >6 + >@ (7)

Onde >6A é a energia acumulada no volume de controle, >= e >6 energia que

entra e sai do volume de controle, respectivamente, e >@ é a geração de energia térmica.

Aplicando a exigência da conservação de energia, Equação (7), no elemento

diferencial da Figura 02:

 = B∆ + D (8)

A taxa de condução de calor em x + ∆x pode ser representada por:

13
EF
B∆ =  + 
D" (9)

Substituindo a Equação (1) na Equação (9), tem-se que:

  
B∆ = − =7  − G =7  H D" (10)


A taxa de transferência de calor por convecção pode ser representada por:

D = ℎD  ( −  ) (11)

Onde =7 é a área transversal e D  é a área superficial do elemento diferencial.

Substituindo as Equações (2), (10) e (11) na Equação (8):

  I KL
G =7  H −J ( −  ) = 0 (12)
 

Ou

M  N KOP  N I KL
 M
+ GK 
H  − GK J 
H ( −  ) = 0 (13)
OP OP

Este resultado fornece uma forma geral da equação da energia para uma

superfície estendida (INCROPERA et al, 2011).

1.4.2. Aletas com área de seção transversal uniforme

Para resolver a Equação (13) é necessário ser mais específico em relação à

geometria. O caso mais simples é o de aletas planas retangulares e piniformes de seção

transversal uniforme, mostradas na Figura 03.

14
Figura 03: Aletas planas de seção transversal uniforme.(a) Aleta retangular. (b) Aleta Piniforme.
Fonte: INCROPERA et al, 2011.

Cada aleta está fixada a uma temperatura (0) =  e se estende para o interior

de um fluido a temperatura  . Para as aletas especificadas, =7 é uma constante e

 = Q", onde  é a área da superfície medida desde a base até x, e P é o perímetro da

aleta. Consequentemente a Equação (13) se reduz a:

M  IR
 M
− GK H ( −  ) = 0 (14)
OP J

Para simplificar a forma dessa equação, transformamos a variável dependente

definindo uma temperatura em excesso θ como:

(") = (") −  (15)

Como  é uma constante, D⁄D" = D⁄D", substituindo a Equação (15) na

Equação (14):

M S
− '(  = 0 (16)
 M

Onde

15
IR
'( = K (17)
OP J

A Equação (16) é uma equação diferencial de segunda ordem, linear e

homogênea, com coeficientes constantes. Sua solução geral tem a forma:

(") = TN U  + T( U $ (18)

É necessário especificar as condições de contorno para determinar as constantes

TN e T( .

Primeira condição de contorno: na base da aleta (x = 0):

(") =  −  =  (19)

Segunda condição de contorno: na extremidade da aleta (x = L), pode

corresponder a quatro diferentes situações físicas:

• Caso A: Transferência de calor por convecção na extremidade da aleta.

Figura 04: Condução e convecção em uma aleta de seção transversal uniforme


Fonte: INCROPERA et al, 2011.

Aplicando um balanço de energia nessa extremidade, obtemos:

16

ℎ = V(W) −  X = − =7 Y Y (20)
Z[

ou

S
ℎ(W) = − Y Y (21)
 Z[

Substituindo a Equação (18) nas Equações (19) e (21), explicitando TN e T( e

fazendo as manipulações matemáticas necessárias obtemos:

a
S ]^_` ([$)BG HI ([$)
S\
= bc
a (22)
]^_` [BG HI [
bc

A taxa de transferência de calor da aleta 6 pode ser avaliada de forma mais

simples, envolvendo a aplicação da lei de Fourier, Equação (1), na base da aleta:

S
6 =  = − =7 Y Y (23)
Zd

Assim, conhecendo a distribuição de temperatura θ(x), Equação (22), 6 pode

ser determinada:

a
I [B( ) ]^_` [
6 = eℎQ =7 
bf
a (24)
I [B( ) _gh` [
bf

• Caso B: Extremidade da aleta considerada adiabática.

S
Y Y =0 (25)
Z[

Calculando TN e T( através da Equação (25) e substituindo o resultado na

equação (18), obtemos:

S ]^_` ([$)
= (26)
S\ ]^_` [

17
Utilizando as Equações (26) e (23), obtemos a taxa de transferência de calor da

aleta:

6 = eℎQ =7  tanh 'W (27)

• Caso C: Temperatura na extremidade da aleta especificada ((W) = [ ).

Seguindo o caminho algébrico análogo aos casos anteriores obtemos as

seguintes expressões:

m
S ( n )I BI ([$)
m\
= (28)
S\ I [

m
]^_` [$( n )
m\
6 = eℎQ =  (29)
_gh` [

• Caso D: Aleta muito longa. Neste caso W → ∞,  → 0 e é facilmente

verificado que:

S()
S\
= U $ (30)

6 = eℎQ =  (31)

2. OBJETIVOS

O objetivo do experimento consiste em analisar a transferência de calor em

superfícies estendidas (aletas) cilíndricas de mesmo tamanho, materiais e diâmetros

diferentes, com o intuito de se obter os perfis de temperatura e os coeficientes

convectivos naturais correspondentes.

18
3. METODOLOGIA

3.1. EQUIPAMENTOS E MATERIAIS

No experimento realizado utilizou-se um recipiente de acrílico contendo um

banho termostático (BT) acoplado a um controlador de temperatura. Foram inseridas

neste recipiente uma das extremidades de quatro barras distintas, nomeadas de Barras A,

B, C e D, que possuíam 1,3m de comprimento. A Barra “A” era de aço inox com

diâmetro interno igual a 25mm; a Barra “B” era de aço inox com diâmetro interno igual

a 13mm; A Barra “C” de alumínio com 13mm de diâmetro interno e a Barra “D” de

cobre com 13mm de diâmetro interno. A outra extremidade de cada barra encontrava-se

exposta ao ar ambiente. Ao longo de cada barra existiam dez termopares nas posições

de 50, 100, 150, 250, 350, 450, 600, 750, 900 e 1.500mm a partir da parede do banho

termostático, ligados a um painel digital indicador de temperaturas. O aparato

experimental está representado na Figura 05.

Figura 05: Representação esquemática do experimento

3.2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Inicialmente regulou-se a temperatura do banho termostático (fonte quente) para

a temperatura de 51ºC e esperou-se atingir o regime permanente de transferência de

19
calor ao longo de todas as barras, ou seja, sem variação de temperatura por

aproximadamente 20 minutos (tempo considerável longo). Posteriormente foram

anotadas as temperaturas do banho, ao longo das barras, e a temperatura média

ambiente. Repetiu-se o procedimento para as temperaturas de 64 e 77ºC da fonte

quente, reguladas pelo controlador termostático.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

No presente trabalho, utilizou-se quatro barras metálicas distintas como aletas, e

com comprimento total de 1,3m. Cada barra teve uma das extremidades inseridas em

um banho termostático contendo água (fonte quente) com controlador de temperatura e

a outra extremidade encontrava-se ao ar ambiente. As características e propriedades de

cada aleta são expressas na Tabela 1.

Tabela 1: Características das Aletas

Nomenclatura da Material Diâmetro (in) Diâmetro k


Aleta (m) (W/mK)

A Aço inox 1’ 0,025 15,10

B Aço inox ½’ 0,013 15,10


C Alumínio ½’ 0,013 237,00
D Cobre ½’ 0,013 401,00

Fonte: (Incropera,2011).

Dez termopares foram posicionados ao longo de cada uma das aletas para as
medidas de temperatura. As diferentes posições dos termopares (x) são mostradas na
Tabela 2.

20
Tabela 2: Posições dos diferentes termopares em relação à base das aletas

Termopar Posição (m)

T1 0,05
T2 0,10
T3 0,15
T4 0,25
T5 0,35
T6 0,45
T7 0,60
T8 0,75
T9 0,90
T10 1,15

A partir daí, iniciou-se as medidas de temperatura ao longo das aletas para três

diferentes temperaturas do banho, sendo estas feitas após o sistema entrar em regime

permanente, ou seja, depois que as temperaturas observadas não variavam mais em um

intervalo de tempo consideravelmente longo. As Tabelas 3, 4 e 5 mostram as medidas

observadas por cada um dos termopares para as temperaturas do banho de 51,0 ºC; 64,0

ºC e 77,0 ºC respectivamente.

21
Tabela 3: Temperaturas ao longo das aletas A,B,C e D para Tbanho = 51,0ºC

Experimento 1: Temperatura da fonte quente = 51,0 ºC - Temperatura ambiente = 27,4 ºC

Termopar Temp. barra A (ºC) Temp. barra B (ºC) Temp. barra C (ºC) Temp. barra D (ºC)

T1 39 35 41 42
T2 35 32 39 41
T3 31 28 37 39
T4 29 27 33 36
T5 31 25 32 33
T6 26 27 32 32
T7 27 27 27 30
T8 28 26 28 30
T9 27 27 28 28
T10 28 27 26 29

Tabela 4: Temperaturas ao longo das aletas A,B,C e D para Tbanho = 64,0ºC

Experimento 2: Temperatura da fonte quente = 64,0 ºC - Temperatura ambiente = 27,0 ºC

Termopar Temp. barra A (ºC) Temp. barra B (ºC) Temp. barra C (ºC) Temp. barra D (ºC)

T1 44 39 47 49
T2 38 34 44 46
T3 33 29 41 44
T4 29 27 35 39
T5 31 25 33 35
T6 25 26 33 34
T7 27 27 27 32
T8 27 26 28 31
T9 26 26 28 28
T10 27 26 26 29

22
Tabela 5: Temperaturas ao longo das aletas A,B,C e D para Tbanho = 77,0ºC

Experimento 5: Temperatura da fonte quente = 77,0 ºC - Temperatura ambiente = 27,1 ºC

Termopar Temp. barra A (ºC) Temp. barra B (ºC) Temp. barra C (ºC) Temp. barra D (ºC)

T1 51 45 54 57
T2 41 37 51 53
T3 35 30 47 50
T4 30 27 38 43
T5 31 25 35 38
T6 25 26 34 36
T7 26 27 28 33
T8 27 25 28 32
T9 26 26 28 29
T10 27 26 26 29

É importante ressaltar que o painel elétrico que indica a temperatura registrada

pelos termopares possui uma incerteza de ±1 ºC. Essa incerteza deve ser levada em

conta no tratamento dos dados, corrigindo possíveis erros de leituras que tornam o

experimento inconsistente, como aqueles onde uma temperatura numa posição tem

valor menor do que a temperatura de uma posição maior que esta.

Primeiramente, sabe-se que com o aumento da distância x do termopar à base da

aleta, a temperatura deve diminuir. Entretanto, observou-se que em algumas medidas, o

valor da temperatura diminua com o aumento da distância, aumentava na próxima

posição e permanecia assim oscilando entre aumentar e diminuir, como no Experimento

1, 2 e 3 (com a temperatura do banho quente em 51,0 ºC) para a barra A. Outras vezes,

o valor da temperatura diminua, aumentava na próxima posição e voltava a ficar

diminuir, como no Experimento 1 e 2 para a barra C. Desse modo, ajustou-se alguns

23
valores somando-se ou diminuindo a incerteza de 1 ºC, de modo que os dados ficassem

de acordo com a teoria da transferência de calor.

Além disso, alguns valores foram excluídos do banco de dados, pois, mesmo

considerando a incerteza de 1 ºC, algumas temperaturas ficaram abaixo do valor da

temperatura do ar ambiente, e isso indicaria que o ar ambiente estaria transferindo calor

para as aletas, sendo que o experimento trata do fenômeno oposto, isso ocorreu por

exemplo no Experimento 1, 2 e 3 para a barra B.

A possível causa desses fatos não é conhecida, mas, devido ao mesmo fato ter

sido observado em outros grupos que realizaram a mesma prática, provavelmente estas

medidas inconsistentes provêm de um próprio defeito no arranjo experimental, por

exemplo, alguns termopares apresentaram problemas como o termopar 5 da barra B

sempre marca a temperatura de 25°C. Problemas como esses influenciam bastante nos

resultados experimentais.

Os novos valores de temperatura são expressos nas Tabelas 6, 7 e 8, estando em

negrito aqueles que, por causa da incerteza instrumental, foram modificados e expressos

por um traço os que foram excluídos do banco de dados.

24
Tabela 6: Temperaturas ao longo das aletas A,B,C e D para Tbanho = 51,0ºC

Experimento 1: Temperatura da fonte quente = 51,0 ºC - Temperatura ambiente = 27,4 ºC

Termopar Temp. barra A (ºC) Temp. barra B (ºC) Temp. barra C (ºC) Temp. barra D (ºC)

T1 39 35 41 42
T2 35 32 39 41
T3 31 28 37 39
T4 30 28 33 36
T5 30 - 32 33
T6 - 28 32 32
T7 28 28 28 30
T8 28 - 28 30
T9 28 28 28 28
T10 28 28 - 28

Tabela 7: Temperaturas ao longo das aletas A,B,C e D para Tbanho = 64,0ºC

Experimento 2: Temperatura da fonte quente = 64,0 ºC - Temperatura ambiente = 27,0 ºC

Termopar Temp. barra A (ºC) Temp. barra B (ºC) Temp. barra C (ºC) Temp. barra D (ºC)

T1 44 39 47 49
T2 38 34 44 46
T3 33 29 41 44
T4 30 27 35 39
T5 30 - 33 35
T6 - 27 33 34
T7 27 27 28 32
T8 27 27 28 31
T9 27 27 28 28
T10 27 27 27 28

25
Tabela 8: Temperaturas ao longo das aletas A,B,C e D para Tbanho = 77,0ºC

Experimento 5: Temperatura da fonte quente = 77,0 ºC - Temperatura ambiente = 27,1 ºC

Termopar Temp. barra A (ºC) Temp. barra B (ºC) Temp. barra C (ºC) Temp. barra D (ºC)

T1 51 45 54 57
T2 41 37 51 53
T3 35 30 47 50
T4 30 28 38 43
T5 30 - 35 38
T6 - - 34 36
T7 - 28 28 33
T8 28 - 28 32
T9 - - 28 29
T10 28 - - 29

Observando as Tabelas 6, 7 e 8, pode-se notar que, para as três temperaturas da

fonte quente, as temperaturas dos últimos termopares das barras A, B, C e D chegaram

muito próximo à temperatura do ambiente, podendo ser considerado, dentro das

incertezas das medidas, que alcançou-se uma condição de equilíbrio térmico com este.

Dessa maneira, pode-se dizer que os comprimentos das aletas mencionadas tinham

tamanhos suficientes para que alcançassem este equilíbrio. Dessa maneira, pode-se fazer

a consideração de aletas infinitas para as barras A (inox 1’’), B (inox 1r2 ’’) , C

(alumínio 1r2 ’’) e D (cobre 1r2 ’’). Apenas no Experimento 3, a temperatura do último

termopar da D ficou um pouco mais distante da temperatura do ar ambiente que as

demais, mas se considerarmos a incerteza essa ainda está no intervalo que pode ser

considerado aleta infinita. Para confirmar a validade dessa consideração para todas as

aletas, será feito o cálculo do parâmetro m, Equação 17, considerando aletas finitas e

26
infinitas. Se o valor encontrado for o mesmo, tem-se a validade da consideração de

aletas infinitas. Se não, a barra deve ser considerada finita e que na sua extremidade, o

que calor que chega por condução é dissipado por convecção.

Através dos dados das Tabelas 6, 7 e 8 construiu-se gráficos dos perfis de

temperatura ao longo das quatro aletas para as três situações de temperatura da fonte

quente realizadas experimentalmente, Figuras x, y e z, para as temperaturas do banho de

51°C, 64°C e 77°C, respectivamente.

Barra A
44 Barra B
Barra C
42 Barra D

40

38
Temperatura (°C)

36

34

32

30

28

26
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2
Posiç‫م‬o do termopar (m)

Figura 06: Perfil de Temperatura para as aletas A,B,C e D para Tbanho = 51,0ºC

Barra A
Barra B
50 Barra C
48 Barra D
46
44
42
Temperatura (°C)

40
38
36
34
32
30
28
26

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2


Posiç‫م‬o do Termopar (m)

Figura 07: Perfil de Temperatura para as aletas A,B,C e D para Tbanho = 64,0ºC

27
Barra A
60 Barra B
Barra C
Barra D
55

50

Temperatura (°C)
45

40

35

30

25

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2


Posiç‫م‬o do Termopar (m)

Figura 08: Perfil de Temperatura para as aletas A,B,C e D para Tbanho = 77,0ºC

Através da análise dos pontos dos gráficos das Figuras 06, 07 e 08, bem como

dos dados das Tabelas 1, 6, 7 e 8, percebe-se que as barras de menores constantes de

condutividade térmica alcançaram mais rapidamente o equilíbrio com ar ambiente, de

forma que as temperaturas caíram mais rapidamente como a distância x da base da aleta.

Este fato está de acordo com a característica do processo, onde o calor é transmitido no

interior da barra por condução e é perdido para o ar através da convecção, além disso, as

quatro barras estavam expostas ao mesmo ambiente. Portanto, as extremidades das

barras de menor condutividade térmica recebem menos calor pela condução no material

e perdem a mesma quantidade de calor por convecção, o que resulta em temperaturas

menores do que nas barras de maior condutividade térmica. Além disso, nota-se que

para as barras de mesmo material de diferentes diâmetros, a barra de diâmetro maior

recebe maior quantidade de calor, atingindo temperaturas maiores do que a de diâmetro

menor, por ter uma maior área de troca térmica.

Para a determinação do parâmetro m, inicialmente, calcula-se o adimensional

⁄ usando as Equações 15 e 19. A Tabela 9 mostra os valores do adimensional ⁄

para as três temperaturas da fonte quente usada nos experimentos.

28
Tabela 9: Valores do adimensional / para as diferentes aletas nas diversas
temperaturas do banho

Tbanho= 51,0 ºC ; Tambiente = 27,4 ºC

Termopar Barra A Barra B Barra C Barra D

T1 0,4915 0,3220 0,5763 0,6186


T2 0,3220 0,1949 0,4915 0,5763
T3 0,1525 0,0254 0,4067 0,4915
T4 0,1102 0,0254 0,2373 0,3644
T5 0,1102 - 0,1949 0,2373
T6 - 0,0254 0,1949 0,1949
T7 0,0254 0,0254 0,0254 0,1102
T8 0,0254 - 0,0254 0,1102
T9 0,0254 0,0254 0,0254 0,0254
T10 0,0254 0,0254 - 0,0254

Tbanho = 64,0 ºC ; Tambiente = 27,0 ºC

Termopar Barra A Barra B Barra C Barra D

T1 0,4594 0,3243 0,5405 0,5946


T2 0,2973 0,1892 0,4594 0,5135
T3 0,1622 0,0541 0,3784 0,4595
T4 0,0811 0 0,2162 0,3243
T5 0,0811 - 0,1622 0,2162
T6 - 0 0,1622 0,1892
T7 0 0 0,0270 0,1351
T8 0 0 0,0270 0,1081
T9 0 0 0,0270 0,0270
T10 0 0 0 0,0270

Tbanho = 77,0 ºC ; Tambiente = 27,1 ºC

Termopar Barra A Barra B Barra C Barra D

T1 0,4789 0,3587 0,5391 0,5992

29
T2 0,2785 0,1984 0,4789 0,5190
T3 0,1583 0,0581 0,3988 0,4589
T4 0,0581 0,0180 0,2184 0,3186
T5 0,0581 - 0,1583 0,2184
T6 - - 0,1383 0,1783
T7 - 0,0180 0,0180 0,1182
T8 0,0180 - 0,0180 0,0982
T9 - - 0,0180 0,0381
T10 0,0180 - - 0,0180

A partir dos dados apresentados na tabela 9, foi possível traça os gráficos /


 versus a posição do termopar, para as três diferentes temperaturas do banho.

BarraA
BarraB
0,7 BarraC
BarraD
0,6

0,5

0,4
teta/tetab

0,3

0,2

0,1

0,0

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2


x - posicao do termopar(m)

Figura 09: / versus posição do termopar, temperatura do banho 51°C.

30
BarraA
BarraB
BarraC
0,6 BarraD

0,5

0,4
teta/tetab

0,3

0,2

0,1

0,0

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2


x-posicao do termopar(m)

Figura 10: / versus posição do termopar, temperatura do banho 64°C.

BarraA
BarraB
BarraC
0,6 BarraD

0,5

0,4
teta/tetab

0,3

0,2

0,1

0,0

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2


x-posicao do termopar(m)

Figura 11: / versus posição do termopar, temperatura do banho 77°C.

31
A partir dos dados das tabelas 9, utilizando as equações 22 e 30, com o auxílio

do software Statistica, foram obtidos os valores para o parâmetro m, expostos nas

tabelas 10 e 11.

Tabela 10: Valores do parâmetro m para o caso de aletas finitas.

Barra A Barra B Barra C Barra D

Tbanho = 51,0 ºC ; Tambiente = 27,4 ºC

m (1/m²) 11,9979 20,3451 6,1146 4,4712


R² 0,9094 0,8983 0,8480 0,8872

Tbanho = 64,0 ºC ; Tambiente = 27,0 ºC

m (1/m²) 12,9226 20,0984 6,9306 5,0080


R² 0,9441 0,9551 0,8501 0,8176

Tbanho = 77,0 ºC ; Tambiente = 27,1 ºC

m (1/m²) 13,1389 18,6759 6,7647 5,0602


R² 0,9694 0,9597 0,8610 0,8464

Tabela 11: Valores do parâmetro m para o caso de aletas infinitas.

Barra A Barra B Barra C Barra D

Tbanho = 51,0 ºC ; Tambiente = 27,4 ºC

m (1/m²) 11,9977 20,3451 6,1141 4,4734


R² 0,9094 0,8983 0,8481 0,8869

Tbanho = 64,0 ºC ; Tambiente = 27,0 ºC

m (1/m²) 12,9225 20,0960 6,9295 5,0099


R² 0,9441 0,9551 0,8502 0,8176

Tbanho = 77,0 ºC ; Tambiente = 27,1 ºC

m (1/m²) 13,1390 18,6759 6,7641 5,0617


R² 0,9694 0,9597 0,8610 0,8462

32
Comparando-se os dados obtidos, nas tabelas 10 e 11, para os coeficientes m de

cada aleta, nota-se que a validade da consideração de aletas infinitas para as quatro

barras nas três diferentes temperaturas do banho. Entretanto, a partir da observação dos

valores de R² é notável que os dados experimentais não se ajustam adequadamente às

equações teóricas, 22 e 30. Isso pode ser explicado de acordo com os problemas já

relatados anteriormente.

Para o cálculo do coeficiente de convecção natural é necessário o conhecimento

da condutividade térmica associada ao material de cada barra, estes podem ser

encontrados na Tabela 1. Vale ressaltar que há mudanças na condutividade térmica com

a variação da temperatura, porém este gradiente é muito pequeno, podendo ser

considerado um valor médio encontrado na literatura, não afetando assim o resultado

final.

Além destes dados, foram utilizados os resultados expressos na Tabela 11. Em

posses destes, foi utilizada a Equação 17, e os respectivos coeficientes convectivos estão

expressos na tabela 12.

33
Tabela 12: Valores do coeficiente de convecção natural (h).

Barra A Barra B Barra C Barra D

Tbanho = 51,0 ºC ; Tambiente = 27,4 ºC

m (1/m²) 11,9977 20,3451 6,1141 4,4734


h(W/K.m²) 13,5848 20,3133 28,7937 26,0797

Tbanho = 64,0 ºC ; Tambiente = 27,0 ºC

m (1/m²) 12,9225 20,0960 6,9295 5,0099


h(W/K.m²) 15,7598 19,8189 36,9858 32,7104

Tbanho = 77,0 ºC ; Tambiente = 27,1 ºC

m (1/m²) 13,1390 18,6759 6,7641 5,0617


h(W/K.m²) 16,2923 17,1168 35,2413 33,3903

De acordo com a literatura (ÇENGEL, 2009; INCROPERA et al, 2011), em

processos de convecção natural onde o meio é o ar, o coeficiente convectivo deve estar

compreendido entre 5 e 30 W/K.m². Analisando os valores obtidos através da tabela 12,

nota-se que as barras A e B comportam-se exatamente como explica a literatura.

Entretanto, as barras C e D encontram-se dentro da faixa apenas na primeira

temperatura. Esta variação não é tão brusca, podendo ter sido causada por pequenos

fatores no decorrer do experimento, como termopares desajustados, grandes incertezas

do painel eletrônico, e uma possível área de estagnação do ar onde o equipamento foi

montado, dificultando assim a circulação do ar que provoca a convecção natural.

Por fim, de posse dos coeficientes convectivos naturais para cada barra em cada

temperatura, foi possível realizar o confronto dos parâmetros obtidos com a equação

teórica que rege o fenômeno. Utilizando os dados das tabelas 9 e 12, associando-se com

a Equação 30 para aletas infinitas, foram traçados os gráficos dos adimensionais versus

34
a posição do termopar, e analisar a semelhança das curvas traçadas com o modelo

teórico.

BarraA
BarraB
0,7 BarraC
BarraD
0,6

0,5

0,4
teta/tetab

0,3

0,2

0,1

0,0

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2


x - posicao do termopar(m)

Figura 12: Pontos obtidos experimentalmente e curvas teóricas para o banho a 51°C.

BarraA
BarraB
BarraC
0,6 BarraD

0,5

0,4
teta/tetab

0,3

0,2

0,1

0,0

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2


x-posicao do termopar(m)

Figura 13: Pontos obtidos experimentalmente e curvas teóricas para o banho a 64°C.

35
BarraA
BarraB
BarraC
0,6 BarraD

0,5

0,4
teta/tetab

0,3

0,2

0,1

0,0

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2


x-posicao do termopar(m)

Figura 14: Pontos obtidos experimentalmente e curvas teóricas para o banho a 77°C.

Através da análise dos gráficos (figuras 12, 13 e 14) fica evidente que apenas a

barra B obedece com mais suavidade a curva exponencial imposta pelo ajuste teórico, a

barra A aproxima-se também do ajuste teórico, porém as barras C e D distanciam-se

bastante deste ajuste. A não obediência dos dados experimentais as curvas exponenciais

teóricas pode ser explicada através das grandes incertezas associadas a cada leitura de

temperatura, a prováveis defeitos em alguns termopares, e algum problema de

circulação de ar no ambiente onde o equipamento encontrava-se.

36
5. CONCLUSÕES

Diante do exposto, conclui-se que os objetivos deste trabalho foram alcançados,

embora alguns problemas com o arranjo experimental, como termopares desajustados,

grandes incertezas do painel eletrônico, e uma possível área de estagnação do ar onde o

equipamento foi montado, dificultando assim a circulação do ar que provoca a

convecção natural, tenham influenciado em algumas medidas de temperatura.

A influência da constante de condutividade térmica do material da aleta (assim

como a influência do diâmetro da barra) sobre o perfil de temperatura foi estudada e

percebeu-se que as barras de menores constantes de condutividade térmica alcançaram

mais rapidamente o equilíbrio com ar ambiente, de forma que as temperaturas caíram

mais rapidamente como a distância x da base da aleta. Além disso, nota-se que para as

barras de mesmo material e de diferentes diâmetros, a barra de diâmetro maior recebe

maior quantidade de calor, atingindo temperaturas maiores do que a de diâmetro menor,

por ter uma maior área de troca térmica.

Através dos ajustes do adimensional das temperaturas com a posição do

termopar, estimou-se os valores do parâmetro m e do coeficiente convectivo de troca

térmica para o ar atmosférico. Apesar do ajuste dos dados experimentais terem

fornecidos resultados ruins, os valores estimados para o coeficiente h tiveram grandezas

próximas do resultado esperado. Tem-se da literatura que o coeficiente de convecção

natural onde o meio é o ar, deve estar compreendido entre 5 e 30 W/K.m². Analisando

os dados, nota-se que as barras A e B comportam-se exatamente como explica a

literatura. Entretanto, as barras C e D encontram-se dentro da faixa apenas na primeira

temperatura. A variação que não foi tão brusca, pode ter sido causada pelos problemas

já relatados.

37
Para que esses problemas fossem evitados em trabalhos futuros, sugerem-se

modificações no aparato instrumental, utilizando equipamentos de medição de

temperatura que forneçam valores com uma incerteza menor e devidamente calibrados,

evitando assim problemas na leitura das medidas, como termopares que só medem uma

temperatura e outros que mostram temperaturas abaixo da temperatura do ar ambiente.

6. REFERÊNCIAS

ÇENGEL, Y. A. Transferência de Calor e Massa – Uma Abordagem Prática. São

Paulo: McGraw-Hill, 2009, 3 ed. 17-29, 159-164p.

INCROPERA, F. P.; DEWITT, D. P.; BERGMAN, T. L.; LAVINE, A. S. Fundamentos

de Transferência de Calor e Massa. Rio de Janeiro: LTC, 2011, 6 ed. 2-9, 84-88p.

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