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Sendo a transferência de calor por convecção natural, um fenômeno físico de extrema importância,
devido ao fato de suas numerosas aplicações na engenharia, o presente trabalho teve como objetivo
através desse relatório, analisar a transferência de calor por convecção natural em três barras
cilíndricas metálicas contendo três materiais diferentes, sendo eles cobre, alumínio e inox. As barras
de mesmo comprimento e diâmetro, com uma das extremidades isoladas e a outra exposta a um banho
termostático primeiramente a 54°C e, num segundo momento, aumentando para 80°C, registrando as
variações de temperaturas do processo. A partir da obtenção destes dados, é possível obter os perfis
de temperaturas e os coeficientes de convecção naturais das barras, sendo esses coeficientes
calculados tanto pelos dados retirados dos experimentos quando pela literatura. Obteve-se como
resultado que os metais, cobre e alumínio são melhores condutores térmicos se comparados com o
inox, ou seja, o inox é mais resistente a transferência de calor, relatou-se também grande diferença
entre o coeficiente convectivo teórico e experimental.
𝛽 = 𝑚². 𝛼 (1.6)
𝜕𝑇 𝜕²𝑇 ℎ𝑥 𝑃
=𝛼 − (𝑇 − 𝑇∞ ) (1.4)
𝜕𝑡 𝜕𝑥² 𝐶𝑝 𝜌𝐴 Onde: ℎ. 𝑃 (1.7)
m² =
𝑘. 𝐴
As condições de contorno adotadas na 𝑃 é o perímetro = 4πD
resolução da Equação (1.3) são:
No tempo, considera-se T = T∞, para t 2°) A expressão do perfil de
= 0; na posição, para x = 0 toma-se T = T0. A temperatura para o regime permanente pode
segunda condição de contorno para a posição ser obtida levando a Equação (1.5) ao limite
(ou seja, para a extremidade oposta da barra) (𝐭 → ∞), ou então integrando-se a equação
pode ser assumida de três formas distintas: (1.4) com ∂T / ∂t = 0. Desta forma obtém-se:
- Para a condição de contorno do
1º) T = T∞, para x → ∞ (barra semi- primeiro tipo:
infinita), que será chamada condição de
contorno de primeiro tipo.
(T − T∞ )/(T0 − T∞ ) = 𝑒 −𝑚𝑥 (1.8)
𝜕𝑇
2°) = 0, para x=L (barra com - Para a condição de contorno do
𝜕𝑡
extremidade isolada); chamada condição de segundo tipo:
contorno de segundo tipo.
(T − T∞ )/(T0 − T∞ ) =
𝜕𝑇 cos ℎ[𝑚. (𝐿. 𝑥)]/𝑐𝑜𝑠 ℎ (𝑚. 𝐿) (1.9)
3°) −𝐾 𝜕𝑡 |𝑥=𝐿 = ℎ(𝑇 − 𝑇∞ ), em x=L
(igualando o calor transmitido por convecção São também conhecidos, métodos
pela extremidade com o calor transmitido por onde, através de correlações empíricas pode-se
condução na barra em x = L), chamada calcular o número adimensional de Nusselt,
condição de contorno de terceiro tipo. que por sua vez, é utilizado para obtenção do
Lembrando que, a solução diferencial coeficiente convectivo natural.
da Equação 1.4 toma formas diferentes
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Para um cilindro horizontal isotérmico, Como:
pode-se utilizar a correlação de Churchill e • ℎ𝑒𝑥𝑝 : Coeficiente convectivo
Chu, que abrange uma ampla faixa do número experimental (W/m² 𝐾);
de Rayleigh: • 𝐾: Condutividade térmica (W/m𝐾);
𝟐
• 𝐴: Área de troca térmica (m²);
𝟏
• 𝑃: Perímetro de troca térmica (m²);
𝟎, 𝟑𝟖𝟕𝑹𝒂𝟔 • m: Coeficiente angular da reta (-).
𝑵𝐮 = 𝟎, 𝟔 + 𝟓
𝟗 𝟐
[𝟏 + (𝟎, 𝟓𝟓𝟗) 𝟏𝟔 ] Neste caso, como trata-se de uma barra
{ 𝑷𝒓 } (1.10)
cilíndrica, os valores de A e P podem ser
encontrados pelas Equações 1.13 e 1.14,
Tomando como, Pr o número de respectivamente:
Prandtl e Ra valores de Rayleigh.
𝜋𝐷² (1.13)
1.3. Coeficiente Convectivo Teórico 𝐴=
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De acordo com Çengel (2012) o 𝑃 = 4𝜋𝐷 (1.14)
coeficiente de transferência de calor
convectivo depende muito da velocidade, eles Considerando 𝐷 como diâmetro do
são diretamente proporcionais. As velocidades cilindro (m).
do fluido nos processos de convecção natural Já o para o cálculo do valor de m é
são baixas, ou quase nulas, quando utilizada a seguinte Equação:
comparadas com os processos de convecção
𝐓−𝐓∞
forçada, por isso o coeficiente convectivo em ln (𝐓 )=𝑒 −𝑚𝑥 (1.15)
𝟎 −𝐓∞
processos naturais é relativamente mais baixo.
Após encontrar as grandezas físicas
necessárias, torna-se possível calcular o Quando:
coeficiente convectivo teórico através da • T: Temperatura do ambiente (K);
equação: • T0 : Temperatura inicial (K);
• T: Temperatura no ponto (K).
𝑁𝑢. 𝐾𝑎𝑟
ℎ= (1.11)
𝐷
2. Materiais e Métodos
Nos quais:
• ℎ: Coeficiente convectivo teórico (𝑊/
𝑚²𝐾); 2.1. Materiais
• 𝑁𝑢: Número de Nusselt (−);
• 𝐾𝑎𝑟: Condutividade térmica do ar Para esse experimento foram utilizados
(𝑊/𝑚²𝐾); os seguintes equipamentos: 3 barras de
materiais distintos (cobre – barra A, alumínio–
1.4. Coeficiente Convectivo barra B e inox – barra C) de 1⁄2” de diâmetro e
Experimental 1 metro de comprimento, com uma
extremidade em um banho termostático com
O coeficiente convectivo experimental água e a outra isolada termicamente com o
pode ser encontrado através da Equação 1.12: auxílio de pedaços de isopor.
Os termopares, utilizados para medir as
𝑚2 . 𝐾. 𝐴 temperaturas em seus respectivos pontos, são
ℎ𝑒𝑥𝑝 = (1.12) devidamente calibrados e conectados ao
𝑃
indicador de temperatura. Estavam
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distribuídos de modo que: entre o banho e o Figura 4: Indicadores de temperatura.
primeiro sensor temos 2 cm; entre o primeiro e
o segundo sensor temos 5 cm; do terceiro ao
sétimo temos intervalos iguais de 7 cm; o
oitavo encontra-se no final da barra.
Na Figuras 2 pode-se analisar as 3
barras circulares, Figura 3 o recipiente de
banho termostático e na Figura 4 os
indicadores de temperatura.
2.2. Métodos
3. Resultados e Discussões
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teórica e experimental o coeficiente Para determinar o coeficiente
convectivo do processo. convectivo (h) experimental, foi necessário
Posteriormente a análise dos dados efetuar cálculos para a identificação do
plotados nos gráficos resultantes, obtidos no parâmetro “m”, que foi obtido através do
processo experimental, verifica-se a gráfico (T − T∞ )/(T0 − T∞ ) vs. posição. O
diminuição da temperatura ao longo das parâmetro “m” é o que acompanha o x numa
barras, constatou-se com a observação dos equação do tipo y = eax.
dados e dos gráficos também, que as barras A Após realizar os cálculos e analisar os
e B (Cobre e Alumínio) possuem dados, plotou-se os seguintes gráficos,
condutividades similares, quando comparadas mostrados a seguir, para as temperaturas de
a barra C (Inox). Como resultado prático, 54ºC e 80ºC respectivamente, estes relacionam
considera-se que as barras A e B são melhores o parâmetro m com a posição linear na barra
condutores que a barra C, ou seja, a barra de para os três materiais propostos.
inox possui uma maior resistência à Observa-se o padrão, conforme a
transferência de calor, fato já conhecido por o realidade esperada para os materiais,
inox apresentar condutividade do material comportamentos semelhantes para cobre e
significativamente menor. alumínio e uma leve divergência no
Enquanto a condutividade do cobre e comportamento com o inox, em relação aos
do alumínio são de respectivamente 401 W/m demais, conclui-se que isto é devido as
e 237W/m.K (à T= 25ºC), sendo portanto, propriedades de condutividade do material que
relativamente próximas, justificando o perfil serão mais exploradas a seguir.
de temperatura muito semelhante entre os
pontos a condutividade do aço inox é de 14,01 Figura 5: Gráfico do parâmetro m versus a posição na
W/m.K, logo, significativamente menor que as barra para 54ºC.
demais.
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Pode-se visualizar na Tabela 1 as teóricos e de cálculo, considera-se que o calor
informações dos parâmetros “m” para cada não chega até o final da barra, pois há a
situação. dissipação da energia para o meio isso é
considerada quando se avaliam as condições
Tabela 1: Constante “m”. de sólido semi-infinito e extremidade da barra
isolada.
Barra A Barra B Barra C
Utilizando os dados já apresentados
m - 54°C 1,9002 1,5055 1,1295
formulou-se tabelas de erros, apresentadas
m - 80°C 2,4002 1,8848 1,9356
abaixo, sendo as Tabela 4 e 5, considera-se a
variação entre os valores experimentais e
Com as constantes já determinadas, foi teóricos de h para as temperaturas de 54°C e
possível determinar o coeficiente convectivo 80°C respectivamente.
de calor experimental e teórico h para
convecção natural. Abaixo tem-se a Tabela 1 e Tabela 4: Valores de erro percentual de h para 54 °C.
2 com valores de h obtidos para as duas
situações (banho 54ºC e 80ºC). hexp Erro
hteo (W/m²K)
(W/m²K) (%)
Tabela 2: Valor de h experimental. Barra A 4,597129414 7,833151403 41,31
Barra B 1,70550735 9,363969672 81,79
Barra A Barra B Barra C Barra C 0,060353501 7,857265329 99,23
Os dados gerais, necessários para realização dos cálculos, tanto do coeficiente convectivo
experimental (ℎ𝑒𝑥𝑝 ), quanto do coeficiente convectivo teórico (ℎ𝑡𝑒𝑜 ) estão listados na Tabela 8.
Dados Gerais
K - Cobre (W/mk) 401
K - Alumínio (W/mk) 237
K - Aço Inox (W/mk) 14,9
Viscosidade do ar (m²/s) 0,00001516
Diâmetro das barras (m) 0,0127
Aceleração da Gravidade (m/s²) 9,81
Temperatura Ambiente (K) 293
Para o cálculo do Nusselt, usou-se os dados obtidos através de interpolações e equações listadas
acima. Considera-se os valores adquiridos nas Tabelas 10, 11 e 12.
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Tabela 12: Valores de Prandtl encontrados a partir de interpolação.
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