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Aula 12. Fundamentos sobre coeficiente convectivo de transferência de calor. Problema resolvido.

 Nesta análise é destacado o seguinte:

 É apresentada uma síntese sobre convecção e sobre coeficiente convectivo de transferência de calor, h.
 A convecção é observada em fatos simples do cotidiano, tais como alguns citados a seguir.
 Por exemplo, quando alguém usa um ventilador para movimentar o ar em um ambiente, transferindo calor
entre o ar e um sólido, ou entre o ar e um líquido etc.
 Por exemplo, quando o ar em movimento passa acima de uma piscina (ou acima do mar) ocorre transferência
de calor por convecção entre o ar e a água contida na piscina (ou no mar). Também pode ocorrer transferência
de matéria por convecção entre o ar e a água etc.
 Por exemplo, quando é aquecida água em um recipiente; ocorre convecção que inicialmente pode ser quase
imperceptível a olho nu, mas à medida que o processo continua pode se transformar em uma agitação vigorosa
etc.
 É resolvido um problema.

1) Fundamentos sobre coeficiente convectivo de transferência de calor, h.

 Referências:
 Bird, R.B., Stewart, W.E., Lightfoot, E. Transport phenomena, Wiley, 2002.
 Cleland, A.C. Heat transfer during freezing of foods and prediction of freezing times. Ph.D. thesis, Massey
University, New Zealand, 1977.

 São apresentados na figura seguinte vários exemplos simples de transferência de calor por convecção.
 Uma esfera de aço aquecida a 50 ℃ é deixada cair na vertical de uma altura de 10 m no ar ambiente, que
inicialmente está a 30 ℃.
 Neste fenômeno convectivo existe movimento relativo entre a esfera e o ar ambiente.
 Devido ao movimento na vertical da esfera, também denominado convecção, haverá transferência de calor
da esfera para o ar ambiente.

 Queda de uma esfera de aço 50 ℃ em um recipiente contendo água, com transferência de calor da esfera
para a água líquida que está inicialmente a 30 ℃.

 Esfera aquecida por convecção devido à ebulição da água no recipiente.

Fig. 1. Situações simples nas quais ocorre transferência de calor por convecção.

 Seja o esquema na figura seguinte de uma parede ou placa submetida a convecção em uma das suas
superfícies, no estado estacionário.
T1
T1
x=0 L

T∞
T2, hconv

T1

T∞

T2, hconv

T1
x=0 x=L

Fig. 2. Parede ou placa submetida a temperatura constante em uma superfície e a convecção em outra superfície.

 Neste esquema são analisados dois fenômenos de transferência de calor.


 Um deles é a convecção que entra pelo lado direito da placa. Este fenômeno será detalhadamente
discutido neste texto.
 O outro é a condução de calor através da placa.
 E a igualdade do fluxo convectivo de transferência de calor na superfície direita da placa com o fluxo condutivo
de transferência de calor através da placa, no estado estacionário.

 Quando ocorre transferência de calor por convecção?


 Ocorre, por exemplo, quando existe movimento relativo entre um fluido e um sólido, e as superfícies dos dois
estão a temperaturas diferentes, possibilitando a transferência de calor por convecção.
 Ocorre convecção, podendo ser transferido calor ou matéria ou quantidade de movimento, quando um fluido se
move sobre a superfície de um sólido.
 Também ocorre convecção quando o sólido é movido por alguma força e o fluido permanece sem movimento.
Mas, nesta situação ocorre movimento relativo entre sólido e fluido, resultando em convecção.
 Ou seja, o transporte convectivo de calor existe quando ocorre o movimento global de um material, podendo
ser, por exemplo, um sólido, um fluido ou outro tipo de material.

 Na Tabela 1 são apresentadas faixas de valores de coeficientes convectivos de transferência de calor, h.

 Estes valores são somente ilustrativos. Se for possível, o melhor é obter o coeficiente convectivo para cada
situação analisada. Se não for possível obter o coeficiente convectivo experimentalmente, então podem ser
obtidos por correlações da literatura ou por modelagem usando métodos analíticos ou numéricos etc.
 Os valores dos coeficientes convectivos (h) dependem das propriedades dos fluidos, tais como densidade 
(kg/m3), calor específico Cp (J/(kg℃)) e condutividade térmica k (W/(m℃)). Além disto, os valores de (h)
dependem da geometria do objeto usado para determinar (h), assim como do tipo de fluxo do fluido sobre a
superfície do objeto (fluxo paralelo à superfície, fluxo perpendicular à superfície ou fluxo inclinado em relação
à superfície do objeto).

Tabela 1. Coeficientes convectivos de transferência de calor (Bird et al, 1960, Tabela 13.1-1, Bird et al, 2002, Tabela
14.1-1), com 1 kcal/(h.m2℃) = 1,162 W/(m2℃).

Processo hconv (W/(m2℃))


Convecção
 Gases 3,5 a 116
 Líquidos 116 a 11.622
Convecção com mudança de fase
 Ebulição ou condensação 1.162 a 116.222

 Para que serve e como pode ser obtido experimentalmente o coeficiente convectivo de transferência de
calor (h)?
 O coeficiente (h) serve para cálculos quando existem convecção e transferência de calor entre uma superfície e
um fluido ou entre dois fluidos ou algo similar.
 Quando deve ser obtido (h) experimentalmente?
 Sempre que for possível, é preferível obter (h) experimentalmente. Se não for possível, ele pode ser obtido de
correlações ou equações simplificadas encontradas na literatura. Também pode ser obtido combinando
simulação computacional e experimento, tentando obter o melhor (h).
 Em um experimento o valor de (h) pode ser obtido, por exemplo, pelo esfriamento ou pelo o aquecimento de
um sólido, a partir do movimento global de um fluido sobre a superfície interna ou externa do objeto.

2) Condução de calor em uma placa com convecção em uma das superfícies e temperatura constante na
outra superfície, no estado estacionário.

 Seja o esquema apresentado na figura seguinte, destacando o coeficiente convectivo de transferência de calor
e a temperatura longe da superfície da placa .

T∞

T2, hconv

T1
x=0 x=L

Fig. 3. Placa ou parede submetida a temperatura constante em uma superfície e a convecção em outra superfície.

 Resolva o problema de transferência de calor em uma placa sólida de espessura (L) partindo da e equação da
condução de calor para densidade constante ρ (kg/m3), no estado estacionário:

(1)

 Obtenha o perfil de temperatura no estado estacionário T = f(x) e o fluxo de calor qx(x), admitindo que uma
placa de espessura L, no tempo t → ∞ está submetida na superfície x = 0 a (T1) e em x = +L está submetida a
uma temperatura (T2), devido a um coeficiente convectivo (hconv) em um meio a temperatura (T∞). Ou seja:
(2)

 A Eq. (1) é uma equação de segunda ordem, que precisa ser integrada duas vezes para obter a sua solução.
 A solução é do tipo , mas, mesmo assim, são realizados os passos para a obtenção da solução.
 Ou seja, integrando duas vezes a Eq. (1), resulta:

 Primeiro são multiplicados ambos membros por (-1), simplificado o termo no primeiro (3)
membro e integrada a primeira vez como integral indefinida.
 Nota-se que o sinal de integral é combinado com o sinal de diferencial resultando em
no primeiro membro e uma constante de integração é obtida no segundo membro.

 Integrando como integral indefinida:

 Multiplicando ambos membros por , simplificando no primeiro membro e integrando a


segunda vez, resulta:

 Integrando:
 Substituindo as condições de contorno da Eq. (2) na Eq. (3), são obtidas as constantes (C1) e (C2).
 Substituindo (C1) e (C2) na Eq. (3) é obtido o perfil de temperatura no estado estacionário T(x):

(4)

 Subtraindo as duas equações anteriores, é cancelada e é obtida :

 Ou seja, isolando :

 Substituindo (C1) na equação , é obtida :

 Isolando :

 Simplificando (k) e (L), resulta:

 Substituindo e na Eq.(3), simplificando (k) e reorganizando a equação é


obtido o perfil de temperatura T(x):

 Fazendo x = 0 na equação anterior, é confirmada a primeira condição de contorno, .


 Fazendo x = L é confirmada a segunda condição de contorno, depois de simplificar (L),
.

 Geralmente é conhecida a temperatura longe da superfície (T∞) e o coeficiente convectivo (hconv), mas a
temperatura (T2) comumente não é conhecida antes do processo de resolução do problema e deve ser
obtida durante a solução.
 O fluxo de calor em qualquer posição da placa é dado por , no estado estacionário. Portanto,
para (k) constante e sem geração de energia na placa, o fluxo na superfície em x = +L é dado de maneira
simplificada no estado estacionário por:

(5)

 O fluxo convectivo em x = +L entra na placa pelo lado direito, ou seja, ele é negativo, sendo dado para a
presente situação por:

(6)

 Mas, na superfície em x = +L o fluxo condutivo é igual ao convectivo . Então, igualando as Eqs.


(5) e (6) é obtida a temperatura desconhecida (T2):

(7)

 Reorganizando a equação anterior, resulta:

 Isolando (T2), resulta:


 Substituindo a temperatura que agora é conhecida (T2) da Eq. (7) na Eq. (4), é obtido o perfil T(x) incluindo o
valor de :

(8)

 Substituindo na equação anterior, resulta o perfil de temperatura


com influência de :

 Fazendo x = 0 na equação anterior é confirmada a primeira condição de contorno, ou seja, .


 Fazendo x = +L, cancelando , simplificando , é obtida e é confirmada a segunda
condição de contorno:

 O fluxo de calor pode ser calculado pela Eq. (5), do fluxo condutivo, ou pela Eq. (6), do fluxo convectivo. Mas,
também pode ser calculado substituindo a Eq. (8) na Eq. (5).
 Substituindo , na equação , é obtido o fluxo
convectivo:

(9)

 Substituindo na equação , é obtido o fluxo


condutivo:

(10)

 Ou, então, substituindo o perfil de temperatura , na


equação é obtido o fluxo:
(11)

 Derivando em relação a (x), todas as derivadas resultam em zero, menos a derivada :

 Reorganizando a equação anterior, o fluxo resulta:

 Os valores dos fluxos das Eqs. (10) e (11) são iguais, mesmo as equações sendo obtidas por procedimentos
diferentes.
 Também pode ser confirmado através de cálculos que o valor do fluxo convectivo da Eq. (9) é igual ao fluxo
condutivo da Eq. (10) ou Eq. (11), no estado estacionário.

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