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Disciplina: GCETENS 145 - Fenômenos de

Transportes
Aula 1: Conceitos Fundamentais da
Transferência de Calor

Rebecca S. Andrade
Tema 1. Conceitos básicos
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
1.1. Definições:

 Transferência de calor (ou calor): é a energia térmica em


trânsito devido a uma diferença de temperatura.
 Sempre que houver uma diferença de temperatura em um meio
ou entre meios, ocorre, necessariamente, transferência de
calor.
 A transferência se dá do meio mais quente para o meio mais
frio.
1.2. Mecanismos da Transferência de Calor:
Condução: transferência de calor através de um meio (fluido ou sólido)
estacionário, quando existe uma diferença de temperatura.
Convecção: transferência de calor entre uma superfície e um fluido em
movimento, quando eles se encontram a diferentes temperaturas.
Radiação: transferência de calor entre duas superfícies, que emitem
energia na forma de ondas eletromagnéticas, a diferentes
temperaturas, na ausência de um meio que se interponha entre
elas. Não precisa de meio de trasmisão
MECANISMOS FÍSICOS E EQUAÇÕES DAS TAXAS DE CALOR
Condução
 Envolve processo físicos a nível de atividade atômica e
molecular.
 Transferência de energia das partículas mais energéticas para
as partículas de menor energia, em um meio, devido às
interações entre elas.
 Mecanismo físico da condução (exemplo):
 Consideração: fluido no qual exista um gradiente de temperatura.
 Suposições:
• Não há movimento de mistura.
• O fluido está contido entre duas superfícies mantidas a diferentes
temperaturas.
• A temperatura em qualquer ponto pode ser associada à energia das
moléculas em torno desse ponto.
• Colisão entre moléculas: transferência de energia da molécula mais
energética para a menos energética.
 Sólidos:
 Mecanismo de atividade atômica na forma de vibrações dos
retículos cristalinos.
 Visão moderna: transferência associada a ondas na estrutura dos
retículos.
 Exemplos de transferência de calor por condução:
 Ponta de uma colher de metal imersa em uma xícara de café
quente.
 Dias de inverno: perda de aquecimento de uma sala para o
ambiente externo.
CONDUÇÃO
CONDUÇÃO OU DIFUSÃO DE ENERGIA se refere à
transmissão de energia através de atividade atômica e
molecular, sem apreciável deslocamento de matéria. No caso
molecular, as interações entre moléculas com maior nível de
energia e moléculas com menores níveis de energia levam à
transferência de calor naquele meio.
O calor flui de uma região de temperatura mais alta para outra mais
baixa, dentro de um meio (sólido, líquido ou gasoso) ou entre
meios diferentes em contato físico.
A transferência ocorre sempre no sentido da diminuição de
temperatura.
Nos fluidos, a condução é usualmente combinada com a
convecção e, em alguns casos, a radiação.
Em geral, a ocorrência de condução está associada à um
meio SÓLIDO como no caso da perda de calor de uma sala
para um ambiente externo através da condução de calor
através da parede da sala.
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

1.2.1. Condução

Ocorre em sólidos, líquidos e gases em repouso.

A  T1  T2 
qx qx 
x
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

1.2.1. Condução

Ocorre em sólidos, líquidos e gases em repouso.

Figura 1.2: Associação da transferência de calor por condução à difusão


de energia devido à atividade molecular
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

1.2.1. Condução

Lei de Fourier

dT dT
q' ' x   k q x  q' ' x A   k A
dx dx
onde:
q’’ – Fluxo de calor [W/m2]
q – Taxa de calor [W]
k – Condutividade Térmica [W/moC]
A – Área [m2]
dT/dx – Gradiente de temperatura [oC/m]
Cálculo da taxa/fluxo de transferência de calor por condução
(LEI DE FOURIER).

dT W  W 
q x  k qx   2  k 
dx m   m  K 
qx é FLUXO DE CALOR QUE É A TAXA DE TRANSFERÊNCIA DE
CALOR NA DIREÇÃO x POR UNIDADE DE ÁREA
PERPENDICULAR À DIREÇÃO DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR.
Portanto, a Lei de Fourier estabelece que o fluxo de calor é
PROPORCIONAL ao gradiente de temperatura na direção na qual
está ocorrendo o fluxo. O sinal negativo deve-se ao fato de que
o gradiente de temperatura é NEGATIVO pois o calor flui da
região de maior temperatura para a de menor temperatura. A
CONSTANTE DE PROPORCIONALIDADE É A CONDUTIVIDADE
TÉRMICA QUE DEPENDE DO MATERIAL.

LEI DE FOURIER NA FORMA VETORIAL


q  kT q é o vetor fluxo de calor
Transferência de calor por condução em uma parede plana
(regime permanente).

qx dT
qx '  k q x é taxa de transferência 
A dx
dT
q x  k  A   q x  dx  k  A  dT
dx
L T2

q x   dx   k  A   dT
0 T1

kA kA
qx    T2  T1    T1  T2 
L L
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
1.2.1. Condução
Condutividade térmica (ver DIPPR e handbooks!!)
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

1.2.1. Condução

Condutividade térmica
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

Exemplo:
A parede da fornalha de uma caldeira é construída de tijolos
refratários com 0,20m de espessura e condutividade
térmica de 1,3 W/mK. A temperatura da parede interna é de
1127oC e a temperatura da parede externa é de 827oC.
Determinar a taxa de calor perdido através de uma parede
com 1,8m por 2,0 m.
Dados: Solução
x = 0,20 m
q  kA
Ti  Te 
k = 1,3 [W/moC]
x
Ti = 1127 oC
Te = 827 oC q  1,3 . 3,6
1127  827 
A = 1,8.2,0 = 3,6 m2 0,20
q  7020 W
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
1.2.2. Convecção
Quando um fluido a uma temperatura escoa sobre uma
superfície sólida a temperatura diferente, ocorrerá
transferência de calor entre fluido e sólido, como
conseqüência do movimento do fluido em relação a
superfície.

Abrange dois mecanismos:


- Difusão: Um exemplo de fenômeno de transporte de matéria onde
um soluto é transportado devido aos movimentos das moléculas de
um fluido (líquido ou gás), pelo movimento térmico de todos as
partículas a temperaturas acima do zero absoluto. Estes movimentos
fazem que, macroscópicamente, o soluto passe das zonas mais
elevadas ás menos elevadas de concentração. Analogia com calor….
- Advecção: Na Advecção a propriedade é transferida devido a um
movimento preferencial bem definido. Podem ser citado como
exemplos os escoamentos em rios e condutos forçados
Tipos de Convecção:

 Convecção forçada: o escoamento é causado por meios


externos (ventilador, bomba, ventos atmosféricos, etc).
 Convecção livre ou natural: o escoamento é induzido por
forças de empuxo, originadas por diferenças de densidade,
causadas por variações de temperatura do fluido.
 Convecção: transferência de energia no interior do fluido devido à
combinação dos efeitos de condução e do movimento global do
fluido.
 Energia transferida: energia sensível ou térmica interna do fluido.
 Outros processos de convecção: envolvem também troca de
calor latente.
 Mais comuns: ebulição e condensação.
CONVECÇÃO
A transferência de calor por convecção envolve a troca de
energia entre uma superfície e um fluido adjacente.
Energia é transferida por movimento molecular (difusão) e também
através do movimento global, ou macroscópico, do fluido
(ADVECÇÃO). Mecanismo combinado (SUPERPOSIÇÃO DE
EFEITOS) de condução de calor e movimento de mistura. O
movimento significa que um grande número de moléculas está se
movimentando COLETIVAMENTE.
A CONVECÇÃO está associada à formação de uma camada limite
térmica quando um fluido, em movimento, entra em contato com
uma superfície cuja temperatura é diferente da temperatura do
fluido. A camada limite térmica se desenvolve simultaneamente à
camada limite hidrodinâmica podendo ter espessura igual, maior
ou menor do que esta última.
A CONVECÇÃO FORÇADA ocorre quando o escoamento do fluido
é provocado por meios externos (bomba, ventilador, compressor).
Na CONVECÇÃO NATURAL, o escoamento é provocado por
forças de empuxo devido à diferença de densidade, causadas por
variações na temperatura do fluido.
Equação da taxa para a transmissão de calor, por convecção,
entre uma superfície e um fluido (LEI DE NEWTON do
resfriamento).
Coeficiente de transferência de calor por convecção (h)

q  h  Ts  T   q é fluxo de calor


Ts  temperatura da superfície.
T  temperatura do fluido.
W  W 
q 2 h   2   coeficiente convectivo
m  m  K 
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

1.2.2. Convecção

A convecção pode ser natural ou forçada.


 Convecção Natural
O movimento ocorre devido a diferença de densidade

q
V

TW > T 
T

TW
ar
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

1.2.2. Convecção

A convecção pode ser natural ou forçada.


 Convecção Forçada
O movimento ocorre devido a um mecanismo externo

U T

TW > T 
ar

TW

Parede q

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

1.2.2. Convecção

Lei de Resfriamento de Newton

q' '  h Tw  T  q  q' ' A  h A Tw  T 


onde:
q’’ – Fluxo de Calor [W/m2]
q – Taxa de calor [W]
h – Coeficiente de convecção [W/m2 oC]
A – Área [m2]
Tw – Temperatura da parede [oC]
T – Temperatura do fluido [oC]
O Fluxo de calor convectivo é proporcional à diferença de temperaturas
da superfície e do fluido.
 Fluxo de calor convectivo q”(W/m2): é taxa de transferência
de calor na direção x por unidade de área perpendicular à
direção de transferência, proporcional ao gradiente de
temperatura nessa direção.
 Constante de proporcionalidade h: coeficiente de
transferência por convecção, que depende:
 Da geometria da superfície.
 Da natureza do movimento do fluido.
 Das propriedades termodinâmicas e de transporte do fluido.
 Um dos maiores desafios nesta ciência é a determinação dos
valores de h.
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
1.2.2. Convecção
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

Exemplo:

Ar a Tar = 25oC escoa sobre uma placa lisa mantida a


Tw = 150oC. O coeficiente de convecção é de 80 W/m 2 oC.
Determinar a taxa de calor considerando que a placa
possui área de A = 1,5 m2.
Solução:

q  h ATw  T 
q  80 . 1,5 150  25 q  15000 W
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

Exemplo 2:
Uma tubulação de vapor sem isolamento térmico passa através de
uma sala onde o ar se encontra a 25º C. O diâmetro externo do tubo é
de 70 mm e a temperatura da superfície é 200º C. Se o coeficiente
associado á transferência de calor por convecção natural da
superfície para o ar é de 15 W/m2.K, qual é a taxa de calor perdida
pela superfície do tubo por unidade de comprimento devido a
convecção?

Solução:
q  h   D  L Tw  T 
q
q'   15   0 ,07 200  25 q  577 W / m
L
RADIAÇÃO
É a energia emitida por toda matéria que se encontra a uma
temperatura não-nula.
– Sólidos, gases ou líquidos.
– Energia transportada através de ondas eletromagnéticas. Ao
contrário da condução e convecção, a radiação não
necessita de um meio material para que haja o transporte
de calor tendo, inclusive, máxima eficiência no vácuo.
– PODER EMISSIVO. Taxa pela qual a energia é liberada por
unidade de área em um certo material. Limite superior para o
poder emissivo:

En  σTs4
Ts  temperatura absoluta da superfície.
σ  constante de Stefan - Boltzmann (σ  5,67  10 8 W/m 2K 4 ).
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

1.2.3. Radiação

Todos os corpos emitem continuamente energia devido a


sua temperatura, a energia assim emitida é a radiação
térmica.
A radiação não necessita de um meio físico para se
propagar. A energia se propaga por ondas eletromagnéticas
ou por fótons.
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

1.2.3. Radiação

Emissão da Radiação do Corpo Negro

En   Ts4 [W / m ] 2

onde:

En - Poder emissivo do corpo negro


 -Constante de Stefan-Boltzmann igual a 5,67.10 -8 W/(m2K4)
Ts -- Temperatura absoluta da superfície [K]
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

1.2.3. Radiação

Emissão da Radiação de um Corpo Real

E   Ts4 [W / m 2 ]

onde:

E - Poder emissivo de um corpo real


 - Emissividade 01
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

1.2.3. Radiação

Absorção de Radiação

O fluxo de radiação que incide sobre um corpo negro é


completamente absorvido por ele e é chamado de irradiação G.
Se o fluxo de radiação incide sobre um corpo real, a energia
absorvida por ele depende do poder de absorção  e é dado por:
2
G abs   G [W / m ]
onde:
G abs - Radiação absorvida por um corpo real (irradiação)
 - Absortividade 0    1
G - Radiação incidente
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

1.2.3. Radiação
Troca de Radiação

Tviz
E   s  Ts4
4
E   Tviz
Ts

   s Ts4   s Tviz
qrad 4

Admitindo s = s

qrad 
   s  Ts4  Tviz
4
 [W / m ] 2
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

1.2.3. Radiação

Expressando a troca líquida de calor por radiação na forma


de coeficiente de transferência de calor por radiação, tem-se:

q rad  hr ATs  Tviz 

onde:

hr    Ts  Tviz   Ts2  Tviz2 


CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

Exemplo:

Uma tubulação de vapor d’água sem isolamento térmico


atravessa uma sala cujas paredes encontram-se a 25 oC.
O diâmetro externo do tubo é de 0,07m, o comprimento
de 3m, sua temperatura é de 200oC e sua emissividade
igual a 0,8. Considerando a troca por radiação entre o
tubo e a sala semelhante a aquela entre uma superfície
pequena e um envoltório muito maior, determinar a taxa
de calor perdida por radiação pela superfície do tubo.
Solução:


q rad  A  s  Ts4  Tviz
4

q rad    0, 07  3  0, 8  5, 67  108  4734  3084 
Básicas
 Incropera, Frank P. ; Dewitt, David P. Fundamentos de Transferência de
Calor e de Massa. 4a. Ed., LTC Editora, 1998.
 Welty, James R ; Wicks, Charles E ; Wilson, Robert. Fundamentals of
Momentum, Heat, and Mass Transfer, IE Wiley, 2000.
Complementares
 Bird, R.B.; Stewart, W.E.; Lightfoot, E.N. Transport Phenomena. IE
Wiley, 2001.
 Spiegel, Murray R. Manual de Fórmulas, Métodos e Tabelas de
Matemática. McGraw Hill, 2001.
 Kern, Donald Q. Processos de Transmissão de Calor. 1987. Ed Guanabara
Koogan
Disciplina: GCETENS 145 - Fenômenos de
Transportes
Aula 1: Conceitos Fundamentais da
Transferência de Calor

Rebecca S. Andrade

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