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Processos de Transferência de Calor

Condução

Convecção

Radiação térmica
Unidade 5: Transferência de calor por condução

 Calor, forma de energia que pode ser transferida de um


sistema para outro como resultado de uma diferença de
temperatura;
 A análise termodinâmica trata da quantidade de calor
transferido quando um sistema passa de um estado de
equilíbrio para outro.
 A ciência que estuda e determina a taxas de transferência de
energia é a Transferência de calor.
 A transferência de energia, como calor, ocorre do meio de
maior temperatura para o de menor temperatura e cessa
quando os dois meios atingem a mesma temperatura.
 O calor pode ser transferido de três diferentes modos:
Qual a velocidade de uma Troca de Calor?
 . 
Velocidade  Fluxo de calor  q 
 
 

T1 >
T2
Q

 Quantidade de calor que atravessa uma área A Q


q 
Intervalo de tempo t

No SI, o fluxo de calor é dado em J/s ou Watt.


4
TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO

 É a transferência de energia das partículas mais energéticas


de uma substância para partículas vizinhas adjacentes menos
energéticas, como resultados da interação entre elas.
 Pode ocorrer em líquidos, sólidos ou gases.
 Em líquidos e gases deve-se às colisões e difusões das
moléculas em seus movimentos aleatórios.
 Nos sólidos, acontece por causa da
combinação das vibrações das moléculas em
rede, e a energia é transportada por elétrons
livres.
Calor

Condução de calor ao longo de uma barra.


A transmissão de calor ocorre,
partícula a partícula, somente
através da agitação molecular e
dos choques entre as moléculas
do meio.

T1 > T2
Condução de calor ao longo de gás confinado.

1. O gás ocupa o espaço entre 2 superfícies (1) e (2) mantidas a diferentes


temperaturas de modo que T1 > T2 (o gás não tem movimento
macroscópico);

2. Como altas temperaturas estão associadas com energias moleculares


mais elevadas, as moléculas próximas à superfície são mais
energéticas (movimentam-se mais rápido);
3. O plano hipotético X é constantemente atravessado por moléculas de
cima e de baixo. Entretanto, as moléculas de cima estão associadas
com mais energia que as de baixo.
Portanto existe uma transferência líquida de energia de (1) para (2)
por condução.
 Para os líquidos o processo é basicamente o mesmo, embora
as moléculas estejam menos espaçadas e as interações sejam
mais fortes e mais freqüentes.

 Para os sólidos existem basicamente dois processos (ambos


bastante complexos ) :
• sólido mau condutor de calor: ondas de vibração da estrutura
cristalina;
• sólido bom condutor de calor: movimento dos elétrons livres e
vibração da estrutura cristalina.
 A taxa de condução de calor depende da geometria, da
espessura, do tipo de material e da diferença de temperatura
(°T) a que o meio esta submetido.
 Quando envolvemos um tanque de
água quente com lã de vidro
(material isolante térmico),
. reduzidos sua taxa de perda de calor.
q  Quanto maior for o isolamento,
menor será a perda de calor.
 Um tanque de água quente perde
calor com taxa maior quando a °T do
ambiente é reduzida.
 Quanto maior for o tanque, maior
Condução de calor através
de uma grande parede plana será a área superficial, maior será a
de espessura x e área A. taxa de perda de calor.
A taxa de condução de calor através de uma camada plana é
proporcional à diferença de °T através da camada e à área de
transferência de calor, mas inversamente proporcional à
espessura da camada.
(área)(diferença de temperatura )
taxa de condução de calor 
Espessura

K: condutividade térmica do
. T1  T2 T material, [W/m°C]
q cond  kA   kA x: espessura.
x x A: área.

No caso – limite de x 0, então


Lei de Fourier da condução térmica
. dT
q cond   kA dT/dx: gradiente de temperatura
dx
Condutividade térmica

 Medida da capacidade de um material de conduzir calor.


• k = 0,607 W/m.K para água
• k = 80,2 W/m.K para o ferro em temperatura ambiente.

 Ferro conduz 100 vezes mais rápido do que a água, logo


dizemos que a água é um pobre condutor em relação ao ferro,
entretanto a água é um excelente meio para armazenar
energia térmica.
Difusividade térmica ()

 Razão entre o calor conduzido por meio do material e o calor


armazenado por unidade de volume.
 Um material com alta condutividade térmica, obviamente terá
grande difusividade térmica.
 Quanto maior for a difusividade térmica mais rapidamente
será a propagação de calor no meio.
 Um pequeno valor de difusividade térmica indica que a maior
parte do calor é absorvida pelo material e uma um pequena
quantidade de calor é conduzida adiante.
• =0,14x10-6 m2/s para água
• =149x10-6 m2/s para prata, uma diferença de mais de 1000
vezes.
 Transferência de calor através da parede de uma estufa.
 Durante a operação normal, estufa ligada, a °T na superfície
interna da parede não varia.
 Se a °T ambiente externa não varia significativamente, a °T da
superfície externa é constante.
• Sob estas condições a quantidade de calor transferida para fora
é constante e o perfil de °T ao longo da parede (Figura a) não
varia - regime permanente.
 Consideremos o desligamento, a °T na superfície interna
diminui gradativamente, de modo que o perfil de temperatura
varia com o tempo (Figura b).
 A quantidade de calor transferida para fora é cada vez menor,
portanto, a °T em cada ponto da parede varia - regime
transiente.
 Os problemas de fluxo de regime transiente são mais
complexo.
• Entretanto, a maioria dos problemas de transferência de calor
são ou podem ser tratados como regime permanente.
Mecanismos de condução

 Lei de Fourier: Transferência de calor (TC) através de uma


barra de ferro com extremidades aquecidas e com a área
lateral isolada termicamente (figura)

Transferência de calor
(TC) em um barra de
ferro

q: fluxo de calor,kcal/h

q   k . A. dT
k: condutividade térmica, W/m°C; J/sm°C
A: área da seção através da qual o calor flui por
dx condução, m2
dT/dx: gradiente de temperatura, °C/m
 Sinal (-) se dá devido à direção do aumento da distância x
deve-se a direção do fluxo de calor positivo (figura)

Direção do fluxo de calor


Mecanismos de condução em uma parede plana

 Parede plana submetida a uma diferença de °T.

L: espessura
A: área transversal
k: condutividade térmica
T1: temperatura interna
T2: temperatura externa (meio ambiente)

Utilizando a Lei de Fourier e fazendo a separação de


variáveis, tem-se:
q   k . A. dT q.dx   k . A.dT
dx
L: espessura
A: área transversal
 Na figura, tem-se: k: condutividade térmica
• Na face interna x=0 a T1 T1: temperatura interna
• Na face externa x=L a T2 T2: temperatura externa (meio ambiente)

 Para TC em regime permanente o calor transferido não varia


com o tempo.
 Como á A é uniforme e K é um valor médio, a integração da
equação entre os limites fica assim,
L T2
q. dx   k . A. dT
0 T1

q.L  0   k . A.T2  T1 

q.L  k . A.T1  T2 
 Considerando que (T1 – T2) é a diferença de °T entre as faces da
parede (T), o fluxo de calor que atravessa a parede plana por
condução é:
k.A
q  .T
L

 Exemplo: redução das perdas térmicas de um forno por razões


econômicas. Opções:

objetivo variável Ação


k↓ trocar a parede por outra de menor condutividade térmica
q ↓ A↓ reduzir a área superficial do forno
L↑ aumentar a espessura da parede
∆T↑ reduzir a temperatura interna do forno
 Trocar parede ou reduzir a °T interna podem ser ações de difícil
implementação, porém a colocação do isolamento térmico sobre
a parede cumpre ao mesmo tempo ações de redução da K e
aumento de espessura da parede.
Exercício 1
 Um equipamento condicionador de ar deve manter uma sala de 15
m de comprimento, 6 m de largura e 3 m de altura a 22°C. As
paredes da sala, de 25 cm de espessura, são feitas de tijolos com
condutividade térmica de 0,14 Kcal/h.m.°C e a área das janelas
podem ser consideradas desprezíveis. A face externa das paredes
pode estar até a 40 °C em um dia de verão. Desprezando a troca de
calor pelo piso e pelo teto, que estão bem isolados, determine o
calor a ser extraído da sala pelo condicionador (HP).
 OBS : 1 HP = 641,2 Kcal/h
.
̇= −

Área das paredes

= 2 6 3 +2 15 3
=126m2

0,14 126
ℎ. .°
̇= 40 − 22 °
0,25

1
̇ = 1270 . = 1,979 ≈ 2,0
ℎ 641,5

Analogia entre resistência térmica e resistência
elétrica
 Dois sistemas são análogos quando eles obedecem a
equações semelhantes.
 Ex. a eq. que fornece o fluxo de calor através de uma parede
plana pode ser colocada na seguinte forma:

. T T: a diferença entre a °T é o potencial que


q causa a transferência de calor;
L L/k.A: é equivalente a uma resistência térmica
k.A (R) que a parede oferece à transferência de
calor

 Portanto, o fluxo de calor através da parede pode ser:


. T T: é o potencial térmico
q R: é a resistência térmica da parede
R
Analogia entre resistência térmica e resistência elétrica
 Se substituímos:
 Potencia de °T (T) pelo potencia elétrico, isto é, a diferença de
tensão U,
 Resistência térmica (R) pelo da resistência elétrica Re,
 Obtemos a equação da intensidade de corrente elétrica (i)

U
i
Re
 Dada esta analogia, é comum a utilização de uma notação
semelhante à usada em circuitos elétricos, quando representamos a
resistência térmica de uma parede.

 Assim, uma parede de resistência R,


submetida a uma potencia T e
atravessada por um fluxo de calor q,
representa-se:
Associação de paredes planas em série
 Consideremos um sistema de paredes associadas em série,
submetidas a uma diferença de °T,

 Assim, haverá transferência de um fluxo de calor contínuo no


regime permanente através desta parede composta.
 TC num forno, composta por:
• Camada interna de refratário (k1 e espessura L1),
• Camada intermediaria de isolante térmico (k2, L2),
• Camada externa de chapa de aço (k3 e L3).
 O fluxo de calor que atravessa a parede composta pode ser
obtido em cada uma das paredes planas individualmente.
. k1 . A1
q  T1  T 2 
L1

. k 2 .A2
q  T 2  T 3 
L2

. k 3 . A3
q  T 3  T4 
L3

 Colocando em evidencia as diferenças de °T nas equações


acima e somando membro a membro, obtemos:
.
q .L1
T1  T2  
k1. A1
.
q .L 2
T2  T3  
k 2 . A2
.
q .L3
T3  T4  
k 3 . A3

. . .
q .L1 q .L 2 q .L3
T1  T2  T2  T3  T3  T4   
k1. A1 k 2 . A2 k 3 . A3

. . .
ou q .L1 q .L 2 q .L3
T1  T4   
k1. A1 k 2 . A2 k 3 . A3
 O fluxo de calor pela parede do forno:

. . T1  T4
T1  T4   q ( R1  R2  R3 ) q
R1  R2  R3

 Portanto, para o caso geral em que temos uma associação de


paredes n planas associadas em série o fluxo de calor é dado
por:
n
. Ttotal
q
Rt
, onde Rt 

i 1
Ri  R1  R2  ...  Rn
Associação de parede planas em paralelo

 Sistema associado em paralelo.


 Diferença de °T constante e
conhecida.
 Transferência de fluxo de calor
contínuo no regime
permanente a traves da parede
composta.
 Considerações:
• Todas as paredes estão sujeitas
a mesma diferença de °T;
• As paredes podem ser de
materiais e/ou dimensões
diferentes;
 O fluxo de calor que atravessa a parede composta pode ser
obtido em cada uma das paredes planas individualmente:
. k .A
q1  1 1 T1  T2 
L1

. k 2 . A2
q2  T1  T2 
L2

 O fluxo de calor total:


. . .  k .A   k 2 . A2   K1. A1 k 2 . A2 
q  q1  q 2   1 1 T1  T2    (T1  T2 )     (T1  T2 )
 L1   L2   L1 L2 

L 1 k.A
 Como: R  
k.A R L
n
. Ttotal
q
Rt
, onde
1
Rt


i 1
1
Rt

1

R1 R2
1
 ... 
1
Rn
Exercício 2

Uma parede de um forno é constituída de duas camadas: 0,20 m


de tijolo refratário (k = 1,2 kcal/h.m.°C) e 0,13 m de tijolo
isolante (k = 0,15 kcal/h.m.°C). A temperatura da superfície
interna do refratário é 1675°C e a temperatura da superfície
externa do isolante é 145°C. Desprezando a resistência térmica
das juntas de argamassa, calcule:
a) O calor perdido por unidade de tempo e por m2 de parede.
b) A °T da interface refratário/isolante.
a) Considerando uma área unitária da parede

̇=


̇=
á +


̇ =
+
. .

1675 − 145
̇=
0,20 0,13
+
1,2 1 0,15 1

̇ = 1480,6 /

b) T2


̇=
á

− .
̇= ̇ = −
.

1,2 .1
1480,6 = ℎ. . ° 1670 −
ℎ 0,20

= 1428,2°
Condução de calor através de configurações cilíndricas

 Consideremos um cilindro vazado


submetido à uma diferença de
temperatura entre a superfície interna
e a superfície externa (Figura).
 O fluxo de calor que atravessa a
parede cilíndrica pode ser obtido
através da equação de Fourier:

q   k . A dT
dr dT/dr: é o gradiente de temperatura na direção
radial
A  2. .r.L

q   k .(2 .r.L ) dT
dr
 Fazendo a separação de variáveis e integrando entre T1 em r1
e entre T2 e r2, temos:
r2 T2
dr
q
r1
r
  k .2 .L. dT
T1 q ln r2  ln r1    k .2. .L.(T2  T1 )

 Aplicando logaritmos,
 r2 
q ln   k .2. .L.(T1  T2 )
 r1 

 O fluxo de calor através de uma parede cilíndrica será:

q  k .2. .L .(T1  T2 )
 r2 
 ln 
 r 
 1
 Aplicando o conceito de resistência térmica à parede
cilíndrica.
 r2 
ln 

q 
k .2. .L
.T 
T  r1 
R
 r2  R k .2. .L
 ln 
 r 
 1

 Para i caso geral em que temos uma associação de paredes n


cilíndricas associadas em paralelo:

n
. Ttotal
q
Rt
, onde Rt 

i 1
Ri  R1  R2  ...  Rn
Condução de calor através de uma configuração esférica

 Consideremos uma esfera oca


submetida à uma diferença de °T entre
a superfície interna e a superfície
externa, como pode ser visto na figura.
 O fluxo de calor que atravessa a parede
esférica poder ser obtido pela Lei de
Fourier .
q   k . A dT
dr

A  4. .r 2 dT/dr: é o gradiente de temperatura na direção


radial
q   k .( 4 .r 2 ) dT
dr
 Fazendo a separação de variáveis e integrando entre T1 em r1
e entre T2 e r2, temos:
r2 T2  r2   
 2 q  r 1   4k . . T T2 


q
r1
r dr  4k . dT
T1  
 r1 
 T 
 1 

 
q  1  1   4k . (T1  T2 )
 r1 r2 

 O fluxo de calor através de uma parede esférica será:

4.k .
q  .(T1  T2 )
 1 
  1 
r r 
 1 2 
 Aplicando o conceito de resistência térmica à parede
cilíndrica.
 1 
  1 
r 
q 
4.k .
.T 
T  1 r2 
R
 1 1  R 4.k .
  
r 
 1 r2 

 Para i caso geral em que temos uma associação de paredes n


cilíndricas associadas em paralelo:

n
. Ttotal
q
Rt
, onde Rt 

i 1
Ri  R1  R2  ...  Rn
Exercício 3
Um copo de refrigerante pode ser considerado como um cilindro de 20
cm de altura e 7 cm de diâmetro. As paredes do copo são de plástico
muito fino e com resistência térmica desprezível. Dentro do copo são
colocados 2 cubos de gelo com 3 cm de lado, de modo que o mesmo fica
cheio até a borda com a mistura gelo-refrigerante que permanece a 0°C
até a fusão completa do gelo. O copo está depositado sobre uma
superfície bem isolada, de modo que devem ser consideradas apenas as
transferências de calor pelas áreas laterais e superior. Considerando que o
ar ambiente está a 35°C, com coeficiente de película de 35 kcal/h.m2°C, e
que a densidade e o calor latente de fusão do gelo são 935 kg/m3 e 80,6
kcal/kg, respectivamente. Calcular:
a) O fluxo de calor transferido entre o ambiente e a mistura gelo-
refrigerante;
b) O tempo necessário para a fusão completa do gelo.

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