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Aula 13

Departamento de Ciências Térmicas e Fluidos – DCTEF


Prof. Luiz Gustavo Monteiro Guimarães
Introdução aos Sistemas Térmicos
Introdução e fundamentos de
transferência de calor
Introdução e conceitos básicos

• Com base na breve revisão, vamos voltar para


a transferência de calor:

• O que é transferência de calor? Quando ela


ocorre?
Introdução e conceitos básicos
• Pensemos na seguinte situação: uma xícara de
café é colocada sobre uma mesa.

• O que ocorre com a temperatura do café com o


passar do tempo?
Introdução e conceitos básicos
• O café resfria por estar em contato com o ar
ambiente, que está a uma temperatura menor.
• Transferência de calor: energia em trânsito pela
existência de uma diferença de temperaturas
(gradiente de temperaturas).

Ar Q

Tcafé  Tar
Introdução e conceitos básicos
• Isso quer dizer que, para haver transferência de
calor, deverá haver:

GRADIENTE DE TEMPERATURA!

• O Gradiente de temperatura é uma grandeza utilizada


para descrever a direção e a taxa de variação de
temperatura em uma área em particular. É uma grandeza
expressa em unidades de temperatura por unidades de
comprimento.
Modos de transferência de calor

• Os modos de transferência de calor são:

q Condução

q Convecção

q Radiação
Condução
• Condução: transferência de calor em um meio
estacionário, que pode ser um sólido um líquido
ou um gás.
Condução
• Para a condução de calor são importantes os
conceitos de atividades atômicas e moleculares.
Condução
• A quantificação da taxa de transferência de calor
por condução é feita pela Lei de Fourier.
• Considere o seguinte domínio (parede plana), com
T1 > T2:

''
q x
Condução
• A Lei de Fourier é dada por:

'' dT
q  k
x
dx
Fluxo de
calor [W/m2]

Condutividade Gradiente de
térmica [W/m-K] temperatura [K/m]
O fluxo de calor é a taxa de transferência de calor na direção x por unidade de área perpendicular
a direção de transferência, sendo proporcional ao gradiente de temperatura.
Condução
• A Lei de Fourier é uma lei fenomenológica.

• Isso significa que ela foi proposta por Fourier com


base em observações experimentais.

• Portanto, a Lei de Fourier não pode ser deduzida a


partir princípios físicos.

• O sinal negativo de K aparece porque o calor está


sendo transferido na direção da temperatura
decrescente.
Condução
• A Lei de Fourier pode ser dada na forma de taxa:
dT
q x   kAtr
dx
Taxa de
Área da seção transversal
transferência
perpendicular ao sentido
de calor [W]
do gradiente de
temperatura

''
• Relação entre taxa e fluxo: q x  q Atr
x
Condução
Convecção
• Convecção: transferência de calor entre uma
superfície e um fluido em movimento.
Convecção
• A transferência de calor por convecção abrange
dois mecanismos: movimento molecular aleatório
(difusão) e movimento global (advecção).

u , T
Convecção

• A convecção (transferência de calor latente) pode


ser classificada de acordo com as condições do
escoamento em forçada ou natural (livre).

• Para convecção com transferência de fase


(transferência de calor latente), pode ser em
ebulição ou condensação.
Convecção
Convecção
• A quantificação do fluxo de calor por convecção é
feita pela Lei do resfriamento de Newton.

q  hTs  T 
''
x

Coeficiente de
transferência de calor
por convecção ou
coeficiente convectivo
[W/m2-K]
Convecção
• A taxa de transferência de calor por convecção é
dada por:

q x  q A  hATs  T 
''
x

Área de transferência de calor [m2]


Convecção
• O coeficiente de transferência de calor por
convecção NÃO é uma propriedade termofísica.
• Este parâmetro depende das condições do
escoamento, da geometria e das propriedades
termofísicas do fluido.
• Nos capítulos de convecção veremos como esta
grandeza pode ser calculada.
Convecção
Radiação
• Radiação: todos os meios com temperaturas não-
nula emitem energia na forma de ondas
eletromagnéticas.
Radiação
• A emissão de ondas está associada a mudanças na
configuração eletrônica de átomos e molecúlas.
• Ao contrário da condução e convecção, que
necessitam de um meio material para ocorrer, a
radiação ocorre no vácuo!
• A taxa na qual a energia é liberada é chamada de
poder emissivo [W/m2] e existe um limite superior
para esta grandeza, dada por uma superfície
chama corpo negro.
Radiação
• O poder emissivo de um corpo negro é dado pela
Lei de Stefan-Boltzmann:
4
En  T s

Constante de Stefan-Boltzmann:
W 8
  5,67.10 2 4
m K
Radiação
• Para utilização da Lei de Stefan-Boltzmann, a
temperatura deverá ser utilizada na escala
absoluta (Kelvin).

• Lembrando que: T K   T º C   273,15

• Observem que, o efeito da temperatura na


transferência de calor por radiação é muito mais
significativo que para a transferência de calor por
condução e convecção!
Exemplo 1 - Modos de Transferência de
Calor

Uma garrafa térmica tem o objetivo de ma nter a


temperatura de seu conteúdo constante ao longo do
tempo, independendo das condições ambientes externas.
Identifique os processos de transferência de calor que
contribuem para o resfriamento de café quente colocado
em seu interior e discuta sobre as características que
minimizam as trocas de calor com o ambiente externo.
Exemplo 1 - Modos de Transferência de
Calor

As garrafas térmicas são constituídas basicamente de um vaso de vidro com


paredes duplas, distanciadas entre si de 1 cm, como mostrado na figura.
Considerando-se que o fluido no interior da garrafa térmica seja café quente, as
trocas de calor entre o café e o ambiente são:

Convecção natural do café para a primeira parede; condução através da primeira


parede; convecção natural da primeira parede para o ar no interior da garrafa;
convecção natural do ar para a segunda parede (invólucro plástico); troca líquida
por radiação entre as paredes; condução através do invólucro plástico; convecção
natural do invólucro plástico para o ambiente externo; troca líquida por radiação
entre a superfície externa do invólucro plástico e a vizinhança.
Exemplo 1 - Modos de Transferência de
Calor

No processo de fabricação, grande parte do ar é retirado do espaço entre as


paredes através de um orifício, que a seguir é selado. Com este vácuo parcial, as
trocas de calor por condução e convecção são minimizadas.

As superfícies das paredes são revestidas por materiais aluminizados (baixa


emissividade), fazendo com que elas se tornem espelhadas, provocando a reflexão
da radiação para o interior do recipiente, evitando a transmissão de calor para o
exterior. A tampa que fecha a garrafa geralmente é oca e feita de borracha ou
plástico (materiais isolantes), minimizando a perda de calor para o exterior.
Radiação
• Para uma superfície real à mesma temperatura,
utilizamos o conceito de emissividade:
4
En , r En ,r  En  T s

Emissidade da superfície real:


0   1
Radiação
• Em geral, a radiação emitida por um corpo atinge
outro corpo.
• Nestes casos, parte desta radiação é absorvida,
parte é refletida e parte é tramsmitida.
• Veremos agora como podemos relacionar estas
parcelas que compõem a radiação incidente.
Radiação
• A radiação absorvida é calculada utilizando-se a
absortividade:

Gabs  G
G

Absortividade da superfície real:

Gabs 0  1
Radiação
• A radiação refletida é calculada utilizando-se a
refletividade:

Gref Gref  G
G

Refletividade da superfície real:


0   1
Radiação
• Por fim podemos trabalhar com o parâmetro de
transmissividade:
G
Gtrans  G

Transmissivdade da
superfície real:
Gtrans 0  1
Radiação
• Podemos então obter uma relação entre a
refletividade, transmissidade e absortividade:

     1
Radiação
• Uma superfície é dita opaca se parte da irradiação
incidente é refletida. Nesse caso: α < 1.
• Uma superfície é dita semi-transparente se parte
da irradiação incidente é refletida e parte é
transmitida.
• Em geral, os líquidos podem ser considerados
opacos e os gases podem ser considerados semi-
transparentes.
• Os sólidos podem ser opacos (metais) ou semi-
transparentes (polímenos e semi-condutores).
Radiação
• Um caso particular de interesse é a troca de
radiação entre uma pequena superfície e outra
isotérmica muito maior.
Radiação
• Nesse caso, pode-se considerar: α = ε (superfície
cinza).
• Escrevemos a taxa líquida de transferência de
calor por radiação saindo da pequena superfície
como:

q ''
rad 
 En  G   T  T s
4 4
viz 
• Esta expressão permite associar uma expressão
para a taxa líquida de transf. de calor por radiação
com a expressão da Lei do Resfriamento de
Newton!
Radiação
• Dizemos que o termo de transf. de calor por
radiação foi linearizado:


qrad  A T  T s
4
  h AT  T  
4
viz r s viz

hr   T  T T  T 
s
2 2
viz s viz

Coeficiente de transferência de
calor por radiação [W/m2-K]
Radiação
• Para situações em que a vizinhança é um fluido:
Tviz  T 

qrad  A T  T s
4
  h AT  T  

4
r s 

hr   T  T T  T 
s
2

2
s 
Balanço de energia
• Voltando a Termodinâmica..
• A Transferência de Calor pode ser vista como uma
extensão da Termodinâmica!
• Em muitos problemas de Transferência de Calor é
necessária a aplicação da 1ª Lei da Termodinâmica
(balanço de energia):

Eacu  Q  W 

E acu  Q  W
Balanço de energia
• Generalizando esta relação podemos escrever:

E acu  E entra  E sai

E acu   E entra   E sai


Balanço de energia
• Em muitos problemas de Transferência de Calor,
pode existir um termo de geração de energia no
interior do sistema (ex.: reação química):

E acu   E entra   E sai   E g


Balanço de energia
• Trabalhando no termo de taxa de energia
acumulada:
dEacu
E acu 
dt
• A energia acumulada é a soma de várias parcelas
de energia: cinética, potencial e interna. Na
maioria dos problemas podemos desprezar as
duas primeiras:
dU d mcT  d VcT 
E acu   
dt dt dt
Balanço de energia
• Frequentemente podemos escrever:

d VcT  dT
E acu   Vc
dt dt

Calor específico [J/kg-K]


Balanço de energia
• O balanço de energia também pode ser aplicado a
uma SUPERFÍCIE:

E acu  qcond  qconv  qrad


Balanço de energia
• Outros conceitos..
• Regime permanente: as grandezas não variam
com o tempo.
• Regime transiente: pelo menos uma grandeza
varia com o tempo.
Exemplo 2 - Taxas de calor: radiação e
convecção natural
Uma tubulação de vapor sem isolamento térmico passa
através de uma sala onde o ar e as paredes se encontram a
25 o C. O diâmetro externo do tubo é de 70 mm, a
te m p e rat u ra d e s u a s u p e r f í c i e é d e 2 0 0 o C e s u a
emissividade é de 0,8. O coeficiente associado com a
transferência de calor por convecção natural da superfície
para o ar é de 15 W/m 2 .K. Determine a taxa de calor
perdi da pel a s up e rf í c i e d o t u b o, p or u n i d a d e d e
comprimento.
Exemplo 2 - Taxas de calor: radiação e
convecção natural
Exemplo 2 - Taxas de calor: radiação e
convecção natural
Exemplo 3 - Taxas de calor: radiação e
convecção forçada
Um cilindro oco de madeira, de 2 cm de diâmetro e 1 m de
comprimento, é aquecido pela passagem de uma
resistência elétrica. A temperatura superficial externa do
cilindro é mantida constante em 40oC. Ele é exposto a uma
corrente de ar a temperatura de 15oC, sendo o coeficiente
convectivo associado de 100 W/m 2 .K. Determine e
compare as taxas de calor trocadas entre o cilindro e o
ambiente: (emissividade da madeira = 0,86)
a) por convecção
b) por radiação
Exemplo 3 - Taxas de calor: radiação e
convecção forçada

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