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RECURSOS TERAPÊUTICOS

EM FISIOTERAPIA II
GRUPO A Faculdade Multivix está presente de norte a sul do
Estado do Espírito Santo, com unidades presenciais

MULTIVIX em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo,


Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória,
e com a Educação a Distância presente
em todo estado do Espírito Santo, e com
polos distribuídos por todo o país.

Desde 1999 atua no mercado capixaba,


destacando-se pela oferta de cursos de
graduação, técnico, pós-graduação e
extensão, com qualidade nas quatro
áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas,
Humanas e Saúde, sempre primando
pela qualidade de seu ensino e pela
formação de profissionais com consciência
cidadã para o mercado de trabalho.

Atualmente, a Multivix está entre o seleto grupo de


Instituições de Ensino Superior que
possuem conceito de excelência junto ao
Ministério da Educação (MEC). Das 2109
R EE II T O R
R
instituições avaliadas no Brasil, apenas
15% conquistaram notas 4 e 5, que são
consideradas conceitos de excelência em
ensino. Estes resultados acadêmicos
colocam todas as unidades da Multivix
entre as melhores do Estado do Espírito
Santo e entre as 50 melhores do país.

MISSÃO

Formar profissionais com consciência cidadã para o


mercado de trabalho, com elevado padrão de quali-
dade, sempre mantendo a credibilidade, segurança
e modernidade, visando à satisfação dos clientes e
colaboradores.

VISÃO

Ser uma Instituição de Ensino Superior reconhecida


nacionalmente como referência em qualidade
educacional.

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2 Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
BIBLIOTECA MULTIVIX (Dados de publicação na fonte)

Aline Carneiro Silverol

Recursos Terapêuticos em Fisioterapia II / SILVEROL, A. C. - Multivix, 2023

Catalogação: Biblioteca Central Multivix


2023 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei.

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LISTA DE FIGURAS

UNIDADE 1

> O fisioterapeuta pode atuar em diferentes disfunções do


movimento humano 16
> Os recursos terapêuticos podem ser usados em diferentes patologias e
faixas etárias 17
> O movimento é muito importante e um recurso para a atenção primária
à saúde 19
> Os recursos terapêuticos são essenciais para o movimento 20
> Os recursos terapêuticos atuam na prevenção e na cura 21
> A fisioterapia tem caráter preventivo e curativo 23
> A qualidade de vida e do movimento são o futuro da fisioterapia 24
> Os recursos terapêuticos podem ser usados na recuperação de
lesões ocupacionais 25
> A reabilitação é essencial para garantir uma melhor qualidade de vida 26
> Divisão da termoterapia 27
> Tratamento com recursos terapêuticos quentes 30
> Tratamento com recursos terapêuticos quentes 31
> Tratamento com recurso terapêutico quente 32
> Tratamento com recurso terapêutico quente 33
> O gelo, principal elemento dos recursos terapêuticos frios 36
> Ordem de resfriamento dos tecidos corporais 38
> Os banhos gelados de imersão auxiliam no tratamento de
áreas maiores 39

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UNIDADE 2

> Uso do ultrassom para o tratamento de lesões articulares 46


> A densidade dos tecidos influencia no seu aquecimento e tratamento 49
> Algumas áreas corporais são mais beneficiadas pelo ultrassom 50
> O tratamento com ultrassom envolve efeitos térmicos e não térmicos 51
> Intensidade com baixas taxas de emissão requer mais tempo
de tratamento 52
> O equipamento de ultrassom pode ser ajustado para obter mais ou
menos efeitos térmicos e não térmicos 53
> Os fenômenos do ultrassom contribuem na recuperação de
diferentes lesões 54
> O aquecimento profundo dos tecidos promove a recuperação 55
> O aquecimento profundo dos tecidos promove a cicatrização 56
> O ultrassom é um equipamento importante para a termoterapia
profunda 57
> O ultrassom relaxa e trata os tecidos profundos 58
> O ultrassom auxilia na cicatrização de tecidos ósseos 59
> Espectro eletromagnético 61
> Os eletrodos transportam a energia para os tecidos profundos 62
> Esquema de funcionamento da diatermia por micro-ondas 63
> O aquecimento profundo acelera a recuperação das lesões 64
> Tipos de campos da diatermia por ondas curtas 65
> O tecido do paciente é usado como parte do campo elétrico 66
> Efeitos térmicos e não térmicos da diatermia por ondas curtas 67
> A diatermia por micro-ondas aquece profundamente os tecidos 68

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UNIDADE 3

> Espectro eletromagnético 74


> As lâmpadas vermelhas são uma frequência de emissão da fonte de
radiação infravermelha 75
> Uso da radiação em diferentes áreas da saúde 77
> Uso do infravermelho para recuperar lesões 79
> O infravermelho tem ação cicatrizante e analgésica 81
> Efeitos físicos e fisiológicos do infravermelho nos tecidos 81
> Uso do infravermelho na cicatrização 82
> Tratamento dos tecidos com infravermelho 83
> Efeitos do infravermelho 84
> Aplicação de ultravioleta na pele 85
> Esquema da fotossíntese na natureza 86
> Uso do UV como cicatrizante e germicida 88
> A presença de melanina é responsável pela tonalidade da
pele humana 90
> Os cromóforos atuam na fotobiomodulação, auxiliando na
recuperação tecidual 91
> Subdivisões do espectro de ultravioleta para fins terapêuticos 92
> Aplicação no ultravioleta no controle das lesões 93
> Terapia com ultravioleta 94
> Reações fotobiológicas com ultravioleta 95
> Funcionamento dos efeitos terapêuticos do UVA e UVB 96

UNIDADE 4

> O uso do laser como recurso terapêutico 100


> Diferentes aplicações do laser moderno 101
> Uso do laser em lesões 102
> Processo de emissão de luz 105
> Origem do laser 105
> As etapas de origem do laser são essenciais para a obtenção do
recurso terapêutico 106
> Os fótons trafegam na mesma direção 108

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> O laser atua no interior e no entorno dos tecidos patológicos 109
> A dosagem determina o estímulo 110
> Os cromóforos absorvem a energia do laser 111
> O laser promove a recuperação tecidual 113
> A eletroterapia como recurso terapêutico 115
> A eletroterapia atua em um circuito fechado 116
> O corpo humano é repleto de íons 117
> A eletricidade atua como recurso terapêutico 118
> Circuito fechado da eletroterapia 119
> Estimulação transcraniana 120
> O tipo de corrente influencia no uso da eletroterapia 121

UNIDADE 5

> A corrente elétrica 129


> A energia elétrica residencial usa corrente alternada 130
> Relação de inversalidade entre frequência e duração do ciclo 131
> Correntes monofásicas 132
> O uso de correntes elétricas faz parte da eletroterapia 133
> Uso de eletroterapia para aplicação de medicamentos 135
> O uso da eletroterapia em substituição aos procedimentos injetáveis 136
> A iontoforese potencializa o uso das substâncias 137
> O tecido comprometido oferece resistência às correntes elétricas 138
> A eletroterapia como recurso terapêutico 139
> Estimulação elétrica como aliada em outras terapias 140
> A eletroterapia contribui na analgesia 141
> A eletroterapia reabilita a musculatura debilitada 142
> Uso de correntes elétricas como recurso terapêutico 143
> A eletroterapia promove diferentes reações fisiológicas 146
> A corrente interferencial 147
> O ajuste da frequência visa evitar a habituação sensorial 149
> A corrente russa como recurso terapêutico 150

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UNIDADE 6

> As correntes elétricas apresentam poucos riscos em sua utilização 157


> A regulagem dos parâmetros é essencial para obter os diferentes tipos
de TENS 158
> A eletroterapia para o alívio da dor 160
> Esquema de funcionamento do fechamento do portão da dor 161
> Esquema do funcionamento da abertura do portão da dor 162
> O uso da TENS para o fechamento do portão da dor 162
> Atuação da TENS de alta frequência na dor 163
> A TENS atua na inibição dos pulsos dolorosos 164
> O uso do TENS para a modulação da dor 165
> Dores lombares podem ser tratadas pela TENS 167
> FES para o restabelecimento motor 169
> Aumento da força muscular com o uso de FES 170
> A FES como recurso para restabelecer movimentos motores 171
> Ativação dos músculos utilizando a FES 172
> O plano de reabilitação deve ser feito de acordo com a patologia 173
> Contração muscular com o objetivo de estimular o movimento 175
> A contração deve ser adequada para ter o efeito terapêutico 176
> A amplitude deve ser adequada para obter o efeito terapêutico 177
> A FES atua no reestabelecimento do movimento 178
> Eletrodos nas costas de um paciente 179
> Eletrodos na barriga de paciente 180

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA12

UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO AOS RECURSOS TERAPÊUTICOS EM FISIOTERAPIA15


INTRODUÇÃO15
1.1 INTRODUÇÃO À FISIOTERAPIA15
1.2 TERMOTERAPIA SUPERFICIAL27

UNIDADE 2 2 SONIDOTERAPIA, ONDAS CURTAS E MICRO-ONDAS45


INTRODUÇÃO DA UNIDADE45
2.1 SONIDOTERAPIA46
2.2 ONDAS CURTAS E MICRO-ONDAS60

UNIDADE 3 3 INFRAVERMELHO E ULTRAVIOLETA73


INTRODUÇÃO DA UNIDADE73
3.1 INFRAVERMELHO74
3.2 ULTRAVIOLETA85

UNIDADE 4 4 LASERTERAPIA E ELETROTERAPIA99


INTRODUÇÃO DA UNIDADE99
4.1 LASERTERAPIA99
4.2 INTRODUÇÃO À ELETROTERAPIA114

UNIDADE 5 5 ELETROTERAPIA127
INTRODUÇÃO DA UNIDADE127
5.1 TIPOS DE CORRENTE128
5.2 TIPOS DE CORRENTE143

UNIDADE 6 6 TENS E FES155


INTRODUÇÃO DA UNIDADE155
6.1 TENS156
6.2 FES169

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ICONOGRAFIA

ATENÇÃO ATIVIDADES DE
APRENDIZAGEM
PARA SABER

SAIBA MAIS
ONDE PESQUISAR
CURIOSIDADES
LEITURA COMPLEMENTAR
DICAS

GLOSSÁRIO QUESTÕES

MÍDIAS
ÁUDIOS
INTEGRADAS

ANOTAÇÕES CITAÇÕES

EXEMPLOS DOWNLOADS

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RECURSOS TERAPÊUTICOS EM FISIOTERAPIA II

APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
A disciplina Recursos Terapêuticos em Fisioterapia II tem o objetivo de discu-
tir os principais recursos terapêuticos relacionados à termoterapia superficial
e profunda, de modo a apresentar as técnicas e seus princípios. Serão apre-
sentados nessa disciplina, os recursos existentes, com base em seus princí-
pios e no funcionamento dos tecidos corporais, para que se possa identificar
o tratamento mais adequado à demanda do paciente.
Vale destacar que é de grande importância o conhecimento sobre o compor-
tamento dos tecidos a partir dos estímulos proporcionados por cada recurso
terapêutico, bem como as indicações e contraindicações, para que o recurso
mais adequado à patologia possa ser escolhido. Neste sentido, a disciplina vai
fornecer os conhecimentos básicos e essenciais para distinguir e escolher os re-
cursos terapêuticos apropriados para cada situação e nível de atenção à saúde.

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RECURSOS TERAPÊUTICOS EM FISIOTERAPIA II

UNIDADE 1

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos que
possa:

> Compreender a história,


a importância e o futuro
dos recursos terapêuticos
em fisioterapia.
> Entender as técnicas de
termoterapia superficial.

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RECURSOS TERAPÊUTICOS EM FISIOTERAPIA II

1 INTRODUÇÃO AOS RECURSOS


TERAPÊUTICOS EM FISIOTERAPIA

INTRODUÇÃO
Esta unidade abordará a história, os avanços e a importância dos recursos
terapêuticos em fisioterapia, além dos recursos terapêuticos associados à ter-
moterapia superficial.
Os recursos terapêuticos já são conhecidos e aplicados há muitos séculos, in-
clusive com relatos do uso de estratégias com objetivos de cura e alívio de do-
res de antes da era cristã. Então, estratégias, como o uso de água quente ou
fria e a descoberta do peixe elétrico, entre outras, eram usadas para curar le-
sões e dores diversas. No entanto, seus princípios e suas indicações não eram
conhecidos.
Com o avanço da ciência, especialmente as descobertas sobre o corpo hu-
mano e seus tecidos, pôde-se compreender melhor o papel dos recursos te-
rapêuticos e como eles poderiam ser mais bem aproveitados. Dentre essas
terapias, destaca-se a termoterapia superficial, que trabalha com recursos
quentes e frios, e é de fácil realização e baixo custo.
Nesta unidade, você vai conhecer as principais características dos recursos
quentes e frios, suas indicações, utilização e aplicações, para usá-los de forma
adequada em qualquer nível de atenção à saúde.

1.1 INTRODUÇÃO À FISIOTERAPIA


A fisioterapia é uma ciência que atua nos diferentes níveis de atenção à saúde,
com ações voltadas para atender às necessidades de saúde do movimento
humano em seus níveis primário (promoção, prevenção e proteção específi-
ca), secundário (tratamento físico e funcional) e terciário (reabilitação, limita-
ção de danos e alívio do sofrimento).
Desse modo, o fisioterapeuta é capaz de atuar não só em patologias e lesões
preestabelecidas, mas também de forma preventiva, ampliando o exercício
de sua profissão para além de ações curativas e reabilitadoras.

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RECURSOS TERAPÊUTICOS EM FISIOTERAPIA II

O FISIOTERAPEUTA PODE ATUAR EM DIFERENTES DISFUNÇÕES DO MOVIMENTO


HUMANO

Fonte: Pexels (2023).

#pratodosverem: paciente deitado em uma maca, com uma das pernas em 90º sendo
manipulada por uma profissional.

Para isso, diversos recursos podem ser utilizados para tratar integralmente o
paciente, seja na prevenção patológica, na recuperação ou no tratamento, que
deverá sempre ser realizado de forma humanizada (SPERANDIO et al., 2022).
Os recursos terapêuticos em fisioterapia, portanto, auxiliam no processo de
recuperação, a partir de uma série de princípios de atendimento em saúde,
com ênfase nos recursos terapêuticos usados primariamente como adjuntos
aos exercícios ativos.

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OS RECURSOS TERAPÊUTICOS PODEM SER USADOS EM DIFERENTES PATOLOGIAS E


FAIXAS ETÁRIAS

Fonte: Pexels (2023).

#pratodosverem: homem sentado em um banquinho de madeira, mostrando, para uma


profissional, sua prótese da perna direita.

Os primeiros recursos surgiram ao acaso ou através do uso de diferentes re-


cursos da natureza, que foram aprimorados ao longo do tempo.

1.1.1 HISTÓRIA DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS


EM FISIOTERAPIA
O uso de recursos terapêuticos é relatado desde os primórdios da civilização,
quando eram usados diferentes recursos naturais para a recuperação de le-
sões. Na Antiguidade, as doenças, conhecidas como diferenças incômodas, já
eram tratadas com o auxílio de movimentos terapêuticos. Entre 4.000 a.C. e
395 d.C., foram descobertos e usados os primeiros recursos terapêuticos físi-
cos, isto é, as massagens e as manipulações manuais (PINHEIRO, 2009).

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RECURSOS TERAPÊUTICOS EM FISIOTERAPIA II

Outros recursos físicos, como o uso do peixe elétrico, foram muito empregados
para o tratamento de certas doenças como agentes de terapia. A eletroterapia
se originou no período das cavernas: um indivíduo, com dores crônicas no cal-
canhar, encostou acidentalmente seu pé em uma enguia elétrica ao se banhar
em um rio, e obteve uma melhora dos sintomas (SPERANDIO et al., 2022).
Com a descoberta da potencialidade curativa da eletricidade, o seu uso foi
aprimorado e aplicado em afecções articulares pós-traumáticas e reumáticas
(PINHEIRO, 2009).

Apesar de a eletroterapia ser uma prática


terapêutica antiga, os primeiros ensaios em
ambiente controlado só ocorreram a partir de 1750,
na Institution Nationale des Invalides em Paris,
França, que utilizava esse recurso na recuperação
de pacientes portadores de paralisia.

A Idade Média, por outro lado, foi uma época negativa para as ciências da
saúde. Devido à organização providencial que predominou nesse período, e
que consistia em uma ordem social estabelecida e pautada no plano divino,
os estudos na área da saúde foram interrompidos.
No Renascimento, houve a retomada dos estudos e das pesquisas em todas
as áreas, além dos cuidados com o corpo e da ginástica médica. A partir de
então, surgiram alguns princípios básicos: exercícios para conservar a saúde
já existente e para pessoas sedentárias; regularidade nos exercícios; exercícios
para pessoas doentes e convalescentes, entre outros.
Com o avanço dos exercícios e de seus benefícios, nasceram as primeiras
ideias de prevenção primária em saúde.

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O MOVIMENTO É MUITO IMPORTANTE E UM RECURSO PARA A ATENÇÃO PRIMÁRIA


À SAÚDE

Fonte: Pexels (2023).

#pratodosverem: homem idoso se alongando em um tapete.

Surgiram, então, as primeiras especializações e a menção do termo Cinesio-


terapia, por Dom Francisco y Ondeano Amorós, que foi obtido pela divisão da
ginástica, criando a terapia do movimento (PINHEIRO, 2009).
O desenvolvimento e a expansão da industrialização promoveram um au-
mento da oferta de trabalho. No entanto, devido à jornada exaustiva e ao
aumento do trabalho em larga escala, apareceram as doenças ocupacionais
(tendinites, bursites, lesões mutilantes, entre outras). Associadas a elas, havia
as epidemias, como de cólera e de tuberculose, decorrentes das condições
sanitárias e alimentares precárias (PINHEIRO, 2009).
Com a proliferação de doenças, as ações preventivas primárias iniciadas no
Renascimento foram reduzidas, e os recursos terapêuticos foram emprega-
dos em ações curativas e reabilitadoras. Contudo, mesmo com o uso dos re-
cursos terapêuticos para o tratamento curativo ao longo das décadas, a ver-
satilidade de sua aplicação permitiu o seu avanço, que atingiu todos os níveis
de atenção à saúde.

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1.1.2 IMPORTÂNCIA DOS RECURSOS


TERAPÊUTICOS
Os recursos terapêuticos consistem em um conjunto de técnicas manuais e
físicas que visam atender os diferentes níveis de atenção à saúde, de modo a
proporcionar uma melhor qualidade de vida, alívio e cura.

OS RECURSOS TERAPÊUTICOS SÃO ESSENCIAIS PARA O MOVIMENTO

Fonte: Pexels (2023).

#pratodosverem: profissional manipulando a perna esquerda de um paciente, deitado de


bruços em uma maca.

É importante salientar que, até meados de 1920, a fisioterapia tinha como ob-
jetivos principais a reabilitação e a cura. No período das guerras (Primeira e
Segunda Guerras Mundiais), houve um importante avanço na ciência da rea-
bilitação, devido à grande quantidade de sequelas relacionadas aos conflitos,
além das doenças. Com isso, buscou-se novas técnicas com o intuito de pro-
porcionar o retorno parcial ou total às atividades cotidianas.
A Fisioterapia, enquanto profissão da saúde no decorrer do século XX, atendia às
demandas da sociedade naquele momento histórico, que estavam relaciona-

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das às sequelas corporais e de movimento provocadas pelos conflitos, acidentes


e doenças diversas, inclusive epidemias, como a poliomielite (ALFIERI, 2011).
Nos últimos 50 anos, também apareceram outras doenças e condições re-
lacionadas ao estilo de vida, que mudaram o padrão de doenças – de infec-
ciosas a não infecciosas. Nessa categoria, pode-se destacar doença cardíaca
isquêmica, doenças relacionadas ao fumo, hipertensão, acidente vascular ce-
rebral, obesidade, diabetes, câncer, entre outras, que passaram a demandar a
atenção de fisioterapeutas (ALFIERI, 2011).
Neste sentido, percebe-se que houve um aumento considerável das doenças
e de outras condições associadas ao estilo de vida moderno, fato que fortalece
a importância da fisioterapia e dos recursos terapêuticos. As técnicas fisiote-
rápicas, além da cura e da reabilitação, também estão associadas à saúde,
bem-estar, qualidade de vida, promoção e prevenção (ALFIERI, 2011).

OS RECURSOS TERAPÊUTICOS ATUAM NA PREVENÇÃO E NA CURA

Fonte: Pexels (2023).

#pratodosverem: profissional manipulando a perna de um paciente com laserterapia.

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RECURSOS TERAPÊUTICOS EM FISIOTERAPIA II

Mesmo com a mudança do padrão das doenças relacionadas ao movimento,


as condições associadas ao estilo de vida ainda são subestimadas e pouco
tratadas, já que a área ainda é associada ao conceito retrógrado do mero tra-
tamento de doenças.
Porém, um dos elementos que reforçam a importância dos recursos terapêuti-
cos é a intervenção não invasiva no tratamento, que muitas vezes promove re-
sultados superiores ao uso de medicamentos e cirurgias, além de ser mais sim-
ples e de baixo custo em relação a outros tipos de intervenções (ALFIERI, 2011).
Mesmo quando são indicados o uso de medicamentos e as cirurgias, a utilização
dos recursos terapêuticos pode reduzir o tempo de internação hospitalar e as
complicações gerais, bem como auxiliar no pronto restabelecimento da saúde.
Desta forma, existe um grande potencial no uso dos recursos terapêuticos em
diferentes demandas da saúde como um todo. É importante reforçar que a
promoção ou recuperação do movimento humano, em toda a sua complexi-
dade, é um dos objetivos primordiais da fisioterapia, e muitas das limitações
ao movimento são decorrentes de fatores relacionados ao estilo de vida dos
seus pacientes (ALFIERI, 2011).
Neste sentido, torna-se fundamental aproximar, cada vez mais, a fisioterapia
e os recursos terapêuticos do cotidiano dos indivíduos, demonstrando que a
qualidade do movimento é essencial para uma vida longeva e de qualidade.

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A FISIOTERAPIA TEM CARÁTER PREVENTIVO E CURATIVO

Fonte: Pexels (2023).

#pratodosverem: duas mulheres, sendo uma com as mãos erguidas segurando uma bola
terapêutica, enquanto a outra está somente com as mãos levantadas, dando o comando.

Devido à importância da fisioterapia como um todo, é fundamental associar


os recursos terapêuticos conhecidos às novas tecnologias e técnicas, de for-
ma a oferecer aos indivíduos todo o aparato disponível para a prevenção e a
cura. Além disso, é essencial o acompanhamento das tendências, das novas
descobertas sobre o corpo humano e o movimento, para implementar me-
didas cada vez mais promotoras ou recuperadoras da saúde dos indivíduos.

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RECURSOS TERAPÊUTICOS EM FISIOTERAPIA II

1.1.3 AVANÇOS E O FUTURO DOS RECURSOS


TERAPÊUTICOS
Os recursos terapêuticos em fisioterapia, como você já aprendeu, são um
conjunto de procedimentos que visam melhorar o movimento. A saúde do
movimento humano é avaliada a partir de uma escala, que categoriza as de-
mandas dos indivíduos em relação ao movimento:

• Nível primário: promoção, prevenção e proteção específica.

• Nível secundário: tratamento físico e funcional.

• Nível terciário: reabilitação, limitação de danos e alívio do sofrimento.

A partir dessas categorias, é possível definir os avanços necessários e o futuro


dos recursos terapêuticos.

A QUALIDADE DE VIDA E DO MOVIMENTO SÃO O FUTURO DA FISIOTERAPIA

Fonte: Pexels (2023).

#pratodosverem: um homem alongando o corpo, sendo auxiliado por uma mulher, em um


deque de frente para um lago, com o céu com cores do amanhecer.

No entanto, é possível afirmar que o uso dos recursos terapêuticos diversos,


como termoterapia, crioterapia, fototerapia, eletroterapia, sonidoterapia, en-
tre outros, além de agentes cinesio-mecanoterapêuticos, devem estar asso-
ciados à adoção de um estilo de vida favorável à manutenção da qualidade da
mobilidade, do movimento e da vida (ALFIERI, 2011).

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A longevidade da população com idade superior a 65 anos, bem como o au-


mento da parcela dos indivíduos nessa faixa etária, indica que o futuro da fisio-
terapia em todos os níveis de atenção à saúde é a população da terceira idade.
O crescimento dos idosos, que chegarão ao fim da vida com uma idade avan-
çada, ou seja, com fragilidades na saúde decorrentes da própria natureza do
corpo humano, acrescido ou não de outros elementos, exige o reforço por
parte dos sistemas de saúde para atender o aumento da demanda por trata-
mento. Isso é reforçado pelos objetivos da fisioterapia, que atua na prevenção
de complicações de natureza muscular, respiratória, e até mesmo por desuso,
que possam vir a causar danos físicos e funcionais ao indivíduo (ALFIERI, 2011).
Neste sentido, a atenção à saúde, nos níveis primário e secundário, com o
auxílio dos recursos terapêuticos, visa melhorar a qualidade de vida e a mobi-
lidade dos indivíduos da terceira idade, além de outras faixas etárias.
Outro campo de atuação muito importante, que ainda se encontra no escopo
de atenção primária e secundária, envolve as doenças ocupacionais.

OS RECURSOS TERAPÊUTICOS PODEM SER USADOS NA RECUPERAÇÃO DE LESÕES


OCUPACIONAIS

Fonte: Pexels (2023).

#pratodosverem: profissional acompanhando um paciente fazendo exercício para lesão


no braço.

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RECURSOS TERAPÊUTICOS EM FISIOTERAPIA II

Movimentos repetitivos, posturas incorretas em função de equipamentos ina-


dequados ou por falta de orientação, sedentarismo, ausência de intervalo e
ginástica laboral, entre outros, provocam, a médio e a longo prazo, inúmeros
problemas de movimento. Desse modo, os recursos terapêuticos podem ser
usados para prevenção e melhoria da qualidade da mobilidade.
O aumento da população idosa, assim como os acontecimentos da vida coti-
diana que envolvem qualquer faixa etária, demanda cuidados mais especiali-
zados, relacionados ao nível terciário da saúde, como os cuidados paliativos e
de alívio da dor.

A REABILITAÇÃO É ESSENCIAL PARA GARANTIR UMA MELHOR QUALIDADE DE VIDA

Fonte: Pexels (2023).

#pratodosverem: homem empurrando uma cadeira de rodas com um idoso sentado e


fazendo exercício com uma barra.

Os cuidados paliativos consistem em oferecer uma melhor qualidade de vida


a pacientes com doença avançada ou em progressão, por meio de condutas
que proporcionem a prevenção e o tratamento de distúrbios funcionais dos
movimentos, além de suas repercussões orgânicas e sistêmicas no corpo hu-
mano (PARUCKER et al., 2022).
A fisioterapia, portanto, é uma área essencial para prevenção e recuperação
do movimento e da saúde corporal como um todo. Através dos recursos te-
rapêuticos, é possível atuar em diferentes espectros dos níveis de atenção à
saúde, com técnicas menos invasivas e de baixo custo, possibilitando o acesso
ao tratamento e a melhoria da qualidade de vida.

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RECURSOS TERAPÊUTICOS EM FISIOTERAPIA II

1.2 TERMOTERAPIA SUPERFICIAL


A termoterapia superficial consiste em um recurso terapêutico que utiliza os
benefícios do calor e do frio, ou seja, de um gradiente de temperatura, que
altera beneficamente a fisiologia do corpo. Acompanhe a divisão da termote-
rapia na figura a seguir.

DIVISÃO DA TERMOTERAPIA

Recursos quentes

Superficial

Recursos frios

Termoterapia
Ondas curtas

Profunda Ultrassom

Micro-ondas

Fonte: elaborado pela autora (2023).

#pratodosverem: esquema mostrando as divisões da termoterapia.

A termoterapia superficial está baseada em alguns princípios, que são os res-


ponsáveis por promover a recuperação dos tecidos.

1.2.1 PRINCÍPIOS DA TERMOTERAPIA


SUPERFICIAL
A termoterapia superficial é uma técnica que utiliza recursos terapêuticos
frios e quentes e a diferença de temperatura entre o recurso e os tecidos. Os
recursos terapêuticos térmicos transferem energia, ou seja, calor, tanto para
os tecidos quanto a partir deles, por meio de transferência por condução, con-
vecção, radiação, conversão e evaporação (STARKEY, 2017).

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RECURSOS TERAPÊUTICOS EM FISIOTERAPIA II

Condução

Transferência de calor entre dois objetos que se tocam. No interior do


corpo, a transferência de energia de uma camada de tecido para outra
ocorre por condução. Os recursos terapêuticos que dependem de
condução são as compressas quentes úmidas e a aplicação de gelo.

Convecção

Transferência de calor pelo movimento de um meio, em geral, ar ou


água. Apesar de a transferência real de energia do meio para o corpo
ser por condução, a emissão da energia ocorre pelo movimento do
meio, ou seja, por convecção. A convecção promove o resfriamento de
um corpo/tecido e o subsequente aquecimento de outro corpo/tecido.
Os recursos terapêuticos que usam a convecção são os turbilhões.

Radiação

Transferência de energia sem o uso de um meio, em que a fonte


de calor que entra ou sai do sistema é em forma de energia; essa
energia varia em função do tamanho do trajeto (emissor – receptor)
e quanto maior o trajeto, maior a redução. Como exemplo de recurso
terapêutico que usa a radiação para a transferência de energia, temos
o laser e a diatermia por ondas curtas.

Conversão

É a transformação de uma forma de energia para outra a fim de


obter um efeito térmico no corpo. Por exemplo, na diatermia por
ondas curtas, a energia elétrica é convertida em calor; no ultrassom
terapêutico, a energia acústica é convertida em calor.

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RECURSOS TERAPÊUTICOS EM FISIOTERAPIA II

Evaporação

É a perda de calor de um corpo, transformando algo no estado líquido


para o estado gasoso para remover a energia térmica do corpo. O calor
absorvido pelo líquido resfria o tecido, enquanto o líquido muda o seu
estado para gasoso via conversão. Um exemplo de recurso terapêutico
que usa a evaporação são os sprays congelantes.

A termoterapia superficial é baseada no comportamento dos tecidos huma-


nos à temperatura, ou seja, à diferença mínima entre os limites de temperatu-
ra superiores e inferiores dos tratamentos térmicos, responsáveis por desenca-
dear uma ampla variedade de eventos celulares e vasculares (STARKEY, 2017).

O calor é um termo usado para descrever um


tipo de transferência de energia, não sendo uma
forma real dela. Os recursos terapêuticos térmicos
transferem calor da superfície mais quente para a
superfície mais fria por meio da troca de energia
cinética. Um exemplo desse fenômeno é a ação
da compressa quente, que transfere energia para
a pele; ou a pele, quente, transferindo energia para
uma bolsa de gelo (STARKEY, 2017).

Para que ocorra a troca de energia entre os corpos, é fundamental que um


deles esteja mais quente do que o outro, de modo que os transportadores de
energia possam transmitir energia da área de maior temperatura para a área
de menor temperatura.

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RECURSOS TERAPÊUTICOS EM FISIOTERAPIA II

TRATAMENTO COM RECURSOS TERAPÊUTICOS QUENTES

Fonte: Pexels (2023).

#pratodosverem: profissional com duas compressas quentes nas costas de uma paciente,
que está deitada na maca.

Quanto maior a diferença de temperatura, ou seja, o gradiente de temperatu-


ra, mais rápida será a troca. O calor é acrescentado ou removido do corpo por
meio dos mecanismos de transferência de calor (STARKEY, 2017), que usam as
propriedades da pele, repleta de receptores sensíveis à temperatura, ou ter-
morreceptores, cuja maioria responde ao frio, e uma pequena parcela, ao calor.
Os termorreceptores são neurônios dinâmicos, responsáveis por desencadear
a resposta à dor quando a temperatura se torna quente ou fria demais, de
modo a alterar o metabolismo celular. Quando há alteração na temperatura,
a velocidade dos processos metabólicos do corpo é afetada: cada 1 °C na tem-
peratura do tecido resulta em um aumento (calor) ou diminuição (frio) de 13%
na taxa metabólica dos tecidos (STARKEY, 2017).
Cada tipo de tecido conduz o calor em taxas diferentes, o que significa que as
mudanças na temperatura da pele não refletem imediatamente nas tempe-
raturas e nos tecidos subjacentes. Além disso, cada camada apresenta uma
temperatura, sendo a pele a mais fria (cerca de 33 ºC); depois, o tecido adiposo
e o tecido muscular, com aproximadamente 35 ºC.

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TRATAMENTO COM RECURSOS TERAPÊUTICOS QUENTES

Fonte: Pexels (2023).

#pratodosverem: profissional aplicando uma compressa quente nas costas de uma


paciente, deitada na maca.

É importante reforçar que as mudanças de temperatura dos tecidos mais


profundos são sempre menores do que as dos tecidos superficiais. Isso ocorre
porque a energia absorvida por uma camada de tecido não pode ser transmi-
tida para as camadas profundas; as camadas superficiais, ao absorverem uma
parte da energia, reduzem a quantidade disponível que será transmitida às
camadas mais profundas (STARKEY, 2017).
O comportamento dos tecidos corporais indica que a energia aplicada, para
ser eficaz como um recurso terapêutico, precisa atingir os tecidos-alvo.

O uso de um agente de aquecimento ou resfriamento


superficial com o objetivo de tratar uma lesão
profunda não resolve o problema, e pode afetar os
nervos sensoriais superficiais e os vasos sanguíneos
sem produzir as alterações metabólicas necessárias
para recuperar os tecidos traumatizados.

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RECURSOS TERAPÊUTICOS EM FISIOTERAPIA II

Ao entender o funcionamento dos tecidos corporais, fica mais fácil escolher o


tratamento adequado, ou seja, se deve utilizar terapias quentes ou frias. Por
isso, é fundamental conhecer bem cada uma delas.

1.2.2 HIPERTERMOTERAPIA
A hipertermoterapia consiste em uma técnica que usa o calor como recur-
so terapêutico. O calor aumenta a vibração molecular e a taxa metabólica
celular, e pode ser produzido por quatro métodos principais: os superficiais
– transferência de energia térmica e ação química associada ao metabolismo
celular; e os profundos – ação mecânica, realizada por ultrassom terapêutico,
e correntes elétricas ou magnéticas, geradas por aparelhos como os de dia-
termia (STARKEY, 2017).

TRATAMENTO COM RECURSO TERAPÊUTICO QUENTE

Fonte: Pexels (2023).

#pratodosverem: mãos que seguram duas compressas quentes nas costas de uma paciente
deitada na maca.

Para produzir efeitos terapêuticos, os recursos de aquecimento superficial


precisam elevar a temperatura da pele, entre 40 ºC e 45 °C. A transferência
de calor para os tecidos subjacentes ocorre por meio da condução; porém, os

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RECURSOS TERAPÊUTICOS EM FISIOTERAPIA II

recursos de aquecimento superficial, apesar de aquecerem uma área de teci-


do extensa, são limitados a profundidades de 2 a 3 cm, o que reduz o volume
geral de tecido aquecido (STARKEY, 2017).
A atuação dos efeitos terapêuticos associados ao calor se baseia na alteração
do limiar das terminações nervosas, promovendo a redução da dor e do es-
pasmo muscular. Em termos sistêmicos, ou seja, feitos no corpo como um
todo, o aquecimento de áreas extensas do corpo resulta em aumento da tem-
peratura corporal, da pulsação e da frequência respiratória e na diminuição
da pressão arterial (STARKEY, 2017).
O mecanismo de funcionamento dos recursos terapêuticos quentes está fun-
damentado no gradiente de temperatura, em que o recurso usado transfere
(perde) o calor para o corpo, que, por sua vez, recebe o calor; ainda há a perda
de calor para o ambiente. Quanto maior o gradiente de temperatura, mais
rápido ocorre a troca de energia (STARKEY, 2017).

TRATAMENTO COM RECURSO TERAPÊUTICO QUENTE

Fonte: Pexels (2023).

#pratodosverem: pequenas pedras quentes espalhadas pelas costas de uma paciente,


deitada em uma maca, com as mãos do profissional apoiadas sobre as costas dela.

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RECURSOS TERAPÊUTICOS EM FISIOTERAPIA II

De forma geral, nos primeiros 5 a 6 minutos de tratamento, o corpo absorve o


calor mais rápido do que a taxa de perda para o ambiente. Entre 7 e 9 minutos
de exposição, o gradiente de temperatura começa a estabilizar, declinando
levemente em seguida. Nesse momento, o corpo contrapõe a energia que
está sendo aplicada com uma quantidade adequada de sangue para resfriar
a área, estabilizando a temperatura do tecido.

A busca pelo equilíbrio da temperatura da pele é um


mecanismo de defesa para prevenir queimaduras, o
que acaba limitando a quantidade de aquecimento
subcutâneo que poderia ser obtida (STARKEY, 2017).

Com a continuidade da exposição do tecido ao calor, ocorre a vasodilatação


máxima, e a intensidade do tratamento permanece constante ou aumenta.
Por volta de 20 minutos de uso, ocorre a constrição dos vasos, que é um me-
canismo do corpo que visa proteger os tecidos subjacentes, sacrificando a ca-
mada superficial. Desse modo, se o tratamento é muito intenso ou de longa
exposição, podem ocorrer queimaduras.
É importante salientar que a magnitude dos efeitos de aquecimento se baseia
no aumento de temperatura dos tecidos-alvo, pois é a elevação da tempera-
tura que promove o aumento do metabolismo celular e no fluxo sanguíneo.
A elevação da temperatura faz a hemoglobina presente no sangue liberar
oxigênio, colaborando com o processo de cicatrização. Para se ter uma ideia,
com 41,1 °C, a liberação de oxigênio é quase o dobro quando comparada à
temperatura basal. A atividade enzimática aumenta com temperaturas pró-
ximas de 38,9 °C e continua a se elevar até 50 °C; acima desse ponto, a taxa de
atividade enzimática reduz rapidamente.
O uso do calor é indicado nos estágios subagudo e crônico de lesões, cuja
aplicação é sugerida para as seguintes condições: no controle da reação
inflamatória nos estágios subagudos ou crônicos; na cicatrização dos tecidos;
na promoção da drenagem venosa; na redução de edema e equimoses; e
na melhoria da amplitude de movimento (ADM) antes da atividade física ou
reabilitação (STARKEY, 2017). Para o tratamento dessas condições, podem ser
usados diversos recursos terapêuticos.

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RECURSOS TERAPÊUTICOS EM FISIOTERAPIA II

Lâmpadas de infravermelho

Utilizadas para o alívio da dor e rigidez, aumento da mobilidade


articular e regeneração de lesões de tecidos moles por meio do
estímulo do fluxo sanguíneo.

Compressas quentes úmidas

Usadas no aquecimento de tecidos superficiais e de pequenas áreas,


preferencialmente regulares, do corpo.

Banhos de parafina

Usados para o aquecimento das estruturas superficiais através do


uso de parafina aquecida, que transfere o calor para os tecidos por
condução e, assim, aumenta o fluxo sanguíneo.

Turbilhão quente ou imersão

Consiste em um aparelho que aquece e provoca um turbilhonamento


na água, cujo movimento, associado ao aquecimento, pode ser usado
em diversos tipos e tamanhos de lesões e áreas corporais, devido à
possibilidade de imersão.

Existem algumas condições que não podem ser tratadas com recursos tera-
pêuticos quentes, nesses casos, pode-se usar os frios.

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1.2.3 HIPOTERMOTERAPIA (CRIOTERAPIA)


A crioterapia consiste na aplicação de recursos terapêuticos frios, com tempe-
raturas entre 0 ºC e 18 °C.

O GELO, PRINCIPAL ELEMENTO DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS FRIOS

Fonte: Pexels (2023).

#pratodosverem: cubos de gelo sob uma superfície preta.

O frio pode ser aplicado de três maneiras: resfriamento conectivo, evaporativo


e condutivo (FELICE; SANTANA, 2009).

O resfriamento conectivo é um recurso


terapêutico raramente utilizado e consiste
no movimento de ar gelado sobre a pele.

Gelo
Fonte: Pexels (2023).
#pratodosverem: fragmentos de gelo sobre a água.

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RECURSOS TERAPÊUTICOS EM FISIOTERAPIA II

O resfriamento evaporativo é um processo


que consiste na aplicação de uma substância
sobre a pele, que, por sua vez, usa a energia
térmica para evaporar, diminuindo a
temperatura superficial.

Gelo
Fonte: Pexels (2023).
#pratodosverem: pedaços de gelo derretendo.

O resfriamento condutivo consiste


na aplicação local de um recurso
terapêutico frio, que recebe o calor dos
tecidos, consequentemente reduzindo a
temperatura.

Gelo
Fonte: Pexels (2023).
#pratodosverem: fragmentos de gelo sobre a água.

O funcionamento dos recursos terapêuticos frios está associado à perda de


calor do tecido para o recurso terapêutico, que precisa ser maior do que o
calor adquirido dos tecidos adjacentes, do fluxo sanguíneo e do metabolismo
local (STARKEY, 2017).

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Como é a pele que entra em contato direto com o recurso terapêutico, ela é
o primeiro tecido a perder calor. À medida que a pele é resfriada, ela atrai o
calor dos tecidos subjacentes, conforme a ordem a seguir:

ORDEM DE RESFRIAMENTO DOS TECIDOS CORPORAIS

Tecido
Pele Fáscia Músculos
adiposo

Fonte: elaborado pela autora (2023).

#pratodosverem: esquema mostrando a ordem de resfriamento dos tecidos humanos.

A profundidade, a magnitude e a duração dos efeitos da crioterapia depen-


dem do tipo de recurso terapêutico frio utilizado e das propriedades anatô-
micas e fisiológicas dos tecidos que serão tratados. Desse modo, o recurso
terapêutico frio remove o calor do corpo até que sua temperatura e a da pele
estejam próximas (FELICE; SANTANA, 2009; STARKEY, 2017).
É importante lembrar que, durante esse processo, o recurso terapêutico tam-
bém ganha calor do meio ambiente (temperatura atmosférica), perdendo
sua eficiência ao longo do tempo.

Não há transferência de frio, pois a energia térmica


se move de uma alta concentração de energia
(“calor”) para uma de baixa concentração (“frio”).
Quando um recurso terapêutico frio é colocado
sobre a pele, ocorre a transferência de calor da
pele para o recurso frio, até as temperaturas se
igualarem.

Neste sentido, a profundidade do resfriamento, que é elementar para o su-


cesso da crioterapia, está relacionada à duração do tratamento e ao tama-
nho da área que está sendo tratada: quanto maior a duração do tratamento,
menor será a temperatura e a profundidade do resfriamento; quanto maior
a área a ser tratada, ou seja, resfriada, mais profundo será o resfriamento (FE-
LICE; SANTANA, 2009; STARKEY, 2017).

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OS BANHOS GELADOS DE IMERSÃO AUXILIAM NO TRATAMENTO DE ÁREAS MAIORES

Fonte: Unsplash (2023).

#pratodosverem: banheira ao ar livre, com vista para a montanha, cheia de água gelada.

Há também outros elementos que afetam esse processo, como os fatores


metabólicos e o tipo de recurso terapêutico utilizado (STARKEY, 2017).

Compressas frias

Podem ser usadas a partir dos recursos de: (1) bolsas plásticas cheias
de gelo; (2) bolsas frias de gel reutilizáveis; (3) aparelhos para terapia de
compressão a frio; e (4) bolsas frias químicas ou “instantâneas”.

Massagem com gelo

Utilizada em tratamentos de áreas pequenas e de formato regular, em


que o gelo é colocado em um copo, por exemplo, e o conjunto é usado
como massageador.

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Imersão no gelo

Consiste em envolver a parte do corpo em uma mistura de gelo e água


a uma temperatura entre 10 ºC e 15,6 °C para o tratamento de lesões
ou áreas com superfície irregular.

Crioalongamento

Refere-se à aplicação de um recurso frio, geralmente spray de gelo,


associado ao alongamento passivo, aliviando o espasmo muscular
local e reduzindo o ciclo dor-espasmo-dor.

Turbilhões

São equipamentos colocados em reservatórios de água que geram


movimento, possibilitando a imersão em água fria (benefícios
térmicos) e a realização de atividades de recuperação e reabilitação.

A ação da crioterapia está relacionada à resposta do corpo à perda de calor,


que inclui vasoconstrição, diminuição da taxa metabólica, da inflamação e,
consequentemente, da dor (STARKEY, 2017).
De modo geral, quando o frio é aplicado, ocorre a diminuição do fluxo
sanguíneo superficial nos primeiros 13 minutos de uso do recurso. Após esse
tempo de tratamento, a taxa de diminuição do fluxo sanguíneo começa a se
equilibrar, mas com pequenas flutuações.
Quando a temperatura da pele alcança 13,9 °C, ocorre a redução máxima no
fluxo sanguíneo local. Por outro lado, o sistema linfático se altera de forma mais
lenta, pois ele começa a ser afetado quando a temperatura alcança 15 °C, pon-
to em que inicia sua vasoconstrição (FELICE; SANTANA, 2009; STARKEY, 2017).
As temperaturas dos tecidos precisam alcançar de 10 ºC a 15 °C para que a
redução no metabolismo celular seja efetiva. As alterações neurológicas, por
sua vez, precisam que a temperatura da pele alcance por volta de 5 °C, em
que a sensibilidade dos fusos musculares é reduzida. Para ter uma ideia, uma
redução de 7,4 °C na temperatura da pele resulta em uma diminuição de
14% na velocidade de condução do nervo motor e de 33% na velocidade de
condução do nervo sensorial (FELICE; SANTANA, 2009; STARKEY, 2017).

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Com relação à analgesia, ela é alcançada quando a temperatura da pele está


em aproximadamente 14,4 °C, que é obtida com cerca de 20 minutos de tra-
tamento com bolsas de gelo; o retorno da sensibilidade ocorre quando a tem-
peratura da pele atinge 15,6 °C.
Os efeitos sobre a resposta da lesão aos recursos terapêuticos frios, ao nível
celular e hemodinâmico, são benéficos para o tratamento de condições agu-
das, subagudas e crônicas, pois reduz e controla a inflamação aguda.
Esses efeitos são o resultado da diminuição do metabolismo celular devido à
redução da quantidade de oxigênio de que a célula precisa para sobreviver.
Como consequência, há uma redução na formação de edemas secundários e
da hemorragia devido ao efeito inibitório sobre os mediadores inflamatórios
e a diminuição da permeabilidade capilar devido à vasoconstrição (FELICE;
SANTANA, 2009; STARKEY, 2017).

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CONCLUSÃO

Os recursos terapêuticos superficiais termoterápicos podem ser considera-


dos os primeiros recursos acessíveis aos seres humanos, já que envolvem as
diferenças de temperatura, como o calor e o frio, que sempre estiveram pre-
sentes no ambiente humano.
No entanto, os recursos da natureza eram usados de maneira empírica, cujo
conhecimento e aplicações mais adequadas só apareceram com o estudo do
corpo humano e com o avanço da medicina e da fisioterapia.
Os recursos termoterápicos que utilizam o calor e o frio, mesmo de forma su-
perficial, são capazes de promover uma série de benefícios e melhorias de ca-
ráter imediato, ou seja, logo após a lesão, como também em tratamentos de
médio prazo. Tanto o resfriamento quanto o aquecimento da pele e dos te-
cidos subjacentes promovem transformações fisiológicas, que interrompem
os processos relacionados à inflamação e o ciclo dor-espasmo-dor, aliviando e
recuperando diferentes tipos de lesões e condições.

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RECURSOS TERAPÊUTICOS EM FISIOTERAPIA II

MATERIAL COMPLEMENTAR

1. Transferência de calor por três tipos de compressas


quentes e sua implicação na flexibilidade da região
lombar: ensaio clínico randomizado e controlado.

2. Capítulo 6: Aplicação clínica dos recursos


terapêuticos térmicos.

3. Efeito agudo de diferentes métodos de


termoterapia na amplitude de movimento articular.

4. Dosimetria usada na crioterapia para recuperação


muscular em atletas de endurance: uma revisão de
escopo.

5. Crioalongamento visando ganho na


extensibilidade de músculos isquiotibiais em
mulheres.

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UNIDADE 2

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos que
possa:

> Analisar a técnica de


ultrassom como recurso
terapêutico.
> Examinar a aplicação
das ondas curtas e
micro‑ondas como
ferramenta terapêutica.

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RECURSOS TERAPÊUTICOS EM FISIOTERAPIA II

2 SONIDOTERAPIA, ONDAS
CURTAS E MICRO-ONDAS

INTRODUÇÃO DA UNIDADE
Esta unidade abordará os conceitos básicos dos recursos terapêuticos que
envolvem ultrassom, diatermia de ondas curtas e micro-ondas. De forma ge-
ral, esses recursos operam em intervalos de energia, que compõem o espec-
tro eletromagnético, que, em contato com os tecidos corporais, promovem
seu aquecimento.
Apesar dos diferentes tipos de ondas e suas energias resultantes, todas elas
realizam a termoterapia profunda, ou seja, são capazes de aquecer os tecidos
em profundidade, diferentemente da termoterapia superficial, que envolve
bolsas térmicas e outras fontes de calor, além dos recursos terapêuticos frios.
O ultrassom e a diatermia de ondas curtas e micro-ondas são terapias impor-
tantes e muito presentes na fisioterapia, devido à sua eficácia no tratamento
de tecidos profundos. Através dos efeitos térmicos e não térmicos, é possível
tratar diferentes lesões pelo aquecimento eficaz dos tecidos.
Nesta unidade, você vai conhecer as principais características do ultrassom e
da diatermia de ondas curtas e micro-ondas, suas indicações, utilização e apli-
cações, para usá-los de forma adequada em qualquer nível de atenção à saúde.

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RECURSOS TERAPÊUTICOS EM FISIOTERAPIA II

2.1 SONIDOTERAPIA
A sonidoterapia é o conjunto de procedimentos que utilizam som e frequên-
cias para diferentes tipos de tratamento. Na fisioterapia, as frequências são
obtidas e aplicadas a partir do ultrassom.

USO DO ULTRASSOM PARA O TRATAMENTO DE LESÕES ARTICULARES

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, é possível observar a mão de uma profissional segurando


o equipamento responsável por transferir a energia do ultrassom para o cotovelo do
paciente, local da lesão.

O ultrassom, como recurso terapêutico, atua nos tecidos mais profundos, alte-
rando-os por meio de mecanismos térmicos e não térmicos.

2.1.1 PRINCÍPIOS DO ULTRASSOM


O ultrassom é obtido por meio de uma corrente alternada que flui através de
um cristal piezoelétrico, alojado em um transdutor no interior de um equipa-
mento (STARKEY, 2017).
Os cristais piezoelétricos, quando se contraem ou expandem, produzem car-
gas elétricas positivas e negativas, utilizadas para produzir o ultrassom tera-
pêutico. A vibração do cristal produz ondas sonoras de alta frequência (STA-
RKEY, 2017).

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RECURSOS TERAPÊUTICOS EM FISIOTERAPIA II

O ultrassom utiliza a energia acústica para obter


ondas e frequências em valores e comprimentos
variados. Cada conjunto de valores de energia é
utilizado para uma finalidade: o ultrassom usado no
diagnóstico por imagem tem valores entre 0,5 a 50
mW/cm2; finalidades terapêuticas da fisioterapia,
entre 1 a 3 W/cm2; destruição de tecidos, entre 0,2 a
100 W/cm2 (STARKEY, 2017).

O ultrassom produz uma onda de forma sinusoidal, que se propaga de forma


longitudinal e transversal e possui propriedades como comprimento de onda,
frequência, amplitude e velocidade diferenciadas. Ao se propagar, a energia
acústica é transferida através da colisão entre as moléculas; ao colidir, é troca-
da energia cinética sem o deslocamento das moléculas (STARKEY, 2017).

Por apresentar altas frequências, o ultrassom não


atravessa o ar e precisa de um meio de transmissão
denso. O meio de acoplamento existente nos
equipamentos permite que a energia ultrassônica
passe do transdutor para os tecidos (STARKEY, 2017).

As ondas emitidas pelo ultrassom, longitudinais e transversais, possuem dife-


rentes propriedades de acordo com a forma de propagação.

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Ondas longitudinais
O deslocamento das moléculas ocorre com
o alongamento e a contração da vibração,
paralela à direção do som. Esse fenômeno
pode ser observado através de uma pessoa,
pendurada na ponta de uma corda de
bungee jump: as ondas longitudinais podem
ser representadas pelo alongamento e
pela contração da corda, fazendo com que
o saltador oscile para cima e para baixo;
a energia, representada pelo saltador, é
transmitida paralelamente à direção da onda.

Fonte: Freepik (2023).


#pratodosverem: na imagem há uma pessoa que pulou de bungee jump, mostrando o
movimento feito pela corda – alongamento e contração.

Ondas transversais
As moléculas são deslocadas no sentido
perpendicular à direção da energia. Esse
fenômeno pode ser observado quando um
indivíduo toca uma corda de violão: ela vibra
de forma paralela ao seu comprimento,
gerando uma onda transversal.

Fonte: Freepik (2023).


#pratodosverem: na imagem há a mão de uma pessoa tocando uma corda de violão,
mostrando o movimento vibracional, que gera uma onda transversal.

O ultrassom se propaga como ondas de pressão através do corpo. A alternância


de alongamento e contração das ondas longitudinais resulta em regiões com
alta densidade de partículas (compressão) e baixa densidade de partículas
(rarefação) ao longo do caminho da onda (STARKEY, 2017). Essas alternâncias
transmitem a energia dentro dos tecidos, produzindo os efeitos fisiológicos.
As ondas longitudinais se deslocam em meios sólidos e líquidos, possibilitan-
do atravessar os tecidos moles até atingir um osso (um meio sólido), no qual
parte da energia é refletida e o resto é convertido em ondas transversais (STA-
RKEY, 2017).

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A propagação do ultrassom depende da frequência das ondas sonoras e da


densidade dos tecidos, que pode provocar a reflexão ou a refração da energia.

A DENSIDADE DOS TECIDOS INFLUENCIA NO SEU AQUECIMENTO E TRATAMENTO

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, uma técnica com roupa azul está segurando o equipamento
responsável por transferir a energia do ultrassom para o ombro do paciente, local da lesão.

A penetração das ondas nas membranas celulares faz com que os tecidos
adquiram energia cinética, o que resulta na vibração das células. As ondas
sonoras, ao serem absorvidas, transferem a energia do feixe para o interior
dos tecidos vizinhos por meio da conversão da energia mecânica em térmica
(STARKEY, 2017).
A quantidade de absorção depende de alguns elementos, como o conteúdo
de proteína dos tecidos, principalmente de colágeno, e teor de água (quanto
mais alto o conteúdo de água, mais o ultrassom transmite).

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ALGUMAS ÁREAS CORPORAIS SÃO MAIS BENEFICIADAS PELO ULTRASSOM

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, uma profissional, usando roupa azul, está segurando o


equipamento responsável por transferir a energia do ultrassom para a parte externa da
coxa da paciente.

O entendimento do funcionamento geral do ultrassom possibilita compreen-


der sua atuação como recurso terapêutico.

2.1.2 O USO DO ULTRASSOM COMO RECURSO


TERAPÊUTICO
Os efeitos fisiológicos promovidos pelo ultrassom no interior dos tecidos po-
dem ser classificados em térmicos e não térmicos (STARKEY, 2017).

Efeitos térmicos

Consistem nas alterações que ocorrem no interior dos tecidos,


decorrentes do aumento da temperatura pelo ultrassom.

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Efeitos não térmicos

Referem-se às mudanças promovidas nos tecidos, resultantes do efeito


mecânico do ultrassom.

Os efeitos térmicos do ultrassom são os mesmos descritos para a termotera-


pia superficial. Contudo, o ultrassom aquece os tecidos mais profundos e afeta
uma área menor. Ainda é importante destacar que os efeitos térmicos e não
térmicos não ocorrem totalmente separados no decorrer do tratamento, ou
seja, o aquecimento térmico é acompanhado de alguns efeitos não térmicos,
e o tratamento não térmico vai apresentar algum grau de aquecimento.

O TRATAMENTO COM ULTRASSOM ENVOLVE EFEITOS TÉRMICOS E NÃO TÉRMICOS

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, uma técnica, com roupa branca e luva azul, está segurando o
equipamento responsável por transferir a energia do ultrassom para o joelho da paciente.

Para se obter efeitos térmicos, deve-se atentar à quantidade de temperatu-


ra durante o tratamento, que está relacionado ao equipamento. Além disso,
também há outros fatores, como o modo de aplicação (ciclo de trabalho ele-
vado), a intensidade, a frequência da emissão, a vascularidade e o tipo de te-
cido, e o tamanho da área de tratamento.

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O ultrassom aplicado com uma frequência


de emissão de 1 MHz afeta os tecidos a uma
profundidade de até́ 5 cm; o de 3 MHz trata os
tecidos localizados entre 2 e 3 cm. O ultrassom de 3
MHz aquece os tecidos de três a quatro vezes mais
rápido do que o de 1 MHz, mas os efeitos térmicos
deste duram mais tempo: os tecidos aquecidos
com o ultrassom de 1 MHz retêm calor por quase o
dobro do tempo em relação ao ultrassom de 3 MHz
(NELSON; HAYES; CURRIER, 2003).

A taxa de aumento de temperatura está relacionada à intensidade e à dura-


ção da emissão. Quando a intensidade é mais baixa, a duração do tratamento
deve ser maior, para que a temperatura atinja o valor desejado. Para acelerar o
processo, pode-se realizar um pré-aquecimento com compressa quente úmi-
da (STARKEY, 2017).

INTENSIDADE COM BAIXAS TAXAS DE EMISSÃO REQUER MAIS TEMPO DE TRATAMENTO

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, um técnico, com roupa marrom, está de pé tratando um


paciente idoso deitado em uma maca, com ultrassom no joelho.

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A produção de calor está relacionada à quantidade de atenuação das ondas


sonoras nos tecidos, que envolve atenuação, absorção e dispersão das on-
das. Esse processo cria atrito entre as moléculas e aumenta a temperatura de
acordo com a composição dos tecidos. As ondas refletidas também elevam
o nível de aquecimento, já que a energia passa várias vezes pelos tecidos, au-
mentando os efeitos térmicos (STARKEY, 2017).
Os efeitos não térmicos, por sua vez, são interessantes para lesões agudas ou
quando o aquecimento do tecido é desfavorável ao tratamento.
Eles são obtidos por meio de operações diferenciadas do ultrassom, que rea-
lizam a emissão pulsada e a contínua. A emissão pulsada consiste em 20% a
25% do ciclo de trabalho, com uma intensidade de emissão de 0,5 W/cm2. Já a
contínua apresenta 100% do ciclo de trabalho com baixa intensidade (abaixo
de 0,3 W/cm2) (STARKEY, 2017).

O EQUIPAMENTO DE ULTRASSOM PODE SER AJUSTADO PARA OBTER MAIS OU MENOS


EFEITOS TÉRMICOS E NÃO TÉRMICOS

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, uma técnica de blusa branca segura o equipamento de


ultrassom enquanto o programa, por meio de uma tela, para obter mais efeitos térmicos
ou não térmicos.

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Os pulsos individuais da energia ultrassônica produzem os fenômenos de


cavitação, correnteza acústica e microcorrenteza, responsáveis por produzir
os efeitos não térmicos que estimulam o processo de cicatrização (STARKEY,
2017). Contudo, se forem aplicados com um ciclo de trabalho elevado, eles
também podem aumentar a temperatura dos tecidos.

OS FENÔMENOS DO ULTRASSOM CONTRIBUEM NA RECUPERAÇÃO DE DIFERENTES


LESÕES

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, uma técnica de blusa azul segura o equipamento de


ultrassom no ombro da paciente, deitada em uma maca.

A cavitação resulta das oscilações de pressão, ou seja, altas e baixas, criadas


pela onda ultrassônica ao deformar os tecidos microscópicos. As alterações de
pressão promovem o acúmulo de gás e a formação de bolhas microscópicas
nos tecidos.
A correnteza acústica consiste em um fluxo volumoso de fluidos que segue
em uma direção, e que, ao passar próximo de bolhas de gás, membranas ce-
lulares e suas organelas, originam as correntes parasitas (STARKEY, 2017).

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A corrente parasita sobre as membranas celulares favorece a liberação de íons


livres e pequenas moléculas, elevando a permeabilidade da membrana celu-
lar e modificando a sua taxa de difusão, favorecendo a liberação de nutrientes
(STARKEY, 2017).
Juntos, os fenômenos de cavitação e correnteza acústica formam a microcor-
renteza, que possibilita a reparação precoce da inflamação e a aceleração da
cicatrização de diferentes tecidos.

2.1.3 EFEITOS FÍSICOS, FISIOLÓGICOS E


TERAPÊUTICOS
De forma geral, os efeitos de aquecimento profundo produzido pelo ultras-
som terapêutico são usados para tratar problemas musculoesqueléticos.

O AQUECIMENTO PROFUNDO DOS TECIDOS PROMOVE A RECUPERAÇÃO

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, uma técnica de blusa e luvas azuis segura o equipamento de


ultrassom no joelho do paciente, com a tela do equipamento ao fundo.

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Entretanto, dependendo dos parâmetros do equipamento, do tamanho da


área tratada e das características do tecido, o ultrassom pode ser usado para
reparar tecidos diversos, cicatrizar feridas, aumentar o fluxo sanguíneo e a ex-
tensibilidade do tecido, reduzir os depósitos de cálcio, a dor e o espasmo mus-
cular e alterar a permeabilidade da membrana celular (STARKEY, 2017).
Os efeitos térmicos profundos são similares aos obtidos por termoterapia su-
perficial. No entanto, associados aos efeitos não térmicos, contribuem de for-
ma importante para a recuperação.
Com relação à resposta celular, os fenômenos não térmicos promovem o au-
mento da permeabilidade da membrana celular, alterando a taxa de difusão,
liberando íons e nutrientes diversos, favorecendo a síntese de proteínas. O
efeito térmico, por sua vez, aumenta o metabolismo celular e acelera a taxa
de inflamação, o que favorece o processo de cicatrização (STARKEY, 2017).

O AQUECIMENTO PROFUNDO DOS TECIDOS PROMOVE A CICATRIZAÇÃO

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, um fisioterapeuta realiza um ultrassom do joelho em um


paciente deitado em uma maca, com a tela do equipamento ao fundo.

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A dinâmica do sangue e dos fluidos corporais é influenciada pelo ultrassom,


pois ele aumenta o fluxo sanguíneo local, regulando a elevação da tempera-
tura com a retirada de calor da área para promover o equilíbrio entre o calor
emitido e o removido.
Além disso, há a mudança da permeabilidade da membrana celular, que pro-
move a redução do tônus vascular e a dilatação dos vasos. Associada a esses
eventos, há a liberação de substâncias que também atuam na vasodilatação,
aumentando ainda mais o fluxo sanguíneo e favorecendo a cicatrização e a
recuperação dos tecidos.
Outros usos terapêuticos do ultrassom estão relacionados à condução nervo-
sa e ao controle da dor. Com relação à condução nervosa, o aumento da ve-
locidade dela é uma consequência dos efeitos do ultrassom. Desse modo, ele
influencia diretamente na transmissão dos impulsos nervosos, pois promove
modificações dentro das fibras nervosas, além de aumentar a permeabilida-
de da membrana celular, modificando a atividade elétrica do nervo e elevan-
do o limiar de dor (STARKEY, 2017).

O ULTRASSOM É UM EQUIPAMENTO IMPORTANTE PARA A TERMOTERAPIA PROFUNDA

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, uma fisioterapeuta segura um ultrassom em uma mão e, na


outra, programa o equipamento com o auxílio de teclas e da tela.

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No caso da dor, o ultrassom pode controlá-la de forma direta, atuando no


sistema nervoso periférico, e indireta, como resultado de outras modificações
nos tecidos associadas à sua aplicação, como o aumento do fluxo sanguíneo e
da permeabilidade capilar. Essas alterações elevam as taxas de oxigênio, que
se transferem para as áreas hipóxicas, reduzindo a atividade dos receptores
de dor e, consequentemente, a quantidade de espasmo muscular, aumen-
tando o relaxamento muscular.
O ultrassom é indicado para o tratamento do espasmo muscular, pois seus
efeitos térmicos diminuem o espasmo ao reduzir os gatilhos mecânicos e
químicos que atuam no ciclo dor-espasmo-dor. A mudança da velocidade de
condução nervosa, o efeito contrairritante do aumento de temperatura e o
aumento do fluxo sanguíneo reduzem os estímulos que causam o espasmo.
Além disso, o ultrassom promove o relaxamento da tensão muscular devido
ao aumento do fluxo sanguíneo e da emissão de oxigênio, o que facilita o
alongamento das fibras musculares, reduzindo os estímulos mecânicos (STA-
RKEY, 2017).

O ULTRASSOM RELAXA E TRATA OS TECIDOS PROFUNDOS

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, uma fisioterapeuta segura um ultrassom apoiado na parte


interna da coxa da paciente, que está deitada em uma maca.

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Com relação à elasticidade dos tecidos, o aquecimento preferencial do ultras-


som promove o seu alongamento, especialmente daqueles ricos em colágeno,
como tendões, ligamentos, fáscias e tecido cicatricial.
O ultrassom como recurso terapêutico também pode ser usado na cicatrização
de músculos e tendões, pois pode promover o aumento da síntese de
colágeno, favorecendo o processo. Do mesmo modo, também pode ser utili-
zado na cicatrização de feridas superficiais e úlceras de pressão, já que facilita
a deposição de colágeno e acelera a cicatrização.
Alguns tipos de ultrassom, como os de baixa intensidade, podem auxiliar no
processo de cicatrização de fraturas agudas e não consolidadas. As fases en-
volvidas na cicatrização do osso, como inflamação, formação do calo mole,
formação do calo duro e remodelamento ósseo, podem se beneficiar dos
seus efeitos.

O ULTRASSOM AUXILIA NA CICATRIZAÇÃO DE TECIDOS ÓSSEOS

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, uma mão com luva azul segura um ultrassom apoiado na
costela da paciente, que está deitada de lado.

Em uma fratura óssea aguda, ocorre o rompimento dos vasos sanguíneos,


que levam à formação de hematomas e à interrupção do sangramento, ao
mesmo tempo em que causa a necrose do osso. Esta, por sua vez, desenca-
deia uma ação inflamatória que libera substâncias com o objetivo de remover
os resíduos. Ao mesmo tempo, ocorre a gênese e a liberação de células diver-
sas que atuam na cicatrização óssea, reparando o osso. Todo esse processo
pode ser acelerado pelo uso do ultrassom.

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Outro uso do ultrassom como recurso terapêutico é a difusão de medicamen-


tos pela pele, processo denominado de fonoforese (STARKEY, 2017). A energia
do ultrassom modifica os tecidos, promovendo o aumento dos poros e bene-
ficiando a absorção do medicamento por capilares superficiais, alcançando
os tecidos subcutâneos.

A fonoforese é uma forma vantajosa de introdução


de medicamentos no corpo, pois eles entram
nos tecidos sem passar pelo fígado, reduzindo a
eliminação metabólica das substâncias. Além disso,
é um método não invasivo e possibilita a distribuição
do remédio por uma área mais ampla.

Existem outros recursos terapêuticos que proporcionam efeitos similares ao


ultrassom, que são a diatermia por ondas curtas e as micro-ondas.

2.2 ONDAS CURTAS E MICRO-ONDAS


As ondas curtas e as micro-ondas fazem parte de um conjunto de recursos
terapêuticos denominados de diatermia. Utilizam energia elétrica de alta fre-
quência, geradas por radiação eletromagnética, em diferentes aplicações na
fisioterapia.

2.2.1 PRINCÍPIOS
A diatermia é uma palavra de origem grega, que significa “por meio de
calor”. O termo tem sido utilizado desde o final do século XIX para deno-
minar um conjunto de tratamentos que cuidaria de condições diversas:
musculoesqueléticas, doenças e clínicas gerais.
A diatermia por ondas curtas e por micro-ondas foi desenvolvida em meados
do século XX, e seu uso e sua popularidade têm sido cíclicos. Problemas como
vazamento de energia para locais distantes do alvo, ou seja, o paciente, causa-
ram preocupação sobre a segurança dele e do médico, o que impediu o uso
desses dispositivos por um tempo.

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Além do vazamento, eles também provocavam interferências em dispositivos


eletrônicos, como telefones celulares e computadores. No entanto, com as
melhorias em relação à blindagem e ao controle da dispersão e dosagem de
energia, o interesse nesses recursos terapêuticos foi renovado.
A diatermia de ondas curtas compreende as radiações eletromagnéticas cujo
valor no espectro eletromagnético varia, quanto à frequência, de 10 a 100
MHZ. Essa frequência também é conhecida como ondas de radiofrequência,
sendo a faixa de ondas mais curtas utilizada como recurso terapêutico (STA-
RKEY, 2017).

ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, um espectro eletromagnético mostrando as ondas de rádio


até os raios gama.

As correntes terapêuticas de onda curta são produzidas por uma fonte de


energia, que transforma a corrente elétrica comum de 127V e 60 Hz em 500V
e 45 MHz. A energia transformada alimenta um gerador de alta frequência,
que passa por um amplificador de potência para gerar a potência necessária
para os eletrodos.

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OS ELETRODOS TRANSPORTAM A ENERGIA PARA OS TECIDOS PROFUNDOS

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, uma mulher com eletrodos fixados na região do pescoço.

A energia amplificada é ligada a um depósito ressonante de saída, denomi-


nado sintonizador, que sintoniza o paciente e o torna parte de um circuito,
permitindo transmitir o máximo de energia a ele.
As micro-ondas são outra modalidade de aquecimento profundo por
radiofrequência, também chamada de diatermia por micro-ondas. São uma
forma de radiação eletromagnética, ou seja, compõem o espectro eletromag-
nético na faixa de frequência de 2450 MHz, com comprimento de onda de
12,25 cm. Ao observar o espectro eletromagnético, as micro-ondas situam-se
entre as ondas curtas e as radiações geradas pelas lâmpadas infravermelhas.
Como a frequência das micro-ondas é muito elevada, é gerada por um dispo-
sitivo especial, composto por pequenas cavidades que, quando preenchidas
por um fluxo elétrico, criam uma frequência de resposta. Os elétrons oscilam
no interior da cavidade em uma frequência predeterminada, resultando em

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uma corrente de alta frequência, transmitida ao longo de um cabo coaxial.


Este, por sua vez, transmite a energia a um dispositivo direcionador, no qual
um sistema de irradiação, formado por uma antena com um refletor, é utiliza-
do no direcionamento das micro-ondas até o paciente.

ESQUEMA DE FUNCIONAMENTO DA DIATERMIA POR MICRO-ONDAS

Transmissão
Dispositivo Dispositivo
Corrente pelo cabo
preenchido Frequência direcionador
de alta coaxial até o
por fluxo de resposta até o
frequência dispositivo
elétrico paciente
direcionador

Fonte: Elaborado pela autora (2023).

#pratodosverem: esquema geral de funcionamento das micro-ondas para fins terapêuticos.

Assim como o ultrassom, as micro-ondas também pode ser refletidas ou re-


fratadas e, com isso, não fornecer os efeitos terapêuticos desse recurso. Quan-
do as micro-ondas são refletidas em uma interface como a superfície do osso,
por exemplo, uma parte da energia pode ser refletida, retornando à superfí-
cie; ou coincidindo e superpondo-se aos raios incidentes. Esses fenômenos
podem amplificar ou reduzir a energia em algumas áreas, prejudicando a to-
talidade do tratamento.

2.2.2 ONDAS CURTAS


A diatermia por ondas curtas usa a energia eletromagnética oscilatória não
ionizante de alta frequência, ou seja, ondas semelhantes às de transmissão
de rádio, para a produção de calor profundo nos tecidos corporais (STARKEY,
2017). Apesar do processo complexo de geração de calor nos tecidos, os efeitos
térmicos são semelhantes à hipertermoterapia superficial, contudo, alcança
os tecidos mais profundos.
A diatermia por ondas curtas também se assemelha ao ultrassom por resultar
em efeitos térmicos e não térmicos. Apesar da semelhança, elas apresentam
algumas vantagens, como a não reflexão das ondas nos ossos, tornando a téc-
nica menos suscetível a criar pontos superaquecidos.

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O AQUECIMENTO PROFUNDO ACELERA A RECUPERAÇÃO DAS LESÕES

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, eletrodos fixados nas costas do paciente para a realização do


tratamento térmico.

A diatermia por ondas curtas trata um grande volume de tecido se compa-


rado ao ultrassom, além de atingir uma maior profundidade e pode aumen-
tar as temperaturas intramusculares de 4 °C a 5 °C (STARKEY, 2017). Apesar
de suas características de aquecimento serem semelhantes às do ultrassom,
elas conseguem aquecer uma maior quantidade de tecido; com isso, o calor
é retido por um tempo três vezes maior.
Existem dois tipos de geradores de diatermia de ondas curtas: os geradores
de campo de indução e os de campo capacitivo. Cada um afeta tipos e pro-
fundidades diversas de tecidos, além de apresentarem diferentes taxas de
elevação de temperatura.

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TIPOS DE CAMPOS DA DIATERMIA POR ONDAS CURTAS

Campo Campo
de indução eletromagnético
Diatermia de
ondas curtas
Campo Tecido como
capacitivo parte do circuito

Fonte: Elaborado pela autora (2023).

#pratodosverem: esquema dos tipos de campos de diatermia por ondas curtas.

O método de campo de indução consiste em colocar o paciente em um cam-


po eletromagnético produzido pelo equipamento por meio de uma corrente
alternada de alta frequência. Os tecidos a serem tratados estão no campo
eletromagnético, mas não são uma parte efetiva do circuito, e a energia pode
ser aplicada através de cabos ou por um tambor de indução.
Os campos eletromagnéticos se desenvolvem perpendicularmente ao cabo,
fazendo com que os íons oscilem e gerem correntes; o atrito provocado pelo
movimento dos íons produz calor, aquecendo o tecido muscular sem aque-
cer o tecido adiposo.
A diatermia por campo capacitivo, por sua vez, utiliza os tecidos do paciente
no circuito elétrico: os tecidos são colocados entre dois eletrodos, e a resistên-
cia deles ao fluxo de energia produz o aquecimento. Os geradores capacitivos
afetam os tecidos sob cada placa, aquecendo seletivamente o tecido adiposo
e o osso. Por esse motivo, não é um recurso recomendado para pacientes
com uma camada espessa de tecido adiposo (STARKEY, 2017).

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O TECIDO DO PACIENTE É USADO COMO PARTE DO CAMPO ELÉTRICO

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, eletrodos fixados na coxa interna do paciente para a


realização do tratamento térmico.

Além das diferenças de campo, há também distinções na forma de aplicação


das ondas curtas, que pode ser de modo contínuo e pulsado. As ondas curtas
contínuas são indicadas para condições crônicas, elevando a temperatura do
tecido subcutâneo. Por também ter a opção de emissão pulsada, pode ser
utilizado em algumas condições agudas e subagudas se houver o controle do
aumento da temperatura – quantidade e velocidade.
As ondas curtas pulsadas são obtidas por meio da interrupção da emissão
contínua, através da determinação de um intervalo usando uma frequência
de pulsos, que resulta em “trens” de pulsos semelhantes aos utilizados em
eletroterapia (STARKEY, 2017). A emissão pulsada permite a aplicação de in-
tensidades e tempos maiores e, quanto mais elevada for a frequência dos
pulsos, maior é a quantidade de aquecimento tecidual.
Os efeitos terapêuticos do uso da diatermia por ondas curtas ocorrem pelo
efeito do aquecimento, principalmente pela sua capacidade de aquecer os
tecidos mais profundos, e podem ser térmicos e não térmicos.

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Os efeitos não térmicos das ondas curtas incluem o aumento da perfusão mi-
crovascular, do crescimento de fibroblastos e da atividade de macrófagos, que
auxiliam na cicatrização dos tecidos, além da redução do edema. Os efeitos
térmicos estão relacionados ao aquecimento de grandes volumes de tecido,
além da profundidade do aquecimento (NELSON; HAYES, CURRIER, 2003).

EFEITOS TÉRMICOS E NÃO TÉRMICOS DA DIATERMIA POR ONDAS CURTAS

aquecimento profundo
Efeitos térmicos
dos tecidos
Diatermia de
ondas curtas
alterações na
Efeitos não térmicos
fisiologia do tecido

Fonte: elaborado pela autora (2023).

#pratodosverem: esquema dos feitos térmicos e não térmicos da diatermia por ondas
curtas.

Esses efeitos podem ser aplicados para acelerar a cicatrização de tecidos, rea-
bsorver hematomas e edemas, estimular a circulação sanguínea, analgesia e
relaxamento muscular e aumentar a extensibilidade do colágeno, melhoran-
do a amplitude de movimento. Neste sentido, a diatermia de ondas curtas é
indicada para entorses subagudas ou crônicas, distensão muscular, tendinite,
lombalgia e lombociatalgia, entre outros.

2.2.3 MICRO-ONDAS
A diatermia por micro-ondas consiste na utilização das ondas eletromagné-
ticas na faixa das micro-ondas com finalidade terapêutica. O micro-ondas
é um recurso físico bastante utilizado para o tratamento dos tecidos moles,
promovendo o aumento do fluxo sanguíneo, a facilitação da mobilização, a
cicatrização dos tecidos e o alívio da dor (STARKEY, 2017).
O recurso terapêutico eleva a temperatura dos tecidos quando a energia ul-
trapassa a resistência oferecida por eles, resultando em um processo de con-
versão. O aquecimento produzido pela diatermia por micro-ondas pode ser
observado tanto nos tecidos superficiais, como a pele, como também nos te-
cidos mais profundos.

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A DIATERMIA POR MICRO-ONDAS AQUECE PROFUNDAMENTE OS TECIDOS

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, placas fixadas na coxa do paciente, que está deitado em uma
maca, para a realização do tratamento térmico.

Para entender seus efeitos nos tecidos, é importante compreender o funcio-


namento do micro-ondas. O princípio de aquecimento dos tecidos por esse
recurso terapêutico é baseado na vibração e no atrito intermolecular, princi-
palmente nos tecidos com grande teor de água e eletrólitos.
Os efeitos da diatermia por micro-ondas são semelhantes aos da diatermia
por ondas-curtas e por ultrassom; contudo, esses últimos alcançam uma
maior profundidade tecidual que o micro-ondas, sendo, em alguns casos,
mais eficientes.
A diatermia por micro-ondas pode penetrar até aproximadamente 3 cm de
profundidade, dependendo de alguns fatores, como a quantidade de tecido
adiposo e a forma de aplicação.
A quantidade de tecido adiposo entre a fonte emissora e o tecido a ser tratado
reduz a quantidade de calor produzido profundamente, o que pode compro-
meter a eficiência do tratamento.

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Se a camada de tecido adiposo for superior a 1 cm,


muito calor ficará concentrado na superfície e
pouco calor será produzido nos tecidos subjacentes
(NELSON; HAYES; CURRIER, 2003).

Outro elemento importante é a adequação da distância do aplicador em re-


lação à pele e intensidade utilizada, em que a lei do cosseno é utilizada para
a orientação.

A lei do cosseno diz que a intensidade da radiação


que incide sobre uma área é proporcional ao
cosseno do ângulo de incidência. Ou seja, a
absorção da energia pelos tecidos só ocorrerá de
forma proveitosa se a incidência da fonte emissora
estiver em ângulo reto com a superfície a ser tratada
(NELSON; HAYES; CURRIER, 2003).

Sobre a atuação do recurso, a diatermia por micro-ondas age aquecendo pro-


fundamente o tecido, aumentando o metabolismo local, o fluxo sanguíneo, a
vasodilatação e o aporte de oxigênio, que resulta em efeitos como antiflogísti-
co/anti-inflamatório, analgésico, relaxamento das fibras musculares, além de
acelerar a retirada de catabólitos do local lesionado, reduzindo a viscosidade
do sangue.
O recurso de diatermia por micro-ondas apresenta as mesmas indicações e
aplicações da diatermia de ondas curtas, que envolvem a aceleração da cicatri-
zação de tecidos; reabsorção de hematomas e edemas; o estímulo à circulação
sanguínea; analgesia e relaxamento muscular; e aumento da extensibilidade
do colágeno, melhorando a amplitude de movimento. Neste sentido, a diater-
mia de micro-ondas também é indicada para entorses subagudas ou crônicas,
distensão muscular, tendinite, lombalgia e lombociatalgia, entre outros.

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CONCLUSÃO

Os recursos terapêuticos termoterápicos profundos, como o ultrassom e a


diatermia por ondas curtas e micro-ondas, são técnicas importantes para o
tratamento de lesões e outras patologias associadas aos tecidos profundos.
Esses recursos oferecem os mesmos benefícios da termoterapia superficial,
diferindo no grau de alcance do aquecimento, chegando a até 5 cm, e tam-
bém na quantidade de calor, que pode acrescentar até 5 ºC.
Além disso, resultam em efeitos térmicos, ligados ao aquecimento em si, e
não térmicos. Estes últimos promovem modificações na fisiologia dos teci-
dos, destruindo e estimulando o crescimento de novas células, além da re-
moção de catabólitos, de forma a contribuir no processo de cicatrização e
recuperação de lesões diversas, inclusive ósseas.
Desse modo, o uso de recursos terapêuticos térmicos que atuam nos tecidos
mais profundos promove transformações fisiológicas que interrompem os
processos relacionados à inflamação e ao ciclo dor-espasmo-dor, aliviando e
recuperando diferentes patologias.

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MATERIAL COMPLEMENTAR

1. Tratamento fisioterapêutico da paralisia facial


periférica: revisão de literatura.

2. Uso da fonoforese para alívio da dor e inflamação


em doenças do sistema musculoesquelético.

3. Estudos dos efeitos do ultrassom e ultrassom


associado à atividade física na redução do diâmetro
abdominal.

4. Um estudo randomizado controlado sobre a


eficácia da diatermia de ondas longas na dor,
incapacidade e amplitude de movimento em
pacientes com dor cervical.

5. Entorse de tornozelo e seu tratamento: revisão de


literatura.

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UNIDADE 3

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos que
possa:

> Compreender o uso e as


aplicações da técnica de
infravermelho.
> Empregar o uso da
técnica de ultravioleta
como recurso terapêutico.

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3 INFRAVERMELHO E
ULTRAVIOLETA

INTRODUÇÃO DA UNIDADE
Esta unidade abordará os princípios, as aplicações e os efeitos dos recursos
terapêuticos envolvendo o infravermelho e o ultravioleta.
O infravermelho e o ultravioleta são radiações que compõem o espectro ele-
tromagnético e emitem energia em diferentes comprimentos de onda. Cada
uma delas possui características distintivas, de modo que podem ser usadas
em uma série de patologias e processos de recuperação de tecidos superfi-
ciais e profundos.
Esses recursos terapêuticos, diferentemente da termoterapia, por exemplo,
são de conhecimento mais recente, por volta do século XVII. Já eram conhe-
cidos, na época dos gregos e romanos, os efeitos benéficos da exposição ao
sol, um dos maiores emissores naturais dessas duas radiações. No entanto, o
controle do sol e das emissões advindas dele era (e ainda é) praticamente im-
possível, o que fomentou a busca por alternativas de obtenção dos benefícios
da energia emitida por ele.
Nesta unidade, você vai conhecer as principais características dos recursos
terapêuticos de infravermelho e de ultravioleta, seus princípios, indicações,
utilização e aplicações, de forma a empregá-los de forma assertiva em qual-
quer nível de atenção à saúde.

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3.1 INFRAVERMELHO
O infravermelho utilizado como recurso terapêutico é proveniente da radia-
ção infravermelha (IV), que consiste em uma radiação não ionizante na por-
ção invisível do espectro eletromagnético.

ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, é possível identificar o espectro eletromagnético, a energia


emitida e os comprimentos de onda.

As radiações infravermelhas são aquelas cujos comprimentos de onda são


maiores que os da luz vermelha visível, estendendo-se até a região das micro-
-ondas, ou seja, entre 760 nm e 12.500 nm (LOW; REED, 1995; STARKEY, 2017).
Para você entender como o infravermelho pode atuar como recurso terapêu-
tico, é essencial compreender alguns princípios físicos que desencadeiam os
efeitos fisiológicos nos tecidos.

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3.1.1 PRINCÍPIOS
As radiações infravermelhas são invisíveis aos nossos olhos, pois se situam na
faixa do espectro eletromagnético entre as micro-ondas e a luz visível.

O que você vê quando está usando o infravermelho


luminoso, ou seja, os infravermelhos feitos com
lâmpadas vermelhas, é a frequência de emissão
dessa fonte de radiação, que está próxima da faixa
de frequência da cor vermelha.

Mesmo a luz infravermelha não sendo visível para nós, muitas modalidades
terapêuticas usam essa energia da faixa de luz do espectro eletromagnético.

AS LÂMPADAS VERMELHAS SÃO UMA FREQUÊNCIA DE EMISSÃO DA FONTE DE


RADIAÇÃO INFRAVERMELHA

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, várias luzes vermelhas.

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As fontes de radiação infravermelha podem ser naturais – o sol, por exemplo,


é um grande emissor de infravermelho – ou artificiais. Como o sol é uma fon-
te de energia natural não muito confiável, já que não é controlável, usamos
fontes artificiais para atender às mais diversas demandas, como aquecedores,
secadores de cabelos, fornalhas industriais, fogões, entre outros.
O infravermelho pode ser utilizado de duas maneiras: por meio de lâmpa-
das ou outras fontes próprias para a emissão desse comprimento de onda e
também por laser de baixa intensidade. Este produz uma luz monocromática
altamente organizada na faixa ultravioleta, visível ou infravermelha, cuja or-
ganização resulta em fótons que provocam eventos fisiológicos nos tecidos
(STARKEY, 2017). São esses eventos fisiológicos os responsáveis pela recupera-
ção dos tecidos.

A laserterapia de baixa intensidade não causa


destruição dos tecidos, somente estimula as
reações fisiológicas. Por outro lado, os lasers de
alta intensidade (também conhecidos como
“lasers quentes”) produzem modificações térmicas
nos tecidos que culminam em sua destruição,
evaporação ou desidratação ou, ainda, coagulação
proteica. Os lasers quentes são usados em cirurgias,
redução capsular e remoção de rugas e tatuagens,
entre outros. Em razão de seu potencial destrutivo,
os lasers de alta potência não são utilizados como
recursos terapêuticos (PRENTICE, 2014).

Como você aprendeu, a energia produzida por lasers terapêuticos pode ter
um comprimento de onda de 760 nm a 12.500 nm, que inclui a luz UV, a luz
visível e infravermelha do espectro eletromagnético (STARKEY, 2017).
A cor da luz é determinada pela frequência, ou seja, pelo comprimento de
onda. A frequência e o comprimento de onda são termos muitas vezes apli-
cados como sinônimos, mas são inversamente relacionados entre si: quando
a frequência aumenta, o comprimento de onda diminui (e vice-versa).
Para que o infravermelho possa ser usado como recurso terapêutico, é impor-
tante conhecer seus princípios para que ele possa ser utilizado de forma correta.

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3.1.2 O USO DO INFRAVERMELHO COMO


RECURSO TERAPÊUTICO
Desde o início do século XX, o uso da radiação infravermelha no tratamento
de uma série de patologias já era conhecido e relatado na história da fisiote-
rapia. Na década de 1950, um pesquisador sugeriu que a radiação infraver-
melha poderia ser usada para várias doenças como a tuberculose, elefantíase,
entre outras, além das lesões no tecido mole (PRENTICE, 2014; STARKEY, 2017).
Entretanto, com o desenvolvimento de novos estudos e o avanço das tecno-
logias, foram descobertas muitas limitações no uso da radiação infraverme-
lha com fins terapêuticos; muitas delas, inclusive, contrariando as suposições
daquele pesquisador. Contudo, o infravermelho pode ser usado em muitas
patologias e áreas da saúde.

USO DA RADIAÇÃO EM DIFERENTES ÁREAS DA SAÚDE

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, há um homem segurando um equipamento de


infravermelho direcionado para a boca de um paciente, mostrando a aplicação da
radiação na área da saúde.

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Para a obtenção de radiação infravermelha, podem ser usados geradores ou


fontes luminosas ou geradores ou fontes não luminosas.

Fontes luminosas

Geram radiação infravermelha a partir de um filamento de tungstênio


no interior de um bulbo de vidro que contém um gás inerte sob baixa
pressão (STARKEY, 2017).

Fontes não luminosas

Geram radiação infravermelha a partir de um arame de resistência


espiralado, que pode estar enrolado em torno de um objeto isolante
de cerâmica ou ligado diretamente no objeto (STARKEY, 2017).

O método mais comum de produção de radiação infravermelha é a partir de


geradores luminosos, que emitem radiações infravermelhas e visíveis em que
o calor é produzido através da corrente que passa pelo fio metálico espiralado
(PRENTICE, 2014; STARKEY, 2017).
Ao usar esses geradores como recurso terapêutico, podem ser utilizados fil-
tros para limitar a emissão de determinadas faixas de onda: por exemplo, po-
de-se usar um filtro vermelho para filtrar as ondas luminosas nas faixas do
azul ao verde.

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USO DO INFRAVERMELHO PARA RECUPERAR LESÕES

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, uma mão feminina segurando outra mão, com a palma
virada para cima e aplicando o infravermelho no pulso, com um filtro azul.

Os geradores não luminosos, por sua vez, emitem radiação infravermelha tan-
to pelo fio metálico como pelos materiais aquecidos que circundam a resis-
tência, resultando na emissão de radiações de diversas frequências diferentes
(PRENTICE, 2014; STARKEY, 2017).
Tanto os geradores luminosos quanto os não luminosos emitem fótons du-
rante o processo, que ativam determinados receptores da pele que estimu-
lam ou inibem eventos fisiológicos.

Os fótons consistem em partículas que compõem


a luz e podem ser definidos como pequenos
pacotes que transportam a energia contida nas
radiações eletromagnéticas, no caso dos recursos
terapêuticos, para os tecidos (STARKEY, 2017).

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Os efeitos terapêuticos dos fótons nos tecidos estão relacionados à ativação


dos cromóforos que compõem as moléculas presentes nos tecidos.

Os cromóforos podem ser definidos como uma


parte ou conjunto de átomos de uma molécula,
formados por grupos funcionais orgânicos que
absorvem na região do ultravioleta ou visível; ou,
ainda, uma molécula que possui muitos elétrons
com a capacidade de absorver energia ou luz visível
(STARKEY, 2017).

Os cromóforos presentes nos tecidos, como a melanina e hemoglobina, ab-


sorvem luz com um comprimento de onda específico, o que determina quais
receptores serão afetados e como os tecidos serão recuperados (PRENTICE,
2014; STARKEY, 2017). Neste sentido, esses conceitos são essenciais para a
compreensão dos efeitos físicos, fisiológicos e terapêuticos.

3.1.3 EFEITOS FÍSICOS, FISIOLÓGICOS E


TERAPÊUTICOS
O infravermelho é um recurso fisioterápico que utiliza a radiação eletromag-
nética infravermelha para a emissão de calor superficial. No espectro ele-
tromagnético, encontra-se nos comprimentos de onda entre 760 e 780 nm
(STARKEY, 2017).
O aquecimento local superficial produzido pelo calor infravermelho aquece
o tecido no local da patologia em temperaturas mais baixas, enquanto os te-
cidos superficiais são aquecidos em temperaturas mais altas, resultando em
analgesia (PRENTICE, 2014; STARKEY, 2017). Desse modo, o uso do infraverme-
lho é recomendado em condições subagudas, pois, devido aos seus efeitos
analgésicos, diminui a dor e a inflamação.

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O INFRAVERMELHO TEM AÇÃO CICATRIZANTE E ANALGÉSICA

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, há uma mão segurando um equipamento de infravermelho,


que está sendo usado no ombro de uma paciente.

Como nos demais métodos de produção de calor superficial, como a hiper-


termoterapia, o uso do infravermelho promove a dilatação generalizada da
área que está recebendo o calor, aumentando a temperatura da área; ao mes-
mo tempo, promove a sedação dos tecidos devido ao aumento do limiar de
despolarização nervosa.
Os efeitos físicos e fisiológicos do infravermelho, portanto, estão associados
ao calor, que aumenta a permeabilidade dos capilares e o metabolismo na
região que está recebendo o tratamento, elevando as taxas de migração dos
leucócitos para o local, auxiliando na recuperação de inflamações crônicas.

EFEITOS FÍSICOS E FISIOLÓGICOS DO INFRAVERMELHO NOS TECIDOS

Efeitos físicos e
Calor gerado Aumento do
fisiológicos que promovem
pelo infravermelho. metabolismo.
a recuperação tecidual.

Fonte: elaborada pela autora (2023).

#pratodosverem: esquema com os efeitos físicos e fisiológicos do infravermelho.

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Devido ao avanço de muitas tecnologias na área de recursos terapêuticos, e


considerando que o infravermelho é uma modalidade de terapia superficial,
outros métodos o substituíram com o tempo. Contudo, o infravermelho ainda
possui uma importante função no processo de cicatrização.

USO DO INFRAVERMELHO NA CICATRIZAÇÃO

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, há um pé com uma ferida, que está sendo tratada com
infravermelho para acelerar a cicatrização.

A elevação da temperatura dos tecidos ocasionada pelo calor possui um efei-


to benéfico sobre a lesão, devido ao aumento do fluxo sanguíneo e do acú-
mulo de sangue durante os processos metabólicos.
A taxa do metabolismo dos tecidos depende parcialmente da temperatura,
aumentando ou diminuindo de acordo com ela: essa taxa se eleva aproxi-
madamente 13% para cada 1 ºC de acréscimo; quando há a redução da tem-
peratura dos tecidos, as taxas de diminuição do metabolismo são similares
(PRENTICE, 2014; STARKEY, 2017).

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Neste contexto, podemos dizer que o aquecimento local do tecido pelo infra-
vermelho provoca um efeito primário, que é o aumento na taxa metabólica
local e da produção de metabólitos e calor adicional.

TRATAMENTO DOS TECIDOS COM INFRAVERMELHO

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, uma fisioterapeuta segurando um equipamento de


infravermelho na canela do paciente.

Esses aumentos conduzem, por sua vez, a elevação da pressão hidrostática


intravascular, causando a vasodilatação arteriolar e o aumento no fluxo
sanguíneo capilar (PRENTICE, 2014; STARKEY, 2017).

É importante observar que, ao mesmo tempo


em que o aumento da pressão hidrostática eleva
o metabolismo, ele também amplia a chance da
formação de edemas, o que pode aumentar o
tempo de recuperação de uma lesão em particular
(PRENTICE, 2014; STARKEY, 2017).

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O aumento do fluxo sanguíneo capilar é essencial para a recuperação de mui-


tos tipos de lesão, principalmente aquelas com inflamação entre leve e mo-
derada. Isso porque, uma vez que o fluxo aumenta, ele eleva o suprimento
de oxigênio, de anticorpos, de leucócitos e de outros nutrientes e enzimas
necessários para a recuperação tecidual, além de aumentar a limpeza dos
metabólitos (PRENTICE, 2014; STARKEY, 2017).

EFEITOS DO INFRAVERMELHO

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, uma mulher deitada em uma maca sendo exposta ao


tratamento de infravermelho no rosto.

Com maiores intensidades de calor, a vasodilatação e o fluxo sanguíneo au-


mentado se espalham para as áreas remotas, ou seja, mais distantes da área
da lesão, elevando o metabolismo nas áreas não diretamente aquecidas. Esse
fenômeno é denominado de vasodilatação consensual por calor e pode ser
útil em muitas condições nas quais o calor local é contraindicado (PRENTICE,
2014; STARKEY, 2017).
Outra função importante do uso do infravermelho e que constitui sua mais
frequente indicação é a sua capacidade de produzir efeito analgésico, redu-
zindo a intensidade da dor. O calor reduz o desconforto associado à dor mus-
cular de início tardio após 30 minutos de tratamento (STARKEY, 2017).

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O calor proveniente do infravermelho também pode ser usado em distúrbios


musculoesqueléticos e neuromusculares, como entorses, distensões, proble-
mas articulares e espasmos musculares, sejam eles acompanhados ou não
de dor. O calor relaxa e reduz a proteção do músculo esquelético, o que au-
menta a elasticidade e diminui a viscosidade do tecido conectivo; são efeitos
muito desejados em lesões articulares pós-agudas ou depois de longos pe-
ríodos de imobilização, por facilitar o processo de reabilitação e recuperação
(PRENTICE, 2014; STARKEY, 2017).

3.2 ULTRAVIOLETA
A luz ultravioleta (UV) se refere a uma radiação eletromagnética que compre-
ende uma região com comprimentos de onda que vão de 400 a 100 nanôme-
tros, o que corresponde a uma pequena área do espectro eletromagnético
(STARKEY, 2017).

APLICAÇÃO DE ULTRAVIOLETA NA PELE

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, uma paciente sendo exposta ao tratamento com ultravioleta


no rosto.

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O recurso ultravioleta utiliza a luz UV artificial com fins terapêuticos, sendo a


principal aplicação em patologias da pele. Para você compreender as aplica-
ções desse recurso, é importante conhecer alguns princípios e entender os
fenômenos que ocorrem nos tecidos corporais.

3.2.1 PRINCÍPIOS
A radiação ultravioleta é uma das mais antigas modalidades de tratamento
médico, pois o maior emissor de raios UV é o sol. Além de luz, o UV solar é res-
ponsável pela fotossíntese das plantas, o que garante a nossa sobrevivência
há milênios (PRENTICE, 2014; STARKEY, 2017).

ESQUEMA DA FOTOSSÍNTESE NA NATUREZA

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na ilustração, um desenho de uma planta em um vaso, recebendo a luz do


sol, que contém energia UV e estimula a fotossíntese.

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RECURSOS TERAPÊUTICOS EM FISIOTERAPIA II

Por essa razão, os antigos médicos do Egito e da Grécia atribuíam muitas pro-
priedades curativas à luz solar. Até o século XX, o sol era a única fonte satisfa-
tória de UV. Com a evolução da ciência e da tecnologia, há uma ampla varie-
dade de geradores para a radiação ultravioleta no mercado (DE CASTRO et
al., 2020).

O uso do UV como recurso terapêutico foi


um resultado do trabalho pioneiro do médico
dinamarquês Niels Finsen. Inclusive, esse foi o
motivo pelo qual ele, em 1903, recebeu o prêmio
Nobel de medicina pelo sucesso no tratamento de
lúpus vulgar usando uma lâmpada UV de arco de
carbono (DE CASTRO et al., 2020).

No decorrer das décadas, foram criadas e desenvolvidas várias fontes de ra-


diação UV artificial: desde a lâmpada original do tipo arco de carbono de Fin-
sen até as lâmpadas e os tubos fluorescentes atuais de arco de mercúrio (DE
CASTRO et al., 2020).
Nos dias atuais, a produção de luz UV artificial é feita por dois tipos de gerado-
res emissores de luz que utilizam lâmpadas de UV. Essas lâmpadas são cheias
de gás ou vapor de mercúrio, sendo denominadas de lâmpada de arco de gás
de mercúrio e lâmpada fluorescente de arco de vapor de mercúrio. O termo
arco significa que a potência da lâmpada vem de um arco elétrico (BÉLAN-
GER, 2012).

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USO DO UV COMO CICATRIZANTE E GERMICIDA

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, há uma paciente com óculos de proteção, sendo tratada com
UV, cujo equipamento está inserido no interior de sua boca.

O processo de emissão da luz UV se baseia no conceito de emissão espontâ-


nea de fótons, resultante da diminuição súbita e involuntária dos elétrons de
seu estado ativado para o estado de repouso (BÉLANGER, 2012).
A luz, em contato com os tecidos, provoca um processo biofísico que resulta
em efeitos fisiológicos e terapêuticos. Apesar da pouca compreensão sobre es-
ses processos e sua relação com os efeitos, supõem-se que os efeitos terapêu-
ticos são um resultado de interações fotoquímicas entre os fótons e as células
saudáveis dentro e ao redor de tecidos moles patológicos (BÉLANGER, 2012).
Os efeitos fisiológicos e terapêuticos da luz ultravioleta se baseiam em vários
conceitos e leis biofísicas relacionadas ao campo eletromagnético, que de-
sencadeiam um processo de fotobiomodulação que, por sua vez, é composto
pela fotobioestimulação e a fotobioinibição.

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Fotobioestimulação

Consiste na estimulação, pela luz, do tecido que está em tratamento,


aumentando as suas taxas de metabolismo (BÉLANGER, 2012).

Fotobioinibição

Quando há a redução do metabolismo celular, ocorre a fotobioinibição


do tecido que está em tratamento (BÉLANGER, 2012).

O recurso ultravioleta, de modo geral, atua na estimulação do metabolismo


das células presentes nos tecidos, através de uma série de efeitos fotoquími-
cos. A fotoquímica é uma subárea da química e estuda as interações entre a
luz e os átomos (BÉLANGER, 2012). É um conhecimento importante para en-
tender os efeitos do ultravioleta como recurso terapêutico.

3.2.2 O USO DO ULTRAVIOLETA COMO


RECURSO TERAPÊUTICO
A fotobiomodulação é o resultado da transferência de energia de um fóton
para uma molécula receptora de fótons dentro da célula. Para que ela ocorra,
a energia fotônica precisa ser absorvida primeiro pelos tecidos moles expos-
tos (absorção fotônica) (BÉLANGER, 2012).
As moléculas fotorreceptoras, encontradas nos tecidos biológicos, são chama-
das de cromóforos, como a melanina (escurecedora da pele), a hemoglobina
(vermelho do sangue) e a rodopsina da retina (visão das cores) (BÉLANGER,
2012; STARKEY, 2017).

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A PRESENÇA DE MELANINA É RESPONSÁVEL PELA TONALIDADE DA PELE HUMANA

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, uma mulher negra, com um belo sorriso, mostrando toda a
sua melanina natural.

Outro elemento relevante na absorção da energia são os citocromos mitocon-


driais, que são um dos cromóforos mais importantes envolvidos nos efeitos de fo-
tobiomodulação causados pela luz ultravioleta (BÉLANGER, 2012; STARKEY, 2017).

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OS CROMÓFOROS ATUAM NA FOTOBIOMODULAÇÃO, AUXILIANDO NA RECUPERAÇÃO


TECIDUAL

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, um paciente deitado em uma maca, com óculos de proteção,


e com o ultravioleta sendo aplicado em seu rosto.

Cada cromóforo possui uma janela própria de comprimento de onda para


aceitação de fótons. Isso significa que apenas os fótons, que possuem com-
primentos de onda correspondentes à janela de comprimento de onda do
cromóforo, serão absorvidos (BÉLANGER, 2012).

Fótons com comprimentos de onda mais curtos que


600 nm são prontamente absorvidos pela melanina e
hemoglobina, enquanto fótons com comprimentos
de onda maiores que 904 nm são prontamente
absorvidos pela água (BÉLANGER, 2012).

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Desse modo, os recursos terapêuticos devem emitir fótons coerentes com a


janela dos cromóforos que devem ser atingidos para que haja o efeito deseja-
do. A absorção de energia luminosa desencadeia várias reações bioquímicas,
que podem aumentar (fotobioestimulação) ou diminuir (fotobioinibição) o
metabolismo e a função celular (BÉLANGER, 2012).
Os efeitos fisiológicos e terapêuticos causados pela radiação ultravioleta po-
dem variar dentro do comprimento de onda, e por isso o espectro terapêutico
do ultravioleta é subdividido em três regiões:

SUBDIVISÕES DO ESPECTRO DE ULTRAVIOLETA PARA FINS TERAPÊUTICOS

UVA com psoraleno


(PUVA; 400-320 nm)
UVA (400-320 nm)

UVA1 (400-340 nm)

banda larga
(UVB-BB; 320-290 nm)
Ultravioleta UVB (320-290 nm)
banda estreita
(UVB-NB; 313-309 nm)

UVC (290-100 nm)

Fonte: Bélanger (2012).

#pratodosverem: esquema com as subdivisões do espectro de ultravioleta.

O uso da luz ultravioleta A (UVA) com fins terapêuticos pode ser emitida de
dois modos: UVA com psoraleno, ou PUVA, e UVA1.
A terapia UVA com psoraleno (PUVA) utiliza um agente fotossensibilizador
natural, o psoraleno, combinado com a radiação de luz UVA na banda com-
pleta de 400-320 nm. O psoraleno pode ser administrado via oral (PUVA oral)
ou tópica, na forma de cremes ou banho de psoraleno (BÉLANGER, 2012).

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A terapia com luz ultravioleta A1 (UVA1) usa uma banda com comprimento de
onda mais longo, entre 400-340 nm. É uma terapia mais simples que a PUVA,
já que não necessita de agente sensibilizador (BÉLANGER, 2012).

APLICAÇÃO NO ULTRAVIOLETA NO CONTROLE DAS LESÕES

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, uma mulher em uma câmera de ultravioleta fazendo


tratamento.

A luz ultravioleta B (UVB) pode ser aplicada, de modo terapêutico, de duas for-
mas: UVB de banda larga e de banda estreita, sendo denominadas, respectiva-
mente, de UVB-BB e UVB-NB, e sem a necessidade de agente sensibilizador.
A terapia UVB-BB utiliza lâmpadas de UV capazes de emitir no espectro de
radiação UVB da banda completa (320-290 nm) ou larga. Já a terapia UVB-NB
emite uma banda muito mais estreita de comprimentos de onda UVB, va-
riando entre 313 e 309 nm, com pico de emissão em 311 nm (BÉLANGER, 2012).
E, por fim, a terapia com luz ultravioleta C (UVC), que utiliza para fins terapêu-
ticos a emissão de luz UV dentro da faixa de 290-100 nm (BÉLANGER, 2012).

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3.2.3 EFEITOS FÍSICOS, FISIOLÓGICOS E


TERAPÊUTICOS
Considerando as bandas terapêuticas, a PUVA penetra profundamente na
pele, alcançando a hipoderme, induzindo um efeito fotoquímico resultante
da interação entre o psoraleno e a luz UVA. O PUVA, portanto, é classificado
como um agente de fotoquimioterapia (BÉLANGER, 2012).
A terapia com UVA1 usa uma dosagem muito mais elevada do que a PUVA
para compensar a resposta eritematosa fraca, induzindo apenas um efeito
de fototerapia na pele, já que não usa um agente fotossensibilizador (BÉLAN-
GER, 2012).

TERAPIA COM ULTRAVIOLETA

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: paciente com o rosto em um equipamento de ultravioleta.

A terapia com luz UVB, dentro da faixa larga ou estreita, penetra na derme,
induzindo também um efeito de fototerapia sobre o tecido da pele. A luz UVC,
ao ser usada como recurso terapêutico, atua como germicida, penetrando na
epiderme e desativando ou eliminando cepas normais e resistentes a antibió-
ticos de diferentes organismos, resultando em um efeito fotogermicida sobre
dermatoses e feridas cutâneas (BÉLANGER, 2012).

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Os fótons dentro da região A do espectro UV podem induzir efeitos fotoquí-


micos e fototerapêuticos na hipoderme, enquanto os fótons das regiões B
induzem os efeitos fototerapêuticos na derme e a região C induz os efeitos
fotogermicidas na epiderme (BÉLANGER, 2012; STARKEY, 2017).
Para que os efeitos fisiológicos e terapêuticos do ultravioleta ocorram, a ener-
gia contida nos fótons UV precisam, primeiro, ser absorvidas por meio de
múltiplos cromóforos existentes dentro do tecido da pele, promovendo uma
sucessão de reações fotobiológicas terapêuticas.

REAÇÕES FOTOBIOLÓGICAS COM ULTRAVIOLETA

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, homem deitado em uma maca, com óculos de proteção,


sendo submetido ao tratamento com ultravioleta.

Devido à liberação de histamina nos tecidos, ocorre o aparecimento de erite-


ma, que produz uma vasodilatação e, consequentemente, um rubor (BÉLAN-
GER, 2012). Como consequência, ocorre o espessamento das camadas super-
ficiais da pele e da pigmentação da pele, devido ao estímulo das células que
produzem a melanina.

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A indução de eritema pela UVA e UVB promove a cicatrização da pele através


do aumento do aporte sanguíneo para a área tratada. Uma dosagem alta o
suficiente induz uma resposta inflamatória que, por sua vez, estimula a forma-
ção de tecido de granulação, levando ao reparo do tecido (BÉLANGER, 2012).

FUNCIONAMENTO DOS EFEITOS TERAPÊUTICOS DO UVA E UVB

formação
aporte de resposta cicatrização
de tecido de
sangue inflamatória da pele
granulação

Fonte: elaborada pela autora (2023).

#pratodosverem: esquema com o funcionamento dos efeitos terapêuticos do UVA e UVB.

Como efeitos gerais, a terapia com ultravioleta promove a queda da pressão


arterial devido à vasodilatação periférica, aumento do tônus muscular e pro-
dução de vitamina D2 pela transformação do ergosterol (BÉLANGER, 2012).
Os efeitos biológicos estão relacionados aos estímulos das terminações ner-
vosas da pele e da influência sobre o sistema nervoso central promovidos pela
ultravioleta.
Em sua atuação como anti-inflamatório, o ultravioleta atua na produção de
citocinas e de prostaglandina, que reduzem a expressão molecular na su-
perfície das células apresentadoras de antígeno, diminuindo a sua ativação
(BÉLANGER, 2012). Ainda, há a ação nos receptores de superfície dos querati-
nócitos e nas células apresentadoras de antígenos, alterando a liberação das
moléculas de adesão. Esses efeitos fisiológicos permitem a recuperação e a
cicatrização dos tecidos.

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CONCLUSÃO

Os recursos terapêuticos infravermelho e ultravioleta são alternativas de tra-


tamento fisioterápico que utilizam energia proveniente da radiação para re-
cuperar e tratar os tecidos.
O infravermelho, por ser uma terapia que envolve calor de forma superficial, é
pouco utilizado atualmente, pois seus efeitos são similares aos métodos usa-
dos pela hipertermoterapia. No entanto, em situações envolvendo patologias
específicas, o infravermelho, por ser mais pontual, pode promover uma rápi-
da recuperação e cicatrização de tecidos superficiais.
A ultravioleta, por sua vez, tem um papel importante nos processos de recu-
peração, cicatrização e desinfecção de lesões diversas. Cada banda e tipo de
UV atua em uma camada dos tecidos que compõem a derme, de modo a
auxiliar nas mais diferentes demandas fisioterápicas – desde mobilidade até
as áreas de dermatofuncional.
Desse modo, trata-se de recursos terapêuticos versáteis, que podem auxiliar
nas mais diferentes demandas da fisioterapia, de modo a contribuir com a
recuperação, reabilitação e na cicatrização de lesões diversas.

MATERIAL COMPLEMENTAR

1. Uso da fotobiomodulação laser no tratamento


fisioterapêutico de Úlcera Venosa: Relato de Caso.

2. Utilização do diodo emissor de luz (led) na


cicatrização de queimaduras: revisão sistemática
da literatura.

3. Fisioterapia na disfunção temporomandibular.

4. Influência da fotobiomodulação na relação


agonista-antagonista em atletas de ciclismo.

5. Fotobiomodulação no tratamento da dor


miofascial.

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UNIDADE 4

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos que
possa:

> Analisar a técnica


de laserterapia e suas
aplicações.
> Compreender os
princípios da eletroterapia.

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4 LASERTERAPIA E ELETROTERAPIA

INTRODUÇÃO DA UNIDADE
Esta unidade abordará a história, os avanços e a importância da laserterapia,
bem como as suas aplicações. Além disso, também serão discutidos os princí-
pios da eletroterapia, seus conceitos básicos e o comportamento da corrente
elétrica nos tecidos corporais.
A laserterapia é um recurso terapêutico que utiliza laser de baixa intensidade
para o tratamento de diferentes patologias, cuja energia apresenta compri-
mentos de onda entre ultravioleta, infravermelho e visível. O efeito não térmi-
co do laser de baixa intensidade promove muitos benefícios aos tecidos, além
da possibilidade de tratamento de pequenas áreas com mais assertividade.
A eletroterapia, por sua vez, é um dos recursos terapêuticos mais antigos e
ainda utilizado atualmente. Devido aos relatos da utilização de peixes elétri-
cos para finalidades terapêuticas, esse recurso é classificado como um dos
mais antigos.
Nesta unidade, você vai conhecer as principais características dos recursos de
laserterapia e os princípios essenciais desse procedimento, de modo a com-
preender as suas indicações, utilização e aplicações, a fim de usá-los de ma-
neira adequada em qualquer nível de atenção à saúde.

4.1 LASERTERAPIA
O termo “laser”, cujo acrônimo é Light Amplification by Stimulated Emission
of Radiation (Amplificação da Luz pela Emissão Estimulada de Radiação), re-
presenta uma luz monocromática altamente refinada e organizada, em fó-
tons, na faixa ultravioleta, visível ou infravermelha, e que provoca efeitos fi-
siológicos e, consequentemente, terapêuticos nos tecidos (BÉLANGER, 2012;
STARKEY, 2017).

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O USO DO LASER COMO RECURSO TERAPÊUTICO

Fonte: Pixabay (2023).

#pratodosverem: um feixe de luz laser na cor verde sob fundo preto.

Para que o laser possa ser usado como recurso terapêutico, é fundamental o
conhecimento de alguns princípios, dos tipos de laser e de como eles atuam
como recurso fisioterápico.

4.1.1 PRINCÍPIOS E TIPOS DE LASER


A ideia do laser foi concebida por Albert Einstein, que, em 1917, expôs o “Prin-
cípio Físico da Emissão Estimulada”: um conceito biofísico teórico de emissão
(E) estimulada (S de stimulated, em inglês) da radiação (R), cujo processo cen-
tral produzia uma luz laSER. Por essa descoberta, Einstein é considerado o pai
biofísico de todos os lasers (STARKEY, 2017).
Em 1950, os pesquisadores Townes, Gordon e Zeiger construíram o primeiro
oscilador que operava na banda de ondas milimétricas – o MASER. Ainda em
1950, Townes e Schawlow demonstraram a possibilidade de construir um la-
ser. Em 1960, o físico americano Theodore Maiman desenvolveu e fabricou o
primeiro laser usando um cristal de rubi sólido como meio ativo. Um ano de-
pois, outro físico americano, Ali Javan, construiu o primeiro laser de gás hélio-
-neônio (HeNe) (STARKEY, 2017).

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Em 1962, foi desenvolvido o primeiro laser semicondutor e, em 1964, foram


descobertos o laser a gás e o primeiro laser molecular de dióxido de carbono.
Contudo, o grande progresso dos lasers começou com a invenção dos semi-
condutores (diodos) na década de 1970.

DIFERENTES APLICAÇÕES DO LASER MODERNO

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: duas mulheres, de óculos de proteção, uma em pé segurando um


equipamento de laser e a outra deitada na maca, com o braço recebendo o laser.

O aparecimento dos semicondutores possibilitou o desenvolvimento de lasers


de menor custo e maior potência, utilizados até os dias atuais. Como exemplo,
temos os lasers modernos de diodo feitos de arseneto de gálio (AsGa) e arse-
neto de gálio e alumínio (AsGaAl), usados como substratos para o semicondu-
tor (MATIELLO; SANTANA; CAMARGO, 2021).
O laser de baixa intensidade para tratamentos terapêuticos surgiu a partir de
experimentos feitos em seres vivos, nas décadas de 1960 e 1970, pelo húngaro
Endre Mester, considerado por muitos o pai do laser terapêutico de baixa in-
tensidade (BÉLANGER, 2012; STARKEY, 2017).

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De forma geral, os resultados obtidos pelos experimentos de Mester, asso-


ciados às descobertas sobre as funções terapêuticas do laser, demonstraram
que esse recurso induz a fotobiomodulação, ou seja, o laser tem a habilidade
de afetar a função celular com uma fonte de energia não térmica, não destru-
tiva e sem efeitos colaterais conhecidos.
Os lasers podem ser usados para diferentes aplicações na área da saúde e da
reabilitação. Por esse motivo, é importante conhecer os tipos de lasers para
que eles possam ser usados adequadamente.

USO DO LASER EM LESÕES

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, a mão de uma mulher segura a mão de uma paciente, que
recebe laserterapia em um dos dedos.

Os lasers são categorizados em classes principais de risco, devido ao perigo


potencial de causar dano biológico à pele e aos olhos, e que varia de acordo
com as potências de saída e tempo de exposição do aparelho. Neste sentido,
as principais classes são I, II, IIIa, IIIb e IV (STARKEY, 2017).

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Lasers de classes I, II e IIIa

Caracterizam-se pelas potências de saída baixas (menos de 5 mW) e


não são usados para finalidades terapêuticas (STARKEY, 2017).

Lasers de classe IIIb

Possuem potência de saída entre 5 e 500 mW, sendo classificados


como de baixa intensidade terapêutica. Não apresentam riscos à pele,
mas se os feixes de energia forem focados no olho humano, oferecem
riscos à retina (STARKEY, 2017).

Lasers de classe IV

Apresentam potências de saída acima de 500 mW, sendo classificados


como laser de alta intensidade, com alto risco de destruição celular se os
feixes de energia forem focalizados nos olhos e na pele (STARKEY, 2017).

Cada classe de laser possui uma função na área da saúde, com efeitos físicos,
biológicos e fisiológicos distintos.

4.1.2 O USO DO LASER COMO RECURSO


TERAPÊUTICO
Para entender como o laser atua nos tecidos, é importante conhecer seus
três elementos fundamentais: as propriedades fundamentais da luz, os com-
ponentes físicos de um laser e o processo de emissão dessa luz (BÉLANGER,
2012; STARKEY, 2017).
As propriedades fundamentais da luz consistem nas características do laser,
que o diferem das luzes incandescentes ou luminescentes, e estão relaciona-
das às propriedades de monocromaticidade, colimação e coerência (BÉLAN-
GERR, 2012; STARKEY, 2017).

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Monocromaticidade

Considera que todos os fótons da luz laser tenham um único


comprimento de onda e, portanto, uma única cor (BÉLANGER, 2012;
STARKEY, 2017).

Colimação

Consiste na propriedade do feixe laser de não divergir ou se espalhar


de forma significativa com a distância, possibilitando focá-lo em uma
área-alvo bem pequena (BÉLANGER, 2012; STARKEY, 2017).

Coerência

Refere-se à propriedade dos fótons de se direcionarem na mesma


direção e ao mesmo tempo (BÉLANGER, 2012; STARKEY, 2017).

O segundo elemento que diferencia uma luz laser de todas as outras fontes
luminosas são os componentes físicos de um laser: meio ativo, câmara de res-
sonância e fonte de potência (BÉLANGER, 2012; STARKEY, 2017).

Meio ativo

Consiste no material utilizado para emitir uma luz laser e que dá nome
ao laser, como o hélio-neônio (HeNe) e arseneto de gálio e alumínio
(AsGa ou AsGaAl) (BÉLANGER, 2012; STARKEY, 2017).

Câmara de ressonância

Refere-se à cavidade que existe dentro do aparelho e que contém


o meio ativo que, quando acionado, produz um feixe de luz laser
(BÉLANGER, 2012; STARKEY, 2017).

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Fonte de potência

É a fonte de energia que, no caso dos lasers gasosos e de diodo usados


nos lasers de baixa intensidade, provém da energia elétrica: a corrente
elétrica passa através da câmara de ressonância, que potencializa o
laser, ou seja, estimula o meio ativo do laser, causando a sua emissão
(BÉLANGER, 2012; STARKEY, 2017).

O terceiro elemento relativo à natureza do laser é o processo de emissão de


luz, que resulta da ativação do meio ativo, alojado na câmara de ressonância.

PROCESSO DE EMISSÃO DE LUZ

câmara de ativação do
emissão de luz
ressonância meio ativo

Fonte: elaborada pelo autor (2023).

#pratodosverem: esquema do processo de emissão de luz.

Para entender a ação do laser de baixa intensidade nos tecidos, é relevante


compreender sua origem, que envolve cinco etapas: bombeamento do meio
ativo; inversão da população; emissão espontânea; emissão estimulada; e am-
plificação (BÉLANGER, 2012; STARKEY, 2017).

ORIGEM DO LASER

bombeamento inversão da emissão


do meio ativo população espontânea

emissão emissão
amplificação
do laser estimulada

Fonte: elaborada pelo autor (2023).

#pratodosverem: esquema do processo de origem do laser terapêutico.

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O funcionamento desse processo ocorre da seguinte maneira: imagine um


grupo de átomos em repouso. Eles estão em repouso, ou seja, em seu esta-
do fundamental, pois a potência (corrente elétrica) está desligada. A etapa
um, bombeamento do meio ativo, envolve a ativação do meio ativo pela ener-
gia da corrente elétrica no interior da câmara de ressonância. A energização
move os átomos e, por conseguinte, seus elétrons, do estado fundamental de
repouso para o estado excitado, em um processo crescente (BÉLANGER, 2012;
STARKEY, 2017).

AS ETAPAS DE ORIGEM DO LASER SÃO ESSENCIAIS PARA A OBTENÇÃO DO RECURSO


TERAPÊUTICO

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, um fisioterapeuta aplica o laser na perna de um paciente,


deitado em uma maca.

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Na segunda etapa, ocorre a inversão da população, em que a maioria dos áto-


mos (cerca de 80%), que estavam em repouso, fica no estado excitado. Após
essa fase, inicia-se a terceira, emissão espontânea, que consiste na emissão de
fótons devido à queda espontânea de um elétron de seu estado excitado para
o estado fundamental.
À medida que mais elétrons caem espontaneamente do nível de energia
mais alto, mais e mais fótons espontâneos são emitidos na câmara de resso-
nância. Os fótons que não estão trafegando paralelos à parede da câmara de
ressonância são absorvidos pelo revestimento da parede e param de existir
(BÉLANGER, 2012; STARKEY, 2017).
A fase quatro, emissão estimulada, é essencial para a criação da luz laser, pois
este surge em função da emissão de um fóton provocada por um fóton inci-
dente, que se chocou contra um elétron do átomo em seu estado de energia
excitado (energia de longa duração).
Esse processo entre fótons e elétrons promove o decaimento do elétron do
nível de energia de longa duração para o nível de energia de repouso, libe-
rando um novo fóton que é idêntico ao fóton incidente. Todos os fótons (in-
cidentes e recém-emitidos) trafegam juntos e na mesma frequência dentro
da câmara de ressonância; ao trafegar, eles se chocam com outros elétrons
excitados, emitindo o dobro de fótons em um processo contínuo (BÉLANGER,
2012; STARKEY, 2017).
A quinta etapa, a amplificação, consiste nos movimentos para frente e para
trás dos fótons incidentes e recém-emitidos que trafegam paralelamente à pa-
rede lateral da câmara de ressonância, enquanto são refletidos pelos espelhos
que formam as paredes do final da câmara. Esse fenômeno amplifica o pro-
cesso de emissão estimulada, causando uma reação em cadeia que preenche
a câmara de ressonância com mais fótons (BÉLANGER, 2012; STARKEY, 2017).

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OS FÓTONS TRAFEGAM NA MESMA DIREÇÃO

Fonte: Pixabay (2023).

#pratodosverem: na imagem, há um túnel com uma luz laser azul, demonstrando a


organização da luz na mesma direção.

Quando o processo de amplificação atinge seu máximo e preenche a capacida-


de máxima de armazenamento de fótons na câmara de ressonância, ocorre a
emissão do feixe de laser, que é utilizado para emitir laser de baixa intensidade.

4.1.3 EFEITOS FÍSICOS, FISIOLÓGICOS E


TERAPÊUTICOS
Os fótons emitidos pelos lasers podem apresentar diferentes comprimentos
de onda de acordo com a composição específica do seu meio ativo, o que
resulta em um espectro óptico e janelas terapêuticas em função do compri-
mento de onda (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003).
Os efeitos fisiológicos e terapêuticos do laser de baixa intensidade nos tecidos
moles estão relacionados ao fenômeno da fotobiomodulação, que envolve in-
terações fotoquímicas entre os fótons e as células saudáveis dentro e ao redor
de tecidos moles patológicos.

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O LASER ATUA NO INTERIOR E NO ENTORNO DOS TECIDOS PATOLÓGICOS

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, duas mãos seguram a perna da paciente, deitada em uma


maca, que recebe aplicação de laser.

A biomodulação pode ser definida como o processo de modular, ou seja, es-


timular ou inibir as respostas bioquímicas ou funções de uma célula (BÉLAN-
GER, 2012; STARKEY, 2017).

A fotobioestimulação corresponde ao aumento


da função celular através do estímulo do tecido
exposto pela luz laser. A fotobioinibição, por sua vez,
seria a redução da função celular promovida pela
luz do laser.

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O laser estimula a fotobiomodulação nos tecidos moles de acordo com a do-


sagem aplicada: dosagens baixas desencadeiam a fotobioestimulação; dosa-
gens mais altas promovem a fotobioinibição (BÉLANGER, 2012; STARKEY, 2017).

A DOSAGEM DETERMINA O ESTÍMULO

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, uma mulher segura o equipamento de laser, que está sendo
utilizado no braço de um paciente.

Ainda deve ser considerada a dose ótima, ou seja, a dosagem ideal de luz laser
para um tecido mole em particular. Isso significa que doses mais baixas ou
mais altas do que os níveis ótimos diminuiriam o resultado terapêutico como
um todo (BÉLANGER, 2012; STARKEY, 2017).
O laser de baixa intensidade atua estimulando o metabolismo inato da célu-
la por meio de uma série de efeitos fotoquímicos, que envolvem a interação
entre a luz e os átomos. Esse processo envolve a absorção da energia fotônica
pelos tecidos por meio da transferência de energia de um fóton para uma
molécula receptora de fótons dentro da célula, os cromóforos.

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Os principais cromóforos são a melanina (pele),


hemoglobina (sangue) e a rodopsina da retina (visão
das cores). Contudo, os citocromos mitocondriais
são considerados os cromóforos mais importantes
envolvidos nos efeitos de fotobiomodulação nos
tecidos moles.

Cada tipo de cromóforo tem uma janela de comprimento de onda específica,


o que significa que apenas os fótons com comprimentos de onda correspon-
dentes a essa janela serão absorvidos. Neste sentido, o laser de baixa inten-
sidade deve ter o comprimento de onda adequado à janela dos cromóforos
que pretende estimular (BÉLANGER, 2012; STARKEY, 2017).

OS CROMÓFOROS ABSORVEM A ENERGIA DO LASER

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, duas mãos com luvas rosas seguram o laser, que está sendo
usado no braço da paciente, deitada em uma maca.

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A energia depositada nos tecidos se transforma em outro tipo de energia, que


modifica a própria partícula absorvente na região circundante ao tecido pato-
lógico, resultando em efeitos primários, secundários e terapêuticos.
Os efeitos primários do laser de baixa intensidade podem ser divididos em efei-
tos bioquímicos, bioelétricos e bioenergéticos (BÉLANGER, 2012; STARKEY, 2017).

Efeitos bioquímicos

Liberação de substâncias e alteração das reações enzimáticas normais


devido à incorporação da radiação emitida pelo laser.

Efeitos bioelétricos

Através da estimulação da produção de ATP, potencializa a ação da


"bomba de Na/K" e mantém, de forma mais eficiente, a diferença de
potencial elétrico que existe entre o interior e o exterior da célula.

Efeitos bioenergéticos

O laser fornece energia ao sistema, que normaliza as deficiências e


equilibra suas desigualdades, promovendo um melhor funcionamento.

Os efeitos primários são uma consequência da absorção direta da radiação


do laser e geram dois efeitos indiretos: o estímulo à microcirculação e ao tro-
fismo celular, que são responsáveis por dezenas de efeitos com magnitudes
variadas, e a recuperação tecidual (BÉLANGER, 2012; STARKEY, 2017).

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O LASER PROMOVE A RECUPERAÇÃO TECIDUAL

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, duas mãos com luvas pretas seguram um aparelho de laser
no joelho da paciente, deitada em uma maca.

Os efeitos terapêuticos são considerados consequências dos efeitos primários


e secundários. Dentre eles, destacam-se: ação anti-inflamatória e analgésica,
devido à liberação de substâncias; efeito antiedematoso, por meio da estimu-
lação da microcirculação e redução de substâncias; ação cicatrizante, devido
ao estímulo à cicatrização com o aumento na produção de ATP e da microcir-
culação, entre outros.

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4.2 INTRODUÇÃO À ELETROTERAPIA


A história da eletroterapia é vasta e antiga: para você ter uma ideia, existem
relatos do uso desse recurso terapêutico em épocas anteriores a Jesus Cristo.
Dentre os relatos obtidos, destacaram-se o uso de duas espécies de peixes
elétricos, que tinham a capacidade de produzir eletricidade e, por isso, eram
posicionados nas regiões doloridas (LIEBANO, 2021).

O sucesso terapêutico do uso dos peixes era tão


grande que existia protocolo de uso, datado do
século I: “para qualquer tipo de patologia, um
torpedo vivo (peixe) deve ser posicionado sob o
pé, quando a dor tiver início. O paciente deve estar
sentado em um local molhado pelo mar e deve
permanecer ali até que seus membros estejam
dormentes. Isso remove a dor atual e previne o
retorno da dor no futuro (LIEBANO, 2021).

Para o uso da eletricidade como recurso terapêutico, é importante conhecer


suas propriedades essenciais.

4.2.1 INTRODUÇÃO
A estimulação elétrica terapêutica, ou eletroterapia, consiste no uso da cor-
rente elétrica, modificada por um equipamento, em patologias diversas (NEL-
SON; HAYES; CURRIER, 2003).

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A ELETROTERAPIA COMO RECURSO TERAPÊUTICO

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, duas mãos posicionam eletrodos nas costas de uma paciente.

A eletroterapia é considerada um dos recursos terapêuticos mais antigos de


que se tem notícia. Com a evolução do conhecimento como um todo, as cor-
rentes elétricas foram modificadas e adaptadas em diferentes aspectos, de
modo a entender quais efeitos cada modificação pode causar nos tecidos
biológicos (LIEBANO, 2021).
O princípio da eletroterapia é o uso de uma corrente elétrica para estimulação
tecidual, por meio da adição de energia, que, dependendo da quantidade, re-
sulta em benefícios terapêuticos. Nesse sentido, compreender as generalida-
des da corrente elétrica é fundamental para entender o seu uso terapêutico.
A corrente elétrica se refere à quantidade de carga (elétrons ou íons) que flui,
por segundo, em um condutor e em determinada direção, geralmente me-
dida em ampères ou miliampères (mA). Para que o fluxo ocorra, é necessária
uma força impulsionadora das cargas, a força eletromotriz (FEM). A FEM é de-
pendente da carga, da resistência e da voltagem do circuito (STARKEY, 2017;
LIEBANO, 2021).

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A ELETROTERAPIA ATUA EM UM CIRCUITO FECHADO

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, duas mãos fixam eletrodos na perna da paciente, deitada de


bruços em uma maca.

A carga elétrica de um determinado átomo é medida em Coulombs (C), e é


obtida pela soma do número de partículas com carga positiva (prótons) ou
negativa (elétrons), sendo considerado neutro quando o número de prótons
e elétrons é igual. No caso de desequilíbrio, o átomo é denominado íon, que
pode ser positivo (cátion) ou negativo (ânion) (LIEBANO, 2021).
A resistência elétrica, medida em Ohms (Ω), refere-se à resistência do tecido
biológico à passagem de corrente e à redução dos seus efeitos nos mesmos.
Quando a corrente é uma corrente alternada, a resistência também é conhe-
cida como impedância (LIEBANO, 2021).
A voltagem, por sua vez, é a diferença de concentração de elétrons entre dois
pontos, medida em volts (V) ou milivolts (mV). É por meio dessa diferença que
a força eletromotriz é gerada, o que, consequentemente, movimenta os íons
em um determinado sentido, criando a corrente elétrica (LIEBANO, 2021).
Esses conceitos são relevantes para entender como a eletricidade se comporta
no corpo humano, bem como os efeitos fisiológicos e terapêuticos diferenciados.

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4.2.2 A ELETRICIDADE E O CORPO HUMANO


O corpo humano é composto por diferentes íons, incluindo sais, que estão
diluídos por todos os sistemas.

O CORPO HUMANO É REPLETO DE ÍONS

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, uma fisioterapeuta segura um aparelho de eletroterapia,


cujos eletrodos estão fixados nas costas de uma paciente, deitada de bruços em
uma maca.

A solução salina que compõe o nosso corpo é um bom condutor de eletricida-


de: quando em contato com as células nervosas, gera bioeletricidade química
(NELSON; HAYES; CURRIER, 2003).

O corpo humano pode ser considerado uma


máquina elétrica: a cada pulsação do nosso
coração é produzida uma corrente de um ciclo por
segundo de um watt de potência elétrica dissipada
(LIEBANO, 2021).

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A potência elétrica e a resistência do corpo humano variam de um indivíduo


para outro, pois dependem da constituição orgânica das células e da condu-
tibilidade. Por esse motivo, os efeitos da eletricidade no corpo são complexos,
pois variam de pessoa para pessoa (STARKEY, 2017; LIEBANO, 2021).
A eletricidade é uma força resultante do desequilíbrio de cargas; essa força, co-
nhecida como força eletromagnética, origina um fluxo de prótons e elétrons
que busca igualar a diferença de cargas, criando a corrente elétrica.

A ELETRICIDADE ATUA COMO RECURSO TERAPÊUTICO

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, as costas de uma paciente com vários eletrodos fixados.

A corrente elétrica toma o caminho de menor resistência do polo negativo


(cátodo), que é uma área de alta concentração de elétrons, e flui para o polo
positivo (ânodo), que é uma área de baixa concentração de elétrons. Contu-
do, para que o fluxo aconteça, deve existir um caminho completo, isto é, um
circuito fechado. Um caminho incompleto, ou um circuito aberto, impede a
fluidez dos elétrons de áreas de maior concentração para áreas de baixa con-
centração (LIEBANO, 2021).

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Ao entrar em uma sala e acionar um interruptor


para acender a luz, fecha-se um circuito, o que
possibilita que a eletricidade flua de sua fonte até
a lâmpada, e depois de volta à sua fonte: isso é um
sistema fechado.

Desse modo, um circuito fechado é criado entre o paciente e um estimula-


dor elétrico no momento em que eletrodos opostos são fixados ao corpo. Os
elétrons fluem a partir do gerador, através do corpo do paciente sob a forma
de íons e, em seguida, voltam para o gerador por meio de elétrons.

CIRCUITO FECHADO DA ELETROTERAPIA

íons

Gerador Paciente

eletróns

Fonte: elaborada pelo autor (2023).

#pratodosverem: esquema do circuito fechado entre equipamento e paciente.

O circuito elétrico, portanto, é um conjunto fechado; isto é, ele começa e ter-


mina no mesmo ponto, e é formado por um gerador elétrico e por um ou
mais elementos capazes de utilizar a energia produzida pelo gerador (LIEBA-
NO, 2021).
No caso da eletroterapia, o gerador envia a energia produzida para os canais,
onde são conectados os cabos, que, por sua vez, são conectados a eletrodos.
Para assegurar que o circuito seja fechado, é necessário que todos os eletro-
dos de um canal estejam conectados corretamente ao local de estimulação.
Os principais usos da estimulação elétrica terapêutica são a analgesia muscu-
lar, que pode aliviar tanto os músculos como também o sistema neuromuscu-
lar. Além disso, também atua na reparação tecidual, em especial a cicatrização
de feridas. Outras utilizações mais recentes são tratamentos de disfunções,
como a do assoalho pélvico, estimulação transcraniana, ente outros.

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ESTIMULAÇÃO TRANSCRANIANA

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, uma criança com eletrodos na cabeça.

Todas as indicações para o uso da eletroterapia são dependentes do tipo de


corrente aplicada, pois cada uma delas possui um efeito terapêutico.

4.2.3 AS CORRENTES ELÉTRICAS E SEUS TIPOS


A corrente elétrica, para ser usada com finalidade terapêutica, precisa ser es-
colhida e ajustada entre os três tipos: direta ou contínua, alternada e pulsada
(LIEBANO, 2021).

Corrente contínua

Apresenta o fluxo da corrente unidirecional, ou seja, os elétrons


migram em um único sentido (LIEBANO, 2021).

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Corrente alternada

Apresenta o fluxo da corrente bidirecional, ou seja, com mudança


constante da direção do fluxo; e contínuo (LIEBANO, 2021).

Corrente pulsada

Apresenta o fluxo da corrente unidirecional ou bidirecional, com um


intervalo entre os pulsos, ou seja, existe uma pausa na corrente que
está sendo transmitida aos tecidos (LIEBANO, 2021).

Existem outros elementos que também devem ser considerados, como a po-
laridade da corrente, a amplitude e as características dos pulsos elétricos e
dos trens de pulso (LIEBANO, 2021).
A polaridade da corrente consiste no fluxo de elétrons, que pode ser em uma
única direção (unidirecional) ou nas duas (bidirecional).

O TIPO DE CORRENTE INFLUENCIA NO USO DA ELETROTERAPIA

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: na imagem, um homem sentado com eletrodos no joelho.

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O fluxo unidirecional ocorre nas correntes contínuas e nas correntes pulsadas


monofásicas, que são denominadas correntes polarizadas. O fluxo bidirecio-
nal ocorre nas correntes alternadas e nas correntes pulsadas bifásicas, sendo
denominadas correntes não polarizadas (LIEBANO, 2021).
A polaridade da corrente interfere nos efeitos terapêuticos da eletroterapia:
quando a corrente é polarizada, os efeitos fisiológicos obtidos podem ser dife-
rentes no polo positivo (ânodo) e no polo negativo (cátodo), o que não acon-
tece em correntes não polarizadas (LIEBANO, 2021).
Sobre os efeitos da corrente polarizada, o tecido que fica sob o eletrodo co-
nectado ao ânodo sofre uma reação ácida. Essa reação promove a liberação
de oxigênio, ocasionando uma maior vasoconstrição, a repulsão de moléculas
de água e a desidratação do tecido; e ainda, o efeito analgésico sobre o tecido.
O polo negativo (cátodo), por sua vez, provoca uma reação alcalina nos teci-
dos, formando o hidróxido de sódio e promovendo a vasodilatação e a atração
de moléculas de água (LIEBANO, 2021).
A corrente não polarizada tem o fluxo bidirecional de partículas eletricamen-
te carregadas, ou seja, movem-se em uma direção; na troca de polaridade,
movem-se na direção oposta. Como recurso terapêutico, o uso desse tipo de
corrente promove modificações na membrana dos tecidos.
A amplitude consiste na magnitude da corrente que passa pelos eletrodos
para atingir os tecidos corporais, e está relacionada à dose ou intensidade
usada para obter efeitos terapêuticos. Quanto maior a amplitude, maiores são
os efeitos fisiológicos e terapêuticos da corrente, e, por conseguinte, maior a
ativação da área e de unidades motoras (LIEBANO, 2021).
As características dos pulsos elétricos e dos trens de pulso são relevantes para
descrever adequadamente a corrente que será utilizada em uma estimula-
ção elétrica. No caso das correntes pulsadas, as características se referem a:
1) duração de pulso; 2) frequência de pulso; 3) tipo de corrente; 4) modo de
estimulação; 5) modulação em rampa. Para as correntes alternadas de média
frequência, ou que utilizam trens de pulso, outras variáveis devem ser obser-
vadas, como: 1) frequência portadora; 2) frequência do trem de pulso; 3) ciclo
de trabalho (LIEBANO, 2021).

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Outro elemento importante é a duração do pulso, que consiste na medida


de tempo (em milissegundos (ms) ou microssegundos(μs)) entre a saída e
o retorno à linha de base. Quanto maior a duração de pulso, maiores são os
efeitos da corrente; ao mesmo tempo, maiores tempos de exposição promo-
vem maior torque da musculatura, o que exige mais resistência do paciente
(LIEBANO, 2021).
Essas características são relevantes, pois são responsáveis pelos efeitos fisioló-
gicos, e por isso o conhecimento e/ou a determinação dos parâmetros ideais
de estimulação para cada caso é importante, permitindo ajustar a dose de
corrente de acordo com o efeito desejado e a patologia.

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CONCLUSÃO

A laserterapia é um recurso terapêutico de grande importância para diferen-


tes patologias devido às suas características. O laser resulta em um tratamen-
to não térmico, estimulando tanto o interior quanto o exterior do tecido pato-
lógico, de modo a alterar a fisiologia e promover a recuperação. Além disso, o
laser, por ter um feixe de luz mais focado, possibilita tratar áreas menores com
mais eficiência.
A eletroterapia, por sua vez, é um dos recursos mais comumente utilizados
nas clínicas para diferentes situações. O conhecimento sobre cada corrente,
bem como dos parâmetros ajustáveis e sua interação, aumenta suas chances
de sucesso.
Além disso, as implicações das alterações de cada um dos parâmetros nos
tecidos corporais devem ser entendidas pelo profissional de fisioterapia, para
que o recurso possa ser usado de forma adequada, já que a dose e a intensi-
dade são determinantes para o sucesso do tratamento.

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MATERIAL COMPLEMENTAR

Para saber mais sobre este tema, leia os artigos a


seguir:

1. O uso da laserterapia no tratamento de úlceras


plantares em pacientes portadores da hanseníase:
uma revisão bibliográfica.

2. Laserterapia em paciente com disfunção


temporomandibular.

3. Laserterapia versus técnica de compressão


isquêmica: avaliação comparativa dos efeitos
terapêuticos e funcionais da contratura do músculo
trapézio.

4. Eletroterapia no tratamento da síndrome da dor


patelofemoral.

5. Eletroterapia IVL no tratamento da Covid-19 e


sequelas no sistema nervoso central.

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UNIDADE 5

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos que
possa:

> Identificar os princípios


e os tipos de correntes
adequados para terapias
fisioterápicas.
> Analisar os tipos
de correntes e suas
aplicações como recurso
terapêutico.

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5 ELETROTERAPIA

INTRODUÇÃO DA UNIDADE
Nesta unidade, vamos abordar os conceitos essenciais dos recursos terapêu-
ticos que envolvem diferentes tipos de correntes elétricas, como a corrente
galvânica contínua ou direta; a corrente farádica; as correntes diadinâmicas; a
corrente interferencial; e a corrente russa.
Apesar da eletroterapia ser um recurso relativamente antigo, o uso das cor-
rentes elétricas como auxiliares em campos diversos da fisioterapia apresen-
tou um grande desenvolvimento a partir da década de 1950. Ao aproveitar
os benefícios das correntes elétricas, elas passaram a ser usadas de maneira
mais efetiva, principalmente no fortalecimento muscular, na redução da atro-
fia e no alívio das dores, além do tratamento de lesões.
Nesta unidade, você vai conhecer as principais características das correntes
elétricas, distinguindo os diferentes tipos e suas peculiaridades tanto em re-
lação à operação do equipamento como no uso de suas propriedades como
recurso terapêutico em fisioterapia.

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5.1 TIPOS DE CORRENTE


As correntes elétricas possuem propriedades que são importantes para o uso
terapêutico: a amplitude (intensidade) e a duração de pulso/fase (STARKEY,
2017; LIEBANO, 2021).

Amplitude ou intensidade
Consiste na distância máxima em que
o pulso sobe ou desce de acordo com a
linha de base, que é o ponto isoelétrico. O
ponto isoelétrico é onde o potencial elétrico
entre os dois polos é igual e não há fluxo de
corrente (LIEBANO, 2021).

Amplitude e intensidade
Fonte: Freepik (2023).
#pratodosverem: imagem de um pulso elétrico em branco sob fundo preto.

Duração do pulso
Refere-se à distância horizontal necessária
para completar um ciclo completo do pulso,
em que a área total do interior da forma de
onda representa a quantidade de corrente
que o pulso contém, ou seja, a carga de
pulso (LIEBANO, 2021).

Carga de pulso
Fonte: Freepik (2023).
#pratodosverem: onda sonora roxa e azul sob fundo preto.

Essas características podem ser observadas em diferentes recursos terapêuti-


cos com correntes elétricas.

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RECURSOS TERAPÊUTICOS EM FISIOTERAPIA II

5.1.1 TIPOS DE CORRENTE USADOS PARA


FINS TERAPÊUTICOS
As correntes elétricas são categorizadas como corrente contínua (CC), corren-
te alternada (CA) e corrente pulsada (CP) (STARKEY, 2017; LIEBANO, 2021).

A CORRENTE ELÉTRICA

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: dois fios de frente um para o outro por onde passa uma corrente elétrica.

As correntes contínuas podem ser definidas como um fluxo ininterrupto e


unidirecional de elétrons. O padrão básico é reconhecido pelo fluxo de corren-
te contínua apenas em um dos lados da linha de base, na medida em que os
elétrons viajam a partir do cátodo (polo negativo) para o ânodo (polo positivo)
(STARKEY, 2017; LIEBANO, 2021).

Mesmo com as flutuações de voltagem ou


amperagem que podem existir em decorrência
de problemas técnicos ou até mesmo do fluxo de
energia elétrica, o fluxo de corrente permanece em
uma direção e se mantém de um lado da linha de
base (LIEBANO, 2021).

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As correntes alternadas, por sua vez, apresentam mudança cíclica da direção


do fluxo, de positivo para negativo, mas com diferentes magnitudes em am-
bas as direções (STARKEY, 2017; LIEBANO, 2021).
Ao contrário do que ocorre na corrente contínua, a corrente alternada não
possui polo positivo ou negativo verdadeiros. Em vez de se mover constante-
mente em uma direção, os elétrons alternam para a frente e para trás entre
os dois eletrodos, na medida em que cada um alterna em ser o polo “positivo”
e “negativo”.

A ENERGIA ELÉTRICA RESIDENCIAL USA CORRENTE ALTERNADA

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: homem com ferramentas na cintura, preparando um fio para a instalação


em uma cozinha.

O padrão básico de uma corrente alternada é a onda senoidal, em que a am-


plitude do valor de pico é a distância máxima que a onda alcança acima ou
abaixo da linha de base; e a amplitude pico a pico é a distância a partir do pico
no lado positivo da linha de base até o pico no lado negativo. No caso de uma
onda sinusoidal pura, o valor de pico é o mesmo em ambos os lados da linha
de base.

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A duração do ciclo da corrente contínua é medida a partir do ponto de origem


da linha de base até o seu fim e representa a quantidade de tempo necessária
para completar um ciclo completo. O número de vezes que a corrente inver-
te o sentido em um segundo é o número de ciclos por segundo da corrente,
ou seja, a frequência da corrente, e é expresso em hertz (Hz) (STARKEY, 2017;
LIEBANO, 2021).

Uma corrente de 100 Hz vai alterar sua direção de


fluxo 100 vezes durante 1 segundo; uma corrente de
1 megahertz (MHz) vai alterar sua direção 1 milhão
de vezes por segundo (STARKEY, 2017; LIEBANO,
2021).

É importante salientar que frequência e duração do ciclo são inversamente


proporcionais. Como a corrente alternada é medida em ciclos por segundo,
à medida que a duração dos ciclos aumenta, menos ciclos irão ocorrer por
segundo. Mesmo utilizando a amplitude para descrever a magnitude de uma
corrente elétrica, ela não descreve a quantidade real de tempo em que a cor-
rente está fluindo.

RELAÇÃO DE INVERSALIDADE ENTRE FREQUÊNCIA E DURAÇÃO DO CICLO

Duração
do ciclo

Frequência
do ciclo

Fonte: elaborada pela autora (2023).

#pratodosverem: esquema mostrando a relação inversamente proporcional entre


frequência e duração do ciclo.

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As correntes pulsadas consistem em fluxos de elétrons que podem ser uni


(monofásica) ou bidirecionais (bifásica), que são interrompidos por períodos
discretos de ausência de fluxo (STARKEY, 2017; LIEBANO, 2021).

Correntes monofásicas

São compostas por pulsos monofásicos, com apenas uma fase por
pulso, que se encontra de um lado da linha de base, com a corrente
fluindo em uma única direção (LIEBANO, 2021).

Correntes bifásicas

São compostas por duas fases, cada uma em lados opostos da linha
de base, em que a fase de ligação do pulso é a primeira área definida
acima ou abaixo da linha de base, cujo fim ocorre no sentido oposto
(LIEBANO, 2021).

As correntes monofásicas apresentam uma polaridade conhecida em cada


um dos eletrodos:

CORRENTES MONOFÁSICAS

Eletrodo negativo
(cátodo)
Correntes
monofásicas
Eletrodo positivo
(ânodo)

Fonte: elaborado pela autora (2023).

#pratodosverem: esquema mostrando a divisão da corrente monofásica.

As correntes bifásicas podem apresentar pulsos simétricos e assimétricos. Os


simétricos são aqueles em que as duas fases são idênticas, com equilíbrio elé-
trico igual, mas opostos. E os pulsos assimétricos são aqueles em que cada
fase apresenta uma forma diferente e, quando utilizados para efeitos terapêu-
ticos, as características de cada fase devem ser consideradas separadamente
(LIEBANO, 2021).

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A partir dessas características, vamos conhecer como elas são utilizadas em


finalidades terapêuticas.

5.1.2 CORRENTE GALVÂNICA, CONTÍNUA


OU DIRETA
As correntes contínuas direta ou galvânica (termo médico usado para des-
crever correntes contínuas), aplicadas como recurso terapêutico, referem-se
à utilização da corrente contínua em tratamentos diversos (LIEBANO, 2021).

O USO DE CORRENTES ELÉTRICAS FAZ PARTE DA ELETROTERAPIA

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: uma mão segurando fios com eletrodos pretos e vermelhos, enquanto a
outra programa o equipamento.

O corpo humano é composto por numerosos sistemas eletrolíticos, isto é, sis-


temas que conduzem corrente elétrica separados por membranas semiper-
meáveis.

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Cada célula forma um condutor eletrolítico;


ao receber um potencial elétrico, ocorre uma
dissociação iônica, isto é, uma divisão das moléculas
em seus diferentes elementos químicos, já que cada
uma delas possui uma carga elétrica distinta. Como
exemplo, a molécula de sal, NaCl, que se decompõe
em Na+ e Cl- (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003).

Desse modo, quando um fluxo de corrente contínua atravessa uma solução


salina, há uma migração de íons (já dissociados) para uma direção definida.
Ocorre então a eletrólise, em que os íons sódio migram para o polo negativo
e os íons cloro para o polo positivo. Depois da dissociação eletrolítica, esses
íons ainda sofrem a influência da passagem de corrente contínua, provocan-
do reações químicas secundárias sob os eletrodos: no cátodo vai ocorrer uma
reação básica (alcalina), e no ânodo, uma reação ácida.
Essas reações resultam nas seguintes aplicações terapêuticas (NELSON;
HAYES; CURRIER, 2003; LIEBANO, 2021):

• Ânodo: efeito sedativo; vasoconstritor; solidificação de proteínas; efeito


desidratante;

• Cátodo: efeito estimulante; irritante; vasodilatador; dissolve as proteínas;


efeito hidratante.

Dentre os recursos terapêuticos que utilizam a corrente contínua, destacam-


-se a iontoforese e a microcorrente. A iontoforese pode ser definida como
uma técnica que utiliza a estimulação elétrica para introduzir medicamentos
nos tecidos subcutâneos (LIEBANO, 2021).

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USO DE ELETROTERAPIA PARA APLICAÇÃO DE MEDICAMENTOS

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: uma mão coloca eletrodos na parte externa do joelho do paciente, que
está deitado em uma maca.

A corrente contínua provoca uma reação iônica entre os polos positivo e ne-
gativo do gerador, possibilitando que as moléculas ionizadas do medicamen-
to trafeguem ao longo das linhas de força criadas pela corrente. No eletrodo
positivo, os íons positivos são conduzidos através da pele; já os íons negativos
são introduzidos usando o polo negativo (LIEBANO, 2021).

A iontoforese funciona a partir de eletrodos


personalizados para cada medicamento, que devem
ser adequados à quantidade de medicamento
necessário para saturá-lo. Além disso, a quantidade
de medicamento que penetra nos tecidos é
dependente da densidade de corrente e da duração
do tratamento (LIEBANO, 2021).

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Os tipos de medicamentos mais comumente aplicados por iontoforese são


os agentes anestésicos, analgésicos e anti-inflamatórios, cuja aplicação trans-
dérmica apresenta uma série de vantagens quando comparada à ingestão
oral ou à aplicação via injeção.

O USO DA ELETROTERAPIA EM SUBSTITUIÇÃO AOS PROCEDIMENTOS INJETÁVEIS

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: paciente deitada na maca recebendo uma injeção no músculo da barriga.

Dentre essas vantagens, destacam-se o “by-pass” do fígado e a absorção no


trato gastrintestinal, reduzindo a degradação metabólica do medicamento.
Além disso, possibilita a concentração do medicamento em uma área loca-
lizada, possibilitando a aplicação da substância de maneira local em vez de
sistêmica (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003).

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A IONTOFORESE POTENCIALIZA O USO DAS SUBSTÂNCIAS

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: mulher de cabelos curtos segura um comprimido em uma mão e um


copo d’água em outra.

A microcorrente consiste no uso da corrente contínua (ou também do pulso


monofásico ou bifásico), cuja intensidade está́ abaixo do limiar de despolari-
zação dos nervos sensoriais, com uma corrente menor que 1.000 mA.

Os aparelhos que produzem uma corrente


elétrica adequada para a microcorrente possui
aproximadamente 1/1.000 da amperagem do TENS,
mas a duração de pulso pode ser até 2.500 vezes
mais longa (LIEBANO, 2021).

A microcorrente não excita os nervos periféricos; através da corrente subsenso-


rial, a microcorrente regula a atividade celular por meio de corrente contínua,
alternada ou pulsada, em que cada uma delas possui uma ampla faixa de
durações de pulso, frequências e de tratamento (LIEBANO, 2021).

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O tecido traumatizado interfere no potencial elétrico das células envolvidas, de


modo que a resistência ao fluxo de corrente elétrica aumenta após o trauma.

O TECIDO COMPROMETIDO OFERECE RESISTÊNCIA ÀS CORRENTES ELÉTRICAS

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: um braço de uma pessoa idosa com um hematoma.

Neste sentido, as correntes bioelétricas intrínsecas do corpo buscam o cami-


nho de menor resistência ao redor dos tecidos envolvidos, ao invés de pe-
netrá-los. Com a atividade bioelétrica diminuída na área traumatizada, a ca-
pacidade celular é reduzida, alterando a sua homeostase. Ao reestabelecer o
equilíbrio elétrico natural do corpo, o suprimento de ATP (trifosfato de adeno-
sina) é refeito, fornecendo assim a energia metabólica necessária para a cura
do trauma (LIEBANO, 2021).
Nessa direção, o uso da estimulação por microcorrente é indicada para res-
taurar o potencial elétrico natural do corpo, de forma a acelerar a cicatrização,
reduzir o edema e a dor.

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5.1.3 CORRENTE FARÁDICA


A corrente farádica é uma modalidade de corrente alternada de curta dura-
ção (1 milissegundo de duração), com ondas triangulares e frequência de 50
Hz. Ela pode ser modulada em trens de pulso, o que permite variar sua taxa
de repetição (LIEBANO, 2021).

A ELETROTERAPIA COMO RECURSO TERAPÊUTICO

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: duas mãos fixam eletrodos no pescoço da paciente.

De modo geral, a corrente farádica é obtida por meio de geradores, que operam
de forma similar: geram correntes alternadas em canais separados, produzindo
uma onda senoidal de alta frequência constante (4.000 a 5.000 Hz), enquanto
o outro canal produz uma onda sinusoidal com frequência variável. As duas
correntes se encontram no corpo a fim de produzir uma onda de interferência,
que pode apresentar uma frequência de 1 a 299 Hz (LIEBANO, 2021).

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A forma de onda interferencial pode ter sua


amplitude alterada de acordo com o padrão de
batimento e a diferença de frequência entre os
dois circuitos. Como você aprendeu, um canal tem
uma frequência fixa, enquanto o outro tem uma
frequência variável. Ao selecionar uma frequência
de batimento de 1 Hz, por exemplo, o segundo
canal produz uma corrente com uma frequência de
5.001 Hz. Isso ocorre porque a batida produzida pela
onda gera respostas similares às formas de onda
produzidas por aparelhos de TENS, mas é capaz de
aplicar uma corrente total maior aos tecidos (70 a
100 mA) (LIEBANO, 2021).

As correntes condutoras de frequência média penetram facilmente nos teci-


dos com pouca resistência, permitindo a estimulação efetiva de tecidos mais
profundos quando comparados com outras formas de estimulação elétrica.

ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA COMO ALIADA EM OUTRAS TERAPIAS

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: paciente com eletrodos faz exercícios no transport, enquanto é avaliada


por dois profissionais.

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Os geradores de corrente alternada combinam padrões de interferência cons-


trutivos e destrutivos, que resultam em um padrão de interferência contínuo.
O uso de correntes contínuas pode ser feito por meio da técnica quadripo-
lar, com duas correntes elétricas independentes; e a técnica bipolar, em que
correntes pré-moduladas são misturadas dentro do gerador e saem em um
único canal (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003).

A resistência capacitiva da pele é inversamente


proporcional à frequência da corrente. Uma
corrente alternada de 50 Hz, por exemplo, encontra
aproximadamente 3.000 ohms de resistência por
100 cm2 de pele. Se a frequência for aumentada
para 4.000 Hz, a resistência capacitiva da pele
diminui cerca de 40 ohms (LIEBANO, 2021).

A corrente farádica atua principalmente no controle da dor, na estimulação


neuromuscular, no aumento das contrações musculares para aumentar o re-
torno venoso e no controle de edemas.

A ELETROTERAPIA CONTRIBUI NA ANALGESIA

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: paciente deitada em uma maca com eletrodos fixados em sua lombar,
com um profissional operando o equipamento.

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O controle da dor varia de acordo com a frequência das ondas geradas pela
corrente alternada. Em altas frequências de batimento, em cerca de 100 Hz,
quando acompanhadas de estimulação em nível sensorial, ativam a via espi-
nal, inibindo a transmissão de pulsos nociceptivos. Em uma frequência mé-
dia, de 30 Hz, uma maior variedade de receptores é afetada, porém a dimi-
nuição da dor é menor quando comparada com altas e baixas frequências.
Frequências mais baixas, de 2 a 10 Hz, quando aplicadas em nível motor, esti-
mulam a liberação de opiáceos, reduzindo a dor sob efeitos similares ao uso
de narcóticos (LIEBANO, 2021).
A estimulação neuromuscular por correntes de baixa ou média frequência
gera despolarização das fibras nervosas que estimulam os nervos sensitivos,
promovendo a vasodilatação e controlando a dor. Além disso, gera contrações
musculares necessárias para a reabilitação de músculos debilitados ou par-
cialmente desnervados, além de retardar a amiotrofia.

A ELETROTERAPIA REABILITA A MUSCULATURA DEBILITADA

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: paciente, de costas, com eletrodos fixados em seu pescoço por duas mãos.

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A redução do edema ocorre devido ao bombeamento dos sistemas de retor-


no venoso e linfático por meio das contrações musculares eletricamente in-
duzidas, que potencializam a vasodilatação superficial e a remoção de subs-
tâncias algiogênicas presentes nos processos inflamatórios e nas síndromes
dolorosas miofasciais (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003; LIEBANO, 2021).

5.2 TIPOS DE CORRENTE


Ainda no campo da eletroterapia e das correntes contínuas, alternadas e pul-
sadas, temos as correntes diadinâmicas, interferencial e russa, que são muito
utilizadas em diferentes demandas relacionadas à recuperação fisioterápica
e dermofuncional (STARKEY, 2017; LIEBANO, 2021).

5.2.1 CORRENTES DIADINÂMICAS


As correntes diadinâmicas são produzidas por retificações em semiondas ou
ondas completas da corrente elétrica alternada sinusoidal da rede, tornando-
-a um fluxo unidirecional. Essas correntes também são descritas como pulsos
galvanofarádicos, pois foram desenvolvidas utilizando pulsos farádicos (cor-
rente monofásica triangular), com duração de fase de 10 ms, sobre uma base
galvânica (corrente contínua) (LIEBANO, 2021).

USO DE CORRENTES ELÉTRICAS COMO RECURSO TERAPÊUTICO

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: paciente deitada em uma maca com eletrodos fixados em seu ombro por
uma mão.

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As correntes diadinâmicas são classificadas em cinco tipos: difásica fixa (DF),


monofásica fixa (MF), modulação em curtos períodos (CP), modulação em
longos períodos (LP) e ritmo sincopado (RS) (LIEBANO, 2021).

Corrente Difásica Fixa (DF)

Refere-se a uma retificação em ondas completas de 100 Hz, com


duração de fase de 10 ms sem intervalo entre os pulsos, cuja separação
ocorre apenas nas cristas das fases (LIEBANO, 2021).

Corrente Monofásica Fixa (MF)

Consiste em uma retificação monofásica fixa em 50 Hz, com duração


de fase e intervalo entre os pulsos de 10 ms (LIEBANO, 2021).

Modulação em Curtos Períodos (CP)

Refere-se a uma modulação gerada na frequência de pulsos da


corrente, alternando a cada 1 s entre as correntes DF (100 Hz) e MF (50
Hz) sem interrupção do estímulo (LIEBANO, 2021).

Modulação em Longos Períodos (LP)

Refere-se a uma corrente (MF) fixa, que mantém a amplitude


(intensidade) constante em 100% do que foi programado. Nos
primeiros 10 s, o equipamento emite apenas essa corrente e, na
sequência, gera uma segunda corrente (MF) ocupando o intervalo
interpulsos da corrente (MF) fixa, elevando e reduzindo sua amplitude
gradualmente de 0 até 100%, no tempo de 5 s, repetindo esse ciclo
sem a interrupção do estímulo (LIEBANO, 2021).

Ritmo Sincopado (RS)

Refere-se a uma corrente (MF) com 100% de amplitude durante 1


s e 0% de amplitude em 1 s, com interrupções cíclicas do estímulo
(LIEBANO, 2021).

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Com relação aos efeitos terapêuticos promovidos pelas correntes diadinâmi-


cas, eles estão associados aos efeitos fisiológicos que provocam, sendo cate-
gorizados em três: galvanismo, estimulação de vias sensitivas e estimulação
de vias motoras.

Galvanismo

Ocorre devido ao fluxo unidirecional da corrente elétrica e das


alterações eletroquímicas provocadas nos tecidos que, por sua vez,
dependem do polo da corrente posicionado sobre a lesão (LIEBANO,
2021).

Excitação sensitiva

Ocorre em função da estimulação gerada pelos pulsos elétricos sobre


os neurônios aferentes (LIEBANO, 2021).

Excitação motora

Decorre da estimulação gerada pelos pulsos elétricos sobre os


neurônios eferentes (LIEBANO, 2021).

O galvanismo está relacionado ao uso de corrente direta (galvânica) para ge-


rar um campo eletrostático unidirecional constante com efeito polar, além
dos fenômenos eletroquímicos decorrentes desse tipo de corrente. As pro-
priedades dos tecidos orgânicos geram reações químicas constantemente,
dentre elas a eletrólise e a galvanotaxia, que consiste no transporte ou na mi-
gração de células específicas por atração elétrica (LIEBANO, 2021).

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A ELETROTERAPIA PROMOVE DIFERENTES REAÇÕES FISIOLÓGICAS

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: paciente deitada em uma maca com eletrodos fixados em sua barriga por
um profissional.

A eletrólise e o galvanismo promovem dois efeitos fisiológicos importantes:


a eletro-osmose e a alteração metabólica celular. A eletro-osmose realiza o
transporte passivo da água, estimulado pelas alterações de concentrações
iônicas geradas pelo campo elétrico. A água se movimenta a partir do âno-
do em direção ao cátodo, devido a uma maior pressão iônica, promovendo a
liquefação do tecido próximo ao polo negativo e a coagulação tecidual pró-
ximo ao polo positivo. A alteração do metabolismo celular ocorre devido ao
aumento das reações metabólicas na área do cátodo e à redução das reações
sob o ânodo (LIEBANO, 2021).
A estimulação sensitiva e motora promovida pelas correntes diadinâmicas
promove alívio da dor por analgesia e outros efeitos neurovegetativos devido
ao aumento no fluxo sanguíneo local, proporcionando uma maior oferta de
nutrientes ao tecido. Além disso, a estimulação favorece a drenagem de me-
diadores químicos da inflamação e a reabsorção de edemas e hematomas,
com consequente redução da dor (LIEBANO, 2021).

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5.2.2 CORRENTE INTERFERENCIAL


A corrente interferencial consiste na aplicação transcutânea de correntes al-
ternadas de média frequência (entre 1 e 10 kilohertz [kHz]), com amplitude
modulada em baixa frequência (0-250 Hz), que resulta na formação de “paco-
tes” ou bursts de corrente. Nesse sentido, ela é o resultado da mistura de duas
correntes de média frequência, que apresentam frequências ligeiramente
distintas e que sofrem interferência (LIEBANO, 2021).

A CORRENTE INTERFERENCIAL

+ =
correntes amplitude
corrente
de média em baixa
interferencial
frequência frequência

Fonte: elaborada pela autora (2023).

#pratodosverem: esquema de obtenção da corrente interferencial.

Por apresentar frequências distintas, as ondas podem se encontrar em fase


ou fora de fase (LIEBANO, 2021). Isso provoca, ao longo do tempo, a soma da
amplitude da corrente resultante, fenômeno denominado de interferência
construtiva; ou o seu cancelamento, que é denominado de interferência des-
trutiva, resultando em uma corrente modulada em amplitude.
A frequência da corrente resultante será igual à média das duas correntes
originais e pode sofrer variação em amplitude com uma frequência igual à
diferença entre essas duas correntes, ou pode ser modulada automaticamen-
te dentro do equipamento. Ela pode ser ajustada entre 1 e 10 kHz, de acordo
com a finalidade do tratamento. Por exemplo, pode-se utilizar a frequência
de 2 kHz para promover o fortalecimento muscular e de 4 kHz para promover
analgesia (LIEBANO, 2021).

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Ao usar a frequência de 2 kHz, a duração da fase


da onda é de 250 microssegundos (μs), enquanto
na frequência de 4 kHz a duração da fase da onda
é 125 μs. Desse modo, considerando as curvas
força-duração, a duração de fase mais longa da
frequência de 2 kHz é mais indicada para ativação
de fibras nervosas motoras, enquanto a duração
de fase menor da frequência de 4 kHz é mais
adequada para a ativação de fibras nervosas
sensitivas. Mas esses efeitos podem ser alcançados
em outras frequências, de acordo com os protocolos
envolvidos (LIEBANO, 2021).

Outra frequência que deve ser ajustada é a frequência de modulação da am-


plitude (AMF: Amplitude-Modulated Frequency), também conhecida como
frequência de batida ou de batimento. Essa frequência pode ser ajustada
com valores entre 1 e 250 Hz, de acordo com o efeito fisiológico e terapêutico
desejado. Existem diferentes valores tanto na literatura quanto nos manuais
dos equipamentos que devem ser testados considerando a finalidade (NEL-
SON; HAYES; CURRIER, 2003; LIEBANO, 2021).
Ainda, há a frequência de varredura, cujo ajuste tem por objetivo prevenir
ou reduzir a ocorrência de habituação sensorial no paciente. A frequência de
varredura pode ser ajustada de duas maneiras: no modo contínuo (constan-
te) e no modo frequência de varredura (sweep frequency). Nesta última, a
frequência de modulação de amplitude é aumentada e diminuída dentro
de uma faixa (espectro) preestabelecida de forma automática e rítmica (NEL-
SON; HAYES; CURRIER, 2003; LIEBANO, 2021).

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RECURSOS TERAPÊUTICOS EM FISIOTERAPIA II

O AJUSTE DA FREQUÊNCIA VISA EVITAR A HABITUAÇÃO SENSORIAL

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: paciente deitada de bruços em uma maca com eletrodos fixados em suas
costas por um profissional que opera um equipamento.

Outro elemento importante na corrente interferencial é o padrão de varredu-


ra, também chamado de sweep mode ou slope, caracterizado pelo aumento
da frequência de modulação de amplitude a partir da frequência mais baixa
para a mais alta durante um período. A alteração no padrão de varredura visa
estimular diferentes receptores em busca do alívio da dor e da habituação
sensorial (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003; LIEBANO, 2021).
A corrente interferencial, bem como todas as configurações possíveis no equi-
pamento relacionadas à frequência, entre outros elementos, visa promover
a analgesia, a contração muscular e a redução de edemas. Os mecanismos
envolvidos entre a corrente interferencial e o corpo humano são baseados na
teoria das comportas da dor.
A teoria das comportas da dor indica que os estímulos sensoriais ativam fibras
não nociceptivas (fibras Aβ) e elas ativam interneurônios que inibem a transmis-
são do impulso nervoso das fibras nociceptivas no corno posterior da medula
espinhal (fibras Aδ e C), resultando em analgesia localizada (LIEBANO, 2021).

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RECURSOS TERAPÊUTICOS EM FISIOTERAPIA II

Além desse mecanismo, a analgesia também pode ser obtida por meio do
aumento do fluxo sanguíneo, que remove substâncias algogênicas das cé-
lulas envolvidas na lesão, a ativação de vias analgésicas descendentes, o blo-
queio fisiológico da condução nervosa das fibras de dor e o efeito placebo
(LIEBANO, 2021).

5.2.3 CORRENTE RUSSA


A corrente russa é um dos tipos de corrente elétrica usada para a estimulação
elétrica com o objetivo de induzir a contração do músculo esquelético, além
de aumentar a força muscular, prevenir atrofias e facilitar atividades funcio-
nais e cotidianas (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003; LIEBANO, 2021).

A CORRENTE RUSSA COMO RECURSO TERAPÊUTICO

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: paciente deitada de bruços em uma maca com eletrodos fixados em suas
costas e um profissional encaixando os eletrodos.

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RECURSOS TERAPÊUTICOS EM FISIOTERAPIA II

A ativação muscular eletricamente induzida representa grande parte do con-


junto de recursos terapêuticos denominados como eletroterapia. A estimula-
ção elétrica para contração muscular pode ser realizada para dois objetivos:
aumento ou prevenção de perda de força muscular e facilitação do desempe-
nho em atividades funcionais durante a reabilitação (NELSON; HAYES; CUR-
RIER, 2003; LIEBANO, 2021).
Por apresentar duas finalidades clínicas, a eletroestimulação muscular pode ser
identificada de duas formas (NELSON; HAYES; CURRIER, 2003; LIEBANO, 2021):

• Estimulação elétrica neuromuscular (Neuromuscular Electrical Stimulation


– NMES): consiste no uso da eletroestimulação para obtenção de ganhos de
força muscular ou prevenção da perda de força e massa muscular (ou seja,
prevenir atrofia).

• Estimulação elétrica funcional (Functional Electrical Stimulation – FES):


refere-se ao uso da eletroestimulação na promoção de contrações
musculares que facilitem ou auxiliem no desempenho de algum tipo de
atividade funcional.

A estimulação elétrica neuromuscular é baseada na estimulação da contra-


ção muscular pela aplicação da estimulação elétrica transcutânea, logo, os
princípios gerais da eletroterapia são os mesmos. Contudo, existem algumas
especificidades que variam de acordo com a corrente utilizada.
Existe uma grande variedade de correntes elétricas ou formas de ondas que
podem ser usadas para estimular a contração muscular esquelética. Embora
todas as formas de onda elétrica possam ser descritas pelos parâmetros de
duração de pulso, frequência de pulso e amplitude (ou intensidade), a forma
da onda é o que mais as difere.
A corrente russa convencional é uma corrente alternada com forma de onda
sinusoidal de 2.500 Hz, com ciclos de duração 400 μs, que é modulada em
bursts (“pacotes”) de 50 Hz por segundo, com duração de 10 milissegundos
(ms) e intervalos inter-burst de 10 ms (LIEBANO, 2021).
A corrente russa se tornou conhecida e popular na década de 1970, graças
ao trabalho do cientista russo Dr. Yakov Kots com atletas olímpicos. Após as
Olimpíadas de 1972, todos queriam saber a respeito da técnica de treinamen-
to de força com correntes elétricas idealizada por Kots (LIEBANO, 2021).

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Os resultados relatados demonstraram que os atletas que treinaram sob essa


técnica apresentaram uma melhoria de força de 30- 40% sobre aqueles que
treinaram exclusivamente com exercícios isométricos. Outros benefícios re-
latados pelo uso da corrente russa incluíram o aumento de resistência mus-
cular e as alterações na velocidade das contrações musculares. O protocolo
do Dr. Kots foi nomeado de “10-50-10”: 10 segundos de contração muscular,
50 segundos de repouso entre as contrações e 10 contrações máximas por
sessão (LIEBANO, 2021).

Uma variação mais recente de corrente alternada


modulada em bursts é a corrente Aussie. Trata-se de
uma corrente alternada modulada em burst, com
onda sinusoidal, porém com parâmetros diferentes
da corrente russa: possui uma frequência portadora
de 1.000 Hz e uma duração de burst de 2 ou 4 ms
(LIEBANO, 2021).

A corrente russa, por usar frequências mais elevadas, reduz a resistência ca-
pacitiva do tecido, possibilitando o alcance do nervo motor, com menor in-
tensidade. Além disso, há evidências de que a frequência condutora de 2.500
Hz pode bloquear os nervos sensoriais superficiais, estimulando simultanea-
mente as fibras motoras mais profundas (LIEBANO, 2021).
Os principais efeitos terapêuticos da corrente russa estão relacionados, por-
tanto, à ativação muscular através das unidades motoras em função da ativa-
ção das miofibrilas. Essa ativação promove o aumento de força muscular e a
modificação no tecido muscular, além do retardo da atrofia (LIEBANO, 2021).
Neste sentido, as indicações para o uso da estimulação elétrica por corrente
russa são o fortalecimento muscular em músculos normais ou enfraqueci-
dos, a redução da atrofia muscular, a facilitação do controle muscular, a ma-
nutenção ou o aumento da amplitude de movimento articular, entre outros.

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CONCLUSÃO

Os recursos terapêuticos superficiais termoterápicos podem ser considera-


dos os primeiros recursos acessíveis aos seres humanos, já que envolvem as
diferenças de temperatura, como o calor e o frio, que sempre estiveram pre-
sentes no ambiente humano.
No entanto, os recursos da natureza eram usados de maneira empírica, cujo
conhecimento e aplicações mais adequadas só apareceram com o estudo do
corpo humano e com o avanço da medicina e da fisioterapia.
Os recursos termoterápicos que utilizam o calor e o frio, mesmo de forma su-
perficial, são capazes de promover uma série de benefícios e melhorias de ca-
ráter imediato, ou seja, logo após a lesão, como também em tratamentos de
médio prazo. Tanto o resfriamento quanto o aquecimento da pele e dos teci-
dos subjacentes promovem transformações fisiológicas, que interrompem os
processos relacionados à inflamação e ao ciclo dor-espasmo-dor, aliviando e
recuperando diferentes tipos de lesões e condições.

MATERIAL COMPLEMENTAR

1. A eletroterapia no tratamento da síndrome do


túnel do carpo: uma revisão integrativa de literatura.

2. A importância das abordagens fisioterapêuticas


nas desordens temporomandibulares: uma revisão
de literatura.

3. Utilização do TENS e da corrente interferencial no


tratamento de lombalgia.

4. Estudo comparativo dos efeitos das correntes


aussie, interferencial e estimulação elétrica nervosa
transcutânea (TENS) no tratamento da lombalgia
crônica.

5. Eficácia da estimulação elétrica com corrente


russa após neurorrafia término-lateral do nervo
fibular comum: análise eletroneuromiográfica e de
força muscular.

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UNIDADE 6

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos que
possa:

> Avaliar o uso do TENS


como recurso terapêutico.
> Analisar o uso e as
aplicações do FES como
terapia fisioterápica.

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6 TENS E FES

INTRODUÇÃO DA UNIDADE
Nesta unidade, vamos abordar os princípios, os mecanismos e as aplicações
da TENS (Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea) e da FES (Estimulação
Elétrica Funcional) como recursos terapêuticos em fisioterapia.
Os recursos terapêuticos envolvendo correntes elétricas apresentam muitas
vantagens, como o fato de serem recursos não invasivos, além de atuarem de
diferentes maneiras nos centros da dor, estimulando a liberação de substân-
cias e outros processos fisiológicos.
A TENS é um recurso que utiliza a corrente elétrica como estímulo para redu-
zir a transmissão da dor por meio da inibição dos processos que envolvem o
portão da dor. Esse recurso terapêutico aciona mecanismos atuantes na re-
dução dos estímulos dolorosos. A FES, por sua vez, atua na contração muscu-
lar, estimulando os nervos motores a se movimentarem, de modo a alcançar
a reabilitação e o reestabelecimento funcional.
Nesta unidade, você vai conhecer as principais características dos recursos
terapêuticos TENS e FES, suas indicações, utilização e aplicações, de modo a
usá-los de forma adequada em qualquer nível de atenção à saúde.

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RECURSOS TERAPÊUTICOS EM FISIOTERAPIA II

6.1 TENS
A Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea, abreviada como TENS, em fun-
ção do termo original em inglês Transcutaneous Electrical Nerve Stimulation,
consiste na aplicação de correntes elétricas na superfície da pele, por meio de
eletrodos, com o objetivo de estimular as fibras nervosas e, assim, produzir
efeitos fisiológicos (STARKEY, 2017; LIEBANO, 2021). Esses efeitos fisiológicos,
por sua vez, objetivam o alívio da dor.

6.1.1 PRINCÍPIOS
A estimulação elétrica nervosa transcutânea utiliza equipamentos que emi-
tem dois tipos de corrente elétrica: corrente pulsada bifásica simétrica retan-
gular e corrente pulsada bifásica assimétrica balanceada (LIEBANO, 2021).

A estimulação elétrica nervosa transcutânea não é


propriamente um equipamento ou uma corrente
elétrica específica, mas um método de ativação de
fibras nervosas por meio de impulsos elétricos, que
modulam a dor. Neste contexto, qualquer tipo de
corrente elétrica que promova a ativação de fibras
nervosas através de eletrodos de superfície pode
ser denominada de estimulação elétrica nervosa
transcutânea (LIEBANO, 2021).

Essas correntes se caracterizam por não apresentarem polos fixos, ou seja, são
correntes não polarizadas. Além disso, podem ser utilizadas por longos perío-
dos de tempo e com altas amplitudes, sem apresentar risco de queimaduras
químicas da pele.

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AS CORRENTES ELÉTRICAS APRESENTAM POUCOS RISCOS EM SUA UTILIZAÇÃO

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: profissional fixando eletrodos na parte interna da coxa de um paciente.

Para a realização da estimulação elétrica nervosa transcutânea, três parâme-


tros físicos devem ser observados e ajustados: amplitude, duração do pulso e
frequência.

Amplitude

Refere-se à magnitude ou intensidade da corrente ou tensão,


geralmente medida em miliamperes (mA), volts (V) ou milivolts (mV)
(LIEBANO, 2021).

Duração do pulso

Consiste no intervalo de tempo de duração do pulso, sendo mensurado


em microssegundos (μs) ou milissegundos (ms) (LIEBANO, 2021).

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RECURSOS TERAPÊUTICOS EM FISIOTERAPIA II

Frequência

Refere-se ao número de pulsos gerados por segundo, sendo medida


em hertz (Hz), ciclos por segundo (CPS) ou simplesmente pulsos por
segundo (PPS) (LIEBANO, 2021).

Além dos parâmetros de amplitude, duração do pulso e frequência, outro ele-


mento que deve ser observado é o modo de emissão dos pulsos, que podem
ser de forma contínua (denominado modo “C” ou “normal”); modo bursts
(trens de pulso de alta frequência emitidos em baixa frequência, geralmente
denominado “B”) e padrão modulado (variação nos parâmetros de duração
de pulso, frequência ou amplitude de pulso de forma cíclica, geralmente de-
nominado “M”) (LIEBANO, 2021).

A REGULAGEM DOS PARÂMETROS É ESSENCIAL PARA OBTER OS DIFERENTES TIPOS


DE TENS

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: profissional ajustando os parâmetros de um equipamento


de eletroterapia.

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Os ajustes envolvendo amplitude, duração do pulso, frequência e os modos


de emissão dos pulsos resultam em quatro modalidades ou modos de TENS:
convencional; acupuntura; TENS em trens de pulso ou burst; e TENS breve e
intensa (LIEBANO, 2021).
A TENS convencional é o modo mais usado de estimulação elétrica, e tam-
bém é conhecida como sensorial ou de alta frequência/baixa intensidade.
Esse tipo de estimulação permite o ativamento das fibras nervosas aferentes
do grupo II (Aβ), que resulta em parestesia por meio de um efeito prioritaria-
mente sensorial (LIEBANO, 2021). Os parâmetros usados na TENS convencio-
nal são frequência alta (entre 80 e 110 Hz), duração de pulso curta (50 a 100 μs)
e intensidade baixa.
A TENS acupuntura, também denominada TENS de baixa frequência/alta in-
tensidade, é feita a partir de uma estimulação elétrica de alta intensidade, de
modo a provocar contrações musculares visíveis em grupo de fibras muscu-
lares inervadas relacionadas à área de dor (LIEBANO, 2021). Para esse tipo de
estimulação, usa-se uma frequência abaixo de 10 Hz (geralmente entre 1 e
4 Hz) e longa duração de pulso (aproximadamente 200 μs).

Como a estimulação ocorre em nível motor, além da


ativação das fibras do grupo II (Aβ), ocorre também
a ativação das fibras do grupo I (Aα), produzindo
contrações musculares rítmicas.

A TENS em trens de pulso ou burst consiste em uma combinação do modo


convencional com o modo acupuntura. Esse tipo de estimulação utiliza, na
aplicação, trens de pulsos de alta frequência (aproximadamente 100 Hz) emi-
tidos em baixa frequência (1-4 Hz) e com pulso de longa duração (cerca de
200 s) em nível motor.
A TENS breve-intenso consiste no uso da estimulação elétrica na máxima in-
tensidade suportada pelo paciente, por um curto período (no máximo 15 mi-
nutos), em alta frequência (100-150 Hz) e longa duração de pulso (150-250 μs).
Esse modo de aplicação promove analgesia durante procedimentos doloro-
sos como troca de curativos, desbridamentos, punção venosa, remoção de
suturas, entre outros (LIEBANO, 2021).

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6.1.2 MECANISMOS
A TENS atua na alteração da percepção de dor através da utilização de uma
corrente elétrica bifásica. Dependendo dos parâmetros usados no decorrer
do tratamento, a estimulação elétrica pode reduzir a dor por meio da ativação
do mecanismo de controle do portão ou da comporta da dor; ou centralmen-
te por meio da liberação de opiáceos endógenos (STARKEY, 2017).

A ELETROTERAPIA PARA O ALÍVIO DA DOR

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: profissional segurando a perna de um paciente.

A teoria das comportas ou do portão da dor se baseia na premissa de que a


estimulação de fibras aferentes de grande diâmetro (Aβ) causa a ativação de
circuitos inibitórios locais no corno dorsal da medula espinal, impedindo que
os impulsos nociceptivos transportados por fibras de pequeno diâmetro (C
e Aδ) atinjam centros cerebrais superiores (CARVALHO et al., 2014; STARKEY,
2017; LIEBANO, 2021).

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A região cinzenta da medula espinal é subdividida


em 10 camadas (I-X), do sentido posterior para o
anterior. As fibras aferentes relacionadas com a
dor (C e Aδ) realizam sinapses nas camadas I-V; as
fibras aferentes dos mecanorreceptores cutâneos
(Aβ), nas camadas III-VI; as fibras relacionadas com
os fusos neuromusculares e órgãos tendinosos de
Golgi (Aα) realizam sinapses nas camadas VI, VII e IX.

Entre as camadas II e III existe uma substância gelatinosa, que é denominada


de “portão” ou “comporta da dor”. Essa região é formada por pequenos neu-
rônios densamente compactados, que apresentam efeitos inibitórios sobre as
fibras nervosas terminais que são associadas à dor e realizam sinapses com
outros neurônios (LIEBANO, 2021).
A ativação das fibras Aβ gera estímulos excitatórios por um ramo colateral,
que, por sua vez, excitam os neurônios da substância gelatinosa, inibindo as
fibras nociceptivas e a atividade das células responsáveis pela transmissão da
dor. Desse modo, os neurônios da substância gelatinosa “fecham o portão”,
impedindo a propagação dos estímulos nociceptivos e reduzindo a dor (LIE-
BANO, 2021).

ESQUEMA DE FUNCIONAMENTO DO FECHAMENTO DO PORTÃO DA DOR

excitação da inibição inibição da fechamento


ativação
substância das fibras transmissão do portão
das fibras
gelatinosa nociceptivas da dor da dor

Fonte: elaborada pela autora (2023).

#pratodosverem: esquema do funcionamento do portão da dor.

Em contrapartida, as fibras relacionadas à dor (Aδ e C) enviam estímulos ini-


bitórios pelo ramo colateral, diminuindo o efeito inibitório dos neurônios da
substância gelatinosa nos terminais das fibras nociceptivas, aumentando a
taxa de disparo da célula T. Esse processo acarreta a “abertura do portão”, e
os estímulos nociceptivos seguem para os centros superiores, levando à infor-
mação que poderá ser interpretada como dor (LIEBANO, 2021).

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ESQUEMA DO FUNCIONAMENTO DA ABERTURA DO PORTÃO DA DOR

redução da
estímulo excitação da abertura do percepção
inibitórios substância portão da dor de dor
gelatinosa

Fonte: elaborada pela autora (2023).

#pratodosverem: esquema do funcionamento do portão da dor.

O fenômeno das comportas da dor pode ser minimizado através do uso da


TENS em frequências variadas, de acordo com a natureza e do limiar da dor
do indivíduo, da aplicação do eletrodo, da intensidade de estimulação e das
características elétricas do estímulo. Neste sentido, a TENS pode ser usada em
alta e em baixa frequência.

O USO DA TENS PARA O FECHAMENTO DO PORTÃO DA DOR

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: profissional aplicando eletrodos no pescoço da paciente.

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A TENS de alta frequência atua a nível sensorial e apresenta os seguintes pa-


râmetros: alta frequência de pulso (60 a 100 pps); duração de pulso curta (me-
nos do que 100 μs, obtendo-se uma duração de fase de aproximadamente
50 μs); e intensidade em nível sensorial que estimula as fibras A-beta, ativan-
do o portão modulador da dor na medula espinal (LIEBANO, 2021).
A TENS de alta frequência atua na inibição dos pulsos dolorosos. Esses pulsos
são transmitidos por nervos de transmissão lenta e de pequeno diâmetro. Já
as informações sensoriais não dolorosas viajam a uma taxa mais rápida ao
longo de neurônios de diâmetro maior (PRENTICE, 2014).
A duração de fase curta e a alta frequência de pulso se focam seletivamen-
te nas fibras de grande diâmetro, provocando uma inibição pré-sináptica,
que bloqueia a transmissão de impulsos dolorosos para as células. Ou seja,
o portão é fechado para a transmissão da dor e aberto para a transmissão
de informação sensorial (não dor), resultando em analgesia no tecido tratado
(LIEBANO, 2021).

ATUAÇÃO DA TENS DE ALTA FREQUÊNCIA NA DOR

transmissão
duração da inibição da fechamento
da não dor:
fase curta e transmissão do portão
efeito
alta frequência da dor da dor
analgésico

Fonte: elaborada pela autora (2023).

#pratodosverem: esquema do funcionamento do portão da dor.

A TENS de baixa frequência, por sua vez, é aplicada em nível motor com uma
frequência baixa de pulso (2 a 4 pps), duração de fase longa (150 a 250 μs,
produzindo uma duração de fase de cerca de 75 a 125 μs) e uma intensidade
forte, mas não dolorosa (LIEBANO, 2021).
Esses parâmetros de estimulação atuam na ativação das fibras nervosas mo-
toras de pequeno diâmetro, estimulando os nervos associados que ativam os
mecanismos descendentes de supressão da dor.

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RECURSOS TERAPÊUTICOS EM FISIOTERAPIA II

A TENS breve-intenso usa como parâmetro de operação uma elevada frequ-


ência de pulso (maior que 100 pps), duração de pulso longa (300 a 1.000 μs,
obtendo-se uma duração de fase de cerca de 150 a 500 μs) e uma intensidade
de nível motor em sessões de tratamento com duração de alguns segundos
a alguns minutos.
O alívio da dor é obtido por meio da ativação de mecanismos no tronco ce-
rebral que amortecem ou amplificam os pulsos dolorosos promovidos pela
estimulação elétrica (PRENTICE, 2012).

A TENS ATUA NA INIBIÇÃO DOS PULSOS DOLOROSOS

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: paciente recebendo eletroterapia no ombro.

A estimulação forma um circuito de feedback negativo no sistema nervoso


central, devido à ativação de mecanismos neurais ascendentes que, ao atingi-
rem o cérebro, tornam a pessoa consciente da dor causada pela estimulação.
Quando o pulso passa pelo mesencéfalo, ocorre um “curto-circuito”, que esti-
mula a liberação de substâncias que reduzem a dor.

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6.1.3 EFEITOS FÍSICOS, FISIOLÓGICOS


E TERAPÊUTICOS
O principal benefício da TENS é o controle da dor, que ocorre por meio de um
processo de despolarização de nervos sensoriais (TENS de alta frequência),
motores (TENS de baixa frequência) ou nociceptivos (TENS breve-intenso),
que resultam na interrupção da transmissão da dor, não na cura da causa.
Os efeitos do tratamento, portanto, estão relacionados à frequência: frequ-
ências de pulso mais baixas exigem maior intensidade de saída para que o
nervo-alvo – com base na duração da fase – atinja o limiar de despolarização.
A combinação da frequência e de parâmetros de saída é muito importante
na obtenção do resultado desejado, pois é o conjunto de parâmetros que pro-
move as alterações no sistema nervoso, responsáveis pela interrupção da dor.
Ou seja, a frequência de pulso e a duração de fase, combinadas à intensida-
de da corrente, ativam respostas em diferentes níveis de modulação da dor
(LIEBANO, 2021).

O USO DO TENS PARA A MODULAÇÃO DA DOR

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: paciente com eletrodos ao longo da coluna vertebral.

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RECURSOS TERAPÊUTICOS EM FISIOTERAPIA II

O número de tratamentos necessários para reduzir ou solucionar a dor é pro-


porcional à sua duração: quanto mais tempo o paciente está submetido à dor,
maior será a quantidade de sessões para tratamento.
As patologias relacionadas aos nervos sensoriais são tratadas pela TENS de
alta frequência, sendo ela muito efetiva no tratamento da lesão aguda do
tecido mole. Contudo, é necessário ter cautela com as contrações muscula-
res indesejadas. Além dos tecidos moles, existem outras indicações para o
TENS de alta frequência, que incluem o tratamento da dor associada a lesões
musculoesqueléticas, dor pós-operatória, condições inflamatórias e dor mio-
fascial (LIEBANO, 2021).
Os benefícios do controle da dor em nível sensorial são de curta duração, re-
tomando a sensação dolorosa aproximadamente 30 minutos depois que a
TENS é interrompida. Além disso, o uso da TENS de forma prolongada pode
provocar acomodação e habituação. Esse fenômeno ocorre devido à habitua-
ção dos nervos sensores com parâmetros de estimulação constantes, promo-
vendo a adaptação do sistema nervoso ao estímulo.

A maioria dos geradores TENS possui parâmetros


de modulação de corrente, o que possibilita a
redução dos efeitos de habituação, sendo usados,
por exemplo, modulações por explosão e por
frequência (LIEBANO, 2021).

Os nervos motores, quando apresentam alguma patologia, podem ser trata-


dos pela TENS de baixa frequência. A TENS de baixa frequência atua estimu-
lando a glândula hipófise, que libera substâncias para a corrente sanguínea.
Essas substâncias mediadoras, por sua vez, desencadeiam a liberação
de β-endorfina, que se liga aos sítios receptores das fibras, bloqueando a
transmissão da dor (LIEBANO, 2021).

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Existem muitas pesquisas que atribuem o alívio


da dor obtido por meio da estimulação elétrica
à liberação de β-endorfina, que produz um efeito
analgésico semelhante aos efeitos proporcionados
por narcóticos (LIEBANO, 2021).

A TENS de baixa frequência é recomendada para o tratamento da dor crônica,


dor causada por danos aos tecidos profundos, dor miofascial e a dor causada
por espasmos musculares (LIEBANO, 2021).

DORES LOMBARES PODEM SER TRATADAS PELA TENS

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: paciente com eletrodos na coluna vertebral, sendo monitorado


pelo profissional.

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A TENS de nível motor aumenta significativamente o limiar de dor mecânica


em relação ao TENS de nível sensorial, especialmente em casos em que a
dor é relacionada à pressão mecânica, como em casos de edema, espasmos
musculares ou pontos-gatilho. Ao afetar as grandes fibras motoras, a TENS
pode interferir no padrão normal de proteção do músculo, que se reflete no
espasmo muscular, reduzindo ainda mais os estímulos dolorosos.
Contudo, o alívio real da dor pode não ser experimentado por algum tempo
após a conclusão do tratamento, mas os efeitos são mais duradouros que os
obtidos com o tratamento usando a TENS de alta frequência (LIEBANO, 2021).

A aplicação de TENS tanto em nível sensorial


quanto em nível motor moderado não aumenta
significativamente o fluxo sanguíneo na área
tratada, mas os efeitos da estimulação podem
ativar neurônios específicos, que produzem uma
leve vasoconstrição. Entretanto, as aplicações mais
prolongadas de TENS podem modular a atividade
de outros neurônios específicos, estimulando
nervos periféricos e promovendo também a
estimulação química de órgãos viscerais, liberando
opiáceos endógenos.

Quanto aos nervos nociceptivos, eles podem ser tratados com a TENS breve-
-intenso, que promove a redução da percepção de dor do paciente por meio
da diminuição da condutividade e da transmissão de pulsos nociceptivos
oriundos das pequenas fibras de dor para o sistema nervoso central.

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6.2 FES
A estimulação elétrica funcional (FES – abreviação do termo em inglês
Functional Electrical Stimulation) é outra área da eletroterapia clínica, que
consiste na aplicação de estimulação elétrica terapêutica para induzir a con-
tração muscular esquelética.

FES PARA O RESTABELECIMENTO MOTOR

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: paciente com eletrodos no antebraço, sendo monitorado pelo profissional.

A estimulação elétrica para contração muscular pode ser feita para duas finali-
dades: aumento ou prevenção de perda de força muscular e facilitação do de-
sempenho em atividades funcionais durante a reabilitação (PRENTICE, 2012).

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AUMENTO DA FORÇA MUSCULAR COM O USO DE FES

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: paciente com eletrodos nos glúteos, sendo monitorado pelo profissional.

Devido à possibilidade desses dois usos clínicos, a eletroestimulação muscular


é identificada por dois termos: estimulação elétrica neuromuscular (NMES) e
estimulação elétrica funcional (FES).

Estimulação elétrica neuromuscular (Neuromuscular


Electrical Stimulation – NMES)

É o uso da eletroestimulação para promover ganhos de força muscular


ou prevenir a perda de força e massa muscular, ou seja, prevenir a
atrofia (LIEBANO, 2021).

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Estimulação elétrica funcional (Functional Electrical Sti-


mulation – FES)

É o uso da eletroestimulação na promoção de contrações musculares


que facilitem ou auxiliem no desempenho de algum tipo de atividade
funcional que compõe o programa de reabilitação (LIEBANO, 2021).

A FES e a NMES apresentam os mesmos princípios e mecanismos em relação


à estimulação elétrica, mas há algumas peculiaridades. Aqui, vamos conhecer
mais detalhes sobre a FES.

6.2.1 PRINCÍPIOS
A FES é um tratamento que visa facilitar ou auxiliar no desempenho ou execução
de atividades ou tarefas “funcionais”. Essas atividades ou tarefas funcionais po-
dem variar entre os pacientes de acordo com seus objetivos e os da reabilitação.

A FES COMO RECURSO PARA RESTABELECER MOVIMENTOS MOTORES

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: paciente com eletrodos nas costas.

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Neste sentido, a FES tem o objetivo de recuperar ou reabilitar o paciente às


atividades ou tarefas que são assistidas pela contração muscular induzida,
que, no decorrer do tratamento, são estimuladas pela corrente elétrica.

A estimulação elétrica funcional pode atuar na


contração do músculo tibial anterior para auxiliar na
dorsiflexão durante a fase de balanço na marcha, na
facilitação da preensão palmar funcional em paciente
com espasticidade em membros superiores, na
redução de subluxação glenoumeral após acidente
vascular encefálico (AVE) (LIEBANO, 2021).

Neste contexto, a FES pode ser mais especificamente definida como o uso da
eletroestimulação para auxiliar na ativação do músculo pela ativação de um
nervo motor periférico intacto (LIEBANO, 2021).

ATIVAÇÃO DOS MÚSCULOS UTILIZANDO A FES

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: paciente com eletrodos e agulhas nas costas.

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Para que isso ocorra, existe uma condição fundamental: o paciente com lesão
do neurônio motor superior deve apresentar a inervação periférica intacta,
para permitir que os músculos sejam estimulados.

Uma avaliação simples da inervação motora pode


ser feita pela aplicação da eletroestimulação
no músculo de interesse e na observação
da resposta motora. Se houver suspeita ou
confirmação de desnervação, podem ser feitos
testes neurodiagnósticos mais específicos, como
eletromiografia e eletroneuromiografia, de modo a
confirmar ou não a inervação e, assim, prosseguir
ou não com o tratamento (LIEBANO, 2021).

Uma vez detectada a inervação motora periférica intacta no paciente, segue-


-se para a próxima etapa, que consiste na elaboração de um plano de reabili-
tação usando a FES.

O PLANO DE REABILITAÇÃO DEVE SER FEITO DE ACORDO COM A PATOLOGIA

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: paciente com eletrodos e agulhas nas costas sendo fixadas por
um profissional.

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Como a FES é baseada em gerar a contração muscular pela aplicação da esti-


mulação elétrica, muitos dos mesmos princípios da NMES podem ser aplica-
dos. Contudo, deve-se ter atenção especial sobre como a eletroestimulação é
aplicada, a fim de facilitar ou auxiliar no desempenho da atividade funcional.

6.2.2 MECANISMOS
A eletroestimulação é feita por meio de equipamentos denominados eletro-
estimuladores, que podem ser alimentados por fios (rede elétrica) e baterias.
Os equipamentos alimentados por energia elétrica são maiores, enquanto os
alimentados por bateria, menores; o tamanho do equipamento interfere no
uso do recurso.

A FES para a marcha é bem realizada com o uso de


um estimulador portátil, pois possibilita acompanhar
o movimento. Os aparelhos alimentados pela rede
elétrica, por serem maiores, podem ser úteis em
atividades funcionais que não exigem movimento do
paciente por grandes distâncias. Por exemplo, a FES
para a preensão palmar funcional, com o paciente
sentado próximo a uma mesa, pode ser feita com
um eletroestimulador maior (LIEBANO, 2021).

A eletroestimulação ocorre por meio de diferentes formas de ondas, que pro-


duzem uma contração muscular. Essas ondas são resultantes de alguns pa-
râmetros que influenciam na forma de onda que, quando manejados, produ-
zem diferentes efeitos. Esses parâmetros estão relacionados à frequência de
pulso; duração de pulso; e tempo on-off e de rampa (LIEBANO, 2021).

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CONTRAÇÃO MUSCULAR COM O OBJETIVO DE ESTIMULAR O MOVIMENTO

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: mulher fazendo exercícios vestida com uma roupa que usa estimulação
elétrica para contrair os músculos.

A frequência de pulso recomendada para a FES deve ser a mais baixa possível,
ao mesmo tempo em que deve ser capaz de provocar a contração muscular
que alcance a atividade funcional desejada. Isso porque a frequência mínima
de pulso é capaz de produzir contração muscular para atingir a atividade fun-
cional desejada, ao mesmo tempo em que retarda a fadiga muscular, sendo
mais eficaz na reabilitação.

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Se a reabilitação pretendida é a realização da


dorsiflexão do pé durante a fase de balanço da
marcha, ao usar uma frequência de pulso menor,
porém suficiente para promover a dorsiflexão, ela
se torna mais efetiva que uma frequência de pulso
maior. Como a marcha é uma atividade repetitiva,
é mais vantajoso usar uma frequência menor,
evitando assim a fadiga (LIEBANO, 2021).

A duração do pulso na FES deve ser mais curta, o suficiente para gerar uma
contração muscular adequada para atingir a atividade funcional desejada.
Essa recomendação se justifica pois se deve evitar ao máximo a fadiga preco-
ce, pois ela impossibilita a continuidade do tratamento.

A CONTRAÇÃO DEVE SER ADEQUADA PARA TER O EFEITO TERAPÊUTICO

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: paciente com eletrodos, sendo monitorada por um profissional.

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Assim como é mais provável que a fadiga inicie mais cedo com maior frequ-
ência de pulso, uma maior duração do pulso também resultará em fadiga
precoce. Desse modo, é recomendada uma combinação da menor frequên-
cia e menor duração do pulso, para que a atividade funcional desejada seja
realizada com sucesso (LIEBANO, 2021).
Da mesma forma que a frequência e a duração do pulso devem se concentrar
na realização adequada da atividade funcional, o mesmo se aplica à ampli-
tude do estímulo da FES. Amplitudes de pulso maiores que as necessárias
também podem resultar em desconforto e fadiga muscular precoce, o que
se torna um fator limitante na tolerância e na eficácia do recurso terapêutico.

A AMPLITUDE DEVE SER ADEQUADA PARA OBTER O EFEITO TERAPÊUTICO

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: paciente com eletrodos no joelho.

Os tempos de contração on-off para a FES são muito específicos em função


das muitas utilizações da FES e da variabilidade entre os pacientes. Neste sen-
tido, os tempos on-off devem ser selecionados de forma a corresponder ou
replicar a sequência do tempo que uma atividade funcional seria executada
normalmente pela ativação muscular voluntária sem lesão.

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Como os pacientes e seus movimentos são muito variados, os tempos on-off


devem ser compatíveis com as habilidades individuais e com a finalidade do
tratamento terapêutico.
A FES é comumente utilizada em pacientes com espasticidade, cuja condi-
ção limita ou impede a execução de movimentos intencionais ou funcionais.
O alongamento rápido de um músculo espástico como resultado de uma ati-
vação através da eletroestimulação de um músculo antagônico tem maior
probabilidade de provocar um espasmo reflexo no músculo espástico (LIEBA-
NO, 2021). Por isso, a rampa de subida também merece atenção.

A FES ATUA NO REESTABELECIMENTO DO MOVIMENTO

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: paciente com eletrodos sendo fixados por um profissional na parte


posterior da coxa.

Os tempos de rampa também são de grande importância no momento da


estimulação, pois os tempos de subida e descida adequados sinalizam como
a atividade desejada ou a contração muscular devem ocorrer.
O tempo de ativação adequado e personalizado possibilita a conclusão da
atividade ou tarefa funcional para a qual a FES está sendo utilizada, promo-
vendo a reabilitação.

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6.2.3 EFEITOS FÍSICOS, FISIOLÓGICOS


E TERAPÊUTICOS
A eletroestimulação funcional tem sido utilizada como recurso terapêutico
para ganho de força, já que as correntes elétricas produzem contração mus-
cular. Essas contrações, então, fortalecem a musculatura e promovem o re-
crutamento de unidades motoras. As unidades motoras, quando sincroniza-
das durante o movimento, diminuem os impulsos inibitórios, aumenta a força
do músculo e, consequentemente, a resistência à fadiga (SANTOS et al., 2015).

ELETRODOS NAS COSTAS DE UM PACIENTE

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: paciente com eletrodos fixos na lombar.

Sendo assim, a FES atua na estimulação dos nervos motores, despolarizando


membranas e introduzindo a contração muscular mais forte e sincronizada,
promovendo com eficiência o fortalecimento muscular. Desse modo, a FES
fortalece os músculos enfraquecidos e auxilia no aprendizado motor, recupe-
rando e/ou preservando a função do músculo afetado (SANTOS et al., 2015).

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Não é possível obter um movimento funcional


de um membro paralisado por um simples pulso
elétrico; por isso, torna-se necessária uma série
de estímulos, com uma certa duração, seguida
por outros com uma apropriada frequência de
repetição (PRENTICE, 2012; LIEBANO, 2021).

Desse modo, para se obter o efeito terapêutico pretendido, de acordo com a


patologia do paciente, é fundamental a avaliação da quantidade de pulsos a
serem utilizados, bem como a duração desses pulsos, para que o tratamento
seja eficaz. A relação quantidade x duração deve ser apropriada para resolver ou
amenizar a patologia, ao mesmo tempo em que é confortável para o paciente.
Para uma aplicação correta, portanto, é necessário o ajuste de alguns parâ-
metros, como a sequência de estímulos, duração do pulso, frequência, tempo
on-off e de rampa, entre outros.

ELETRODOS NA BARRIGA DE PACIENTE

Fonte: Freepik (2023).

#pratodosverem: paciente com eletrodos fixos na barriga.

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Os parâmetros, bem como o recurso terapêutico em si, têm por finalidade pro-
duzir uma contração através da corrente elétrica, que vai despolarizar o neurô-
nio motor, produzindo assim uma resposta simultânea em todas as unidades
motoras do músculo. Com esse sincronismo, é gerada uma contração eficien-
te, que deve ser bem controlada a fim de evitar a fadiga muscular precoce.
A FES é indicada para o tratamento da hemiparesia, lesão medular, paralisia
facial, ataxia, falta de coordenação motora, entre outros. Contudo, é contrain-
dicado em pacientes que usam marca-passo; gestantes; pessoas hipertensas;
uso da eletroestimulação em áreas com excesso de tecido adiposo; com in-
fecções ativas no tecido; uso na região torácica e em pacientes incapazes de
compreender a funcionalidade do aparelho.
A aplicação da FES gera resultados importantes no aspecto motor, já que
pode promover o aumento de força muscular mesmo após períodos de inati-
vidade, o que impacta no ganho de mobilidade e na reeducação e facilitação
do controle motor voluntário.
Os resultados que podem ser obtidos com a FES auxiliam uma melhor execu-
ção de movimentos simples e complexos. Inclusive, a FES tem sido cada vez
mais utilizada em pacientes neurológicos devido à facilidade da aplicação, que
possibilita a realização de um protocolo de atendimento benéfico ao paciente.
É importante salientar que, em patologias que envolvem o sistema motor, a
FES também pode ser feita associada a outros recursos terapêuticos, como a
cinesioterapia. A associação desses recursos pode proporcionar uma acelera-
ção no processo de reabilitação e de reaprendizagem motora.

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CONCLUSÃO

Os recursos terapêuticos envolvendo correntes elétricas, como a TENS e a FES,


apresentam muitas vantagens, pois se trata de recursos não invasivos, com
uso relativamente simples, e que age de diferentes maneiras nos centros da
dor, estimulando a liberação de substâncias e outros processos fisiológicos,
promovendo o alívio e o reestabelecimento do movimento.
Para que a TENS (estimulação elétrica nervosa transcutânea) e a FES (estimu-
lação elétrica funcional) sejam usadas como recursos terapêuticos em fisiote-
rapia, é essencial a compreensão dos seus princípios, dos mecanismos e das
aplicações. Como cada um desses recursos atua em diferentes mecanismos
corporais, a indicação deve estar alicerçada no diagnóstico preciso do paciente.
A TENS, como você aprendeu, atua na redução da transmissão da dor, por
meio da inibição dos processos que envolvem a teoria do portão da dor. Esse
recurso terapêutico, portanto, aciona mecanismos que agem na diminuição
dos estímulos dolorosos, mas não na causa propriamente da dor. Desse modo,
a TENS também se constitui em um importante recurso complementar a ou-
tras estratégias terapêuticas.
A FES, por sua vez, atua na contração muscular, estimulando os nervos mo-
tores a se movimentarem, de modo a alcançar a reabilitação e o reestabeleci-
mento funcional. Então, a FES pode promover o fortalecimento muscular por
meio dos estímulos elétricos, devolvendo a força e a coordenação para que o
paciente possa se reabilitar.

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MATERIAL COMPLEMENTAR

1. Existe diferença no posicionamento dos eletrodos


da TENS no tratamento da dismenorreia primária?
Estudo randomizado.

2. Protocolo de reabilitação em pacientes com


síndrome dolorosa complexa regional tipo i na
região da mão.

3. Efeito da estimulação elétrica terapêutica sobre o


limiar de dor por pressão em indivíduos saudáveis:
ensaio clínico randomizado.

4. A fisioterapia no pós-operatório de cirurgias


conservadoras de câncer de mama: revisão
bibliográfica.

5. Efeito do treino de alcance combinado com


estimulação elétrica em lactentes com paralisia
braquial perinatal: estudo experimental de caso
único.

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