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Farmacologia
GERAL
unidade
2
Fármacos dos Sistemas
Cardiovascular e Trato
Gastrointestinal
Prezado estudante,
Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem foram organizados
com cuidado e atenção, para que você tenha contato com um conteúdo completo e atualizado
tanto quanto possível. Leia com dedicação, realize as atividades e tire suas dúvidas com os
tutores. Dessa forma, você, com certeza, alcançará os objetivos propostos para essa disciplina.
Objetivo Geral
Estudar os fármacos do sistema cardiovascular e do trato gastrointestinal.
unidade
Parte 1
Fármacos Anti-hipertensivos
A. Cuidados individualizados
Certos subgrupos da população hipertensa respondem melhor a uma
classe de fármacos do que à outra. Por exemplo, pacientes negros res-
pondem bem aos diuréticos e bloqueadores de canais de cálcio, mas
o monotratamento com -bloqueadores ou inibidores da ECA com fre-
quência é menos eficaz. De modo similar, bloqueadores de canais de
DOENÇA
CONCOMITANTE
CLASSES DE FÁRMACOS INDICADOS NO TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO
DIABETES Bloqueadores
Diuréticos -Bloqueadores BRAs
Inibidores da ECA de canais de Ca2 +
Antagonistas de
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA Diuréticos -Bloqueadores Inibidores da ECA BRAs receptor de
aldosterona
INFARTO DO Antagonistas de
-Bloqueadores Inibidores da ECA receptor de
MIOCÁRDIO PRÉVIO aldosterona
DOENÇA
Inibidores da ECA BRAs
RENAL CRÔNICA
Figura 19.5
Tratamento da hipertensão em pacientes com doenças concomitantes. As classes de fármacos em caixas azuis asse-
guram melhor resultado (p. ex., diabetes ou doença renal) independente da pressão arterial. (Nota: os bloqueadores
de receptores de angiotensina [BRA] são uma alternativa aos inibidores da enzima conversora de angiotensina [ECA].
AVE = acidente vascular encefálico.
Hipertensão recém-diagnosticada
Alcançou o
Não alcançou a pressão arterial pretendida (140/90 mmHg)
valor pretendido
(130/80 mmHg para aqueles com diabetes ou doença renal crônica)
Monitorar
Monitorar Monitorar
Monitorar
Sem alcançar a pressão arterial desejada
Figura 19.7
Normas para o tratamento da hipertensão. TCHD = tentativa de controlar a hipertensão por meio de uma dieta. BCCa =
bloqueador de canais de cálcio; BRA = bloqueador de receptor de angiotensina; ECA = enzima conversora de angioten-
sina; PAD = pressão arterial diastólica; PAS = pressão arterial sistólica; AVE = acidente vascular encefálico.
V. DIURÉTICOS
A. Diuréticos tiazídicos
Todos os diuréticos orais são eficazes no tratamento da hipertensão, mas
os tiazídicos têm sido os mais amplamente usados.
B. Diuréticos de alça
Os diuréticos de alça (furosemida, bumetanida e torsemida) atuam rapi-
damente, mesmo em pacientes com função renal pobre ou naqueles que
não responderam aos tiazídicos ou a outros diuréticos. Os diuréticos de
alça causam diminuição da resistência vascular renal e aumento do fluxo
sanguíneo renal. (Nota: os diuréticos de alça aumentam o conteúdo de
Ca2+ na urina, os diuréticos tiazídicos o diminuem.)
A. Ações
Os -bloqueadores reduzem a pressão arterial primariamente pela dimi-
nuição do débito cardíaco (Figura 19.9). Eles também podem diminuir o
efluxo simpático do SNC e inibir a liberação de renina dos rins, reduzindo,
assim, a formação de angiotensina II e a secreção de aldosterona. O pro-
tótipo dos -bloqueadores é o propranolol, que atua em receptores-1 e
2. Bloqueadores seletivos de receptores 1, como metoprolol e atenolol,
estão entre os -bloqueadores mais comumente prescritos. O nebivolol é
um bloqueador seletivo de receptores 1 que aumenta também a produ-
ção de óxido nítrico, levando à vasodilatação. Os -bloqueadores seleti-
vos devem ser administrados cautelosamente em pacientes hipertensos
que também têm asma. Os -bloqueadores não seletivos, como propra-
nolol e nadolol, são contraindicados devido ao bloqueio da broncodilata-
ção mediada por 2. (Ver p. 222 para a discussão sobre -bloqueadores.)
Os -bloqueadores devem ser usados com cautela no tratamento de pa-
cientes com insuficiência cardíaca aguda ou doença vascular periférica.
B. Usos terapêuticos
1. Subgrupos de população hipertensa. Os -bloqueadores são mais
eficazes no tratamento de pacientes brancos do que de negros, sen-
do também mais eficazes em pacientes jovens do que em idosos.
(Nota: condições que desaconselham o uso de -bloqueadores [p. ex.,
doença pulmonar obstrutiva crônica grave, insuficiência cardíaca con-
gestiva crônica e doença vascular periférica oclusiva sintomática grave]
são mais comumente encontradas em pacientes idosos e diabéticos.)
Ativação de
adrenorreceptores Débito cardíaco
Bloqueadores de 1 no coração
-adrenorreceptores
Resistência
periférica
Diminuição da
Renina Angiotensina II pressão arterial
Aldosterona
Retenção de Volume
sódio e água sanguíneo
Figura 19.9
Efeitos dos fármacos bloqueadores dos -adrenorreceptores.
C. Farmacocinética
Os -bloqueadores são ativos por via oral. O propranolol sofre biotransfor-
mação de primeira passagem extensa e altamente variável. Os bloqueado-
res podem demorar várias semanas até desenvolverem seu efeito pleno.
Bradicardia
D. Efeitos adversos
1. Efeitos comuns. Os -bloqueadores podem causar bradicardia e
efeitos colaterais no SNC, como fadiga, letargia, insônia e alucina-
ções. Esses fármacos também podem causar hipotensão (Figura
19.10). Os -bloqueadores podem diminuir a libido e causar impo-
Fadiga tência. (Nota: a disfunção sexual provocada pode reduzir acentua-
damente a adesão do paciente ao tratamento.)
Disfunção
sexual VII. INIBIDORES DA ECA
B. Usos terapêuticos
Como os -bloqueadores, os inibidores da ECA são mais eficazes em
pacientes hipertensos brancos e jovens. Todavia, quando associados com
Angiotensinogênio Estimulação do
(globulina 2 no sangue) sistema nervoso
simpático
Renina
PA
(dos rins) Vasodilatação
do músculo
ECA liso vascular
Angiotensina I Angiotensina II
(inativa) diminuída Retenção
Produção de de sódio
aldosterona e água
reduzida
Diminuição
Inibição da degradação Níveis de da pressão
Inibidores da ECA bradicinina
arterial
de bradicinina
Figura 19.11
Efeitos dos inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA).
37oC
VIII. BLOQUEADORES DE RECEPTORES Febre
DE ANGIOTENSINA II
B. Ações
A concentração intracelular de cálcio tem um papel importante na ma-
nutenção do tônus da musculatura lisa e na contração do miocárdio. O
cálcio entra nas células musculares através de canais de cálcio voltagem-
-sensíveis. Isso dispara a liberação de cálcio do retículo sarcoplasmático
e da mitocôndria, que aumenta adicionalmente o nível de cálcio citosó-
lico. Os antagonistas de canais de cálcio bloqueiam a entrada de cálcio
por se ligarem aos canais de cálcio do tipo L no coração e nos músculos
lisos dos vasos arteriolares coronarianos e periféricos. Isso causa o rela-
xamento do músculo liso vascular, dilatando principalmente as arteríolas.
Os bloqueadores de canais de cálcio não dilatam veias.
C. Usos terapêuticos
Os bloqueadores de canais de cálcio apresentam um efeito natriurético
intrínseco e, dessa forma, normalmente não requerem a adição de um
diurético. Esses fármacos são úteis no tratamento de pacientes hiper-
tensos que tem também asma, diabetes, angina e/ou doença vascular
periférica (Figura 19.14). Pessoas negras hipertensas respondem bem
aos bloqueadores de canais de cálcio.
INDICAÇÕES
TERAPÊUTICAS
BLOQUEADORES DE CANAIS DE CÁLCIO APROVADOS
TAQUIARRITMIA
Verapamil Diltiazem
SUPRAVENTRICULAR
SEGURO NA IC
Felodipino Isradipino Anlodipino
LEVE A MODERADA
SEGURO COM
Diltiazem Nifedipino Felodipino Isradipino Anlodipino Nicardipino
-BLOQUEADORES
Figura 19.14
Algumas aplicações terapêuticas dos bloqueadores de canais de cálcio. IC = insuficiência cardíaca.
D. Farmacocinética
A maioria desses fármacos apresenta meia-vida curta (3 a 8 horas) após
Rubor
a administração via oral. Preparações de liberação sustentada estão dis-
poníveis e permitem dosificação única por dia. O anlodipino tem meia-
-vida muito longa e não requer formulação de liberação estendida.
E. Efeitos adversos
Constipação ocorre em cerca de 10% dos pacientes tratados com vera-
Constipação
pamil. Tontura, cefaleia e sensação de fadiga causada pela redução da
pressão arterial ocorrem com di-hidropiridinas mais frequentemente (Fi-
gura 19.15). O verapamil deve ser evitado em pacientes com insuficiência
cardíaca congestiva ou com bloqueio atrioventricular devido aos efeitos
inotrópicos (força de contração do músculo cardíaco) e dromotrópicos (ve-
locidade de condução) negativos. A nifedipina causa crescimento gengival.
Vertigem
A. Clonidina
Esse agonista 2 diminui o efluxo adrenérgico central, reduzindo a taxa
de disparos dos nervos simpáticos e a quantidade de norepinefrina libe-
rada. A clonidina é usada primariamente no tratamento da hipertensão
leve a moderada que não responde adequadamente ao tratamento com
dois ou mais fármacos. A clonidina não reduz o fluxo sanguíneo renal
ou a filtração glomerular e, portanto, é útil no tratamento da hipertensão
complicada por doença renal. A clonidina é bem absorvida após admi-
nistração via oral e é excretada pelos rins. Como pode causar retenção
de sódio e água, a clonidina pode ser administrada associada com um
diurético. Os efeitos adversos geralmente são leves, mas pode produzir
sedação, xerostomia e constipação. Ocorre hipertensão de rebote após
interrupção súbita da clonidina. Ela deve ser retirada lentamente se o
clínico deseja mudar o fármaco.
B. -Metildopa
Esse agonista-2 é convertido em metilnorepinefrina no SNC, causando
diminuição do efluxo adrenérgico. Isso leva à redução da resistência peri-
férica total e à diminuição da pressão arterial. O débito cardíaco e o fluxo
sanguíneo para os órgãos vitais não diminuem. Como o fluxo sanguíneo
aos rins não diminui, a -metildopa apresenta especial valor no tratamen-
to de pacientes hipertensos com insuficiência renal. Os efeitos adversos
mais comuns do -metildopa são sedação e sonolência. A -metildopa
tem sido usada em hipertensas grávidas.
XIV. VASODILATADORES
A. Hidralazina
Esse fármaco causa vasodilatação direta, agindo primariamente nas ar-
térias e arteríolas. Isso resulta na diminuição da resistência periférica,
que, por sua vez, inicia a elevação reflexa da frequência cardíaca e do
débito cardíaco. A hidralazina é usada no tratamento de hipertensão mo-
deradamente grave. Ela é administrada quase sempre em associação a
um -bloqueador, como o propranolol, metoprolol ou atenolol (para com-
pensar a taquicardia reflexa), e um diurético (para reduzir a retenção de
sódio). Juntos, os três fármacos diminuem o débito cardíaco, o volume
plasmático e a resistência vascular periférica. A monoterapia com hidrala-
zina é um método aceito no controle da hipertensão induzida pela gesta-
ção. Os efeitos adversos do tratamento com hidralazina incluem cefaleia,
taquicardia, náusea, sudoração, arritmia e precipitação de angina. Uma
síndrome semelhante ao lúpus pode ocorrer com doses elevadas, mas é
reversível com a interrupção do uso do fármaco.
B. Minoxidil
Esse fármaco causa dilatação dos vasos de resistência (arteríolas), mas
não nos vasos de capacitância (vênulas). O minoxidil é administrado
por via oral para o tratamento de hipertensão grave à maligna, refratá-
ria a outros fármacos. A taquicardia reflexa e a retenção de líquidos po-
PREZADO ESTUDANTE
Parte 2
Fármacos que Afetam o Sangue
VI. ANTICOAGULANTES
massa molecular O OH H
H
O O H O
–
H OH H HN SO 3
A heparina é um anticoagulante injetável de ação rápida que é usado com
frequência para interferir agudamente na formação de trombos. Ela nor-
Ácido -D-glicurônico Sulfato de glicosamina
malmente ocorre como uma macromolécula complexada com histamina
nos mastócitos, onde sua função fisiológica é desconhecida. Para uso co-
mercial, a heparina é extraída da mucosa intestinal suína. A heparina não Figura 20.12
fracionada é uma mistura de cadeias retas, glicosaminoglicanos aniônicos Componente dissacarídeo da heparina
com uma ampla faixa de massas moleculares (Figura 20.11). Ela é muito mostrando as cargas negativas decor-
ácida devido à presença de sulfato e grupos de ácido carboxílico (Figura rentes dos grupos carboxila e sulfato.
Antitrombina
Rápido
Fatores de Fatores de
Heparina coagulação Heparina
coagulação
inativos inativos
Figura 20.13
A heparina acelera a inativação dos fatores de coagulação pela antitrombina.
A Heparina
não fracionada Antitrombina
Fator Xa
Heparina
A heparina não
fracionada acelera
a interação da
antitrombina com
a trombina e o
Fator Xa.
A interação da antitrombina com a
heparina e a HBMM é mediada por
uma sequência de pentassacarídeos. Trombina
Antitrombina
B HBMM
HBMM
Fator Xa HBMM acelera
seletivamente a
interação da
antitrombina
com o Fator Xa.
Figura 20.14
A heparina e a heparina de baixa massa molecular (HBMM) intermedeiam a inativação da trombina ou do Fator Xa.
20.12). (Nota: nesta discussão, o termo heparina indica a forma não fracio-
nada do fármaco.) O conhecimento de que formas de heparina de baixa
massa molecular (HBMM) também conseguem atuar como anticoagulantes
levou ao isolamento da enoxaparina, a primeira HBMM (< 6.000) disponível
nos Estados Unidos. As HBMMs são compostos heterogêneos (elas têm
um terço do tamanho da heparina não fracionada) produzidos pela despo-
limerização química ou enzimática da heparina não fracionada. Como são
isentas de desvantagens associadas ao polímero, estão substituindo o uso
da heparina em várias situações clínicas. A heparina é usada na prevenção
de trombose venosa e no tratamento de uma variedade de doenças trom-
bóticas, como embolia pulmonar e infarto agudo do miocárdio.
D. Antagonistas da vitamina K
Os anticoagulantes cumarínicos, que incluem a varfarina, comumente
usada, e o dicumarol (antigamente bisidroxicumarina), raramente usa-
3. Farmacocinética
Uroquinase
A. Características comuns dos fármacos trombolíticos
0 10 20 30
Minutos 1. Mecanismo de ação. Os trombolíticos apresentam algumas carac-
terísticas comuns. Todos atuam direta ou indiretamente convertendo
plasminogênio em plasmina, que, então, hidrolisa a fibrina, lisando,
Figura 20.22 assim, os trombos (ver Figura 20.21). A dissolução do coágulo e
Comparação entre enzimas trombolíti- a reperfusão ocorrem com maior frequência quando o tratamento
cas. é iniciado logo após a formação do trombo, pois ele se torna mais
resistente à lise à medida que envelhece. Infelizmente, um maior
número de trombos pode ocorrer enquanto o trombo se dissolve,
levando a uma maior agregação das plaquetas e trombose. Estraté-
gias para evitar essa situação incluem a administração de fármacos
antiplaquetários, como o AAS, ou antitrombóticos, como a heparina.
A Paciente não tratado
2. Usos terapêuticos. Usados originalmente para o tratamento de
Trombo trombose de veias profundas e embolismo pulmonar grave, os trom-
Sangue
bolíticos hoje são usados menos frequentemente para essas condi-
ções. Sua tendência de causar hemorragias também comprometeu
seu uso no tratamento do infarto agudo do miocárdio ou trombose
arterial periférica. Contudo, os trombolíticos são úteis para restabe-
lecer a função de cateteres e anastomoses (shunts) lisando os coá-
Tampão gulos que causam a oclusão. Os trombolíticos também são usados
hemostático
para dissolver coágulos que resultam em acidente vascular encefá-
lico (AVE).
B Paciente tratado com
ativador de plasminogênio 3. Farmacocinética. Para o infarto do miocárdio, a aplicação intraco-
ronariana do fármaco é a forma mais confiável em termos de obter
a recanalização. Contudo, a cateterização cardíaca pode não ser
Sangue Trombo possível nas 2 a 6 horas de “janela terapêutica”, após as quais a re-
diminuído
cuperação miocárdica significativa se torna menos provável. Assim,
os trombolíticos, em geral, são administrados por via IV, pois essa
via é rápida, barata e não tem os riscos da cateterização.
Alteplase (era conhecida como ativador do plasminogênio tipo tecidual ou Alteplase 50% 13% 13% 24%
APt) é uma serina-protease originalmente derivada de cultura de células
de melanoma humano. Atualmente, ela é obtida como produto de tecno- Placebo 38% 16% 17% 28%
logia de DNA recombinante.
Porcentagem dos pacientes
+
Plasminogênio Plasmina
+
Fibrina degradação
restante do fármaco é administrado durante 60 minutos. da fibrina
4. Efeitos adversos
E. Uroquinase
A uroquinase é produzida naturalmente no organismo pelos rins. A uro-
quinase terapêutica é isolada de células renais humanas e tem baixa
antigenicidade.
B. Sulfato de protamina
O sulfato de protamina antagoniza o efeito anticoagulante da heparina.
Essa proteína é derivada do esperma ou dos testículos de peixes e é rica
em arginina, o que explica o caráter básico. A protamina de cargas po-
sitivas interage com a heparina de cargas negativas, formando um com-
plexo estável sem atividade anticoagulante. Os efeitos adversos da admi-
nistração da protamina incluem hipersensibilidade, bem como dispneia,
rubor, bradicardia e hipotensão, quando injetada rapidamente.
C. Vitamina K
Que a administração de fitonadiona (vitamina K1) pode controlar sangra-
mentos decorrentes de anticoagulantes orais não causa surpresa, pois
essas substâncias atuam interferindo com a ação da vitamina (ver Figura
20.19). A resposta à vitamina K é lenta, requerendo cerca de 24 horas
(tempo para sintetizar novos fatores de coagulação). Assim, se for neces-
sária hemostasia imediata, deve ser transfundido plasma congelado fresco.
D. Aprotinina
A aprotinina é um inibidor serina-protease que interrompe sangramen-
tos pelo bloqueio da plasmina. Ela pode inibir a estreptoquinase. A apro-
tina tem permissão de uso em investigação limitado em pacientes sob
risco de perdas de sangue e transfusão durante colocação de pontes e
implantes em artérias coronárias, se não houver outras alternativas. A
aprotinina pode causar disfunção renal e reações de hipersensibilidade
(anafiláticas). Além disso, a aprotinina não deve ser administrada a pa-
cientes que foram expostos a este fármaco nos 12 meses prévios, devido
à possibilidade de reações anafiláticas.
PREZADO ESTUDANTE
Parte 3
Sistema Cardiovascular:
Angina, IC, Antiarrítimico
D. IC descompensada
Se os mecanismos de adaptação restabelecem adequadamente o débito
cardíaco, a IC é dita compensada. Contudo, essas compensações au-
Edema
mentam o trabalho do coração e contribuem para o seu posterior declínio
na performance. Se os mecanismos adaptativos não conseguem manter
o débito cardíaco, a IC é dita descompensada.
Figura 16.4
E. Estratégias terapêuticas na IC Consequências cardiovasculares da in-
suficiência cardíaca.
A IC crônica é tratada normalmente com redução da atividade física, die-
ta com baixa ingestão de sódio (< 1.500 mg/dia), tratamento das con-
dições mórbidas coexistentes e uso criterioso de diuréticos, inibidores
do sistema renina-angiotensina e fármacos inotrópicos. Os fármacos que
podem precipitar ou agravar a IC, como anti-inflamatórios não esteroides,
álcool, bloqueadores de canais de cálcio, altas dosagens de -bloquea-
dores e alguns antiarrítmicos, devem ser evitados, se possível. Pacientes
com IC queixam-se de dispneia de esforço, ortopneia, dispneia noturna
paroxística, fadiga e edema.
Angiotensinogênio Estimulação do
(2-globulina no sangue) sistema nervoso
simpático
Renina
(do rim)
Vasodilatação
Inibidores de músculo liso
da ECA vascular
Angiotensina I Angiotensina II Diminuição da
(inativa) diminuída pré-carga e
1 Nível de pós-carga
bradicinina
2
Os inibidores da ECA diminuem
os níveis circulantes de angio- Inibidores Inibibe a degradação Aumento do
Retenção de débito cardíaco
tensina II, que têm os quatro da ECA de bradicinina
sódio e água
principais efeitos mostrados.
Figura 16.5
Efeitos dos inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA). (Nota: a diminuição da retenção de sódio e água
resulta de duas causas: diminuição da produção e liberação de aldosterona e diminuição de angiotensina II, que aumenta
a reabsorção de sódio atuando nos rins.)
IV. -BLOQUEADORES
O metoprolol reduz a
20 mortalidade em pacientes
com insuficiência
Embora pareça contraditório administrar fármaco com atividade inotrópica ne-
cardíaca. gativa ao paciente com IC, vários estudos clínicos têm claramente demonstrado
Mortalidade cumulativa (%)
V. DIURÉTICOS
A. Glicosídeos digitálicos
Os glicosídeos cardíacos são frequentemente chamados digitálicos ou
glicosídeos digitálicos, pois a maioria dos fármacos é proveniente da
planta digitalis (dedaleira). Eles são um grupo de compostos quimica-
mente similares que podem aumentar a contratilidade do músculo car-
díaco e, em vista disso, são amplamente usados no tratamento da IC.
Como os fármacos antiarrítmicos descritos no Capítulo 17, os glicosídeos
cardíacos influenciam os fluxos de íons sódio e cálcio no músculo car-
díaco e, dessa forma, aumentam a contração do miocárdio atrial e ven-
tricular (ação inotrópica positiva). Os glicosídeos digitálicos têm somente
uma pequena margem entre a dosagem terapeuticamente eficaz e a que
é tóxica ou mesmo fatal. Portanto, os fármacos têm um índice terapêutico
reduzido. O digitálico mais amplamente usado é a digoxina.
1. Mecanismo de ação
+ 2+
Na /Ca trocador Ca2+ Na+ Na+ K+ Os digitálicos inibem
1 as trocas Na+/K+
pela Na+/K+-ATPase.
A TP
2+ + + +
Ca Na Na K
Figura 16.8
Mecanismo de ação da digoxina. ATPase = adenosina trifosfatase.
A. Uso-dependência
Os fármacos da classe I ligam-se mais rapidamente aos canais de sódio
abertos ou inativados do que os completamente repolarizados após a re-
cuperação do ciclo de despolarização prévio. Portanto, esses fármacos
apresentam maior grau de bloqueio em tecidos que são frequentemente
despolarizados (p. ex., durante a taquicardia, quando os canais de sódio
abrem com frequência). Essa propriedade é denominada dependência-
-de-uso (ou dependência-de-estado), e ela possibilita que esses fármacos
Figura 17.4
Ações de fármacos antiarrítmicos. SA = sinoatrial; AV = atrioventricular.
Fase
B. Arritmias (IN )
0
a
Fase 3
A inibição dos canais de potássio (atividade de classe III) alarga o poten- (I
K
)
cial de ação, levando ao prolongamento do intervalo QT no ECG. Esse
–85
mV
efeito aumenta o risco de desenvolver taquiarritmias ventriculares fatais
Perío
(torsade de pointes). A causa mais comum do prolongamento QT é a refratádo
rio
efetiv
indução por fármacos, embora também possa ser genética. O prolonga- o
mento QT não é observado só com antiarrítmicos da classe III. Fármacos
como cisaprida, grepafloxacino, terfenadina e astemizol foram retirados K+
do mercado devido a arritmias graves e fatais. Eritromicina, claritromici-
na, pentamidina, moxifloxacino, levofloxacino, imipramina, desipramina, + K
Correntes
+
+ K diastólicas
amitriptilina, doxepina, tioridazina, mesoridazina, haloperidol, risperido- Na
+ +
K Na
na, zoprasidona e quetiapina são alguns dos fármacos que prolongam o Correntes K+
de potencial
intervalo QT. Deve-se ter cautela ao associar diversos fármacos com efei- de ação K
+
D. Procainamida
1. Ações. Esse fármaco da classe IA é um derivado do anestésico
local procaína e tem ações semelhantes às da quinidina.
E. Disopiramida
1. Ações. Esse fármaco da classe IA apresenta ações similares às
da quinidina. A disopiramida produz efeito inotrópico negativo maior
do que o fraco efeito exercido por quinidina e procainamida, e, ao
contrário desses dois, a disopiramida causa vasoconstrição pe-
riférica. Ela pode produzir diminuição clinicamente importante na
contratilidade miocárdica em pacientes com comprometimento pre-
existente da função ventricular esquerda. A disopiramida é usada
no tratamento de arritmias ventriculares, como uma alternativa à
procainamida ou quinidina. Como a procainamida e a quinidina, ela
apresenta atividade de classe III.
2+
2+
Ca
bre o SNC incluem sonolência, fala enrolada, parestesia, agitação, 2+
Ca Ca2+
2+ 2+
confusão e convulsões. Pode ocorrer também arritmia cardíaca.
2+
Ca 2+
G. Mexiletina e tocainida
Esses fármacos da classe IB têm ações semelhantes às da lidocaína e Lidocaína mexiletina e tocainida
bloqueiam os canais de sódio
podem ser administrados por via oral. A mexiletina é usada no tratamento abertos ou inativados.
crônico de arritmias ventriculares associadas ao infarto do miocárdio pré- Esses fármacos apresentam
velocidade rápida de associação
vio. A tocainida é usada no tratamento de taquiarritmias ventriculares e com canais de sódio.
apresenta toxicidade pulmonar, que pode levar à fibrose pulmonar.
H. Flecainida
A flecainida é um fármaco da classe IC. Esses fármacos se dissociam Figura 17.6
lentamente dos canais de sódio em repouso e têm efeitos proeminentes, Diagrama dos efeitos dos fármacos da
mesmo em frequências cardíacas normais. Eles são aprovados nas ar- Classe IB. INa e IK são correntes trans-
ritmias ventriculares refratárias, na prevenção da fibrilação/flutter atrial membranas decorrentes do movimento
paroxística associada com sintomas desabilitantes e na taquicardia su- de Na+ e K+, respectivamente.
praventricular paroxística. Entretanto, resultados recentes lançaram sé-
rias dúvidas na segurança dos fármacos da classe IC.
–85
mV I. Propafenona
Perío Esse fármaco da classe IC tem ações semelhantes às da flecainida. A
do
refratá
efetiv
rio propafenona, como a flecainida, reduz a velocidade de condução em
o
todos os tecidos cardíacos e é considerado um antiarrítmico de amplo
espectro.
+
Correntes
K
IV. FÁRMACOS ANTIARRÍTMICOS DA CLASSE II
+ +
Na K diastólicas
+
K
+ Na
+
Correntes K
de potencial K
+ Os fármacos da classe II são antagonistas adrenérgicos. Eles reduzem a des-
de ação
Exterior polarização de Fase 4, deprimem, assim, a automaticidade, prolongam a con-
dução AV e diminuem a frequência e a contratilidade cardíacas. Os fármacos
da classe II são úteis no tratamento de taquiarritmias causadas por aumento
da atividade simpática. Eles também são usados contra palpitação e fibrilação
atrial e contra a taquicardia de reentrada no nó AV. (Nota: em contraste com
Membrana
I n te
rior
os bloqueadores de canais de sódio, os bloqueadores e os compostos da
classe III, como sotalol e amiodarona, têm uso crescente.)
2+
2+
Ca
Ca
2+ A. Propranolol
2+
2+
Ca
Ca Ca2+
O propranolol reduz a incidência de arritmias súbitas fatais depois do
Ca
2+ infarto do miocárdio (a causa mais comum de morte nesse grupo de pa-
cientes). Ele reduz a taxa de mortalidade no primeiro ano após um ata-
que cardíaco, significativamente, em parte devido à sua capacidade de
Flecainida e propafenona
bloqueiam os canais de sódio
prevenir arritmias ventriculares.
abertos ou inativados. Esses
fármacos apresentam veloci-
dade baixa de associação aos B. Metoprolol
canais de sódio.
O metoprolol é o antagonista -adrenérgico mais amplamente usado no
tratamento de arritmias cardíacas. Comparado ao propranolol, ele reduz
o risco de broncoespasmo. Como o propranolol, é extensamente bio-
Figura 17.7 transformado e tem ampla penetração no SNC.
C. Sotalol
O sotalol, embora sendo um fármaco da classe III de antiarrítmicos,
também apresenta atividade -bloqueadora não seletiva e potente. O
sotalol tem dois estereoisômeros com diferentes atividades farmaco-
lógicas. O isômero levorotatório (isotalol) é responsável pela atividade
-bloqueadora, e o d-sotalol, pela ação antiarrítmica de classe III. Está
bem estabelecido que os -bloqueadores reduzem a mortalidade asso-
ciada ao infarto agudo do miocárdio.
50
Quinidina 2. Usos terapêuticos. Os -bloqueadores são usados no tratamento
de longa duração para diminuir a taxa de morte súbita após infarto
agudo do miocárdio. Os -bloqueadores têm habilidade modesta
0 em suprimir os batimentos ectópicos e reduzir a demanda miocár-
0 1 2 3 4
Ano dica de oxigênio. Eles apresentam potente efeito antifibrilatório, par-
Sotalol
ticularmente no miocárdio isquêmico. O sotalol é mais eficaz em
prevenir a recorrência de arritmia e em diminuir a mortalidade do
Figura 17.9 que imipramina, mexiletina, procainamida, propafenona e quinidina
Comparação do sotalol com cinco ou- em pacientes com taquicardia ventricular sustentada (Figura 17.9).
tros fármacos com relação aos óbitos
3. Efeitos adversos. O sotalol apresenta a menor frequência de efei-
decorrentes de arritmias cardíacas.
tos adversos agudos ou de longo prazo. Como todos os fármacos
que prolongam o intervalo QT, a síndrome torsade de pointes é um
potencial efeito adverso grave, observado em 3 a 4% dos pacientes.
D. Dofetilida
A dofetilida pode ser usada como fármaco antiarrítmico de primeira linha
em pacientes com fibrilação atrial persistente e insuficiência cardíaca ou
em pacientes com doença arterial coronariana com comprometimento
da função ventricular esquerda. Devido ao risco de pró-arritmia, o início
do uso de dofetilida é limitado ao paciente hospitalizado e restrito para
prescritores que completaram a sessão de treinamento específica com o
fabricante. Junto com amiodarona e -bloqueadores, a dofetilida é o úni-
co antiarrítmico recomendado pelos especialistas para o tratamento da
fibrilação atrial em ampla faixa de pacientes. A meia-vida é de 10 horas.
Sua excreção é na urina, sendo 80% na forma inalterada e 20% na forma
de metabólitos inativos ou minimamente ativos.
A. Verapamil e diltiazem
O verapamil apresenta maior ação no coração do que no músculo liso
vascular, ao passo que o nifedipino, um bloqueador de canal de cálcio
usado no tratamento da hipertensão (ver p. 236), exerce um efeito mais
intenso no músculo liso vascular do que no coração. O diltiazem tem uma
ação intermediária.
I n te
rior
VII. OUTROS FÁRMACOS ANTIARRÍTMICOS
Na+ Na+
A. Digoxina
A digoxina diminui o período refratário nas células miocárdicas atriais Verapamil, diltiazem e
nifedipino bloqueiam
e ventriculares ao mesmo tempo em que aumenta o período refratário os canais de cálcio
efetivo e diminui a velocidade de condução no nódulo AV. A digoxina é abertos ou inativados.
usada no controle da velocidade de resposta ventricular na fibrilação e na
palpitação atrial. Em concentrações tóxicas, a digoxina causa batimentos
ventriculares ectópicos que podem resultar em taquicardia e fibrilação
ventriculares. (Nota: essa arritmia normalmente é tratada com lidocaína
Figura 17.10
ou fenitoína.)
Diagrama dos efeitos dos fármacos da
classe IV. ICa e IK são correntes trans-
B. Adenosina
membranas decorrentes do movimento
A adenosina é um nucleosídeo de ocorrência natural que, em doses altas, de Ca+ e K+, respectivamente.
diminui a velocidade de condução, prolonga o período refratário e diminui
a automaticidade no nó AV. A adenosina por via IV é o fármaco de escolha
para abolir taquicardia supraventricular aguda. Ela tem baixa toxicidade,
mas causa rubor, dor torácica e hipotensão. A adenosina tem uma dura-
ção de ação extremamente curta (aproximadamente 15 segundos).
PREZADO ESTUDANTE
Parte 4
Laxantes e Antidiarréicos
Laxantes e antidiarreicos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
O trato gastrointestinal (TGI) é caracterizado por atividade absortiva,
contrátil ou secretora, e, embora a principal função do intestino delgado
seja a digestão e a absorção dos nutrientes provenientes dos alimentos,
o intestino delgado e o colo, juntos, executam funções importantes, que
regulam a secreção e a absorção de água e eletrólitos (LONGO; FAUCI,
2015).
O teor final de líquidos nas fezes depende de um equilíbrio entre a
quantidade que entra no lúmen (ingestão e secreção de água e eletrólitos)
e o volume que sai (absorção) ao longo de todo o TGI. Assim, o volume e
a consistência das fezes é resultante da quantidade de líquidos, e a água
representa em torno de 70% a 85% da massa fecal total.
Condições que promovem a redução da motilidade e a remoção
excessiva de líquidos tornam as fezes endurecidas e impactadas, le-
vando à constipação. Por outro lado, um aumento da capacidade de
absorção de líquidos pelo cólon desencadeia um quadro de diarreia.
Já as alterações nas funções motoras e sensoriais do colo resultam em
síndromes altamente prevalentes, como a do intestino irritável, além de
diarreia e constipação (LONGO; FAUCI, 2015).
A constipação e a diarreia são patologias comuns e são responsáveis
por um alto índice de mortalidade, morbidade, desconforto social,
perda de produtividade no trabalho e custo com recursos médicos e
medicamentos.
Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADE 2
2 Laxantes e antidiarreicos Laxantes e Antidiarréicos | PARTE 4 147
Fármacos laxantes
Os fármacos laxantes são comumente usados para tratar a constipação, uma
queixa comum na prática clínica que em geral se refere à defecação difícil, in-
frequente ou aparentemente incompleta e persistente (LONGO; FAUCI, 2015).
Em geral, as definições científicas para a constipação baseiam-se principal-
mente no número de evacuações por semana, e estudos têm demonstrado que,
em indivíduos com a dieta ocidental, a frequência normal das evacuações pode
variar de 3 vezes ao dia até pelo menos 3 vezes/semana. No entanto, utiliza-se
o termo constipação não somente para descrever a redução da frequência, mas
também para expressar a dificuldade de iniciar ou evacuar, a eliminação de
fezes duras ou pequenas, ou a sensação de evacuação incompleta (BRUNTON;
CHABNER; KNOLLMANN, 2016). Ou seja, apesar de comumente definida
como frequência de evacuações inferior a 3 vezes/semana, constipação intesti-
nal também pode envolver outras queixas como esforço evacuatório aumentado
e fezes muito endurecidas (FUCHS; WANNMACHER, 2017).
A constipação, muito comum em mulheres e idosos, em geral está associada
a muitas causas reversíveis ou secundárias, incluindo uma baixa ingestão
de fibras dietéticas, fármacos que interferem com a motilidade intestinal
(analgésicos opioides; anti-hipertensivos, clonidina e propranolol; verapamil;
antidepressivos tricíclicos; antiparkinsonianos; carbonato de cálcio), alterações
hormonais, distúrbios neurogênicos e doenças sistêmicas. Porém, na maioria
dos casos de constipação crônica, não é encontrada uma causa específica
148 FARMACOLOGIA GERAL Laxantes e antidiarreicos 3
https://goo.gl/g72efz
Fármacos antidiarreicos
A diarreia é o resultado de uma passagem muito rápida do conteúdo intesti-
nal, de modo que a reabsorção de água e eletrólitos é insuficiente; pode ser
decorrente de inúmeras causas: (a) infecções bacterianas ou virais que causam
processos inflamatórios, pois determinados microrganismos produzem toxinas
Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADE 2
10 Laxantes e antidiarreicos Laxantes e Antidiarréicos | PARTE 4 155
Fármacos antimotilidade
Racecadotrila
Fármacos adsorventes
Leituras recomendadas
CONNOR, B. A. Travelers' diarrhea. 2017. Disponível em: <https://wwwnc.cdc.gov/travel/
yellowbook/2018/the-pre-travel-consultation/travelers-diarrhea>. Acesso em: 24 set.
2018.
PANUS, P. C. et al. Farmacologia para fisioterapeutas. Porto Alegre: AMGH, 2011.
WILLIAMSON, E.; DRIVER, S.; BAXTER, K. Interações medicamentosas de Stockley. Porto
Alegre: Artmed, 2010.
PREZADO ESTUDANTE
Parte 5
Fármacos Anti-ulcerosos
Fármacos anti-ulcerosos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Úlcera é definida como a ruptura da integridade da mucosa do estômago
e/ou do duodeno, que resulta em um defeito local ou uma escavação
decorrente de um processo inflamatório ativo. As úlceras podem ocorrer
no interior do estômago e/ou do duodeno e, na maioria das vezes, são
de natureza crônica (LONGO; FAUCI, 2015).
As doenças ácido-pépticas incluem o refluxo gastresofágico e a
doença ulcerosa péptica ou úlcera péptica, que inclui tanto as úlceras
gástricas quanto as úlceras duodenais. Em todas essas doenças, há a
produção de erosões ou ulceração da mucosa, quando os efeitos cáusti-
cos dos fatores agressivos (ácido, pepsina, bile) sobrepõem os fatores de
defesa da mucosa gastrintestinal (secreção de muco e de bicarbonato,
prostaglandinas, fluxo sanguíneo e processos de restauração e regene-
ração após lesão celular). Além disso, de forma geral, a ulcera duodenal,
assim como a maioria dos casos de ulcera gástrica, pode ser atribuída à
infecção por Helicobacter pylori, bem como ao dano à mucosa, induzido
por anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs). O aumento da secreção
de ácido clorídrico (HCl) e a defesa inadequada da mucosa contra o HCl
Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADE 2
2 Fármacos anti-ulcerosos Fármacos Anti-ulcerosos | PARTE 5 161
Antiácidos
Os antiácidos são bases fracas que reagem com o HCl gástrico, formando
sal e água, e foram a base do tratamento dos distúrbios ácido-pépticos até
o advento dos antagonistas dos receptores H2 e dos inibidores da bomba de
prótons (IBPs) (Figura 1).
O principal mecanismo de ação consiste em reduzir a acidez intragástrica.
Após uma refeição, são secretados cerca de 45 mEq/h de HCl, e uma dose única
de 156 mEq de antiácido, administrada 1 hora depois da refeição, é suficiente
para neutralizar de forma eficaz o ácido gástrico por um período de até 2 horas.
Vale ressaltar que a capacidade de neutralização do HCl é bastante variável
entre as diferentes formulações comerciais de antiácidos, sendo dependente
de sua velocidade de dissolução, hidrosssolubilidade, taxa de reação com
ácido e velocidade de esvaziamento gástrico (KATZUNG; TREVOR, 2017).
Os antiácidos variam amplamente em composição química, capacidade de
neutralizar o ácido, conteúdo de sódio, palatabilidade e preço. A eficácia de
um antiácido depende da sua capacidade de neutralizar o HCl gástrico e do
fato de o estômago estar repleto ou vazio (o alimento retarda o esvaziamento
do estômago, permitindo mais tempo para o antiácido reagir) (BRUNTON;
CHABNER; KNOLLMANN, 2016; WHALEN; FINKEL; PANAVELLI, 2016).
Antiácidos comumente usados são combinações de sais de alumínio e
magnésio, como hidróxido de alumínio e hidróxido de magnésio. Também
estão disponíveis o carbonato de cálcio e bicarbonato de sódio. A absorção
sistêmica do bicarbonato de sódio [NaHCO3] pode produzir alcalose metabólica
transitória. Por isso, esse antiácido não é recomendado para uso prolongado.
Com relação aos usos terapêuticos, os antiácidos são usados para o alívio
sintomático da úlcera péptica e da doença do refluxo gastroesofágico (DRGE).
Também podem auxiliar na promoção da cicatrização de úlceras duodenais.
Para maior eficácia, os antiácidos devem ser administrados após a refeição.
De forma geral, os antiácidos são bem tolerados, porém podem causar
efeitos adversos. O hidróxido de alumínio tende a causar constipação, enquanto
o hidróxido de magnésio tende a produzir diarreia. Ou seja, devido à não
absorção dos sais de magnésio no trato gastrointestinal, os pacientes podem
desenvolver diarreia osmótica, e os sais de alumínio podem provocar consti-
pação intestinal. Nesse cenário, tais fármacos costumam ser administrados
juntos em formulações comerciais para minimizar o impacto sobre a função
intestinal. Mas atenção, tanto o magnésio como o alumínio são absorvidos
e excretados pelos rins. Portanto, os pacientes com insuficiência renal não
devem tomar esses fármacos por um longo período de tempo.
Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADE 2
6 Fármacos anti-ulcerosos Fármacos Anti-ulcerosos | PARTE 5 165
A absorção dos cátions dos antiácidos (Mg2+, Al3+, Ca2+), em geral, não
é problema em pacientes com função renal normal; entretanto, pode ocorrer
acúmulo e desencadear efeitos adversos em pacientes com comprometimento
renal. O carbonato de cálcio (CaCO3) reage com o HCl formando cloreto de
cálcio (CaCl2) e dióxido de carbono (CO2) e causa eructação. As formulações
que contêm hidróxido de magnésio ou hidróxido de alumínio reagem lentamente
com o HCl, formando cloreto de magnésio ou cloreto de alumínio e água.
Como não há produção de gás, não ocorre eructação. A alcalose metabólica
também é incomum, devido à eficiência da reação de neutralização. Atenção,
o uso de doses excessivas de bicarbonato de sódio ou de carbonato de cálcio
com derivados do leite contendo cálcio pode levar ao desenvolvimento de
hipercalcemia, insuficiência renal e alcalose metabólica (síndrome do leite-
-álcali) (KATZUNG; TREVOR, 2017).
Os antiácidos podem desencadear interações medicamentosas. Todos os
antiácidos podem afetar a absorção de outros fármacos pois os mesmos formam
complexos com as moléculas do fármaco, reduzindo assim sua absorção, ou
devido ao aumento do pH intragástrico, com consequente alteração na disso-
lução ou solubilidade do fármaco (em especial os fármacos básicos ou ácidos
fracos). Portanto, recomenda-se um intervalo de pelo menos 2 horas entre a
administração do antiácido e outro medicamento. Por exemplo, não se devem
administrar antiácidos dentro de 2 horas após a ingestão de doses de tetraci-
clinas, fluoroquinolonas, itraconazol e ferro (KATZUNG; TREVOR, 2017).
Antagonistas de receptor H2
Como demonstrado na Figura 1, a secreção gástrica ácida é estimulada pela
interação de acetilcolina, histamina e gastrina com seus respectivos recepto-
res. Assim, a ligação de histamina com os receptores H2 resulta na ativação
de proteinocinases, que, por sua vez, estimulam a bomba de prótons H+/
K+-adenosina trifosfatase (ATPase) a secretar íons hidrogênio em troca de K+
para o lúmen do estômago. Dessa forma, o mecanismo de ação pelos quais
os fármacos antagonistas de receptor H2 reduzem a secreção ácida gástrica
é através do bloqueio competitivo da ligação da histamina aos receptores H2
(KATZUNG; TREVOR, 2017).
Assim, os antagonistas dos receptores H2 atuam através da inibição com-
petitiva nos receptores H2 das células parietais e suprimem a secreção ácida
tanto basal como estimulada por uma refeição.
Os quatro fármacos cimetidina, ranitidina, famotidina e nizatidina inibem
significativamente a secreção gástrica ácida noturna (mais de 90%), seja a
166 FARMACOLOGIA GERAL Fármacos anti-ulcerosos 7
Os inibidores de bomba de prótons (IBPs) são sensíveis ao meio ácido e, portanto, tais
fármacos são administrados como pró-fármacos inativos. Nesse contexto, para proteger
o pró-fármaco ácido-lábil de sua rápida destruição no lúmen gástrico, os medicamentos
administrados por via oral são formulados para liberação tardia, na forma de cápsulas
ou comprimidos de revestimento entérico, resistentes a ácido. Assim, após passar pelo
estômago e alcançar o lúmen intestinal alcalino, o revestimento entérico dissolve-se,
e o pró-fármaco é então absorvido. Para crianças ou pacientes com disfagia ou com
sondas de alimentação enteral, as formulações disponíveis em cápsulas (mas não os
comprimidos) podem ser abertas, e os microgrânulos misturados com suco de maçã
ou de laranja ou com alimentos moles. O esomeprazol, o omeprazol e o pantoprazol
também estão disponíveis em suspensões orais. O lansoprazol está disponível na
forma de comprimido que se desintegra na boca, já o rabeprazol está disponível em
uma formulação que pode ser polvilhada no alimento (KATZUNG; TREVOR, 2017).
Antagonistas muscarínicos
Os antagonistas dos receptores muscarínicos M1, a pirenzepina e a telenze-
pina, reduzem a produção basal de ácido em 40-50% e têm sido utilizados
há muito tempo no tratamento de pacientes com doença ulcerosa péptica. No
entanto, devido a uma eficácia relativamente precária, dos efeitos adversos
170 FARMACOLOGIA GERAL Fármacos anti-ulcerosos 11
Sucralfato
Análogos de prostaglandinas
Subsalicilato de bismuto
Fármacos antimicrobianos
Obrigatoriamente, todos os pacientes com úlcera péptica (úlceras gástricas ou
duodenais) infectados com H. pylori precisam de tratamento antimicrobiano,
pois a erradicação da H. pylori resulta na cicatrização rápida da úlcera ativa
e na baixa da taxa de recidiva (menos de 15%, comparando-se com 60 a
100% por ano, para úlceras iniciais tratadas somente com redução de ácido)
(WHALEN; FINKEL; PANAVELLI, 2016).
Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADE 2
14 Fármacos anti-ulcerosos Fármacos Anti-ulcerosos | PARTE 5 173
A úlcera péptica é uma lesão que ocorre na mucosa do trato gastrointestinal, sendo
caracterizada por um desequilíbrio entre fatores agressores e protetores da mucosa
gástrica. Postula-se que uma dieta equilibrada é fundamental no tratamento da úlcera
péptica, uma vez que o alimento pode prevenir, tratar ou mesmo aliviar os sintomas
que envolvem esta doença. Veja as informações no link:
https://goo.gl/2uFJpo
174 FARMACOLOGIA GERAL Fármacos anti-ulcerosos 15
Leituras recomendadas
FUCHS, F. D.; WANNMACHER, L. Farmacologia clínica: fundamentos da terapêutica
racional. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
LÜLLMANN, H.; MOHR, K.; HEIN, L. Farmacologia: texto e atlas. 7. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2017.
SILVA, P. Farmacologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
WILLIAMSON, E.; DRIVER, S.; BAXTER, K. Interações medicamentosas de Stockley. Porto
Alegre: Artmed, 2012.
PREZADO ESTUDANTE
Parte 6
Fármacos Antieméticos
Fármacos antieméticos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A náusea costuma ser definida como a tendência a vomitar ou como uma
sensação, na garganta ou na região epigástrica, que alerta o indivíduo
de que o vômito está iminente, enquanto o vômito (êmese) representa
a expulsão do conteúdo gástrico, resultante da contração do intestino
e da musculatura da parede toracoabdominal, que por sua vez difere
da regurgitação, que consiste na passagem sem esforço do conteúdo
gástrico para a boca (LONGO; FAUCI, 2015; WELLS et al., 2016).
As náuseas e os vômitos podem ser manifestações de uma ampla
variedade de condições, seja devido a efeitos colaterais de medicações,
distúrbios sistêmicos ou infecções, gravidez, disfunção vestibular, infecção
do sistema nervoso central (SNC) ou elevação da pressão, peritonite,
distúrbios hepatobiliares, radioterapia ou quimioterapia e obstrução ou
infecções gastrintestinais (KATZUNG; TREVOR, 2017). Diversos distúrbios
metabólicos induzem a náuseas e vômitos, incluindo uremia, cetoacidose
e disfunção suprarrenal, bem como doenças da paratireoide e tireoide.
A gravidez é a causa endocrinológica mais prevalente de náuseas, que
afeta 70% das mulheres no primeiro trimestre de gravidez (LONGO; FAUCI,
2015; SILVA, 2010).
As opções de tratamento para as náuseas e vômitos incluem modali-
dades farmacológicas e não farmacológicas, dependendo da causa e das
condições clínicas do paciente. Para pacientes com náuseas e vômitos
decorrentes do consumo de alimentos ou de bebidas, pode ser prefe-
rível a prevenção ou moderação da ingestão da dieta. No entanto, em
Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADE 2
2 Fármacos antieméticos Fármacos Antieméticos | PARTE 6 177
Fármacos antieméticos
Os fármacos antieméticos atuam por diferentes mecanismos de ação. De
fato, a identificação dos diferentes neurotransmissores envolvidos no vômito
possibilitou o desenvolvimento de um grupo de fármacos antieméticos, que
possuem afinidade por vários receptores. Nesse contexto, com frequência, na
prática clínica utiliza-se associações de fármacos antieméticos com diferentes
mecanismos de ação, em especial nos pacientes com vômitos induzidos por
agentes quimioterápicos antineoplásicos (KATZUNG; TREVOR, 2017).
Fenotiazínicos
As fenotiazinas são fármacos antipsicóticos que podem ser utilizados pelas suas
potentes propriedades antieméticas e sedativas. Os agentes mais comumente
usados como antieméticos são proclorperazina, prometazina e tietilperazina
(WHALEN; FINKEL; PANAVELLI, 2016).
As propriedades antieméticas das fenotiazinas são mediadas por meio
da inibição dos receptores dopaminérgicos e muscarínicos. As propriedades
sedativas devem-se aa sua atividade anti-histamínica.
A proclorperazina é eficaz contra náuseas induzidas por agentes quimiote-
rápicos pouco ou moderadamente emetogênicos (fluorouracil e doxorrubicina).
No entanto, o uso é limitado, pois, embora o aumento da dosagem melhore a
atividade antiemética, os efeitos adversos são dose-limitantes (KATZUNG;
TREVOR, 2017).
Butirofenonas
Benzamidas substituídas
As benzamidas substituídas, com atividade antiemética, incluem a metoclopra-
mida e a trimetobenzamida. A metoclopramida é eficaz em doses altas contra
a êmese induzida pela cisplatina (KATZUNG; TREVOR, 2017).
O mecanismo de ação das benzamidas é através do bloqueio de receptores
dopaminérgicos na zona de gatilho quimiorreceptora. Para a prevenção e o
tratamento das náuseas e dos vômitos, a metoclopramida pode ser administrada
na dose relativamente alta de 10 a 20 mg, por via oral ou IV, a cada 6 horas.
A dose habitual de trimetobenzamida é de 300 mg, por via oral, ou 200 mg,
por injeção intramuscular.
Os principais efeitos adversos desses fármacos decorrentes do bloqueio
dopaminérgico e incluem os sintomas extrapiramidais (inquietação, distonia
e sintomas parkinsonianos), o que limita o uso prolongado de doses elevadas
(BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016; WHALEN; FINKEL;
PANAVELLI, 2016).
Anti-histamínicos H1
Os antagonistas dos receptores histaminérgicos H1 são úteis principalmente na
cinetose e nos vômitos pós-operatórios, atuando nos nervos aferentes vestibu-
lares e no tronco cerebral. Ciclizina, hidroxizina, prometazina e difenidramina
são alguns exemplos desse grupo de fármacos (BRUNTON; CHABNER;
KNOLLMANN, 2016).
A difenidramina e o dimenidrinato atuam através da atividade antagonista
dos receptores H1. Devido a suas propriedades sedativas, a difenidramina
deve ser utilizada em associação com outros antieméticos para o tratamento
dos vômitos induzidos pela quimioterapia. A meclizina é um outro fármaco
anti-histamínico H1, que produz menos sedação. É utilizada na prevenção
da cinetose e no tratamento da vertigem causada por disfunção do labirinto
(KATZUNG; TREVOR, 2017).
Fármacos anticolinérgicos
Os fármacos anticolinérgicos, especialmente o antagonista do receptor
muscarínico, hioscina (escopolamina), assim como os antagonistas de receptor
histaminérgico tipo H1, como dimenidrinato, meclizina e ciclizina, são muito
úteis na cinetose (enjôo de movimento), e nos distúrbios da orelha interna, mas
são ineficazes contra substâncias que atuam diretamente na zona de gatilho
Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADE 2
8 Fármacos antieméticos Fármacos Anti-ulcerosos | PARTE 5 183
Corticosteroides
Os glicocorticoides como a dexametasona podem ser coadjuvantes úteis no
tratamento das náuseas dos pacientes com câncer generalizado, possivelmente
porque suprimem a inflamação peritumoral e a produção das prostaglandinas
(BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016).
Os corticosteroides (dexametasona, metilprednisolona) apresentam proprie-
dades antieméticas, porém ainda não se conhece o mecanismo desses efeitos.
Postula-se que tais fármacos parecem aumentar a eficácia dos antagonistas
dos receptores 5-HT3 para a prevenção das náuseas e dos vômitos agudos e
tardios, em pacientes submetidos a esquemas de quimioterapia moderada e
muito emetogênicos.
Embora diversos corticosteroides tenham sido utilizados, costuma-se
administrar dexametasona, em uma dose de 8 a 20 mg por via IV antes da
quimioterapia, seguida de 8 mg por dia, por via oral, durante 2 a 4 dias
(KATZUNG; TREVOR, 2017).
Benzodiazepínicos
Os benzodiazepínicos, como o lorazepam ou o diazepam, são utilizados
antes do início da quimioterapia para reduzir os vômitos antecipatórios ou os
vômitos causados pela ansiedade.
A potência antiemética do lorazepam e do alprazolam é baixa, porém seus
efeitos benéficos podem ser devido às suas propriedades sedativas, ansiolíticas
e amnésicas.
O uso concomitante com álcool deve ser evitado devido ao efeito depressor
aditivo no SNC (KATZUNG; TREVOR, 2017).
Canabinoides
O dronabinol é o Δ9-tetra-hidrocanabinol (THC), a principal substância psico-
ativa da maconha. À semelhança da maconha não purificada, o dronabinol é
um fármaco psicoativo utilizado clinicamente como estimulante do apetite e
como antiemético; no entanto, os mecanismos envolvidos nesses efeitos ainda
não estão elucidados. Devido à disponibilidade de fármacos mais efetivos,
o dronabinol, hoje, é pouco usado na prevenção das náuseas e dos vômitos
induzidos por quimioterapia. A terapia de combinação com fenotiazinas pro-
porciona uma ação antiemética sinérgica e parece atenuar os efeitos colaterais
de ambos os agentes.
Fármacos dos Sistemas Cardiovascular e Trato Gastrointestinal | UNIDADE 2
10 Fármacos antieméticos Fármacos Anti-ulcerosos | PARTE 5 185
https://goo.gl/WQfGcE
Fármacos antieméticos 13
186 FARMACOLOGIA GERAL
Leituras recomendadas
CONNOR, B. A. Travelers' diarrhea. 2017. Disponível em: <https://wwwnc.cdc.gov/
travel/yellowbook/2018/the-pre-travel-consultation/travelers-diarrhea>. Acesso em:
30 set. 2018.
FUCHS, F. D.; WANNMACHER, L. Farmacologia clínica: fundamentos da terapêutica
racional. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
LÜLLMANN, H.; MOHR, K.; HEIN, L. Farmacologia: texto e atlas. 7. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2017.
PANUS, P. C. et al. Farmacologia para fisioterapeutas. Porto Alegre: AMGH, 2011.
WILLIAMSON, E.; DRIVER, S.; BAXTER, K. Interações medicamentosas de Stockley. Porto
Alegre: Artmed, 2010.
PREZADO ESTUDANTE