Você está na página 1de 35

Adaptação Neonatal de Bezerros

Prof. Dr. Rogerio B. Santos


2016
CRIAÇÃO BOVINA

ALTO SIGNIFICADO NA ECONOMIA AGROPECUÁRIA


NACIONAL

BEZERRO COM POSIÇÃO DESTACADA NA


CADEIA DE PRODUÇÃO
MORTALIDADE DE BEZERROS
(3 – 30%)
- PERÍODO PERINATAL – 50% DAS PERDAS
> PARTOS DISTÓCICOS
> NOVILHAS

- PERÍODO NEONATAL

212 MILHÕES 45 MILHÕES


bovinos bezerros

MOTIVAÇÃO DE PESQUISAS

(ANDERSON & BELLOWS, 1967; HOFFMANN & GRAVERT, 1980; KASARI, 1989;
ROY, 1990; RICE, 1994; IBGE, 2011)
Períodos Perinatal e Neonatal dos
Bezerros

ü  ELEVADA MORTALIDADE ü  CAPACIDADE DE


ADAPTAÇÃO ORGÂNICA
ü  ASSUMIR FUNÇÕES
ü  ALTA SUSCEPTIBILIDADE ÀS VITAIS (RESPIRAÇÃO,
DOENÇAS NUTRIÇÃO, HOMEOTERMIA)
ü  IMATURIDADE ORGÂNICA
(SISTEMA IMUNE/DEFESAS)

(GRONGNET, 1982; KASARI, 1994)


Gráfico - Principais variações hormonais, no feto
e vaca, 10 dias antes até 5 dias pós-parto.

Fonte: SENGER, 1991.


Papel do Cortisol
ü  AUMENTO (CORTISOL) - 14 DIAS a.n. – máximo de 30 min. a 1 hora p.n.
(± 100 ng/mL)

- ESSENCIAL À MATURAÇÃO DE
ÓRGÃOS PULMÃO – SURFACTANTE
- PREPARAÇÃO PARA SIST. GI – ESTOQUE GLICOGÊNIO
ADAPTAÇÃO EXTRA-UTERINA CÉREBRO

(BREAZILE et al, 1988; HOYER, 1988; BENESI, 1992)


ESQUEMA CIRCULAÇÃO FETAL

1. v. umbilical; 2. ducto venoso; 3. forame oval; 4. ducto arterioso; 5.a.


umbilical/C.D. e C.E. – câmaras cardíacas direita e esquerda; I. intestinos;
F. fígado (pontilhado índica trajeto do sangue a partir da placenta através
dos territórios mais oxigenados.)

Fonte: BRUGÈRE, 1989a


Nascimento do Bezerro
PLACENTA – OXIGENAÇÃO / NUTRIÇÃO / HOMEOTERMIA

ü  DESLIGAMENTO PLACENTA – RUPTURA CORDÃO UMBILICAL

ü  RESPOSTA – INÍCIO RESPIRAÇÃO AÉREA (PULMONAR)


- MODIFICAÇÃO DE PADRÕES
• CIRCULATÓRIO
• RESPIRATÓRIO
• EQUILÍBRIO ÁCIDO-BÁSICO
• ALIMENTAÇÃO - ENERGIA
Respiração
NEONATAL
- expulsão fetal tem início
- estímulo cerebral - Tº C corporal, estímulos sensoriais
- hipercapnia
- inibem - opiáceos
Sistema Surfactante

ü  CONSTITUÍDO PREDOMINANTE/ POR FOSFOLIPIDES


ü  MONOCAMADA INTERNA NO ALVÉOLO

• FUNÇÃO: - tensão superficial / tendência colabamento


- maturação e impermeabilização pulmonar

• PRODUÇÃO - pneumócitos tipo II


- receptores beta-adrenérgicos
( + ) ag. adrenérgicos, cortisol, h. tireoideanos
( - ) insulina, testosterona

(BREAZILE et al, 1988; BRUGÈRE, 1989a; KASARI, 1994)


ESQUEMA CIRCULAÇÃO PÓS-NASCIMENTO (ADULTO)

1.  Aorta; 2. v. cava post.; 3. a. pulmonar; 4. v. pulmonar; 5. a.a.


coronárias; 6. v. porta

Fonte: BRUGÈRE, 1989a


Funções Vitais nos Bezerros
Neonatos
ü  SÃO INDICADORES DA ADAPTAÇÃO NEONATAL

• Temperatura – mais reduzida no 1º dia (38,5 a 38,7º C)


- valor máximo entre 48 e 72 h. p.n. (39,0 a 39,8º C)

• Freqüência Respiratória
- primeiras 72 h – 57 a 69 m.r. / min
- na 1ª semana – min. de 40 m.r. / min.

• Freqüência Cardíaca
- na 1ª h.p.n. – v. máximo (160 b.c. / min.)
- decresce na 1ª sem. – até 126 b.c. / min

(BENESI, 1992; KASARI, 1994; LISBÔA, 2000)


EQUILÍBRIO ÁCIDO-BÁSICO

BEZERROS NEONATOS
Hemogasometria:
- Imediato p.n. - pH - 7,22 a 7,24
- pCO2 - 41,0 a 67,4 mmHg
- HCO3- - 24,2 a 28,2 mmol/L
- BE - 2,9 ± 3,2 mmol/L

“ACIDOSE FISIOLÓGICA”

- Decorrer 24 - 48 h.p.n. - pH, BE, HCO3- / pCO2


(correção) = ADAPTAÇÃO NEONATAL

(MOORE, 1969; SCENZI, 1985; BENESI, 1992; LISBÔA, 2002)


Metabolismo Energético

ü  RECÉM-NASCIDO
- GLICOSE = PRINCIPAL SUBSTRATO

- FONTE GLICOGÊNIO - cortisol / insulina


HEPÁTICO - ao nascimento (10% do peso fígado)
- 4 a 6 h.p.n. depletado

- GLICEMIA - no parto – 50 – 60 mg/dL (glicogenólise)


- imediato p.n. – 110-130 mg/dL – mínimo 1º dia (70 mg/dL)
- 48 h.p.n. - 119 mg/dL (máx.)
- até os 30 d.p.n. – 82 a 109 mg/dL

TERMORREGULAÇÃO – TECIDO ADIPOSO MARROM

(GRONGNET, 1984; KASARI, 1994; KANETO et al, 2002).


Causas da Mortalidade de
Bezerros
PERÍODOS PERINATAL E NEONATAL > FREQÜÊNCIA

ü  DISTOCIA = principal determinante

causas – incompatibilidade* tamanho fetal/pelve materna


- apresentação, posição ou postura anormais do
feto, etc.

efeitos - *anoxia/hipoxia fetal (asfixia neonatal); traumas por extração


- infecções pós-natal

(GOMMERS et al, 1965; DUFTY & SLOSS, 1977; ROSENBERGER & GRUNERT, 1978; KASARI, 1989)
Asfixia Neonatal

- complexo patológico consequente parto distocico/imaturidade


- da vitalidade do neonato/ reflexos
- alteração função respiratória
- mucosas pálidas / azuladas
- alteração do equilíbrio ácido-básico
- redução ou incapacidade da mamada colostro no momento ideal

(ROSENBERGER & GRUNERT, 1978; EINGENMANN et al, 1983; ZAREMBA & GRUNERT,
1986; BENESI, 1993)
3,0 Bezerros sem asfixia
Bezerros com asfixia

Volume de colostro mamado (kg)


2,0

1,0

4 8 12 18
horas p.n.

Mamada de colostro (kg) por bezerros com boa


vitalidade e com asfixia durante as primeiras
18 horas de vida
Fonte: LUETGEBRUNE, 1982
Asfixia Neonatal (Consequências)

ü  FORMA SEVERA MORTE PERINATAL

ü  FORMA LEVE/MODERADA

> SUSCEPTIBILIDADE DOENÇAS NEONATAIS

(LUETGEBRUNE, 1982; EINGENMANN et al, 1983; BENESI, 1993)


Sistema Imune/Defesas no Bovino
Recém-Nascido

ü  RECÉM-NASCIDO - com ausência de imunidade específica


(placentação)
- útero estéril ambiente contaminado
IMATURIDADE

ü  MECANISMOS DE DEFESA INESPECÍFICA


• células efetoras (MØ e Ne)
• componentes complemento
(nascimento – 12 a 60% adulto
6º mês ≅ ao do adulto)

(BRUGÈRE, 1989a; TIZARD, 2000)


Sistema Imune/Defesas no Bovino
Recém-Nascido
MECANISMOS DE DEFESA ESPECÍFICA
- evolução gradativa 1ºs meses p.n.
- células do sistema imune
órgãos linfóides primários/secundários com população celular.
• Linfócitos B

- anticorpogênese - resposta variada aos Ags


- supressão – BVD

“imunidade humoral”
“Imunidade local” - IgM (3-5 sem.p.n.)
(Intestinal) - IgA (pós 3-5 sem.p.n.)
Sistema Imune/Defesas no Bovino
Recém-Nascido

ü  MECANISMOS DE DEFESA ESPECÍFICA

- Células do sistema imune

• Linfócitos T pouco desenvolvido ao nascimento


resp. mitógenos suprimida

≅ ao adulto 14 dias p.n.


Sistema Imune/Defesas no
Bezerro Neonato
COMPENSAÇÃO DA MENOR IMUNOCOMPETÊNCIA

- lenta resposta imune primária


- pequena resposta a certos Ags.
- não passagem placentária de Acs.

ANTICORPOS COLOSTRO
MATERNAIS
Colostro (Composição)

AO NASCIMENTO = BEZERRO NEONATO AGAMAGLOBULINÊMICO

IMUNOGLOBULINAS
FONTE COMPLEMENTO
LACTOFERRINA, LISOZIMA, LACTOPEROXIDASE
(def. inespecífica)
CITOCINAS (Interleucina-2; TNF)
CÉLULAS IMUNES

(BUTLER, 1983; ANDREWS & LIONS, 1990; TIZARD, 2000)


Colostro (Função)

IMUNIDADE PASSIVA - DEFESA ( 5 – 8 sem.p.n.)

ü  IMUNOGLOBULINAS SISTÊMICA – Igs circulantes (específicas)


+ complemento
LOCAL – Igs; complemento, lactoferrina,
(intestino) lisozima, etc.

ü  CÉLULAS IMUNES – sistêmica / local


(Linfócitos) (proteção infecção experimental)

(TIZARD, 2000)
Colostro (Absorção)
ü  ABSORÇÃO MACROMOLÉCULAS (CELULAR)

- 1º dia p.n. (36 h.p.n.) / não seletiva


- > capacidade 6-12 h.p.n.

- Absorção (intestinal)

Igs

células colostrais maternas

- “fechamento”

MATTE et al, 1982: BRUGÈRE,1989b; MICHANEK et al, 1989; TIZARD, 2000


Colostro (Absorção)
ü  NÍVEL DE IMUNIDADE PASSIVA

DEPENDE: - qualidade imunológica colostral


- momento e volume de colostro fornecido
- técnica de fornecimento
- problemas do bezerro

(SELMAN, 1973; LANGHOLZ et al, 1987; LUCCI, 1989)


Colostro
ü  QUALIDADE IMUNOLÓGICA
(FATOR LIGADO À MÃE)

- MAIOR [Ig] imediata ao parto – colostro 1ª ordenha


( [Ig] tempo p. parto)

- QUALIDADE - ordenha prévia ao parto


- novilhas x vacas ( 4º parto)
- período descanso lactação ( < 6 sem.)
- alimentação materna deficiente

(LANGHOLZ et al, 1987; LUCCI, 1989)


Colostro
ü  MOMENTO / VOLUME FORNECIDO
influenciam a quantidade de Igs absorvidas

MOMENTO DA 1ª MAMADA – até 6 h.p.n.

VOLUME – 2 litros (1ª ordenha) com repetição no 1º dia/dias


seguintes (proteção intestinal)
(total 1º dia ≅ 10% p.v.)

(LUCCI, 1989; PERINO, 1997; BORGES et al, 1998)


Colostro
ü  PROBLEMAS DO BEZERRO

-  10 – 30% recebendo colostro hipo/agama globulinemia


de forma ideal (absorção/pH abomasal)

-  incapacidade de mamar
- posição úbere / tamanho dos tetos
- acidose (asfixia neonatal) depressão
reflexos

(McGUIRE & ADAMS, 1982; SANTOS & GRONGNET, 1990; BORGES et al, 1998).
Colostro
ü  FALÊNCIA DA TRANSFERÊNCIA DE IMUNIDADE
PASSIVA (FTIP)

ü  DIAGNÓSTICO
- verificar causas (falhas na/de produção; ingestão;
absorção)

- avaliação quantitativa ou qualitativa [Igs]


-  tratamento avaliação 8-12 h.p.n.
-  outras finalidades a qualquer tempo na 1ª semana p.n.
(pós 48 horas de vida)

(McGUIRE & ADAMS, 1982; BENESI, 1993; WHITE, 1993; BARRINGTON & PARISH, 2001; BORGES et al, 2001;
RADOSTITS et al, 2002)
Colostro
ü  DIAGNÓSTICO DA FTIP

- Avaliação quantitativa (soro)


• direta – Taxa de Imunoglobulinas IDGA*
< 8 mg/ml – falência ELISA

• indireta – estimativa [Ig] - correlação


- Proteína total* - < 4,5 - 4,8 g/dl
- Globulinas* - < 2,0 g/dl
- Gamaglobulinas - < 1,0 g/dl
- GGT (gamaglutamiltransferase)* - < 50 UI/L

(GORMAN & HALLIWELL, 1989; PERINO et al, 1993; REA et al, 1996; RADOSTITS et al, 2002)
Colostro
ü  DIAGNÓSTICO DA FTIP

- Avaliação qualitativa (soro/colostro)

• Sulfato de zinco – turbidez


(ausência / fraca = F.T.I.P.)

• Colostro – colostrômetro – densidade


(relação linear com Ig)
- d < 1,035 = F.T.I.P.

(LUCCI, 1989; PERINO et al, 1993; TIZARD, 2000; RADOSTITS et al, 2002)
Colostro

ü  TRATAMENTO DA F.T.I.P.
• Fornecimento colostro (mamadeira ou biberão/sonda)
• transfusão de sangue / plasma

ü  CONSEQÜÊNCIAS DA F.T.I.P.
> Morbidade / > Mortalidade em bezerros neonatos

(McGUIRE et al, 1976; WITTUM & PERINO, 1995; BORGES, 1997)


Prevenção da Mortalidade de Bezerros
(Períodos Perinatal e Neonatal)
ü  PARTOS DISTÓCICOS
• seleção touros/sêmen - tamanho-peso filhos x pelve materna
- DPE - estima peso filhos
• evitar super-alimentação - Índice Condição Corporal / peso fetal
• assistência obstétrica adequada

ü  F.T.I.P.
• fornecimento de colostro normas ideais
• na mãe/manualmente
• banco de colostro (1ª ordenha/vacas)

(GRUNERT & BIRGEL, 1982; GRUNERT & ANDRESEN, 1984; BENESI, 1993; RICE, 1994;
RADOSTITS et al, 2002)

Você também pode gostar