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CESARIANA DE PARTO DISTÓCICO EM CADELA: RELATO DE CASO

ALMEIDA, Karine Cristine1


BORCHARDT, Arina2
MICHALISZYN, Ivna3
SKVIRA, Franciele4
ROSEIRA, Alisson5

RESUMO: A distocia é frequente na clínica reprodutiva e uma das causas


responsáveis pela mortalidade neonatal na espécie canina. O objetivo desse relato é
descrever uma cesária de parto distócico atendida pelo Departamento Veterinário
RealVet, canino, fêmea, pinscher, 6 anos de idade, com histórico de trabalho de
parto a 5 dias. Na palpação transvaginal confirmou-se a presença de um feto de
tamanho relativamente grande. Optou-se fazer cesariana e
ovariosalpingohisterectomia. Confirmou-se a presença de natimorto já em processo
de decomposição.

Palavras-chave: Natimorto. Pinscher. Cesária.

1 INTRODUÇÃO
As complicações mais frequentes em partos são as distocias, que é a
dificuldade de nascer ou a inabilidade materna de expulsar um ou mais fetos pelo
canal do parto, independente da causa (LUZ; FREITAS, PEREIRA, 2005). Podem
ser classificadas em distocia de origem materna ou fetal. A origem materna ocorre
com mais frequências em fêmeas de primeira cria ou com múltiplos fetos, podendo
ser as causas de inércia uterina, estreitamento das vias fetais, torção uterina e
contrações excessivas (PRESTES, ALVARENGA, 2006). As de origem fetal podem
ser provocadas pelo tamanho do feto em relação a raça, deficiência de
corticosteroides, hidrocefalia, anasarca, ascites e alterações na estática fetal
(TOMIOLLO, VICENTE, 2003).
As cadelas de raças pequenas, segundo Munnich e Kuchenmeister
(2009), tem maior predisposição à distocia do que as raças grandes.
O diagnóstico é realizado através de anamnese detalhada, palpação
abdominal e acompanhamento do paciente, quando se desconfia de fetos em
estática atípica, deve-se realizar radiografias abdominais após os 45 dias de
gestação (LUZ; FREITAS, PEREIRA, 2005). O exame ultrassonográfico é realizado
1
Acadêmica do curso de Medicina Veterinária, 9º período, Faculdade Campo Real.
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Acadêmica do curso de Medicina Veterinária, 9º período, Faculdade Campo Real.
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Acadêmica do curso de Medicina Veterinária, 9º período, Faculdade Campo Real.
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Acadêmica do curso de Medicina Veterinária, 9º período, Faculdade Campo Real.
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Acadêmico do curso de Medicina Veterinária, 9º período, Faculdade Campo Real.
para o diagnóstico precoce de gestação em cadelas, e pode ser utilizado para
determinar o tempo gestacional, o diâmetro das vesículas embrionárias, o diâmetro
biparietal e o diâmetro abdominal fetal (LIGUORI, ENEAS, IGNÁCIO, 2016).
Os tratamentos para partos distócicos podem ser realizados através de
manobras obstétricas, uso de fármacos e o cirúrgico, cesariana. A cesária
(histerotomia) é um procedimento cirúrgico de emergência que remove os fetos e
seus anexos do útero grávido, com técnicas cirúrgicas e anestésicas seguras, tanto
para a fêmea quanto para os filhotes (LUZ et al., 2005, FOSSUM, 2001).
O prognóstico é favorável para fêmea e feto no intervalo de 12 horas
após início do segundo estágio do parto, e superior a 24 horas pode resultar em
morte fetal e comprometimento materno (LIGUORI, ENEAS, IGNÁCIO, 2016).

2 DESENVOLVIMENTO
Foi atendida no Departamento Veterinário RealVet canino, pinscher,
fêmea, com 6 anos de idade, pesando 1,5 kg. O proprietário relatou que o animal
apresentava-se em trabalho de parto a cerca de cinco dias. Ao exame físico o
animal apresentou temperatura retal de 39ºC, frequência cardíaca de 90 bpm. Na
palpação transvaginal confirmou-se a presença de um feto, relativamente grande
para o tamanho da fêmea e não apresentava movimentos.
O paciente foi encaminhado para a cirurgia para a realização da
cesariana. Utilizou-se como medicação pré-anestésica midazolam na dose de
0,1ml/kg, cetamina na dose de 0,1ml/kg e acepromazina 0,1% na dose de 0,1ml/kg
todas realizadas intramuscular, manutenção com proprofol na dose de 1ml/3kg
intravenosa e epidural com lidocaína 1% na dose de 1ml/3kg. A fêmea foi
posicionada em decúbito dorsal para a realização de tricotomia ampla, desde a
cartilagem xifoide até o púbis.
Foi encaminhada para o centro cirúrgico. Realizada o posicionamento
em decúbito dorsal e antissepsia da região abdominal ventral com Iodo e clorexidina,
foi efetuada a incisão na linha alba, exteriorização e exposição do útero, incisão
semicircular no corpo do útero, exposição do feto morto, este se apresentava em
apresentação transversal ingressando no corno uterino oposto, em estado de
decomposição. Foi optado, de realizar a ovariosalpingohisterectomia para evitar que
o animal venha a ter outros problemas reprodutivos.
No pós-operatório, administrou-se anti-inflamatório cetoprofeno
0,02ml/kg e antibacteriano benzilpenicilina na dose de 1ml/10kg, ambos subcutâneo.
Não foi possível acompanhar uma reconsulta do paciente.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As técnicas cirúrgicas como a cesariana são frequentes na rotina
veterinária. Entretanto o acompanhamento do período final da gestação, assim como
um diagnóstico precoce de distocia, com monitoramento do trabalho de parto e
principalmente a procura de um medico veterinário para quando houver dificuldades
por parte do tutor, é de suma importância, é fundamental para que a mãe e o filhote
fiquem saudáveis e vivos.

4 REFERÊNCIAS
FOSSUM, T. W. Cirurgia de Pequenos Animais. 1. ed. São Paulo: Roca, 2001,
1335p.

LIGUORI, H.K., ENEAS, M.D., IGNÁCIO, F.S. Distocia em cadelas - revisão de


literatura. Alm. Med. Vet. Zoo. 2016 jun 2 (1): 14-19.

LUZ, M. R., FREITAS, P. M. C., PEREIRA, E. Z. Gestação e parto nas cadelas:


fisiologia, diagnóstico de gestação e tratamentos de distocias. Revista
Brasileira de Reprodução Animal, Belo Horizonte, v. 29, n.3/4, p. 142-150, 2005.

MUNNICH, A., KUCHENMEISTER, U. Dystocia in numbers - Evidence-based


parameters for intervention in the dog: causes for dystocia and treatment
recommendations. Reprod Domest Anim, v.44, p.141-147, 2009.

PRESTES, N.C., ALVARENGA, F.C.L. Obstetrícia Veterinária. Guanabara Koogan,


2006.

TOMIOLLO G.H., VICENTE, H.R.R. Manual de Medicina Veterinária. Segunda


Reimprensão: Livraria Varela,p 73-75,2003.

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