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Profa.

Deyse Carolini de Almeida


ANTI-HIPERTENSIVOS
• Fisiologicamente, tanto em indivíduos normais quanto
nos hipertensos, a pressão arterial (PA) é mantida pela
regulação contínua do débito cardíaco e da resistência
vascular periférica (PA= DC x RVP) em três sítios
anatômicos: as arteríolas, as vênulas pós-capilares e
o coração.
• Um quarto sítio, o rim, também contribui para a
manutenção da PA ou regulação do volume do líquido
intravascular. Nesses quatro locais, os barorreflexos
mediados por nervos autônomos atuam em combinação
com mecanismos humorais, como o sistema renina-
angiotensina-aldosterona, coordenando e mantendo a
PA normal.
ANTI-HIPERTENSIVOS
• O grande problema, nos hipertensos, é que os
barorreceptores e os sistemas de controle renais de
volume sanguíneo/PA estão ajustados em um nível mais
elevado para a manutenção da PA.
CLASSES DE ANTI-HIPERTENSIVOS
• Existem, basicamente, 7 classes de anti-hipertensivos
mais usadas na prática clínica, que são
• os diuréticos (DIU),
• os antagonistas adrenérgicos,
• os vasodilatadores diretos,
• os bloqueadores de canal de cálcio (BCC),
• os inibidores da enzima conversora de
angiotensina (IECA),
• os bloqueadores do receptor de angiotensina (BRA),
• e os inibidores diretos da renina.
DIURÉTICOS
• Os diuréticos podem ser de três tipos: tiazídicos, de
Alça e poupadores de potássio.
• Grosso modo, todos atuam no aumento da diurese,
gerando aumento do sódio na urina, com diminuição da
volemia e da resistência vascular periférica,
consequentemente, reduzindo a pressão arterial.
• Entretanto, os tiazídicos são melhores escolhas para o
tratamento da hipertensão do que os outros, sendo, por
isso, opções de primeira linha. Isso se deve,
provavelmente, ao fato de terem ação mais prolongada
do que os demais, sendo eficazes com uma dose única
diária, o que leva a menos efeitos colaterais.
ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS
• Agonistas Centrais:
• Esses fármacos agem estimulando os receptores α-2
adrenérgicos no sistema nervoso central, que têm efeito
de inibição do sistema simpático. As principais
consequências disso são a diminuição da atividade
simpática e do reflexo dos barorreceptores,
causando bradicardia relativa e hipotensão. Além disso,
também ocorre diminuição da RVP e do DC, diminuição
dos níveis de renina e retenção de fluidos.
ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS
• β-bloqueadores
• Os β-bloqueadores (BB), como Atenolol, Propranolol,
Labetalol, Nebivolol e Carvedilol, diminuem a contratilidade
do miocárdio (inotropismo negativo) e a frequência cardíaca
(cronotropismo negativo), o que reduz o DC e diminui a
pressão. Também agem sobre os receptores β-adrenérgicos
nos rins, diminuindo a liberação de renina, reduzindo os
níveis de angiotensina II no sangue.
• Alguns são seletivos dos receptores β-1, que são os de
interesse para os efeitos cardiovasculares, porém alguns,
mais antigos, não são seletivos, tendo ação também contra os
receptores β-2, por exemplo, localizados no pulmão. Por esse
motivo, devem ser evitados em pacientes
com asma, DPOC ou alguma outra doença reativa de vias
aéreas inferiores.
ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS
• α-bloqueadores
• Os bloqueadores de receptores α-1 adrenérgicos, como
doxazosina, prazosina e terazosina, são antagonistas
competitivos desses receptores pós-sinápticos e seu
efeito principal é a redução da RVP. Não exercem muita
influência no DC e não são tão eficazes em monoterapia.
• Um uso especial para esses fármacos é decorrente da sua
melhora do perfil lipídico e glicídico e à melhora dos
sintomas da hipertrofia prostática benigna.
• Os efeitos adversos incluem hipotensão, no começo do
tratamento, e incontinência urinária, em mulheres. Um
detalhe a se atentar é a ocorrência de tolerância, ou seja,
perda de efeito do fármaco, com necessidade de
aumento da dose.
VASODILATADORES DIRETOS
• Os vasodilatadores diretos mais usados são a Hidralazina
e o Minoxidil. Agem diretamente sobre a musculatura
lisa vascular, levando ao seu relaxamento por
mecanismos ainda não elucidados, com
consequente redução da RVP.
• Os efeitos adversos incluem cefaleia, flushing,
taquicardia reflexa e uma reação lúpus-símile, que é
dose-dependente. Minoxidil está associado à ocorrência
de hirsutismo, em até 80% dos casos.
• Precisam ser usados com cautela em pacientes
com doença arterial coronariana, e devem ser evitados
naqueles com hemorragia cerebral ou aneurisma
dissecante de aorta.
BLOQUEADORES DO CANAL DE CÁLCIO
• Os bloqueadores do canal de Ca++ (BCC) podem ser de
dois tipos principais, diidropiridínicos e não
diidropiridínicos. Agem impedindo o aumento da
concentração intracelular desse íon nas células
do músculo liso dos vasos, inibindo sua contração e
levando à diminuição da RVP. Seu sítio alvo são os canais
de Ca++ sensíveis à voltagem, que promovem o
movimento transmembrana do cátion para o meio
intracelular.
• O principal efeito adverso é o edema periférico, que está
associado ao próprio mecanismo da vasodilatação, que é
mais arterial do que venosa. Além disso, também pode
ocorrer cefaleia, tonturas e dermatite ocre. Os não
diidropiridínicos podem agravar um quadro de IC, ou
causar bradicardia ou bloqueio atrioventricular (BAV).
INIBIDORES DA ENZIMA CONVERSORA DE
ANGIOTENSINA
• Os IECA agem interrompendo o Sistema Renina
Angiotensina Aldosterona (SRAA), que é hipertensor.
Essas drogas inibem a enzima que converte Angiotensina
I em Angiotensina II, que é um composto ativo que
causa vasoconstrição.
• Com isso, os IECA são anti-hipertensivos muito eficazes e
amplamente usados na prática clínica, capazes de reduzir
morbi-mortalidade CV. São também úteis para IC com
fração de ejeção reduzida e retardam o
remodelamento cardíaco após um IAM, além de agirem
contra a aterosclerose. São também capazes de diminuir
a progressão da nefropatia diabética para DRC. Os
principais representantes são Captopril, Enalapril,
Lisinopril e Ramipril.
INIBIDORES DA ENZIMA CONVERSORA DE
ANGIOTENSINA
• O principal efeito adverso é a tosse seca, que é uma queixa
de até 20% dos pacientes, devendo-se avaliar o quão
tolerável é, ou não, para cada indivíduo. Como agem sobre os
rins, podem causar hipercalemia, devendo-se ter cautela
para associá-los com diuréticos poupadores de K+,
ou redução da taxa de filtração glomerular (TFG), com
aumento de ureia e creatinina, especialmente em pacientes
com estenose bilateral das artérias renais, ou estenose da
artéria renal em rim único funcionante.
• Estão contraindicados para mulheres grávidas, pois foram
associados a complicações fetais.
USOS TERAPÊUTICOS DOS IECAs
• Os IECAs são fortemente indicados para o uso em pacientes
com nefropatia diabética, pois retardam a progressão dessa
entidade nosológica e diminuem a albuminúria. Os efeitos
benéficos na função renal resultam da diminuição da pressão
intraglomerular devido a vasodilatação da arteríola eferente.
• Os IECAs são usados no cuidado de pacientes após infarto do
miocárdio e são fármacos de primeira escolha no tratamento
de pacientes com disfunções sistólicas.
• Após infarto do miocárdio, os IECAs atuam na regressão da
hipertrofia ventricular esquerda e na prevenção do
remodelamento ventricular.
• Os IECAs são os fármacos de primeira escolha para tratar
insuficiência cardíaca, os pacientes hipertensos com DRC e os
pacientes com risco elevado de doença arterial coronariana.
• Todos os IECAs são igualmente eficazes no tratamento da
hipertensão, em doses equivalentes.
BLOQUEADORES DO RECEPTOR DE
ANGIOTENSINA II
• Os BRA agem no mesmo sistema RAA que os IECA,
porém, ao invés de impedir a síntese de Angiotensina II,
eles impedem que ela se ligue ao seu receptor AT1,
localizado nos vasos sanguíneos, miocárdio, cérebro, rins
e células glomerulosas das suprarrenais, secretoras de
aldosterona. Os receptores AT2 desempenham papel
mais obscuro, sugestivamente relacionado à proliferação
e crescimento de vasos sanguíneos.
• Os principais exemplos são Losartana, Candesartana,
Irbesartana e Valsartana. As consequências da ação
dessas drogas são relaxamento do músculo liso
(vasodilatação), maior excreção renal de sal e água,
redução da volemia e diminuição da hipertrofia
celular. Assim como os IECA, reduzem mortalidade CV e a
progressão para DRC.
BLOQUEADORES DO RECEPTOR DE
ANGIOTENSINA II
• Com relação aos efeitos adversos, aqueles que são
relacionados à inibição do SRAA,
como hipotensão, hipercalemia e redução da função
renal, são compartilhados entre os IECA e os BRA. A
tosse, que é comum nos IECA, é bem menos frequente
nos BRA.

• Também não podem ser usados durante a gestação e


não devem ser usados em combinação com um IECA, por
risco de potencializar efeitos adversos.
INIBIDOR DIRETO DA RENINA
• O Alisquireno é o único representante dessa classe. Seu
mecanismo também é a interferência no SRAA, porém,
desta vez, inibindo competitivamente a atividade
catalítica da renina. A consequência é a diminuição da
síntese de Angiotensina e Aldosterona, com
consequente queda na PA.
• Seu efeito anti-hipertensivo é adequado, porém não há
estudos suficientes que comprovem sua eficácia na
redução da morbi-mortalidade CV.
• É um fármaco bem tolerado, sendo seus principais
efeitos adversos rash cutâneo, diarreia, aumento
de CPK e tosse. Assim como IECA e BRA, é contraindicado
na gestação.

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