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Problema 1
1. Diferenciar os anti-hipertensivos quanto ao mecanismo de ação, indicações e efeitos
adversos (furosemida, hidroclorotiazida, atenolol, captopril, verapamil e losartana)
Furosemida:
A furosemida é um diurético de alça que produz um efeito potente de ação rápida e de curta
duração. Bloqueia o sistema co-transportador de Na+K+2Cl- localizado na membrana
celular luminal do ramo ascendente da alça de Henle; portanto, a eficácia da ação salurética
da furosemida depende do fármaco alcançar o lúmen tubular via um mecanismo de
transporte aniônico. A ação diurética resulta da inibição da reabsorção de cloreto de sódio
neste segmento da alça de Henle. Como resultado, a excreção fracionada de sódio pode
alcançar 35% da filtração glomerular de sódio. Os efeitos secundários do aumento da
excreção de sódio são excreção urinária aumentada (devido a gradiente osmótico) e
aumento da secreção tubular distal de potássio. A excreção de íons cálcio e magnésio
também é aumentada.
A furosemida interrompe o mecanismo de retorno (“feedback”) do túbulo glomerular da
mácula densa, com o resultado de não-atenuação da atividade salurética. A furosemida
causa estimulação dose-dependente do sistema renina-angiotensina-aldosterona.
Na insuficiência cardíaca, a furosemida produz uma redução aguda da pré-carga cardíaca
(pela dilatação da capacidade venosa). Este efeito vascular precoce parece ser mediado
pela prostagland no no ina e pressupõe uma função renal adequada, com ativação do
sistema renina-angiotensina e síntese intacta de prostaglandina. Além disso, devido ao seu
efeito natriurético, a furosemida reduz a reatividade vascular das catecolaminas que é
aumentado em pacientes hipertensivos.
A eficácia anti-hipertensiva da furosemida é atribuída ao aumento da excreção de sódio,
redução do volume sanguíneo e redução da resposta vascular do músculo liso ao estímulo
vasoconstritor.
Indicações:
• Hipertensão arterial estágios 1 e 2 (leve a moderada);
• Edema devido a distúrbios cardíacos, hepáticos e
renais;
• Edema devido a queimaduras.
Reações adversas:
distúrbios eletrolíticos (incluindo sintomáticos), desidratação e hipovolemia, especialmente
em pacientes idosos, aumento nos níveis séricos de creatinina e triglicérides; hiponatremia,
hipocloremia, hipopotassemia, aumento nos níveis séricos de colesterol e ácido úrico, crises
de gota e aumento no volume urinário; hipotensão incluindo hipotensão ortostática; aumento
do volume urinario; encefalopatia hepática em pacientes com insuficiência hepatocelular;
hemoconcentração.
http://araujo.vteximg.com.br/arquivos/ids/1946396/Bula-0000000034420.pdf
http://geolab.com.br/wp-content/uploads/2019/01/furosemida-PF.pdf
Hidroclorotiazida:
A hidroclorotiazida é um diurético tiazídico. O mecanismo do efeito anti-hipertensivo dos
diuréticos tiazídicos não é totalmente conhecido. As tiazidas afetam os mecanismos
tubulares renais da reabsorção eletrolítica, aumentando diretamente a excreção de íons
sódio e cloreto e privando o corpo do excesso de água.
As perdas de potássio ocorrem secundariamente (substituição por sódio) e por secreção
ativa no túbulo distal.
A excreção de magnésio é aumentada, enquanto a excreção de ácido úrico é reduzida.
A ação diurética da hidroclorotiazida reduz o volume plasmático, aumenta a atividade da
renina plasmática e aumenta a secreção de aldosterona, seguida por aumentos na
concentração de potássio na urina e perda de bicarbonato, e uma diminuição no teor de
potássio sérico.
Indicações:
É um medicamento destinado ao tratamento da hipertensão arterial, quer isoladamente ou
em associação com outros fármacos anti-hipertensivos. Pode ser ainda utilizado no
tratamento dos edemas associados com insuficiência cardíaca congestiva, cirrose hepática
e com a terapia por corticosteroides ou estrógenos. Também é eficaz no edema relacionado
a várias formas de disfunção renal, como síndrome nefrótica, glomerulonefrite aguda e
insuficiência renal crônica.
Reações adversas:
A Hidroclorotiazida é geralmente muito bem tolerada, mas eventualmente podem ocorrer as
seguintes reações adversas:
• Gastrintestinais: anorexia, desconforto gástrico, náuseas, vômitos, constipação, icterícia
colestática, pancreatite.
• Sistema Nervoso Central: vertigens, parestesia, cefaleia.
• Hematológicas: leucopenia, agranulocitose, trombocitopenia, anemia aplástica, anemia
hemolítica.
• Cardiovasculares: hipotensão ortostática (pode ser potencializada pelo álcool, barbitúricos
ou narcóticos).
• Hipersensibilidade: púrpura, fotossensibilidade, urticária, erupção cutânea, reações
anafiláticas.
• Outras: hiperglicemia, glicosúria, hiperuricemia, fraqueza, espasmo muscular.
http://www.furp.sp.gov.br/arquivos/produtos/bulas/profissional/96/Hidroclorotiazida_BPROF_
REV04.pdf
Atenolol:
O atenolol é um bloqueador beta-1 seletivo (isto é, age preferencialmente sobre os
receptores adrenérgicos beta-1 do coração), no entanto, a seletividade diminui com o
aumento da dose. O Atenolol não possui atividade simpatomimética intrínseca nem
atividade estabilizadora de membrana. Assim como outros betabloqueadores, o atenolol
possui efeitos inotrópicos negativos (diminui a força de contração do coração,
consequentemente o débito cardíaco), portanto, é contraindicado em insuficiência cardíaca
descompensada. Como ocorre com outros agentes betabloqueadores, o mecanismo de
ação do atenolol no tratamento da hipertensão não está completamente elucidado.
É provável que a ação do atenolol na redução da frequência e contractilidade cardíacas
faça com que ele se mostre eficaz na eliminação ou redução dos sintomas de pacientes
com angina.
Os antagonistas adrenérgicos bloqueiam as ações cronotrópicas e inotrópicas positivas
das catecolaminas endógenas nos receptores beta-1, resultando em diminuição da
freqüência cardíaca e da contratilidade do miocárdio. Esses fármacos reduzem a pressão
arterial nos pacientes hipertensos, porém carecem de efeito nos indivíduos normotensos. O
uso a longo prazo de bloqueadores dos receptores beta-adrenérgicos provoca uma queda
da resistência vascular periférica, embora o mecanismo desse efeito permaneça incerto.
Tanto a diminuição da resistência vascular periférica quanto a redução do débito cardíaco
contribuem para o efeito anti-hipertensivo desses fármacos.
Indicações:
O atenolol é indicado para:
Controle da hipertensão arterial.
Controle da angina pectoris.
Controle de arritmias cardíacas.
Tratamento do infarto do miocárdio. Intervenção precoce e tardia após infarto do miocárdio.
https://www.sandoz.com.br/sites/www.sandoz.com.br/files/PF-Atenolol.pdf
Captopril
Os efeitos benéficos do captopril na hipertensão e na insuficiência cardíaca parecem
resultar principalmente da supressão do sistema renina-angiotensina-aldosterona,
resultando em concentrações séricas diminuídas de angiotensina II e aldosterona.
Entretanto, não há uma correlação consistente entre os níveis da renina e a resposta à
droga. A redução da angiotensina II leva à uma secreção diminuída de aldosterona e, como
resultado, podem ocorrer pequenos aumentos de potássio sérico, juntamente com perda de
sódio e fluidos.
A enzima conversora de angiotensina (ECA) é idêntica à bradicininase e o captopril também
pode interferir na degradação da bradicinina, provocando aumentos das concentrações de
bradicinina ou de prostaglandina E2.
Indicações:
Hipertensão: captopril é indicado para o tratamento da hipertensão, por reduzir a pressão
arterial nesses casos.
Insuficiência Cardíaca: captopril é indicado no tratamento da insuficiência cardíaca
congestiva em associação com diuréticos e digitálicos. O efeito benéfico de captopril na
insuficiência cardíaca não requer a presença de digitálicos.
Infarto do Miocárdio: o captopril é indicado como terapia pós-infarto do miocárdio em
pacientes clinicamente estáveis com disfunção ventricular esquerda assintomática ou
sintomática para melhorar a sobrevida, protelar o início da insuficiência cardíaca
sintomática, reduzir internações por insuficiência cardíaca e diminuir a incidência de infarto
do miocárdio recorrente e as condutas de revascularização coronariana.
Nefropatia Diabética: o captopril é indicado para o tratamento de nefropatia diabética
(proteinúria
>500 mg/dia) em pacientes com diabetes mellitus insulinodependentes. Nestes pacientes, o
captopril previne a progressão da doença renal e reduz sequelas clínicas associadas
(diálise, transplante renal e morte)
Reações adversas:
- Dermatológicas: Erupções cutâneas, frequentemente com prurido, e algumas vezes com
febre, artralgia e eosinofilia, ocorreram em cerca de 4 a 7% dos pacientes, geralmente
durante as primeiras 4 semanas de terapia. O prurido, sem erupção, ocorre em cerca de 2%
dos pacientes.
- Cardiovasculares: Poderá ocorrer hipotensão. Taquicardia, dores no peito e palpitações
foram, cada uma delas, observadas em aproximadamente 1% dos pacientes.
- Gastrintestinais: Aproximadamente 2 a 4 % dos pacientes (dependendo da dose e do
estado renal) apresentaram alteração do paladar.
- Respiratórias: Foi relatada tosse em 0,5-2% dos pacientes tratados com captopril em
estudos clínicos.
https://www.sandoz.com.br/sites/www.sandoz.com.br/files/PF-Captopril.pdf
Verapamil
O cloridrato de verapamil contém como substância ativa o cloridrato de verapamil, que
bloqueia o fluxo de cálcio para dentro da célula do músculo do coração e das artérias
(bloqueador do canal lento ou antagonista de íons cálcio). O bloqueio dos canais de cálcio
para as células musculares cardíacas e vasculares melhora a quantidade de oxigênio
oferecida ao músculo do coração. Com mais oxigênio, o músculo do coração consegue
relaxar mais e trabalhar melhor. Esse relaxamento muscular também acontece nos
músculos das paredes dos vasos sanguíneos, onde o sangue vai poder circular mais
facilmente (diminui a resistência vascular), diminuindo, assim, a pressão alta. O cloridrato
de verapamil também atua na normalização da frequência cardíaca (número de vezes que o
coração bate por minuto).
Indicações:
isquemia cardiaca: sem angina (dor no peito); com angina após esforço; angina em
repouso; Hipertensão arterial (pressão alta) leve e moderada
https://www.sandoz.com.br/sites/www.sandoz.com.br/files/PC-CLOR.%20VERAPAMIL.pdf
Losartana
Anti-hipertensivo antagonista do receptor da angiotensina II.
Bloqueia os efeitos vasoconstritor e secreção de aldosterona da angiotensina II. Interage de
forma reversível com os receptores AT1
Indicações
Indicado para tratamento de hipertensão arterial.
Indicado para tratamento de nefropatia diabética em pacientes com Diabetes Melitus 2 e
com história de hipertensão arterial.
Auxilia na redução de risco de AVC em pacientes com hipertensão arterial e hipertrofia
ventricular esquerda.
Reações adversas:
Tontura
https://www.eurofarma.com.br/wp-content/uploads/2016/09/losartana-potassica-bula-profissi
onal-eurofarma.pdf
• Ser utilizado por um período mínimo de quatro semanas, antes de modificações, salvo em
situações especiais;
A raça também pode afetar a escolha dos fármacos: os negros respondem melhor aos
diuréticos e aos bloqueadores dos canais de cálcio do que aos b-bloqueadores e inibidores
da ECA. Os amarelos são mais sensíveis aos efeitos dos b-bloqueadores e podem exigir
doses mais baixas.
Monoterapia
Deve ser observado que os diureticos são os fármacos que apresentam mais evidências de
efetividade com relação aos desfechos cardiovasculares, com claros benefícios para todos
os tipos de eventos. Há situações em que a indicação de um ou outro grupo ganha
destaque, de acordo com a comorbidade presente. O BB poderá ser considerado como
fármaco inicial em situações específicas, como a associação de arritmias
supraventriculares, enxaqueca, IC e coronariopatia, sendo que, nas duas últimas condições,
deverá estar associado a outros fármacos.
Se o objetivo terapêutico não for conseguido com a monoterapia inicial, três condutas são
possíveis:
• se o resultado for parcial, mas sem efeitos adversos, recomenda-se aumentar a dose do
medicamento em uso, podendo também ser considerada a associação com
anti-hipertensivo de outro grupo terapêutico;
• se, ainda assim, a resposta for inadequada, devem-se associar três ou mais
medicamentos
Terapia combinada
A maioria dos pacientes vai necessitar do uso de mais de um medicamento para que sejam
atingidas as metas. Por esse motivo, os pacientes com HA estágio 1 e com risco CV alto ou
muito alto ou com DCV associada e aqueles com estágio 2 ou 3 com ou sem outros FRCV
associados devem ser considerados para o uso de combinação de fármacos.
Caso não sejam alcançadas as metas de controle da PA com dois fármacos, podem ser
tomadas algumas decisões:
• em caso de resultado parcial e sem efeitos colaterais, pode-se optar por aumentar a dose
da combinação inicial ou acrescentar mais um anti-hipertensivo de outra classe;
• quando a meta não tiver sido atingida na dose máxima preconizada, ou se surgirem
eventos adversos, recomenda-se a substituição da combinação;
• se, nas doses máximas possíveis, não se obtiver controle da PA, devem-se associar
outros anti-hipertensivos
Caso o diurético não tenha sido a primeira escolha e não esteja sendo utilizado na
associação de dois fármacos, deve ser o terceiro a ser acrescentado. Seu uso potencializa
a ação anti-hipertensiva de qualquer dos medicamentos iniciais.
Nos casos em que se configure a HA resistente (falta de controle da PA com o uso de pelo
menos três medicamentos em dosagens máximas toleradas, sendo um deles um DIU), está
indicada a associação de espironolactona. Os simpaticolíticos de ação central (clonidina) ou
BB podem ser uma alternativa ao quarto fármaco, ficando o uso de vasodilatadores diretos
reservado para casos especiais e em associação com DIU e BB.
O uso de BB associado a diuretico deve ser feito com cautela em pacientes que apresentem
alterações do metabolismo dos glicídeos, pois ambos os fármacos favorecem seu
agravamento;
A associação de IECA com BRA não é recomendada, pois, além de não mostrar benefício
em desfechos CV, acrescentou risco de efeitos adversos;
Referências
Com base em evidências, vários estudos mostram que em cerca de 2/3 dos casos a
monoterapia não foi suficiente para atingir as reduções de pressão previstas, e diante da
demonstração de que valores da pressão arterial mais baixos (130/80 mmHg) podem ser
benéficos para pacientes com características peculiares (de alto e muito alto risco
cardiovascular, diabéticos, com doença renal crônica, em prevenção primária e secundária
de acidente vascular encefálico) há clara tendência atual para a introdução mais precoce de
terapêutica combinada de anti-hipertensivos, como primeira medida medicamentosa,
sobretudo nos pacientes com hipertensão em estágios 2 e 3 e para aqueles com
hipertensão arterial estágio 1, mas com risco cardiovascular alto e muito alto.
Uma justificativa racional para a polifarmácia na hipertensão baseia-se no fato de que a
maioria dos fármacos desencadeia mecanismos reguladores compensatórios para a
manutenção da pressão arterial, o que pode limitar acentuadamente seus efeitos. Por
exemplo, os vasodilatadores, como a hidralazina, provocam uma redução significativa da
resistência vascular periférica, porém induzem uma acentuada taquicardia compensatória e
retenção de sal e de água, que é capaz de reverter quase por completo seu efeito. A adição
de um β-bloqueador impede a taquicardia; a adição de um diurético (p. ex.,
hidroclorotiazida) impede a retenção de sal e de água. Com efeito, todos os três fármacos
aumentam a sensibilidade do sistema cardiovascular as ações de cada um dos outros
fármacos. Uma segunda razão é o fato de que alguns fármacos apresentam eficácia
máxima apenas modesta, porém a redução da morbidade em longo prazo exige o seu uso.
Nitroglicerina
A nitroglicerina é um vasodilatador coronariano, predominantemente venoso, do
grupo dos nitratos, de ação direta, que produz relaxamento da musculatura lisa. Isso ocorre
por conta da ativação da nirtroglicerina por ação enzimática e sua consequente conversão
em óxido nítrico. O NO então ativa a guanililciclase e aumenta a formação de GMPc,
causando relaxamento do músculo liso. A administração de sua forma injetável permite a
obtenção rápida de altas concentrações de nitroglicerina na circulação sistêmica e pronto
início da terapia.
Metoprolol
O metoprolol é um β-bloqueador cardiosseletivo e age reduzindo ou inibindo o efeito
agonista das catecolaminas no coração. A cardiosseletividade pode ser vantajosa no
tratamento de pacientes que apresentem asma, diabetes ou doença vascular periférica.
Esmolol
O esmolol é um β-bloqueador cardiosseletivo com um rápido início de ação e
duração muito curta, sem atividade simpatomimética intrínseca ou estabilizadora de
membrana significativa em doses terapêuticas. Sua meia vida após infusão intravenosa é
de aproximadamente 9 minutos.
Hidralazina
A hidralazina é um vasodilatador periférico com ação relaxante direta sobre a
musculatura lisa dos vasos, sendo capaz de dilatar arteríolas mas não veias. O efeito
hipotensor da Hidralazina começa entre 10 e 30 min, e pode durar até 4 horas
Outras medicações:
Outras medicações não disponíveis no Brasil são indicadas para as emergências
hipertensivas.
● Fenoldopam: agonista do receptor dopaminérgico periférico que promove
vasodilatação renal, recomendado na elevação da pressão arterial associada a
lesões renais agudas.
● Nicardipina: bloqueador de canais do cálcio de uso intravenoso e de ação rápida, é
usada para o controle da pressão arterial no acidente vascular encefálico e na
encefalopatia hipertensiva.
● Clevidipina: bloqueador de cálcio de ação ultra rápida de uso intravenoso, tem sido
recomendada por diretrizes para o tratamento de emergências hipertensivas
neurológicas, tais como o AVC isquêmico e a hemorragia cerebral. Evidências atuais
demonstram eficácia do uso da clevidipina em outras emergências hipertensivas
como a dissecção aguda de aorta e elevação aguda no perioperatório.
Referências:
● Farmacologia Katzung - cap 11 e 12;
● Crises hipertensivas: definindo a gravidade e o tratamento - SOCESP (2018)
http://socesp.org.br/revista/assets/upload/revista/5579307671539114883pdfenCRIS
ES%20HIPERTENSIVAS%20-%20DEFININDO%20A%20GRAVIDADE_REVISTA%
20SOCESP%20V28%20N3.pdf
● 7ª diretriz brasileira de hipertensão - Sociedade brasileira de cardiologia (2017)
http://departamentos.cardiol.br/sbc-dha/profissional/revista/24-1.pdf
● Bulas dos remédios
Problema 2
1. Descrever como deve ser avaliado a função tireoidiana.
Na faixa pediátrica, são também condições clínicas que podem refletir risco de disfunção
tireoideana e merecem triagem: crianças e adolescentes com baixa estatura e/ou baixa
velocidade de crescimento, crianças com distúrbios da evolução puberal, crianças e
adolescentes com suspeita de Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH)
ou queda no rendimento escolar sem causa reconhecida.
Os métodos que são usados de rotina para medir T3 e T4 livre são dependentes de
proteínas ligadoras de HTs. Portanto, estes métodos não são totalmente confiáveis quando
utilizados em pacientes portadores de doença não tireoidiana, de alterações nas proteínas
transportadoras (alterações de afinidade a globulina ligadora de tiroxina - TBG ou proteínas
transportadoras anormais) e de anticorpos anti-T3 e T4.
Os níveis séricos de T3 reverso estão baixos nos pacientes com hipotireoidismo e elevados
nos pacientes com hipertireoidismo. O T3 reverso pode estar elevado em pacientes
eutireoidianos com outras doenças, é controverso se o T3 reverso pode ser utilizado para
diferenciar o paciente com outra doença com ou sem hipotireoidismo.
HIPERTIREOIDISMO (TIREOTOXICOSE)
Pode ser tratado de forma farmacológica ou cirurgicamente, mas a cirurgia só em casos
quando há problemas mecânicos causados pela compressão da traqueia e é comum a
remoção de apenas uma parte do órgão.
obs. embora o quadro possa ser controlado com agentes antitireoidianos esses fármacos
não alteram os mecanismos autoimunes ou melhoram a exoftalmia associada à doença
de Graves.
1. IODO RADIATIVO
● tratamento de primeiro linha.
● O isótopo usado é o 131I geralmente na forma de sal de sódio.
● Quando administrado por VO é captado e processado pela tireoide da mesma
maneira que a forma estável de iodeto e por fim incorporado à tireoglobulina.
● Mecanismo de ação: Esse isótopo emite radiações beta e gama. As emissões
gama passam através do tecido sem causar danos, já as emissões beta tem
alcance muito curto. Elas são absorvidas pelo tecido e exercem poderosa ação
citotóxica que está restrita às células dos folículos da tireóide, causando assim a
destruição do tecido.
● O 131I tem meia vida de 8 dias, assim em 2 meses a sua radioatividade terá
desaparecido.
● Esse medicamento é administrado em dose única e o início do efeito citotóxico
sobre a glândula ocorre em 1 a 2 meses e leva mais 2 meses para atingir o efeito
máximo.
● Depois do tratamento com o iodo radiativo ocorrerá hipotireoidismo nos pacientes
com doença de Graves e esse distúrbio deverá ser controlado pela terapia de
reposição com T4.
● Contra-indicações: não poderá ser usado em crianças, gestantes (risco de danos
ao feto).
● Toxicicidade: Só se desenvolve toxicidade crônica quando a ingestão é > 1,1
mg/dia. A maioria das pessoas que ingere quantidades excessivas de iodo
permanece eutireoideo. Algumas pessoas que ingerem excesso de iodo, em
especial aquelas anteriormente deficientes, desenvolvem hipertireoidismo
(fenômeno de Jod-Basedow). Paradoxalmente, o excesso de consumo de iodo pela
tireoide pode inibir a síntese de hormônio tireoideo (o chamado efeito
Wolff-Chaikoff). Dessa maneira, a toxicidade de iodo pode causar bócio por iodo,
hipotireoidismo ou mixedema. Quantidades muito grandes de iodo podem causar
paladar metálico, salivação aumentada, irritação gastrointestinal e lesões
acneiformes na pele. Deve-se monitorar a função tireoidiana dos pacientes expostos
com frequência a grandes quantidades de contraste radiológico contendo iodo ou
amiodarona.
2. TIOUREILENOS
● O grupo de fármacos tioureilenos compreende o carbimazol, o met-imazol e a
propiltiouracila.Quimicamente, eles se relacionamcom a tioureia, e o grupo
tiocarbamida (S-C-N) é essencial para a atividade antitireoidiana.
● Mecanismo de ação: Os tioureilenos reduzem a liberação de hormônios
tireoidianos e causam redução gradual dos sinais e sintomas da tireotoxicose, sendo
que a taxa metabólica basal e a frequência cardíaca retornam ao normal em período
de 3-4 semanas. Seu mecanismo de ação não é completamente compreendido, mas
há evidências de que eles inibem a iodação dos resíduos de tirosil na tireoglobulina.
Imagina-se que eles paralise as reações de oxidação catalisadas pela
tireoperoxidase por atuarem como substratos para o suposto complexo
peroxidase-íodo, inibindo competitivamente a interação com a tirosina. A
propiltiouracila tem o efeito adicional de reduzir a desiodação do T4, em T3 nos
tecidos periféricos.
● Os tioureilenos são administrados por via oral. O carbimazol e rapidamente
convertido em metimazol, que é seu metabólito ativo, e se distribui pela água
corporal, possuindo meia-vida plasmática de 6-15 horas. Uma dose média de
carbimazol produz mais de 90% de inibição da incorporação de iodo à tireoide em 12
horas. Entretanto, a resposta clínica a esses e a outros fármacos antitireoidianos
pode levar várias semana. Isso não ocorre apenas porque o T4. tem meia-vida
longa, mas também porque a tireoide pode ter grandes estoques do hormônio, que
devem ser esgotados antes que a ação do fármaco possa manifestar-se totalmente.
A propiltiouracila age, supostamente, um pouco mais rapidamente devido ao seu
efeito adicional de inibidor da conversão periférica de T4, em T3.
● Tanto o metimazol quanto a propiltiouracil atravessam a placenta e também são
detectados no leite, mas esse efeito é menos pronunciado com a
propiltiouracila,porque esse fármaco se liga mais fortemente às proteínas
plasmáticas.Após a degradação, os metabólitos são eliminados na urina, sendo a
propiltiouracil excretado mais rapidamente que o metimazol.Os tioureilenos podem
acumular-se na tireoide.
● Efeitos adversos: Os principais efeitos adversos dos fármacostioureilenossão a
neutropenia e a agranulocitose. Esse efeito é relativamente raro, com incidência de
O,1%-1,2%, e é reversível com a suspensão do tratamento. Os pacientes devem ser
instruídos para avisar imediatamente caso apresentem algum sintoma
(principalmente dor de garganta) e devem fazer hemogramas periódicos. Erupções
cutâneas (rashes) são mais comuns (2%-25%), e outros sintomas também podem
ocorrer com a utilização dos tioureilenos,como cefaleia, náusea, icterícia e dor
articular.
3. IODO/IODETO
● O iodo é convertido, in vivo, em iodeto (I-), que inibe temporariamente a liberação de
hormônios tireoidianos. Quando doses elevadas de iodo são administradas a
pacientes com tireotoxicose, os sintomas desaparecem em 1-2 dias. Ocorre inibição
da secreção dos hormônios tireoidianos e, por período de 10-14 días,intensa
redução da vascularização da glândula,que fica menor e com consistência mais
firme.
● Em geral, o iodo é administrado por via oral em solução com iodeto de potássio
("iodo de Lugol") Com administração contínua, seu efeito alcança seu máximo em
10-15 dias e, em seguida, diminui.
● Mecanismo de ação: o mecanismo de ação não está totalmente esclarecido; pode
inibir a iodação da tireoglobulina, possivelmente por reduzir a geração de H202,
necessária para o processo.
● As principais indicações do iodo/iodeto são para o preparo de pacientes com
hipertireoidismo para a ressecção cirúrgica da glândula e como parte do tratamento
da crise tireotóxica grave(tormenta tireoidiana).
● Efeitos adversos: Podem ocorrer reações alérgicas; estas incluem angioedema,
erupções cutâneas e febre medicamentosa.Lacrimejamento,conjuntivite, dor nas
glândulas salivares e sintomas de resfriado são efeitos adversos que estão
relacionados com a dose e estão ligados à concentração de iodeto pelos
mecanismos de transporte nas lágrimas e saliva.
HIPOTIREOIDISMO
Não existem fármacos que aumentem, especificamente, a síntese ou liberação dos
hormônios tireoidianos. O único tratamento efetivo para o hipotireoidismo, a menos que a
alteração seja causada pela deficiência de iodo (tratada com iodeto), é administrar os
hormônios tireoidianos em si, como terapia de reposição.
Fonte:
https://www.sanarmed.com/qual-a-diferenca-entre-tireotoxicose-e-hipertireoidismo-lig
as
Fonte: ANDRADE, Vânia A.; GROSS, Jorge L.; MAIA, Ana Luiza. Tratamento do
hipertireoidismo da Doença de Graves. Arq Bras Endocrinol Metab, São Paulo , v. 45,
n. 6, p. 609-618, Dec. 2001 . Available from
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27302001000600014&l
ng=en&nrm=iso>. access on 15 Aug. 2020.
https://doi.org/10.1590/S0004-27302001000600014.
O tratamento com I-131 produz uma tireoidite intensa secundária à radiação, seguida por
progressiva fibrose intersticial e atrofia glandular, resultando em destruição da capacidade
de síntese da glândula tireóide. Além disso, o tratamento com iodo radioativo pode induzir a
alterações de resposta imune aos antígenos tireoidianos, descritas como inicial e tardia.
Inicialmente, ocorre morte das células tireoidianas e liberação de antígenos na circulação,
associada com elevação das imunoglobulinas e na imunoreatividade celular contra o
receptor do TSH. Posteriormente, pode ocorrer ablação de todo o tecido tireoidiano e a
conseqüente ausência de antígenos tireoidianos levaria à redução da autoimunidade.
Problema 3
1. Identificar os principais tratamentos utilizados para o câncer.
ABC do Câncer, INCA http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/abc_do_cancer.pdf
Existem 3 formas principais para o tratamento de Câncer: quimioterapia, radioterapia e
cirurgia. Elas podem ser utilizadas junta, variando apenas quanto a suscetibilidade dos
tumores a cada uma das modalidades terapêuticas e à melhor sequência de sua
administração.
Segundo o INCA, O tratamento do câncer pode ser feito através de cirurgia, quimioterapia,
radioterapia ou transplante de medula óssea. Em muitos casos, é necessário combinar mais
de uma modalidade.
Quimioterapia
É a forma de tratamento sistêmico que utiliza medicamentos denominados quimioterápicos.
Esse abordagem possui uma série de finalidades:
➔ Quimioterapia neoadjuvante: indicada para redução de tumores em irressecáveis.
Tem a finalidade de tornar os tumores ressecáveis ou de melhorar o prognóstico do
paciente.
➔ Quimioterapia adjuvante ou profilática: indicada após o tratamento cirúrgico, quando
o paciente não apresenta qualquer evidência de neoplasia maligna detectável por
exame físico e exames complementares.
➔ Quimioterapia curativa: tem a finalidade de curar o paciente com neoplasia maligna
para os quais representa o principal tratamento.
➔ Quimioterapia para controle temporário da doença: indicada para tumores sólidos,
avançados ou recidivados, ou neoplasias hematopoéticas de evolução crônica.
➔ Quimioterapia paliativa: indicada para paliação de sinais e sintomas que
comprometem a capacidade funcional do paciente, mas não repercute,
necessariamente, na sua sobrevida.
Radioterapia
É um método de tratamento regional ou loco regional do CA que utiliza equipamentos e
técnicas para irradiar áreas do organismo humano.
Ela também possui diferentes finalidades, dentre as quais destaca-se:
➔ Radioterapia curativa: principal modalidade de tratamento do paciente, visa a cura.
➔ Radioterapia pré-operatória (RT prévia ou citorredutora): antecede a principal
modalidade do tratamento, a fim de reduzir o tumor.
➔ Radioterapia pós operatória ou pós-quimioterapia: ocorre após a primeira
modalidade de tratamento e visa acabar com os possíveis focos microscópicos do
tumor.
➔ Radioterapia paliativa: objetiva o tratamento local do tumor primário ou metástases,
sem influenciar na taxa de sobrevida do paciente. É usada principalmente nas
seguintes circunstâncias:
Radioterapia antálgica: modalidade de radioterapia paliativa com a finalidade específica de
reduzir a dor.
Radioterapia anti-hemorrágica: modalidade de radioterapia paliativa com a finalidade
específica de controlar os sangramentos.
2. Mecanismo de ação
• Ciclo-inespecíficos - Aqueles que atuam nas células que estão ou não no ciclo
proliferativo, como, por exemplo, a mostarda nitrogenada.
Estas classificações não são absolutas, e muitas drogas podem se encaixar entre
as categorias citadas. O grande problema a ser superado e a destruição celular
logarítmica limitada quando se utiliza fármacos individualmente. A fim de superar tal
efeito, recorre-se frequentemente a combinações de agentes com diferentes
toxicidades e mecanismos de ação. Caso os fármacos não exibam uma excessiva
superposição de sua toxicidade, podem ser utilizados em doses quase integrais,
podendo-se obter efeitos citotóxicos pelo menos aditivos com a poliquimioterapia.
Além disso, os sublimes resistentes a apenas um dos agentes podem ser
potencialmente erradicados.
3.1. Alquilantes: Se ligam ao DNA de tal forma que impedem a separação dos dois
filamentos de DNA na dupla hélice, fenômeno indispensável a replicação. Os
agentes Alquilantes afetam a célula em todas as fases do ciclo celular de modo
inespecífico e provocam múltiplas lesões nas células em divisão ou não. Raramente
produzem efeito clinico ótimo sem a combinação com outros agentes
fase-específicos.
3.4. Outros agentes: Algumas drogas não podem ser classificadas em nenhuma
classe de ação farmacológica, como e o caso da dacarbazina, indicada no
tratamento do melanoma avançado e sarcomas de partes moles e da procurazinha,
cujo mecanismo de ação ainda não foi completamente elucidado.
Problema 4
1. Caracterizar o mecanismo de ação das principais drogas lícitas (álcool) e ilícitas
consumidas pela população brasileira;
Álcool: Em pequenas quantidades, o álcool promove desinibição, mas com o aumento
desta concentração, o indivíduo passa a apresentar uma diminuição da resposta aos
estímulos, fala pastosa, dificuldade à deambulação, entre outros.
O álcool atua como um depressor de muitas ações no Sistema Nervoso Central (SNC) e
seus efeitos sobre este são dose-dependentes (veja quadro 1).
GABA
A interação entre o etanol e o receptor para o GABA foi melhor estabelecida a partir de
estudos que demonstraram haver redução de sintomas da síndrome de abstinência
alcoólica pelo uso de substâncias que aumentam a atividade do GABA, como os inibidores
de sua recaptação e os benzodiazepínicos, mostrando a possibilidade do sistema
GABAérgico ter efeito na fisiopatologia do alcoolismo humano.
Glutamato
Devido aos efeitos inibitórios sobre o glutamato, o consumo crônico do álcool leva a um
aumento dos receptores glutamatérgicos no hipocampo que é uma área importante para a
memória e envolvida em crises convulsivas.
Outros neurotransmissores
O uso de álcool pode produzir danos detectáveis à memória após apenas algumas doses e
à medida que o consumo aumenta, também aumentam os danos ao cérebro. Altas
quantidades de álcool, especialmente quando consumidas de maneira rápida e com o
estômago vazio, podem produzir um “branco” ou um intervalo de tempo no qual o indivíduo
intoxicado não consegue recordar detalhes de eventos ou até mesmo eventos inteiros. Os
estudos sugerem que as mulheres são mais susceptíveis do que os homens para vivenciar
esses efeitos adversos sob mesmas doses de álcool. Essa ação parece estar relacionada
às diferenças orgânicas existentes entre homens e mulheres no metabolismo dessa
substância.
Síndrome de Wernicke-Korsakoff
Os danos causados pelo álcool no cérebro pode ser decorrentes tanto de causas
diretamente ligadas ao uso de álcool como de fatores indiretos, como saúde geral debilitada
ou doença hepática severa. A deficiência de tiamina, por exemplo, pode ser um desses
fatores. A tiamina, conhecida também com vitamina B1, é um nutriente importante para
todos os órgãos e tecidos, incluindo o cérebro.
Mais de 80% dos alcoolistas apresentam deficiência desse nutriente. Uma parcela dessas
pessoas sofrerá consequências severas no cérebro tais como a Síndrome de
Wernicke-Korsakoff. Trata-se de uma doença caracterizada por duas diferentes síndromes,
uma de curta duração chamada Wernicke e outra permanente e bastante debilitante
chamada Korsakoff. Os sintomas da Síndrome de Wernicke incluem confusão mental,
paralisia dos nervos que movem os olhos e dificuldades de coordenação motora.
Aproximadamente 80 a 90% desses pacientes manifestam a Síndrome de Korsakoff,
caracterizada por perdas de memória anterógrada (eventos futuros) e de memória
retrógrada (eventos passados).
Fonte:
https://cisa.org.br/index.php/sua-saude/informativos/artigo/item/46-alcool-e-sistema-n
ervoso-central#:~:text=O%20glutamato%20%C3%A9%20o%20neurotransmissor,reduz
indo%20a%20neurotransmiss%C3%A3o%20glutamin%C3%A9rgica%20excitat%C3%B
3ria.
Cocaína: O mecanismo de ação da cocaína no Sistema Nervoso Central é aumentar a
liberação e prolongar o tempo de atuação dos neurotransmissores dopamina, noradrenalina
e serotonina, os quais são atuantes no cérebro.
A cocaína é uma droga de efeito rápido e duração breve. Na forma de crack ou merla, essa
droga é fumada, utilizando a via pulmonar. Pelo pulmão ser um órgão intensivamente
vascularizado e com grande superfície para absorção, a droga chega rapidamente ao
cérebro. Em dez a 15 segundos os primeiros efeitos já são percebidos e duram em torno de
cinco minutos, enquanto se consumida sob a forma de pó, o efeito após cheirar surgem
após dez a 15 minutos, e após injeção, em três a cinco minutos.
Efeitos no organismo
Os principais efeitos desencadeados pela cocaína são: sensação intensa de euforia e
poder, estado de excitação, hiperatividade, insônia, falta de apetite, perda da sensação de
cansaço, dilatação de pupilas e aumento da temperatura corporal.
No caso do consumo pela via nasal, observa-se ressecamento das narinas gerada pela
contração das artérias que irrigam a cavidade nasal. Quando o uso é crônico, há um
prejuízo na irrigação sanguínea nasal, a qual pode culminar em necrose dessa área, que
por sua vez pode resultar no desenvolvimento de ulcerações ou perfurações do septo nasal,
parede cartilaginosa que separa as narinas. Esse psicotrópico também produz efeitos
cardiovasculares, que são os principais responsáveis por sua letalidade. A pressão arterial
pode aumentar e o coração bater mais rápido, chegando a produzir parada cardíaca. Esses
efeitos são: taquicardia, hipertensão e palpitações. A morte pelo consumo excessivo da
droga também pode ocorrer devido à diminuição de atividade de centros cerebrais que
controlam a respiração.
O apetite é outro fator que sofre influência do uso de cocaína, que é um potente inibidor de
apetite. Quando o usuário é crônico, há uma significativa perda de peso. Em um mês, pode
chegar a dez quilogramas a menos. Outros efeitos relacionados à perda de apetite são
desnutrição, fraqueza e cansaço físico.
O crack e a merla podem produzir aumento das pupilas (midríase), que prejudica a visão; é
a chamada “visão borrada”. Ainda podem provocar dor no peito, contrações musculares,
convulsões e até coma. O uso crônico da cocaína pode levar a degeneração irreversível
dos músculos esqueléticos, conhecida como rabdomiólise.
O consumo simultâneo de bebidas alcoólicas e cocaína produz consequências mais graves
do que o uso destas substâncias separadamente. Ingerir o álcool aumenta a “fissura”
(vontade incontrolável de sentir o prazer que a droga provoca) pela cocaína, os riscos de
episódios de perda de controle e intoxicação são mais grave. O fígado combina as duas
drogas e produz uma terceira substância, denominada cocaetileno, que intensifica os efeitos
euforizantes da droga, mas é extremamente prejudicial ao organismo e aumenta os riscos
de morte súbita.
Fonte:
http://www.quimica.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=262
Maconha:
Ações dos canabinóides na neurotransmissão
Os efeitos da maconha estão associados a uma ação agonista dos canabinóides, em
especial o THC, nos neurorreceptores CB1. Os receptores CB1 encontram-se distribuídos
no cérebro de uma maneira bastante heterogênea. Em animais, a mais elevada
concentração encontra-se nos núcleos da base, na parte reticulada da substância nigra e
nos segmentos internos e externos do globo pálido. Elevadas concentrações também estão
presentes no hipocampo e no cerebelo. O padrão de distribuição é semelhante em
humanos. Porém, as mais elevadas densidades se encontram nos córtices límbico e de
associação, o que parece explicar o importante impacto cognitivo associado à intoxicação
aguda pela maconha. A localização pré sináptica dos receptores CB1 sugere uma ação
moduladora deste sobre a liberação de neurotransmissores. Estudos com animais e, em
menor número, com humanos têm demonstrado efeitos de canabinóides na liberação de
diferentes neurotransmissores e neuromoduladores tais como glutamato, GABA,
norepinefrina, dopamina, serotonina, acetilcolina, histamina, prostaglandinas, e peptídeos
opióides.
Na intoxicação aguda por maconha ocorre sedação, prejuízos cognitivos que envolvem
dificuldade de consolidação de memória de curto prazo, alteração na avaliação do tempo,
prejuízo nas funções executivas, alterações da sensopercepção e alterações na
coordenação. Acredita-se que a maior parte destes sintomas sejam devido a ação agonista
do THC nos receptores CB1 e conseqüente modulação dos diversos sistemas de
neurotransmissão. Os déficits de memória imediata parecem estar relacionados à redução
na liberação de glutamato no hipocampo, o que resultaria em prejuízo nos fenômenos
neurofisiológicos de potencialização e depressão de longo prazo (do acrônimo em inglês,
LTP e LTD, respectivamente), os quais mediam a consolidação de memória. A partir da
constatação de que a maior parte dos interneurônios neocorticais que expressam elevados
níveis de CB1 são GABAérgicos, pode-se inferir que a mediação de efeitos como sedação e
prejuízos de „funções frontais‟ estejam relacionados, pelo menos em parte, à modulação
deste sistema.
Já os efeitos motores agudos dos canabinóides parecem ser mediados por neurônios
GABAérgicos e glutamatérgicos localizados nos núcleos da base e cerebelo. Efeitos de
intoxicação aguda tais como taquicardia e xerostomia são mediados pela ação do THC na
liberação de acetilcolina; ao passo que efeitos em quadros de espasticidade relacionam-se
com interações com múltiplos sistemas, incluindo GABAérgico, glutamatérgico e
dopaminérgico. Após uso repetido e regular, desenvolve-se tolerância à maior parte dos
efeitos farmacológicos de muitos dos canabinóides. Tal fenômeno se deve principalmente a
alterações farmacodinâmicas baseadas em downregulation e/ou dessensibilização de
receptores. Também tem sido consistentemente descrita uma síndrome abstinência após
interrupção abrupta de uso prolongado de maconha, caracterizada por inquietação,
irritabilidade e insônia, sudorese, rinorréia, anorexia, diarréia e soluços.
Efeitos no organismo
Os efeitos provocados pelo THC no sistema nervoso central dependem da dose consumida,
da experiência, da expectativa e do ambiente. Os efeitos esperados são: leve estado de
euforia; relaxamento; prolonga a percepção de tempo; os risos acontecem imotivados; há
devaneios; e a pessoa fica mais falante.
No resto do corpo os efeitos são: vermelhidão nos olhos (hiperemia conjuntival), diminuição
da produção de saliva (boca seca) e taquicardia (frequência superior ou igual a 140
batimentos por minuto). O THC tem um efeito orexígeno no apetite, ou seja, aumento de
apetite. Não há registro de morte por intoxicação por consumo de maconha, visto que sua
dose letal é 1.000 vezes maior que a usual.
Consequência do uso
O uso crônico de maconha está associado a problemas respiratórios, visto que a fumaça é
muito irritante, seu teor de alcatrão é muito alto (maior que do tabaco) e contém
benzopireno, substância cancerígena. Outras consequências do fumo, semelhantes ao
tabaco, são: hipertensão, asma, bronquite, cânceres, doenças cardíacas e doenças
crônicas obstrutivas aéreas. Há consequências também na fertilidade do homem, por haver
uma queda de 50 a 60% na produção de testosterona.
A maconha tem como efeito mais comum o bem-estar, porém, ocasionalmente traz um
desconforto acompanhado de uma ansiedade intensa e ideias de perseguição. Mais
raramente pode haver alucinações. Há também os ocasionais flashbacks, que consistem
em sintomas da intoxicação após a interrupção do uso.
Pode haver, ainda, no caso de pessoas com transtornos psicóticos pré-existentes, uma
exacerbação do quadro, como a esquizofrenia, exigindo mudanças no tratamento da
doença psiquiátrica. Esse psicotrópico, quando usado regularmente, traz problemas
cognitivos como o prejuízo na memória e na habilidade de resolver problemas,
comprometendo seu rendimento intelectual. Pode gerar a síndrome motivacional,
caracterizada por problemas de atenção e motivação.
Efeitos no organismo
A pessoa sob o efeito de anfetamina tem insônia, perde o apetite, fica eufórica (cheia de
energia) e com uma fala acelerada. Além disso, apresenta sensação de poder, irritabilidade,
prejuízo do julgamento, suor e calafrios. A pupila dilata-se, efeito chamado midríase, sendo
prejudicial e perigoso para os motoristas que a consomem, pois ficam com o olho mais
sensível aos faróis dos carros.
A redução da sensação de fadiga ocasionada pela anfetamina pode ser prejudicial, já que
ao disfarçar o cansaço provoca um esforço excessivo para o corpo. No entanto, quando o
efeito da droga passa, o usuário sente uma grande falta de energia e depressão, não
conseguindo realizar nem as tarefas que fazia anteriormente ao uso.
Fonte:
http://www.quimica.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=258
2. Caracterizar os principais tratamentos associados a pacientes dependentes de
drogas.
Geral - https://crr.medicina.ufmg.br/saber-sobre/quais-tipos-de-tratamento
Cada dependente químico estabelece uma relação diferente com a droga e cada droga
apresenta necessidades diferentes.
Existem diversas fases no tratamento de um paciente dependente químico, a primeira o
paciente ainda não aceita ajuda e o profissional da saúde pode atuar reduzindo danos
causados pela droga. Em seguida, o paciente deve encontrar suas próprias motivações
para iniciar o tratamento e interromper o uso da droga, nessa fase são indicadas
terapêuticas motivacionais. No momento do tratamento da dependência deve-se dar valor
aos sintomas de abstinência e todo o processo deve ser realizado por uma equipe
especializada. Além disso, deve haver ações de reinserção do indivíduo na sociedade e
prevenção de recaídas.
Assim, o tratamento sempre exige uma abordagem multiprofissional.
Além disso, é indicado terapia comportamental e grupos de apoio uma vez que em conjunto
colaboram para um tratamento eficaz.
Em qualquer caso de dependência, a desintoxicação é apenas um passo, ela trata os
sintomas físicos da abstinência decorrente da interrupção do uso da droga. Os programas
de apoio e terapias colaboram também para evitar que os pacientes tenham recaídas.
Álcool - cap 23
A maioria dos pacientes com síndrome de dependência alcoólica apresentam a síndrome
de abstinência com a retirada da droga, por isso faz-se necessário o tratamento da
síndrome de abstinência e do alcoolismo.
Em casos mais graves de abstinência, o paciente pode apresentar quadros convulsivos e
por isso, o principal objetivo da terapia farmacológica é a prevenção de convulsões, delírio e
arritmias. O equilíbrio de potássio e magnésio deve ser estabelecido o mais rápido possível.
Nos casos de abstinência leve não é necessário assistência farmacológica. A terapia de
tiamina é iniciada em todos os casos.
Nos casos mais graves, o tratamento farmacológico específico para desintoxicação envolve
dois princípios básicos: a substituição do álcool por um fármaco sedativo-hipnótico de ação
longa e, em seguida, redução gradativa da dose deste fármaco. Os benzodiazepínicos
como clordiazepóxido e o diazepam são os mais utilizados. Após o tratamento agudo dessa
síndrome, as medicações devem ser reduzidas gradativamente ao longo de várias
semanas.
Tratamento do alcoolismo
Após desintoxicação, a terapia psicossocial em programas de reabilitação intensiva, com o
paciente internado ou em regime ambulatorial serve como principal tratamento de
dependência. Outros transtornos psiquiátricos como depressão e ansiedade podem
coexistir e devem tratados. Existem 3 fármacos (dissulfiram, naltrexona e o acamprosato)
para o tratamento adjuvante da dependência de álcool.
Naltrexona: é um antagonista dos opióides, bloqueia os receptores opióides MU.
O álcool estimularia indiretamente a atividade opióide endógena ao promover a liberação
dos peptídeos endógenos (encefalinas e b-endorfinas) na fenda sináptica. Através da
atividade excitatória dos peptídeos endógenos, as sensações prazerosas do álcool seriam
mediadas pela liberação de dopamina nas fendas sinápticas do núcleo accumbens. Outro
mecanismo proposto é a atividade inibitória dos peptídeos endógenos sobre os
interneurônios gabaérgicos, localizados na área tegmental ventral, que exercem efeitos
inibitórios sobre os neurônios dopaminérgicos da área A10. A naltrexona atua como um
antagonista competitivo nos receptores opióides. Dessa forma, a administração de
antagonistas opióides reduziria o consumo de álcool através do bloqueio pós-sináptico dos
receptores opióides m, d e k nas vias mesolímbicas. As Contra-indicações são em casos de
doenças hepáticas.O principal efeito adverso da naltrexona é a náusea, que geralmente
coincide com os níveis plasmáticos atingidos num período de até 90 minutos depois da
ingestão do medicamento. A hepatotoxicidade, baseada no aumento das transaminases
hepáticas (3 a 19 vezes os valores normais), foi observada nos pacientes tratados com
doses elevadas de naltrexona (acima de 300 mg por dia). A posologia recomendada da
naltrexona no tratamento do alcoolismo é de 50 mg por dia. O esquema terapêutico consiste
na prescrição de 25 mg por dia na primeira semana de tratamento, com vista a diminuir a
incidência e gravidade dos efeitos adversos. Após este período, pode-se elevar a dose para
50 mg por dia. Os ensaios clínicos com naltrexona postulam o período de 12 semanas para
o tratamento.
Acamprosato
Esta medicação inibe a atividade excitatória glutamatérgica, agindo, provavelmente, em
uma subclasse dos receptores de glutamato (NMDA), especialmente quando há
hiperatividade destes receptores. O acamprosato tem sido considerado um co-agonista
parcial do receptor NMDA.Há indícios de que esta medicação reduza a recaptação do cálcio
induzida pelo glutamato nos neurônios, suprima as respostas condicionadas ao etanol em
animais dependentes – até mesmo naqueles com abstinência prolongada –, reduza os
efeitos aversivos da retirada do álcool, iniba a hiperexcitabilidade cerebral do glutamato e
iniba a expressão gênica do c-fos.A atividade sobre o sistema gabaérgico tem sido descrita,
principalmente, envolvendo vias subcorticais. O acamprosato melhora a recaptação do
GABA no tálamo e no hipotálamo de ratos alcoolizados.Existem receptores do tipo NMDA
no núcleo accumbens que recebem estímulos vindos da amígdala, hipocampo, córtex
pré-frontal e área tegmental ventral. Estes receptores, desta forma, parecem modular a
atividade dopaminérgica no núcleo accumbens, reduzindo o reforço positivo relacionado ao
consumo de etanol.
Pode ter náuseas, vômitos , diarreia, cefaleia são efeitos adversos.
O acamprosato deve ser administrado em pacientes dependentes de álcool com mais de 60
Kg, em três tomadas diárias, sendo dois comprimidos de 333 mg nos três períodos do dia,
sempre antes das refeições. A maioria dos estudos orienta a administração deste
medicamento para pacientes com menos de 60 Kg, em dose menor; ou seja, um
comprimido de 333 mg nos três períodos do dia. O tempo de manutenção da medicação é
variável. Os ensaios clínicos realizados utilizam a droga por 6 a 12 meses.
Dissulfiram
O DSF é um inibidor irreversível e inespecífico de enzimas, que decompõe o álcool no
estágio de acetaldeído. Ao inibir a enzima acetaldeído-desidrogenase (ALDH), ocorre um
acúmulo de acetaldeído no organismo, levando à reação etanol-dissulfiram.
As contra-indicações são cirrose hepática e gravidez
A dose habitual é de 250 mg por dia em dose única diária, após um intervalo de, pelo
menos, 12 horas de abstinência. Os pacientes também podem beneficiar-se com doses de
500 mg por dia. A duração recomendada para o tratamento é de um ano.
Esse fármaco tem pouco efeito como única medicação, entretanto, ocorrem rubor, cefaleia
púlsatil, náuseas, vômitos, sudorese, hipotensão e confusão em poucos minutos após o uso
de dissulfiram. Em casos leves esses efeitos duram 30 minutos e em casos graves horas.
Anfetamina
Abuso e dependência de anfetamínicos -
https://diretrizes.amb.org.br/_BibliotecaAntiga/abuso_e_dependencia_de_anfetaminicos.pdf
https://www.scielo.br/pdf/rbp/v22n2/a06v22n2.pdf
Alguns sintomas, como tremores, são típicos da SAA. Entretanto, muitos outros sintomas e
sinais físicos e psicológicos considerados como parte da SAA são insidiosos, pouco
específicos, o que torna o seu reconhecimento e a sua avaliação processos complexos,
muito mais do que possa ser pensado num primeiro momento.
Os sintomas e sinais variam também quanto à intensidade e à gravidade, podendo aparecer
após uma redução parcial ou total da dose usualmente utilizada, voluntária ou não, como,
por exemplo, em indivíduos que são hospitalizados para tratamento clínico ou cirúrgico.
Os sinais e sintomas mais comuns da SAA são: agitação, ansiedade, alterações de humor
(irritabilidade, disforia), tremores, náuseas, vômitos, taquicardia, hipertensão arterial, entre
outros. Ocorrem complicações como: alucinações, o Delirium Tremens (DT) e convulsões.
https://diretrizes.amb.org.br/_DIRETRIZES/ABUSO-E-DEPENDENCIA-DE-COCAINA/files/a
ssets/common/downloads/publication.pdf
https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/pdfs/diretrizes-medicas-integral-crack-cfm.pdf
https://diretrizes.amb.org.br/_BibliotecaAntiga/abuso_e_dependencia_de_anfetaminicos.pdf
A síndrome de abstinência tem três fases que mudam na medida em que o organismo sofre
adaptações de retorno a sua atividade anterior ao consumo da droga. Há evidências de que
algumas alterações causadas pela cocaína no cérebro são de longa duração ou mesmo
irreversíveis, podendo estar associadas a recaídas.
Problema 5
1. Caracterizar anemia falciforme, a conduta farmacológica para esta doença, os
efeitos adversos e toxicidade associada aos fármacos.
Introdução
Evolução Clínica
Tratamento
Tratamento adjuvante
FÁRMACOS
ESQUEMAS DE ADMINISTRAÇÃO
Hidroxiureia: Dose inicial: 15mg/kg/dia, por via oral, em dose única (usar o
peso real ou o ideal, aquele que for menor). Aumentar em 5 mg/kg/dia a cada 4
semanas até atingir a dose máxima de 35 mg/kg/dia ou a ocorrência de toxicidade
hematológica ou outros efeitos adversos graves (ver abaixo) (19, 24-30). Para a
manipulação da preparação líquida para crianças, recomenda-se dissolver a
cápsula de 500 mg em 10 mL de água destilada/filtrada, obtendo a concentração de
50 mg/mL, o que facilita a administração da dose correta por peso, utilizando uma
seringa descartável (32). A validade da preparação é de aproximadamente 6 meses
em temperatura ambiente (48). Por se tratar de fármaco citotóxico, recomenda-se
que a manipulação da solução ocorra em farmácias de manipulação, seguindo as
boas práticas de manipulação de preparações magistrais e oficinais (49).
Efeitos adversos
SOBRECARGA DE FERRO
► Ferritina sérica: apesar de ser uma medida indireta do ferro do organismo, é importante
para monitorar a terapia quelante de ferro. Deve‑se lembrar de que a ferritina é uma
proteína de fase aguda, de modo que outras situações podem elevar seu nível (infecções,
inflamações, hepatite, hemólise) ou mesmo diminuí‑la (deficiência de vitamina C). Portanto,
deve‑se sempre perguntar se a ferritina sérica foi coletada próximo a processos infecciosos.
► Concentração hepática de ferro (CHF): medida com eficácia pela RNM por T2*, que
tem a vantagem de ser um exame não invasivo. Seus resultados têm boa correlação com
os resultados da biópsia hepática.
► Concentração miocárdica de ferro (MIC): medida com eficácia pela RNM por T2*.
❏ Quelante parenteral
a) a dose recomendada é de 20-40 mg/kg/dia, 5-6 dias por semana, por infusão subcutânea
lenta (8-12 horas) empregando bomba de infusão apropriada;
b) doses maiores (200 mg/kg) podem ser usadas endovenosamente durante as transfusões;
d) efeitos colaterais da droga são raros; os mais comuns são catarata, alterações do campo
visual e ototoxicidade;
f) a terapêutica quelante deve ser iniciada cerca de um ano após o início do programa de
transfusões, quando a ferritina sérica atinge valores acima de 1.000–1.500 mg/L.
❏ Q
uelantes orais
Recentemente introduzidos, têm eficiência comprovada para remover ferro em pessoas com
sobrecarga, podendo ser usados para pacientes que não podem ou não querem tomar o
quelante parenteral. Não há ainda consenso quanto ao uso isolado de quelante oral para
substituir o parenteral, mas parece haver vantagem na associação das duas formas de
quelação. A maior vantagem desses medicamentos em comparação com a desferroxamina
é a maior aceitação e adesão ao tratamento.
- Deferiprone (Ferriprox): 75 mg/kg peso/dia dividido em três doses; efeitos adversos mais
comuns são: náuseas, vômitos e dores abdominais nas primeiras semanas, dores
articulares e artrites, neutropenias, e agranulocitose. A ocorrência de agranulocitose em
0,5-1,2% dos pacientes é contraindicação formal para reinício do tratamento.
- Deferasirox (Exjade): 5-20 mg/kg peso/dia via oral, uma vez ao dia; principais efeitos
adversos, em geral passageiros: náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal e erupção
cutânea.
DEFERASIROX
Existem vários protocolos internacionais que sugerem terapias de quelantes de ferro para
as pessoas com talassemia maior. No Brasil, o Comitê Científico da Abrasta publicou, em
2013, um protocolo para o tratamento da hemossiderose transfusional nas pessoas com
talassemia que são dependentes de transfusão. Tal protocolo foi escrito com base em graus
e níveis de evidências científicas das publicações médicas sobre o assunto. A terapia
quelante de ferro é indicada e adequada de acordo com os resultados de MIC e CHF
(determinados por T2*), fração de ejeção de ventrículo esquerdo (FEVE) e ferritina sérica e
propõe o tratamento em quatro situações clínicas diferentes:
A) Pacientes que nunca receberam terapia quelante de ferro: o controle da ferritina sérica
A adequação do tipo de quelante e da dose do quelante de ferro escolhido é feita com base
na ferritina sérica controlada a cada 3 meses. O exame é recomendado a partir da idade
mínima de 10 anos em casos de quelação adequada e 7 anos em casos de quelação
irregular ou suspeita clínica precoce de toxicidade cardíaca.
B) Pacientes com T2* miocárdico maior do que 20 ms: a MIC e a CHF devem ser
determinadas anualmente. A ferritina sérica deve ser controlada a cada 3 meses para
adequação do tipo de quelante e da dose do quelante de ferro escolhido. Para os casos
com sobrecarga hepática de ferro, deve‑se lembrar que a remoção do ferro do fígado
demora no mínimo 12 meses.
C) Pacientes com T2* miocárdico menor do que 20 ms: ecocardiograma (Eco),
eletrocardiograma (ECG) e Holter devem ser controlados a cada 6 a 12 meses. Se T2* <
10 ms e FEVE for normal, o Eco, ECG, Holter e T2* devem ser controlados a cada 6
meses. A ferritina sérica deve ser controlada a cada 3 meses para a adequação do tipo
de quelante e da dose do quelante de ferro escolhido. A remoção do ferro do fígado
demora no mínimo 12 meses e, do coração, ao redor de 36 meses.
Após a elaboração e publicação desse protocolo pelo Comitê Científico da Abrasta, novos
dados surgiram com terapia quelante de ferro combinada utilizando‑se esquemas com
Desferroxamina + Deferasirox e com Deferasirox + Deferiprona, devendo ser mencionados
para que a individualização da terapia quelante seja realizada.
Referências
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/orientacoes_diagnostico_tratamento_talassemia
s_beta.pdf - Orientações para o diagnostico e tratamento das talassemias Beta – Ministerio
da Saude – 2016.
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4498474/mod_resource/content/1/Talassemias.pdf?f
orcedownload=1 – Talassemias – Tratado de Hematologia – cap. 28
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on_pt.pdf - BULA do Deferasirox