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Farmacologia II - Gabriela Zogbi – Medicina Veterinária – 13/06/23

Farmacologia dos anti-hipertensivos


• Introdução: » Tratamento farmacológico:

» A hipertensão é uma das principais causas de morte O tratamento da HA visa, em última análise, a redução
prematura em todo o mundo; da morbimortalidade CV. Há evidências científicas através
de estudos clínicos de desfechos que mostram
» É subdividida em: secundária (5-10%) dos casos; e
benefícios do tratamento realizado com o uso de:
essencial ou primária (90-95% dos casos);
1. Diuréticos (DIU)
» Na essencial/primária não há uma causa definida,
porque é multifatorial. Pode ser por dano vascular, dano 2. Inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA)
cardíaco, dano renal ou dano no sistema nervoso
3. Bloqueadores dos receptores AT1 da angiotensina II
simpático;
(BRA)
» Uso crônico de corticóide e anticoncepcional pode
4. Bloqueadores de canal de cálcio
gerar hipertensão secundária. Quando o fator que induz
a hipertensão é removido, o paciente deixa de ser 5. Betabloqueadores.
hipertenso;
• Hipertensão:
» Cerca de 80% dos casos de hipertensão em cães e
gatos é secundária.
» Afecções que podem estar associadas à HAS incluem
as nefropatias, cardiopatias, hiperadrenocorticismo,
hipertireiodismo, feocromocitoma, anemia crônica em
felinos, dieta com alto teor de sal, diabetes mellitus,
hepatopatia e obesidade.

• Regulação da pressão arterial:

Todos os agentes anti-hipertensivos atuam em um ou


mais dos quatro locais anatômicos de controle da PA.
1. Diuréticos:
» Aumentam o volume urinário, logo, há redução da
pressão ao reduzir o volume sanguíneo;
» Pressão arterial vai ser resultado do débito cardíaco
vezes a resistência vascular periférica total. » Diminuem a morbimortalidade cardiovascular

» Débito cardíaco – volume de sangue que é bombeado » Efetivos de forma isolada na hipertensão arterial
por minuto. O volume sanguíneo e a frequência cardíaca sistêmica (HAS) leve e moderada;
influenciam o débito cardíaco. » Na HAS mais grave, devem-se associar com agentes
simpaticoplégicos e vasodilatadores diretos.
• Tratamentos para hipertensão:
» Os diuréticos reduzem o volume sanguíneo, reduzindo
» Não farmacológico:
o débito cardíaco e a pressão arterial. Porém, após 4-6
- Peso corporal: o aumento de peso está diretamente semanas o DC volta ao normal, mas a PA continua
relacionado ao aumento da PA; exercício físico; e reduzida. Isso ocorre porque, além de agir sobre o DC,
redução da ingestão de sal. os diuréticos reduzem a RVPT.
• Diuréticos de alça:

Classes dos diuréticos:


» Tiazídicos, de alça e poupadores de potássio

• Tiazídicos:
» Ao bloquear o cotransporte ativo de sódio, cloreto e
» Age no túbulo contorcido distal; potássio, eles alimentam o débito urinário desses
» Diuréticos, em monoterapia, com frequência, eletrólitos e de outros, bem como o de água;
proporcionam um tratamento adequado na HAS leve e » Impede que os elementos sejam direcionados para o
moderada sangue, ocorrendo a eliminação através da urina.
» Na HAS grave, são usados em associação com » Diuréticos mais potentes atuam na alça de Henle (não
simpaticoplégicos e vasodilatadores diretos (para controle é um dos mais importantes na redução da
da tendência da retenção de Na+) morbimortalidade), ex. furosemida.
Mecanismo de ação dos tiazídicos: » Utilizado associado com outros fármacos;
» HAS grave, por conta de múltiplos fármacos que
causam retenção de sódio, na ICC e cirrose, onde a
retenção de sódio é acentuada, insuficiência renal

• Diuréticos poupadores de potássio:


» Úteis para evitar depleção excessiva de potássio;
» Aumentar efeitos natriuréticos de outros diuréticos;
» único diurético que não tem como efeito colateral a
perda de potássio

» Bloqueiam o co-transportador de sódio-cloreto na


membrana luminal das células tubulares. Ao fazer esse
bloqueio, o sódio não entra na célula, logo, ele vai ser
eliminado através da urina. Com isso, a água sai junto com
o sódio.
» Também abrem os Bk cálcio (canais para potássio de
larga condutância e são sensíveis ao cálcio). Na presença
do cálcio ele se abre.
» Tem mais potássio dentro da célula, logo, ao abrir um
canal de larga condutância, sai bastante potássio e a célula
fica hiperpolarizada e fica dilatada. Com isso os canais de
» Amilorida bloqueia canais para sódio. Entra menos sódio
cálcio não se abrem, e não entra cálcio, causando a não
= menos atividade da bomba de Na+ /K+ , diminuindo a
contração da célula.
secreção de K+ para o TC poupando o K+ dessa forma
que 5-10% do filtrado glomerular passe para a urina;
» Espironolactona é antagonista dos receptores de » Na HAS grave é importante para evitar taquicardia
aldosterona (RA). Ocorre redução de reabsorção de reflexa (consequência dos vasodilatadores diretos). Os
sódio e redução da excreção de potássio vasodilatadores diretos irão vasodilatar, fazendo com que
a pressão caia. Há a percepção da queda de pressão
Os diuréticos poupadores de potássio podem causar:
através dos mecanismos compensatórios do organismo,
- Hipercalemia; e ocorre estimulação do sistema nervoso simpático
(ativando beta 1), estimulando a taquicardia e aumentando
- Ginecomastia, hiperplasia prostática e impotência
a pressão através do aumento do débito cardíaco. Por
(espironolactona);
isso, os vasodilatadores diretos devem ser utilizados com
- Cálculos renais (triantereno). fármacos betabloqueadores.

β-bloqueadores e inibidores da ECA aumentam a Efeitos adversos dos betabloqueadores:


probabilidade de hipercalemia.
• Elevação dos níveis séricos de TG e redução
De modo geral, todos os diuréticos podem causar: dos níveis de HDL;
• Podem exacerbar intolerância à glicose;
» Fraquezas, câimbras, hipovolemia e disfunção erétil;
• Sedação;
» Pode causar hipopotassemia, eventualmente • Impotência;
acompanhada de hipomagnesemia, que podem induzir • Depressão.
arritmias ventriculares;
» Podem causar depleção de magnésio e aumentar
concentrações séricas de lipídeos.
2. Betabloqueadores:
» Fármacos antagonistas dos receptores Beta-
adrenérgicos. Ex. Propanolol, metoprolol e atenolol.
Mecanismo de ação:

• Suprimem os efeitos simpáticos sobre o


funcionamento cardíaco;
• Reduzem o débito cardíaco;
• Inibem a secreção de renina;
• Reduzem o tônus vasomotor – redutor da RVP

3. Fármacos bloqueadores alfa-adrenérgicos


Promovem vasodilatação em vasos de condutância e
resistência e alteram a função do SN simpático.

» Primeiro betabloqueador a ser usado na HAS foi o


Propranolol (hoje substituído por bloqueadores
cardiosseletivos – Metoprolol e Atenolol)
» Todos são úteis em reduzir PA na HAS leve e
moderada
Não são indicados para monoterapia para hipertensos; • Os IECAs reduzem PA ao reduzir RVP sem
Podem ter efeitos benéficos com relação aos perfis causar taquicardia reflexa: podendo ser usados
lipídicos de HDL, LDL e TG. em pacientes portadores de cardiopatia
isquêmica;
Efeitos adversos: • Úteis na ICC e após infarto do miocárdio
• Fenômeno de primeira dose – hipotensão • Efeitos adversos:
ortostática; » Tosse seca;
» Hipopotassemia;
• Retenção de sal e águia – administração de
» Sibilo, angiodema e hiperpotassemia (em
diuréticos.
pacientes diabéticos ou com insuficiência renal).
• Contraindicações: nos segundo e terceiro
trimestres da gravidez – risco de hipotensão
fetal, anuria e insuficiência renal, algumas vezes
associadas a malformações e morte do feto.
5. Bloqueadores dos receptores de angiotensina

ECA – enzima conversora de angiotensina


Função da angiotensina II – aumenta a pressão arterial

É um antagonista que se liga no receptor AT-1 e impede


que a angiotensina II se ligue.
Ex. Losartana, candesartana, irbesatana, valsartana e
telmisartana.
Vantagem em relação aos inibidores de ECA: não causa
tosse.
Fármacos que bloqueiam a angiotensina: - Fármacos inibidores diretos de renina:
4. IECAS: inibem a conversão de angiotensina I em • Alisquireno:
angiotensina II: - Eficiente, bem tolerado;
- Reduz PA em pacientes com hipertensão;
- Eficácia em desfechos cardiovasculares;
- Fármaco complementar – IECA, Antagonistas Anlodipino:
dos receptores AT1 e bloqueadores de canais
- Diversos estudos demonstraram a efetividade do uso
para cálcio.
deste fármaco em gatos espontaneamente hipertensos
6. Hipertensivos vasodilatadores: (Snyder, 1998; Snyder et al., 2001; Elliot et al., 2001) e gatos
com doença renal hipertensiva induzida (Mathur et al.,
2002). A proteinúria está fortemente relacionada ao
tempo de sobrevivência em gatos hipertensos e o
besilato de amlodipina é capaz de diminuí-la na maioria
dos casos.

Atuam melhor em combinação com outros fármacos


anti-hipertensivos que se opõem às respostas
cardiovasculares compensatórias.

• Efeito relaxante dos vasos sanguíneos;


• Diminuição de RVP;
• Não provoca hipotensão ortostática e nem
disfunção sexual.

6.1 Bloqueadores de canais de cálcio:

Mecanismo de ação: reduzem a excitabilidade do


coração e a frequência e promove relaxamento da
musculatura lisa arterial e redução da RVP.

Assim como os inibidores da ECA, os bloqueadores dos


canais de cálcio são bastante utilizados em medicina
veterinária, sendo, geralmente, a primeira opção de
terapia anti-hipertensiva para gatos.

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