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Cecília Gabrielle Lima Matos - 3º PERÍODO

Sistema Cardiovascular
Fármacos Anti-Hipertensivos
Os agentes anti-hipertensivos atuam nos locais de controle da PA, Essa classe de fármacos possuem seu mecanismo de ação baseado
produzindo efeitos ao interferirem nos mecanismos normais de no aumento da excreção renal de sódio e água, com consequente
regulação. Uma classificação útil desses fármacos consiste em diminuição do volume sanguíneo. A maioria deles possuem ação
dividi-los de acordo com o principal local regulador ou direta sobre as células do néfron.
mecanismo que atuam. Devido a mecanismos comuns de ação, os A capacidade de induzir um balanço hídrico negativo tornou os
fármacos dentro de cada categoria tendem a produzir um diuréticos úteis no tratamento de uma variedade de condições,
espectro semelhante de toxicidades. particularmente estados edematosos e hipertensão. Esses
fármacos possuem efeitos anti-hipertensivos quando usados
CLASSES: sozinhos e potencializam a eficácia de praticamente todas as
1. Diuréticos: aqueles que reduzem a PA pela redução do outras classes de anti-hipertensivos.
sódio corporal, diminuição do volume sanguíneo e outros Eles são efetivos na redução da PA em 10 a 15 mmHg, e quando
mecanismos. utilizados isoladamente proporcionam um tratamento adequado
2. Fármacos simpaticoplégicos ou inibidores adrenérgicos: aos pacientes com hipertensão leve ou moderada. Na
aqueles que reduzem a PA por meio da redução da RVP e do hipertensão mais grave, eles são usados em associação com os
DC. Esses agentes ainda são subdivididos de acordo com agentes simpaticoplégicos e vasodilatadores para o controle da
seus supostos locais de ação no arco reflexo simpático. tendência à retenção de sódio que esses fármacos podem causar.
3. Vasodilatadores diretos: aqueles que reduzem a PA ao Quando usados cronicamente, sobretudo em pacientes com
relaxarem o músculo liso vascular. disfunção renal, os níveis de potássio devem ser frequentemente
4. Agentes que bloqueiam a produção ou a ação da monitorados.
angiotensina: aqueles que reduzem a PA inibindo os efeitos
da angiotensina e, consequentemente, reduzem a RVP e o CLASSES DE DIURÉTICOS E LOCAIS DE AÇÃO
volume sanguíneo.

Tiazídicos
Agem no túbulo contorcido distal, inibindo a reabsorção de NaCl
para o plasma sanguíneo e estimulando a sua eliminação na urina
(natriurese).
É utilizado para HAS não complicada porque ele não possui um
potencial diurético tão grande. Por isso, muitas vezes eles são
utilizados para o tratamento inicial da HAS, sendo um anti-
hipertensivo de primeira linha.
Diuréticos Principal representante: Hidroclorotiazida.
Com o advento dos diuréticos, a restrição dietética de sódio Tem como efeitos adversos a disfunção erétil, alcalose,
passou a ser considerada menos importante no controle da PA. hipocalemia, hipomagnesemia, hiperglicemia e hiperucicemia.
Contudo, existe um consenso de que essa restrição, além de O TCD é responsável por reabsorver eletrólitos, que
tardiamente também são reabsorvidos no ducto coletor
preventiva, produz efeitos (mesmo que em graus variáveis) na
redução da PA em indivíduos hipertensos. pela aldosterona. A aldosterona age reabsorvendo o Na+
que vem desse filtrado e trocando-o por K+ e H+. A partir
do momento que esse filtrado ainda contém muito Na+
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Cecília Gabrielle Lima Matos - 3º PERÍODO


devido à ação dos tiazídicos, a aldosterona vai precisar EFEITOS ADVERSOS
tirar mais Na+ do que o normal, e consequentemente ela O efeito colateral mais comum com o uso crônico dos diuréticos
secreta mais K+ que o normal, podendo gerar a (exceto os poupadores de K+), principalmente em doses mais
hipocalemia e alcalose. altas, consiste na hipopotassemia, que pode levar à cãibras e, nos
graus mais acentuados, pode ocasionar arrtimias ventriculares.
Diuréticos de Alça Há evidências de que o seu uso crônico em altas doses pode
causar hipomagnesemia, intolerância à glicose e maior risco de
Agem na ramo ascendente espesso da Alça de Henle, inibindo a desenvolvimento de diabetes, além de elevar níveis de triglicérides,
reabsorção de NaCl para o plasma sanguíneo. Portanto, esses especialmente nos pacientes que tenham predisposição para
eletrólitos deixam de ir para a medula renal (diminuição da apresentar essas alterações metabólicas como os portadores de
osmolaridade medular) e vão embora com a água para o ducto obesidade ou síndrome metabólica. Os diuréticos também
coletor, gerando uma natriurese/diurese aumentada. aumentam as concentrações de ácido úrico e podem precipitar a
Principal representante: Furosemida. gota. Para diminuir o risco dos efeitos colaterais sem prejudicar o
São capazes de causar a eliminação de15-25% do Na+ filtrado, efeito anti-hipertensivo, recomendam-se doses mais baixas de
sendo a classe com o maior potencial diurético. diuréticos, sobretudo em associação com outros anti-
Tem como principais eventos adversos a perda excessiva de sódio, hipertensivos.
levando a uma hipovolemia grave ou hipotensão grave. Também
pode levar à hipocalemia e alcalose.
Inibidores Adrenérgicos
Poupadores de K+ Em muitos pacientes, a hipertensão é iniciada e mantida pelo
aumento da atividade simpática. Em pacientes com hipertensão
Os diuréticos poupadores de potássio impedem a secreção de K+ e moderada a grave, os fármacos mais efetivos incluem aqueles
reabsorção de Na+ ao competir com a aldosterona nos túbulos que inibem a função do SNAS.
coletores. Portanto, se a aldosterona não consegue exercer seus As subclasses desses inibidores adrenérgicos são de acordo com o
efeitos, acaba diminuindo a reabsorção de Na+ para o plasma e local que atuam e exibem diferentes padrões de toxidade potencial.
gerando natriurese. No SNAS temos duas famílias principais de receptores designadas
Eles possuem pouco efeito diurético (cerca de 2%). α e β. Eles respondem a agonistas adrenérgicos como a epinefrina
Fazem a prevenção de hipocalemia e alcalose que os outros e norepinefrina. Os receptores α, mais especificamente α1, estão
diuréticos podem causar. Além disso, foi comprovado que é um presentes em vasos sanguíneos, enquanto os receptores do tipo β
medicamento que aumenta a sobrevida de pacientes com IC, se localizam no coração e nos rins.
sendo recomendado nos casos em que há associação da IC com a
HAS. ALFABLOQUEADORES
Tem como efeito adverso a hipercalemia (devido ao acúmulo de Seu mecanismo de ação está relacionado com a redução da RVP
potássio que seria eliminado) e pode gerar desconforto mediada por ação antagonista seletiva dos receptores α1
gastrointestinal. Ele também tem ação sobre receptores vasculares.
andrógenos e de progesterona, podendo levar à ginecomastia, Os alfabloqueadores apresentam uma vantagem de terem efeito
distúrbios menstruais e atrofia testicular. neutro ou mesmo de melhora do metabolismo lipídico e glicídico,
Principal representante: Espironolactona. permitindo seu uso em pacientes com diabetes ou dislipidemias
graves. Contudo, não são medicamentos de primeira linha
Osmóticos para HAS.
Há diferenças nas ações entre os tipos de alfabloqueadores, pois
Ele atua puxando água por todo néfron, principalmente no
os receptores α adrenérgicos apresentam seletividades distintas:
túbulo proximal e no ramo descendente da Alça de Henle. Ele
SUBTIPOS DOS AÇÕES
consegue ser filtrado em nosso glomérulo, entra no túbulo e não é
RECEPTORES α
reabsorvido. A presença de um soluto não reabsorvível, como o
manitol, impede a reabsorção normal de água ao interpor uma Contração da maioria dos músculos lisos
vasculares, do coração, da próstata, e do músculo
força osmótica contrária. Além disso, por meio de seus efeitos α1 dilatador pupilar.
osmóticos, opõem-se também à ação do ADH no túbulo coletor. Eriça o pelo devido à sua ação no músculo liso
Portanto, ele consegue prender água por todo o néfron, pilomotor.
aumentando a diurese. Atua em neurônios pós-sinápticos do SNC
Para obter um efeito sistêmico, precisa ser administrado por via exercendo múltiplas ações.
intravenosa em situações de emergência. Não é muito utilizado. Estimula a agregação plaquetária.
Principal representante: Manitol. α2 Contração de músculos lisos vasculares.
Inibe a lipólise nas células adiposas.
Inibe a liberação de neurotransmissores em
Inibidores da Anidrase Carbônica terminais nervosos adrenérgicos e colinérgicos.
Era utilizado como diurético pois aumenta a concentração de
bicarbonato na urina, aumentando a diurese devido ao seu poder
osmótico. Contudo, hoje em dia é mais utilizado para alcalinar a
Prazosina, Doxazosina e Terazosina
urina. São alfabloqueadores α1 seletivos que produzem a maior parte de
Principal representante: Acetazolamida. seus efeitos antihipertensivos por meio do bloqueio α1 nas
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Cecília Gabrielle Lima Matos - 3º PERÍODO


arteríolas e vênulas. Esses agentes provocam menos taquicardia ocorre em consequência do tratamento com vasodilatadores
quando reduzem a PA do que os antagonistas α não seletivos diretos.
como a Fentolamina, por não ter a ação inibitória do α2.
Em virtude de seus efeitos benéficos em homens com hiperplasia  Efeitos Adversos
prostática benigna, possuem indicação compulsória nesse grupo Os principais efeitos tóxicos do propranolol resultam da sua não
de pacientes quando apresentam essa condição associada à HAS. seletividade, afinal, o bloqueio dos receptores β cardíacos e
A meia vida da prazosina é de apenas 3 horas, a da terazosina é de brônquicos pode gerar bradicardia e broncoconstrição, não sendo
9-12 horas e a doxazina de 22 horas. recomendado para pacientes asmáticos, diabéticos e bradicárdicos.
Além disso, a suspensão abrupta do tratamento após uso
 Efeitos Adversos prolongado pode levar a uma síndrome de abstinência, que se
Ocorre retenção de sal e de água quando esses fármacos são manifesta por nervosismo, taquicardia, angina e elevação da PA.
administrados sem diuréticos.
Existe também o fenômeno da 1ª dose, em que seus efeitos como
a hipotensão ortostática (30-90min após a primeira dose do
Metoprolol e Atenolol
fármaco), tontura, palpitação, cefaleia e fadiga podem vir muito São betabloqueadores cardiosseletivos (β1) e mais amplamente
proeminentes. Por isso é importante iniciar com uma dose usados no tratamento da HAS. A potência do Metoprolol
pequena e com o paciente em decúbito, devendo ser usado com aproxima-se do Propranolol na inibição dos receptores β1
cautela em idosos. adrenérgicos. A meia vida do metoprolol é de 4-6 horas e o
Outro efeito que limita seu uso crônico é o surgimento de atenolol de 6 horas.
tolerância às doses terapêuticas, exigindo o uso de doses A cardiosseletividade relativa é vantajosa no tratamento de
gradativamente maiores para se obter o mesmo efeito hipotensor. pacientes hipertensos que também apresentam asma, diabetes ou
doença vascular periférica. Embora a cardiosseletividade não seja
BETABLOQUEADORES completa, o metoprolol provoca menos constrição brônquica do
Seu mecanismo de ação está relacionado com a redução parcial do que o propranolol.
DC, diminuição da liberação de renina pelo aparelho Já o atenolol é menos efetivo que o metaprolol na prevenção das
justaglomerular dos rins, ação nos barorreceptores e diminuição complicações da HAS.
das catecolaminas nas sinapses dos neurônios.
Não são medicamentos de primeira linha para HAS. Foi Carvedilol, Labetalol e Nebivolol
constatado que eles reduzem a taxa de mortalidade após IAM, e
Esses fármacos exercem efeitos tanto β-bloqueadores como
reduzem a mortalidade em pacientes com IC; esses fármacos são
vasodilatadores. O Nebivolol é β1 seletivo e tem um efeito
particularmente vantajosos para o tratamento da hipertensão em
vasodilatador indireto, por meio da liberação endotelial do óxido
pacientes com essas condições.
nítrico. O carvedilol possui meia vida de 7-10 horas, enquanto o
Há diferenças nas ações entre os tipos de betabloqueadores, pois
nebivolol de 10-12 horas.
os receptores β adrenérgicos apresentam seletividades distintas:
Em virtude da sua atividade alfa e β-bloqueadora combinada, o
uso clínico do Labetalol não é tanto para a HAS crônica, e sim
SUBTIPOS DOS AÇÕES para emergências hipertensivas.
RECEPTORES β

β1
Aumento da força de contração do coração e FC.
Aumento da liberação de renina pelas células
Esmolol
justaglomerulares do rim. É um bloqueador β1 seletivo com meia vida de apenas 10 minutos.
Seu uso clínico é para HAS intra e pós operatória e emergências
Promove o relaxamento de músculos lisos hipertensivas. Sua administração é de forma intravenosa
respiratórios, uterinos e vasculares. constante.
β2 Captação de potássio no músculo esquelético.
Ativação da glicogenólise no fígado. AGENTES DE AÇÃO SIMPÁTICA CENTRAL
β3 Ativação da lipólise nas células adiposas. Apesar de ter sido uma das primeiras classes terapêuticas usadas
para o controle da pressão arterial, com comprovada eficácia, o
uso desses agentes como monoterapia no tratamento da
hipertensão arterial é extremamente limitado por causa da
Propranolol elevada incidência de eventos adversos quando empregados em
Seu mecanismo de ação é por meio do bloqueio β não-seletivo. Ele doses muito altas.
se acopla ao receptor e impede que a norepinefrina se ligue. Seu mecanismo de ação é através da diminuição direta do tônus
Assim reduz o DC, inibe a produção de renina e reduz a simpático cardíaco e vascular, ao estimular os receptores α2,
vasoconstrição. resultando em vasodilatação e redução da RVP e da FC. Portanto,
Na atualidade, o propranolol foi substituído em grande parte por a PA diminui, assim como possíveis manifestações adrenérgicas
bloqueadores cardiosseletivos como o metoprolol e atenolol. associadas podem ser atenuadas ou desaparecer.
São úteis para reduzir a pressão arterial na hipertensão leve a A despeito do efeito hipotensor discreto como monoterapia,
moderada. Na hipertensão grave, os β-bloqueadores mostram-se podem ser úteis quando utilizados em associação com
úteis na prevenção da taquicardia reflexa, que com frequência medicamentos de outras classes, como diuréticos,
particularmente quando há evidência clínica de hiperatividade
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Cecília Gabrielle Lima Matos - 3º PERÍODO


simpática ou em pacientes que apresentam muita ansiedade. sanguíneas, possivelmente devido à intensa ligação ao tecido
Como não interferem no perfil metabólico, servem como opções vascular.
para associação com outras classes em pacientes com diabetes Seus efeitos adversos mais comuns consistem em cefaleia,
e/ou dislipidemias. náuseas, anorexia, palpitações, sudorese e rubor. Também pode
Os efeitos mais observados com o uso dessa classe são ser observadas angina ou arritmias isquêmicas. Com doses muito
decorrentes, em sua maioria, da ação direta no sistema nervoso altas, pode-se desenvolver uma síndrome caracterizada por
central, como: sedação, boca seca, sonolência, astenia, hipotensão artralgia, mialgia, erupções cutâneas e febre, que se assemelha ao
postural e impotência sexual. lupus eritematoso e é revertida com a suspensão da hidralazina.

Metildopa Minoxidil
É recomendada como antihipertensivo de primeira escolha para o Possui maior efeito antihipertensivo potencial. Seu mecanismo de
tratamento da HAS durante a gestação, pois apresenta segurança ação é por meio da abertura dos canais de potássio nas
favorável tanto da mãe quanto do feto, sendo a dose mácima membranas musculares lisas pelo sulfato de minoxidil, o
2g/dia. metabólito ativo. O aumento da permeabilidade ao potássio
Pode provocar como efeitos adversos a galactorreia, anemia e estabiliza a membrana em seu potencial de repouso e torna
disfunção hepática, sendo contraindicada nos casos de menos provável a contração. Assim como a hidralazina, dilata as
insuficiência hepática. artérias, mas não as veias.
Por ser mais potente, ele deve substituir a hidralazina nos casos
Clonidina em que ela, quando administrada em doses máximas, não é
efetiva, ou nos pacientes com insuficiência renal e HAS grave que
A ação antihipertensiva da Clonidina é por meio da estimulação não respondem de modo satisfatório à hidralazina.
direta dos receptores α nas arteríolas, mas algumas evidências Em relação à toxicidade, observa-se a ocorrência de taquicardia,
constatam que também exerce efeito hipotensor no bulbo, palpitações, angina e edema quando são administradas doses
reduzindo o tônus simpático e aumentando o tônus inadequadas de diuréticos e betabloqueadores combinados.
parassimpático, o que leva à redução da PA, redução do nível de Também são comuns a cefaleia, sudorese e hipertricose
catecolaminas e bradicardia. (“síndrome do lobisomen”).
Quando usada em altas doses, pode levar à HAS rebote quando O minoxidil ilustra como a toxidade em uma pessoa pode
suspensa abruptamente. Por esse motivo, os pacientes que a transformar-se em terapia para outra pessoa, sendo amplamente
utilizam devem ser muito bem orientados quanto ao uso usado também como estimulante do crescimento capilar.
adequado.
VASODILATADORES PARENTERAIS
Vasodilatadores Nitroprusseto de Sódio
Essa classe tem como característica principal a ação direta sobre o É um poderoso vasodilatador usado no tratamento de
músculo liso da parede vascular, levando ao relaxamento das emergências antihipertensivas, bem como na IC grave. Ele reduz
arteríolas e consequente vasodilatação. Isso proporciona uma rapidamente a PA, porém seus efeitos desaparecem em 1 a 10
diminuição da RVP e resulta na queda da PA. minutos após a suspensão do fármaco.
São utilizados preferencialmente em associação com diuréticos O nitroprusseto é um complexo de ferro, grupos cianeto e
e/ou betabloqueadores em razão da retenção de volume e componente nitroso. É rapidamente metabolizado por meio de
aumento da FC associados. sua captação nos eritrócitos, com liberação de óxido nítrico e
cianeto. Ele dilata os vasos tanto arteriais como venosos.
Em virtude de sua eficácia e do rápido início de seu efeito, ele
deve ser administrado em monitoração contínua da PA por meio
de registro intra-arterial.
Além da redução excessiva da PA, a toxicidade mais grave do
nitroprusseto está relacionada com o acúmulo de cianeto; foi
constatada a ocorrência de acidose metabólica, arritmias,
hipotensão excessiva e morte.

Diazóxido
É um vasodilatador arteriolar efetivo e de ação relativamente
longa (tem meia vida de 24 horas), usado também em
emergências antihipertensivas. A injeção de diazóxido resulta em
VASODILATADORES ORAIS
rápida queda da RVP e da PA média. O efeito de redução da PA
Hidralazina após sua injeção rápida está estabelecido em 5 minutos e persiste
por 4 a 12 horas.
Responsável por dilatar as artérias, mas não as veias. Hoje em dia
é usada sobretudo de forma combinada para tratamento da HAS Sugere-se que seu mecanismo de ação é impedindo a contração
grave. Sua meia vida varia de 1-3 horas, porém os efeitos do músculo liso vascular ao abrir os canais de potássio e ao
vasculares persistem por mais tempo do que as concentrações estabilizar o potencial de membrana em repouso.
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Seu efeito hipotensor é maior quando os pacientes são atividade do sistema nervoso simpático (menor liberação de
previamente tratados com betabloqueadores para evitar a noradrenalina nos neurônios terminais), menor retenção de sódio
taquicardia e o aumento associado do DC. por redução da secreção de aldosterona e/ ou por aumento do
Seu efeito tóxico mais significativo é a hipotensão excessiva, se fluxo de sangue renal, e pela diminuição na formação de
administrado em altas doses. Essa hipotensão tem produzido AVE endotelina. Além de inibirem a ECA, eles também impedem a
e IAM. Ele também pode provocar retenção renal de sal e água, degradação da bradicinina, um potente vasodilatador que atua
mas isso raramente representa um problema visto que ele é estimulando a liberação de NO.
apenas utilizado por curtos períodos de tempo. Ao contrário dos vasodilatadores diretos, esses agentes não
resultam em ativação simpática reflexa e podem ser utilizados
Fenoldopam com segurança em indivíduos portadores de cardiopatia
isquêmica. Inclusive existem fortes evidências de que a morbidade
É um dilatador arteriolar periférico, usado em emergências e a mortalidade cardiovasculares diminuem significativamente
antihipertensivas e na hipertensão pós-operatória. Atua em hipertensos tratados com IECA. Há evidências também de que
principalmente pela ativação dos receptores de D1 dopamínicos. essa classe é efetiva na prevenção e na regressão de lesões de
Apresenta meia vida de 10 minutos e é administrado por infusão órgãos-alvo em hipertensos, sobretudo hipertrofia cardíaca e do
intravenosa contínua. remodelamento vascular.
Assim como os outros vasodilatadores, os principais efeitos De uma forma geral, os IECA são bem tolerados, não têm
tóxicos consistem em taquicardia, cefaleia e rubor. O fenoldopam interferência na qualidade de vida e muitos pacientes relatam
também aumenta a pressão intraocular e deve ser evitado em sensação de bem-estar com seu uso. O efeito adverso mais
pacientes com glaucoma. comumente descritos pelos pacientes que usam os IECA é a tosse
seca, decorrente do acúmulo de bradicinina. Em pacientes
BLOQUEADORES DOS CANAIS DE CÁLCIO (BCC) hipertensas durante a gravidez, os IECA são contraindicados pelo
São uma classe de medicamentos de primeira linha para risco de complicações fetais. Por isso, sua indicação deve ser
tratamento da HAS. O mecanismo principal pelo qual eles cautelosa em adolescentes e mulheres em idade fértil, que devem
reduzem a PA decorre da diminuição da RVP por redução do ser orientadas quanto a não engravidar enquanto em uso da
influxo de cálcio nas células musculares lisas vasculares. medicação.
Dentre os BCC, devem ser usados preferencialmente aqueles que Representantes: captopril, enalapril, benazepril...
tenham duração de ação mais prolongada. Os bloqueadores dos
canais de cálcio de liberação retardada, ou aqueles com meias-
vidas longas, proporcionam um controle mais uniforme da PA e BRA
são mais apropriados para o tratamento da hipertensão crônica. São os agentes bloqueadores dos receptores AT1 da Angiotensina
As doses de BCC utilizadas no tratamento da HAS assemelham-se II. O principal mecanismo de ação anti-hipertensiva dos BRA é a
àquelas recomendadas para tratamento da angina. inibição da ação da angiotensina II nos receptores AT1 pelo seu
Há dois subtipos de BCC com um mesmo mecanismo bloqueio, além de proporcionar ação mais efetiva da angiotensina
vasodilatador comum, mas com características farmacológicas II nos receptores AT2, que gera vasodilatação por aumento
diferentes: indireto da produção de óxido nítrico.
Esses fármacos não exercem nenhum efeito sobre o metabolismo
Di-Hidropiridinas da bradicinina e, portanto, são bloqueadores mais seletivos dos
efeitos da Angiotensina do que os IECA.
São mais seletivos como vasodilatadores e exercem menos efeito Os BRA são associados com taxas significantemente mais baixas
depressor cardíaco. de abandono de tratamento do que as demais classes de anti-
Representantes: Anlodipino e Nifedipino. hipertensivos, e apresentam efeitos adversos semelhantes aos do
IECA, com excessão da tosse seca, podendo ser um tratamento
Não Di-Hidropiridinas substituto.
Representantes: losartana, valsartana, candesartana...
Possuem maior efeito depressor sobre o coração, podendo
diminuir tanto a FC quando o DC.
Representantes: Verapamil e Diltiazem (estão disponíveis para via
intravenosa quando a terapia oral não é possível).

Inibidores da angiotensina
Duas classes principais de fármacos atuam de modo específico
sobre o SRAA: os IECA e os BRA.

IECA
São os inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina (ECA).
Seu mecanismo hipotensor, portanto, é por meio da diminuição
dos níveis circulantes da angiotensina II. A inibição da ECA pode
reduzir a PA por outros mecanismos como diminuição de
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Cecília Gabrielle Lima Matos - 3º PERÍODO

Exames complementares para a propedêutica da HAS


 Avaliação da PA durante o sono e/o descenso vigília/sono
MAPA ou MRPA (por ex: suspeita de HAS noturna, apneia obstrutiva do sono,
doença renal crônica, diabetes, HAS endócrina ou disfunção
Recomenda-se que o diagnóstico de HAS seja baseado em endócrina)
medições repetidas da PA em consultório, em mais de uma  Investigação de hipotensão postural e pós-prandial em
consulta, ou pela medida de PA fora do consultório com MAPA pacientes não tratados e tratados
(monitorização ambulatorial da pressão arterial nas 24 horas) ou  Presença de grande variabilidade da PA no consultório
MRPA (monitorização residencial da pressão arterial), desde que  Confirmação do diagnóstico da HAS resistente
essas medidas sejam viáveis.
As aferições, no caso da MAPA – em que o paciente fica 24 horas
com um equipamento no braço para monitorar a pressão –,
devem ser feitas pelo menos 16 vezes durante o dia e outras 8 à
noite – ou leituras a cada 20 minutos no dia e a cada 30 minutos
na noite.

Exames laboratoriais
Os exames complementares de rotina são básicos, de fácil
disponibilidade e interpretação, baixo custo e obrigatórios para
todos os pacientes com HAS, pelo menos na primeira consulta e
anualmente, para pesquisar possíveis lesões em órgãos-alvo e
Já a monitorização residencial da PA, ou MRPA, constitui-se em
investigar a presença de outras doenças para orientação
uma técnica na qual o paciente deverá realizar medidas da PA em
terapêutica mais completa e avaliação do risco cardiovascular.
casa e levará os resultados ao médico. O ideal é utilizar um
Outros exames podem ser necessários para as populações
aparelho de pressão automático de braço e realizar 3 aferições
indicadas.
pela manhã e outras 3 no início da noite. As leituras são feitas
São recomendados:
durante cinco ou sete dias. Há um treinamento prévio ao paciente
 Dosagem sérica de potássio
e à família para que o aparelho seja utilizado de forma adequada.
 Ácido úrico
Com base nos dados registrados ao longo da MRPA, o médico faz  Creatinina
uma média para determinar o valor da pressão.
 Glicemia em jejum
 Perfil lipídico (colesterol total, HDL e triglicérides).
Vantagens e desvantagens da medida da PA fora do
 Sumário de urina
consultório:
 Eletrocardiograma convencional, para possível detecção de
MAPA MRPA hipertrofia ventricular esquerda.
• Leituras norturnas • Baixo custo e
• Permite medições amplamente disponível
em condições de vida • Medição em um Exames adicionais
real ambiente domiciliar que Alguns exames adicionais devem ser realizados em populações
• Uso em pacientes pode ser mais relaxado do específicas para acompanhamento da HAS, como:
com cognição que o do consultório
Vantagens  Radiografia de tórax: tem indicação no acompanhamento
prejudicada • Permite avaliar a
• Permite avaliar a variabilidade da PA no dia
do paciente hipertenso nas situações de suspeita clínica de
variabilidade da PA a dia acometimento cardíaco e/ou pulmonar ou para a avaliação
em curtos intervalos • Envolvimento do de hipertensos com acometimento de aorta em que o
de tempo paciente na medição da PA ecocardiograma não está disponível.
• Maior adesão ao  Ecocardiograma: é mais sensível que o eletrocardiograma
tratamento quanto ao diagnóstico de hipertrofia do ventrículo esquerdo
• Custo elevado • Somente PA em repouso (HVE) e agrega valores na avaliação de formas geométricas
• Disponibilidade • Potencial para erro de de hipertrofia e tamanho do átrio esquerdo, nas funções
Desvantagens limitada medição sistólica e diastólica. Está indicado quando houver indícios
• Pode ser • Não tem leitura noturna
de HVE no eletrocardiograma ou em pacientes com suspeita
desconfortável
clínica de insuficiência cardíaca. Considera-se HVE quando a
massa do ventrículo esquerdo indexada para a superfície
Desse modo, as principais indicações para MAPA/MRPA são:
corpórea é igual ou superior a 116g/m2 no homem e 96g/m2
 Avaliação de sintomas sugestivos de hipotensão durante o
na mulher.
tratamento
 Albuminúria ou relação proteinúria/creatininúria ou
 Indivíduos com resposta exacerbada da PA ao exercício
albuminúria/creatininúria: exame útil para os hipertensos
 Avaliação do controle da HAS especialmente em pacientes de
diabéticos, com síndrome metabólica ou com dois ou mais
alto risco CV.
fatores de risco, pois mostrou prever eventos
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Cecília Gabrielle Lima Matos - 3º PERÍODO


cardiovasculares fatais e não fatais (valores normais
<30mg/g de creatinina).
 Ultrassonografia de carótidas: indicado na presença de
sopro carotídeo, sinais de doença cerebrovascular ou
presença de doença aterosclerótica em outros territórios. O
aumento na espessura íntima-média (EIM) das carótidas
e/ou a identificação de placas de aterosclerose prediz a
ocorrência de acidentes vasculares cerebrais e infarto do
miocárdio, independentemente de outros fatores de risco CV.
Valores da EIM > 0,9 mm têm sido considerados como
anormais, assim como o encontro de placas ateroscleróticas.
 Ultrassonografia renal ou com Doppler: necessária em
pacientes com massas abdominais ou sopro abdominal.
 Hemoglobina glicada: indicada quando a glicemia de jejum
for maior que 99 mg/dL, na presença de história familiar ou
de diagnóstico prévio de DM2 e obesidade.
 Teste ergométrico: está indicado na suspeita de doença
coronária estável, diabetes melito ou antecedente familiar
para doença coronária em pacientes com pressão arterial
controlada.
 Medida da velocidade da onda de pulso (VOP), quando
disponível: indicada em hipertensos de baixo e médio risco,
sendo considerado um método útil para avaliação da rigidez
arterial, ou seja, do dano vascular. VOP com valores acima
de 10m/s são considerados anormais na população em geral.
 Ressonância magnética do cérebro: indicada em pacientes
com distúrbios cognitivos e demência para detectar infartos
silenciosos e micro-hemorragias.

REFERÊNCIAS:
Tratado de cardiologia. SOCESP. Fernanda M. Consolim-Colombo, Maria
Cristina de Oliveira Izar, José Francisco Kerr Saraiva. 4. ed. São Paulo: Manole,
2019.
KATZUNG, Bertram G.; TREVOR, Anthony J. (Orgs.). Farmacologia básica e
clínica. 13 ed. Porto Alegre: AMGH, 2017.
Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. Sociedade Brasileira de
Cardiologia. 2020.

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