Você está na página 1de 22

TUTORIA 06|09

1) Explique o mecanismo de ação do losartana e hidroclorotiazida.

LOSARTANA
Antagonismo dos Receptores AT1 da Angiotensina II (ARA II).
Por antagonizar os efeitos da angiotensina II, a losartana relaxa a
musculatura lisa e com isso promove vasodilatação, aumenta a excreção
renal de sódio e água, reduz o volume plasmático, e diminui a hipertrofia
celular. Não interfere com a atividade da enzima conversora de angiotensina
(ECA) e assim, não inibe a degradação de bradicinina e substância P.

REFERÊNCIA: Boletim Farmacoterapêutico | Nº 27 Informativo da Comissão


de Farmácia e Terapêutica Secretaria Municipal da Saúde de Ribeirão Preto |
LOSARTANA POTÁSSICA.

A angiotensina II tem ação vasoconstritora e de maior absorção de sódio


pelos rins, de forma indireta pela síntese de aldosterona, levando,
consequentemente, a um aumento da reabsorção de água e aumento da
pressão arterial. A losartana age no corpo impedindo a ligação da
angiotensina II no seu receptor, levando a uma menor produção de
aldosterona, responsável pelo controle hídrico e pressórico do corpo.

Farmacodinâmica e Farmacocinética

A principal ação do losartana é resultante do bloqueio do receptor tipo I (AT1)


da AII, resultando em inibição da vasoconstrição e diminuição da síntese de
aldosterona. Tem sido demonstrado que pacientes com falha cardíaca
crônica apresentaram significativa melhora nas condições hemodinâmicas
após receberem tratamento com losartan (50 mg uma vez ao dia) durante 12
semanas. O losartan não deve ser utilizado em pacientes portadores de
hiper-aldosteronemia, estenose de válvula mitral ou hipertensão
cardiomiopatia. Estudos envolvendo antagonistas de AII tipo II (AT2) estão
ainda em fase inicial. Esses estudos são de vital importância, em vista dos
efeitos fisiopatológicos mediados por esses receptores. A biodisponibilidade
oral do losartan é de cerca de 33%, e a sua absorção não é influenciada
pelos alimentos. O losartan é metabolizado para um metabólito ativo que
apresenta uma meia-vida maior da observada para o losartan. Após a
administração oral ou intravenosa, a conversão para o metabólito ativo é de
aproximadamente 14%. Tanto o losartan quanto o metabólito ativo ligam-se
fortemente a proteínas plasmáticas (cerca de 99% e 99,7%, respectivamente
107). O Cmáx é de aproximadamente 300 µg/l e o EC50 (em termos de
redução da pressão arterial) é de 32 µg/l. O volume de distribuição é de 34 l
para o losartan e 10 l para o seu metabólito ativo. O losartan apresenta uma
meia-vida de eliminação terminal (t1/2β) de 2 horas; para o metabólito ativo o
valor varia entre 6 e 9 horas. Um terço da excreção é pela via urinária e o
restante por excreção biliar. O clearance plasmático médio do losartan (após
administração intravenosa) é de 8,1 ml/min/kg. Para o metabólito, o s renal
médio é de 0,92 ml/min/kg, sendo que 55% da dose equivalente é excretado
por esta via.

Indicações

● Tratamento de hipertensão arterial sistêmica.


● Tratamento de hipertensão com hipertrofia ventricular esquerda
● Tratamento de insuficiência cardíaca crônica
● Tratamento de hipertensão e diabetes tipo 2 com doença renal

Contraindicações

● Alergia a qualquer um dos componentes do medicamento.


● Grávidas no segundo ou terceiro trimestre de gestação
● Histórico de angioedema
● Pacientes portadores de desequilíbrio hidroeletrolítico
● Portadores de insuficiência hepática grave
● Portadores de insuficiência renal
● Portadores de hiperaldosteronismo primário
● Portadores de doença cardíaca coronariana e vascular cerebral
● Portadores de nefropatia diabética
● Paciente com problemas hereditários raros de intolerância à galactose,
deficiência de lactase de Lapp ou má-absorção da glicose-galactose.

Efeitos adversos mais comuns

● Agravamento de funções renais em caso de desidratação, hipotensão


● Hipercalemia
● Hipotensão arterial
● 4% dos pacientes apresentaram diarreia
Interações medicamentosas

● Há redução dos níveis de metabólito ativo quando combinados com


rifampicina e fluconazol.
● O uso com fármacos diuréticos poupadores de potássio, podem
aumentar os níveis de potássio sérico.
● O efeito anti-hipertensivo pode ser diminuído por AINEs,incluindo
inibidores seletivos da cicloxigenase-2, e ainda, para aqueles
pacientes com função renal comprometida, a combinação desses
medicamentos pode gerar maior deterioração da função renal, levando
a uma insuficiência renal aguda.
● Sua administração junto a inibidores da ECA está associada ao
aumento das reações adversas como: hipotensão, hipercalemia e
diminuição da função renal.

REFERÊNCIA: Sanar | Resumo de Losartana | Ligas, 2020.

HIDROCLOROTIAZIDA
A hidroclorotiazida age diretamente sobre os rins, atuando sobre o
mecanismo de reabsorção de eletrólitos no túbulo contornado distal. Aumenta
a excreção de sódio e cloreto (em quantidades aproximadamente
equivalentes) e, consequentemente, de água. A natriurese pode ser
acompanhada de alguma perda de potássio. Como outros diuréticos
tiazídicos, reduz a atividade da anidrase carbônica aumentando a excreção
de bicarbonato: contudo este efeito é geralmente de pequena intensidade em
comparação ao seu efeito sobre a excreção de cloreto, e não altera
consideravelmente o equilíbrio ácido-base nem o pH urinário. Além do efeito
diurético a hidroclorotiazida como outros tiazídicos, apresenta leve efeito
anti-hipertensivo. O mecanismo da ação anti- hipertensiva dos tiazídicos
parece estar relacionado com a excreção e redistribuição do sódio. A
hidroclorotiazida não altera a pressão arterial normal. A hidroclorotiazida é
rapidamente absorvida pelo trato gastrointestinal. A ingestão concomitante de
alimentos aumenta sua absorção. Distribui-se preferencialmente ligada aos
eritrócitos, sendo o volume de distribuição de 3,6 a 7,8 l/kg. Atravessa a
barreira placentária e é excretada no leite materno, não atravessando, porém,
a barreira hematoencefálica. A ligação às proteínas plasmáticas é de 68%. A
hidroclorotiazida não sofre metabolismo. Sua meia-vida plasmática é bifásica,
sendo a fase inicial de 3 a 4 horas e a meia-vida terminal de 10 a 17 horas. O
início de ação ocorre 2 horas após sua administração, sendo de 1 a 2 horas,
após administração oral, o tempo de atingimento da concentração máxima
plasmática. A ação da hidroclorotiazida persiste por aproximadamente 6 a 12
horas. É excretada rapidamente pelos rins, após a administração de 25 a
100mg, por via oral, cerca de 72 a 97% da dose são excretados na urina.
Estudos realizados em animais demonstraram que as doses tóxicas de
hidroclorotiazida são muito mais elevadas que as doses terapêuticas. Testes
in vitro e in vivo não demonstraram potencial mutagênico nem
comprometimento da fertilidade pelo fármaco. A toxicidade clínica é
relativamente rara e geralmente resulta de hipersensibilidade inesperada. Em
raras ocasiões, e por fatores desconhecidos, o tratamento prolongado com
tiazídicos pode induzir hipercalcemia e hipofosfatemia, simulando
hiperparatireoidismo. Em pacientes com cirrose hepática, foi atribuída ao
tratamento com triazídicos deterioração da função mental, incluindo princípio
de coma. As tiazidas causam aumento na concentração de colesterol e
triglicerídeos no plasma por mecanismos desconhecidos. Não se sabe se
esse efeito aumenta o risco de aterosclerose.

Indicações

A hidroclorotiazida tem indicação no tratamento da hipertensão arterial, quer


isoladamente ou em associação com outros fármacos anti-hipertensivos.
Pode ser ainda utilizado no tratamento dos edemas associados com
insuficiência cardíaca congestiva, cirrose hepática e com a terapia por
corticosteróides ou estrógenos. Também é eficaz no edema relacionado a
várias formas de disfunção renal, como síndrome nefrótica, glomerulonefrite
aguda e insuficiência renal crônica.

Contraindicações

A hidroclorotiazida é contraindicada para os pacientes com advertência e


aqueles que apresentem hipersensibilidade à hidroclorotiazida ou outros
fármacos derivados da sulfonamida.

Precauções e Advertências

A hidroclorotiazida deve ser usada com cautela em pacientes com doença


renal grave, pois os tiazídicos podem precipitar o aparecimento de azotemia.
Reações de sensibilidade podem ocorrer em pacientes com ou sem história
de alergia ou asma brônquica. Os tiazídicos devem ser usados com cuidado
em pacientes com insuficiência hepática ou doença hepática progressiva,
pois pequenas alterações no balanço hidroeletrolítico podem precipitar o
coma hepático. Todos os pacientes em uso de tiazídicos devem ser
cuidadosamente observados quanto ao aparecimento de sinais clínicos de
distúrbios hidroeletrolíticos, principalmente hiponatremia, alcalose
hipoclorêmica e hipopotasemia. Deve-se proceder a avaliação periódica dos
eletrólitos séricos. As determinações eletrolíticas urinárias e séricas são
particularmente importantes quando o paciente apresenta vômitos excessivos
ou recebe fluidos parenterais. Sinais de advertência ou sintomas de
desequilíbrio de fluidos e eletrólitos incluem secura na boca, sede, fraqueza,
letargia, sonolência, dores musculares ou cólicas, fadiga, hipotensão arterial,
taquicardia e distúrbios gastrintestinais. Especialmente quando a diurese for
brusca e em casos de cirrose grave, ou durante o uso concomitante e
prolongado de corticosteróides ou ACTH, pode desenvolver-se
hipopotassemia As tiazidas demonstraram aumentar a excreção urinária de
magnésio, podendo resultar em hipomagnesemia . Pode ocorrer
hiperuricemia, ou mesmo gota, em certos pacientes recebendo tiazídicos. Se
houver aparecimento de deficiência renal progressiva, suspender ou
descontinuar a terapia diurética. As tiazidas atravessam a barreira
placentária, sendo encontradas no sangue do cordão umbilical, e são
excretadas no leite materno. O uso das tiazidas em mulheres grávidas ou
lactantes requer que os benefícios sejam avaliados contra os possíveis riscos
que poderão causar ao feto ou lactente, uma vez que não há estudos bem
controlados sobre o uso deste grupo de substâncias em mulheres grávidas.

Interações medicamentosas

A hidroclorotiazida, assim como outras tiazidas, pode aumentar ou


potencializar a ação de outros fármacos anti-hipertensivos. Pode, também,
interferir sobre as necessidades de insulina nos pacientes diabéticos e
reduzir o efeito de hipoglicemiantes orais. Se houver diabetes latente, ele
pode se manifestar durante o tratamento com os tiazídicos. As tiazidas
podem aumentar a resposta à d-tubocurarina. Em alguns pacientes a
administração de agentes anti-inflamatórios não esteroides pode reduzir os
efeitos diuréticos, natriuréticos e anti-hipertensivos das tiazidas. Portanto,
quando a hidroclorotiazida e agentes anti-inflamatórios não esteróides são
utilizados concomitantemente, o paciente deverá ser observado atentamente
para determinar se o efeito desejável do diurético foi obtido.

Interferência em exames laboratoriais

As tiazidas podem diminuir os níveis séricos de iodo conjugado à proteína,


sem sinais de distúrbios da tireoide. Deve-se suspender a administração de
hidroclorotiazida antes de se realizarem testes de função da paratireoide.

Reações adversas

A hidroclorotiazida é geralmente muito bem tolerada, mas eventualmente


podem ocorrer as seguintes reações adversas: -Gastrintestinais: anorexia,
desconforto gástrico, náuseas, vômitos, constipação, icterícia colestática,
pancreatite. -Sistema Nervoso Central: vertigens, parestesia, cefaleia.
-Hematológicas: leucopenia, agranulocitose, trombocitopenia, anemia
aplástica, anemia hemolítica. -Cardiovasculares: hipotensão ortostática (pode
ser potencializada pelo álcool, barbitúricos ou narcóticos).
Hipersensibilidade: púrpura, fotossensibilidade, urticária, erupção cutânea,
reações anafiláticas. - Outras: hiperglicemia, glicosúria, hiperuricemia,
fraqueza, espasmo muscular.

Posologia e modo de usar

A terapia deve ser individualizada de acordo com a resposta do paciente. A


dose deve ser ajustada para se obter a resposta terapêutica desejada, bem
como para determinar a menor dose capaz de manter esta resposta.

Adultos

Hipertensão -Dose inicial: 50 a 100 mg/dia, em uma só tomada pela manhã


ou em doses fracionadas. Após 1 semana ajustar a posologia até se
conseguir a resposta terapêutica desejada sobre a pressão sanguínea.
Quando a hidroclorotiazida é usada com outro agente anti-hipertensivo, a
dose deste último deve ser reduzida para prevenir a queda excessiva da
pressão arterial. Edema -Dose inicial: 50 a 100mg uma ou duas vezes ao dia,
até obter o peso seco do paciente. -Dose de manutenção: a dose de
manutenção varia de 25 a 200 mg por dia ou em dias alternados, de acordo
com a resposta do paciente. Com a terapia intermitente é menor a
probabilidade de ocorrência de distúrbios hidroeletrolíticos.

Lactentes e crianças

Até 2 anos de idade: dose diária total de 12,5 a 25 mg administrada em duas


tomadas. -De 2 a 12 anos de idade: dose de 25 a 100mg, administrada em
duas tomadas .- A dose pediátrica diária usual deve ser baseada em 2 a 3
mg/kg de peso corporal, ou a critério médico, dividida em duas tomadas.

Superdosagem

Os sinais e sintomas mais comuns da superdosagem são ligados aos


distúrbios eletrolíticos e à desidratação. Recomendam-se medidas gerais de
suporte, emése provocada (ou lavagem gástrica), correção do distúrbio
eletrolítico e da desidratação.

Pacientes idosos

O uso em pacientes idosos, geralmente mais sensíveis aos medicamentos,


em especial aos diuréticos, deve ser cuidadosamente acompanhado.

REFERÊNCIA: EMS | HIDROCLOROTIAZIDA, 2012.


5) Interprete os determinantes sociais de saúde.

As diversas definições de determinantes sociais de saúde (DSS) expressam,


com maior ou menor nível de detalhe, o conceito atualmente bastante
generalizado de que as condições de vida e trabalho dos indivíduos e de
grupos da população estão relacionadas com sua situação de saúde. Para a
Comissão Nacional sobre os Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS), os
DSS são os fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais,
psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas
de saúde e seus fatores de risco na população. A comissão homônima da
Organização Mundial da Saúde (OMS) adota uma definição mais curta,
segundo a qual os DSS são as condições sociais em que as pessoas vivem e
trabalham. Nancy Krieger (2001) introduz um elemento de intervenção, ao
defini-los como os fatores e mecanismos através dos quais as condições
sociais afetam a saúde e que potencialmente podem ser alterados através de
ações baseadas em informação. Tarlov (1996) propõe, finalmente, uma
definição bastante sintética, ao entendê-los como as características sociais
dentro das quais a vida transcorre.

Embora, como já mencionado, tenha-se hoje alcançado certo consenso sobre


a importância dos DSS na situação de saúde, esse consenso foi sendo
construído ao longo da história. Entre os diversos paradigmas explicativos
para os problemas de saúde, em meados do século XIX predominava a teoria
miasmática, que conseguia responder às importantes mudanças sociais e
práticas de saúde observadas no âmbito dos novos processos de
urbanização e industrialização ocorridos naquele momento histórico. Estudos
sobre a contaminação da água e dos alimentos, assim como sobre riscos
ocupacionais, trouxeram importante reforço para o conceito de miasma e
para as ações de saúde pública (SUSSER, 1998).

REFERÊNCIA: SciELO | Saúde e Seus Determinantes Sociais, 2007.

8) Identifique os instrumentos de avaliação do idoso.

Avaliação Geriátrica (AGA) e Prisma 7

A AGA é sempre multidimensional, frequentemente interdisciplinar e tem por


objetivo determinar as deficiências e incapacidades apresentadas pelo idoso,
objetivando o planejamento do cuidado e de acompanhamento a longo prazo.
Domínios de Avaliação Geriátrica Ampla
Avaliação Prisma 7

• 1) Você tem mais de 85 anos?


• 2) Sexo masculino?
• 3) Em geral, você tem algum problema de saúde que limite suas atividades?
• 4) Você precisa de ajuda no seu dia a dia?
• 5) Em geral, você tem algum problema de saúde que o faz ficar em casa?
• 6) Em caso de necessidade, você conta com ajuda de alguém próximo a
você?
• 7) Você usa regularmente andador, bengala ou cadeira de
rodas?

Escala de Lachs

A escala é um instrumento multidimensional usada na


triagem funcional do idoso que tem por objetivo rastrear indicadores de perda
de capacidade funcional. O instrumento é composto por 11 itens,
diferenciados em perguntas, medidas antropométricas e teste de
desempenho.
Escala de Katz

Essa ferramenta é utilizada para avaliar o desempenho em atividades


básicas de vida diária, como, tomar banho, controle da bexiga, capacidade de
se vestir e outros.

Escala de Lawton

A ferramenta foi criada por Lawton & Brody, em 1969. Avalia em 7 perguntas
o desempenho em atividades instrumentais de vida diária, como capacidade
para atender ao telefone, fazer compras, preparar refeições, realizar tarefas
domésticas, locomoção, uso de medicamentos e controle de finanças, onde
quem obtiver mais pontos tem-se uma maior independência.

Miniavaliação Nutricional - MNA

A avaliação nutricional engloba avaliação antropométrica, avaliação global e


avaliação dietética para identificar risco nutricional.

Escala de Tineti

O teste de Performance-oriented mobility assessment of gait and balance


(POMA) ou escala de Tineti, é utilizado para detectar fatores de risco de
quedas em idosos, sendo dividido em 2 partes que avaliam o equilíbrio e a
marcha.

Escala Visual ou cartão de Jaeguer

Esse método avalia possíveis disfunções visuais.

Escala de Depressão Geriátrica - EDG ou Escala de Yesavage

Essa escala foi desenvolvida para rastreamento de depressão em idosos,


contendo 30 ou 15 itens com perguntas como "satisfeito com a vida?", "acha
sua vida vazia?" entre outros
Teste de Folstein

REFERÊNCIA: GUIA DOS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO GERIÁTRICA


| RENATO PEIXOTO VERAS, 2019.
10) Compreender as possíveis complicações da HAS e quais
consequências do uso incorreto da medicação.

Complicações

A HAS em seu curso natural apresenta alguns órgãos-alvo para


acometimento, sendo os principais o coração, o cérebro, os rins e os olhos.
As complicações da HAS são muitas, mas as principais são: acidente
vascular encefálico, que pode ser hemorrágico ou isquêmico, insuficiência
cardíaca, infarto agudo do miocárdio, insuficiência renal aguda ou crônica,
retinopatia que pode levar à cegueira definitiva e comprometimento dos
próprios vasos sanguíneos, podendo levar a aneurisma ou dissecção arterial.
A HAS é frequentemente “silenciosa”, o paciente sendo assintomático, o que
aumenta o risco de suas complicações.

REFERÊNCIA: DICAS DE SAÚDE - COMPLICAÇÕES DA HIPERTENSÃO


ARTERIAL SISTÊMICA (HAS).

Uso Incorreto da Medicação

A pressão alta ataca os vasos que se tornam endurecidos e estreitados. Se


não for controlada, com o passar dos anos, os vasos afetados podem entupir
ou romper. Quando isto acontece no coração, pode causar infarto; no
cérebro, pode causar o derrame (chamamos de acidente vascular cerebral –
AVC) ou um quadro de demência precoce. Além disso, a pressão alta pode
levar à baixa de visão por afetar os vasos do fundo do olho e paralisação do
funcionamento dos rins (quadro chamado de insuficiência renal) (1,2). Essa
multiplicidade de consequências coloca a hipertensão arterial na origem de
muitas doenças crônicas e, portanto, a caracteriza como uma das causas de
maior redução da expectativa e da qualidade de vida das pessoas

REFERÊNCIA: BVS Atenção Primária em Saúde | Traduzindo o conhecimento


científico para a prática do cuidado à saúde | Quais os riscos para um
hipertenso que não toma medicação de forma correta? | 2016.

11) Reconheça a fisiologia do envelhecimento.

Envelhecimento - Aspectos Fisiológicos

O envelhecimento fisiológico compreende uma série de alterações nas


funções orgânicas devido exclusivamente aos efeitos da idade avançada
sobre o organismo, fazendo com que o mesmo perca a capacidade de
manter o equilíbrio homeostático e que todas as funções fisiológicas
gradualmente comecem a declinar.

Composição e Forma do Corpo

A estatura começa a diminuir a partir dos 40 anos, cerca de 1 cm por década.


Essa perda se deve à diminuição da coluna vertebral devido a alterações nos
discos intervertebrais.

Pele e Anexos

A pele é constituída por duas camadas, a epiderme e a derme. A epiderme


formada puramente de células, enquanto da derme é constituída por tecido
conjuntivo que contém fibras colágenas e elásticas que dão elasticidade e
firmeza à pele. Com o envelhecimento, essas fibras alteram-se e a elastina
torna-se porosa, perdendo, assim, a elasticidade e dando o aspecto da pele
do idoso.

Sistema Ósseo

O pico de massa óssea é alcançado entre 30 e 40 anos de idade, sendo


maior nos homens do que nas mulheres. Alguns anos após esse pico
começa a ocorrer perda progressivamente de massa óssea, que é de
aproximadamente 3,3% ao ano em homens e de 1% ao ano nas mulheres.
Nas mulheres, após a menopausa, essa perda aumenta em até dez vezes.

Sistema Articular

Os discos intervertebrais são constituídos por núcleo pulposo e um anel


fibroso. O núcleo pulposo, no jovem,é constituído por grande quantidade de
água, fibras colágenas finas e proteoglicanas. No idoso, o núcleo pulposo
perde água e proteínas e as fibras colágenas aumentam em número e
espessura. No anel fibroso, ao contrário, as fibras colágenas ficam mais
delgadas. Com isso, a espessura do disco diminui, acentuando-se as curvas
da coluna. Especialmente a torácica, contribuindo para a cifose observada
em idoso.

Sistema Muscular

No músculo, há perda de massa muscular com diminuição do peso, da área


de secção transversal e do número de células. A perda de células
musculares com a idade depende do grau de atividade física que o indivíduo
exerce, de seu estado nutricional e do aspecto hereditário. Os diferentes
músculos sofrem o processo de atrofia de modo diferente no mesmo
indivíduo.

Envelhecimento do Sistema Nervoso


O sistema nervoso é o sistema fisiológico mais comprometido com o
processo do envelhecimento é responsável por diferentes tipos de sensação,
movimentos, funções psíquicas, entre outros 7. As alterações mais
importantes, características do envelhecimento, ocorrem no cérebro. O
cérebro diminui de peso e tamanho. Nota-se uma redução de 5% aos 70
anos e cerca de 20% aos 90 anos de idade.

A redução da massa cerebral está associada à perda neuronal, que não é


uniforme. Ocorre certo grau de atrofia cortical, com consequente aumento
volumétrico do sistema ventricular, que é uniforme em todas as áreas
cerebrais. Em 1955, Brody foi o primeiro a sugerir que reduções relacionadas
com a idade em peso cerebral eram relacionadas, em parte, a um declínio de
neurônios em todas as camadas cortical.

Estudos recentes revelaram, através de imagem funcional do cérebro


humano, a atividade neural e como ela muda com a idade. As regiões
cerebrais distintas relacionadas às funções cognitivas apresentam menor
ativação coordenada com o envelhecimento. Essa coordenação reduzida da
atividade do cérebro é associada com um fraco desempenho em vários
domínios cognitivos.

Além de ser menos integrada, a atividade neural também se torna menos


localizada em algumas regiões do cérebro como, por exemplo, o córtex
pré-frontal, em particular em respostas relacionadas à execução de tarefas.
Embora a perda de neurônios seja mínima, na maioria das regiões do
cérebro do idoso saudável, alterações na fisiologia sináptica durante o
envelhecimento podem contribuir para uma conectividade alterada.

Fisiologia da Dor

Segundo a Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP), "dor é


uma experiência sensorial e emocional desagradável, associada a um dano
real ou potencial dos tecidos ou descrita em termos de tais lesões. A dor é
sempre subjetiva e cada indivíduo aprende a utilizar esse termo por meio de
suas experiências anteriores".

A percepção sensorial é reduzida durante o envelhecimento. Isso é bem


observado em relação à sensibilidade auditiva. O tato, além da percepção de
sabor, também é afetado e diminui com o envelhecimento. No entanto, no
que diz respeito à sensibilidade dolorosa, essa parece estar preservada e
muitas vezes pode se apresentar aumentada em função de patologias que
afetam as articulações, comuns em idosos. Redução da percepção da dor
e/ou mudanças no comportamento em pacientes que desenvolvem doenças
neurodegenerativas, como, por exemplo, a doença de Alzheimer.

Envelhecimento das Estruturas da Cavidade Bucal


• Dente e Periodonto

Na dentina ocorre deposição contínua secundária e obliteração gradual dos


túbulos dentinários, essa modificação leva a uma redução na sensibilidade do
dente. A deposição contínua de dentina secundária diminui o volume pulpar.

A perda dos dentes é um dos problemas bucais mais frequentes. Em virtude


disso, a reabilitação protética torna-se fator importante para o
restabelecimento das condições bucais do idoso 7. Essa perda permanente
influenciará na mastigação e, consequentemente, na digestão. Bem como na
gustação, fonação e estética.

A prevenção da doença periodontal e da cárie é alcançada pela eliminação e


controle do biofilme. Para prevenir é fundamental o desenvolvimento de uma
higiene oral bem executada através do uso de dispositivos como escova, fio
dental, escova interdental, limpadores de língua e dentifrícios fluoretados.

• Glândulas Salivares e Língua

O produto da atividade secretora das glândulas salivares tem uma função


importante em relação a todos os aspectos das funções bucais, a saliva
fornece a proteção, lubrificando a mucosa e prevenindo a desmineralização e
promovendo a mineralização dos dentes.

As alterações nas glândulas salivares podem provocar xerostomia e


diminuição na produção da amilase salivar, o que dificulta a digestão oral e a
deglutição posterior do bolo alimentar 16. A xerostomia é muito comum em
idoso que utilizam medicamentos e/ou quem apresenta doenças sistêmicas.
A mucosa seca faz com que o número de bactérias aumente levando a
problemas gengivais, aumento de cáries além de gerar um incômodo no uso
de próteses dentárias 11.

A falta de higiene, uma dieta rica em carboidratos e outros fatores


relacionados ao indivíduo, como tabagismo, diabetes e predisposição
hereditária são determinantes importantes na presença e severidade da
doença periodontal.

REFERÊNCIA: SciElo | Aspectos fisiológicos do envelhecimento e


contribuição da Odontologia na saúde do idoso, 2012.
ASPECTOS FISIOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO - COMPOSIÇÃO
CORPORAL

Toda a celularidade diminui, reduzindo a função dos órgãos, continuamente.


A musculatura vai diminuindo, especialmente as fibras tipo II, de contração
rápida, como as encontradas nas mãos.

● Diminuição da água intracelular – desidratação fisiológica (turgor x


confusão);
● Diminuição da massa celular;
● Diminuição do tecido mineral ósseo;
● Diminuição da densidade corpórea.

ASPECTOS FISIOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO - PESO E ALTURA

● Diminuição da altura em aproximadamente 1 cm por década


(encurtamento dos discos vertebrais, enrijecimento das articulações,
cifose dorsal, arqueamento dos MMII);
● Acúmulo de gordura e redução de massa magra – obesidade
sarcopênica;
● Aumento do tecido gorduroso (distribuição centrípeta);
● Redução do peso dos órgãos; • Redução do peso total a partir dos 65
anos

ASPECTOS FISIOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO - MUSCULATURA

Perda muscular acelerada, chegando a 30%, por década, aos 70 anos e,


praticamente, a metade aos 80 anos. Essa redução ocorre tanto em número
quanto no volume das fibras (especialmente o m. esquelético).

ASPECTOS FISIOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO - MARCHA,


POSTURA E EQUILÍBRIO

É comum uma certa hesitação no andar, menor balanço dos braços e passos
menores. Há redução na amplitude dos movimentos, tendendo a modificar a
marcha, passos mais curtos e mais lentos com tendência a arrastar os pés. A
base de sustentação se amplia e o centro de gravidade corporal tende a se
adiantar, em busca de maior equilíbrio. Para vencer as dificuldades o idoso
diminui o tamanho dos passos e anda mais devagar. O grande problema nos
distúrbios da marcha é a queda, com todas as complicações posteriores.
(Clarke e Sokoloff, 1999)
ASPECTOS FISIOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO - SONO E REPOUSO

● Acordam fácil e demora a adormecer;


● Dormem menos horas por dia – menor gasto de energia.
● Sono entrecortado – apnéia;
● Sonolência durante o dia;
● Cansaço, mau humor;
● Diminuição da memória, cefaléia e até depressão.

ASPECTOS FISIOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO - PELE

● Lentificação na renovação epidérmica;


● Diminuição do número de fibras elásticas e colágenas;
● Diminuição na vascularização;
● Diminuição na lubrificação;
● Diminuição de tecido subcutâneo;
● Hipertrofia das células de pigmentação – púrpura senil.

ASPECTOS FISIOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO - OLHOS

A flacidez das pálpebras superiores leva a uma limitação do campo visual


lateral, podendo a pessoa não ver objetos ao seu lado, não ver um veículo se
aproximar ao atravessar a rua, aumentando o risco de sofrer acidentes.

● Atrofia da fáscia palpebral pode levar à herniação da gordura orbitária


para dentro do tecido palpebral;
● Surgimento do arco senil - halo senil;
● Opacidade do cristalino - catarata;
● Redução da secreção lacrimal - olho seco.

ASPECTOS FISIOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO - OUVIDO E NARIZ

● Espessamento do tímpano;
● Degeneração do ouvido interno;
● Diminuição da capacidade auditiva – cerume;
● Diminuição da capacidade olfativa;
● Aumento do tamanho do nariz e orelhas.

ASPECTOS FISIOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO - CAVIDADE ORAL

● Perda de dentes (cáries, doença periodontal, desmineralização óssea);


● Retração gengival;
● Redução da saliva – boca seca;
● Alterações no paladar – perda de papilas gustativas;
● Diminuição da força de mastigação;
● Perda de elasticidade de mucosas;
● Disfagia orofaríngea – perda do tônus e motricidade muscular.

ASPECTOS FISIOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO - ESTÔMAGO

● Diminuição da secreção de ácido clorídrico e de pepsina;


● Alterações do esvaziamento gástrico – gastroparesia;
● Diminuição na secreção de prostaglandinas;
● Alterações na absorção de nutrientes e medicamentos;
● Maior susceptibilidade a úlceras e sangramentos digestivos.

Ainda pode ocorrer a ruptura da barreira da mucosa gástrica, permitindo que


o ácido clorídrico e a pepsina do lúmen do estômago entrem nas células da
mucosa, destruindo-as. O rompimento dessa barreira acontece também com
o uso de antiinflamatórios, álcool, cafeína e por bactérias (Sonnenberg e
Genta, 2015).

ASPECTOS FISIOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO - INTESTINO

● Atrofia da mucosa – diminuição das vilosidades;


● Menor absorção de nutrientes e vitaminas (especialmente Vitamina D
e Ferro);
● Lentificação do trânsito intestinal – constipação;
● Predisposição a divertículos;
● Maior susceptibilidade a lesões e sangramentos digestivos.

A diminuição do tônus e da força do esfíncter anal, associada a menor


complacência retal, aumenta a chance de incontinência fecal nas pessoas
idosas, sendo as mulheres mais predispostas que os homens.

ASPECTOS FISIOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO - FUNÇÃO


ENDÓCRINA

● Alteração nos receptores de insulina – intolerância à glicose.


● Baixa do hormônio melatonina – regula o sono;
● Baixa de hormônio paratireoidiano, especialmente em mulheres,
causando a diminuindo a produção da forma ativa da vitamina D e a
baixa absorção de cálcio – osteoporose;
● Disfunção hepática – diminuição no metabolismo de medicamentos;
● Baixa de hormônios sexuais.

ASPECTOS FISIOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO - SISTEMA IMUNE E


TERMORREGULAÇÃO | IMUNOSENESCÊNCIA

● Redução da resposta imunológica a invasores;


● Maior susceptibilidade às infecções;
● Menor atividade de glândulas sudoríparas;
● Menor produção de calor;
● Diminuição da atividade física;
● Diminuição do metabolismo basal - menor gasto de energia.

ASPECTOS FISIOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO - FUNÇÃO


NEUROLÓGICA

● Diminuição de água intra e extracelular – diminuição de massa


cerebral;
● Diminuição do número de neurônios e sinapses;
● Alterações na membrana lipídica e na condução nervosa;
● Diminuição do fluxo sanguíneo cerebral e da utilização da glicose;
● Permeabilidade da barreira hematoencefálica.

ASPECTOS FISIOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO - FUNÇÃO


NEUROLÓGICA

Em resposta ao dano neuronal, as células gliais aumentam. Esse acúmulo de


células gliais, denominado gliose, representa uma resposta compensatória
protegendo a função neuronal e a plasticidade.

ASPECTOS FISIOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO - FUNÇÃO


CARDÍACA

● Débito cardíaco e fração de ejeção diminuídos;


● Diminuição da capacidade contrátil – aumento da área cardíaca;
● Contração prolongada;
● Tempo de relaxamento aumentado;
● Aumento da rigidez miocárdica e vascular;
● Hipertrofia de VE – hipertensão arterial sistólica;
● Modificações em receptores de catecolaminas: diminuição de
sensibilidade dos barorreceptores – hipotensão postural;
● Deposição de cálcio – calcificação do anel mitral e esclerose da valva
aórtica.

ASPECTOS FISIOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO - FUNÇÃO


RESPIRATÓRIA

● Diminuição da complacência pulmonar;


● Diminuição de superfície de troca gasosa;
● Diminuição do surfactante pulmonar - atelectasias;
● Clearance mucociliar diminuído - acúmulo de secreção;
● Diminuição do reflexo da tosse;
● Alteração em quimiorreceptores – sensibilidade ao uso de drogas
depressoras do SNC.

ASPECTOS FISIOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO - FUNÇÃO RENAL

● Perda progressiva de massa renal;


● Redução da taxa de filtração glomerular;
● Diminuição na produção e excreção do ADH (hormônio antidiurético);
● Diminuição da capacidade renal de concentração e conservação do
sódio, estando os idosos mais propensos à hiponatremia e à
hipopotassemia;
● Poliúria – urinar mais vezes e a noite.

ASPECTOS FISIOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO - SISTEMA


HEMATOLÓGICO

● Diminuição da hemoglobina e hematócrito - anemia;


● Diminuição do número de hemácias;
● Demora no início da eritropoiese;
● Alterações nos fatores de coagulação - estado pró coagulante,
importante fator de risco para trombose venosa profunda.

SEXUALIDADE

74% dos homens e 56% das mulheres casadas mantêm vida sexual ativa
após os 60 anos. Alterações fisiológicas na genitália feminina e masculina; -
Baixa hormonal (especialmente nas mulheres); - Redimensionamento da
sexualidade e atividade sexual.

SENESCÊNCIA X SENILIDADE

Senescência - processo natural, de diminuição progressiva da reserva


funcional dos indivíduos.

Senilidade - condição de sobrecarga como, por exemplo, doenças, acidentes


e estresse emocional, pode ocasionar uma condição patológica que requeira
assistência.

REFERÊNCIA: FISIOLOGIA DO ENVELHECIMENTO | Doutoranda Pamella


Lucas.

Você também pode gostar