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APG 04
1 – Compreender o tratamento medicamentoso e não medicamentoso para o controle da HAS
classes e mecanismos de ação
2 – Entender a importância da adesão ao tratamento e o que influencia a não adesão
Definição de Hipertensão:
Pressão arterial sistólica contínua maior que 140 mmHg.
Pressão arterial diastólica contínua maior que 90 mmHg.
Mecanismo da Hipertensão:
Resulta do aumento do tônus do músculo liso arteriolar vascular periférico.
Isso leva a:
Aumento da resistência arteriolar.
Redução da capacitância do sistema venoso.
O débito cardíaco e a resistência periférica são controlados principalmente por dois mecanismos
sobrepostos: os barorreflexos e o sistema renina-angiotensina-aldosterona.
3. Barorreceptores e Sistema Nervoso Simpático:
Os barorreflexos são essenciais para a regulação rápida da pressão arterial.
Quedas na pressão ativam barorreceptores no arco aórtico e seios carotídeos, reduzindo impulsos aos
centros cardiovasculares na medula espinal.
Resposta reflexa imediata envolve aumento do estímulo simpático, diminuição do parassimpático,
resultando em vasoconstrição e aumento do débito cardíaco, culminando em um aumento
compensatório da pressão sanguínea.
4. Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona:
Os rins desempenham um papel crucial no controle da pressão arterial, ajustando o volume sanguíneo.
Barorreceptores renais respondem à pressão arterial reduzida, liberando renina.
A renina converte angiotensinogênio em angiotensina I, posteriormente convertida em angiotensina II
pela enzima conversora de angiotensina (ECA).
Angiotensina II atua como vasoconstritor, aumentando a pressão arterial e preferencialmente afetando
as arteríolas eferentes do glomérulo renal, aumentando a filtração glomerular.
Angiotensina II estimula a secreção de aldosterona, aumentando a reabsorção renal de sódio e o
volume sanguíneo, contribuindo para um aumento adicional da pressão arterial.
Esses efeitos são mediados pela estimulação dos receptores da angiotensina II tipo 1 (AT1).
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A. Cuidados Individualizados:
1. Coexistência de Doenças: Hipertensão pode coexistir com outras condições que podem ser agravadas ou
beneficiadas por anti-hipertensivos.
2. Escolha Personalizada de Fármacos: Importância de encontrar o melhor anti-hipertensivo para cada paciente,
levando em consideração condições concomitantes.
3. Pressão Arterial Desejada: A individualização da pressão arterial desejada com base nas condições
concomitantes, por exemplo, pressão arterial menor que 140/80 mmHg para pacientes diabéticos.
4. Objetivos Específicos: Em casos como doença renal crônica e proteinúria, objetivos mais baixos (130/80 mmHg)
podem ser considerados.
5. Alvos Menos Exigentes para Idosos: Pacientes idosos têm alvos menos exigentes, como menos de 150/90
mmHg.
B. Adesão do Paciente ao Tratamento Anti-Hipertensivo:
1. Causa Comum de Falha no Tratamento: A falta de adesão do paciente é a causa mais comum para a falha no
tratamento anti-hipertensivo.
2. Assintomático e Diagnóstico Precoce: Pacientes hipertensos são frequentemente assintomáticos e
diagnosticados precocemente, antes de lesões óbvias em órgãos-alvo.
3. Tratamento Preventivo: O tratamento visa evitar sequelas de doença futura, não apenas aliviar desconfortos
atuais.
4. Efeitos Adversos e Adesão: Efeitos adversos podem influenciar mais os pacientes do que benefícios futuros,
como disfunção sexual associada a β-bloqueadores.
5. Melhoria da Adesão: Estratégias para aumentar a adesão incluem a seleção de regimes de fármacos com
menos efeitos adversos e a oferta de combinações em dose-fixa para facilitar a administração.
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Diuréticos:
1. Tratamento Inicial da Hipertensão: Diuréticos tiazídicos podem ser utilizados como tratamento inicial, a menos
que haja uma razão específica para escolher outro fármaco.
2. Mecanismo de Ação: A ação inicial dos diuréticos, independentemente da classe, baseia-se na redução do
volume, resultando na diminuição da pressão arterial.
3. Segurança e Efetividade: O tratamento com doses baixas de diuréticos é seguro, econômico e eficaz na
prevenção de derrame, infarto do miocárdio e insuficiência cardíaca.
4. Monitoramento: A monitorização dos eletrólitos séricos deve ser realizada rotineiramente em pacientes que
recebem diuréticos.
A. Diuréticos Tiazídicos:
1. Exemplos: Hidroclorotiazida e clortalidona são exemplos de diuréticos tiazídicos.
2. Mecanismo de Ação: Inicialmente aumentam a excreção de sódio e água, resultando em redução do volume
extracelular e diminuição do débito cardíaco e fluxo sanguíneo renal.
3. Uso Combinado: São úteis em combinação com outros anti-hipertensivos, como β-bloqueadores, IECAs, BRAs e
diuréticos poupadores de potássio.
4. Limitações em Pacientes com Função Renal Inadequada: Não são eficazes em pacientes com função renal
inadequada (velocidade de filtração glomerular estimada menor que 30 mL/min/m²), para os quais podem ser
necessários diuréticos de alça.
5. Efeitos Adversos: Podem causar hipopotassemia, hiperuricemia e, em menor extensão, hiperglicemia.
B. Diuréticos de Alça:
1. Exemplos: Furosemida, torsemida, bumetanida e ácido etacrínico são exemplos de diuréticos de alça.
2. Ação Rápida: Atuam rapidamente bloqueando a reabsorção de sódio e cloreto nos rins, mesmo em pacientes
com má função renal.
3. Uso Comum: Utilizados para tratar sintomas de insuficiência cardíaca e edema, raramente usados isoladamente
para tratar hipertensão.
4. Efeitos Adversos: Podem causar hipopotassemia e aumentam o conteúdo de Ca2+ na urina.
C. Diuréticos Poupadores de Potássio:
1. Exemplos: Amilorida, triantereno, espironolactona e eplerenona são exemplos de diuréticos poupadores de
potássio.
2. Mecanismo de Ação: Reduzem a perda de potássio na urina.
3. Vantagens Adicionais da Aldosterona: Espironolactona e eplerenona, antagonistas da aldosterona, têm a
vantagem adicional de diminuir a remodelação cardíaca na insuficiência cardíaca.
4. Uso em Combinação: Podem ser usados em conjunto com diuréticos de alça e tiazídicos para reduzir a perda
de potássio causada por esses diuréticos.
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β-Bloqueadores:
A. Ações:
1. Redução da Pressão Arterial: Principalmnte atuam reduzindo o débito cardíaco.
2. Mecanismos Adicionais: Podem diminuir o efluxo simpático do Sistema Nervoso Central (SNC) e inibir a
liberação de renina, reduzindo a formação de angiotensina II e a secreção de aldosterona.
3. Tipos de β-Bloqueadores:
Protótipo: Propranolol (atua em β1 e β2).
Seletivos de β1: Metoprolol e atenolol, frequentemente prescritos.
Nebivolol: Seletivo de β1, com aumento da produção de óxido nítrico, levando à vasodilatação.
Cautela em pacientes com asma para β-bloqueadores seletivos de β1.
B. Usos Terapêuticos:
1. Vantagem em Pacientes com Doença Cardíaca Concomitante: Indicados para pacientes hipertensos com
doença cardíaca, como taquiarritmia supraventricular, infarto do miocárdio prévio, angina pectoris e insuficiência
cardíaca crônica.
2. Contraindicações: Não recomendados em casos de doença broncoespástica (asma), bloqueio cardíaco de
segundo e terceiro graus e doença vascular periférica grave.
C. Farmacocinética:
1. Administração Oral: Eficazes por via oral para o tratamento da hipertensão.
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2. Biotransformação e Formulação Intravenosa: Alguns β-bloqueadores, como o propranolol, passam por extensa
e variável biotransformação de primeira passagem. Alguns, como esmolol, metoprolol e propranolol, têm
formulações intravenosas disponíveis.
D. Efeitos Adversos:
1. Comuns: Bradicardia, hipotensão, efeitos adversos no SNC (fadiga, letargia, insônia).
2. Impacto na Libido: Redução da libido e disfunção erétil podem reduzir a adesão do paciente.
3. Alterações nos Lipídios: β-bloqueadores não seletivos podem desregular o metabolismo lipídico, diminuindo HDL
e aumentando triglicerídeos.
4. Retirada Gradual: A retirada abrupta pode causar angina, infarto do miocárdio e morte súbita em pacientes com
doença cardíaca isquêmica, sendo necessário reduzir gradualmente ao longo de algumas semanas.
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Inibidores da Renina:
1. Alisquireno:
Mecanismo de Ação: Inibidor seletivo da renina.
Atuação Precoce: Age mais precocemente no sistema renina-angiotensina-aldosterona em
comparação com IECAs e BRAs.
Eficácia: Reduz a pressão arterial com eficácia similar à dos BRAs, IECAs e tiazídicos.
2. Associação com IECA ou BRA:
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Não Recomendada Rotineiramente: Não deve ser usado rotineiramente associado com Inibidores da
Enzima Conversora de Angiotensina (IECAs) ou Bloqueadores do Receptor de Angiotensina II (BRAs).
3. Efeitos Adversos:
Diarreia: Pode causar diarreia, especialmente em doses altas.
Causa Menos Tosse e Angioedema: Possivelmente causa menos tosse e angioedema em comparação
com IECAs.
Contraindicação na Gestação: Contraindicado durante a gestação, semelhante aos IECAs e BRAs.
4. Biotransformação e Interações de Fármacos:
CYP3A4: Biotransformado pela CYP3A4.
Interferência com Outros Fármacos: Está sujeito a interações de fármacos devido à sua
biotransformação pela CYP3A4.
Bloqueadores dos Canais de Cálcio (BCCs):
A. Classes de Bloqueadores dos Canais de Cálcio:
1. Difenilalquilaminas:
Representante: Verapamil.
Efeitos: Menos seletivo, afeta células cardíacas e músculo liso vascular.
Indicações: Tratamento da angina, taquiarritmias supraventriculares, prevenção de enxaqueca e cefaleia
em salvas.
2. Benzotiazepínicos:
Representante: Diltiazem.
Efeito Inotrópico Cardíaco: Menos pronunciado comparado ao verapamil.
Perfil Favorável: Apresenta um perfil de efeitos adversos favorável.
3. Di-hidropiridinas:
Representantes: Nifedipino (protótipo), anlodipino, felodipino, isradipino, nicardipino, nisoldipino.
Características: Maior afinidade pelos canais de cálcio vasculares.
Benefícios: Úteis no tratamento da hipertensão, interagem pouco com outros fármacos
cardiovasculares.
B. Ações:
Mecanismo de Ação: Bloqueiam canais de cálcio do tipo L no coração e músculo liso vascular.
Efeito: Causam relaxamento do músculo liso vascular, dilatando principalmente as arteríolas.
C. Usos Terapêuticos:
Hipertensão: Podem ser usados como tratamento inicial ou adicional.
Indicações Específicas: Úteis em pacientes hipertensos com asma, diabetes ou doença vascular periférica.
Tratamento da angina. Diltiazem e verapamil são usados no tratamento da fibrilação atrial.
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D. Farmacocinética:
Meia-vida: Maioria apresenta meia-vida curta (3-8 horas), mas há formulações de liberação sustentada
permitindo dosificação única por dia.
Anlodipino: Possui meia-vida muito longa, não requerendo formulação de liberação estendida.
E. Efeitos Adversos:
Diferenciação: Efeitos adversos variam entre classes.
Verapamil e Diltiazem: Bloqueio atrioventricular de primeiro grau e constipação são dose-dependentes. Evitar
em insuficiência cardíaca congestiva ou bloqueio atrioventricular.
Di-hidropiridinas: Tontura, cefaleia, fadiga, edema periférico. Nifedipina pode causar hiperplasia gengival.
Efeitos Adversos:
Sedação.
Sonolência.
Uso Principal: Tratamento da hipertensão na gestação devido ao histórico de segurança.
Limitações: Efeitos adversos e necessidade de múltiplas dosificações diárias.
Considerações Gerais:
Aplicações Diferenciadas: Clonidina é preferencialmente utilizada em casos de hipertensão resistente, enquanto a
metildopa encontra aplicação na gestação.
Mecanismos Centrais: Ambos atuam centralmente, interferindo nos centros vasomotores simpáticos.
Vasodilatadores :
1. Hidralazina e Minoxidil:
Mecanismo de Ação:
Produzem relaxamento do músculo liso vascular, principalmente em artérias e arteríolas.
Indicações:
Não são usados como fármacos primários no tratamento da hipertensão.
Hidralazina é aceita no controle da hipertensão induzida pela gestação.
Minoxidil é usado topicamente no tratamento da calvície masculina padrão.
Efeitos Adversos:
Hidralazina: Cefaleia, taquicardia, náusea, sudoração, arritmia, precipitação de angina.
Minoxidil: Hipertricose (crescimento excessivo de pelos no corpo).
Síndrome semelhante ao lúpus com doses elevadas de hidralazina (reversível com a
interrupção).
Emergência Hipertensiva:
Definição: Acentuado aumento da pressão arterial (sistólica > 180 mmHg ou diastólica > 120 mmHg) com
evidência de lesão instalada ou progressiva de órgão-alvo (por exemplo, AVE e infarto do miocárdio).
Tratamento: Requer imediata redução da pressão arterial com tratamento intravenoso.
Fármacos Utilizados:
Bloqueadores dos canais de cálcio (nicardipina, clevidipina).
Vasodilatadores de óxido nítrico (nitroprussiato, nitroglicerina).
Antagonistas adrenérgicos (fentolamina, esmolol, labetalol).
Vasodilatador hidralazina.
Agonista da dopamina fenoldopam.
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O consumo moderado de álcool é geralmente aceitável, mas o excesso pode aumentar a pressão
arterial.
5. Cessação do Tabagismo:
Parar de fumar é crucial para a saúde cardiovascular, pois o tabagismo aumenta a pressão arterial e o
risco de complicações cardiovasculares.
6. Controle do Estresse:
Estratégias para lidar com o estresse, como técnicas de relaxamento, meditação e yoga, podem ser
benéficas para reduzir a pressão arterial.
7. Monitoramento Regular:
Medir a pressão arterial regularmente em casa pode ajudar no acompanhamento e ajuste das
estratégias não medicamentosas.
8. Limitação de Cafeína:
Embora o impacto da cafeína na pressão arterial varie de pessoa para pessoa, é aconselhável limitar o
consumo de café e outras fontes de cafeína, se houver sensibilidade.
9. Sono Adequado:
Garantir um sono adequado é importante, pois a falta de sono pode contribuir para o aumento da
pressão arterial.
10. Suplementos e Alimentos Funcionais:
Alguns suplementos, como cálcio, potássio e magnésio, podem ter benefícios na redução da pressão
arterial. Alimentos ricos nesses nutrientes também são recomendados.
Importância da Adesão:
1. Controle da Pressão Arterial:
A adesão ao tratamento é crucial para manter a pressão arterial dentro de níveis saudáveis, reduzindo
assim o risco de complicações cardiovasculares, como ataques cardíacos, derrames e doença renal.
2. Prevenção de Complicações a Longo Prazo:
O controle efetivo da pressão arterial contribui para a prevenção de complicações crônicas associadas
à HAS, melhorando a qualidade de vida e a longevidade.
3. Redução do Risco de Eventos Cardiovasculares:
A adesão ao tratamento diminui o risco de eventos cardiovasculares graves, que podem resultar em
hospitalizações e impactar negativamente a saúde geral.
4. Melhora na Qualidade de Vida:
Manter a pressão arterial controlada contribui para uma melhor qualidade de vida, reduzindo sintomas
como tonturas, dores de cabeça e fadiga.
5. Economia de Recursos de Saúde:
A adesão ao tratamento pode ajudar a reduzir a necessidade de intervenções médicas de emergência,
economizando recursos de saúde e reduzindo os custos associados.
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